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Professor(a) Me. Márcia Gomes E. da Luz
PSICOMOTRICIDADE: 
ASPECTOS TEÓRICOS E 
PRÁTICOS
2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da 
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 Vitor Amaral Poltronieri
 ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz 
 DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos
 Pedro Vinícius de Lima Machado
 Thassiane da Silva Jacinto
 FICHA CATALOGRÁFICA
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
 L979p Luz, Márcia Gomes E. da
 Psicomotricidade: aspectos teóricos e práticos / Márcia Gomes
 E. da Luz. Paranavaí: EduFatecie, 2024.
 43 p.: il. Color.
 
 1. Psicomotricidade. 2. Capacidade motora em crianças.
 3. Capacidade motora e inteligência. I. Centro Universitário
 UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD: 23. ed. 155.4123
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
As imagens utilizadas neste material didático 
são oriundas do banco de imagens 
Shutterstock .
3
AUTORA
Especialista em Psicologia e Doutoranda em Educação pela Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Coordenadora do curso de estágios e docente do curso de 
Psicologia de uma Instituição de Ensino Superior. Professora de pós-graduação presencial 
e semipresencial e ministrante de palestras e cursos de capacitação para professores.
Informações e contato:
 Currículo Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/9106813768384390
Professor(a) Me. Márcia Gomes E. da Luz
http://lattes.cnpq.br/9106813768384390
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APRESENTAÇÃO
Olá, Caro (a) Aluno (a)!!
É um grande prazer tê-lo por perto. Espero que juntos possamos conhecer um pouco 
mais sobre a Psicomotricidade, uma área do conhecimento que vem crescendo a cada dia 
mais. Estudos sobre este tema tornam-se de grande importância para profissionais que 
almejam trabalhar com o desenvolvimento infantil numa perspectiva da Psicomotricidade. 
Nossa disciplina buscou apre- sentar sobre a importância da psicomotricidade, suas 
implicações e os ganhos acarretados ao desenvolvimento infantil. Ela foi desenvolvida da 
seguinte for- ma: Na primeira Unidade apresentamos os conceitos históricos da Psicomotri- 
cidade e a importância do afeto. Na segunda Unidade, falamos sobre os ele- mentos básicos 
da Psicomotricidade. Na terceira Unidade, apresentamos a im- portância das relações 
interpessoais e a Psicomotricidade. E na quarta e última Unidade, discorremos sobre a 
importância da Psicomotricidade em crianças com idade pré-escolar.
Bem, Caro (a) aluno (a), nossa disciplina é composta por essas temáticas. Espero 
que você goste e aproveite bastante.
Boa leitura e um ótimo estudo!!!
5
SUMÁRIO
Psicomotricidade na Pré-Escola
A Importância das Relações para o 
Desenvolvimento Infantil
Psicomotricidade e seus Elementos Básicos
Psicomotricidade: Considerações históricas
e a Importância do afeto
Professor(a) Me. Márcia Gomes E. da Luz
PSICOMOTRICIDADE: 
CONSIDERAÇÕES 
HISTÓRICAS E A 
IMPORTÂNCIA DO 
AFETO1UNIDADEUNIDADE
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Caro (a) Aluno (a), o termo psicomotricidade tem sua origem no grego e no latim. 
Em que psyché (grego) significa “alma” e o verbo moto (latim) significa “mover, agitar 
fortemente”. Para a Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP), ela é uma concepção 
de movimentos integrados e organizados, por meio das experiências vividas pelo indivíduo, 
cuja ação é resultado de sua subjetividade, linguagem e socialização (OLIVEIRA, 2017).
A psicomotricidade originou-se da palavra “psicomotor”, criada por um médico 
francês chamado Phellipe Tissié (1852-1935) no final do século XIX, “que o lançou para 
designar a área cortical correspondente à junção entre as funções do pensamento e do 
movimento corporal, ou seja, o córtex frontal do cérebro” (OLIVEIRA, 2017, p. 16). A 
psicomotricidade passou a existir enquanto área de investigação científica e intervenção 
profissional nas primeiras décadas do século XX. Seu pioneiro foi o neurologista francês 
Ernest Drupé (1862-1921).
Dupré utilizou o termo psicomotricidade pela primeira vez no ano de 1909, ao estudar 
a “Síndrome da debilidade motora” e na sequência estudou a “Síndrome da debilidade 
mental”. Dupré denominou seu estudo de “Psicomotricidade da criança”. Levin (1995, apud 
Oliveira, 2017, p. 16) nos informa sobre a última Síndrome mencionada:
Foi caracteriza por Drupé como um estado patológico congênito da motilidade, 
frequentemente hereditário, caracterizado pelo exagero dos reflexos 
tendinosos, perturbação do reflexo da planta do pé, sincinesia, torpeza dos 
movimentos voluntários e, finalmente, por uma variedade hipertonia muscular 
difusa em relação aos movimentos intencionais e que têm impossibilidade de 
realizar voluntariamente resolução muscular.
HISTÓRICO DA 
PSICOMOTRICIDADE1
TÓPICO
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
8
Podemos compreender Caro (a) Aluno (a) que neste contexto já existia uma visível 
relação entre anomalias motrizes e anomalias psicológicas, fato este que contribuiu para a 
formulação do termo psicomotricidade.
Oliveira (2003) pontua que desde a Antiguidade é possível observarmos indícios 
de preocupação com esta temática. Aristóteles (filósofo grego) já proclamava um primórdio 
de pensamento psicomotor ao enfatizar sobre a importância da ginástica para um melhor 
desenvolvimento doespírito. Compreendia que o homem era constituído de alma e corpo, 
sendo que a primeira deveria comandar. Ele valorizava muito a ginástica porque considerava 
que ela era essencial para a educação do corpo. A ginástica deveria ser praticada até o 
período da adolescência para não prejudicar o desenvolvimento do espírito. Ele advertia 
que a ginástica deveria ser algo mais do que apenas exercício pelo exercício. O jovem 
deveria procurar o melhor exercício para seu tipo de temperamento.
A psicomotricidade teve influência da visão dualista cartesiana, que compreendia o 
homem como ser fragmentado entre mente e corpo. Para o filósofo René Descartes o corpo 
era separado da mente e consequentemente do pensamento. Aos poucos essa concepção 
foi modificando e sendo trocada pela ideia de que o homem era um ser global e por isso por 
meio dos movimentos corporais demonstraria seus sentimentos.
No século XX, na França, os estudos sobre a psicomotricidade foram impulsionados 
após aparecerem distintas linhas de pensamentos, entre elas: Psico- pedagogia, Biomedicina 
e Psicanálise. No início, esta área esteve fortemente vinculada à biomedicina já que a 
motricidade humana está diretamente ligada à maturação. Por muitos anos a psicomotricidade 
compreendia que havia o mesmo padrão de maturação para todas as pessoas. A partir 
dessa ideia, vários testes que mensuravam a maturação foram desenvolvidos. Alguns 
autores foram fundamentais para a desvinculação entre psicomotricidade e biomedicina, 
entre eles: Dupré, conforme já mencionado, Piaget, Wallon e Guilmain.
Com o passar dos tempos outros profissionais foram se interessando pela 
psicomotricidade: psicólogos, pedagogos e professores de educação física. Em meados 
da década de 70, estudiosos começaram a conceituá-la como uma motricidade relacional. 
Neste momento, mente e corpo foram sendo considerados indissociáveis. Os aspectos 
físicos e psíquicos passaram a ser trabalhados em conjunto. Ela passou de uma perspectiva 
clínica para outra educativa.
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
9
A seguir mencionaremos outros dois estudiosos que se destacaram na História 
da Psicomotricidade. Eles influenciaram não somente a Europa, mas também a América, 
especialmente a América Latina, foram eles: André Lapierre e Bernard Aucouturier:
QUADRO 1: HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE. FONTE: OLIVEIRA (2017, P. 19)
André Lapierre: É considerado o pai da psicomotricidade relacional, pois foi a partir de 
seus trabalhos, na década de 1970, que essa vertente surgiu na França. Em um primeiro 
momento, trabalhou com reeducação psicomotora de crianças que apresentavam 
“inadequação escolar”. Com base nessa experiência, Lapierre propôs que os problemas 
emocionais seriam uma das causas do fracasso escolar.
