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Gestão de preços e custos Autoria Lucas Mendes Pereira GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou par- cialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotos- tática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: luCas Mendes Pereira suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: antonio Carlos vieira / Ana Lúcia do Nascimento Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / MiGuel José de andrade Carvalho diagramação e tratamento de imagens: MiGuel José de andrade Carvalho revisão textual: antonio Carlos vieira Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu PEREIRA, Lucas Mendes. Gestão de preços e custos. / Lucas Mendes Pereira. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 120 p. ISBN: 1. Gestão de preços e custos. 2. Métodos de custeio. 3. Formação de preços. 4. Estrutu- ra de mercado. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SEJA BEM-VINDO! Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da disciplina Gestão de Preços e Custos. Ao ler e estudar por este material, você terá condições de responder as atividades preparadas para o seu curso. Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da disciplina. Iniciaremos com conceitos básicos sobre gastos, desembolsos, investimentos, desperdícios, perdas, despesas e custos, buscando promover o entendimento do processo de formação de preços a partir da análise da estrutura de custos de cada produto e serviço. Em seguida, demonstraremos os principais métodos de rateio através da apropriação dos custos diretos e indiretos, fazendo comparações entre um método e outro, para depois entendermos como realizar um diagnóstico de mercado (demanda e concorrentes) e os mecanismos de avaliação da produtividade, que podem ser usados por uma empresa, projetando lucro ou prejuízo, a partir de indicadores fundamentais como: a margem de contribuição unitária e os pontos de equilíbrio. Posteriormente, avaliaremos a formação de preços a partir da técnica de mark-up e o valor percebido pelo cliente. E, por fim, conheceremos os principais impostos que incidem no comércio das mercadorias, como o ICMS e o IPI, as características do preço de transferência, a estrutura de mercado, as estratégias de penetração de preço e desnatamento de mercado no lançamento de produtos e serviços, a importância do uso da planilha P&L; os elementos que determinam a lei geral da demanda; a mensuração de desempenho nas operações de uma empresa e as decisões de investimento de capital. Não é nosso objetivo esgotar todo o assunto neste material didático, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além deste livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. Bons estudos! SUMÁRIO CONECTE-SE ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem e significam: SUMÁRIO 1. Introdução à gestão de preços e custos.................. 8 2. Gastos e desembolsos ............................................ 9 3. Custos de fabricação e despesas ......................... 10 4. Perdas, desperdícios e investimentos ................... 11 5. Classificação dos custos ....................................... 13 6. Sistemas de acumulação de custos ...................... 16 7. Custos na indústria e no comércio ........................ 20 8. Custos nas empresas de serviços......................... 21 Referências ............................................................... 26 01 1. Método do custeio variável ou direto ..................... 28 2. Método de custeio por absorção ........................... 30 3. Método de custeio por absorção total ou pleno .... 33 4. Método de custeio activity based costing (abc) ..... 36 5. Método de custeio padrão ..................................... 44 Referências ............................................................... 52 02 MÉTODOS DE CUSTEIO GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 1. Preço de transferência .......................................... 84 2. Estrutura de mercado ............................................ 92 3. Preço de penetração de mercado e desnatamento ......................................................... 97 4. Planilha P&L ........................................................ 101 5. Lei geral da demanda .......................................... 103 6. Mensuração de desempenho .............................. 108 7. Decisões de investimento de capital ................... 111 Referências ............................................................. 119 04 APERFEIÇOAMENTO NO APREÇAMENTO 1. Análise do custo-volume-lucro .......................... 54 2. Considerações sobre ICMS e IPI ...................... 76 Referências ............................................................ 81 03 FORMAÇÃO DE PREÇOS Apresentação Nesta unidade, estudaremos conceitos técnicos ligados ao apreçamento de produtos, iniciando com o assunto preço de transferência, destacando a sua aplicação e os métodos de apuração na importação e exportação de mercadorias. Em seguida, falaremos sobre a organização e determinantes da estrutura de mercado, suas principais características, relacionamento entre vendedores e compradores, bem como as classificações dos produtos. Para então, discutirmos sobre as principais características das estratégias de penetração de preço e desnatamento de mercado no lançamento de produtos ou serviços, suas vantagens e desvantagens. Mais adiante, estudaremos e entenderemos a importância planilha P & L como ferramenta para o desenvolvimento do plano de negócios de uma empresa, demonstrando sua aplicação e os seus principais indicadores; os elementos que determinam a lei geral da demanda, analisando a relação entre procura e oferta de um bem, os fatores do mercado que levam os consumidores a tomar decisão na hora da compra; a mensuração de desempenho nas operações de uma empresa, conhecendo as principais ferramentas, os indicadores de desempenho e as diversas formas para medir e avaliar os processos de uma empresa. E, por fim, compreenderemos como funciona as decisões de investimento de capital, abrangendo e discutindo tópicos como: orçamento de capital, fluxo de caixa, investimentos permanentes e os diversos métodos de avaliação de investimento. Unidade 04 aperfeIçoamento no apreçamento 84 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir preço de transferência e funcionamento do controle fiscal na importa- ção e exportação de mercadorias; • Entender o funcionamento da estrutura de mercado, características, classifi- cação de produtos e a relação vendedores-compradores; • Conceituar e diferenciar estratégia de penetração de preço e desnatamento de mercado; • Entender o uso da ferramenta P & L para planejamento e controle contábil; • Compreender a lei geral da demanda e a relação entre quantidade procurada e o preço dos produtos; • Saber mensurar o desempenho das operações da empresa e entender estra- tégias de investimento e viabilidade de projetos ou negócios. 1. preço de transferêncIa Com origem na Inglaterra, na década de 80, o preço de transferência, também conhecido como controle fiscal, é utilizado para identificação e acompanhamento de ajustes fiscais nasoperações comerciais e financeiras realizadas entre empresas que possuem vínculos e são situadas em diferentes jurisdições tributárias, ou quando uma das partes está localizada em paraíso fiscal. Preço de transferência é o valor de compra ou de venda de bens, serviços ou direitos, comercializados entre unidades orga- nizacionais de uma mesma empresa que sejam localizadas em países distintos. Esses valores podem acarretar acréscimo para mais ou para menos nos valores de mercado. (GIACOMELLI; AGUIAR, 2017, p. 102) O acompanhamento do preço de transferência tornou-se significativo devido à necessidade de os países manterem as suas bases de tributações em transações comerciais. Logo, caracteriza-se por ser um processo muito dinâmico e com constantes alterações, devido às regras tributárias de cada país. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 85| Quadro 01: Principais características do preço de transferência. É aplicado nas operações de importações, exportações e juros sobre empréstimos. Busca fazer uma avaliação se as operações foram executadas com parâmetros de operações independentes. As operações executadas com pessoas vinculadas ou pessoas indepen- dentes localizadas em paraísos fiscais obtêm lucro de forma arbitrária. Procura identificar e tributar os lucros transferidos para o exterior na forma de preço das operações internacionais. Fonte: MATOS, 2015 (adaptado). FIQUE ATENTO Além das características no quadro anterior, vale salientar que tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado estão sujeitas às normas de controles de preços de transferência. 1.1. Preço de transferência no Brasil Conforme Giacomelli e Aguiar (2017), a legislação brasileira determina lançamentos contábeis específicos, quando a questão é preço de transferência. E que a existência dessas regras foi desenvolvida para impedir que as empresas brasileiras com filiais em outros países possam usar a estratégia de evasão de divisas, uma vez que não há ordenamento jurídico apropriado, permitindo, assim, uma subavaliação dos preços para que não existisse a quitação correta dos tributos na transferência de bens ao exterior. 86 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| Segundo o auditor e consultor tributário Fernando Matos (2015), a legislação brasileira de controle de preços de transferência usa de forma arbitrária os lucros para realizar negociações com pessoas vinculadas ou pessoas independentes situadas em paraísos fiscais. E esse arbitramento é feito tanto no Brasil quanto no exterior. O autor ainda relatou que muitos países aplicam a legislação internacional relacionada ao preço de transferência num formato muito semelhante, e que, naturalmente, o Brasil aplica num formato um pouco mais particularizado e exclusivo. o Brasil não segue rigorosamente os padrões da organização de cooperação e desenvolvimento econômico que é a OCDA. Essa legislação busca então identificar e tributar os lucros transferidos para o exterior na forma de preços de informações internacio- nais. (MATOS, 2015) Como exemplo, Matos (2015) ainda cita o caso em que duas empresas, uma no Brasil e outra no exterior, têm o controle sobre outra e há um excesso de preço na importação, e que a transferência do lucro no preço ao invés de ser tributado no Brasil é reduzida para base de tributação e fins de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido. 1.2. Conceito de pessoas vinculadas De acordo com Matos (2015), As operações entre pessoas vinculadas têm que obedecer aos parâmetros, sempre que possível, concretos de transações in- ternacionais, para que não haja facilidade na locação dos re- sultados em diferentes países, privilegiando países com tributa- ções mais favorecidas ou países onde a administração em si se interessa por consolidar os seus resultados. Características do conceito de pessoas vinculadas: • Pessoas localizadas no exterior que sejam controladas, coligadas, controladoras, direta ou indiretamente, sócios, acionistas, quotistas, matriz filial, sucursal, parentes ou afins até o terceiro grau; • Pessoas localizadas no exterior que tenham controle societário ou administrativo comum; • Pessoas localizadas no exterior que sejam associadas na forma de consórcio ou condomínio; GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 87| • Pessoa localizada no exterior que goze de exclusividade ou seja exclusivo como agente, distribuído ou concessionário. Fonte: BRASIL, 1996. 1.3. Impacto no lucro tributável O impacto no lucro tributável ocorre quando: • Importações e empréstimos a pagar: somente para pessoas jurídicas, inclusive as tributadas pelo lucro presumido e arbitrado e pessoas físicas; • Exportações e empréstimos a receber: todas as pessoas jurí- dicas, inclusive as tributadas pelo lucro presumido e arbitrado e pessoas físicas. Conforme o auditor e consultor tributário Fernando Matos (2015), todos os ajustes de preços de transferência devem ser apurados e tributados no final do ano calendário, no último dia do mês de dezembro, ou na finalização da atividade da organização se acontecer antes do encerramento do ano calendário, independente se a empresa apura o lucro tributável trimestral ou anual. E para identificar um ajuste no lucro tributável, o resultado é consequência da subtração entre preço praticado e o preço parâmetro. Logo, nesse ajuste será feito um comparativo dos preços de cada bem importado ou exportado, de acordo com o controle contábil. 1.4. Preço praticado x Preço parâmetro O preço praticado é o preço acordado para pagamento nas operações de importação ou recebimento nas operações de exportação de bens e serviços. Ou seja, é o preço médio praticado nas importações ou exportações que causam impacto no lucro tributável do ano calendário, envolvendo a pessoa vinculada ou com origem. Já o preço parâmetro é o valor calculado por produto com relação às regras estipuladas na legislação de preços de transferência. O preço parâmetro tem a função de avaliar o excesso de custo pago na importação ou a menor receita de venda adquirida na exportação, incluindo a pessoa vinculada ou o paraíso fiscal. O preço parâmetro nas importações determina o teto para dedução do valor e nas exportações determina o chão da receita 88 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| para tributação. É classificado como lucro, logo base tributável para fins de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, transformando- se no ajuste ou exposição fiscal. Ajuste nas importações: • Acontece no momento em que o preço praticado extrapola o preço parâmetro. Logo, essa diferença de preço excedido necessita ser multiplicado pelo volume impactado no lucro tributável. Ajuste nas exportações: • Acontece no momento em que o preço parâmetro extrapola o preço praticado. Logo, deve-se ajustar no lucro tributável a diferença multiplicada pelo volume comercializado. 1.5. Métodos de apuração dos preços de transferência na importação de mercadorias • Preço independente comparado (PIC) O método PIC é definido como a média aritmética ponderada dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em opera- ções de compra e venda, empreendidas pela própria interessa- da ou por terceiros, em condições de pagamento semelhantes. (RECEITA FEDERAL, 2019) Desta forma, esse método permite à Receita Federal fazer um comparativo entre o preço praticado em operações de empresas vinculadas e o preço praticado em operações com empresas não vinculadas. Caso haja valores distintos, é necessário realizar ajustes precisos para eliminar o impacto causado e equiparar os preços das transações. Quadro 02: Três possibilidades de comparação da Receita Federal. Uma empresa brasileira que faz importação de bens do exterior de alguma outra empresa que ela possui vínculo, e faz um com- parativo para analisar se o valor pago na importação desses bens é semelhante ao valor que essa mesma empresabrasileira paga quando faz importação de bens semelhantes de empresas vínculo. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 89| Empresas brasileiras que exportam para empresas vinculadas, por exemplo, minério de ferro, e é cobrado um valor de cem dóla- res a tonelada e faz-se um comparativo analisando se nas outras exportações que essa mesma empresa brasileira faz para outros consumidores com os quais ela não possui vínculo, cobra-se o mes- mo preço. Acontecendo isso, a operação é considerada adequada. As transações iguais entre empresas completamente diferentes. Como exemplo, o autor cita uma empresa brasileira que importa bens do exterior, em que ao invés de fazer um comparativo com seus forne- cedores do exterior, faz com os produtos, analisando e comparando os preços de importação do mesmo produto realizados por outras empresas do mercado. Ou ainda, analisa o preço praticado pelas de- mais empresas do mercado que estão exportando o mesmo produto. Fonte: SEVILHA JÚNIOR, 2019. • Preço de revenda menos lucro (PRL) Segundo Giacomelli e Aguiar (2017), esse é um dos métodos mais utilizados na prática, pois faz previsão do cálculo oposto da margem de lucro alcançada pela empresa brasileira com finalidade de apurar o Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido. Sendo computado de acordo com o preço líquido de venda dos produtos, direitos ou serviços desenvolvidos, subtraindo dos abatimentos. E que a partir disso, é previsto na lei achar o percentual de participação dos produtos, direitos ou serviços importados de partes relacionadas no custo e do bem vendido pela empresa no Brasil, e com fundamento nesse indicador de participação, achar o preço de participação de bens importados no preço de venda. ...