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FARMACOLOGIA ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS E SEUS METABÓLITOS DEPURAÇÃO DE FÁRMACOS PELOS RINS Os fármacos devem ser suficientemente polares para serem eliminados do organismo. A saída do fármaco do organismo ocorre por numerosas vias, sendo a eliminação na urina por meio dos rins a mais importante. E o rim o órgão mais importante. Os fluidos biológicos de uma maneira geral, como lágrimas, suor, leite ... Pacientes com disfunção renal podem ser incapazes de excretar os fármacos, ficando sujeitos ao risco de acumulá-los e apresentar efeitos adversos. FINALIZAR O EFEITO: Os efeitos de um fármaco desaparecem quando ela é totalmente eliminada, ou é transformada em metabólitos sem efeitos/ atividades biológicos. ELIMINAÇÃO RENAL DOS FÁRMACOS A eliminação de fármacos pelos rins na urina envolve os processos de filtração glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva. FILTRAÇÃO GLOMERULAR - Os fármacos chegam aos rins pelas artérias renais, que se dividem para formar o plexo capilar glomerular. - O fármaco livre (não ligado à albumina) difunde-se através das fendas capilares para o espaço de Bowman como parte do filtrado glomerular. - A velocidade de filtração glomerular (VFG) em geral é de 125 mL/min, mas pode diminuir significativamente na doença renal. - A lipossolubilidade e o pH não influenciam a passagem dos fármacos para o filtrado glomerular. Contudo, variações na VFG e a ligação dos fármacos às proteínas afetam esse processo. SECREÇÃO TUBULAR PROXIMAL - Os fármacos que não foram transferidos para o filtrado glomerular saem dos glomérulos através das arteríolas eferentes, que se dividem formando um plexo capilar ao redor do lúmen no túbulo proximal. - A secreção ocorre primariamente nos túbulos proximais por dois mecanismos de transporte ativo que exigem energia: um para ânions (p. ex., formas desprotonadas de ácidos fracos) e outro para cátions (p. ex., formas protonadas de bases fracas). - Cada um desses sistemas de transporte apresenta baixa especificidade e pode transportar vários compostos. Assim, pode ocorrer competição entre fármacos pelos transportadores em cada um dos sistemas. (Nota: prematuros e recém- nascidos não têm esse mecanismo secretor tubular completamente desenvolvido e, assim, podem reter certos fármacos no filtrado glomerular.) REAÇÃO TUBULAR DISTAL - Enquanto o fármaco se desloca em direção ao túbulo contorcido distal, sua concentração aumenta e excede à do espaço perivascular. - O fármaco, se for neutro, pode difundir-se para fora do lúmen, retornando à circulação sistêmica. - A manipulação do pH da urina, para aumentar a fração ionizada do fármaco no lúmen, pode ser feita para minimizar a retrodifusão e, assim, aumentar a depuração de um fármaco indesejável. - Como regra geral, ácidos fracos podem ser eliminados alcalinizando a urina, ao passo que a eliminação de bases fracas pode ser aumentada por acidificação da urina. - Esse processo é denominado prisão iônica. Por exemplo, um paciente apresentando dose excessiva de fenobarbital (um ácido fraco) pode receber bicarbonato, que alcaliniza a urina e mantém o fármaco ionizado, diminuindo, assim, a sua reabsorção. PAPEL DA BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS - A maioria dos fármacos é lipossolúvel e, sem modificação química, se difundiria para fora do lúmen tubular renal quando a sua concentração no filtrado se tornasse maior do que a do espaço perivascular. - Para minimizar essa reabsorção, os fármacos são modificados basicamente no fígado em substâncias mais polares por meio das reações de fase I e fase II (descritas anteriormente). - Os conjugados polares ou ionizados são incapazes de difundir para fora do lúmen renal. DEPURAÇÃO POR OUTRAS VIAS A depuração de fármacos pode ocorrer também por intestinos, bile, pulmões, leite, entre outros. - Os fármacos que não são absorvidos após administração oral ou fármacos que são secretados diretamente