Bernard Aucouturier: Ao lado de Lapierre, é também considerado o criador da 
psicomotricidade relacional. Formou-se em Educação Física em 1959. Em 1961, foi 
nomeado professor de um liceu em Lyon. Teve início, então, seu interesse em relação a 
reeducação de crianças surdas. Em 1962, tornou-se professor do Centro de Reeducação 
Física de Tours, que acolhia crianças que apresentavam distúrbios morfológicos e 
funcionais e graves distúrbios de comportamento. Foi então que Aucouturier iniciou sua 
prática psicomotora nos campos educativo e terapêutico.
Sob a influência desses dois profissionais da educação física, a psicomotricidade 
passou por três períodos, entre eles: “continuador, inovador e ruptura”.
• Período continuador: É caracterizado pela primeira vertente utilizada pelos 
autores. Suas publicações apresentavam uma linha teórico-metodológica 
funcionalista, como campo de estudo e prática pedagógica. Neste período 
PERÍODOS DA 
PSICOMOTRICIDADE2
TÓPICO
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
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as crianças realizavam testes de avaliação do perfil psicomotor. A partir dos 
resultados obtidos, eram indicados exercícios às famílias para desenvolver as 
capacidades e habilidades da criança. O trabalho desenvolvido focava os déficits 
da criança e não suas potencialidades. Nesse período, outros pesquisadores 
tiveram importância significativa: Jean Le Boulch, Pierre Vayer e Louis Picq.
• Período inovador: Neste período ocorreu uma evolução na linha relacional. 
Lapierre e Aucouturier consideravam que a psicomotricidade funcional não era 
adequada quando se relacionava a educação e a reeducação. Esses autores 
postulavam suas teorias baseando-se na prática psicomotriz tanto em criança 
como adultos. Essa nova concepção era exclusividade desses dois autores, os 
demais continuavam a trabalhar com enfoque funcional. Eles observavam que 
seus alunos apresentavam melhoras após as relações afetivas estabelecidas com 
o facilitador. Nesse período o trabalho focava nas potencialidades dos alunos.
• Período de ruptura: Os trabalhos de Lapierre e Aucouturier acabaram tendo 
seus trabalhos distanciados. Aucouturier defendia a capacidade do jogo sensório-
motor e Lapierre compreendia que o adulto intervém no jogo simbólico da criança.
Podemos perceber que muitos pesquisadores se interessaram e ainda se interessam 
pelo estudo da psicomotricidade. Oliveira (2003) adverte que muito se tem escrito sobre 
sua importância e significado. Esta apresenta mais dois autores que estudaram o assunto 
de forma bastante esclarecedora, embora em perspectivas de áreas distintas: O primeiro 
foi Merleau-Ponty (1971) que com uma visão muito específica, supera a divisão dualista 
entre mente e corpo. Para ele, o homem é uma realidade corporal, é seu próprio corpo. 
Chamava de subjetividade encarnada. Compreendia que na ação a espacialidade do corpo 
se completava e uma análise do movimento se fazia necessária.
O segundo autor, mencionado por Oliveira (2003) é Harrow (1972) que fez um 
estudo sobre o homem primitivo, enfatizando como sua sobrevivência estava vinculada ao 
desenvolvimento psicomotor. As atividades básicas da vida eram pesca, caça, colheita e só 
se tornavam possíveis pela capacidade psicomotora do sujeito. Necessitavam de destreza, 
coordenação, força e velocidade para sua sobrevivência.
Atualmente o homem também necessita dessas habilidades, embora tenha evoluído 
a ponto de uma melhor adaptação ao meio. Mesmo assim necessita de boa percepção 
auditiva e visual, lateralização, faculdade de simbolização, poder de concentração, entre 
outros elementos da psicomotricidade.
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
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Os primeiros trabalhos desenvolvidos no Brasil foram realizados por professores 
de Educação Física. Eles lutaram para que a psicomotricidade se tornasse disciplina 
obrigatória nos currículos de seu curso e também nos de pedagogia. Até então ela era 
aplicada somente à área clínica e reeducativa. Outro pesquisador que contribuiu com os 
estudos e a evolução da psicomotricidade no Brasil foi Airton Negrine. Este mudou do 
partido da linha funcionalista para um defensor da relacional. Hoje atua em espaços abertos 
e fechados com crianças e adultos.
A psicomotricidade deve buscar estratégias que impulsionam o desenvolvimento 
de alunos com dificuldades. É importante que se observe a todo instante o que o aluno 
quer dizer por meio de seu corpo. Nesse sentido, a observação e escuta são essenciais. 
Prefere-se adotar os termos “brincar e atividade lúdica”. Considera que a criança brinca 
com os objetos a sua volta desde os primeiros anos de vida. Passa de brincadeiras simples 
até atividades mais complexas e elaboradas como jogos, dança, etc.
Outro fator que influenciou os estudos da psicomotricidade no contexto educacional 
no mundo, inclusive posteriormente no Brasil, foi a classificação de inteligência. Ela teve 
sua gênese na concepção cartesiana sobre o ser humano. Esse método propunha que o 
homem fosse qualificado com base em um padrão de homem e inteligência na sociedade. 
Os testesde Binet e Simon, no início do século XX, determinavam se o indivíduo estava 
apto ou não a ir à escola.
Esse foi o motivo pelo qual muitos alunos foram encaminhados à escola especial. 
Nesse contexto, se classificava o aluno por “falta” de inteligência e não por suas capacidades.
O DESENVOLVIMENTO DA 
PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL3
TÓPICO
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
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As classes especiais passaram a aumentar significativamente e o ensino regular 
não tinha preocupação com a defasagem do aluno, uma vez que esta era vista como sendo 
de origem orgânica. Inicialmente era a área de medicina que se envolvia com a educação do 
indivíduo. Durante certo tempo, os neurologistas se ocuparam das causas dos distúrbios de 
aprendizagem, mas aos poucos foi percebendo que não conseguiam encontrar respostas 
para todas as causas dos distúrbios de aprendizagem. Passaram a perceber que as 
dificuldades de aprendizagem não estavam relacionadas somente às disfunções cerebrais 
e que outros fatores também estavam envolvidos. Que as pessoas tinham suas diferenças 
e cada um apresentava suas causas distintas.
Sabemos hoje que as dificuldades estão ligadas a vários aspectos, como: 
emocionais, cognitivos e motores. A psicomotricidade que considera a importância do corpo 
em movimento trouxe uma contribuição significativa para os estudos voltados à construção 
da aprendizagem. Ela está vinculada ao movimento, ao intelecto e ao afeto. Relaciona-se 
a processos maturacionais, onde o corpo é o espaço onde surgem as aquisições afetivas, 
cognitivas e orgânicas, segundo Oliveira (2017).
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
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Wallon considerava que o aspecto afetivo era essencial como sendo anterior a 
todo tipo de comportamento. Compreendia que existe uma evolução corporal e tônica 
denominada pelo “diálogo corporal” e que constitui o “prelúdio da comunicação verbal”. 
Essa comunicação corporal é essencial para a psicomotora. A ação tem papel fundamental 
na estruturação cortical e da representação.
Desta forma, o movimento tem papel significativo. Primeiramente a criança apresenta 
hipertonicidade global e agitação motora, o que acarreta uma relação desorganizada com o 
meio. Aos poucos, começa a se expressar por meio dos gestos que estão diretamente ligados 
ao afeto e que servem como escape das emoções vividas. Posteriormente este mundo de 
emoções dará origem a um mundo de representações. O movimento aparece depois como um 
elemento básico de reflexão do sujeito fundamentando numa relação sociocultural.
É por meio do movimento que a criança integra a relação das primeiras formas de 
linguagem, o simbolismo. A significação evolui com a maturidade motora e a corticalização 
contínua. Nesse sentido, é de extrema importância a representação simbólica da criança 
para a psicomotricidade.
UMA CAMINHADA É UMA ATIVIDADE PSICOMOTORA?
A resposta certa é: “depende”.
Se a pessoa realiza uma caminhada sem estar consciente, ou seja, sem perceber o movimento de 
seu corpo, ela estará realizando uma atividade motora (que não deixa de ser benéfica à saúde), no entanto, 
não uma atividade psicomotora. Para que uma caminhada seja considerada atividade psicomotora ela deve 
estar associada à percepção, ou seja, andar e perceber o movimento de seu corpo.
