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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
Relembrando a tripartição clássica de Montesquieu, a atividade jurisdicional é reconhecida como sendo uma das funções do poder estatal, ao lado das funções administrativas e legislativas. O poder, em si, é uno e indivisível, estabelecido nas três funções mencionadas, criando um sistema de freios e contrapesos. O objeto da atividade jurisdicional é a solução de conflitos de interesse (lide) no âmbito do sistema jurídico.
Podemos dividir as formas de solução da lide em autotulela, autocomposição e jurisdição:
a) Autotutela: É hipótese em que as partes solucionam suas controvérsias de maneira direta, sem a intervenção de um terceiro estranho à própria lide. Qualquer meio poderia ser utilizado para a solução do conflito, inclusive a força bruta, representada pelo poder bélico ou econômico. Exemplo: Caso o devedor não pagasse uma dívida, o credor poderia se apropriar de um bem dele de valor equivalente ao crédito. Hoje, a autotutela é rechaçada pelo Direito Penal por meio do art. 345 do Código Penal (CP), na figura do exercício arbitrário das próprias razões:
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Contudo, a autotutela é excepcionalmente autorizada no Direito Moderno, por meio da legítima defesa da posse (§1º; art. 1.210 do CC):
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
b) Autocomposição: Aos poucos, a autotutela foi dando lugar a outra forma de solução dos conflitos entre as partes, num sinal de avanço da civilização, mediante ajuda de terceiro desinteressado e imparcial, eleito pelos desafetos, como no caso da atual Arbitragem. Podemos observar a autocomposição por meio da:
a)Submissão: É hipótese em que uma das partes deixa de oferecer resistência à pretensão da outra, verdadeiramente se submetendo à vontade da outra parte;
b) Desistência: É hipótese em que uma das partes não se submete, mas abre mão da pretensão em si à outra;
c) Transação: São concessões recíprocas entre as partes. Tais soluções parciais e precárias geraram a arbitragem, forma integral e completa de autocomposição.
d) Jurisdição: Somente com o desenvolvimento da noção de Estado e, bem mais tarde, a noção de Estado de Direito, é que a tarefa de solucionar a lide entre as pessoas foi admitida como função do Estado.
Há uma absoluta preferência pela solução jurisdicional estatal dos conflitos de interesses, contudo, os interessados podem adotar um meio não jurisdicional de composição dos conflitos, é o caso da arbitragem. Aliás, a arbitragem, opção feita pelos interessados para solução dos litígios, expressamente prevista em lei, é um meio alternativo de solução de litígio e, por conseguinte, de pacificação social, não afastando o controle jurisdicional. (art. 5.º, XXXV, da CF):
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
A atividade jurisdicional estatal está em consonância com a Lei nº 9.307/96 que reza no seu art. 1º:
As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis
Trata-se, portanto, de mecanismo alternativo à atividade do Poder Judiciário.
1.1 CONCEITO DE JURISDIÇÃO
Jurisdição é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar, por meio da pacificação do conflito que os envolve, a justiça. É o poder dever de aplicação do direito objetivo conferido ao magistrado.
O Estado, por meio do processo, busca a atuação da vontade do direito objetivo. A jurisdição pode assumir três papéis:
a) Poder: A jurisdição gera um poder de império, na qual as decisões, quando não acolhidas espontaneamente, são impostas para gerar eficácia;
b) Função: Expressa os encargos que têm os órgãos estatais de promover a pacificação de todos os conflitos, quer interindividuais, quer difusos ou coletivos, mediante a realização do direito justo e pelo processo;
c) Atividade: A jurisdição é, ainda, um conjunto complexo e dinâmico de atos do Juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a função por meio do princípio de legalidade.
É somente por meio do devido processo legal que vislumbramos o poder, a função e a atividade jurisdicional.
1.2 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
Temos os seguintes princípios da jurisdição:
a) Devido processo legal: De acordo com tal princípio, fica assegurado ao indivíduo o direito de ser processado nos termos da lei, garantindo ainda o contraditório, a ampla defesa e o julgamento imparcial;
b) Contraditório: É, além de um princípio fundamental, uma garantia de audiência bilateral, gerando uma indispensável dialética que rege o processo, pois o órgão judicante não pode decidir uma questão ou pretensão sem que seja ouvida a parte contra a qual foi proposta, resguardando, dessa forma, a paridade dos litigantes nos atos processuais. Mesmo no pronunciamento do Juiz, há oportunidade de defesa contra quem a pretensão se dirige; inaudita altera pars (ouça-se a outra parte), inclusive gerando retratação por parte do órgão judicial, trata-se das hipóteses recursais;
c) Juiz Natural: É a garantia segundo a qual todos têm direito de ser julgados por Juiz independente e imparcial. A própria Constituição proíbe aos Tribunais de Exceção, isto é, aqueles instituídos para o julgamento de determinadas pessoas ou de crimes de determinada natureza sem previsão constitucional (art. 5.º, inc. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção);
d) Indelegabilidade: É a garantia segundo a qual nenhum dos Poderes pode delegar atribuições. Por se tratar de questão atinente à estrutura e funcionamento do Estado, o próprio texto Constitucional fixa as atribuições de cada um dos Órgãos do Poder Judiciário, bem como do seu conteúdo, não podendo outra fonte, que não seja a própria Constituição, modificar por meio de delegação as atribuições do Poder Judiciário. Por isso, nem a lei infraconstitucional pode, muito menos os próprios Membros do Poder Judiciário, alterar seus âmbitos de atuação;
e) Indeclinabilidade (inafastabilidade): É o princípio expresso no artigo 5.º, inc. XXXV, da Constituição, que garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, não podendo este deixar de atender a quem venha deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir uma solução a ela.
Nem em caso de lacuna ou obscuridade da lei, pode o Juiz escusar-se de proferir decisão (art. 126 do CPC):
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. 
É o próprio acesso à Justiça; por conseguinte, está afastado do nosso sistema jurídico o nom liquet, ou seja, o Juiz não deixar de decidir;
f) Ampla defesa (art. 5.º, inc. LV, da CF): É o princípio que assegura a todos que estão implicados no processo que, conforme o contraditório, possam produzir provas de maneira ampla, por todos os meios lícitosconhecidos:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
g) Fundamentação das decisões: De acordo com tal princípio, todas as decisões precisam ser fundamentadas sob pena de nulidade. A fundamentação é indispensável:
Para que a parte tenha elementos para recorrer.
Para que a parte possa ter ciência do motivo da decisão;
Para garantir o princípio da legalidade.
A decisão não é discricionária, mas vinculada. É vinculada à norma, devendo o caso concreto se enquadrar à norma legal em abstrato. É a adequação de uma conduta ou fato concreto (norma-fato) à norma jurídica (norma-tipo). É a tipicidade, no direito penal; bem como é o fato gerador, no direito tributário.
h) Princípio da investidura: As pessoas físicas, representando o Estado no exercício da jurisdição, quer por agentes políticos ou por órgãos, precisam de formal investidura para que encarnem o Estado e tenham poder delegado do mesmo para o exercício da judicatura. Significa dizer que o representante deve estar legalmente investido no cargo. Por exemplo: O juiz federal não pode julgar causa relativa ao juiz estadual.
i) Princípio da aderência ao território: A jurisdição, por ser um poder, está sujeita à soberania, isto é, à autoridade suprema do Estado, gerando sua independência de outros, e, por óbvio, tal exercício de poder só pode ocorrer dentro dos limites físicos do território, para não ferir a soberania de outro Estado. Por isso, a decisão de um Juiz brasileiro só poderá produzir efeitos nos Estados estrangeiros, com a expressa autorização dos órgãos competentes desses Estados. Da mesma forma, as decisões estrangeiras produzirão efeitos no território nacional;
j) Inevitabilidade: A autoridade dos Órgãos Jurisdicionais advém do Poder Estatal soberano e impõe-se independentemente da vontade das partes. Pouco importa se as mesmas vão ou não aceitar o resultado do processo, pois estão num sistema de sujeição ao Estado – Juiz.
l) Inércia: É o princípio que garante a imparcialidade do Juiz, pois o mesmo se mantém eqüidistante das partes, evitando-se que o mesmo tenha qualquer iniciativa na relação processual. O Juiz somente geraria mais conflitos ao invés de solucionar os já existentes.