para os intestinos ou na bile são eliminados com as fezes. - Os pulmões estão envolvidos primariamente na eliminação dos gases anestésicos (p. ex., isoflurano). - A eliminação de fármacos no leite pode expor a criança lactente aos medicamentos e/ou seus metabólitos ingeridos pela mãe, e é uma fonte potencial de efeitos indesejados na criança. - A excreção da maioria dos fármacos no suor, na saliva, nas lágrimas, nos pelos e na pele ocorre em pequena extensão. - A depuração corporal total e a meia- vida do fármaco são variáveis importantes da sua depuração, sendo usadas para otimizar o tratamento medicamentoso e minimizar a toxicidade. DEPURAÇÃO CORPORAL TOTAL A depuração corporal total (sistêmica), CLtotal, é a soma de todas as depurações dos órgãos biotransformadores e eliminadores. SITUAÇÕES CLÍNICAS QUE ALTERAM A MEIA-VIDA DO FÁRMACO Quando o paciente apresenta uma anormalidade que altera a meia-vida do fármaco, são necessários ajustes na dosagem. Aumento da meia-vida de fármacos: 1) diminuição do fluxo de sangue renal ou hepático (p. ex., choque cardiogênico, insuficiência cardíaca ou hemorragia); 2) diminuição na capacidade de extrair o fármaco do plasma (p. ex., doença renal); e 3) diminuição da biotransformação (p. ex., quando outros fármacos concomitantes inibem a biotransformação, ou na insuficiência hepática, como na cirrose). Nesses pacientes, pode ser necessário diminuir a dosagem ou aumentar o tempo entre as dosificações. Em contraste, a meia-vida de um fármaco pode ser reduzida 1) aumentando o fluxo sanguíneo hepático, 2) diminuindo a ligação às proteínas ou 3) aumentando a biotransformação. Isso pode exigir dosagens maiores ou dosificações mais frequentes. EXCREÇÃO – AULA DA PROFESSORA Indicação de livro: Farmacologia Básica FINALIZAR O EFEITO: Os efeitos de um fármaco desaparecem quando ela é totalmente eliminada. Eliminação pela urina, fezes, suor, ,lágrimas, leite. Fluidos biológicos de modo geral. Ou é transformada em metabólitos sem efeitos/ atividades biológicos, ou seja, transformada em uma substância que não tem mais efeito farmacológico, sem atividade biológica, que também será eliminada. Órgão de Eliminação: RIM (mais importante) NATUREZA DO PROCESSO DE ELIMINAÇÃO Clearance (Depuração, limpeza), temos dois tipos: 1. Clearance Excretória: Que faz a excreção mecânica, realizado por todo e qualquer órgão capaz de fazer essa eliminação, as principais são a Renal (urina) e Biliar (fezes) A eliminação é tanto na forma original, ou na forma de metabólitos inativos, farmacologicamente falando. O Percentual na forma de metabólitos é maior. 2. Clearance metabólito: Transformação Química / Biotransformação Transformação química dessas substâncias para um fármaco sem atividade metabólica, pode ocorrer em todo e em qualquer órgão, capaz de liberar enzimas como o pulmão, na corrente circulatória, rim... são capazes de transformar essa substância. No modo geral, no fígado, pois é órgão que possui mais capacidade de metabolizar / catabolizar essas reações. Clearance: é um termo técnico utilizado no ambiente hospitalar. MECANISMO DE CLEARANCE DE UM ÓRGÃO DE EXCREÇÃO Clearance hepático: capacidade desse órgão de limpar. Clearance (Cl) = Q.E Nunca terá um valor maior que p débito sanguíneo daquele órgão. A quantidade de sangue que ele conseguiu limpar. A substância chega pela concentração arterial, passa pelo fígado, se ele for capaz de catabolizar (fazer um certo grau de limpeza) essa substância, a concentração vai ser menos alguma coisa. Se a concentração arterial chegar no rim e for igual a 0, o fígado conseguiu extrair tudo.Também vai estar associado ao fluxo sanguíneo. E=Ca-Cv/Ca CLEARANCE EXCRETÓRIA (REMOÇÃO FÍSICA) EXCREÇÃO RENAL • Filtração Glomerular • Secreção Tubular Ativa • Reabsorção Tubular 3 mecanismos fisiológicos que são acionados no tecido renal, e a sua resultante vai ditar se a substância será rapidamente ou vai demorar a ser eliminada. Néfron: Unidade funcional do rim, formado pelo glomérulo, recoberto pela cápsula de bowmann. Para que o medicamento seja filtrado ela precisa está em sua forma livre e fixados as moléculas plasmáticas. Nenhuma proteína deve ser encontrada na urina, pois é grande e não pode ser filtrado pelo glomérulo. Se encontrar, é indicativo de algum problema renal. Esses 3 mecanismos possuem a função de jogar a substância no lúmen renal. A afinidade pelos transportadores faz com que os medicamentos sejam excretados. 