SAIBA
MAIS
PSICOMOTRICIDADE E A 
IMPORTÂNCIA DO AFETO4
TÓPICO
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
14
A representação mental do movimento é, a princípio, uma representação do 
deslocamento dos objetos em relação ao corpo; depois, a visualização de seus próprios 
deslocamentos, segundo os eixos do espaço e numa certa direção. Mas o corpo humano é 
um conjunto de segmentos articulados; assim, ele não se desloca em bloco, como um projétil, 
mas de maneira descontínua com a tomada de uma série de apoios globais ou parciais que 
constituem outros tantos tempos sucessivos, verdadeiros divisões naturais do movimento.
A representação mental de um movimento, indispensável ao ajustamento com 
representação mental, supõe a visualização das atitudes sucessivas, segundo seu 
desenvolvimento rítmico. A percepção e a memorização das estruturas rítmicas são, 
portanto, um apoio funcional indispensável.
Texto retirado do livro: Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. 
Jean Le Boulch, Porto Alegre: Artes médicas,1987
LEITURA COMPLEMENTAR
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
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MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME/VÍDEO
• Título: “O Garoto Selvagem”
• Sinopse: Discorre sobre um menino que foi capturado aos 11 
anos de idade em uma floresta. Ele havia sido criado por lobos 
e era incapaz de falar, andar, ler, escrever. Foi atendido por um 
médico que buscou desenvolver seu potencial cognitivo para que 
conseguisse adquirir as habilidades próprias do ser humano.
Trata-se de um filme muito interessante para refletirmos sobre a 
capacidade magnífica da plasticidade do cérebro humano.
PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E A IMPORTÂNCIA DO AFETOUNIDADE 1
Professor(a) Me. Márcia Gomes E. da Luz
PSICOMOTRICIDADE 
E SEUS ELEMENTOS 
BÁSICOS2UNIDADEUNIDADE
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Para que o educador possa realizar um trabalho com a psicomotricidade é essencial 
que conheça seus elementos. Somente assim, compreenderá qual área psicomotora seus 
alunos apresentam habilidades e/ou déficits que devem ser devidamente considerados e 
analisados caso a caso. São eles: coordenação motora, fina e óculo-manual; esquema 
corporal; lateralidade; estruturação es- pacial; estruturação temporal; discriminação visual 
e auditiva. Na sequência, discorreremos sobre cada um deles.
1.1 Esquema corporal
Meuer e Staes (1991) enfatizam que o esquema corporal é um elemento 
indispensável na formação da personalidade da criança. É a forma como ela vê e sente 
seu próprio corpo. Ela se percebe e percebe tudo ao seu redor tendo como referência sua 
pessoa. Ela desenvolverá sua personalidade com base na gradativa consciência de seu 
corpo, de suas possibilidades de ser e agir no mundo a sua volta. Ele se sentirá bem à 
medida que tem domínio sobre seu corpo, se conhece bem e pode utilizá-lo não somente 
para se movimentar, mas também para agir.
Para que uma criança possa agir através de seus aspectos psicomotores, 
psicológicos, cognitivos, emocionais e sociais ela necessita de um corpo organizado. Essa 
organização possibilita que ela descubra diversas formas de ação e, por isso, precisa levar 
em consideração os aspectos mecânicos, anatômicos, neurofisiológicos e locomotores, 
explica Oliveira (2003).
ELEMENTOS BÁSICOS
DA PSICOMOTRICIDADE1
TÓPICO
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
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A estrutura espaço-temporal se fundamenta nas bases do esquema corporal. Uma 
criança que não se reconhece, dificilmente conhecerá o espaço a sua volta. Desta forma, 
a psicomotricidade deve trabalhar primeiramente essa estrutura para depois a estruturação 
temporal e espacial. A maneira como o indivíduo se expressa com o corpo traduz sua 
disposição em relação a sua volta. Esse aspecto psicológico deve auxiliar o educador a 
identificar melhor as perturbações provenientes de fatores afetivos.
A criança com boa percepção de seu corpo fará uma transposição de suas 
descobertas. Gradativamente localizará as pessoas, objetos, acontecimentos em relação a 
si próprio e depois aos outros.
O desenvolvimento do esquema corporal passa por algumas etapas. A primeira é 
o “corpo vivido”. Nesta fase, a criança faz exercícios motores em forma de jogos. Essas 
atividades vão passando de espontâneas (que usa em seus brinquedos) para outra integrada 
(respondendo a orientações verbais, como: “Ande! Corra! Pule!), a sensações (parada, 
equilíbrio, etc.), até chegar a uma representação nítida (andar de cócoras, etc.). A segunda 
etapa é do conhecimento das partes de seu corpo. Nesse momento a criança passaa 
tomar consciência de cada segmento corporal. Ocorre de forma interna (sente cada parte 
do corpo) e externa (olhando no espelho, vendo em outra criança ou figura). Aqui a criança 
consegue apontar, nomear partes de seu corpo e ter uma percepção tátil.
A terceira etapa é a da orientação espaço-corporal. Nessa fase ela passa a uma 
atividade sensorial mais elaborada. Associa componentes do corpo a objetos da vida 
cotidiana, passa a ter uma compreensão mais analítica do espaço dos gestos, ou seja, 
compreende as distintas posições das partes do corpo. A quarta e última etapa é a de 
organização espaço-corporal. Nessa fase a criança consegue exercitar todas as partes do 
corpo. Conhece todas as partes do corpo, as posições. Movimenta-se de forma analítica, 
sintética. Conseguirá descrever um movimento, situações reflexivas sobre atitudes e 
expressões de um personagem, expressar-se por meio de um desenho e compreender o 
diálogo corporal, cita Meuer e Staes (1991).
Oliveira (2003) frisa que é comum encontrarmos crianças que não possuem 
conhecimento de seu próprio corpo. Tem dificuldade para representar e nomear as partes 
do corpo. Confundem ou não localizam as partes. Não percebem a localização de seus 
membros e como consequências acabam fazendo desenhos da figura humana pobre. Podem 
apresentar dificuldades de locomoção e em se situar no tempo. Podem ter dificuldades 
para abotoar roupa, jogar bola, andar de bicicleta. Confundem noções de espaço como: 
cima, baixo, lado, etc. Dificuldade para diferenciar direita e esquerda. Na escrita podem não 
obedecer aos limites da linha, chegando a ter dificuldades nas relações pessoais e com o 
meio e consequentemente mau desenvolvimento da linguagem.
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
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1.2 Lateralidade
A lateralidade é a tendência que o ser humano tem de usar um lado preferencialmente 
ao outro lado do corpo, em três níveis: olho, mão e pé. Existe uma predominância em um 
dos lados, o qual apresenta força muscular, rapidez e precisão. Este lado inicia e executa 
a atividade principal, no entanto, um complementa o outro, uma vez que nenhum funciona 
de forma isolada. Um exemplo bastante claro é uma pessoa que está pregando um prego 
na parede. Sua mão auxiliar segura o prego e a outra, com força muscular e precisão bate 
o martelo ou quando alguém escreve algo em uma folha de papel, a mão segura a folha e a 
outra escreve, entre outros inúmeros exemplos, como: bordar, atirar em um alvo, dar cartas 
de baralho, etc., explica Oliveira (2003).
Meuer e Staes (1991), enfatizam que não podemos confundir lateralidade 
(dominância de um lado sobre o outro no que diz respeito à precisão e força) e conhecimento 
“direita-esquerda” (conhecimento dos termos “direita” e “esquerda”). O conhecimento do 
conceito “direita-esquerda” provém da dominância lateral. É a percepção generalizada do 
eixo corporal, em relação ao que cerca a criança. Esse tipo de conhecimento se tornará mais 
fácil de ser adquirido quanto mais homogênea e acentuada for a lateralidade da criança.
Se a criança trabalha com mais facilidade com determinada mão, saberá se ela é 
a direita ou a esquerda. Do mesmo modo, em caso de lateralidade cruzada, a criança irá 
confundir facilmente os termos, uma vez que ora é mais forte do lado direito (ex: o pé) e ora 
mais o lado esquerdo (ex: a mão).