é previsto na lei achar o percentual de participação dos produtos, direitos ou serviços importados de partes relacionadas no custo e do bem vendido... Assim, o contribuinte poderá aplicar margens fixas previstas na lei relacionadas ao setor da atividade econômica em que a empresa se encontra fixada sobre o valor de participação dos bens importados no preço líquido de venda. 90 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| Quadro 03: Margens fixas previstas em lei para setores da economia. Produtos farmoquímicos e farmacêuticos. Margem do PRL de 40% Produtos de fumo. Equipamentos e Instrumentos ópticos, fotográficos e cinematográficos. Máquinas, aparelhos e equipamentos para uso odonto- -médico-hospitalar. Extração de petróleo e gás natural. Produtos derivados de petróleo. Produtos químicos. Margem do PRL de 30% Vidros e produtos de vidro. Celulose, papel e produtos de papel. Metalurgia. Demais setores. Margem do PRL de 20% Fonte: BRASIL, 1996. As autoras Giacomelli e Aguiar (2017) ainda advertem que caso a empresa aplique uma margem inferior à prevista em lei, será preciso realizar um ajuste de preços na definição do lucro real. • Método do custo de produção mais lucro (CPL) Definido como o custo médio ponderado de produção de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no país onde tiverem sido originariamente produzidos, acrescido dos impostos e taxas cobrados pelo referido país na exportação, e de margem de lu- cro de 20% (vinte por cento), calculada sobre o custo apurado. (RECEITA FEDERAL, 2019) Segundo Andrade (2011), os custos de produtividade necessitarão ser evidenciados de forma detalhada, por valores, item e fornecedor, com possibilidade do uso de informações da própria empresa fornecedora ou de departamentos de produção de outras organizações, situadas no país de origem do produto, serviço ou direito. E, para determinação do preço por essa metodologia, poderão ser registrados como parte integrante do custo os seguintes itens: GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 91| • O custo para adquirir as matérias-primas dos bens intermediários e dos materiais de embalagem usados na produção do produto, serviço ou direito; • O custo de quaisquer outros produtos, serviços ou direitos que a produção consome ou associa; • O custo da mão de obra utilizada na produção, contemplando a manutenção, supervisão direta, manutenção e segurança dos equi- pamentos e espaço da produção, assim como os referidos encargos sociais incididos, decretados ou acolhidos pela legislação do país de origem; • Os custos de aluguel, manutenção e conserto e os encargos de depreciação, extinção ou esgotamentos dos produtos, serviços ou direitos associados à produção; • Os valores dos possíveis prejuízos ocorridos na produção, como perdas e quebras, respaldados na legislação fiscal do país de origem do produto, serviço ou direito. 1.6. Métodos dos preços de transferência na exportação de mercadorias • Preço de venda nas exportações (PVEx) Conforme a legislação, é determinado como a média aritmética dos preços de venda de produtos semelhantes nas exportações executadas pela própria organização, para outros consumidores ou por outra exportadora do país de produtos, serviços ou direitos, no momento da verificação da base de cálculo do Imposto de Renda e em condições similares de pagamentos. • Preço de venda por atacado no país de destino diminuído do lucro (PVA) Conforme a legislação, é determinado como a média aritmética dos preços de venda de produtos, idênticos ou similares, exercidos no mercado atacadista do país de destino, em condições de pagamento similares, subtraídos dos tributos incluídos no preço, cobrados no referido país, e de margem de lucro de quinze por cento sobre o preço de venda no atacado. 92 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| • Preço de venda a varejo no país de destino, diminuído do lucro Conforme a legislação, é determinada como a média aritmética dos preços de venda de bens, idênticos ou similares, praticados no mercado varejista do país de destino, em condições de pagamento similares, subtraídos dos tributos incluídos no preço cobrado no referido país, e de margem de lucro de trinta por cento sobre o preço de venda no varejo. • Custo de aquisição ou de produção mais tributos e lucro (CAP) Conforme a legislação, o custo é determinado como os custos médios de compra ou de produção dos produtos, serviços ou direitos exportados, somando-se os impostos e contribuições cobrados no Brasil e de margem de lucro de quinze por cento sobre o somatório dos custos, impostos e contribuições. • Preço sob cotação na exportação (PECEX) Conforme a legislação, é o preço determinado como a média dos valores diários da cotação de produtos ou direitos sujeitos a preços públicos em bolsas de mercados e futuros internacionalmente reconhecidas. 2. estrutura de mercado O termo estrutura de mercado caracteriza-se pela organização e o relacionamento entre vendedores e compradores no mercado. A partir da demanda e da oferta do mercado são determinados o preço e a quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e a quantidade, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja, se ele é compe- titivo, com muitas empresas, produzindo um dado produto, ou concentrado em poucas ou em uma única empresa. (GARCIA; VASCONCELLOS, 2005, p. 35) Desta forma, existem fatores importantes que caracterizam as estruturas de mercado como um todo: • Quantidade de empresas atuantes no mercado; • Utilização do marketing estratégico para o comércio de bens e serviços; GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 93| • Capacidade produtiva e acesso à tecnologia; • Dados econômicos de compradores e vendedores atuantes no mercado; • Perfil do público-alvo e do segmento de mercado para comerciali- zação e consumo dos bens; • Diferencial e homogeneidade dos produtos e serviços produzidos. 2.1. Determinantes das estruturas de mercado Nas estruturas de mercado há determinantes para cada ramo da atividade econômica. São eles: a. Número de firmas produtoras no mercado Nesse determinante, os mercados classificam-se em atomizados e não atomizados. • Mercado atomizado: nesse tipo de mercado, por possuir uma grande quantidade de empresasatuantes, a decisão isolada de uma única empresa para definição de preço não influencia a decisão das demais concorrentes, pois são muitas empresas competindo no mesmo mercado, onde o preço normalmente é determinado pela lei da oferta e demanda. As empresas atuantes nesse mercado são classificadas como tomadoras de preços, pois acolhem o preço definido no mercado. • Mercado não atomizado: ao contrário do mercado atomizado, nesse tipo de mercado há poucas empresas competindo, logo a presença de uma empresa líder tem o poder de ditar e influenciar o preço do produto perante seus concorrentes, uma vez que a mesma já possui destaque no mercado, seja em tradição, tecnologia ou qualidade nos produtos e serviços. b. Natureza do produto Esse é outro determinante que se subdivide em produtos homogêneos e produtos diferenciados. • Produtos homogêneos: ocorre quando um aglomerado de em- presas atuantes no mercado produz o mesmo produto, tornando-os 94 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| substitutos entre si. Logo, como todos os produtos disponíveis no mercado são idênticos, se uma empresa não tem um preço atrativo ou um bom relacionamento com os consumidores, eles tendem a comprar o mesmo produto de outra empresa ou marca. Exemplos: cimento, floriculturas, mercado de água mineral etc. • Produtos diferenciados: ocorre quando as mercadorias possuem uma diferenciação com relação a outra, e os consumidores poderão escolher comprar os produtos de uma empresa ao invés das demais. Geralmente, essa diferenciação entre os produtos é concebida nos atributos físicos dos produtos. Exemplo: tipo de embalagem, cheiro, durabilidade, cor, qualidade, condições de uso, imagem que o produ- to transmite ou