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DISCENTE: PATRÍCIA DE ALMEIDA DE PAULA (UEL) SOCIOLOGIA BRASILEIRA O LIVRO NEGRO DA FOME- JOSUÉ DE CASTRO (FICHAMENTO) 1. A FOME E O DESEQUILIBRIO ECONOMICO DO MUNDO De acordo com Castro, o enfrentamento dessa luta decisiva pela sobrevivência de nossa civilização exige aplicarmos todo nosso esforço em função da verdade, reconhecendo os grandes erros cometidos e apontando as contradições, incoerências, inconsistências da atual conjuntura econômica e social do mundo. 12 A primeira missão dos que querem participar na construção de um mundo melhor é a de disciplinar seu pensamento em função da verdade. Da busca de verdades que possam esclarecer a realidade vigente e captar de novo a confiança perdida dos que se tornaram céticos e descrentes do futuro, em face de tanta mistificação com a qual se tentou justificar os erros e fracassos da nossa civilização. O novo pensamento nas palavras de Gatheron, “deve ser profundamente realista e excluir não de todo ideal mas todo idealismo, todo preconceito erigido em sistema”. Em momento de crise extrema é preciso enfrentar a dura realidade dos fatos. Nesta ordem de ideias, convicto que devemos todos trazer nossa cooperação pessoal para disciplinar, as tremendas forças sociais, em choque na hora presente, que Castro apresenta aos homens de boa vontade no mundo principalmente dirigentes políticos, intelectuais e cientistas, este documento chamado Livro Negro da Fome, pois denuncia a miséria reinante no mundo: a existência das negras manchas demográficas de fome que impregnam enormes extensões da carta geográfica mundial. Fome que na visão de Castro se apresenta como o problema da mais agressiva gravidade para os dirigentes do mundo aquela época, mais do que a ameaça da bomba atômica ou da guerra. 13 Um dos fatores mais constantes e efetivos das terríveis tensões sociais reinantes é o desequilíbrio econômico do mundo, com as resultantes desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz, o profundo desnível econômico que existe entre os países economicamente bem desenvolvidos de um lado, e de outro os países insuficientemente desenvolvidos. Desnível que vem se acentuando cada vez mais, intensificando as dissensões sociais e gerando a inquietação, a intranquilidade e os conflitos políticos e ideológicos. 14 Existe uma péssima distribuição das riquezas no mundo (dados recolhidos pela ONU comprovam sua existência) concentradas na mão de uma pequena minoria, enquanto enormes massas humanas vivem num regime de miséria absoluta. Essa enorme desigualdade econômica é a causa fundamental de inúmeros outros traços de desigualdade entre grupos humanos, antes atribuídos a fatores raciais ou climáticos. É a desigualdade econômica que faz com que a esperança de vida na maioria das regiões subdesenvolvidas seja de 30 anos, enquanto ela é cerca de 65 anos nas regiões mais bem desenvolvidas da Europa e da América do Norte. É o mesmo fator econômico que pesa decisivamente na probabilidade de viver das crianças nascidas no mundo do rico ou no mundo dos pobres. Na publicação da ONU acerca da “Situação Social do Mundo” de 1952, são evidenciados om riqueza e precisão de detalhes os violentos contrastes reinantes entre os países de abundância e os países de miséria. Em termos de produção, saúde, educação, índices de consumo, em todos os setores são mostrados a precariedade das regiões subdesenvolvidas. Mas a característica mais marcante e o traço mais negro e constante da conjuntura econômica e social destas regiões subdesenvolvidas é a fome crônica e generalizada em que vegetam as suas massas de população. “As massas deserdadas cuja herança de uma geração a outra são a quota fixa de fome e miséria”. 15 A existência das regiões subdesenvolvidas as quais fazem com que as estatísticas dos órgãos especializados das Nações Unidas revelam o fato de que ainda em meados do século XX, pelo menos dois terços da humanidade vivam num regime alimentar deficiente, ou seja, em estado de fome crônica. Para Castro tinha razão Lamennais quando dizia que a fome constitui a chibata e as cadeias dos escravos da nossa civilização. As condições climáticas, o regime de trabalho, os agentes vivos do meio biótico, e as próprias condições psíquicas dos grupos humanos, submetidos a diferentes impactos da categoria social, podem determinar uma grande variabilidade na resistência maior ou menor desses grupos humanos as deficiências especificas da alimentação. Os próprios hábitos alimentares constituídos através dos tempos, criando uma forma de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o meio ambiente, fazem com que sejam bem diferentes as necessidades especificas do organismo em diferentes áreas geográficas e portanto as suas possibilidades de escaparem as deficiências especificas, mais ou menos acentuadas. 20 Diante destes fatos, embora não considere o fator alimentar um fator determinante exclusivo deste grupo de doenças, é preciso considera-lo como seu fator predominante. Estes estados de carência relativos se apresentam como uma distribuição verdadeiramente universal, atingindo não somente as populações das regiões menos desenvolvidas e mais pobres do mundo, mais também as populações medianamente desenvolvidas e mesmo certos grupos das regiões mais industrializadas e adiantadas da terra. 