Esse conhecimento faz parte da estruturação espacial. Refere-se à situação das 
coisas e seres, mas também está associada à noção de dominância lateral. Só ocorre aos 
4 ou 6 anos de idade e a possibilidade de reconhecer a mão direita ou esquerda na outra 
Vivemos em uma era marcada significativamente pela tecnologia. A cada dia que passa nossas 
crianças estão tendo acesso aos meios tecnológicos mais cedo. É comum vermos crianças que ainda nem 
adquiriram a linguagem manu- seando jogos eletrônicos, assistindo vídeos por aparelhos celulares, etc. 
Crian- ças que não brincam mais na terra e nem na rua, não sobem mais em árvores, enfim, passam a 
maior parte do tempo executando atividades que não neces- sitam de uma movimentação corporal. Então, 
devemos refletir: “Como faremos para desenvolver as áreas psicomotoras de nossas crianças, uma vez que 
são essenciais para o processo de ensino e aprendizagem?”
Precisamos inovar!!!
REFLITA
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
20
pessoa, habilidade chamada de reversibilidade, não pode ser adquirida antes dos 6 anos 
ou 6 anos e meio.
Quando a criança apresenta mal lateralização ou lateralidade cruzada vários efeitos 
negativos podem ocorrer, dentre eles: dificuldade em aprender a direção gráfica; aprender a 
noção de direita e esquerda; pode não perceber o eixo do próprio corpo; comprometimento 
na leitura e escrita (ritmo da escrita mais len- to); má postura; dificuldade de coordenação 
motora fina; dificuldade de discri- minação visual; sincinesias; distúrbios da linguagem e 
sono; baixa autoestima; perturbações afetivas, entre outros, segundo Oliveira (2003).
1.3 Estruturação espacial
A estruturação espacial é imprescindível para que o homem viva em sociedade. 
É por meio dela que nos situamos em nosso meio, estabelecemos relações entre coisas, 
comparando-as, observando semelhanças e diferenças, entre outros fatores essenciais. 
Por intermédio da comparação constatamos as características comuns e as não comuns 
entre as coisas que nos permite classificarmos e chegamos aos conceitos dos objetos. Ela 
permite a tomada de consciência do seu corpo em relação ao ambiente, ou seja, relacionar 
às pessoas a coisas, tomada de consciência entre os objetos entre si, organizar-se perante 
o mundo que o cerca; organizar objetos e/ou outros elementos entre si; colocá-las em 
lugares distintas, movimentá-las.
A estruturação espacial não nasce com o sujeito. É uma elaboração e construção 
mental que ocorre por meio de movimentos em relação aos objetos do meio. “Desde muito cedo 
a criança escolhe e ordena seus objetos. Ela veste-se, come, brinca, coloca e amarra o sapato. 
Estes atos de seu dia-a-dia obrigam-na a executar gestos diferenciados para sua realização. 
Essaordenação já envolve atividades concretas de classificação” (FONSECA, 2011, p. 78).
Para que a criança perceba os objetos ao seu redor deve ter uma boa imagem 
corporal, já que usa seu corpo como referência. Ela aprende o espaço por meio de sua 
movimentação de si em torno do mundo. Para uma exploração motora é necessário pegar 
objetos, jogá-los, agarrá-los, colocar dentro e fora, etc.
A organização deste elemento psicomotor ocorre por volta dos 8 ou 9 anos, época 
em que é capaz de situar esquerda e direita sobre os objetos em relação a um ponto 
de vista externo. A orientação espacial possibilita à criança organizar-se diante do mundo 
que o cerca, prevendo e antecipando os fatos em seu meio. São inúmeros os motivos 
que prejudicam o desenvolvimento da criança, dentre eles: limitação do desenvolvimento 
cognitivo, crianças privadas de oportunidades de manipular objetos a sua volta, que não 
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
21
desenvolveram a noção de esquema corporal, que não desenvolve a lateralidade, déficit na 
função simbólica, dificuldade de representação mental.
1.4 Estruturação temporal
A noção de espaço e tempo estão diretamente ligadas. O corpo se movimenta, se 
coordena em função do tempo e um sistema de referência. Por este motivo, muitas vezes 
nos referimos à orientação espaço-temporal.
Vivemos em um tempo dinâmico, onde o “fluxo” do tempo perpassa pelas noções 
de presente, passado e futuro. Isso significa que este fluxo de tempo permite compreender 
que os acontecimentos passados são conhecidos, os do presente são experimentados 
imediatamente e os do futuro podem ser previstos, mas são desconhecidos. Nesse sentido, 
o fluxo é contínuo: o futuro passa pelo presente e se torna passado.
Piaget (s/d, apud OLIVEIRA, 2003, p. 86) afirma que nos defrontamoscom três 
situações em relação a nossa noção de tempo: “o tempo está ligado à memória ou a um 
processo causal complexo, ou a um movimento bem delimitado”. A memória possibilita uma 
reconstituição do passado que faz apelo à causalidade no momento em que relaciona dois 
acontecimentos interligados entre si. Para captar o tempo é imprescindível que se dirija às 
operações de ordem causal.
Podemos dizer que a estruturação temporal é a habilidade de situar-se em função: 
da sucessão do que acontece (antes, durante e depois); da duração dos intervalos (uma 
hora, um minuto); noção de ritmos regulares (freada, aceleração); cadência lenta e rápida 
(diferença entre andar e correr); mudança cíclica de períodos (dias da semana, estações 
do ano); caráter irreversível do tempo (já passou, etc.).
Noções de tempo são muito abstratas e de um nível de dificuldade de compreensão 
maior. A criança consegue compreender a estruturação temporal por volta dos quatro ou 
cinco anos de idade. Para que uma criança aprenda a ler é preciso que domine o ritmo, 
sucessão de sons, diferenciação de sons, memorização auditiva, reconhecimento das 
frequências e duração dos sons. Desta forma, este elemento da psicomotricidade também 
é imprescindível para a aprendizagem da criança, explica Oliveira (2003).
1.5 Coordenação motora global, fina e óculo-manual
Para que uma pessoa manipule objetos de sua cultura necessita ter algumas 
habilidades essenciais. Precisa ser capaz de se movimentar com desenvoltura, equilíbrio e 
habilidade, ter domínio do gesto e instrumento (coordenação motora fina). Tais movimentos 
exigem uma maturação do “sistema nervoso central” (SNC), pois necessitam de movimentos 
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
22
desde os menos até os mais complexos, que são possíveis pelas contrações musculares, 
controladas pelo SNC.
A coordenação global está relacionada a atividades que envolvem grandes 
músculos. Ela depende da potencialidade de equilíbrio postural do sujeito. Por meio do 
movimento e experimentação, ele busca seu eixo corporal, e adquire um equilíbrio cada 
vez melhor. Quanto mais equilíbrio o indivíduo adquire, menos energia será dispensada na 
atividade e mais coordenadas serão suas ações. Essa coordenação possibilita ao sujeito a 
aquisição de dissociação de movimentos, o que garante que tenha múltiplos movimentos 
ao mesmo tempo. Por exemplo: quando alguém toca piano, uma mão executa a melodia 
e a outra o acompanha e o pé direito a sustenta. São três movimentos que ocorrem ao 
mesmo tempo para executar uma única ação.
Várias atividades permitem a conscientização global do corpo: andar, correr, 
pular, etc. Nesse sentido, uma criança que desde cedo pratica atividades que envolvem o 
desenvolvimento de sua habilidade global, chega à escola com uma coordenação motora 
global mais avançada do que crianças mais ociosas.
Apenas possuir uma coordenação motora fina não é suficiente. É imprescindível 
que haja um controle ocular, ou seja, que a visão acompanhe os gestos realizados pela 
mão. A esse fenômeno chamamos de “coordenação óculo-manual ou viso-motora”. Ela 
exige uma precisão sobre a base de um domínio visual ligado aos gestos realizados. Essa 
coordenação é necessária para a escrita (OLIVEIRA, 2003).
Para a aprendizagem da escrita é necessário também coordenação motora global 
ao sentar. Para favorecer a aprendizagem o aluno precisa estar em uma posição cômoda, 
uma postura correta para auxiliar na realização dos movimentos gráficos. Necessita 
também dissociar e controlar os movimentos, controlar a pressão gráfica. Esses fatores 
são favorecidos quando a criança possui uma boa lateralidade.
O grafismo e o desenho preparam a criança para a escrita. Auxiliam a forma correta 
de pegar o lápis, facilitando os movimentos de forma mais harmoniosa. A escrita necessita 
de a aquisição de destreza manual organizada a partir de alguns movimentos que servirão 
como modelo. Para que a criança execute a preensão correta, com pouco esforço, de forma 
precisa, necessita adquirir padrões de movimentos.