da marca representando status social, dentre outros. c. Barreiras da concorrência Segundo a professora Dra. Gabrielle Lima (2017a), barreiras da concorrência são as que bloqueiam ou inibem a entrada de empresas concorrentes em um mercado específico. Havendo mercados que possuem barreiras tecnológicas, legais, naturais e mercados que não possuem barreiras, podendo, neste último, qualquer empreendedor abrir seu negócio e se tornar o produtor e/ou vendedor. A professora ainda denota que para analisar as barreiras da concorrência se faz necessário considerar os seguintes parâmetros: • Avaliar se o custo para produzir bens nesse mercado vai ser elevado; • Verificar se há impedimento na entrada de empresas concorrentes; • Verificar se qualquer empresário pode começar a produzir; • Analisar se a entrada nesse mercado requer um alto investimento em máquinas, espaço para fabricação, propaganda e imagem do produto. Desta forma, a existência ou a falta de barreiras à entrada de novas empresas concorrentes no mercado vai depender da dimensão das empresas já atuantes neste comércio, qual tipo de produto a ser comercializado, e também o quanto de tecnologia e de investimentos necessários deverão ser aplicados para um bom desempenho do empreendimento no mercado. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 95| Um determinado mercado pode ser reconhecido por meios das seguintes estruturas: concorrência perfeita, concorrência imperfeita ou monopolista, monopólio e oligopólio. a. Concorrência perfeita A concorrência perfeita é uma estrutura concebida do mercado de produtos e serviços que busca apresentar, teoricamente, o funcionamento ideal de uma economia, pois não existe nenhum tipo de mercado que seja moldado em sua totalidade com características da concorrência perfeita, mercados altamente concorrenciais não existem. Logo, essa estrutura é idealizada e utilizada como modelo de estudo para outras estruturas de mercado. Principais características: • Estrutura de mercado ideal; • Mercado atomizado, havendo presença de muitos compradores e vendedores; • Homogeneidade do produto; • Não existe barreiras para a concorrência; • Transparência de mercado: requer que todos os produtores ou em- presários que atuam nesse mercado tenham profundo conhecimento sobre dados econômicos e tecnológicos relacionados ao negócio de forma que possam informá-los claramente aos seus consumi- dores. Uma vez que estes precisam conhecer os bens desejados para poder consumi-los. b. Concorrência imperfeita ou monopolista Nessa estrutura de mercado há também participação de um grande número de empresas que comercializam produtos homogêneos, só que com diferencial na marca, embalagens, propaganda e/ou prestação de serviços adicionais. Logo, como há um investimento nessa diferenciação, o preço de seus produtos pode ser um pouco acima do que os seus concorrentes. Há pouca margem de manobra com relação aos preços, devido à existência de substitutos próximos. 96 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| MEMORIZE Há duas semelhanças comuns entre a concorrência perfeita e a concorrência monopolista que é a quantidade grande de compradores e vendedores e, consequentemente, alta movimentação de mercado. E, segundo Kopelke (2007), a principal diferença entre essas duas estruturas de mercado é que na concorrência perfeita os produtos são homogêneos, enquanto que na monopolística, os produtos são diferenciados entre si. c. Monopólio Nessa estrutura de mercado não há concorrentes, e uma única empresa detém o poder de produzir e ofertar determinado bem no mercado. Logo, ela que estabelece o preço de venda desses produtos, uma vez que não há concorrentes para competir. Quando uma empresa tem o monopólio de mercado, os consumidores normalmente não têm escolha, e pode acabar pagando um preço mais caro por um produto de qualidade inferior. Alguns exemplos bem comuns encontrados na estrutura de monopólio são empresas de fornecimento de energia elétrica e de água de uma determinada região. O serviço dos Correios e a Petrobrás também são caracterizados como empresas que detém o monopólio de bens e serviços. ¾ Para um monopólio ser determinado existem três hipóteses: • Unicidade: quando um segmento de mercado possui atuação de apenas uma empresa produtora de determinado bem e esta detém também o monopólio do comércio deste bem, podendo definir o preço que desejar; • Imobilidade: quando há bloqueios para dificultar a entrada de em- presas concorrentes, podendo esses bloqueios serem realizados de forma isolada ou conjuntamente através de controle estatal, economia de escala, tradição de mercado, dentre outros; GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 97| • Insubstituibilidade: quando não há produtos ou serviços substitutos para concorrer com a empresa que detém o monopólio. d. Oligopólio São caracterizados por grandes empresas que atendem os desejos e necessidades de uma quantidade enorme de consumidores e têm o poder de ditar e controlar o preço dos bens e serviços ofertados no mercado. Exemplos: montadoras do setor automobilístico, serviços de telefonia, companhias aéreas, indústria de bebidas, bancos, comércio atacadista e varejista, empresas de comunicação (rádio, TV), produtos de higiene e limpeza, indústrias de cimento, dentre outros. Principais características: • Possui no mercado um pequeno número de vendedores diante de uma grande quantidade de compradores; • As grandes empresas detêm o poder de controlar a determinação dos preços no mercado, através de acordos ou conluios, conhecidos como cartéis; • Os produtos comercializados podem ser homogêneos ou diferen- ciados; • A ação de uma empresa líder afeta a atuação das demais concor- rentes, criando, assim, uma relação de interdependência entre elas; • As empresas do ramo buscam ganhar mercado por meio da pro- paganda de massa, buscando sempre ter o controle dos preços; • Exercem barreiras à entrada de novos concorrentes através do uso de patentes e direitos autorais, investimentos altos em tecnologia e estrutura, por tempo de mercado e seu consequente domínio, pelo controle da fonte da matéria-prima, dentre outros. 3. preço de penetração de mercado e desnatamento Quando uma empresa decide através de um plano de marketing fazer um lançamentode um produto ou serviço no mercado, pode-se utilizar de duas estratégias básicas: preço de penetração e desnatamento. 98 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| Figura 01: A estratégia de preço superior ou baixo deve ser bem analisada. Fonte: . • Preço de penetração A estratégia de penetração de preço deve ser utilizada quando uma empresa deseja alcançar uma participação de mercado maior, ao lançar um produto ou serviço com um preço muito atrativo e/ou abaixo dos seus concorrentes. O objetivo é buscar uma penetração inicial com um impacto forte nas vendas de seu produto a um preço baixo para conquistar clientes e depois ir aumentando gradativamente para obter o lucro esperado. Nesta estratégia, busca-se uma grande amplitude de clientes, pois, se o produto é de qualidade e agrada aos clientes, a em- presa tem, de certa forma, como criar uma necessidade nestes clientes, para o uso daquele produto. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019) Desta forma, o público-alvo que se deseja atingir com essa estratégia normalmente é uma enorme parcela de consumidores que possuem desejos em comum, os quais são identificados como segmento ou nicho de mercado. A estratégia de penetração de preço deve ser utilizada quando uma empresa deseja alcançar uma participação de mercado maior... GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 99| Quadro 04: Vantagens e desvantagens da estratégia de penetração. Vantagens Desvantagens Cria-se uma penetração ime- diata da empresa num mercado específico, ocupando uma fatia desse mercado através da ven- da agressiva de seus produtos. Muitos clientes podem deixar de comprar os produtos quando o pro- duto aumenta de preço. Pois, o pri- meiro preço que o cliente observou acaba tornando-se um parâmetro que será sempre utilizado para comparações com preços futuros. Bloqueia os concorrentes que de- sejam competir nesse mesmo mer- cado, à medida que eles observam a prática de preços agressivos da empresa “X”, deduzindo que a mesma possui uma margem de lucro baixa e em geral alto poder de produção, tornando o mercado menos atraente para a concorrência. Pode ocorrer conflitos e incerte- zas de especialistas na hora de decidir aumentar o preço de uma só vez ou de forma gradativa. As empresas que adotam essa estratégia inicialmente tem uma margem de lucro baixa devendo tomar cuidado para evitar possíveis prejuízos. Logo, o ideal neste caso é pensar em obter lucro a longo prazo. Fonte: Elaborado pelo autor. Exemplos: produtos eletrônicos para as classes C e D, amplamente divulgados pelas redes de varejo nos veículos de massa. E os pacotes de TV por assinatura, que normalmente nos primeiros meses de contrato ofertam um preço baixo e depois aumentam de preço. FIQUE ATENTO Para o uso dessa estratégia, deve-se levar em conta também o tempo de vida útil de um produto. Para produtos sazonais, com tempos de vida 100 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| geralmente curtos ou itens com alta durabilidade, como automóveis, o preço de penetração provavelmente não é a melhor estratégia a ser praticada, pois a durabilidade desse bem é maior, não dando oportunidade para a empresa que vende se recuperar dos seus custos de lançamento, pois há outros custos que devem ser levados em consideração, como pesquisa, colaboradores e despesas gerais para desenvolvimento de produtos. • Desnatamento Já o preço de desnatamento ocorre quando uma empresa lança um produto com um preço superior e no decorrer do seu ciclo de vida pode ou não realizar uma diminuição do preço inicial à medida que aumenta a escala de venda de seu produto. Nesse caso, o público que essas empresas buscam atingir é de um nicho de mercado com uma pequena parcela de consumidores que possuem desejos em comum. Exemplo: produtos ligados à tecnologia, como lançamento de celulares de última geração, que possuem pouco tempo de vida útil, carros de luxo etc. A Sony é uma praticante frequente da determinação de preços por desnatamento, em que os preços começam altos e se redu- zem gradualmente com o tempo. Em 1990, quando a empresa lançou a primeira televisão de alta definição no mundo (HDTV) no mercado japonês, seu preço era de 43 mil dólares. Para que a Sony pudesse “desnatar” o máximo de receita dos vários seg- mentos de mercado, o preço caiu continuamente ao longo dos anos (uma HDTV de 28 polegadas custava pouco mais de 6 mil dólares em 1993, e uma HDTV de 42 polegadas custava cerca de 2 mil dólares em 2001. (KOTLER, 2006, p. 435) Ainda segundo Kotler (2006), a estratégia de desnatamento, que é utilizada também por empresas como a Intel, faz bastante sentido quando: Quadro 05: Estratégias de desnatamento. Uma quantidade grande de compradores tem um fluxo de demanda alto. O custo de produção de uma unidade de produto não é elevado, de modo que a fabricação de um pequeno volume encontra demanda de mercado com con- dições de pagar. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 101| A estratégia de começar com um preço alto bloqueia a entrada de concorrentes no mercado. O preço elevado associa a imagem do produto com maior qualidade. Fonte: KOTLER, 2006, p. 435 (adaptado). 4. planIlha p & l A planilha P & L ou profit and loss statement, que traduzindo significa demonstrativo de lucros e perdas, é um formato de relatório financeiro que dispõe de forma detalhada todas as fontes de receitas de um negócio, fazendo o somatório e deduzindo de todos os custos e despesas que ocorrem num determinado período de tempo, seja ele trimestral, mensal ou até semanal, e que visa demonstrar se um negócio está sendo lucrativo ou está gerando prejuízo. Em suma, esse relatório tem como objetivo calcular o resultado líquido de uma empresa, através de um resumo das operações financeiras em um período específico. A planilha P & L pode ser aplicada para um produto específico ou a empresa como um todo. E uma vez bem organizado, esse relatório permite ao gestor avaliar a saúde financeira do negócio e analisar onde a empresa está tendo prejuízo financeiro, auxiliando também a identificar oportunidade de lucro. Os indicadores que compõem o P & L variam de acordo com o segmento de atuação e necessidade de acompanhamento financeiro de cada negócio, no entanto, esse relatório apresenta geralmente os seguintes componentes: • Faturamento total; • Custo por unidade; • Quantidade vendida; • Custos de fabricação; • Custos administrativos • Lucro bruto; • Lucro líquido. Fonte: 102 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| A utilização do P & L, além de permitir fazer uma avaliação financeira de um negócio, serve também como um indicador para fazer um comparativo da performance atual desse negócio com o seu histórico de lançamentos financeiros. E por mais que sua utilização seja realizada dentro da empresa, a planilha P & L, junto com o fluxo de caixa e o balanço, caracteriza-se por ser relatório necessário e obrigatório para que uma empresa de capital aberto possa fazer publicações periodicamente. Além do mais, a comparação entre esses relatórios pode demonstrar irregularidades entre os custos e as receitas, alterações na curva de faturamento, entre outras questões ligadas às finanças do negócio. Segundo o site Tua Carreira, apesar do formato da planilha P & L variar de negócio para negócio, ele segue um padrão de organização, onde na primeira linha encontra-se o período analisado e o faturamento total da empresa e nas linhas abaixo encontram-se todos os descontos de custos e despesas, resultando na última linha a informação do lucro líquido da empresa, que pode ser negativo ou positivo. Tabela 01: Modelo de comparação de demonstrativo de lucros e perdas – Planilha P & L. Fonte: . 4.1. A importância do P & L no plano de negócios De acordo com o site Tua Carreira (2017): GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 103| O empreendedor ao montar um plano de negócios almeja en- tender mais detalhes sobre um mercado, consumidores e pro- dutos. Uma das etapas importantesdo lançamento de um novo negócio é a análise de viabilidade financeira do projeto, que é tipicamente feita através de uma simulação de relatório P & L com números esperados. Desta forma, o uso e entendimento da ferramenta P & L torna- se fundamental para que o gestor de uma empresa, ao desenvolver seu planejamento estratégico, consiga ter mais clareza ao projetar custos e receitas, estimar lucratividade em cima do ROI (retorno sobre investimento) e definir as melhores alternativas para conquistar bons resultados em seu negócio. 5. leI Geral da demanda A lei geral da demanda está diretamente ligada ao consumidor, pois são justamente os consumidores que compram, consomem e demandam. Portanto, sempre que falarmos sobre a lei da demanda, é importante se colocar na posição de consumidor para que se tenha uma visão mais abrangente, ou seja, buscar ter o entendimento que o consumidor tem com os diferentes preços de mercado, bem como outras variáveis. Figura 02: Para entender perfis, psicólogos e profissionais de marketing analisam o comportamento do consumidor em diversas frentes. Fonte: . Quando a demanda por uma mercadoria é alta, ou seja, quando os clientes procuram muito por uma mercadoria, e existe uma baixa oferta, poucos concorrentes oferecem essas mercadorias 104 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| no mercado, a tendência é que as empresas aumentem seus preços, obtendo, dessa forma, uma melhor lucratividade. Da mesma forma, quando há uma baixa demanda por uma merca- doria e paralelamente existe uma grande oferta, há uma tendên- cia de os preços serem reduzidos. Para algumas mercadorias há uma relação demanda/oferta equilibrada, fazendo com que as empresas ofertantes tenham boa lucratividade. (RESENDE, 2013) A demanda individual é quando o consumidor quer adquirir certa quantidade de produto ou serviço específico num determinado período. Vale salientar que a demanda é um desejo de comprar ou obter algo e não a compra do bem ou serviço definitivamente. Na lei geral da demanda há uma relação inversa entre a quantidade de procura e o preço do bem e que pode ser analisada por meio dos seguintes itens: • Escala de procura: é a relação preço x quantidade procurada; • Função de demanda: é a fórmula matemática entre a oferta e o preço, na qual a quantidade demandada é igual a função do preço: Q(x) = f(P); • Curva de demanda: é a representação gráfica da função de de- manda, geralmente uma figura com inclinação negativa que mostra a relação entre o preço de um produto e a quantidade demandada deste bem. Por isso, a curva da demanda é negativamente inclinada. Figura 03: Gráfico da curva de demanda com inclinação negativa. Fonte: PIRES, 2012. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 105| Para uma melhor compreensão da inclinação negativa da curva de demanda, faz-se necessário analisar os seguintes fatores: • Utilidade marginal decrescente: é um conceito criado pelo econo- mista inglês Alfred Marshall, no qual ele explana que as quantidades em excesso de consumo de um determinado bem acabam gerando uma sensação de utilidade cada vez menor, por exemplo, energia elétrica e água. ... as quantidades em excesso de consumo de um determinado bem acabam gerando uma sensação de utilidade cada vez menor... • Efeito substituição: é outro fator que determina a inclinação ne- gativa na curva de demanda. Pois, à medida que um determinado produto ou serviço eleva o seu preço, o consumidor, como forma de economizar ou ajustar a sua renda, procura por outro produto semelhante que satisfaça a mesma necessidade, gerando, assim, um aumento ou diminuição da demanda daquele produto anterior. Exemplo: carne vermelha e frango. Se por acaso o preço da carne vermelha aumentar muito, a possibilidade de as pessoas consumi- rem mais frango em suas refeições aumenta bastante de volume. Outros itens podem ser enquadrados nessa análise, como a substi- tuição do macarrão pelo arroz, do álcool pela gasolina, dentre outros; • Efeito renda: esse fator também tem relação com a inclinação negativa na curva de demanda, acontecendo quando o preço de um produto ou serviço aumenta bastante, levando o consumidor a perder seu poder de compra para adquiri-lo, reduzindo, assim, a demanda deste produto. Exemplo: supondo que um consumidor compra 5 kg de frango por semana e o preço do quilo sobe. Não quer dizer que seu consumo semanal será exatamente dessa quantidade. Porém, há outros fatores que influenciarão sua demanda, por exemplo, o preço do frango, o preço de outros bens e serviços que ele precisa consumir, suas necessidades e sua renda. 106 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| Figura 04: Fatores que influenciam a demanda de bens e serviços. Fonte: Elaborada pelo autor. • Quantidade demandada e preço: uma das variáveis mais impor- tantes e que influencia diretamente a quantidade demandada de um produto é o preço dele. Tudo mais permanecendo constante (a sua renda, o preço de qualquer outro bem, os hábitos, gostos e necessidades dos clientes), podemos dizer que existe uma relação inversa entre o preço de um bem e a quantidade demandada deste bem. (LIMA, 2017) Logo, conforme a lei geral da demanda, quanto maior for o preço de um produto, menor será a quantidade demandada para este bem e vice- versa. • Renda do consumidor: é outro quesito que tem influência direta nas decisões dos consumidores e na quantidade demandada de um bem. E para estudarmos melhor essa influência, é necessário definir os tipos de bens: a. Bens normais: são aqueles bens que o consumidor ao elevar a sua renda aumenta também as chances de consumir mais, podendo acontecer o inverso também caso sua renda diminua. Havendo, assim, uma variação positiva ou negativa na quantidade demandada de um produto ou serviço. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 107| Exemplos: terrenos, imóveis, alimentos, automóveis, vestuário, produtos eletrônicos, dentre outros. b. Bens inferiores: já esses tipos de bens são aqueles que, geralmen- te, a quantidade demandada deles cresce quando há uma redução na renda do consumidor ou aqueles bens cuja quantidade deman- dada decresce quando há um aumento na renda do consumidor, ocasionando um impacto direto nas vendas desses produtos. Em geral, quando as pessoas adquirem uma renda maior e aumentam seu poder aquisitivo, passam a consumir mais constantemente outros bens que não consumia antes, esses bens passam a ser chamados de normais. E deixam de consumir determinados tipos de produtos por manter outro padrão financeiro de vida, logo, esses bens deixados de lado se caracterizam como bens inferiores. Alguns exemplos de acordo com a análise geral da economia são considerados como bens inferiores: a carne de segunda, os terrenos e casas na periferia ou que a rua não recebeu asfalto ainda, carros usados, antigos e ultrapassados, alimentos de segunda qualidade, CDs e DVDs piratas, dentre outros produtos. c. Bens complementares: são aqueles bens consumidos conjunta- mente. Segundo a professora Gabrielle Lima (2017b), um exemplo que pode ser citado para ficar mais claro o que são bens complementares é um possível aumento no valor dos combustíveis, no qual, de acordo com a lei da demanda, o preço alto leva a uma queda no consumo de combustível, visto que as pessoas precisarão economizar para adequar a sua renda financeira. E supondo que o preço dos automóveis permaneça constante, e o aumento no preço dos combustíveis também, essa situação provocará uma queda significativa na demanda de automóveis, pois muitas pessoas vão optar em não comprar automóveis e buscar alternativas de locomoção mais baratas para o dia a dia, como metrô, ônibus, táxi e/ou até bicicleta. Desta maneira, combustíveis e automóveis são bens complementares. Pois, o primeiro causa impacto direto na demanda do segundo. Outros exemplos seriam o pé esquerdo e pé direito do sapato, os eletrodomésticos e a energia elétrica, o gás de cozinha e o fogão, dentre outros. 108 GESTÃODE PREÇOS E CUSTOS| 6. mensuração de desempenho Em um mercado cada vez mais exigente e competitivo, tão significativo quanto fazer o planejamento e realizar as ações é mensurar e fazer acompanhamento dos resultados, inclusive no que tange à performance da gestão contábil. Figura 05: Avaliar resultados é parte importante do processo do planejamento estratégico. Fonte: A mensuração de desempenho é uma ferramenta de suporte utilizada por um empreendedor ou gestor de um departamento para avaliar a performance de um negócio ou de determinado processo de atividades desempenhadas pelos colaboradores dentro da empresa. Para tanto, faz-se necessário o uso de indicadores de desempenho, os quais são definidos pelos gestores previamente e que vamos discutir ainda nesta unidade. Essa avaliação pode ser realizada mensalmente, trimestralmente, semestralmente ou anualmente, dependendo muito das necessidades de cada empresa. Mensuração de desempenho é a atividade de medir o desem- penho de uma atividade ou uma cadeia de valores inteira. A mensuração de desempenho é talvez a mais importante, a mais incompreendida, e a tarefa mais difícil da contabilidade geren- cial. Um sistema eficiente de avaliação do desempenho opera- cional contém indicadores críticos de desempenho (medidas de desempenho) [...]. (ATKINSONS, 1998) Desta forma, no que tange a gestão de custos para fins de avaliação de uma empresa, geralmente os gestores de um setor têm o dever de associar GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 109| e comparar as métricas de representação de um potencial de produção para geração de benefício com os custos fixos e indiretos de tarefas produtivas realizadas. 