21 Ainda é a fome que diminuindo e degradando biologicamente estes grupos humanos nutre o pauperismo entravando a capacidade produtiva dos povos chamados subdesenvolvidos. A desnutrição crônica e a consequente incapacidade de trabalho, por falta de energia vital, é um dos principais fatores da exígua produtividade do agricultor do Extremo Oriente. 22 A fome é a mais generalizada de todas as doenças endêmicas e a mais grave manifestação do pauperismo mundial, gerado pelo progresso econômico, defeituoso e agravado pelo círculo vicioso que a miséria impõe: o círculo da baixa produtividade por falta de energia criadora e do consumo ínfimo por falta de produtividade que venha a criar uma razoável capacidade aquisitiva. Este sinistro papel que a fome desempenha no caos econômico e político de nossos dias faz com que seja este fenômeno olhado hoje com um pouco mais de atenção pelos estudiosos dos problemas sociais, preocupados principalmente pelo sentimento de revolta que a fome gera entre os povos famintos, em face da relativa opulência dos povos ricos. E pelo constante e angustiante pavor dos povos ricos em face desta violenta revolta. 23 A fome sempre existiu como sempre houve pobreza e miséria ao lado da riqueza e do luxo. Como se explica então que este desequilíbrio social que sempre existiu se transforme agora na mola da revolta social dos povos subdesenvolvidos e miseráveis contra os países bem desenvolvidos e ricos? 23-24 Foi a tomada de consciência que transformou o pobre em proletário, que fez do pobre resignado, o proletário revoltado contra a justiça social que gerou o proletariado como força política. Com a disseminação dos conhecimentos através dos meios de difusão de que dispõe o mundo hoje, estas massas humanas tomaram conhecimento de que a fome e a miséria não são indispensáveis ao equilíbrio do mundo. Que hoje com os progressos da ciência e da técnica, surgiu pela primeira vez na história, um tipo de sociedade na qual a miséria pode ser suprimida e com ela a fome. A verdade é que os povos chamados subdesenvolvidos já se aperceberam na profunda contradição que existe entre os preceitos morais de igualdade, fraternidade e humanitarismo, pregados e defendidos pelos teorizantes da civilização ocidental e a crua disputa pelo lucro a que se entregavam os grupos mercantilistas dominantes nospaíses bem desenvolvidos e industrializados do mundo. 25 Estes povos miseráveis sentiam na carne a sua miséria, mas não tinham uma noção suficientemente clara das razões que determinavam ou impunham este estado de miséria que viviam. Hoje eles despertaram. Com a difusão universal dos conhecimentos humanos eles se aperceberam de que a sua fome e a sua miséria não constituíam fenômenos naturais irremediáveis, mas fenômenos sociais, produtos de criação humana, ou melhor da exploração desumana das riquezas naturais a que se entregou um pequeno grupo de privilegiados em detrimento dos verdadeiros interesses da humanidade. Daí a revolta dos povos oprimidos e explorados. Daí os nacionalismos de reivindicação explosiva e incontrolável. Daí a agonia do colonialismo. Tão grande é a tensão entre os homens que se faz necessário eliminar o mais rapidamente possível este fator de agitação e agravamento das tensões sociais reinantes, que é o fenômeno da fome universal. Mas antes é preciso estabelecer bem um ponto fundamental: haverá alguma chance de sairmos vitoriosos desta árdua cruzada ou estamos perdidos em face de alguma lei inexorável da natureza a qual os homens tem de se curvar servilmente? 26 A resposta a esta grave questão, de acordo com Castro, está na análise serena e imparcial do celebre dilema de Malthus ou seja das correlações existentes entre população e alimentação, encarada a luz dos fatos sociais e dos conhecimentos científicos atuais. Neste rápido ensaio dedicado aos problemas da alimentação e da fome mundial busca a demonstração mais uma vez de que a fome não é um fenômeno natural e sim um produto artificial das conjunturas econômicas defeituosas: um produto da criação humana e portanto capaz de ser eliminado pela vontade criadora do homem. A afirmativa do economista inglês Thomas Robert Malthus, feita em fins do século XVIII de que a humanidade não poderia se libertar nunca da miséria e estava irremediavelmente condenada a perecer de fome, porque a natureza é incapaz de fornecer os recursos de subsistência necessários ao crescimento natural das populações, não passa de frase de efeito, incapaz de resistir a uma análise crítica de mediana profundidade. Nunca os fatos comprovaram a veracidade de sua afirmação de que a população cresce em progressão geométrica, enquanto a produção apenas aumenta em progressão aritmética. 