1.6 Discriminação visual e auditiva
Para lermos um texto necessitamos contar com uma sucessão de movimentos 
oculares coordenados. Um pré-requisito muito importante para a aprendizagem da leitura é 
um aparelho visual e auditivo íntegro. Existem crianças que mesmo ouvindo e enxergando 
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
23
bem não conseguem discriminar os sons e as formas. Ela tem os órgãos sensoriais íntegros, 
mas não consegue transmitir as informações corretas para o SNC. Por esse motivo, é 
essencial que a criança adquira o controle ocular. Ele deve ser capaz de seguir um objeto 
ou direcionar o olhar para as suas mãos quando apanham um objeto. No caso da escrita, é 
necessário que os olhos sigam as mãos que escrevem.
Para que a criança fixe seu olhar para algo, é necessário que aprenda o controlar 
rigoroso e preciso dos músculos extra-oculares. É necessário construir um padrão de 
impulsos neurológicos que a capacite a controlar esses mecanismos com precisão. Outra 
habilidade relacionada à discriminação visual é que a criança precisa reter os símbolos 
visuais apresentados, tais como: palavras, letras, sinais, ou seja, desenvolver a memória 
visual. Ela possibilitará condições para que a criança forme uma imagem visual das palavras 
e facilitará o reconhecimento dos símbolos impressos de forma rápida.
Quando a criança adquire condições de discriminar as distintas letras, desenvolver a 
memória visual, integrar os símbolos, ela atinge a etapa de organização visual. Crianças com 
discriminação visual empobrecida podem confundir letras simétricas, como por ex: “d” e “b”; “n” 
e “u”; “p” e “q”, ou letras que se diferem por pequenos detalhes: “f” e “t”; “h” e “b”, etc.; podem 
apresentar su- pressão de letras e deformações; leitura hesitante e monótona, etc. Crianças 
que apresentam dificuldade de discriminação auditiva também devem ser observadas.
A acuidade auditiva é a habilidade do sujeito de captar e perceber a diferença entre 
sons e intensidades diferentes. O professor deve auxiliar seu aluno a discriminar os sons de 
forma adequada. Ao serem alfabetizados terão que associar o som a uma grafia. Para isso 
terão que contar com boa discriminação auditiva, capacidade de decodificação, simbolização 
e memorização. Nesse sentido, a memória auditiva é muito importante, uma vez que 
favorece a retenção e recordação das palavras ouvidas. Muitos apresentam dificuldades 
de discriminação porque se esquecem do som que determinada letra representa.
Os dois primeiros anos de vida da criança são cruciais para um bom desenvolvimento cognitivo, 
psicológico e físico.
Nessa fase é muito importante que a criança seja incentivada a praticar
exercícios físicos diversificados.
SAIBA
MAIS
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
24
MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME/VÍDEO
• Título: O quarto de Jack
• Sinopse: Discorre sobre um menino que foi criado, juntamente 
com sua mãe, em um cativeiro desde que nasceu até os 5 anos de 
idade. Ele acreditava que o único mundo que existia era o quarto 
em que vivia. Não tinha contato nenhum com o mundo externo.
Após esta idade, Jack foge e se depara com um mundo do qual nunca 
imaginou existir. Passa a gradativamente fazer suas descobertas.
Trata-se de um filme muito interessante para refletirmos sobre 
a importância da psicomotricidade, da qual Jack foi privado em 
muitos aspectos, para o desenvolvimento da criança.
LIVRO
• Livro: Psicomotricidade: educação especial e inclusão social. 
• Autor: Carlos Alberto de Mattos Ferreira e Maria Inês Barbosa 
Ramos Editora: Wark.
PSICOMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOSUNIDADE 2
Professor(a) Me. Márcia Gomes E. da Luz
A IMPORTÂNCIA
DAS RELAÇÕES 
PARA O 
DESENVOLVIMENTO
INFANTIL3UNIDADEUNIDADE
26
O papel fundamental do processo educacional é provocar situações desafiadoras 
aos alunos. A educação devepropor uma estimulação adequada ao seu nível de 
desenvolvimento, possibilitando a ele construir progressivamente as noções e operações 
de forma intensa, intelectual e afetiva, com base nas etapas de seu desenvolvimento. Para 
Piaget (1973f, p.69 apud MIZUKAMI, 1986, p. 70-71), a educação tem dois elementos 
fundamentais que são indissociáveis: moral e intelectual.
O objetivo da educação é favorecer para que o próprio aluno aprenda a conquistar 
suas verdades e não transmitir verdades, modelos, demonstrações, etc. A autonomia que o 
aluno conquistará será assegurada pelo desenvolvimento da personalidade e aquisição de 
instrumental lógico-racional em um contexto afetivo, mediado adequadamente.
Quando pensamos nas práticas psicomotoras, torna-se essencial pensarmos na 
prática do professor. Atividades que realmente levam em consideração as potencialidades do 
aluno de uma forma afetiva e significativa. A emoção tem papel essencial no desenvolvimento 
do indivíduo. Varia de pessoa para pessoa e é resultado de vários aspectos envolvidos 
que a formam. A emoção constitui-se por alterações fisiológicas, cognitivas, excitação do 
sistema nervoso, etc.
O resultado da afetividade é percebido nas posturas, comportamentos e atividades que 
as crianças desempenham. Uma criança introspectiva não adquire espontaneidade e acaba 
por “fechar” seu próprio corpo, ou seja, passa a apresentar tônus muscular rígido, esticado.
Um educador comprometido com seu trabalho pode auxiliar de forma significativa seu 
aluno. Pode por exemplo, exigir que o aluno a aja de forma correta no ambiente, buscando 
RELAÇÃO PROFESSOR
X ALUNO1
TÓPICO
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTILUNIDADE 3
27A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTILUNIDADE 3
maior desenvolvimento funcional. Pode ajudar seu aluno a tomar consciência de suas próprias 
limitações, buscar suas origens e realizar atividades adequadas para um desempenho de seu 
esquema corporal. Poderá estimular de forma que suas áreas, como: cognição, afetividade, 
psicomotricidade e linguagem se conectem entre si, afirma Oliveira (2003).
Para Wallon (2005 apud RICARTE, et al, 2013) as emoções e afetos vão evoluindo 
e a manifestação do pensamento subjetivo do ser humano é influenciado pelas interações 
sociais, por meio de um processo histórico, representações de algo que seja significativo 
para seu contexto cultural no qual está inserido.
Desta forma, podemos perceber que a emoção também é um fator imprescindível 
e diretamente ligado ao processo de ensino e aprendizagem do sujeito e não pode ser 
desconsiderada, inclusive nas práticas relacionadas à psicomotricidade.
A educação é um processo de socialização (equilíbrio nas relações interpessoais 
e ausência de ordens externas), enfim, um espaço de democratização dos saberes, das 
relações em uma condição de cooperação. A aquisição das operações depende de 
colaboração, cooperação, trocas e intercâmbios entre os sujeitos envolvidos no processo 
de ensino e aprendizagem. A atividade em grupo é muito importante. O aspecto grupal tem 
caráter integrador, uma vez que cada um dos membros apresenta um recorte da realidade. 
Tal educação provocará nos alunos, constantemente a procura por novas soluções, criando 
situações que exijam a exploração e estimulação de novas formas de compreender a realidade.
Fonseca (2011) adverte que aqueles que têm inteligência para assimilar, memorizar 
e usar posteriormente a informação têm êxito garantido, independente dos métodos 
curriculares e professores. Já aqueles que não têm as funções cognitivas desenvolvidas 
e trabalhadas estão sendo condenados pelo sistema de ensino. Somente a exposição da 
informação não é suficiente para desenvolver a potencialidade de pensar e aprender a 
aprender. Ele precisa ser estimulado e treinado.
A Escola deve oferecer oportunidades de investigação, possibilitando tentativas, ensaios 
e uma atividade real. Isso demanda que a motivação não venha do externo, mas que seja 
intrínseca, possibilitando a construção de estruturas do ponto de vista endógeno. Deve facilitar 
o desenvolvimento das potencialidades motoras, mentais e verbais, para que posteriormente o 
aprendiz consiga intervir sobre a sociedade. Deve estimular para que o aluno tenha interesse 
intrínseco à sua própria atuação. O trabalho em grupo pressupõe uma cooperação, com pessoas 
que se agrupam espontaneamente e que estudam, investigam, pesquisam um verdadeiro 
problema para o grupo, para motivá-lo de forma intrínseca (MIZUKAMI, 1986).