1.3 DIVISÃO DA JURISDIÇÃO
A rigor, a jurisdição não comporta divisões, pois não há pluralidade de soberania. A jurisdição é una e indivisível, assim como o poder soberano é uno e indivisível. Contudo, há divisão de competências, que viabiliza o melhor desempenho do órgão jurisdicional:
a) Jurisdição Penal e Civil: O objeto da atividade jurisdicional é uma pretensão de cunho material. Apesar do objeto material ser muito variado (direito administrativo, comercial, tributário, previdenciário etc.), a tutela pode ser civil ou pode ser penal. A tutela penal é aquela que trata de pretensões punitivas e a tutela civil são todas as demais, por exclusão. São chamadas de causas não penais. Por isso, a Justiça Trabalhista tem, sob esse aspecto, natureza civil. Apesar de alguns Juízes terem competência civil e outros penais, existem alguns casos de duplicidade de exercício, como ocorre em pequenas comarcas.
b) Jurisdição Especial ou Comum: A própria Constituição Federal dispõe sobre as justiças que exercem a jurisdição especial e as justiças que exercem a jurisdição comum. Entre as que exercem jurisdição especial estão: Militar, Eleitoral , do Trabalho, Militares Estaduais. No âmbito da jurisdição comum estão: a Justiça Federal e as Justiças Estaduais.
c) Jurisdição Superior ou Inferior: Os órgãos de primeiro grau são chamados órgãos de primeira instância e os de segundo grau de segunda instância. Instância é grau de jurisdição, enquanto entrância é grau administrativo das Comarcas e das carreiras de Juízes e Promotores Estaduais.
d) Jurisdição de Eqüidade: Determina o art. 127 do CPC que o Juiz decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei. Decidir por eqüidade é decidir sem as limitações impostas pela precisa regulamentação legal. A jurisdição de eqüidade está contraposta à jurisdição de direito e sua admissibilidade é excepcional. Nas arbitragens e no processo penal é regra geral.
1.4 JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
Na jurisdição voluntária há ausência de lide, contudo, não pode ser encarada como função administrativa pela simples falta de lide, visto que, com a manifestação jurisdicional procura-se prevenir futuros litígios, pois a pretensão trazida ao Judiciário fora solucionada pelas próprias partes ou ambas buscam uma mesma pretensão.
Em síntese, as principais características da jurisdição voluntária são:
a) imparcialidade do órgão encarregado de decidir;
b) garantia de observância do Direito objetivo;
c) a proteção dos interesses privados;
d) é sempre um interesse insatisfeito que provoca a atividade jurisdicional;
e) a ausência de lide apenas serve para diferenciar a Jurisdição voluntária da contenciosa;
f) não se nega a existência de Jurisdição;
g) a coisa julgada é tida como efeito genérico da Jurisdição;
h) Jurisdição voluntária e Jurisdição contenciosa são partes de um mesmo ramo, a Jurisdição.
Exemplo de jurisdição voluntária é o da separação judicial consensual, em que os cônjuges, com o mesmo objetivo, vão ao Poder Judiciário para pedir manifestação, desfazendo a sociedade conjugal existente. Não há conflito. Ambos querem desfazer a sociedade conjugal por meio da separação consensual. Não basta a vontade deliberada de ambos, pois é imprescindível a homologação do Juiz.
1.5 ELEMENTOS DA AÇÃO
Elementos da ação – descrevem a identidade da ação. São eles:
a) partes (autor e réu);
b) objeto é o pedido mediato (mérito) e o pedido imediato (sentença);
c) causa de pedir que pode ser próxima (fundamento jurídico do pedido) e remota (fato gerador do direito).
Com os elementos da ação é que se pode identificar: a litispendência, a coisa julgada, a conexão e a continência. 
1.6 CLASSIFICAÇÕES DA AÇÃO
A classificação ocorre de acordo com a natureza da prestação jurisdicional. As ações podem ser classificadas da seguinte forma:
1. Ações de conhecimento – visa o acertamento de um direito. Subdivide-se em: a) meramente declaratória – declaram a existência ou inexistência de um direito; b) constitutiva – tem como objetivo constituir, modificar ou extinguir um direito; c) condenatória – objetiva satisfazer uma obrigação de dar, fazer e não fazer; d) mandamental (por meio de um mandato a sentença torna efetiva.
2. Ação de execução – o credor busca a satisfação de uma obrigação não cumprida voluntariamente pelo devedor.
3. Ação cautelar – busca uma garantia processual para assegurar o processo de conhecimento ou de execução.
1.7 CONDIÇÕES DA AÇÃO
O direito de ação está legitimado pela nossa Constituição Federal e deverá ser solicitado sempre que haja lesão ou ameaça a direito. Somente com a petição inicial é que se instaura o processo e a partir de então a ação fica regida pela ordem jurídica processual. Durante o processo de conhecimento, a sentença de mérito só será realizada caso a ação tenha obedecido a três critérios previstos no nosso CPC, chamados de condições da ação. Caso a ação obedeça a esses critérios ela terá obtido a tutela jurisdicional e, então, haverá o julgamento do mérito da questão. Se a ação não obedecer a tais pressupostos então não haverá julgamento do mérito da procedência ou improcedência do pedido formulado pelo autor.
A primeira oportunidade que o réu tem para alegar a carência de ação é na contestação. Por ser matéria de ordem pública, no entanto, não preclue, podendo ser argüida a qualquer momento. Se o réu, entretanto, alegar carência de ação após a contestação, deverá arcar com as custas e honorários desde a contestação.
Caso o Juiz, afaste a carência sem que ninguém recorra da decisão, ele poderá, em qualquer fase do processo, reconsiderar sua decisão e acolher a carência, tendoem vista ser matéria de ordem pública. Quanto às custas e honorários, nesse caso, o Juiz só arcará com as despesas se houver comprovado dolo de sua parte.
A ação somente existirá se houver o preenchimento das três condições abaixo relacionadas: 
LEGITIMIDADE DE PARTES: Só poderá propor uma ação quem for parte legítima. Esta condição é derivada do art. 6.º do Código de Processo Civil, que dispõe que ninguém poderá ir a juízo para defender direito alheio, salvo quando autorizado por lei. Somente quem alega ser titular de um direito poderá ir a juízo defendê-lo.
Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: O pedido deverá estar em conformidade com o ordenamento jurídico. Um exemplo de impossibilidade jurídica do pedido é a ação de usucapião de bens públicos. Quem ingressar com essa ação terá sua inicial indeferida pela impossibilidade jurídica do pedido. Outro exemplo é a cobrança de dívida de jogo proibido, tendo em vista a causa de pedir ser juridicamente impossível. Portanto, além de ser necessário que o pedido seja juridicamente possível, deverá incluir a possibilidade jurídica da causa de pedir. Se qualquer deles for impossível, a inicial será indeferida.
Quando a lei for omissa sobre um assunto, pode-se praticar o ato que a lei não proíbe, no entanto, deve-se observar a moral e os bons costumes (Exemplo: A prostituição não é proibida em lei, no entanto, embora não haja ofensa direta à lei, há ofensa à moral e aos bons costumes; então qualquer dívida oriunda da prática da prostituição terá o pedido juridicamente impossível).
