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SISTEMA NERVOSO ▶ Sinapses nervosas A sinapse é o ponto funcional de comunicação entre dois neurônios ou entre um neurônio e sua célula-alvo. Nela, o neurônio pré-sináptico envia o sinal e o neurônio pós-sináptico o recebe. Entre essas duas estruturas há a fenda sináptica, um pequeno espaço de 20 a 50 nm preenchido por matriz extracelular, que estabiliza a aproximação entre as membranas das células envolvidas. Essa região é fundamental para a propagação unidirecional da informação nervosa, mantendo a ordem dos fluxos sinápticos no SNC e no SNP. As sinapses podem ser classificadas em químicas ou elétricas. As sinapses químicas são as mais comuns no corpo humano e funcionam com a liberação de substâncias chamadas neurotransmissores, que transmitem a informação do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico. Já as sinapses elétricas são mais rápidas e envolvem conexões diretas entre as células por meio de junções comunicantes (gap junctions), permitindo a passagem direta de corrente elétrica. Essas sinapses são importantes em locais onde a resposta precisa ser extremamente rápida, como no miocárdio. Nas sinapses químicas, a chegada do potencial de ação ao terminal axonal promove a abertura de canais de Ca²⁺ dependentes de voltagem. O influxo de cálcio induz a fusão das vesículas sinápticas com a membrana do terminal pré-sináptico, liberando os neurotransmissores na fenda sináptica. Estes se difundem e se ligam a receptores específicos na membrana do neurônio pós-sináptico, gerando um potencial pós-sináptico (excitatório ou inibitório). O sinal original elétrico é convertido em químico e depois novamente em elétrico, garantindo a continuidade da informação nervosa. As sinapses são fundamentais para o funcionamento integrado do sistema nervoso, permitindo a comunicação entre neurônios, a formação de redes neurais e o processamento de informações sensoriais e motoras. Os neurotransmissores regulam emoções, comportamento, memória, aprendizado, regulação autonômica e atividade muscular, tornando-se alvos frequentes de medicamentos neurológicos e psiquiátricos. As sinapses são locais de grande proximidade entre neurônios, responsáveis pela transmissão unidirecional de sinalização. Há dois tipos: sinapses químicas e sinapses elétricas. Os impulsos nervosos não podem ser conduzidos pela fenda sináptica; assim, ocorre uma forma alternativa e indireta de comunicação. Em resposta a um impulso nervoso, o neurônio pré-sináptico libera um neurotransmissor que se difunde pelo líquido da fenda sináptica e se liga a receptores na membrana plasmática do neurônio pós-sináptico. O neurônio pós-sináptico recebe o sinal químico e, na sequência, produz um potencial pós-sináptico, um tipo de potencial graduado. Desse modo, o neurônio pré-sináptico converte o sinal elétrico (impulso nervoso) em um sinal químico (neurotransmissor liberado). O neurônio pós- sináptico recebe o sinal químico e, em contrapartida, gera um sinal elétrico (potencial pós-sináptico). Apesar das membranas plasmáticas dos neurônios pré e pós sinápticos em uma sinapse química estarem próximas entre si, elas não se tocam. Elas são separadas pela fenda sináptica, um espaço de 20 a 50 nm que é preenchido com líquido intersticial. Sinapses elétricas: as sinapses elétricas transmitem um sinal elétrico, ou corrente, diretamente do citoplasma de uma célula para outra através de poros presentes nas proteínas das junções comunicantes. A informação pode fluir em ambas as direções em quase todas as junções comunicantes, porém, em alguns casos, a corrente pode fluir em apenas uma direção (uma sinapse retificadora). A maior parte das sinapses no sistema nervoso são sinapses químicas, as quais utilizam moléculas neurócrinas para transportar a informação de uma célula à outra. ▶ A importância dos neurotransmissores Os neurotransmissores são compostos químicos