6.1. Indicadores de desempenho Os indicadores de desempenho, conhecidos como KPIs (Key Performance Indicator), são formas de medir e quantificar o desempenho de uma empresa de acordo com as suas metas e objetivos. São métricas significativas para o controle e monitoramento dos processos de uma organização. Para definir os indicadores de desempenho, é necessário primeiro desenvolver e analisar o plano estratégico da empresa, delimitando de forma transparente as suas metas e objetivos. Para, então, criar-se uma gestão eficaz de KPIs que possam atender o acompanhamento evolutivo dos processos e resultados. Segundo um artigo publicado no site da Endeavor Brasil, organização pioneira no conceito de empreendedorismo de alto impacto em mercados em crescimento em todo o mundo, há vários tipos de KPIs que fornecem uma gama de dados que podem ser adequados em categorias. Dentre alguns deles, podemos citar: • Indicadores de produtividade: é a relação de produção da hora/ colaborador, hora/máquina. Ou seja, é um indicador que mede o tempo para conclusão de uma tarefa; • Indicadores de qualidade: é a quantidade de erros ou não confor- midades ocorridas durante o processo produtivo. Nesse indicador, podemos tomar como exemplo a capacidade de uma máquina produ- zir 100 produtos e ser estipulado como margem aceitável de erro de 10% desse total realizando comparações num determinado período; • Indicadores de capacidade: é a medida do nível de respostas de um processo, um exemplo seria o número de produtos que uma má- quina consegue embalar durante um determinado período de tempo; • Indicadores estratégicos: busca medir e realizar um comparativo da situação atual da empresa no mercado de acordo com os obje- tivos estabelecidos anteriormente. 110 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| 6.2. Formas de medir o desempenho dos processos Existem inúmeras formas para medir o desempenho de um setor ou atividade, elencamos alguns deles abaixo: Metas em campo: forma de desempenho em que se cruzam os dados de avaliação aplicados com as metas do setor em um determinado período; Taxa de Churn ou Churn Rate: busca mensurar a taxa de clientes que evadiram ou cancelaram contrato com uma empresa em determinado período; Retorno sobre investimento (ROI): calcula e avalia a taxa de retorno ou lucro de um investimento realizado. ROI = retorno obtido - investimento investimento x 100 Fonte: ENDEAVOR BRASIL (2018). Contabilidades internas na empresa: é a forma de medir e melhorar o desempenho contábil interno de uma empresa a partir da identificação e solução de falhas e/ou defeitos; Lifetime Value (LTV): é uma forma de avaliar o relacionamento e fidelização de clientes, mensurando quanto cada cliente consome em produtos ou serviços durante todo o período de relacionamento com a empresa; LTV = valor médio das compras x quantidade média de compras x tempo de relacionamento. Net promoter score: forma para avaliar o nível de satisfação de clientes. Pode ser aplicado em forma de questionário online, impressos ou por telefone; Payback: método utilizado para avaliar a viabilidade de novos projetos ou quanto tempo um cliente começa a dar lucratividade a uma empresa; Payback = retorno inicial resultado médio do fluxo de caixa Ticket médio: forma de avaliar o desempenho e resultado de vendas, vendedores e/ou quantidade de clientes ativos de uma empresa; Ticket médio = faturamento em X meses / X / número de clientes Fonte: ENDEAVOR BRASIL (2018). GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 111| 7. decIsões de InvestImento de capItal Investimentos são todos os gastos que uma organização realiza, com o intuito de aprimorar a qualidade dos seus produtos e/ou serviços. Para isso, engloba participação de uma quantidade enorme de recursos humanos, materiais, financeiros e intelectuais, visando um retorno de ganho compatível com o grau de risco. • Orçamento de capital O orçamento de capital é um método de avaliação e aplicação de capital de longo prazo compatível com o plano estratégico da empresa e que tem como objetivo aumentar a riqueza de um empreendimento ou do dono de um negócio. Esse processo engloba também as etapas de desenvolvimento, diagnóstico, seleção e acompanhamento de projetos de máxima importância para as decisões de investimento. Tais projetos são de natureza formal de planejamento e detalham a origem, a quantidade e as características técnicas da aplicação financeira em um ou mais ativos, colaborando com o aumento da riqueza de seus donos, a partir de tomada de decisões como: ¾ Aquisição, manutenção ou substituição de máquinas e equipamentos; ¾ Expansão do negócio e da capacidade produtiva da fábrica; ¾ Gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos; ¾ Investimento em novas tecnologias de mercado; ¾ Ações de marketing, publicidade e propaganda para divulgar pro- dutos e serviços ou melhorar a imagem da empresa. • Investimentos permanentes São aplicações em ativos de natureza permanente que garantem a manutenção das atividades de operação do negócio e determinam resultados de longo prazo. Esses investimentos se caracterizam por serem estáticos em comparação com as demais movimentações das organizações. Exemplos: manutenção de terrenos, instalações e máquinas, custos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, marcas e patentes etc. 112 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| • Fluxo de caixa O fluxo de caixa de um projeto tem como característica prever as entradas e saídas de recursos financeiros, e com isso o resultado líquido de caixa, excluindo dessa análise os componentes que não comprometem o caixa, como a depreciação e a amortização. Vale lembrar que tal análise é feita num período de tempo específico e precisa ser realizada com base em informações atualizadas e apuradas nas projeções econômica e financeira da organização, considerando o histórico de informações para definir essa previsão. Essa previsão tem como objetivo disponibilizar dados para a tomada de decisões, bem como avaliar e prever as ocasiões de sobra ou falta de recursos, além da aplicação dos excessos de caixa nas opções mais lucrativas para a organização sem comprometer a liquidez. Ao montar a projeção do fluxo de caixa deve-se levar em conta as entradas como: contas a receber, empréstimos,capital dos sócios e também as saídas, que são as contas a pagar, despesas administrativas, liquidação de empréstimos e compras à vista. Segundo a professora Joanília Cia, para estimar fluxos de caixa devem ser considerados os seguintes aspectos: • É o passo mais significativo e difícil do orçamento de capital; • Devem ser consideradas entradas e saídas de caixa e não valores contábeis (lucro); • Valores acrescidos, incrementos relevantes ou superiores daqueles que a organização poderia esperar se ela não colocasse em prática o projeto. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 113| Quadro 06: Aspectos que incluem e não incluem no fluxo de um projeto. INCLUSO NÃO INCLUSO Desembolsos de caixa para ativos fixos; Efeitos fiscais gerados pela depre- ciação; Variação (+/-) do Capital de Giro Operacional (estoques, contas a receber, fornecedores). Depreciação: despesas que não representam saída de caixa; Pagamento de juros (despesas financeiras), pois fluxos serão descontados ao custo de capital (próprio + terceiros). Custo de oportunidade (fluxos perdidos pelo uso de um ativo); Externalidades: efeito do projeto sobre outras partes da empresa (+/-): canibalização (tomar vendas de produtos existentes). Custos irrecuperáveis (sunk costs), não relevantes. Fonte: CIA, 2019 (adaptado). 7.1. Métodos de avaliação de investimento Figura 06: Investir exige estratégia. Fonte: . 114 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| Depois de realizado a estimativa de fluxo de caixa, as organizações avaliam e classificam um projeto para considerar se é viável ou não. A análise de novos projetos de investimento objetiva propor- cionar aumento de valor à empresa (LEE, 1985; RAPPAPORT, 1998; WELSCH et al., 1988). Tais investimentos demandam financiamentos com custos específicos que devem ser pagos e remunerados. Para apoiar o processo decisório, uma análise prévia deve ser feita no sentido de avaliar se o retorno do investi- mento cobre o custo do financiamento. A aplicação dos métodos de avaliação de investimentos e mecanismos de análise pode, dessa maneira, constituir-se em forma de decidir, identificando, e/ou quantificando, e/ou mitigando o risco (VERBEETEN, 2006), e direcionando o gerenciamento do projeto para que ele pos- sa atingir o nível de desempenho desejado. (FREZATTI et al., 2010) Logo, existem várias técnicas disponíveis para realizar a avaliação de desempenho do orçamento de capital de um projeto e as mais comuns são: Período de payback: é o tempo necessário para que uma empresa possa recuperar seu investimento inicial realizado em um projeto, fazendo com que as entradas de caixa desse projeto se tornem iguais ao valor investido. Apesar de ser um método de comum utilização na avaliação de investimentos, devido à facilidade do cálculo e de sua característica intuitiva, o período de payback em geral não é visto como uma metodologia sofisticada de orçamento de capital, uma vez que não considera de forma explícita o valor do dinheiro no tempo. Payback descontado: é uma técnica de avaliação similar ao payback, diferenciando-se nos fluxos de caixa que são deduzidos ao custo de capital do projeto. O payback descontado é o período de tempo necessário para recuperar o investimento, o valor do dinheiro no tempo. Esta técnica apresenta o período do ponto de equilíbrio do projeto, considerando o custo de capital. Valor Presente Líquido – VPL: leva em conta de forma explícita o valor do dinheiro no tempo. Sendo classificado como um método sofisticado de diagnóstico de orçamento de capital. Logo, as entradas e saídas de caixa em sua totalidade são discutidas no tempo presente. Para obter o VPL é preciso subtrair o investimento inicial de um projeto do valor atual de suas entradas de caixa, deduzidas a uma taxa semelhante ao custo de capital da empresa. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 115| Taxa Interna de Retorno – TIR ou IRR: é a taxa que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial referente a um projeto, ou seja, é a taxa que iguala o valor presente líquido de um projeto a zero. Fazendo um comparativo entre o VPL com a TIR, cada um considera os projetos diferentemente, pois há diferenciação no julgamento de reinvestimento das entradas de caixa. Vale considerar que o não uso da taxa interna de retorno como instrumento de diagnóstico pode gerar equívocos na aceitação de projetos que não quitam de forma adequada o capital investido, devendo ser um instrumento de diagnóstico adicional. A aceitação ou rejeição do investimento com base neste método é definida pela comparação que se faz entre a IRR encontrada e a taxa de atratividade exigida pela empresa. Se a IRR exceder a taxa mínima de atratividade, o investimento é classificado como economicamente atraente. Caso contrário, há recomendação técnica de rejeição. (ASSAF NETO, 1992) Índice de Lucratividade – IL: é uma técnica que calcula a razão entre o valor presente líquido e o valor inicial do investimento de um projeto, para uma dada taxa de desconto, ou seja, é a relação direta entre o valor presente líquido dos fluxos de entradas de caixa e de saída de caixa (investimentos) da empresa. Sendo considerado também um parâmetro significativo que demonstra de forma eficiente as operações em valor percentual. E apresenta o lucro que a sua empresa pode obter a partir do desenvolvimento de um projeto, disponibilizando informações se é valido tal projeto dar seguimento ou não. O IL pode ser mensurado por mês, ano, ou em qualquer outro momento. Fórmula do índice de lucratividade: IL = Valor Presente Entradas Valor Presente Saídas Fonte: CIA, 2019. Segundo o professor Assaf Neto (1992), no momento em que o índice de lucratividade for maior que 1,0, demonstra-se um VPL superior a zero, revelando atratividade econômica do projeto. Em contrapartida, se o IL for menor que 1,0, indica-se uma falta de interesse na escolha do projeto, produzindo um valor presente de entrada de caixa inferior que o de saída (NPV negativo). 116 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| PRATIQUE 1. Como funciona o preço de transferência? Dê exemplos e defina pelo menos dois métodos de apuração na importação e exportação de mercadorias. 2. Defina as estruturas de mercado de monopólio e oligopólio. 3. Quais as semelhanças e diferenças entre concorrência perfeita e concorrência monopolista? 4. Qual a diferença entre preço de penetração e desnatamento de mercado? 5. Qual a importância do uso da planilha P & L para o plano de negócios de uma empresa? GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 117| 6. Quais os fatores que determinam a inclinação negativa da curva de demanda? Defina cada um e dê exemplos. 7. Quais os tipos de bens que influenciam a demanda? Dê as características de cada um deles. 8. Cite as principais categorias de indicadores de desempenho e três formas de mensuração. 9. Cite as diferenças entre mercados atomizados e não atomizados e produtos homogêneos e produtos diferenciados. 10. Classifique as técnicas mais comuns de avaliação de desempenho do orça- mento de capital. 118 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| RELEMBRE Nesta unidade, você conheceu conceitos relacionados ao apreçamento de produtos e percebeu que cada vez mais as empresas estão buscando se aperfeiçoar em ferramentas que auxiliem o gestor a ter um entendimento melhor da dinâmica do mercado e na definição dos preços dos produtos, de modo que possa organizar as finanças do negócio e aumentar as vendas. Também viu a importância de entender o conceito de preço de transferência, tornando-se fundamental para transações comerciais dentro e fora do país entre empresas vinculadas e não vinculadas, e como funciona o controle fiscal deste objeto de estudo no Brasil. E ainda compreendeu conceitos de pessoas vinculadas, lucro tributável, a diferença entre preço praticado e preço parâmetro, e os métodos de apuração do preço de transferência na importação e exportação de mercadorias. Conheceu osdeterminantes da estrutura de mercado, a diferença entre mercados atomizados e não atomizados, bem como os produtos homogêneos e diferenciados e as barreiras que as empresas criam para evitar concorrência. E estudou a diferença, vantagens e desvantagens das estratégias de penetração de preço e desnatamento de mercado no lançamento dos produtos. E entendeu sobre o uso essencial da planilha P & L para avaliar a saúde financeira do negócio e identificar prejuízo financeiro ou oportunidade de lucro. Você também pôde perceber como funciona a lei geral da demanda para procura e oferta de produtos, os fatores que a influenciam, a relação inversa entre quantidade procurada e preço e/ou quando a curva de demanda torna a inclinação negativa ou positiva. Por fim, conheceu as formas de mensuração de desempenho que podem ser aplicadas em um negócio e os objetivos de cada uma. Aprofundou ainda seus conhecimentos sobre as decisões de investimento de capital, percebendo que a avaliação financeira prévia de um projeto ou negócio é de suma importância para evitar futuros prejuízos e/ou validar a sua viabilidade. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 119| REFERÊNCIAS ANDRADE FILHO, E. O. Imposto de renda das empresas. São Paulo: Atlas, 2011. ASSAF NETO, Alexandre. Os métodos quantitativos de análise de investimentos. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2019. ATKINSONS, Anthony A. Est. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1998. BRASIL. Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2019. CIA, Joanília. Decisões de investimento e orçamento de capital. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2019. DICIONÁRIO FINANCEIRO. O que é P&L? Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2019. ENDEAVOR BRASIL. 5 indicadores de desempenho para medir seu sucesso. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2019. FREZATTI, Fábio. BIDO, Diógenes. CRUZ, Ana Paula. BARROSO, Marcelo. ZEN, Maria. Decisões de investimento em ativos de longo prazo nas empresas brasileiras: que tipo de aderência existe ao modelo teórico? XXXIV Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro - RJ, 2010. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2019. GARCIA, M. E.; VASCONCELLOS, M. A. S. Fundamentos da economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. GIACOMELLI, Josiane; AGUIAR, Heloísa. Preço de transferência e seus impactos contábeis e fiscais dentro de uma empresa de filtros automobilística 120 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| na importação e exportação de mercadorias. In: Revista Catarinense de Ciência Contábil, Florianópolis, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2019. KOPELKE, André Luiz. Economia. 2. ed. Indaial: Editora Asselvi, 2007. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. 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Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Telefone (85) 3033.5199 Capa_GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS-compactado GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS Contra-capa_reduzido