2 ou mais medicamentos podem competir pelo mesmo transportador. A pressão hidrostática força a filtração. Todos os fármacos possuem baixo peso molecular. Quem é eliminado mais rápido: quem tem mais afinidade e quem for filtrado. Na forma ionizado as substâncias são mais hidrossolúveis, se o ph favorece que ela permanece na forma molecular, ela volta para a corrente circulatória, assim é reabsorvida. A eliminação ou reabsorção depende da: Pka da droga e do pH da urina = se não favorecer a ionização, ela será reabsorvida pois ficará na forma molecular. 120ml/min = taxa do clearance da mulher, e do homem, é 125ml/min. CLEARANCE RENAL Clr = fy. TFG (quando é apenas filtrada pelo glomérulo, nem é secretada e nem reabsorvida) Clr > fu. TFG (quando é secretado, ou a secreção se sobrepõe a reabsorção) Clrem intervalos regulares, a concentração do fármaco no plasma oscila ao redor da média. Doses menores e intervalos mais curtos diminuem a amplitude das flutuações na concentração do fármaco. Contudo, a Css não é afetada pela frequência de dosagem (admitindo que a dose diária total administrada é a mesma) nem pela velocidade em que o estado de equilíbrio é alcançado. b. Exemplos de obtenção de equilíbrio usando diferentes regimes de dosagens: A curva B da Figura 1.23 mostra a quantidade de fármaco no organismo quando uma unidade de um fármaco é administrada por via IV e repetida em intervalos de tempo que correspondem à meia-vida do fármaco. Ao final do primeiro período de dosagem, permanece 0,5 unidade de fármaco da primeira dose quando a segunda é administrada. Ao final do segundo intervalo de dosagem, 0,75 unidade está presente quando a terceira dose é administrada. A quantidade mínima de fármaco remanescente durante o intervalo de dosagem progressivamente se aproxima do valor de uma unidade, enquanto o valor máximo alcança progressivamente duas unidades logo após a administração. Por isso, no equilíbrio, uma unidade de fármaco se perde no intervalo das dosagens, o que é compensado exatamente pela velocidade de administração. Ou seja, a “taxa de entrada” é igual à “taxa de saída”. Como na infusão IV, 90% do valor de equilíbrio é alcançado em 3,3 meias-vidas. 2. Administrações orais múltiplas: Os fármacos administrados a pacientes externos são, em sua maioria, medicações orais tomadas uma, duas ou três vezes ao dia. Ao contrário da injeção IV, a absorção dos fármacos administrados por via oral pode ser lenta, e sua concentração plasmática é influenciada tanto pela velocidade de absorção quanto pela velocidade de eliminação (Fig. 1.24). OTIMIZAÇÃO DA DOSE O objetivo do tratamento com fármacos é alcançar e manter a concentração dentro da janela terapêutica e minimizar os efeitos adversos. Com titulação cuidadosa, a maioria dos fármacos permite alcançar esse objetivo. Se a janela terapêutica (ver Cap. 2) do fármaco é estreita (p. ex., digoxina, varfarina e ciclosporina), deve-se ter cautela extra na seleção do regime de dosagem, e monitorar os níveis do fármaco pode ajudar a manter a faixa terapêutica. Regimes de fármacos são administrados como doses de manutenção. Se for desejado efeito rápido, pode ser necessária dose de carga. Para fármacos com faixa terapêutica definida, a concentração é mensurada para ajustar a dosagem e a frequência, de modo a obter e manter os níveis desejados. 