26-27 Seu primeiro erro foi considerar o crescimento das populações como uma variável independente quando na verdade este fenômeno está na mais estreita dependência de múltiplos fatores políticos e econômicos, oriundos de cada tipo de conjuntura econômico- social, variam também necessariamente os tipos de curvas demográficas. Cedo a ciência demonstrou que existem tendências ou ciclos demográficos que variam de ritmo e mesmo de direção, de acordo com os tipos de organização social. 27-28 Por outro lado os progressos da técnica no campo da agronomia, permitindo a incorporação de novas áreas de cultivo e um aumento sensível da produtividade por área cultivada, vieram desmoralizar o conceito malthusiano da progressiva diminuição dos rendimentos do solo e de sua apregoada limitação natural. E ficou desprovida desta forma, de qualquer base cientifica a noção propagada por Malthus da mesquinhez da natureza, que serviu durante algum tempo de biombo para esconder a mesquinhez de certos grupos humanos. Longe de ser mesquinha a natureza oferece recursos enormes para satisfazer as necessidades de subsistência das populações. Quando os neomalthusianos falam em limites do potencial biótico dos solos e do esgotamento total de suas reservas, estão negando toda a evidencia dos fatos. 28-29 Ainda com o descanso de nossa civilização em procurar produzir o suficiente para alimentar de maneira correta as populações do mundo, em aplicar as suas aquisições da ciência para melhorar os rendimentos do solo, mesmo assim a produção de alimentos nas últimas décadas segundo Castro tem ultrapassado em volume o crescimento das populações. A fome contrariamente a tese de sua naturalidade dada por Malthus, é produto antes de tudo de uma má distribuição e de uma má planificação da economia mundial onde não se procura dar atendimento as necessidades biológicas reais de cada povo, mas apenas as suas necessidades solváveis, ou seja, aquilo que ele é capaz de pagar é por isto que quando se observa o mapa da fome no mundo verifica-se que as grandes manchas negras se localizam nas áreas subdesenvolvidas que vivem ou viveram até pouco tempo em regime de exploração de tipo colonial: áreas subdesenvolvidas da Ásia, África e América Latina. 30 No livro “Geopolítica da Fome” busca-se demonstrar que a relação entre a fome e a superpopulação se estabelece em sentido inverso aquele que o empirismo vislumbrava: não há fome por excesso de gente, mas sim existe excesso de gente como consequência da fome. É que a fome crônica determinando uma elevação dos índices de fertilidade e dos coeficientes de natalidade se constitui como um fator de aceleração intensiva do crescimento das populações. Através de um complexo mecanismo psicológico, social e mesmo biológico, a fome crônica se constitui como um fator da superpopulação das zonas de miséria e de pauperismo generalizado. Inclusive existe procedência nas afirmações de que uma dieta rica em proteínas faz baixar os índices de fertilidade, enquanto que uma dieta pobre neste princípio nutritivo de origem animal determina um índice de fertilidade mais elevado. 31 O exemplo da China destrói o mito malthusiano daí o interesse na apresentação deste exemplo, apresentação do mesmo não como um modelo a imitar por toda parte, mas como exemplo de que se ela pode vencer a fome, pode este espectro, com relativa facilidade ser varrido de toda a superfície da terra. 51 Este exemplo aliado a outros mostra que já não poderá encontrar eco na opinião pública contemporânea, sobretudo, nos países famintos as explicações dos neomalthusianos e as suas prescrições de controle de natalidade como único recurso para salvar a humanidade. 51-52 No século da ciência e da técnica isto soa mais como um artificio magico das épocas da barbaria do que como uma prescrição cientifica. Agem com uma atitude pseudocientífica atribuindo a fome a maldade da natureza e para acalmá-la prescrevem o sacrifício de vidas humanas, sob a forma dos genocídios, dos abortos em série, de controle dos nascimentos. Nessa fase da história da humanidade em que o esplendor da ciência fazia entrever um mundo de abundancia e de felicidade é fácil compreender-se o estado de espirito dos países subdesenvolvidos. Esse desequilíbrio entre ricos e pobres é uma consequência social dos defeitos e erros das conjunturas econômicas vigentes, impostas pelas grandes potencias que até hoje exploram economicamente o mundo. Cabe a estes mentores da economia mundial encontrar uma salvação para a crise e não a atitude de querer transferir o seu encargo para povos até hoje dominados pela forma econômica dessas grandes potencias. 52-53 No entanto, ainda se tenta reviver o malthusianismo desmoralizado. Em 1960 a revista Time publicou uma reportagem “Explosão Populacional”, nas primeiras linhas falando dos povos pobres como aqueles em que a explosão populacional é mais violenta a revista não invoca, no entanto, que o combate a fome seria uma maneira eficaz da luta contra os perigos da superpopulação. 