sintetizados nos neurônios responsáveis pela sinalização celular por meio de sinapses. As funções principais desses mediadores químicos são de regular atividades do sistema nervosos central e periférico, para gerir a homeostase. Os neurônios do SNC liberam vários tipos diferentes de sinais químicos, incluindo alguns polipeptídeos conhecidos principalmente pela sua atividade hormonal, como os hormônios hipotalâmicos ocitocina e vasopressina. Em contrapartida, o SNP secreta apenas três substâncias neurócrinas importantes: os neurotransmissores acetilcolina e noradrenalina e o neuro- hormônio adrenalina. Alguns neurônios do SNP cossecretam moléculas adicionais, como o ATP. Essas moléculas podem ser classificadas de forma informal em sete grupos distintos, de acordo com sua estrutura química e propriedades funcionais. A acetilcolina é considerada uma classe à parte por ser quimicamente única e funcionalmente muito relevante. É o principal neurotransmissor da junção neuromuscular, atuando na ativação de músculos esqueléticos. Também participa de funções no sistema nervoso autônomo, como a modulação da atividade cardíaca e digestiva, e exerce um papel importante nos circuitos de memória e atenção no sistema nervoso central. As aminas são neurotransmissores derivados de aminoácidos modificados. Elas incluem substâncias como a dopamina, a serotonina, a noradrenalina e a adrenalina. Os aminoácidos formam outro grupo fundamental de neurotransmissores. Eles incluem o glutamato e o aspartato, que são excitatórios, e o GABA (ácido gama- aminobutírico) e a glicina, que atuam como neurotransmissores inibitórios. No grupo dos peptídeos, encontram-se neurotransmissores que são pequenas cadeias de aminoácidos. Eles funcionam frequentemente como neuromoduladores, ou seja, modulam a ação de outros neurotransmissores. As purinas, como o ATP e a adenosina, são menos conhecidas como neurotransmissores, mas exercem funções importantes tanto no sistema nervoso central quanto no periférico. Entre os gases que atuam como moléculas neurócrinas, o mais conhecido é o óxido nítrico (NO). Diferente dos neurotransmissores clássicos, ele não é armazenado em vesículas, mas sintetizado sob demanda e difundido rapidamente pelas membranas celulares. Atua localmente e por pouco tempo, regulando processos como o tônus vascular, a plasticidade sináptica e a sinalização retrograda (do neurônio pós-sináptico para o pré-sináptico). Por fim, os lipídeos também formam uma classe importante e relativamente recente de neurotransmissores. Os mais conhecidos são os endocanabinoides, como a anandamida, que se ligam aos receptores canabinoides do cérebro. Esses lipídeos atuam modulando a dor, o apetite, o humor e a memória. ▶ Potencial de Ação O potencial de ação é uma variação súbita, rápida e autorregenerativa do potencial de membrana de um neurônio, essencial para a transmissão dos impulsos nervosos ao longo do axônio. Sua função principal é permitir a comunicação rápida entre diferentes partes do sistema nervoso, conduzindo sinais do corpo celular até os terminais sinápticos, onde a informação será passada a outro neurônio ou a um órgão efetor. 🧬 Potencial de Membrana em repouso: em repouso, o interior do neurônio é mais negativo em relação ao exterior, com potencial aproximado de –70 mV. Isso é mantido graças ao gradiente de concentração do potássio (K⁺) e à bomba de Na⁺/ K⁺, que troca ativamente íons Na⁺ e K⁺ para preservar o desequilíbrio eletroquímico. A membrana é mais permeável ao K⁺ do que ao Na⁺, o que favorece a saída de cargas positivas e mantém o potencial negativo intracelular. 🚨 Início: o potencial de ação começa quando um potencial graduado atinge a zona de gatilho (no cone de implantação). Se essa despolarização atinge o limiar de – 55 mV, os canais de Na⁺ dependentes de voltagem se abrem rapidamente, permitindo entrada maciça de sódio. Isso despolariza a membrana, gerando a fase ascendente do potencial de ação. 