INTERESSE DE AGIR: Há um binômio que integra o interesse de agir: Necessidade e adequação, ou seja, só haverá o interesse de agir quando houver a necessidade de ingressar com uma ação para conseguir o que se deseja e quando houver adequação da ação (ação própria para o pedido).
EXERCÍCIOS
01. (FCC - TRT 12 ª Região - 2010) As condições da ação
(A) reconhecidas liminarmente podem ser reapreciadas pelo juiz quando da prolação da sentença.
(B) não se aplicam ao Ministério Público, quando for parte, em razão do interesse público da sua atuação.
(C) não podem ser apreciadas pelo juiz ex officio, devendo ser obrigatoriamente arguidas pelas partes.
(D) só se aplicam à propositura da ação pelo autor, não sendo exigíveis quando se tratar de reconvenção.
(E) não podem ser arguidas pelo Ministério Público, quando intervir no processo como custos legis.
02. Consideram-se elementos da ação:
a) parte, objeto e a causa de pedir;
b) legitimidade ad causam, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido;
c) jurisdição de direito e de equidade;
d) cognitio, vocatio e coercio, juditio e executio;
e) nenhuma das alternativas anteriores.
GABARITO:
01: A
02: A
2. DAS PARTES E PROCURADORES
Todo aquele que atua no processo, seja o juiz, o autor, o réu, bem assim a testemunha, o perito, o oficial de justiça, o advogado, o promotor, é pessoa do processo. As pessoas atuantes no processo, denominadas pessoas do processo, constituem o gênero, do qual os sujeitos do processo são a espécie. 
Os sujeitos do processo são aquelas pessoas integrantes da relação processual. São sujeitos do processo; o juiz (sujeito imparcial) e as partes (sujeitos parciais) que, necessariamente, constituem-se de pelo menos duas; autor e réu.
De um modo geral pode-se entender por partes da relação processual, os sujeitos da relação jurídica substancial. É que ordinariamente, as partes representam o sujeito ativo e o sujeito passivo da relação jurídica substancial controvertida. Essa coincidência, todavia, não necessariamente há que existir. 
No sentido formal, a qualidade parte no processo independe da existência ou não do direito material. É indiferente para a qualificação de parte no processo, se o autor realmente é titular do direito e se esse direito realmente existe em relação ao réu, ainda que, em regra, venha a ser esse o caso ou, pelo menos, a alegação. Essas circunstâncias, só vêm a ganhar importância fundamental, quando da verificação da admissibilidade ou apreciação do mérito da ação. 
O conceito de parte é conceito formal, que deve ser extraído do processo. Partes, nesse sentido, são as pessoas que pedem ou em relação às quais se pede a tutela jurisdicional. As partes no processo são, pois, os sujeitos ativo e passivo da relação jurídica processual. As partes do processo, são representadas por aquele que busca e por aquele contra quem, ou em face de quem, se busca, em nome próprio, a tutela jurisdicional.
O figurante no pólo ativo denomina-se autor, o figurante no pólo passivo denomina-se réu. Conquanto sempre correta essa denominação, a nomenclatura pode variar conforme a fase processual ou segundo a natureza deste. Assim, conforme o tipo de processo ou da fase processual ou, ainda, conforme o procedimento, costuma-se dar às partes outras denominações como se expõe exemplificativamente a seguir:
1) Processo de conhecimento: No processo de conhecimento as partes podem receber as seguintes denominações:
a) nas exceções é usual a denominação de excipiente para o que a promove e de exceto para aquele em face de quem é promovida;
b) na reconvenção o autor pode ser denominado de reconvinte e ao réu pode-se denominar de reconvindo. Como a reconvenção exige a iniciativa do réu, em sua resposta ao autor, costuma-se também denominar o promovente de réu-reconvinte e a aquele contra o qual se dirige a reconvenção de autor-reconvindo; 
c) nos recursos em geral dá-se o nome de recorrente a aquele que o intenta e de recorrido a aquele contra o qual se recorre;
d) na apelação costuma-se denominar de apelante aquele que recorre da sentença e de apelado aquele contra quem se apela;
e) no agravo dá-se o nome de agravante a quem se vale do recurso contra decisão interlocutória, e de agravado a aquele em cuja esfera processual o provimento do recurso haja de repercutir;
f) nos embargos de terceiro denominam-se as partes de embargante e embargado;
g) nas intervenções de terceiro a parte que intervém no processo pode ser denominada segundo a figura da intervenção, ou seja, de assistente, denunciado, chamado, ou simplesmente de interveniente.
2) Processo de execução: No processo de execução há também uma denominação habitual diferenciada das partes:
a) na execução forçada as partes recebem a denominação de credor e devedor ou de exeqüente e executado;
b) nos embargos do devedor ou de terceiro as partes recebem a denominação de embargante e embargado;
3) Processo Cautelar: A denominação que se dá as partes no processo cautelar, tanto pode ser a de requerente e requerido, como pode ser outra decorrente da medida pleiteada; exemplificando: no arresto, a denominação de arrestante e arrestado, na justificação, a denominação de justificante e justificado etc...
4) Procedimentos de jurisdição voluntária: Nos procedimentos de jurisdição voluntária, como não há a rigor partes por não haver litígio, a denominação dos sujeitos da relação, excluída a figura do juiz, é a de interessados. 
2.1 DA CAPACIDADE PROCESSUAL
A questão da capacidade processual se liga aos pressupostos de constituição e desenvolvimento válido da relação processual. Portanto, trata-se de pressuposto que precede a indagação da legitimidade da parte, que por sua vez é condição da ação. Ausentes os pressupostos processuais, resta prejudicado o exame das condições da ação, já que o processo mesmo não pode prosperar em razão de sua invalidade. 
A capacidade processual, pressuposto processual, pode ser estudada pelos aspectos que apresenta, daí falar-se em pressupostos processuais pertinentes às partes. São eles: capacidade de ser parte, capacidade de estar em juízo, capacidade postulatória.
A capacidade de ser parte é a capacidade de ser sujeito de uma relação jurídica processual. A capacidade de ser parte diz respeitoà capacidade de direito, corresponde assim à capacidade civil.
O artigo 1°. do Código Civil, dispõe que: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Quer isto significar que todo homem tem personalidade e pode integrar relação jurídica. Personalidade todos os homens tem, desde o nascimento com vida. 
Contudo, a capacidade de ser parte não implica necessariamente na capacidade de estar em juízo. Assim como a capacidade de direito não se confunde com a capacidade de fato ou de exercício, a capacidade de ser parte não se confunde com a de estar em juízo. Esta é a capacidade para o exercício daquela. 
A capacidade de estar em juízo é a capacidade para praticar e suportar eficazmente atos processuais. Portanto, não basta a potencialidade assegurada pelo direito para a prática dos atos, é necessário ademais a capacidade para o exercício do direito. O incapaz, por exemplo, tem a capacidade de ser parte, ou seja, de ser sujeito de direitos e deveres processuais, mas não tem a capacidade de atuar por si no processo. 
Para estar em juízo não basta, pois, a capacidade de ser parte, é necessária a capacidade processual ou capacidade de estar em juízo. É o que expressa o artigo 7°, do Código de Processo Civil, ao preceituar que tem capacidade para estar em juízo, toda pessoa que se acha no exercício de seus direitos. Os absolutamente capazes para os atos jurídicos em geral, possuem capacidade plena para estar em juízo, enquanto os incapazes precisam de representação ou de assistência, conforme se trate de incapacidade absoluta ou relativa.
A capacidade processual é a possibilidade de vir a juízo sem precisar ser representado ou assistido. Há uma correlação entre a capacidade processual e a capacidade de fato do Direito Civil, visto que as pessoas que têm capacidade processual serão maiores e capazes. Então, normalmente, quem possui capacidade processual possui capacidade de fato. Deve-se observar, entretanto, que na Lei nº 9.099/95, os maiores de 18 anos possuem capacidade processual, fugindo à regra do processo civil. Então, poderá haver pessoa que tenha capacidade processual e não tenha capacidade de fato.