53-54 A nossa civilização ocidental se vê afundada numa contradição de que tendo desenvolvido ao mesmo tempo o idealismo e a exploração colonial pelo mundo afora ela forneceu as matérias- primas da atual revolta dos povos oprimidos. O mundo civilizadovive uma crise de consciência que nos oprime como uma obsessão e tenta acalmar sua consciência pesada. Para isso se mantem no comodismo e cinismo, apelando as teorias como a malthusiana. A ação política tem que se basear em atitudes de sinceridade que possam restabelecer as comunicações quase interrompidas no fluxo de confiança mutua entre os povos, mas para tal é preciso destruir o círculo da contradição mantido pelo silencio e pelo falso respeito de grupos interessados e dominadores que manipulam os instrumentos de formação de uma falsa opinião pública. É quebrar e dizer coisas deste gênero que levou este documento a ser redigido. 56 2. A LUTA CONTRA A FOME O desafio da luta contra a miséria poderá, pois nos conduzir a um novo tipo de civilização mais harmônica e mais tranquila do que a frenética civilização de nossos dias. Para alcançarmos esta nova era de paz e de abundancia, é necessário antes de tudo que os poucos homens que detém em suas mãos o poder e com ele os destinos do mundo, nesta hora de transição, tenham maturidade política, sabedoria e boa vontade para iniciar um grande esforço de criação internacional para o qual são convocados pela força das circunstancias. 57 Temos que reconhecer que fizemos muito pouco para promover o verdadeiro desenvolvimento econômico e social dos povos mais atrasados e para combater a fome e a miséria reinante no mundo. Pouca coisa de substancial e decisivo e não de simples interesse aparente ou demagógico. 57-58 A salvação do mundo tem ressoado na expressão desenvolvimento econômico. O desenvolvimento econômico das regiões subdesenvolvidas tornou-se a atividade da moda dos congressos internacionais e é encarado por muitos como uma espécie de panaceia para a cura de todos os males. Mas, entre este debate vocabular de índole acadêmica e a ação para promover o verdadeiro desenvolvimento econômico, a distância é bem grande. Ainda que o desenvolvimento econômico de cada país deve constituir uma responsabilidade nacional sem uma cooperação internacional é muito difícil que este desenvolvimento se processe em ritmo desejável nos países pouco desenvolvidos de forma a reservar o equilíbrio político e social no mundo. A escassez de poupanças internas e a necessidade de inverter suas disponibilidades em bens de consumo, para satisfazer as necessidades básicas de suas populações impacientes por elevar seus padrões de vida, torna bem difícil aos países subdesenvolvidos sair por seus exclusivos esforços do atoleiro econômico em que jazem enterrados. Por maiores que sejam esses esforços eles se anulam diante de obstáculos quase intransponíveis, ligados a instabilidade dos mercados para seus produtos primários e em dificuldades de obter divisas para o equipamento técnico de sua economia. Sem inversões maciças nas zonas subdesenvolvidas não será possível promover o adequado desenvolvimento econômico e o mundo continuará a apresentar, em seu conjunto, um panorama econômico de subdesenvolvimento com todos os riscos, temores e sofrimentos que esta frustação social acarreta a humanidade. 58-59 O desenvolvimento das regiões subdesenvolvidas não se pode fazer sem a base de um fluxo intenso de capitais tanto públicos como privados, oriundos das zonas mais ricas do mundo. Fluxo que tem se tornado cada vez mais escasso. Ao lado da escassez de capitas trabalha também negativamente a escassez de assistência técnica adequada. Agencias especializadas como a FAO, UNESCO, WHO, UNICEF e outras várias se empenham em duras batalhas contra a fome, miséria, doença e a ignorância de enormes massas da população. Mas seus esforços são praticamente anulados pela extrema exiguidade dos seus recursos diante da extensão da tarefa a realizar. As grandes potencias se negavam a aceitar a premissa de que a segurança do mundo depende antes de tudo do extermínio da fome e da miséria, uma prova está no fato de que se negaram por muito tempo a apoiar o projeto levado no seio da ONU por um grande grupo de países pobres, advogando a criação de um organismo especial para promover o desenvolvimento econômico no mundo- o SUNFED. A criação deste Fundo Internacional do Desenvolvimento Econômico não encontrou apoio na política individualista das grandes potencias obcecadas em cuidar, erradamente, de suas defesas através do uso da força. 60 Faz-se uma grande esforço aparente para industrializar-se as regiões subdesenvolvidas que até agora vivem a base de atividades primárias- agropecuárias ou extrativas- num baixo nível de produtividade. Mas esta industrialização se faz em ritmo tão lento e de forma tão limitada a certos setores econômicos que chega a despertar a desconfiança de que os que se propuseram a ajudar em sua expansão se preocupam mais em adiá-la sinal de miopia dos grupos econômicos dominantes. 