🔽 Fase Descendente e Pós-Hiperpolarização: após o picode +30 mV, os canais de Na⁺ se inativam, e os canais de K⁺ se abrem lentamente, promovendo efluxo de potássio. Isso gera a repolarização, tornando o meio intracelular novamente negativo. O excesso de saída de K⁺ pode causar uma pós-hiperpolarização, aproximando o potencial de –90 mV, antes que o neurônio retorne ao repouso. 🛡 Período Refratário: durante o período refratário absoluto, nenhum novo potencial de ação pode ser gerado, pois os canais de Na⁺ estão inativos. Já no período refratário relativo, é possível um novo disparo, mas só com um estímulo mais forte. Isso garante a unidirecionalidade da condução do impulso e evita sobreposição de sinais. A condução do potencial ocorre ao longo do axônio. Nos neurônios mielinizados, a condução é saltatória, pulando entre os nódulos de Ranvier, o que aumenta a velocidade. Já em axônios não mielinizados, a condução é contínua e mais lenta. Axônios com maior diâmetro também conduzem mais rapidamente. Após o potencial de ação, os gradientes iônicos são restaurados pela bomba Na⁺/K⁺-ATPase, que transporta Na⁺ para fora e K⁺ para dentro da célula. Isso não precisa ocorrer antes de um novo disparo, pois a quantidade de íons movimentada durante um único potencial de ação é pequena, mas a bomba é essencial para a manutenção a longo prazo da excitabilidade. ▶ Sistema Nervoso Periférico O Sistema Nervoso Periférico consiste em todos os tecidos nervosos que se encontram fora do encéfalo e da medula espinal, ou seja, fora do Sistema Nervoso Central (SNC). Fazem parte do SNP os receptores sensoriais, os nervos, os gânglios e os plexos, todos envolvidos na conexão funcional entre o corpo e o SNC. O SNP é fundamental para a coleta de informações do ambiente e a condução de comandos motores, funcionando como uma via bidirecional. Ele é protegido por estruturas como a dura-máter, que forma um envoltório espesso e resistente chamado saco tecal, o qual se estende da borda do forame magno até a segunda vértebra sacral, protegendo a medula espinal em toda sua extensão. o SNP é composto por: 🔻 Nervos: estruturas formadas por feixes contendo centenas de milhares de axônios, além de tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Esses nervos estão localizados fora do SNC e se dividem em nervos cranianos (emergem do encéfalo) e nervos espinais (emergem da medula espinal). 🔻 Gânglios: são pequenas massas de tecido nervoso, compostas principalmente por corpos celulares de neurônios, situadas fora do encéfalo e da medula espinal. Os gânglios associam-se intimamente aos nervos cranianos e espinais e são importantes na modulação e transmissão dos impulsos nervosos. 🔻 Plexos entéricos: constituem redes extensas de neurônios localizadas nas paredes dos órgãos do sistema digestório. São parte do sistema nervoso entérico, que regula de forma autônoma a motilidade e secreção gastrointestinal. 🔻 Receptores sensitivos: são estruturas especializadas que monitoram alterações no ambiente interno ou externo. Exemplos incluem os receptores táteis da pele, os fotorreceptores da retina e os receptores olfatórios nas fossas nasais. Esses receptores originam os impulsos aferentes que seguem até o SNC. 🔻 Terminações motoras: constituem as extremidades dos axônios dos neurônios motores que inervam os efetores, ou seja, órgãos, músculos ou glândulas, sendo responsáveis pela resposta motora ao estímulo inicial. Anatomicamente, o SNP se conecta à medula espinal, cuja estrutura, em corte transversal, revela substância cinzenta profunda, rica em corpos celulares neuronais, e substância branca superficial, formada por axônios mielinizados. A substância branca organiza-se em três colunas ou funículos (anterior, lateral e posterior) em cada lado da medula. Essa organização topográfica é importante para o direcionamento dos impulsos sensoriais e motores. Entre essas colunas, observa-se a presença da fissura mediana ventral e do sulco mediano dorsal, que separam parcialmente as duas metades da medula espinal. 