1. Dose de manutenção: Os fármacos em geral são administrados para manter a Css na janela terapêutica. São necessárias 4-5 meias- -vidas para um fármaco alcançar a Css. Para alcançar uma dada concentração, são importantes a velocidade de administração e a velocidade de eliminação do fármaco. A velocidade de dosificação pode ser determinada conhecendo-se a concentração desejada no plasma (Cplasma), a depuração (CL) do fármaco da circulação sistêmica e a fração (F) absorvida (biodisponibilidade): 2. Dose de ataque: Às vezes, é necessário alcançar os níveis no plasma rapidamente (p. ex., em infecções graves ou arritmias). Portanto, uma dose de ataque (ou dose de carga) do fármaco é administrada para alcançar com rapidez os níveis plasmáticos desejados, seguida de uma dose de manutenção para manter o estado de equilíbrio (Fig. 1.27). Em geral, a dose de ataque pode ser calculada da seguinte maneira: Para infusão IV, cuja biodisponibilidade é 100%, a equação é: Doses de ataque podem ser administradas como dose única ou em uma série de doses. As desvantagens das doses de ataque são o aumento do risco de toxicidade e a necessidade de um tempo maior para a concentração no plasma diminuir caso se alcance uma concentração excessiva. A dose de ataque é mais útil para fármacos que têm meia-vida relativamente longa. Sem uma dose de ataque inicial, esses fármacos precisam de maior tempo para atingir o valor terapêutico que corresponde ao nível de equilíbrio. 3. Dose de ajuste: A quantidade de fármaco administrada em uma dada condição é estimada com base em um “paciente médio”. Essa conduta negligencia a variabilidade entre pacientes nas variáveis farmacocinéticas, como depuração e Vd, que são muito significativas em alguns casos. O conhecimento dos princípios farmacocinéticos é útil para ajustar dosagens e otimizar o tratamento em certos pacientes. Monitorar o tratamento farmacológico e correlacioná- lo com os benefícios clínicos constitui outra ferramenta para individualizar o tratamento. Ao determinar o ajuste da dosagem, o Vd pode ser usado para calcular a quantidade de fármaco necessária para obter a concentração plasmática desejada. Por exemplo, admita que a insuficiência cardíaca do paciente não esteja bem controlada devido ao nível plasmático inadequado de digoxina. Suponha que a concentração de digoxina no plasma é C1, e a concentração desejada é C2, uma concentração maior. O cálculo seguinte pode ser usado para determinar quanta digoxina deverá ser administrada para levar o nível de C1 até C2. Logo que o fármaco entra no organismo começa o processo de eliminação. As três principais vias de eliminação são biotransformação hepática, eliminação biliar e eliminação urinária. Juntos, esses processos de eliminação diminuem exponencialmente a concentração no plasma. Ou seja, uma fração constante do fármaco presente é eliminada por unidade de tempo. A biotransformação gera produtos com maior polaridade, que facilita a eliminação. A depuração (clearance – CL) estima a quantidade de fármaco depurada do organismo por unidade de tempo. A CL total é uma estimativa composta que reflete todos os mecanismos de eliminação do fármaco e é calculada pela seguinte equação: Onde t½ é a meia-vida de eliminação, Vd é o volume de distribuição aparente, e 0,693 é a constante log natural. A meia-vida do fármaco é usada com frequência para medir a CL do fármaco porque, para vários fármacos, Vd é uma constante. CINÉTICA DA BIOTRANSFORMAÇÃO 1 CINÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM - Proporcional a dose do fármaco. A transformação metabólica dos fármacos é catalisada por enzimas, e a maioria das reações obedece à cinética de Michaelis-Menten: Na maioria das situações clínicas, a concentração do fármaco, [C], é muito menor do que a constante de Michaelis, Km, e a equação se reduz para: Isto é, a velocidade de biotransformação do fármaco é diretamente proporcional à concentração do fármaco livre, e é observada uma cinética de primeira ordem. Isso indica que uma fração constante do fármaco é biotransformada por unidade de tempo (isto é, a cada meia-vida, a concentração se reduz em 50%). A cinética de primeira ordem também é referida como cinética linear. 