28A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTILUNIDADE 3
A relação entre professor e aluno deve ser diferente da tradicional, onde há um 
receptor e outro transmissor de informações. O professor precisa criar situações de 
reciprocidade intelectual, cooperação moral e racional. Precisa evitar rotinas, hábitos, fixação 
de respostas. Antes, deve propor problemas e não dar a solução. Sua função deve ser 
provocar desequilíbrios, propor desafios. Orientar e proporcionar autonomia e autocontrole. 
Permitir que o aluno trabalhe o mais livre possível. Deve ter uma boa convivência, observando 
os seus comportamentos, conversando, perguntando, sem interrogatórios.
Um ambiente desafiador motivará o aprendiz. Causa desequilíbrio e desperta seu 
desejo intrínseco. O jogo é essencial ao ensino. Cabe ao educador planejar suas aulas com 
base no desenvolvimento da inteligência da criança e não por idade cronológica. Para que 
o professor possa instigar o aluno sem dar as respostas prontas a ele, necessita conhecer 
o conteúdo de sua disciplina, sua estrutura, senão não será possível propor situações que 
irão causar desequilíbrio aos aprendizes (MIZUKAMI, 1986, P.79).
A psicomotricidade auxilia a criança a viver em grupo. A convivência coletiva 
favorece a interiorização das regras, convívio social e aprendem a conviver em sociedade. 
As atividades psicomotoras em grupo ensinam o respeito mútuo, autofiança, etc.
O relacionamento entre o professor e aluno deve ser positivo e influenciar o 
processo de ensino e aprendizagem. O professor precisa ouvir seus alunos, tratá-los com 
respeito, sem controles rígidos que punem as crianças que não conseguem realizar as 
tarefas de forma favorável. Na maioria das vezes o único responsabilizado é o aluno que 
é considerado como sendo aquele que “não quer aprender”. Ele geralmente é castigado 
por professores e família. A base que a escola oferece depende também do que a criança 
traz como bagagem de seu meio. Mas a escola deve mostrar à família e à sociedade que é 
eficiente e eficaz em seus objetivos.
 
Uma ressalva temos que fazer quanto à responsabilidade da escola diante 
das dificuldades acadêmicas do aluno. [...] a escola tem sua parcela de culpa, 
mas não pode arcar sozinha com mais desadaptações encontradas em suas 
classes. Alguns alunos vêm para as escolas com diversas deficiências, 
com níveis de maturidade desiguais ou inferiores ao que se espera em sua 
idade cronológica. Muitos trazem uma bagagem cultural, social, intelectual, 
neurológica muito defasada em relação aos seus companheiros e isto se 
constitui em desvantagens às vezes cruciais para a aprendizagem da leitura, 
escrita e cálculo (OLIVEIRA, 2003).
Essa situação é uma realidade que muitas vezes o educador se esbarra e não está 
preparado para enfrentar. O ideal é que todos: escola, família e sociedade estejam unidos 
no mesmo propósito: o desenvolvimento integral de nossas crianças. A seguir discorreremos 
sobre a importância da família nesse processo.
29
Rica (2013) sinaliza que há algumas décadas atrás a participação dos pais na vida 
dos filhos era mais comum. Atividades como: jogos, adivinhações, brincadeiras, contação 
de história, etc. eram frequentes. Com o aparecimento da modernidade, e com ela a 
tecnologia, cada vez mais está ocorrendo um distanciamento entre pais e filhos. As crianças 
focam mais em atividades solitárias,como: jogos na internet, brinquedos eletrônicos, etc. 
Com isso, percebemos cada vez mais crianças carentes e com dificuldade de se relacionar 
com o mundo. A psicomotricidade tem papel importante no resgate da relação afetiva, por 
meio de atividades lúdicas e afetivas, que favorecerá o vínculo entre pais e filhos.
Desde o útero materno o bebê desenvolve redes neurais – sistema límbico, que 
determina a sensorialidade do feto, responsáveis pela sensação de dor e prazer. Quanto 
maior a afetividade e estímulo dispensado ao bebê, maior será sua reorganização 
neuronal e produção de substâncias (neurotransmissores) responsáveis pelas emoções. 
A psicomotricidade pode e deve ser estimulada desde muito cedo. Quanto antes a criança 
for estimulada, melhor seu desenvolvimento, haja vista maior plasticidade cerebral e maior 
quantidade de neurônios.
Fonseca (2011) enfatiza que embora a mediatização seja distinta entre professores 
e família, apresenta algumas afinidades e especificidades próprias:
01. Já que os professores trabalham com seus alunos após a interação dos pais, 
eles lidam com crianças que já trazem um conjunto de habilidades próprias: 
linguísticas, motoras, sociais, cognitivas, etc. Esse fato permite ao professor 
mover-se a um ritmo mais rápido e pensarem em intervenções mais ricas 
e elaboradas aos alunos. Também implica que as crianças podem ser mais 
predispostas a participar intencionalmente e ativamente da mediatização.
RELAÇÃO 
FAMÍLIA X ALUNO2
TÓPICO
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTILUNIDADE 3
30
Como a neurociência pode auxiliar a escola tornar o aprendizado mais interessante e 
proveitoso para o aluno?
Estudos mostram que quanto mais sentidos forem estimulados, melhor será a aprendizagem. 
Sendo assim, a importância de o professor diversificar metodologias que estimule o máximo possível as 
áreas sensoriais de seus alunos.
REFLITA
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTILUNIDADE 3
02. Como os professores trabalham com várias crianças e/ou adolescentes ao 
mesmo tempo, criam suas próprias situações para essa finalidade. Já a família 
utiliza de recursos naturais como oportunidades para fazer a mediatização. Então, 
a mediatização do professor se torna mais formal.
03. Família tem maior dificuldade em generalizar as situações, tendo em vista 
que lidam com situações reais, concretas do cotidiano. Já os professores fazem 
uso de estratégias e atividades estruturadas o que permite maior facilidade de 
generalização, oferecendo um pensamento de representação lógico.
04. Professores realizam situações sociais com crianças da mesma fase de 
desenvolvimento, enquanto que em outros espaços isso dificilmente ocorre. A 
presença de outras crianças na escola favorece para que elas se identifiquem 
e facilitem o processo. Importante mencionar que interações sociais negativas 
podem se caracterizar como desvantagem para o processo.
05. Embora a mediatização do professor seja mais elaborada, com objetivos mais 
definidos e específicos, ambas (família e escola) podem se completar e interligar.
Embora sejam distintas, todas devem focar no desenvolvimento da potencialidade 
cognitiva do aluno. Quando escola e família caminham juntas, o resultado é 
significativamente melhor.
MISTÉRIOS DO CÉREBRO
Desde o início da gestação, o bebê é afetado pelo humor e sentimentos da mãe. Ambos estão 
expostos aos mesmos hormônios. Diante de inúmeros ruídos ouvidos pelo bebê: batimento do coração da 
mãe, borbulho do intestino, ruídos vindos de fora, o som que predomina é a voz da mãe porque alcança os 
seus ouvidos por dois canais distintos: vindo de fora (propagada pelo ar) e transmitido pelo próprio corpo 
dela, por meio de suas cordas vocais. Por isso ao nascer, o som que mais o acalma é o que ele ouviu ao 
longo dos 9 meses de gestação. Isso só é possível devido às comunicações neuronais.
SAIBA
MAIS
31
MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME/VÍDEO
• Título: Como Estrelas na Terra: toda criança é especial.
• Sinopse: Filme que trata da importância do vínculo afetivo e 
estimulante entre professor, aluno e família. Esse filme indiano 
apresenta a trajetória de um aluno com muita dificuldade para 
se concentrar nos estudos e mal conseguia escrever as letras 
do alfabeto. Depois de diversas reclamações da escola, o pai 
decide levá-lo a um colégio interno. A vivência com profissionais 
despreparados agrava ainda mais a dificuldade de aprendizagem 
do aluno. Até o momento em que encontra um professor que faz 
toda a diferença em sua vida.