🔹 Divisão anatômica e autonômica 🔺 Sistema Nervoso Somático (SNS): promove o controle voluntário dos músculos esqueléticos. 🔺 Sistema Nervoso Autônomo (SNA): regula involuntariamente os órgãos viscerais, com subdivisões simpática, parassimpática e entérica. 🔺 Sistema Nervoso Entérico (SNE): embora geralmente tratado como parte do SNA, o SNE é funcionalmente independente e comanda exclusivamente o trato digestório. 🔹 Divisão funcional sensitiva e motora 🔺 A divisão sensitiva (aferente) capta estímulos e os conduz ao SNC. 🔺 A divisão motora (eferente) leva a resposta do SNC até os músculos ou glândulas. ▶ Histologia do Sistema Nervoso O tecido nervoso apresenta duas grandes categorias de células: os neurônios, que são as unidades funcionais responsáveis pela transmissão de impulsos elétricos, e as células da glia (ou neuroglia), que oferecem suporte estrutural, metabólico, imunológico e isolante para os neurônios. Os corpos celulares dos neurônios localizam-se na substância cinzenta do SNC (córtex, núcleos, corno anterior da medula) e nos gânglios do SNP. A substância branca, por sua vez, é composta por axônios mielinizados, sem pericários. Os neurônios são células altamente especializadas, formadas por corpo celular (pericário) e prolongamentos – os dendritos e o axônio. Segundo Silverthorn (7ª ed.), eles constituem a unidade funcional do sistema nervoso, ou seja, a menor estrutura capaz de executar todas as suas funções: recepção, processamento e transmissão da informação nervosa. os neurônios se comunicam com outras células por meio de sinapses e da liberação de neurotransmissores e outras moléculas informacionais. O corpo celular contém o núcleo (geralmente esférico, com cromatina frouxa indicando alta atividade transcricional) e o citoplasma rico em organelas. É considerado o centro trófico do neurônio, pois é nele que ocorre a síntese de proteínas essenciais para a manutenção de toda a célula. A abundância de retículo endoplasmático rugoso e polirribossomos origina os corpúsculos de Nissl, estruturas basófilas características. O complexo de Golgi se encontra apenas no pericário, enquanto as mitocôndrias são abundantes nas terminações axonais devido à intensa demanda energética. Os dendritos são projeções ramificadas que aumentam a superfície de recepção sináptica. Conforme Junqueira (13ª ed.), a maioria dos neurônios possui vários dendritos, que afinam à medida que se ramificam, e apresentam espinhos dendríticos, locais especializados para recepção de sinais. Diferente dos axônios, os dendritos não contêm complexo de Golgi e possuem estrutura mais semelhante ao corpo celular. O axônio é um prolongamento único, com diâmetro constante, especializado em conduzir impulsos elétricos do corpo celular para outras células (musculares, glandulares ou neurais). Origina-se de uma região chamada cone de implantação, cujo segmento inicial, sem mielina, contém alta densidade de canais de sódio e é o principal local de início do potencial de ação. O axoplasma é pobre em organelas, dependendo metabolicamente do pericário. A classificação morfológica dos neurônios inclui três tipos principais: 🔹 Multipolares: vários dendritos e um axônio (mais comuns). 🔹 Bipolares: um dendrito e um axônio (encontrados em órgãos sensoriais especiais). 🔹 Pseudounipolares: um prolongamento que se bifurca, comum em gânglios sensitivos. Os neurônios também podem ser classificados funcionalmente em: 🔻 Sensoriais (aferentes): conduzem estímulos do ambiente para o SNC. 🔻 Motores (eferentes): transmitem comandos do SNC para músculos ou glândulas. 