Mesmo que tenha capacidade processual para estar em juízo - legitimatio ad processum - alguém somente pode integrar a relação jurídica processual através de quem autorizado a postular em juízo, isto é, por quem titular desse direito, salvo se ela mesma tenha essa titularidade. Por direito de postular em juízo, entende-se o direito de agir e falar em nome das partes no processo.
No direito pátrio a titularidade do direito de postular (ius postulandi) é atribuído ao advogado legalmente habilitado. É o que expressa o artigo 36, do Código de Processo Civil. Mas também o Ministério Público tem capacidade postulatória, por força da investidura em suas funções. 
Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores.
Quanto ao curador, o artigo 9º do Código de Processo Civil dispõe:
Art. 9o O juiz dará curador especial:
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial.
O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as seguintes ações: 
Que versem sobre direitos reais imobiliários; 
Resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; 
Fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; 
Que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges. 
Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. 
A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la. Nesse caso a falta é suprida pelo juiz, sob pena de invalidação do processo.
Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;
O Município, por seu Prefeito ou procurador;
A massa falida, pelo síndico;
A herança jacente ou vacante, por seu curador;
O espólio, pelo inventariante;
As pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores;
As sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;
A pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);
O condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.
Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte. As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.
O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial.
Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:
Ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
Ao réu, reputar-se-á revel;
Ao terceiro, será excluído do processo.
2.2 PRINCÍPIOS PERTINENTES ÀS PARTES
Como sujeitos do processo, as partes em suas atividades processuais estão regidas por princípios norteadores de seus poderes, deveres e responsabilidades. São eles os princípios da dualidade de partes, da igualdade de partes e do contraditório.
Para que se fale em processo, visto como relação jurídica, é necessário pelo menos dois sujeitos parciais, autor e réu, que por isso mesmo têm interesses contrapostos. Além desses sujeitos antagônicos, é claro, existe a figura imparcial do juiz. A exigência dos sujeitos parciais no processo é a substanciação do princípio da dualidade de partes. 
O princípio da dualidade das partes, embasa a estrutura do processo civil, que, por sua vez alcança mesmo o direito material. A polarização entre duas partes, encontra sua justiticativa no fato do processo civil, preponderantemente, servir à finalidade de fazer valer o direito subjetivo e no fato de tratar o direito material, também preponderantemente, do cumprimento de uma obrigação ou da titularidade de um direito sobre um objeto, entre duas pessoas.
O princípio da dualidade orienta para o fato, de que em cada relação jurídica deve existir sempre duas partes contrárias. É que ninguém pode processar, tampouco executar a si mesmo. Nos conformes do princípio é inviável, por exemplo, a demanda de uma filial contra outra filial da mesma pessoa jurídica. 
Sobre a necessidade de as partes serem antagônicas, o Código de Processo Civil, em seu artigo 267, inciso X, preceitua a extinção do processo sem julgamento do mérito, sempre que ocorra confusão entre o autor e réu.
Daí a necessidade, ao focar-se esse componente indispensável do processo, do emprego do termo sempre no plural. Esse processo, no minímo dual, é constituído de uma única relação jurídica processual, de forma que, toda nova relação processual, faz surgir, como conseqüência, um novo processo.
Vale observar, portanto, que não é possível um processo com mais de duas partesantagônicas. A bilateralidade de partes é necessária e suficiente. O número de partícipes numa demanda, ou seja o estado de tensão entre as diversas partes de uma relação jurídica, antes do início de um processo, mostra assim pouca significância para o processo, visto que este, metodologicamente, compreende apenas duas partes.
O princípio da igualdade de partes, é decorrência do próprio princípio constitucional insculpido no artigo 5°, caput do Texto Maior, de que todos são iguais perante a lei. Consiste no tratamento paritário que deve ser dispensado às partes no processo, conforme expresso no artigo 125, inciso I, do Código de Processo Civil. Significa que tanto ao autor como ao réu, competem os mesmos poderes, deveres e responsabilidades.
O último dos citados princípios, diz respeito à dialética imanente do processo. Se o processo exige a dualidade antagônica de partes, a síntese, que representa a solução do conflito, só pode ser obtida através do antagonismo representado pela tese do autor e pela antítese do réu, visto que cada um age no processo com vistas ao próprio interesse. Decorre do princípio constitucional consagrado no artigo 5°, LV, do Texto. Significa que ninguém pode ser processado, ainda menos condenado, sem que se lhe tenha dado oportunidade de defender-se. Assim como é assegurado ao autor o direito de ação, assegura-se ao réu a possibilidade de defender-se. Dada a sua característica constitucional de direito fundamental, o princípio do contraditório deve ser observado não apenas pelo seu aspecto formal, mas principalmente pelo aspecto substancial. Sendo certo que as normas que desatentem ao princípio do contraditório são inconstitucionais.
2.3 DOS PODERES E DEVERES, DA SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E PROCURADORES.
Às partes competem poderes, que podem ser designados de poderes-deveres, no sentido de que não estão obrigadas a exercitá-los, mas que devem necessariamente exercitá-los, a fim de obter o resultado pretendido e de evitar situações desfavoráveis no processo. A exceção à regra consiste na atuação do Ministério Público como parte pública, onde no exercício dessa função, tem poder-dever em caráter de obrigatoriedade e não necessariedade. Basicamente assiste ao autor o poder de agir, provocando a tutela jurisdicional no sentido de um provimento frente a uma situação jurídica afirmada e ao réu assiste o poder de se manifestar, respondendo à iniciativa da parte adversa. Cabendo às partes, ainda, o ônus da prova do alegado (art. 333, CPC).
Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Nos termos do artigo 14, do Código de Processo Civil, compete às partes e aos seus procuradores expor os fatos em juízo conforme a verdade; proceder com lealdade e boa-fé; não formular pretensões nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.
São deveres substanciados nos princípios da lealdade e da boa-fé, que devem ser observados pelas partes e seus procuradores, sob pena de incorrerem nas sanções previstas no artigo 18, do Código de Processo Civil. Significa a consagração dos princípios publicísticos do processo, com ênfase à atividade oficiosa do juiz, relativizando uma preconizada posição que defendia sua atitude passiva e dependente, conforme a idéia da disponibilidade, resultante da atividade dos litigantes.
Desses deveres, resulta que as partes devem sustentar suas razões dentro dos princípios da ética e da moral, mantendo-se fiel aos fatos, ou seja em obediência à verdade. Aqui não se exige a verdade absoluta, mas sim a veracidade dos fatos. É que, não se pode exigir num contraditório, que a parte expenda declarações que lhe são prejudiciais e beneficiariam a parte adversa. A lei não pode exigir, que a parte fale contra si própria. Basta que a parte acredite, naquilo que afirma.
Também no que diz respeito à linguagem utilizada no processo, as partes têm deveres a ser observados. O artigo 15, do Código de Processo Civil, proíbe às partes e aos seus procuradores empregar expressões injuriosas nas peças escritas que integram o processo, cabendo ao juiz mandar riscá-las, de ofício ou a requerimento das partes. Do mesmo modo, pertinentemente as expressões injuriosas proferidas em defesa oral, ao juiz compete advertir o advogado que não as use, sob pena de cassar-lhe a palavra.
A violação do dever de lealdade, ocorre sempre que a parte, maliciosamente ou de má-fé, pratica atos tendentes a procrastinar o feito ou age desonestamente com o objetivo único de ganhar a demanda, como, por exemplo, quando indica endereço errado de testemunhas ou quando ingressa com diversas e seguidas petições desnecessárias, para provocar tumulto processual ou, ainda, quando astuciosamente desvia o processo do objetivo principal desvirtuando o contraditório.