LIVRO
• Título: Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares.
• Autor: Vitor da Fonseca
• Editora: Artmed
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTILUNIDADE 3
Professor(a) Me. Márcia Gomes E. da Luz
PSICOMOTRICIDADE
NA PRÉ-ESCOLA4UNIDADEUNIDADE
33
PRÉ-ESCOLA: ATIVIDADES
E RECREAÇÃO1
TÓPICO
PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
Na fase pré-escolar (4 a 7 anos), a criança por meio da psicomotricidade e do 
simbolismo, transforma o real por meio das múltiplas necessidades do “eu”. Os jogos 
passam a ter caráter importante na vida deles e um sentido utilitário e funcional. Nesta fase, 
a criança prefere jogos que permitem uma movimentação do corpo, o que possibilita seu 
crescimento físico de forma saudável. Assim como correr, pular, nadar, etc. são atividades 
que estimulam o desenvolvimento muscular, ações como: rasgar, rabiscar, desenhar, pintar, 
amassar, etc. estimulam os músculos finos, necessários para o processo de alfabetização.
É uma fase em que a cresce imita muito as pessoas. Piaget menciona que é muito 
difícil ensinar as operações a crianças nesta fase. Elas as elaboram por si próprias, por meio de 
suas ações: jogando e brincando. Todos os jogos que as crianças se interessam e participam 
são estímulos que enriquecem seus esquemas perceptivos (auditivos, visuais e cinestésicos); 
operativos (imaginação, lateralidade, causa, efeito, análise, sistema, representação, síntese, 
memória); funções que ao serem combinadas com as psicomotoras (coordenação fina), dão 
condições para o domínio da leitura e da escrita, coloca Almeida (2003).
Nesta fase o pensamento não está dissociado da linguagem. A criança gosta de 
contar suas experiências, ser ouvida, fazer perguntas, ouvir histórias, etc. Ela aprende 
muito mais rápido quando pode dar nomes ao que está a sua volta, aprende conversar 
sobre o que acontece e quando a linguagem ao seu redor é mais rica. Reúne-se com outras 
crianças para brincar, mas ainda não é capaz de internalizar as regras e por isso, sempre 
acabam brigando entre si. No entanto, gostam de estar em companhia de outras crianças.
34PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
Até os seis, sete anos, aproximadamente, a criança define praticamente 
grande parte de seu desenvolvimento físico, mental, afetivo (equilíbrio 
emocional e social). A participação e a postura do adulto (pais e professores) 
são importantíssimas. Nessa fase, a criança adora movimentar-se e a família 
– bem como a pré-escola – não podem imobilizá -las com determinações 
que castrem esse tipo de ação. A criança adora ajudar os pais e participar 
de pequenas tarefas, e isso não deveria ser descartado com a justificativa de 
que atrapalha. Ela adora ouvir histórias, desenhar, “escrever” e brincar com 
brinquedos que possa operar, montar e desmontar. Por isso não deveria ficar 
sentada diante da TV ou ter brinquedos em que não possa tocar por medo de 
quebrá-los. É importante que o adulto compreenda também que o excesso 
de atividade “imposta” nessa fase faz a criança se sentir escrava, podendo 
deprimi-la e levá-la a perder o gosto e paixão pelas coisas. É fundamental 
que a família e a pré-escola proporcionem um ambiente rico em informações 
que possa estimular o desenvolvimento, e nunca forçá-la a assimilar nada 
além daquilo que é capaz de fazer naturalmente e com prazer (ALMEIDA, 
2003, p. 49).
Por isso a necessidade da pré-escola, creches que auxiliam a educação familiar,estarem preparadas e qualificadas para essa função. Compreender que a infância é a idade 
das brincadeiras. Estas satisfazem grande parte de seus desejos, estimulam a criatividade, 
liberam energias e estimulam a liberdade de desempenho. No brincar a criança conjuga 
seu mundo de fantasia e o mundo real, transitando livremente de uma situação a outra 
(CÓRIA-SABINI, et al, 2005, p. 28).
[...´] as atividades lúdicas infantis oferecem uma fonte para estudos em 
diferentes direções: do ponto de vista sociológico, da perspectiva psicológica, 
numa abordagem antropológica. Na abordagem sociológica, os aspectos 
analisados nas brincadeiras são: o processo de socialização infantil, a 
interação entre as crianças, as formas de participação de cada elemento, o 
desempenho dos papéis, o nível de aceitação de cada participante do grupo 
lúdico, as atitudes e os preconceitos, o surgimento de lideranças, entre outros. 
Na abordagem psicológica, as brincadeiras são analisadas de acordo com 
o significado dos objetos e das ações para cada criança, das expectativas, 
do grau de esforço realizado para que as ações sejam valorizadas pelo 
grupo, dos papéis desempenhados e de como são desempenhados, etc. 
Na abordagem antropológica, procura-se acompanhar a trajetória dos 
jogos infantis em relação às influências étnicas, à zona de dispersão, às 
variações que ocorreram em virtude de tempos e espaços, etc. Tais enfoques 
combinam as brincadeiras, relacionando-as a inúmeros aspectos: recreação, 
desenvolvimento de habilidades sociais, projeções psíquicas, contribuição 
para o desenvolvimento físico e mental da criança.
 
Sendo assim, a recreação na pré-escola torna-se de extrema relevância. Uma 
atividade prazerosa, devidamente mediada auxilia no desenvolvimento integral do aluno. 
Um professor que vislumbra uma aprendizagem de excelência não pode desconsiderar 
essa premissa.
Nas próximas páginas apresentaremos algumas sugestões de jogos e percursos 
de psicomotricidade que podem ser aplicados em crianças de pré-escola que visam o 
35PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
desenvolvimento das áreas psicomotoras. As atividades foram retiradas do livro: “120 jogos 
e percursos de psicomotricidade: crianças em movimento”. Essa obra apresenta 30 jogos 
de cada categoria (jogos de percepção corpórea, jogos de percepção espacial, jogos de 
equilíbrio e percursos psico- motores).
Os jogos de percepção corpórea englobam vários exercícios que permite com que 
a criança adquira consciência de seu próprio corpo. Conhecer o esquema corporal significa 
primeiramente conhecer o corpo de forma integral e depois de maneira analítica, em suas 
distintas partes. Para que adquira movimentos mais complexos, é essencial que tenha 
conhecimento e familiaridade com seu corpo. Tal conhecimento melhora a autoestima, 
segurança, postura, equilíbrio e coordenação motora global.
Os jogos de percepção espacial buscam permitir que a criança adquira percepção 
de espaço, senso de orientação. Permite conhecer o espaço em relação a seu próprio corpo 
e isso favorece sua confiança e domínio de maneira espontânea e agradável. A percepção 
espacial é percebida por meio do movimento, dos sentidos e de todas as vivências corporais. 
Desenvolve a consciência de espaço, sua abstração e representação gráfica. Para essa 
área necessita-se de um espaço mais amplo e uma realização mais livre.
Os jogos de equilíbrio são voltados para a aquisição de equilíbrio. Proporcionarão 
uma progressiva percepção de uma correta postura corporal permitindo com que a 
criança brinque com a força da gravidade por meio das posições de equilíbrio estático. É 
divertido, uma vez que permite que a criança experimente posições que comumente não 
faz. É essencial para a tonicidade muscular, dosar a energia motriz, reflexos, segurança e 
coordenação em geral. Reforça a lateralização e percepção do eixo de simetria. 
Os percursos psicomotores compreendem sempre mais de um objetivo: coordenação 
geral, capacidade sensorial, equilíbrio estático e dinâmico, destreza, elevação, velocidade, 
prontidão de reflexos, orientação espacial. Geralmente são necessários espaços amplos 
para a execução, como: salões, ginásios, jardins, para melhor liberdade de movimentos. 
Sempre antes de iniciar o percurso é importante avaliar o grau de dificuldade. Caso não 
esteja adequado para a faixa etária, é possível simplificá-lo e adaptá-lo. Com crianças 
menores não se deve fazer competição nos circuitos. A atividade deve ser apresentada de 
forma divertida, para que a criança possa executar de forma serena e apresente entusiasmo 
e vontade de obter sucesso, explica Paesani (2014). Selecionamos algumas atividades de 
cada categoria, a qual apresentaremos na sequência:
36PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
1.1 Jogo de percepção corpórea
• Toca, toca...