🔻 Interneurônios: estabelecem conexões entre neurônios, essenciais para circuitos integradores complexos. Neuroglia ou Células Gliais: a neuroglia compõe cerca de metade do volume do SNC, sendo 5 a 25 vezes mais numerosas que os neurônios. Ao contrário dos neurônios, não geram potenciais de ação e podem se multiplicar, especialmente em lesões ou doenças.Inicialmente consideradas “cola” do tecido nervoso, hoje se sabe que participam ativamente da homeostase, defesa e condução elétrica. No SNC, as células da glia incluem: 🔹 Oligodendrócitos: responsáveis pela formação da bainha de mielina ao redor de axônios do SNC. Cada oligodendrócito pode mielinizar vários axônios em segmentos distintos. 🔹 Astrócitos: com forma estrelada, são os principais elementos de sustentação, participando também da barreira hematoencefálica, regulação iônica, captura de neurotransmissores e comunicação intercelular via junções comunicantes. São classificados em fibrosos (substância branca) e protoplasmáticos (substância cinzenta). 🔹 Micróglia: pequenas células fagocitárias, derivadas do sistema mononuclear fagocitário. Atuam na resposta imune do SNC, secretam citocinas e participam da limpeza de detritos. 🔹 Células ependimárias: revestem os ventrículos do encéfalo e o canal central da medula espinal. Junto aos capilares, formam o plexo corioide, responsável pela produção do líquido cerebrospinal (LCR). No SNP, encontramos: 🔸 Células de Schwann: homólogas aos oligodendrócitos, formam a bainha de mielina, mas cada célula envolve apenas um segmento de um único axônio. A mielina é rica em lipídeos e acelera a condução do impulso elétrico. 🔸 Células satélites: envolvem os corpos celulares dos neurônios nos gânglios sensitivos e autônomos, oferecendo suporte, nutrição e proteção, inclusive contra metais pesados como mercúrio e chumbo. ⚡ A mielinização ocorre pela invaginação das membranas das células gliais ao redor do axônio, formando uma bainha espessa, rica em fosfolipídeos, interrompida pelos nódulos de Ranvier, que permitem a condução saltatória dos potenciais de ação. Já os axônios não mielinizados ficam alojados em invaginações das células de Schwann ou oligodendrócitos, com envolvimento mais simples. ▶ Sistema Nervoso Central O sistema nervoso central, ou parte central do sistema nervoso, (SNC) é formado pelo encéfalo e pela medula espinal, que ocupam o crânio e o canal vertebral, respectivamente. O encéfalo é a parte do SNC que está localizada no crânio e contém cerca de 85 bilhões de neurônios. A medula espinal conecta-se com o encéfalo por meio do forame magno do occipital e está envolvida pelos ossos da coluna vertebral. A medula espinal possui cerca de 100 milhões de neurônios. O encéfalo e a medula espinal são contínuos entre si no forame magno. O SNC é o centro de integração e comando do sistema nervoso, pois recebe sinais sensitivos, interpreta-os e determina as respostas motoras com base em experiências pregressas, reflexos e condições atuais. O SNC processa muitos tipos diferentes de informações sensitivas. Também é a fonte dos pensamentos, das emoções e das memórias. A maioria dos sinais que estimulam a contração muscular e a liberação das secreções glandulares se origina no SNC. Encéfalo: O encéfalo é a parte do sistema nervoso central (SNC) que está contida no interior da cavidade craniana. É classificado em quatro partes: tronco encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo), cerebelo, diencéfalo e telencéfalo (cérebro), composto de dois hemisférios cerebrais. O encéfalo humano adulto médio pesa aproximadamente 1.500 g. As funções do encéfalo variam de atividades comuns (porém essenciais) de manutenção da vida até funções neurais mais complexas. Ele controla a frequência cardíaca, a frequência respiratória e a pressão arterial - e mantém o ambiente interno por meio do controle da divisão autônoma do sistema nervoso e do sistema endócrino. Sobretudo, o encéfalo executa tarefas de alto nível - aquelas associadas a inteligência, consciência, memória, integração sensório-motora, emoção, comportamento e socialização. Tronco encefálico: o tronco encefálico