A litigância de má-fé acarreta como conseqüência o dever de indenizar. Com efeito, o artigo 16, do Código de Processo Civil, dispõe que responde por perdas e danos o litigante de má-fé, seja este autor, réu ou interveniente.
A má-fé caracteriza-se pela intenção do agente em prejudicar a outrem. A responsabilidade processual pressupõe um elemento objetivo, o dano, e um elemento subjetivo, a culpa. Assim, certamente quem pleiteia com dolo, ou seja, com intenção de causar prejuízo, responde por perdas e danos ao prejudicado. Mas, em algumas hipóteses, basta a culpa em sentido estrito. O Código de Processo Civil relaciona as hipóteses em que o sujeito processual é considerado litigante de má-fé, dispondo nos seguintes termos:
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidentes manifestamente infundados.
O rol do citado artigo na opinião da doutrina é taxativo, não comportando ampliação. A responsabilidade pelo causador do dano processual, litigante de má-fé, nos termos do artigo 18, § 2, do CPC, é aferida e determinada nos mesmos autos, não sendo necessário o ajuizamento de ação própria. Verificada a litigância de má-fé, o juiz a declarará na sentença, fixando o valor da indenização. Faltando ao juiz elementos para tanto, este mandará que a sentença seja liquidada por arbitramento, conforme o rito expresso no artigo 607 do CPC.
O litigante de má-fé tem o dever de indenizar, independentemente do resultado final da demanda, ou seja mesmo que vencendo, aquele infringiu um dos tipos do art. 17, CPC, está obrigado a indenizar. Sendo vários os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seus respectivos interesses na causa, é o que preceitua o § 1, do artigo 18 do CPC. A doutrina ressalta, que mesmo o litigante beneficiário da justiça gratuita não está isento de indenizar, se infringiu um dos mandamentos do art. 17.
PROCURADORES: O sujeito que pretenda exercer o poder de invocar o órgão jurisdicional ou o sujeito contra quem este é invocado, que pretenda apresentar sua resposta, deverá possuir além da capacidade de ser parte e de estar em juízo, a capacidade postulatória (ius postulandi). Se esse sujeito não a possui, deverá estar representado em juízo por quem a possua. No ordenamento pátrio, em regra, a titularidade para o direito de postular (ius postulandi) é atribuída ao advogado legalmente habilitado. 
Por advogado legalmente habilitado entende-se aquele regularmente inscritono quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, nos termos do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8906/94), que dispõe em seu artigo 3°. serem privativos dos inscritos da OAB, o exercício da advocacia e a denominação de advogados.
Para que o advogado possa exercer a capacidade postulatória, atuando em nome de outrém, junto ao órgão jurisdicional, faz-se necessário que este possa representá-lo. A representação se dá através de instrumento de mandato escrito, público ou particular, que constitui a procuração (art. 38, do CPC). O instrumento público somente é exigido, se o outorgante for analfabeto ou não saiba assinar seu nome. Para a procuração por instrumento particular, a lei não exige maiores formalidades, nem mais o reconhecimento de firma, bastando que a mesma esteja assinada pelo outorgante.
SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES: Com a integração de todos os seus elementos subjetivos o processo se estabiliza. O Código de Processo Civil, em seu artigo 41, dispõe que no curso do processo não é permitida a substituição voluntária das partes, salvo nos casos expressos em lei. O dispositivo veda tanto a alteração das partes, como a dos intervenientes, durante o curso do processo. Proposta a demanda, as partes permanecem as mesmas até o seu final, ainda que haja alteração da titularidade do direito controvertido. É, pois, sob o título Da substituição das partes e dos procuradores, que a lei processual trata da sucessão no processo.
 É de notar que a substituição de parte não se confunde com a substituição processual de que trata o artigo 6°, do CPC: Aquela ocorre, quando outra pessoa assume o lugar do litigante, tornando-se parte na relação jurídica processual. Enquanto na substituição processual, espécie do gênero legitimação extraordinária (art. 6, CPC), o substituto defende em nome próprio direito alheio, na sucessão processual o sucessor defende em nome próprio, direito próprio.
Em conformidade com o disposto no artigo 42, do Código de Processo Civil a alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera legitimidade das partes.
Isto quer dizer que o titular do direito material objeto do litígio, pode transferi-lo no curso do processo, sem contudo deixar de ser parte na relação jurídica processual, passando a agir como substituto processual do adquirente. O adquirente ou cessionário, a despeito da alteração material da situação, não poderá ingressar em juízo para substituir o alienante ou o cedente, exceto se a parte contrária o consentir. Portanto, a substituição, nos termos da lei processual, é possível, desde que a parte adversa o consinta (art. 42, § 1, CPC).
Em todo o caso, o adquirente ou cessionário, poderá intervir no processo para assistir o alienante ou o cessionário, que continua como autor ou como réu. Os efeitos da sentença, por outro lado, atingem os sucessores das partes originárias, isto é, o adquirente ou o cessionário (art. 42, § 3, CPC).
Ocorrendo a morte de qualquer dos litigantes, dar-se-á  substituição por seu espólio ou seus sucessores, após a suspensão do processo para a habilitação dos herdeiros, nos termos do artigo 265, I, conforme o procedimento do artigo 1055, ambos do CPC, salvo se já tiver sido iniciada a audiência de instrução e julgamento, caso em que o processo continuará até a sentença ou acórdão (art. 265, § 1°, CPC).
A substituição do procurador no curso do processo, pode dar-se tanto pela revogação do mandato, como pela renúncia ao mandato, ou, ainda, em razão da morte ou incapacidade do mesmo.
Quando cessar o mandato do advogado através da revogação do mesmo pelo mandante, este se obriga no mesmo ato a constituir outro que assuma o patrocínio da causa, nos termos do que preceitua o artigo 44 do CPC. 
Quando for o advogado quem renunciar ao mandato, deverá notificar o mandante a fim de que lhe nomeie sucessor. Continuará representando o mandante, todavia, durante os dez dias subsequentes à data da comunicação, desde que necessário para lhe evitar prejuízo, conforme se tem do texto do artigo 45, do CPC.
Tratando-se do falecimento ou da incapacidade do advogado no curso da demanda, a regra aplicável é a do artigo 265, § 2°, que determina a suspensão do processo, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, marcando o juiz o prazo de 20 dias para que a parte constitua novo mandatário. Decorrido o prazo, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não houver nomeado novo mandatário, ou mandará prosseguir o feito à revelia do réu, se a inobservância ao prazo se der por este.
EXERCÍCIOS
01. (FCC - TRF 4ª REGIÃO - Técnico Judiciário - 2010) Considere as seguintes assertivas a respeito da capacidade processual:
I. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.
II. Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu é indispensável em qualquer hipóteses em razão da natureza jurídica da ação.
III. A herança jacente ou vacante será representada em juízo, ativa e passivamente, por seu inventariante.
IV. As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.
De acordo com o Código de Processo Civil, está correto o que consta APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I, II e IV.
(C) I e IV.
(D) I e III.
(E) III e IV. C
02. (FCC - TRT 3ª REGIÃO - 2009) A respeito das partes e procuradores é INCORRETO afirmar que
(A) a alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato inter vivos, não altera a legitimidade das partes.
(B) o adquirente ou o cessionário poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
(C) a sentença, proferida contra as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário.
(D) dar-se-á a substituição, ocorrendo a morte de qualquer das partes, pelo seu espólio ou pelos seus sucessores.
(E) o advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto.
03. (FCC – TRT 9ª Região - 2010) Quanto à substituição das partes e procuradores, é correto afirmar:
(A) O cessionário de coisa ou direito litigioso poderá ingressar em juízo substituindo o cedente, sem que o consinta a parte contrária.