61 É possível passar de uma economia de tipo colonial para uma economia mundial cooperativista, de reciprocidade de interesses, sem que as metrópoles colonizadoras entrem em bancarrota. Não se justifica pois o receio dos países industrializados em face da progressiva industrialização dos países subdesenvolvidos do mundo. A industrialização torna os países mais ricos e aumenta desta forma as suas demandas. O que a industrialização provoca não é a sua diminuição mas a sua transformação; as importações de consumo mais simples desaparecem: sapatos, tecidos, etc, enquanto se processa uma nova expansão no comércio de máquinas e de produtos de tecnologia avançada. O mesmo passa com organismos como a ONU. As decisões dependem de assembleias dos representantes ou delegados dos países que sobrepõem aos altos interesses da humanidade seu egoísmo de interesses nacionais. Para resolver um problema desta envergadura faz-se necessário alguma coisa mais do que um organismo internacional. Faz-se necessário um organismo supranacional, libertado das limitadoras injunções do que se chama, sem muito fundamento, os interesses nacionais de cada país. 62 Será necessária a organização de um governo Mundial para a qual a humanidade ainda não está preparada embora para lá caminhe a passos largos. No que diz respeito a luta especifica contra a fome tivemos durante certo tempo a impressão ilusória de que os governos estavam a altura das circunstancias. Nascera tal impressão com a criação da FAO fundada como uma agencia especializada da ONU em fins da última guerra para ajudar os povos pobres ou dilapidados pelo conflito internacional a vencer o espectro da fome. Ainda que a FAO tenha realizado uma obra meritória ela é insuficiente para dar solução ao problema. Os técnicos deste Organismo Internacional sentem-se com as mãos atadas para atacar os problemas de base, que constituem os obstáculos fundamentais para o flagelo da fome. 63 Durante os 4 anos presentes à frente da presidência da FAO Josué de Castro nos diz como foi difícil vencer as resistências impostas pelos interesses particularistas dos países e grupos econômicos. Problemas como o da reforma agraria e da criação de uma reserva alimentar de emergência que exigem modificações das estruturas vigentes não conseguiam transpor a barreira dos preconceitos e medos acumulados. O caso da criação de uma “Reserva Internacional Contra a Fome” que consiste em última análise numa atualização em bases técnicas e cientificas do antigo projeto bíblico de José constitui um exemplo típico da ação tímida e vacilante da FAO. Após 6 anos discutindo esse projeto, durante todo este período ocorreram epidemias da fome em vários países do mundo, tais como Iugoslávia, Índia e Paquistão. A fim de ver concretizado tal projeto foi mantidas entrevistas com chefes de Estado de vários paísesmas apesar da evidencia de que seria necessário criar uma reserva alimentar de crise num mundo em que coexistem, lado a lado, a fome e os excedentes alimentares- o projeto não recebeu apoio suficiente das grandes potencias para ser transformado em realidade. O que é uma prova da falta de ação em profundidade das organizações que se ocupam com o problema mundial. E sem esta ação em profundidade fica limitada a contribuição da FAO, apesar do esforço heroico de seus técnicos e dirigentes. 63-64 Ainda que a produção mundial de alimentos tenha aumentado bastante infelizmente esse aumento se processou nas zonas bem desenvolvidas e não na zonas em subdesenvolvimento. Foram os países ricos e industrializados que puderam aumentar seu rendimento agrícola e não os países de agricultura primitiva e tecnicamente desarmados dos indispensáveis instrumentos a intensificação dos processos de exploração da terra. Desta forma em lugar de diminuir o fosso que separa os países da fome e os países da abundância, mais esse fosso se alargou. Mesmo em certos países onde a ajuda internacional tem propiciado certo processo econômico expresso num aumento significativo da produção industrial, a crise alimentar em lugar de melhorar se tem acentuado, trazendo o fato de um certo descredito ao sucesso da industrialização como fator de sucesso e de progresso social. 65-66 A intensificação da tensão agricultura- indústria surge como uma consequência do erro de se promover a industrialização acelerada em certas áreas sem melhorar as estruturas agrarias que se presentam arcaicas e semifeudais nas regiões subdesenvolvidas. O que caracteriza por excelência o subdesenvolvimento é o desnível, a disparidade entre os níveis de produção, de renda e de capacidade de consumo entre diferentes camadas sociais e entre diferentes regiões que compõem o espaço sócio- geográfico da Nação. Promover o desenvolvimento econômico – social autentico será antes de tudo procurar atenuar esses desníveis através de uma melhor distribuição de riqueza e de um mais justo critério de investimentos nas diferentes regiões e nos diferentes setores de atividades econômicas do país. Os planos de desenvolvimento econômico postos em execução em certas áreas subdesenvolvidas, na América Latina, por exemplo, não tem proporcionado, entretanto, os instrumentos adequados a esse nivelamento reequilibrante do conjunto econômico da região. Longe disso. Em certos aspectos da política de industrialização intensiva tem mesmo acentuado mais o desnível setorial entre a indústria e a agricultura. Este desnível por sua vez constitui a mais grave distorção na dinâmica do desenvolvimento econômico e o principal fator do estrangulamento da industrialização a qual constitui uma meta fundamental do desenvolvimento. Todo processo de desenvolvimento dirigido numa região subdesenvolvida cria automaticamente uma série de desequilíbrios que exige a todo momento a ação de medidas corretivas. Daí a impossibilidade de importar-se modelos pré-fabricados de desenvolvimento para aplicar-se in loco como transposição válida da experiência de outros povos. Cada sistema econômico em expansão se orienta de maneira original e até certo ponto imprevisível, em face das possibilidades e das virtualidades das diferentes áreas geoeconômicas. 