constitui a porção mais caudal do encéfalo e conecta-se diretamente à medula espinal. Ele é formado por três partes, dispostas em sequência da porção inferior para a superior: bulbo, ponte e mesencéfalo. Apesar de corresponder a apenas cerca de 25% da massa encefálica total, o tronco encefálico desempenha funções vitais. Ele serve como via de passagem para os tratos ascendentes e descendentes entre a medula e o cérebro, além de ser um centro de integração para reflexos auditivos e visuais e comportamentos automáticos essenciais à vida. Lesões em regiões pequenas dessa estrutura frequentemente resultam em morte devido à presença de núcleos responsáveis por funções vitais, como o controle da respiração e da atividade cardiovascular. O bulbo é a parte inferior do tronco encefálico e se caracteriza pela presença de duas pirâmides na sua superfície anterior, onde ocorre a decussação das fibras corticoespinais, fenômeno conhecido como “decussação das pirâmides”. Isso explica por que cada hemisfério cerebral comanda o lado oposto do corpo. Próximo às pirâmides, observam-se elevações chamadas olivas, que abrigam os núcleos olivares inferiores, estruturas envolvidas na modulação da atividade motora e no aprendizado de habilidades motoras. O bulbo também contém centros vitais como o centro respiratório bulbar e o centro cardiovascular, além de núcleos relacionados a reflexos autônomos como tosse, vômito, deglutição e soluço. A ponte está localizada acima do bulbo e à frente do cerebelo. Ela contém feixes de axônios que conectam diferentes partes do encéfalo, especialmente o córtex cerebral com o cerebelo contralateral. Está dividida em duas regiões: uma ventral, composta por núcleos pontinos, e uma dorsal, que contém tratos sensoriais e motores, além de núcleos de nervos cranianos. A ponte também participa do controle da respiração, por meio do centro respiratório pontino. Logo acima da ponte encontra-se o mesencéfalo, que se estende até o diencéfalo. Essa estrutura é atravessada pelo aqueduto cerebral (ou de Silvio), que conecta o terceiro ao quarto ventrículo. O teto do mesencéfalo apresenta os colículos superiores e inferiores, que integram estímulos visuais, auditivos e táteis. Já o tegmento do mesencéfalo contém o núcleo rubro, responsável por ações motoras coordenadas, e a substância negra, envolvida na regulação dos movimentos, especialmente em associação com o sistema extrapiramidal. Grande parte do tronco encefálico é formada pela formação reticular, uma rede difusa de neurônios que se estende por toda essa região. Sua porção ascendente, chamada SRAA (sistema reticular ativador ascendente), é fundamental para a manutenção da consciência e do estado de vigília, além de filtrar estímulos irrelevantes, prevenindo sobrecargas sensoriais. Cerebelo: o cerebelo é a segunda maior estrutura encefálica, situado na porção posterior e inferior da cavidade craniana, dorsal ao bulbo e à ponte, separado deles pelo quarto ventrículo. Com aproximadamente 11% da massa do encéfalo, o cerebelo apresenta uma superfície bastante pregueada, que amplia significativamente sua área cortical e, consequentemente, a densidade de neurônios. O cerebelo é essencial na coordenação motora e na manutenção do tônus e do equilíbrio corporal. Ele compara os comandos motores enviados pelo cérebro com os movimentos realmente executados pelo corpo, fazendo ajustes finos para corrigir desvios e garantir precisão. Essa função de retroalimentação permite que os movimentos se tornem mais suaves e eficazes. Diencéfalo: o diencéfalo está situado acima do tronco encefálico e é quase totalmente rodeado pelos hemisférios cerebrais. Ele é composto por três principais estruturas: tálamo, hipotálamo e epitálamo. O tálamo forma cerca de 80% do volume do diencéfalo e é considerado o principal centro de retransmissão sensorial do encéfalo, pois todos os impulsos conscientes, com exceção do olfato, passam por