(B) O adquirente de coisa ou direito litigioso poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, sem que o consinta a parte contrária.
(C) Na alienação de coisa ou direito litigioso, a sentença proferida entre as partes originárias estende seus efeitos ao adquirente ou cessionário.
(D) A morte de qualquer das partes implicará extinção do processo.
(E) A substituição voluntária das partes, no curso do processo, poderá ocorrer em qualquer situação, ainda que não prevista em lei.
 
04. (FCC - TRF 5ª Região - Técnico Judiciário - 2008) O juiz NÃO dará curador especial ao
(A) incapaz se os seus interesses colidirem com os interesses de seu representante legal.
(B) réu revel citado por hora certa.
(C) autor da ação quando verificar a irregularidade de sua representação processual.
(D) réu revel citado por edital.
(E) incapaz se não tiver representante legal.
GABARITO:
	01
	C
	02
	B
	03
	C
	04
	C
3 DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA.
LITISCONSÓRCIO
Litisconsórcio é a pluralidade de partes. É um dos fenômenos processuais mais comuns, tanto no pólo ativo quanto no pólo passivo. O primeiro motivo que leva à existência do litisconsórcio é a economia processual. Admite-se também o litisconsórcio para evitar as decisões conflitantes.
O litisconsórcio costuma ser classificado quanto à posição processual dos sujeitos, quanto ao aspecto cronológico de sua formação, quanto à natureza da ligação entre os litisconsortes e quanto à sentença a ser nele proferida.
Quanto à posição processual: Conforme se encontrepluralidade de sujeitos no pólo ativo ou no pólo passivo do processo, será o litisconsórcio denominado. Havendo pluralidade de autores o litisconsórcio será ativo. Se há pluralidade de réus, trata-se litisconsórcio passivo. Apresentando ambos os pólos do processo pluralidade de figurantes, tratar-se-á de litisconsórcio misto.
Quanto ao aspecto cronológico de sua formação: A união das relações jurídicas processuais pode constituir-se já com processo, desde o seu início, através de demanda conjunta, ou, posteriormente, através do ingresso de outros demandantes ou da inclusão de outros demandados, ou, ainda, através da reunião de processos pendentes no mesmo juízo, por ordem deste. 
Quanto à natureza de sua formação: A regra no processo civil é a da dualidade das partes, que se apresentam singularmente em posições antagônicas como autor e réu. Sendo assim, a conjunção de mais figurantes num dos pólos do processo não fica ao alvedrio dos interessados na pluralização. A formação do litígio em comunhão de partícipes, só é possível quando preenchidos certos pressupostos autorizadores da união. A formação do litisconsórcio, portanto, pressupõe sempre a autorização ou a exigência da lei. Fora das hipóteses declinadas na lei é inadmissível o litisconsórcio. O Código de Processo Civil trata das hipóteses autorizativas do litígio conjunto no artigo 46, estabelecendo sua exigência no artigo 47. 
Quanto à decisão a ser proferida: Os dois regimes legais, que explicitam a natureza do litisconsórcio separam as hipóteses entre o litisconsórcio unitário e o litisconsórcio simples ou comum.
Litisconsórcio simples ou comum: O chamado litisconsórcio simples ou comum, caracteriza-se como uma pluralidade de processos, que por motivos finalísticos, são unidos com vistas à uma instrução comum e, não necessariamente, uma única sentença. Há de aí a possibilidade de decisões divergentes em relação à cada uma das relações jurídicas processuais litisconsorciadas.
Litisconsórcio unitário: Diversamente do litisconsórcio simples, no litisconsórcio unitário é a intensidade do vínculo de ligação entre as relações jurídicas processuais o que o caracteriza. É que, em razão da unitariedade da relação jurídica no plano material, no litisconsórcio unitário só será possível uma decisão uniforme para todos os litisconsortes. Enquanto no litisconsórcio simples há união de processos, que guardam sua independência jurídica, no necessário a decisão sobre o objetos litigioso da união de processos há de ser uniforme. É o caso da ação de anulação de casamento proposta pelo Ministério Público, em que necessariamente se forma o litisconsórcio em face de ambos os cônjuges e onde a decisão, diante da impossibilidade da cisão da relação jurídica, há de ser uniforme para ambos, não podendo ser declarado nulo o casamento para um e válido para o outro.
Em regra o litisconsórcio unitário é necessário. Mas só em princípio, posto que o que se verifica é que nem sempre é necessário. Ilustrativos são os casos de condôminos que reivindicam a coisa comum e de credores solidários com relação à dívida comum. Ajam eles em conjunto ou separadamente, a decisão será sempre uniforme para todos os interessados, a despeito, pois, de não ser necessário o litisconsórcio.
Mas há também casos em que o litisconsórcio é necessário sem que seja unitário, como são as hipóteses do concurso de credores do devedor insolvente e das ações divisórias e demarcatórias, onde as partes são obrigatórias, mas a decisão das pretensões de uns e de outros pode ser diferente.
No litisconsórcio simples, faltando pressuposto processual com relação a um litisconsorte ativo ou com relação a um litisconsorte passivo, somente em relação a estes é declarada a inadmissibilidade, prosseguindo o processo com relação aos demais litisconsortes. No litisconsórcio unitário, ao contrário, a ausência de pressuposto processual unitário torna inadmissível a apreciação do mérito da causa em relação a todos os litisconsortes. Dado que no litisconsórcio necessário unitário há a unitariedade do objeto do processo, decorrente da relação jurídica no plano material, a pressupor a legitimação conjunta dos litisconsortes, a ausência de pressuposto processual com relação a um dos litisconsortes, se estende aos demais. Vamos conferir o que diz o Código de processo civil:
CAPÍTULO V
DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA
Seção I
Do Litisconsórcio
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.
 
Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.
Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.
Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos.
ASSISTÊNCIA
Denomina-se assistência o instituto que disciplina a participação de terceiro num processo alheio a fim de auxiliar uma das partes, quando caracterizado o interesse jurídico na vitória da parte assistida.
A assistência, apesar de configurar instituto típico de intervenção de terceiros, não foi tratada pelo legislador no Capitulo próprio. Essa alocação denota a influência da doutrina carneluttiana, que conceitua o assistente como sujeito da ação e, pois, como parte adesiva ou acessória, embora não seja sujeito da lide. Essa influência doutrinária mostra-se visível no texto do artigo 52, do Código de Processo Civil, que expressa a atuação do assistente como auxiliar da parte principal, ou seja como parte acessória.
A doutrina distingue duas formas de assistência a que denominam de assistência litisconsorcial (arts. 54 e 55, CPC) e de assistência simples (arts. 50, 51 a 53 e 55, CPC). 
Na assistência simples, o objetivo é auxiliar uma das partes do processo a obter uma sentença que lhe seja favorável, dado um interesse próprio do assistente na vitória do assistido. Na assistência litisconsorcial, por seu turno, existe um direito próprio do assistente, que não está diretamente envolvido no processo, mas cuja sentença irá inevitavelmente atingi-lo. Tem-se já de aí, que são requisitos específicos da assistência: existência de uma relação jurídica entre uma das partes e o assistente ou entre o assistente e a parte adversa do assistido, e a possibilidade de vir a sentença nelas influir. Vamos conferir o Código de processo civil:
Seção II
Da Assistência
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.
Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido.Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:
I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;
II - autorizará a produção de provas;
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios.
Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.
Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51.
Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
EXERCÍCIO
01. (FCC – TJ AMAPÁ– 2010) Assinale a alternativa falsa:
(A) Há litisconsórcio facultativo ativo quando duas ou mais pessoas ajuízam ação escoradas em direitos ou obrigações derivados do mesmo fundamento de fato ou de direito.
(B) Há litisconsórcio passivo necessário quando a defesa de dois ou mais réus em um mesmo processo fundar-se em comunhão de obrigações relativamente à lide.