66-67 No caso da América Latina a distorção mais acentuada tem sido o atraso da agricultura em relação ao processo do setor industrial. E este atraso se prende em grande parte ao arcaísmo das estruturas agrarias. A agricultura atrasada se constitui como um fator de contenção do ritmo de expansão industrial. Através da escassez das matérias- primas e do alto custo de sua produção, a agricultura se constitui como um fator de estrangulamento de um largo setor das indústrias de transformação. Idêntico efeito ocorre em face da escassez e dos altos preços dos produtos de subsistência, impondo o estabelecimento de níveis de salários para os trabalhadores da indústria que oneram sobremodo o custo da produção industrial, sem que ao menos permitam ao trabalhador a obtenção de um tipo de dieta racional capaz de melhorar seus índices de produtividade. E dificultando ainda em maior escala a formação de grandes parques industriais cujo abastecimento passa a constituir a maior dor-de-cabeça dos planificadores e homens da empresa, em certas áreas. O marginalismo econômico a que é relegado o homem do campo com sua capacidade aquisitiva quase nula, não permite a formação de um mercado interno capaz de absorver a crescente produção industrial dos países subdesenvolvidos. As migrações internas, os altos graus de mobilidade social do campo para a cidade, supersaturando os núcleos urbanos com grandes massas urbanas improdutivas, células economicamente mortas infiltradas dentro da textura social, vem onerar o cenário público com os indispensáveis serviços sociais, cujo custo desfalca necessariamente de uma grande parcela de recursos que deveriam ser aplicados em investimentos reprodutivos. 67-68 É todo um conjunto de forças de contenção, oriundas do atraso da economia rural a se constituírem como atores de limitação do desenvolvimento econômico nos países novos. O planejamento econômico nos países subdesenvolvidos é basicamente o problema de contingenciar recursos escassos entre objetivos concorrentes e escalonar sua utilização de maneira eficiente. Mas se isto é um princípio geral de economia, este princípio se torna mais contingente no caso das regiões subdesenvolvidas pela extrema exiguidade de recursos, pela escassez de poupanças para investimentos que promovem a expansão da economia. Contemplam os países subdesenvolvidos um verdadeiro dilema qual seja o de utilizar seus escassos recursos, em equipar-se industrialmente em ritmo celerado mas sacrificando, desta forma, os níveis de vida, de suas populações; ou satisfazer as necessidades básicas de suas populações impacientes por elevar seus níveis de vida intervindo uma maior quota de suas disponibilidades em bens de consumo mas, retardando, desta forma, sua industrialização. É o dilema simbolizado na expressão: pão ou aço. Pão para os homens famintos e impacientes ou aço para as máquinas que depois alimentariam satisfatoriamente os homens. 68-69 Infelizmente nos países subdesenvolvidos a renda está concentrada em grande parte na mão de um pequeno número, desenvolvem-se através de um efeito demonstrativo, uma pronunciada tendência ao consumo ostentoso, ao consumo de bens de luxo, importados, de pouca ou nenhuma utilidade ao desenvolvimento econômico e social da coletividade, o que prejudica substancialmente a marcha da própria economia. Assim o produto deste aparente desenvolvimento econômico mal orientado é desviado de sua finalidade social, servindo para propiciar mais luxo aos ricos e para tornar ainda mais difícil a vida dos pobres. 69-70 Para resolução deste dilema segundo Castro é necessário a estruturação de uma nova teoria cientifica do desenvolvimento econômico nos países subdesenvolvidos para ser posta à prova no campo da realidade social. Deverá esta nova teoria integrar a economia aos fatores humanos, de forma a fazer o desenvolvimento econômico o meio de proporcionar a todos não só os bens de necessidade que lhe fazem falta, mas também os bens de dignidade que suas consciências reclamam. Pois todo e qualquer impulso de desenvolvimento econômico só dará resultados práticos incorporando-se em seus princípios de ação a obtenção dos meios de satisfação das necessidades mínimas da vida humana. Não permitindo que os povos ultrapassassem o nível deste mínimo para não retardar o ritmo de expansão econômica, mas ajudando-os portodos os meios a alcançar este nível abaixo do qual se torna improdutiva a máquina humana. É que a alimentação é a primeira necessidade vital e é por ela que se deve naturalmente começar o trabalho de reabilitação. 