2 CINÉTICA DE ORDEM ZERO – Independente da dose do fármaco. Com poucos fármacos, como o ácido acetilsalicílico, o etanol e a fenitoína, as doses são muito grandes. Por isso, [C] é muito maior do que Km, e a equação de velocidade se torna a seguinte: A enzima é saturada pela concentração elevada de fármaco livre, e a velocidade da biotransformação permanece constante no tempo. Isso é denominado cinética de ordem zero (também denominado de cinética não linear). Uma quantidade constante de fármaco é biotransformada por unidade de tempo. A velocidade de eliminação é constante e independe da concentração do fármaco. O fármaco, ele pode ou não passar por essa etapa de metabolização. É uma transformação que o nosso organismo faz com as substâncias através de reações químicas.Tudo sofre metabolização: • Substâncias endógenas (neurotransmissores e hormônios) • Substâncias exógenas (medicamentos e alimentos) Metabólitos inativos = Mais solúvel para ser excretado! Porque se eles estivessem lipossolúveis, elas estariam sendo distribuídas pelo nosso organismo. Hidrossolúveis: eles perdem a facilidade de atravessarem as barreiras das células. Todos os nossos tecidos fazem a metabolização em algum grau (do maior para o menor), não apenas o fígado. Mas quando falamos de fármaco, alguns tecidos são mais importantes que outros para a gente. Em ordem de importância: 1. Fígado 2. Pulmão 3. Intestinos Quando administramos um fármaco e ele tem que passar pelo fígado, dizemos que esse fármaco sofreu o EFEITO/METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM. Como passar pelo fígado sem sofrem ações e resultarem em metabólitos inativos? Tem como passar pelo fígado e continuarem sendo metabólitos ativos? R. Sim! Para isso surgiram o pró- fármacos. Esses pró-fármacos possuem um “disfarce” que as torna farmacologicamente inativas, mas ao passar pelo fígado, elas vão sofrer reações, onde as enzimas atuarão apenas no “disfarce”. Esses disfarces são grupos químicos colocados nas moléculas, para que quando passem pelo fígado sofra reação química (por saber de antemão as reações químicas que essas enzimas do fígado fazem), são colocados estrategicamente grupos químicos, que vão ser retirados ou transformados em uma versão que vai ter efeito – metabólitos ativos. A metabolização pode transformar os metabólitos em tóxicos e mais perigoso pra a gente. DROGA > METABOLIZAÇÃO > METABÓLITO TÓXICO REAÇÕES QUÍMICAS DA METABOLIZAÇÃO / OU REAÇÕES DA BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS – Dividimos em duas fases. Os rins não conseguem eliminar os fármacos lipofílicos de modo eficiente, pois estes facilmente atravessam as membranas celulares e são reabsorvidos nos túbulos contorcidos distais. Por isso, os fármacos lipossolúveis sao primeiramente biotransformados no fígado em substâncias mais polares (hidrofílicas), usando dois grupos gerais de reações, denominados fase I e fase II. FASE 1 As reações de fase I convertem fármacos lipofílicos em moléculas mais polares, introduzindo ou desmascarando um grupo funcional polar, como –OH ou –NH2. As reações de fase I em geral envolvem redução, oxidação ou hidrólise. A biotransformação de fase I pode aumentar ou diminuir a atividade farmacológica, ou ainda não ter efeito sobre ela. 1. Oxidação Remoção de átomos de H e/ou adição de átomos de O. 2. Redução Temos o contrário da oxidação. Adição de átomos de H e/ou remoção de átomos de O. 3. Hidrólise A Molécula é quebrada na presença de água. REAÇÕES DE FASE I UTILIZANDO O SISTEMA P450 As reações de fase I envolvidas com maior frequência na biotransformação de fármacos são catalisadas pelo sistema citocromo P450 (também denominado oxidases microssomais de função mista). O sistema P450 é importante para a biotransformação de vários compostos endógenos (como esteroides, lipídeos) e para a biotransformação de substâncias exógenas (xenobióticos). O citocromo P450, designado como CYP, é uma superfamília de isoenzimas contendo heme presentes