(C) Segundo o CPC, salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos e, por isso, os atos e omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.
(D) Segundo o CPC, cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos.
GABARITO:
	01
	B
4. DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: OPOSIÇÃO, NOMEAÇÃO À AUTORIA, DENUNCIAÇÃO À LIDE E CHAMAMENTO AO PROCESSO.
São cinco as hipóteses de intervenção de terceiro: Assistência, denunciação da lide, oposição, chamamento ao processo e nomeação à autoria.
Assistência: Foi inserida fora do capítulo destinado à intervenção de terceiros. A conclusão da doutrina é unânime de que foi um equívoco do legislador deixá-la fora do capítulo destinado à intervenção de terceiros. Contudo, já estudamos assistência no capítulo anterior.
4.1 OPOSIÇÃO
A oposição é uma forma de intervenção espontânea de terceiros, ou seja, o terceiro vem ao processo por iniciativa própria. Na oposição, o terceiro surge alegando que o objeto litigioso não pertence nem ao réu nem ao autor, mas sim a ele próprio. O que o terceiro opoente deseja é o objeto litigioso, que será disputado não somente pelo autor e pelo réu, mas também pelo opoente.
A oposição é sempre prejudicial à ação principal, visto que o resultado da oposição afeta no resultado da ação principal. Se o Juiz acolhe a oposição, ele não poderá acolher a ação principal, sob pena de haver uma sentença conflitante.
A oposição é uma forma de intervenção de terceiros que possui natureza jurídica de ação, o que significa que, havendo oposição, haverá duas ações. Na ação principal, figura no pólo ativo o autor e no pólo passivo o réu. Na oposição, o opoente figura no pólo ativo e o autor e o réu da ação principal figuram no pólo passivo, formando um litisconsórcio necessário.
Cabe a oposição se o processo principal estiver entre a fase de citação e a fase de sentença, o que significa dizer que não cabe mais oposição se o processo principal estiver em fase de recurso. Segue as disposições do Código de processo civil:
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.
Art. 57. O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos para a propositura da ação (arts. 282 e 283). Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos citados, na pessoa dos seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Se o processo principal correr à revelia do réu, este será citado na forma estabelecida no Título V, Capítulo IV, Seção III, deste Livro.
Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.
Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.
Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.
Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar.
4.2 NOMEAÇÃO À AUTORIA
É uma intervenção de terceiro provocada pelo réu. A nomeação à autoria só cabe numa hipótese específica, por este motivo raramente ocorre. O instrumento da nomeação à autoria só se justifica devido à dificuldade de se destinguir posse e detenção. Portanto, a nomeação à autoria está restrita ao problema de posse e de detenção. A nomeação à autoria existe quando se move uma ação equivocadamente contra quem é mero detentor.
Exemplo: Antônio é proprietário de um terreno. Beto invade este terreno e coloca um empregado seu (Carlos) para tomar conta do terreno. Antônio descobre a invasão e interpõe a ação contra Carlos (que está com a detenção do terreno). Carlos é parte ilegítima na ação (visto ser mero detentor), então deverá fazer a nomeação à autoria em face de Beto, que é o legítimo possuidor.
A nomeação à autoria serve para que se resolva o problema da ilegitimidade da ação, devido à confusão que o autor possa vir a fazer em relação à posse e à detenção. O CPC dispõe que a nomeação à autoria é obrigatória, ou seja, o réu está obrigado a fazer a nomeação à autoria sob pena de responder por perdas e danos.
A nomeação à autoria é a única espécie de intervenção de terceiro que precisa ser aceita, ou seja, existe a possibilidade de que a nomeação à autoria seja rejeitada pela parte. Tendo em vista que, se a nomeação à autoria for acolhida, o réu originário será substituído pelo réu nomeado. A nomeação à autoria deve ser aceita pelo autor e pelo nomeado.
O prazo que o mero detentor tem para fazer a nomeação à autoria é o mesmo da contestação (15 dias no procedimento ordinário). Não cabe nomeação à autoria no procedimento sumário.
O detentor pode fazer a nomeação à autoria no prazo da contestação, mas não há necessidade de contestar neste prazo, visto que, se a nomeação à autoria for aceita, ele sairá do pólo passivo; e se a nomeação à autoria for rejeitada, ele terá seu prazo devolvido.
Apresentada a nomeação à autoria, o Juiz deve intimar o autor que deverá se manifestar acerca da aceitação ou não (prazo de 5 dias). Se o autor recusar a nomeação à autoria e for comprovado que o réu originário é parte ilegítima, o processo será extinto sem julgamento do mérito. O silêncio do autor na nomeação à autoria significa a aceitação da nomeação por parte do autor.
Se o autor aceitar a nomeação, o Juiz determinará que o nomeado seja citado. Citado, o nomeado tem a possibilidade de aceitar ou recusar a nomeaçãoà autoria no prazo para contestação (15 dias). Se ele aceitar, deverá apresentar conjuntamente a contestação. Se, nesses 15 dias, ele silenciar, presume-se a aceitação da nomeação à autoria e será considerado revel.
Se o nomeado recusa a nomeação, a ação continurá correndo contra o réu originário (a nomeação fica sem efeito), havendo o risco de o processo ser julgado extinto sem julgamento do mérito. Entretanto, se o nomeado recusar indevidamente a nomeação à autoria, ele deverá arcar com perdas e danos.
Se a nomeação à autoria for recusada, seja pelo autor, seja pelo nomeado, a ação continuará a correr contra o réu originário e a ele será devolvido, na íntegra, o prazo para contestação. Vamos complementar nos termos do Código de processo civil:
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.
Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 65. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a nomeação.
Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.
Art. 67. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que Ihe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.
Art. 68. Presume-se aceita a nomeação se:
I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, Ihe competia manifestar-se;
II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:
I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir;
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.
4.3 DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Tem natureza jurídica de verdadeira ação do denunciante contra o denunciado. São duas ações em um só processo. Existe, também, a denunciação da lide feita pelo autor. Todas as hipóteses de denunciação da lide estão associadas ao direito de regresso. As hipóteses de cabimento estão descritas no art. 70 do CPC e este rol é taxativo.
O momento adequado para que o réu faça a denunciação da lide é no prazo da contestação (no prazo da contestação significa junto com a contestação). A denunciação da lide deve ser apresentada simultaneamente com a contestação, sob pena de preclusão, podendo ser apresentada na própria contestação ou em peça autônoma, devendo ser fundamentada. Se o Juiz entende que não é caso de denunciação da lide, ele indefere de plano; o recurso cabível, neste caso, é o agravo de instrumento. Se o Juiz deferir a denunciação da lide, determinará que o denunciado seja citado para oferecer contestação. Além de o denunciado contestar a denunciação da lide, nada obsta que também conteste a petição inicial, tendo em vista ter interesse em que a ação seja julgada improcedente. Quando o denunciado é citado e vem ao processo, o denunciante e o denunciado serão considerados pela parte contrária como litisconsortes. Entretanto o Código foi impreciso, visto que com a relação que se forma no caso de denunciação da lide, o denunciado seria assistente simples. O STJ proferiu um entendimento de que deve-se interpretar gramaticalmente a letra da lei, então o denunciado será considerado um litisconsorte, tendo direito ao prazo em dobro para contestar.
Quando a denunciação da lide é feita pelo autor, deve ser feita na própria petição inicial, o que implicará no seguinte: haverá uma única petição inicial, na qual serão veiculadas duas ações (ação principal e denunciação da lide). Se a petição inicial estiver em termos, o Juiz deverá mandar citar tanto o réu quanto o denunciado. Deferida a denunciação da lide, o denunciante e o denunciado serão considerados como litisconsortes perante o réu. Então o denunciado será co-autor, possuindo poderes para aditar a petição inicial. Por este motivo, ele deverá ser citado para manifestar-se nos autos antes da citação do réu. A seguir, disposições do Código de Processo Civil:
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
Art. 71. A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o denunciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o denunciante for o réu.
Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.
§ 1o - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far-se-á:
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias;
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.
§ 2o Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente em relação ao denunciante.
Art. 73. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo antecedente.
Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro, como litisconsortes, o denunciante e o denunciado;
II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que Ihe foi atribuída, cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até final;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa.
Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título executivo.
4.4 CHAMAMENTO AO PROCESSO
O chamamento ao processo, como a denunciação da lide, está relacionado ao direito de regresso. Entretanto, o chamamento ao processo é mais específico, cabendo apenas quando houver direito de regresso proveniente de fianças ou solidariedade.
Sempre que houver solidariedade, aquele que pagou a dívida integralmente somente poderá cobrar dos demais as respectivas quotas. Código de processo civil:
Art. 77. É admissível o chamamento ao processo: 
I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; 
II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; 
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. 
Art. 78. Para que o juiz declare, na mesma sentença, as responsabilidades dos obrigados, a que se refere o artigo antecedente, o réu requererá, no prazo para contestar, a citação do chamado.
Art. 79. O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts. 72 e 74.
Art. 80. A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título executivo, em favor do quesatisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na proporção que Ihes tocar.
EXERCÍCIOS
01. (FCC – TRT 9ª Região - 2010) Quando o credor exigir de um ou de alguns dos devedores solidários, parcial ou totalmente, a dívida comum, é
(A) admissível a nomeação à autoria dos demais devedores solidários.
(B) obrigatória a nomeação à autoria dos demais devedores solidários.
(C) admissível a denunciação da lide a qualquer dos devedores solidários.
(D) admissível o chamamento ao processo de todos os devedores solidários.
(E) obrigatória a denunciação da lide aos demais devedores solidários.
02. (FCC – TRE Piauí - 2009) Sobre a intervenção de terceiros, de acordo com o Código de Processo Civil, é certo que
(A) cabendo ao juiz decidir simultaneamente a oposição e a ação, desta conhecerá em primeiro lugar.
(B) a oposição poderá ser oferecida contra o autor e o réu até o trânsito em julgado da lide.
(C) a citação do denunciado no caso de denunciação da lide será requerida no prazo para contestação pelo réu, não sendo cabível a denunciação da lide pelo autor.
(D) o réu deverá requerer a nomeação à autoria no prazo para defesa e, no caso de deferimento do pedido, o juiz suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de cinco dias.
(E) na hipótese de nomeação à autoria, quando o nomeado negar a qualidade que lhe é atribuída o processo continuará contra o nomeante em litisconsórcio passivo com o nomeado.
GABARITO:
	01
	D
	02
	D
5. DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
O art. 127 da Constituição Federal apresenta as funções institucionais do Ministério Público (MP), ressaltando que lhe incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses individuais e indisponíveis.
Portanto, o MP não está subordinado ao Poder Judiciário, nem tem qualquer dependência com o mesmo. É uma instituição autônoma e não integra o Poder Judiciário, embora desenvolva suas funções essenciais, basicamente no processo e perante órgãos da jurisdição.
O MP resguarda os valores fundamentais do Estado, quer seja na persecução penal, visando a repressão delitiva, quer na esfera civil, na defesa de valores fundamentais, como meio ambiente, valores históricos e paisagísticos, ou ainda na defesa de consumidores, trabalhadores acidentados, registros públicos, fundações ou o próprio direito de família.
O § 1.º do art. 127 da CF estabelece os seguintes princípios:
princípio da unidade;
princípio da indivisibilidade;
princípio da independência funcional.
Princípio da unidade: Todos os membros do MP fazem parte de uma só corporação, cabendo substituição, pois pouco importa o membro que venha oficiar num determinado processo.
Princípio da indivisibilidade: O princípio da indivisibilidade decorre do próprio princípio da unidade. Quando um promotor atua em um processo, é o próprio Ministério Público que se faz presente no feito, de sorte que caso o promotor tenha que ser substituído, em nada vai prejudicar a atuação da instituição no processo.
Princípio da independência funcional: Cada membro prima pela sua própria consciência jurídica, sem qualquer ingerência do Poder Executivo, nem ingerência dos seus próprios órgãos superiores.
O art. 81 do CPC apresenta as hipóteses em que o MP atua como parte no processo, estabelecendo que o mesmo assim agirá nas hipóteses em que houver expressa determinação legal. Dessa forma, o MP só é parte de acordo com o princípio da legalidade, sendo que em casos não previstos em lei o MP não pode atuar como parte.
O MP terá papel fiscalizatório, de acordo com o art. 82 do CPC, nas seguintes hipóteses:
Nas causas em que há interesses de incapazes;
Em todas as causas que digam respeito ao estado da pessoa;
Nas causas em que existem litígios coletivos, pela posse de terra rural, e em todas as causas de interesse público.
O Ministério Público possui uma gama de funções, em diferentes campos do direito. No processo civil são diversas e múltiplas as funções exercidas, agindo ora como parte (art. 81 CPC), ora como fiscal da lei (art. 82 CPC). Ao estabelecer a atuação do Ministério Público como parte, o Código de Processo Civil quer referir-se àquelas causas em que esteja legitimado para agir ou contestar. Como autor ou como réu ele só tem legitimidade para atuar, quando autorizado por lei. 
O Código de Processo Civil, em seu artigo 81, prescreve que o Ministério Público desfruta dos mesmos poderes e submete-se aos mesmos ônus que as partes. Na realidade, tal não ocorre, por força mesmo de suas funções. Assim é, que o Ministério Público não se obriga a adiantar as despesas processuais, tampouco se submete ao princípio da sucumbência, isto é não está sujeito à condenação nas custas e honorários de advogado, mesmo quando vencido na demanda. Ademais, dado o assoberbamento de tarefas decorrentes das suas atividades, desfrutam de prazos diferenciados: em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar (art. 188 CPC).
Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. 
Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;
II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade.
Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo.
Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude.
6. DA COMPETÊNCIA
Os juízes são dotados de jurisdição. Jurisdição é o poder que detém o Estado para aplicar o direito ao caso concreto, com o objetivo de solucionar os conflitos de interesses e, com isso, resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei. Ocorre que a jurisdição tem uma medida que é chamada de competência. A competência é o critério de distribuição entre os vários órgãos do Poder Judiciário das atividades relativos ao desempenho da jurisdição.
Portanto, competência judicial é uma parcela da jurisdição, indicadora da área geográfica em que o juiz irá atuar, da matéria e das pessoas que examinará.
É a competência que dá ao juiz o poder de julgar. Atribuída em lei (ou seja, a lei fixa quais as causas que determinado juiz, em determinada vara, poderá julgar), a competência determina os limites dentro dos quais pode legalmente julgar. Quando o juiz não tem tal poder, é considerado incompetente, e os atos assim praticados podem ser declarados nulos.
Quando um juiz assume a titularidade de uma vara criminal, por exemplo, não poderá julgar uma ação de divórcio, que é de competência das varas de família.
O Código de Processo Civil (CPC) define foro como sendo o mesmo que comarca. Portanto, para fins de estudo de processo civil, onde se diz foro se quer dizer comarca (cada comarca é um foro). Entretanto, a Lei de Organização Judiciária, que é uma lei de âmbito estadual, dividiu as comarcas de grande porte em várias unidades administrativas e a cada uma delas deu o nome de foro. Não se deve confundir, portanto, o foro definido no CPC e o foro definido na Lei de Organização Judiciária.
As diversas varas que se situam dentro de um foro o CPC denominou de “juízos”. Portanto, aquilo que a Lei de Organização Judiciária

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