70-71 A luta contra a fome não fora até o momento empreendida em termos exatos e dentro das dimensões exigidas para conduzi-la a vitória. Tudo o que se tem feito se reduz a medidas parciais, descontinuas, mais de emergência e de caráter assistencial do que de continuidade e de profundidade. A própria FAO se limitara a encarar o problema da alimentação como um problema puramente agrícola- um problema de maior produção de alimentos. E esta perspectiva limitada do assunto segundo Castro está inteiramente errada. A realidade social da fome está intimamente ligada a toda estrutura ou conjuntura econômica das regiões subdesenvolvidas do mundo. Em última análise, a fome não passa de uma análise típica do subdesenvolvimento. Toda a filosofia contra o flagelo da fome deve assentar nesta premissa de que fome e subdesenvolvimento são expressões paralelas de um mesmo fato econômico. Que a luta contra a fome se resume em realidade na luta contra o subdesenvolvimento econômico. É no interior desta orientação que devem ser fixados os termos essenciais ou conceitos básicos em que se assenta a cruzada a ser empreendia para acelerar a emancipação do homem da escravidão da fome. Até hoje a elaboração de um programa de luta contra a fome e a miséria foi dificultada por toda a espécie de obstáculos: precariedade de nossos conhecimentos, insuficiência de recursos indispensáveis e sobretudo pela resistência das ideias preconcebidas. As fronteiras quase intransponíveis, através das quais uma concepção fragmentaria da ciência pulverizou o conhecimento humano, levaram ao “tabu da fome”. 72 Baseados em raciocínios aparentemente lógicos ou em simples intuições que nos conduzem num sentido pessimista ou deliberadamente otimista, resulta, em face dos tabus, que a maior parte das teses oficiais ou pessoais não estava até hoje a altura da gigantesca tarefa de empreender: a luta contra o flagelo da fome. A consequência da internacionalização do problema da fome deve ser não somente a de remover todos os obstáculos que se opõem a elevação dos níveis de vida dos países subdesenvolvidos, mas ainda a de tornar a expansão econômica mais rápida do que ela se realiza nos países já altamente desenvolvidos. 75 No entanto, prescrever o desenvolvimento autentico e racional dos países subdesenvolvidos tirando-os do seu atual dilema entre o desenvolvimento industrial e o desenvolvimento agrícola, ou seja, o dilema entre o pão e o aço, constitui até certo ponto um grave perigo para as grandes potencias hoje detentoras do mercado mundial. 76 Daí a miopia, a cega resistência com que essas potencias se recusaram a colaborar na verdadeira luta contra a fome que poderia há muito ter emancipado economicamente os países subdesenvolvidos do mundo. Esta recusa, evidencia por sua vez, um outro problema muito mais vasto e que ultrapassa os limites da hipocrisia internacional. Trata-se aí da impotência frequente da ciência econômica para responder em seu estado atual as necessidades manifestadas pelos países subdesenvolvidos. Reside nesta impotência, sem dúvida, no fato de que a medida que a economia ocidental se transformava, os problemas apresentados aos economistas se deslocavam. E agora é inútil tentar transpor as lições da ciência econômica dedutiva ensinada em certos países ocidentais bem desenvolvidos, para resolver situações da maior parte das regiões mundiais de fome. As necessidades e exigências dos países subdesenvolvidos são de outra ordem. Se no caminho aberto pelos fisiocratas e retomado por Commons nos EUA tivesse sido elaborada uma economia de produção durante o processar-se do desenvolvimento econômico do mundo ocidental, disporíamos, hoje de uma base cientifica para equipar racionalmente os países subdesenvolvidos, infelizmente sobre a influência ricardiana os problemas da economia de mercado absorveram quase que inteiramente a atividade dos economistas ocidentais. 77 É preciso preencher este vazio doutrinário e criar em todas s suas peças uma nova ciência econômica ou pelo menos aprofundar na economia clássica o estudo dos dados relativos aos problemas de crescimento econômico e assuntos conexos, tais como a organização dos mercados e as necessidades de capital e mão- de- obra em relação com os níveis de produtividade. É preciso antes de tudo trabalhar para extirpar do pensamento político contemporâneo esta ideia errônea da economia considerada como um jogo em que alguns devem sempre perder para permitir a outros sempre ganhar. É preciso fazer da economia um instrumento de distribuição equilibrada dos bens da terra, a fim de que em nosso tempo já não se possa aplicar a esta ciência a definição de “ciência das misérias humanas” como o fez Marx. O erro dos autores contrários a industrialização dos países subdesenvolvidos é o de crerem em contradição formal com as linhas da economia rural moderna, que o volume da produção alimentar é mais ou menos proporcional ao volume da população agrícola. 