na maioria das células, mas principalmente no fígado e no TGI. VAMOS COMENTAR UM POUCO SOBRE A FAMÍLIA - CYP NOMENCLATURA: O nome da família é indicado pelo algarismo arábico que segue a sigla CYP, e a letra maiúscula designa a subfamília; por exemplo, CYP3A. Um segundo algarismo indica a isoenzima específica, como em CYP3A4. CYP: Família 3A: Subfamília 4: Isoenzima específica ESPECIFICIDADE: Como há vários genes diferentes que codificam múltiplas enzimas, há várias isoformas P450 diferentes. Essas enzimas têm a capacidade de modificar muitos substratos estruturalmente distintos. Além disso, um fármaco individual pode ser substrato para mais de uma isoenzima. Quatro isoenzimas são responsáveis pela ampla maioria das reações catalisadas pelo P450: CYP3A4/5, CYP2D6, CYP2C8/9 e CYP1A2. Quantidades consideráveis de CYP3A4 são encontradas na mucosa intestinal, respondendo pela biotransformação de primeira passagem de fármacos como a clorpromazina e o clonazepam. VARIABILIDADE GENÉTICA: As enzimas P450 exibem considerável variabilidade genética entre indivíduos e grupos raciais. Variações na atividade de P450 podem alterar a eficácia dos fármacos e o risco de efeitos adversos. A CYP2D6, em particular, revela polimorfismo genético. Mutações na CYP2D6 resultam em capacidade muito baixa de biotransformar substratos. Algumas pessoas, por exemplo, não obtêm benefício do analgésico opiáceo codeína, porque não têm a enzima CYP2D6 que o ativa. Polimorfismos similares foram caracterizados para a subfamília CYP2C. Por exemplo, o clopidogrel tem a advertência de que os pacientes que são maus biotransformadores pela CYP2C19 têm maior incidência de eventos cardiovasculares (p. ex., choque ou infarto do miocárdio) quando usam esse fármaco. O clopidogrel é um pró-fármaco, e a ativação pela CYP2C19 é necessária para convertê-lo no metabólito ativo. Embora a CYP3A4 exiba uma variabilidade entre indivíduos maior que 10 vezes, nenhum polimorfismo foi identificado para essa isoenzima P450. INDUTORES: As enzimas dependentes de CYP450 são um alvo importante de interações farmacocinéticas de fármacos. Uma dessas interações é a indução de isoenzimas CYP-específicas. Xenobióticos (substâncias químicas que não são produzidas nem deveriam estar presentes normalmente no organismo, como poluentes ambientais) podem induzir a atividade dessas enzimas. Certos fármacos (p. ex., fenobarbital, rifampicina e carbamazepina) são capazes de aumentar a síntese de uma ou mais isoenzimas CYP. Isso resulta no aumento da biotransformação de fármacos e pode levar a reduções significativas nas concentrações plasmáticas dos fármacos biotransformados por essas isoenzimas CYP, com concomitante redução do efeito farmacológico. As consequências do aumento da biotransformação de fármacos incluem: 1) menor concentração do fármaco no plasma; 2) menor atividade do fármaco, se o metabólito é inativo; 3) aumento da atividade, se o metabólito é ativo; e 4) redução do efeito terapêutico do fármaco. INIBIDORES: inibição da atividade das isoenzimas CYP é uma fonte importante de interações de fármacos que leva a efeitos adversos graves. A forma mais comum de inibição é pela competição pela mesma isoenzima. Alguns fármacos, contudo, são capazes de inibir reações das quais nem são substratos (p. ex., cetoconazol), provocando interações. Por exemplo, o omeprazol é um inibidor importante de três das isoenzimas CYP responsáveis pela biotransformação da varfarina. Se os dois fármacos são tomados juntos, a concentração plasmática de varfarina aumenta, levando ao aumento do efeito anticoagulante e do risco de sangramentos. REAÇÕES DE FASE I QUE NÃO ENVOLVEM O SISTEMA P450 Essas reações incluem a oxidação de aminas (p. ex., oxidação de catecolaminas ou histamina), a desidrogenação do álcool (p. ex., oxidação do etanol), as esterases (p. ex., biotransformação do ácido acetilsalicílico no fígado) e a hidrólise (p. ex., procaína). FASE 2 Esta fase consiste em reações de conjugação. Se o metabólito