 ◦ Idade recomendada: 3-4 anos
 ◦ Objetivo: perceber o corpo integralmente
 ◦ Dificuldade: 1
 ◦ Materiais: um livro sobre o corpo
 ◦ Tempo: 20 minutos
• Desenvolvimento: As crianças folheiam, com o educador, um livro sobre o 
corpo humano e mencionam suas várias partes. Em seguida, o educador as 
convida para ficarem de pé e tocarem com as mãos as várias partes, uma de 
cada vez. A partir da cabeça, depois descendo para o pescoço, os ombros, os 
braços, e assim por diante, até chegar aos pés. Para cada movimento se dirá: 
“Vamos jogar o toca, toca... a cabeça!” Em seguida, o educador dirá: “Agora 
vamos tocar de cima a baixo todas as partes do corpo, do rosto aos pés”, e 
“Agora a parte de trás do corpo”. As crianças são convidadas a fechar os olhos e 
o exercício é repetido de olhos fechados, parando no instante em que o educador 
chama a atenção: “Toca, toca... o nariz”. Por fim, em duplas, uma criança por vez 
tocará as partes do corpo do companheiro à sua frente, indicadas pelo educador.
1.2 Jogo de percepção espacial
• Serpentes venenosas.
 ◦ Idade recomendada: 3-5 anos
 ◦ Objetivo: adquirir domínio no espaço
 ◦ Dificuldade: 1
 ◦ Materiais: espaço amplo
 ◦ Tempo: 15 minutos 
• Desenvolvimento: O educador guia as crianças rumo a uma aventura perigosa: 
“Imaginem deve atravessar um campo coberto de serpentes venenosas! Vocês 
devem prestar muita atenção para não pisar em nenhuma, senão...” As crianças 
se deitam por terra, transformando-se em serpentes. Uma criança de cada vez 
deve atravessar a área rapidamente sem encostar em ninguém. Poderá passar 
por cima, ou ao redor das serpentes, que se arrastaram lentamente por baixo dos 
seus pés. O jogo termina quando todos tiverem realizado o percurso.
37PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
1.3 Jogo de equilíbrio
• Duplas em equilíbrio.
 ◦ Idade recomendada: 4-8 anos
 ◦ Objetivo: reforçar o equilíbrio estático
 ◦ Dificuldade: 2
 ◦ Materiais: nenhum
 ◦ Tempo: 15 minutos
• Desenvolvimento: O educador forma duplas de crianças, se possível da 
mesma altura, depois diz: “Agora coloquem-se uma de frente para a outra 
e segurem-se pelas mãos”. As crianças deverão levantar uma perna de cada 
vez, esticada para trás, ao mesmo tempo, sem cair e sem fazer cair o colega. A 
mesma coisa, com a perna esticada para o lado. Na medida em que adquirem 
segurança, devem manter as posições por mais tempo. Em seguida, o educador 
dirá: “Agora coloquem-se de costas uma contra a outra, segurando- se pelos 
braços entrelaçados”. O educador mostra a posição. Nessa posição levantam a 
perna para frente e depois a outra.
1.4 Percurso psicomotor
• Percurso sensorial: olfato
 ◦ Idade recomendada: 4-8 anos
 ◦ Objetivo: desenvolver a capacidade olfativa
 ◦ Dificuldade: 3
 ◦ Materiais: café, perfume, limão, chocolate em pó, cebola, laranja, lavanda, 
várias caixinhas, pedaços de gaze, papel, canetinhas.
 ◦ Tempo: 1 hora 
 
38PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
Fonte: Livro: 120 jogos e percursos de psicomotricidade. Giovanna Paesani (2014).
• Desenvolvimento: Preparação: organizar em uma cartolina as imagens dos 
sete odores presentes no jogo(veja a imagem); fazer no chão sete círculos, 
colocar os odores dentro de caixinhas e cobri-las com gaze, de maneira que 
deixe exalar o cheiro, mas não possa ser visto o conteúdo. Colocar as caixinhas 
dentro dos círculos (dois cheiros diferentes para cada círculo), levando em conta 
que para cada odor deverão estar presentes duas caixinhas para formar par. 
Convide então as crianças para sentar-se em volta dos círculos.
• Execução: alternadamente, cada criança se levanta, escolhe um recipiente, 
cheira e informa o odor; depois escolhe outro recipiente e cheira. Se encontra 
o cheiro certo que forma o par (dois odores iguais), vence e toma o seu par de 
odores; caso contrário, recoloca as caixinhas de volta no seu lugar e se senta. 
Assim por diante, na medida em que vão sendo identificados, torna-se mais fácil 
encontrar os pares certos. Vence quem conseguir pegar mais pares.
39
Quando uma criança não tem bem desenvolvida sua percepção ao toque (experiência tátil) 
as atividades que executa são comparadas a quando estamos usando luvas de borracha (torna-se tudo 
mais difícil). Não há nada errado com as mãos, mas o cérebro não consegue processar corretamente as 
informações e seu desenvolvimento motor é prejudicado.
Por isso importância de se trabalhar atividades, como por exemplo, a “modelagem” mencionada acima.
REFLITA
ATIVIDADES DE MODELAGEM SÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA A 
PSICOMOTRICIDADE.
PODE-SE USAR (massinha, argila ou papel de seda)
• Deve-se começar fazendo bolinhas de qualquer tamanho. Depois o professor dará um 
modelo e as crianças farão bolinhas do tamanho proposto. Passar a fazer bolas de tamanho 
crescente ou decrescente.
• Formar cilindros conforme o modelo dado pelo professor. Repetir os passos do exercício 
anterior.
• Fazer os exercícios anteriores, porém com os olhos fechados.
• Preencher desenhos com bolinhas de massa de modelar ou papel de seda.
• Faz-se uma esfera grande, com mais ou menos 2 cm de diâmetro. Pede-se à criança que 
pegue a esfera entre o polegar e o indicador; mantendo o cotovelo sobre a mesa e o antebraço 
o mais vertical possível. Com o auxílio do dedo indicador, a criança deve fazer rolar a esfera 
várias vezes no sentido horário. Repetir o movimento no sentido contrário.
• Fazer uma bola grande com massa de modelar e fazer com que as crianças afundem cada 
um dos dedos com força.
• Brincar livremente com a massinha de modelar respeitando a criatividade de cada um.
Fonte: Dificuldades de aprendizagem: detectação e estratégias de ajuda. Ana Maria Salgado 
Gómez; Nora Espinosa Terán, (1996, p. 246). 
SAIBA
MAIS
PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
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MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME/VÍDEO
• Título: Aprender a aprender
• Ano: 2008 
• Sinopse: Esse vídeo retrata a aprendizagem por meio da 
mediação. O ato de ensinar através do amor é um caminho possível. 
Todos nós somos corpo, cognição e emoção.
• Link do Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_
EmzI
LIVRO
• Título: Teoria das emoções: introdução à obra de Henri Wallon. 
• Autor: M. Martinet.
• Ano: 1981.
• Sinopse: Discorre sobre as emoções e sua influência para o 
desenvolvimento da criança.
PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLAUNIDADE 4
http://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI
http://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA. P. N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 2003.
BOULCH, Jean Le. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1987.
CÓRIA-SABINI. M. A. Jogos e brincadeiras na educação infantil. São Paulo: Papirus, 
2005.
FONSECA. V. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: abordagem neu- ropsicológica 
e psicopedagógica. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 2011
MIZUKAMI. M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
MEUER. A.; STAES. L. Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis ma- ternal e 
infantil. São Paulo: Manole, 1991.
OLIVEIRA. G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psi- 
copedagógico. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
OLIVEIRA. A. C.; SILVA. K. C. Ludicidade e psicomotricidade. Curitiba: Inter- saberes, 
2017.
PAESANI. G. 120 jogos e percursos de psicomotricidade: crianças em mo- vimento. 
Petrópolis: Vozes, 2014.
RICA. D. A psicomotricidade e o vínculo afetivo pais/filhos. 2013. Dispo- nível em: 
. 
Acesso em: 18/07/2018.
RICARTE. M. D. Emoções: contextos e patologia. In: MINERVINO. C. A. S. M.; NÓBREGA. 
J. N. Aprendizagem e emoção: estudos na infância e adolescên- cia. São Paulo: Casa do 
Psicólogo, 2013.
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