80 Desenvolver a indústria sem ter em mira o nível agrícola dos diferentes países subdesenvolvidos e suas necessidades fundamentais em alimentos é correr o risco de promover um desenvolvimento desequilibrado, precário e artificial incapaz de resistir as contingencias da evolução social. 83 O verdadeiro desenvolvimento econômico, equilibrado e harmônico implica no entrosamento constante do setor industrial com o setor agrícola. Em frente ao dilema do pão ou do aço cumpre distribuir racionalmente as disponibilidades de capital e de mão- de- obra de forma a atender aos dois setores que são indispensáveis ao bem- estar social: tanto o pão como o aço. Outro aspecto fundamental a encarar na promoção do desenvolvimento econômico harmônico das regiões subdesenvolvidas de forma a libertá-las da fome, é o problema da disponibilidade de capitais. A experiência evidencia que para sair do estágio do subdesenvolvimento, os países chamados agrícolas devem investir, durante um largo prazo, uma proporção importante de suas escassas rendas. As inversões do capital privado se fazem em preferência ao setor da exploração das riquezas minerais e do petróleo para se chegar à conclusão que é bem insignificante a ajuda do capital estrangeiro ao desenvolvimento econômico – social dos povos famintos. 85 Devem pois os países subdesenvolvidos recorrer em última análise as suas disponibilidades próprias, pagando através de um continuado sacrifício o alto custo de seu progresso. Os países subdesenvolvidos tem na exportação das matérias- primas e dos produtos de base, a sua fonte essencial de divisas e de uma alta percentagem de sua renda nacional. Resulta deste fato econômico a dependência dos planos de desenvolvimento econômico destes países, em face dos termos de suas trocas comerciais. Há quem considere a falta de paridade entre os preços de produtos de base e dos produtos manufaturados nos mercados internacionais como um dos principais processos através dos quais os países ricos e industrializados continuavam a pilhar a economia dos Estados pobres e a travar o seu desenvolvimento. 85-86 A paridade e a estabilidade dos preços dos produtos de base constituem, pois, os pré- requisitos indispensáveis a emancipação econômica e a liberação da fome nas áreas subdesenvolvidas. 88 Aí estão alguns dos problemas que se levantam ao encarar-se com objetividade o problema do desenvolvimento econômico capaz de arrancar da miséria as regiõessubdesenvolvidas do mundo, integrando-as no âmbito da economia mundial. Não é pois o problema do desenvolvimento das áreas da fome, um problema de fácil solução, que se resolva apenas com algumas injeções de dólares e alguns conselhos técnicos de como utilizá-los para criar novas riquezas. É coisa muito mais complexa, exigindo esforços disciplinados e continuados. E principalmente exigindo uma atitude de compreensão e de colaboração por parte das regiões bem desenvolvidas e bem diferente daquela até hoje manifestada. Porque a verdade é que a doutrina oficial do desenvolvimento das grandes potências ocidentais é uma doutrina bem limitada, dominada por preocupações egoísticas e de inspiração nitidamente colonialista. E mesmo errada, em suas concepções teóricas, por ter se estruturado a base dos sucessos obtidos nos países da economia capitalista. E mesmo errada, em suas concepções teóricas, por ser ter estruturado a base dos sucessos obtidos nos países de economia capitalista que não é estrutura preponderante na maior parte dos países desenvolvidos. Via de regra esses países vivem uma estrutura dualista, sob o signo do capitalismo em alguns setores, principalmente o industrial, mas ainda sob o signo do feudalismo no seu setor agrícola, em suas relações de trabalho e de exploração de terra. 88-89 Ora, esta complexidade estrutural, este polimorfismo econômico- social dos países subdesenvolvidos não permitem, de forma alguma, o ajustamento a sua realidade, de modelos pré- fabricados de desenvolvimento concebidos e experimentados em regiões altamente diferenciadas em sua estrutura capitalista e daí o habitua fracasso de sua imposição forçada em países de economia dependente. Pecam pois os programas de ajuda econômica para o desenvolvimento, de um lado por sua concepção política mesquinha e, de outro lado, por sua inadequação técnica. Para desenvolver autenticamente as regiões famintas e mal equipadas do mundo, é necessário conceber uma política de solidariedade internacional em novas dimensões e numa nova perspectiva. Já não é mais possível tratar-se da economia do mundo em termos da era de Ptolomeu agindo cada país em função da falsa ideia de ser o centro do mundo, querendo que outros países girem em torno de sua economia, numa dependência tão ridícula, quanto era ridícula a impressão que se tinha em séculos passados de que todos os planetas giravam em torno da terra. 89-90 Tentando associar numa mesma comunidade os homens da fome e os homens da abundância preservando os primeiros da degradação física e os segundos da degradação moral que solapam a nossa civilização, se instalou em 1957, em Paris, a Associação Mundial de Luta Contra a Fome, a ASCOFAM. 91
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