resultante da fase I é suficientemente polar, ele pode ser excretado pelos rins. Contudo, vários metabólitos de fase I continuam muito lipofílicos para serem excretados. Uma reação subsequente de conjugação com um substrato endógeno – como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou aminoácido – produz um composto polar em geralmais hidrossolúvel e terapeuticamente inativo. Uma exceção notável é o glicuronídeo- 6-morfina, que é mais potente do que a morfina. A glicuronidação é a reação de conjugação mais comum e mais importante. (Nota: os fármacos que possuem um grupo –OH, –NH2 ou – COOH podem entrar diretamente na fase II e ser conjugados sem uma reação de fase I prévia.) O fármaco conjugado altamente polar é então excretado pelos rins ou pela bile. 1. Conjugação Com + “alguma coisa”, que no caso dos fármacos normalmente é o ácido glicurônico. A fase 1 é importante pois gera locais de ataque para que as enzimas façam as suas reações na fase 2, que são consideradas reações de síntese em que se é adicionado grupos maiores na molécula. Alguns medicamentos podem passar pela fase 1 ou pela fase 2. Mas se passarem pelas duas fases, eles seguem a sequência. Na fase 1 a super-família de enzimas que atuam é CITOCRMO P450. As famílias e sub-família começam com CYP + NÚMERO. FATORES QUE VÃO INFLUENCIAR A METABOLIZAÇÃO IDADE Principalmente se eu estiver falando de idosos e crianças. Os primeiros metabolizam mais lentamente, e vão ter dificuldade para conseguir ativar as drogas, logo pode ser necessário doses menores. E crianças podem receber doses menores, porque não possuem o fígado totalmente maduro. DOENÇAS NO FÍGADO Pois a capacidade de metabolização diminui, e por isso é necessário ajustes na dose. TOLERÂNCIA Ao tomar medicamentos com frequência, o fígado acaba produzindo enzimas mais especificas para metabolizar essa substância mais rapidamente. Por isso se aumenta a dose para conseguir o mesmo efeito de antes. MEIA-VIDA O tempo que essa droga leva para atingir a metade da concentração máxima. Esse tempo determina quando você vai tomar a próxima dose, mantendo concentrações eficaz ao longo de 24hs. AULA DA PROFESSORA: TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA (BIOTRANSFORMAÇÃO = CLEARENCE METABÓLITO) PROCESSO DE CLEARANCE HEPÁTICO A sua função é facilitar a eliminação, dessa forma, é tornar s compostos mais hidrossolúveis. O fígado nem sempre é um órgão de desintoxicação, pois pode ser transformado em um organismo tóxico ou sem atividade para o organismo. O processo de Biotransformação vai acontecer no fígado, mas pode ocorrer em outros órgãos. Quando o sangue passa pelo tecido hepático, a fração livre vai para dentro do fígado, e se os fármacos que estão associados às proteínas plasmáticas, tiverem afinidades pelas proteínas hepáticas que funcionam como enzimas, dizemos que este medicamento possui elevado grau de afinidade pelas enzimas hepáticas, isso facilita a eliminação. Alto grau de eliminação hepática, variando de 0 a 1. Coeficiente de extração menor 0 0,3 ou maior 0, 0,7. METABOLISMO DE FÁRMACOS (Onde encontramos essas enzimas “que vão metabolizar”: Retículo endoplasmático e citosol) • Reaçãos da Fase I: Oxidação, Redução e Hidrólise. Ocorre perdas ou ganhos de elétrons. Inserem agrupamentos que conferem a hidrossolubilidade, grupamentos hidroxílicos, sulfídricos ... : • Reações da Fase II: Conjugação. Conjuga a molécula do fármaco, a uma outra molécula produzida endogenamente, ex.: ácido glicurônico e glutatio. Quando conjugado a essa molécula a torna mais hidrossolúvel. Normalmente a I precede a II. • Fase I Forma composto biologicamente ativos ou tóxicos • Fase II Anula o efeito tóxico formado pela fase I. Exemplo: - Da aspirina, submetidas na fase I gerando o ácido salicílico é que é um metabólico altamente tóxico para o organismo, então ele é conjugado na fase II e se transforma em ácido glucurónico, sem atividade tóxica, nem farmacológica, sendo mais hidrossolúvel e assim é eliminada. - O