ele antes de se dirigirem ao córtex cerebral. Suas divisões internas, formadas pela lâmina medular interna, organizam os núcleos em grupos anteriores, mediais e laterais. O hipotálamo localiza-se inferiormenteao tálamo e é uma das principais áreas reguladoras da homeostase corporal. Ele integra informações viscerais, somáticas, gustativas, visuais e olfativas para controlar diversas funções: regula a temperatura corporal, os ciclos circadianos, o comportamento emocional e sexual, a sensação de fome e sede, além da atividade do sistema endócrino e do sistema nervoso autônomo. Possui regiões distintas como a mamilar, tuberal, supraóptica e pré-óptica, cada uma associada a funções específicas. O núcleo supraquiasmático, por exemplo, é considerado o “relógio biológico” do corpo, responsável pela regulação do ciclo sono-vigília. Já o epitálamo localiza-se na região posterior do diencéfalo e é composto pela glândula pineal e pelos núcleos habenulares. A glândula pineal secreta melatonina, hormônio relacionado ao controle do ritmo circadiano e da indução do sono. Os núcleos habenulares, por sua vez, estão associados a respostas emocionais ligadas ao olfato. Telencéfalo (Cérebro): o telencéfalo, conhecido popularmente como cérebro, representa a maior parte do encéfalo humano. Possui dois hemisférios cerebrais, conectados por uma ampla faixa de fibras nervosas chamada corpo caloso. Cada hemisfério é dividido em lobos: frontal, parietal, occipital, temporal e, em posição mais profunda, a ínsula. O sulco central separa o lobo frontal do parietal; o giro pré-central, anterior ao sulco central, contém a área motora primária, enquanto o giro pós-central, posterior ao sulco, abriga a área somatossensitiva primária. A superfície externa do cérebro é formada pelo córtex cerebral, composto por substância cinzenta, onde se localizam os corpos celulares dos neurônios. Essa camada, de 2 a 4 mm de espessura, apresenta pregas chamadas giros, separadas por sulcos e fissuras. A parte interna é predominantemente composta por substância branca, formada por axônios mielinizados, e ilhas de substância cinzenta, chamadas núcleos, responsáveis por funções motoras e sensoriais específicas. Além das funções cognitivas superiores como raciocínio, linguagem, julgamento e memória, o telencéfalo também abriga os centros responsáveis pela percepção consciente dos estímulos e pela elaboração da resposta motora voluntária. A medula espinal, por sua vez, se estende do bulbo até a região lombar, funcionando como centro de transmissão entre encéfalo e corpo, e coordenando reflexos motores. No corte transversal, a medula também exibe substância cinzenta central em forma de borboleta, cercada por substância branca. Durante a infância, a medula espinal e a coluna vertebral crescem, se alongando, como parte do crescimento total do corpo. A medula espinal para de crescer entre 4 e 5 anos de idade, mas a coluna vertebral continua crescendo. Desse modo, a medula espinal do adulto não acompanha toda a extensão da coluna vertebral. A medula espinal do adulto varia entre 42 a 45 cm de comprimento. Seu diâmetro máximo é de aproximadamente 1,5 cm na região cervical inferior e é ainda menor na região torácica e em sua extremidade inferior. Referências: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017. TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016. 📍 Objetivos: 1 – Compreender a anatomia e a histologia do sistema nervoso central e periférico; 2 – Entender como funciona o Potencial de Ação para ativação da excitabilidade do Sistema Nervoso; 3 – Discutir o funcionamento das sinapses nervosas e a importância dos neurotransmissores. S2P1 COMUNICAÇÃO EM POTENCIAL Coordenador: Eduardo Viana Ribeiro Secretário: Emerson William Oliveira dos Santos Discentes: João Vitor Macedo da Silva Silva; Victor Fabrinni Costa de Souza Cavalcanti; Juliana de Cássia Costa Almeida e Ana Beatriz Monteiro Moraes.