sistema de monooxigenases Formado por multi-enzimas, que tem como enzima terminal citocromo P450. Envolvido no metabolismo de uma quantidade enormes de fármacos. Apresenta várias isoformas. Pró-drogas: Inativas na sua origem e precisam sofrer alguma reação químicas para se tornar ativa. Existem mais de 50 isoformas, 7 são muito importantes, mas a professora destacou a: CYP3A4: É uma Isoforma, envolvidas no metabolismo de, em torno, de 50 fármacos. É a mais conhecida. Polimorfismos genético: variações genéticas. Pessoas que apresentam isso, e tem que fazer ajuste de posologia para alterar a dosagem do medicamento. Deve fazer tipagem genética, pois muitos fatores podem estar envolvidos para diminuir o tempo de meia vida de um medicamento. Pode metabolizar mais ou menos, rápido ou mais lento. Se o metabolismo é lento o tempo de meia vida é maior, e se for rápido o tempo de meia vida é menor. FATORES MODIFICADORES • Genéticos (polimorfismo) • Fisiológicos (peso corporal, por ex.) • Farmacológicos: Indutores Enzimáticos: acelerar a metabolização deles próprios e dos medicamentos concomitantemente, promover a aceleração de todas as enzimas envolvidas na metabolização dele próprio ou de outros, indução enzimática é mais lenta para aparecer, 1 semana, 10 dias... pode interferir no efeito, em sua duração por ex, e logo na eliminação desse também. Inibidores Enzimáticos, desacelara o metabolismo no tecido hepático. A inibição é pontual, 2 ou mais farmácos podem competir pela mesma enzima, por isso é rápida para identificar, o que tem mais afinidade, age mais rápido e detectamos. INDUTORES ENZIMÁTICOS: (não precisa decorar) • Barbitúricos • Anti-depressivos tricíclicos • Carbamazepina • Etanol (acelera a metabolização, por isso não pode ser administrado junto a um medicamento) • Fenitoína • Rifampicina CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS • Falsa tolerância (porque tem um inibidor enzimático, não é tolerância) • Ineficácia farmacológica, porque p efeito não acontece devido a presença do indutor enzimático, isso é uma falsa tolerância. • Metabólitos Tóxicos • T1/2 (o tempo diminuir porque está sendo muito mais metabolizado) • Adaptação posológica (Warfarin), sem o indutor, por ex. É necessária essa adaptação. Função da biotransformação: Facilitar a eliminação de fármacos O índice leva em consideração o tempo. INIBIDORES ENZIMÁTICOS (não decorar) Competir com o mesmo sítio da enzima, não altera a produção da enzima como o indutor enzimático. • Ácido Valproico • Cimetidina • Eritromicina • Isoniazida • Furosemida • Propanolol • Cloranfenicol CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS • Intensidade do efeito (Tolbutamina) – aumenta a intensidade, visto que ele não está sendo mais metabolizando e pode passar da CMT. • T1/2 – vai diminuir. Se for uma pró-droga, não vai acontecer nada ou efeito dela vai ter pouco benefício, pois ela precisa dessa enzima para se tornar efetiva. • Efeitos adversos/colaterais • Adaptação posológica – sempre que possível for tirar quem está induzindo/inibindo, caso não consiga retirar nenhum, deve aumentar ou diminuir a dose/tempo. Suco de uva, toranga, bebidas, alimentos... podem fazer a ação de inibição ou indução. MODIFICAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS • Recém-nascido e lactente • Idoso • Insuficiências Renal • Insuficiência Hepática CURVA DE GAUSS: Por isso existe as dosagens de acordo com as idades. A intervenção de um clínico na doença envolve duas facetas importantes- diagnóstico e terapia. Independentemente de ser uma doença sistêmica ou infecciosa, o diagnóstico é um pré-requisito obrigatório. ESQUEMA POSOLOGICO • Atividade/toxidade: dose mínima eficaz, dose tóxica, índice terapêutico, efeitos colaterais, relação doce/resposta • Farmacocinéticos: absorção, distribuição e eliminação • Fatores clínicos: peso, idade, outras doenças, aceitação do paciente. Outros fatores:tolerância- dependência, interações, medicamentosas, fatores genéticos.