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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DE RIBEIRÃO PRETO ELIZABETE MARIA DA SILVA USO SEGURO DE DROGAS VEGETAIS GARANHUNS-PE 2025 Introdução O uso de plantas medicinais tem origem desde o início dos tempos, quando os primeiros homens começaram observar os animais usando algumas plantas para tratar sintomas e começaram utilizar por meio de tentativa e erro. Existem indícios de as civilizações antigas faziam o uso de plantas medicinais, como os árabes no século VII que já utilizavam plantas purgativas para fazer cardiotônicos, os Incas, Maias e Astecas utilizavam a coca para tratamento terapêutico. No Brasil, o conhecimento sobre plantas medicinais foi passado pelos índios. Com o passar dos tempos e a escassez de medicamentos na Europa, os primeiros médicos começaram a absorver o conhecimento indígena e colocar em prática, notando assim a importância das plantas no meio terapêutico. Atualmente populações de todo o mundo fazem o uso de plantas medicinais e com o avanço tecnológico muitos medicamentos convencionais surgiram de origem vegetal, como a papoula que deu origem a morfina. Devido ao uso significativo por meio do conhecimento popular, estudos começaram surgir com ênfase nas plantas medicinais. Apesar da medicina está bem desenvolvida, muitas pessoas optam por um estilo de vida mais natural, optando pelas plantas como fonte de terapia. Sendo assim, o SUS optou pela inclusão das plantas medicinais e fitoterapia como terapia integrativa e complementar. Mesmo que seja um método natural, o uso irracional de plantas medicinais pode gerar riscos à saúde. Algumas plantas podem ser tóxicas, riscos de superdosagem, interações, contraindicações e outros riscos. É fundamental que existam ações de saúde pública que visão a segurança terapêutica, para que os riscos a saúde sejam evitados. O que são drogas vegetais? De acordo com a RDC n° 26/2014, são consideradas drogas vegetais partes de plantas medicinais, como folhas, flores, cascas, raízes e outras partes, que passam pelos processos de colheitas, estabilização e secagem, com a finalidade de preservar seus constituintes ativos. Não sofrem transformações químicas ou industriais e podem ser usadas como matéria prima em fitoterápicos, chás ou produção de extratos vegetais. Diferença de droga e planta vegetal Apesar de obterem a mesma origem vegetal, planta medicinal e droga vegetal tem conceitos diferentes. Enquanto a droga passa por processos de colheita, estabilização e secagem, a planta medicinal é uma espécie vegetal que tem propriedades terapêuticas e que não passa por nenhum processo, é a planta cultivada ou colhida em sua forma natural. Podemos dizer que a droga vegetal é a planta medicinal, porém seca. A planta medicinal é um vegetal que tem seu potencial terapêutico reconhecido pelo uso tradicional, científico ou popular. Já a droga é um produto obtido da planta medicinal que tem como objetivo uso medicinal ou insumo farmacêutico. Porque falar de drogas vegetais é importante? Falar sobre drogas vegetais é muito importante, pois promove o uso seguro e racional resultando em eficácia terapêutica, além de valorizar o conhecimento popular e incentivas novas pesquisas científicas. • Identificação: é uma etapa crucial para garantir eficácia e diminuir os riscos a saúde. Também implica na utilização correta, tendo conhecimento de qual parte vai ser utilizada, o modo de preparo, formas de uso e dose adequadas. Algumas plantas podem ser identificadas por suas características organolépticas (tato, olfato, paladar, visão), como canela, gengibre, hortelã. • Segurança: a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos visa o acesso a plantas medicinais de forma segura, implementando diretrizes que garantes a população produtos seguros desde sua produção até o consumidor. A RDC n° 26/2014 da Anvisa estabelece o controle de qualidade de produtos que usam drogas vegetais como matéria prima. Já a RDC n° 10/2010 estabelece a notificação de drogas vegetais na Anvisa, definindo critérios de fabricação, importação e comercialização, exigindo que as drogas vegetais tenham qualidade e controle seguro de sua produção. A presença de substâncias indesejadas pode comprometer a segurança desses insumos. Na RDC n° 18/2013 a Anvisa exige critérios mínimos para atividades de produção de plantas medicinais e drogas vegetais, incluindo a ausência de contaminantes. As plantas medicinais devem ser corretamente identificadas, cultivadas e coletadas longe de material estranho, com lugar próprio e adequado para cada etapa. No Brasil, a regulamentação das drogas vegetais é redigida pela Anvisa, que estabelece normas que garantem qualidade, segurança e eficácia desses produtos. As RDCs citadas acima são exemplos de regulamentações que falam sobre esses critérios. • Biodiversidade: O Brasil é um país rico em biodiversidade vegetal e conhecimento sobre plantas medicinais, se tornando um grande aliado para novas pesquisas e descobertas científicas. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos cita a importância de novas pesquisas, desenvolvimento tecnológico e inovação derivada da fauna brasileira. Riscos do uso inadequado Assim como todo e qualquer medicamento, drogas vegetais também podem trazer riscos a saúde. Quando o conhecimento adequado falta existem alguns riscos que podem gerar grandes problemas ou interromper um tratamento terapêutico, por exemplo o processo de identificação que é importante pois evita que uma planta desconhecida seja utilizada, o preparo inadequado que pode retardar o tratamento por não compreender qual parte utilizar, qual tempo necessário de preparo. A superdosagem é um problema bastante preocupante pois pode gerar intoxicação, lesão hepática, efeitos adversos e manifestações imunológicas, como urticárias, arritmias cardíacas e choque anafilático. Alguns medicamentos podem interagir com plantas medicinais, o alho por exemplo, que pode reduzir a eficácia de antivirais e pode potencializar o efeito de anticoagulantes, aumentando o risco de sangramentos. Apesar de ser método 100% natural, nem todos podem fazer o uso de qualquer planta medicinal, grávidas, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas devem evitar o uso de drogas vegetais. A Artemísia pode causar contrações uterinas gerando aborto espontâneo, o guaco usado em crianças pode causar coagulação sanguínea se usado por muito tempo, o eucalipto e mentol podem causar broncoespasmos e intoxicação em bebês, a valeriana em idosos podem causar excessiva e queda de pressão e por último a cavalinha que pode causar queda de potássio em cardiopatas e carqueja que causa hipoglicemia em usuários de insulina. Como usar com segurança É necessário que alguns passos sejam seguidos para utilizar drogas vegetais de forma segura: • Identificação da espécie • Uso de acordo com as instruções do fabricante ou profissional de saúde • Seguir a dose recomendada sem exceder a quantidade máxima permitida • Informar a um profissional de saúde sobre o uso de qualquer medicamento convencional que esteja fazendo o uso • Evitar usar drogas vegetais se tiver alguma condição médica, gravidez ou se estiver em processo de amamentação • Sempre procurar um profissional de saúde para esclarecer dúvidas Algumas precauções adicionais são essenciais, por exemplo verificar na embalagem se foi produzida e controlada de acordo com as nomas da Anvisa. Como preparar corretamente um chá medicinal Uma das características de drogas vegetais é que elas são apresentadas em partes das plantas, folhas, flores, cascas e raízes. Cada uma dessas partes necessita de um preparo diferente para que se extraia o máximo de sua substância terapêutica. Por exemplosfolhas e folhes são menos densas que caules e raízes e por isso precisam de um preparo mais delicado já cascas e raízes precisam ficar tempo submersas na água. Existem dois métodos de preparo: • Infusão: é o método mais utilizado e que consiste em ferver a água primeiro, desligar o fogo e ainda com a água quente imergir a droga na água por um período de 5 a 10 minutos com o recipiente tampado. Esse preparo é adequado para as partes moles das plantas, folhas e flores. • Decocção: é um método que consiste em ferver a água já com a droga imersa na água, por ser indicado para partes mais densas, cascas, raízes e caules, o indicado é que seja cozido por um período entre 10 a 20 minutos. Vale ressaltar que o período de preparo vai depender da parte utilizada e da densidade da mesma, se é mais dura ou mais maleável. Drogas vegetais seguras • Guaco: adequado para aliviar sintomas que afetam o sistema respiratório, tosse, secreção e congestão • Arnica: auxiliar no tratamento de contusões, erupções cutâneas, entorses, dores musculares e hematomas • Cajueiro: alivia os sintomas de diarreia leve não infecciosa • Valeriana: indutor do sono e sedativo leve Armazenamento O armazenamento é uma etapa crucial para preservar a qualidade e a eficácia dessas substâncias. As regulamentações da Anvisa especificam condições de armazenamento. A Normativa nº 130, de 30 de março de 2022, que complementa a RDC n° 18/2013 que é referente as Boas Práticas de Processamento e Armazenamento de Plantas Medicinais, estabelece orientações sobre o armazenamento de drogas vegetais, sobre manter as drogas vegetais em áreas separadas e livre de qualquer invasão de insetos, animais e outras substâncias. Também cita medidas para evitar a propagação de micro-organismos, evitar fermentação ou contaminação cruzada. Em relação as matérias primas que estiverem em quarentena, são importantes que sejam colocadas em uma ala separadas das demais. As áreas de armazenamento devem ser bem arejadas e os recipientes devem ser atóxicos e bem embalados para que evite a entrada de ar. A limpeza do local deve receber uma atenção dobrada, principalmente em áreas que manipularam substâncias em pó, para que não ocorra contaminação cruzada. Condições de temperatura, umidade e proteção à luz devem ser bem monitoradas para que estejam de acordo com as condições de preservar as matérias primas. Fontes seguras No Brasil o órgão que regulamenta e trata de condições especiais de garantia e controle de qualidade, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Um dos principais marcos importantes, foi a implementação da Resolução RDC n° 18, de abril de 2013, que trata de boas práticas às plantas medicinais e seus derivados, incluindo condições para um armazenamento adequado para que evite contaminação cruzada. Além disso, a Normativa n° 130/2022, dá complemento a RDC n° 18/2013, com condições ambientais de estrutura, controle de temperatura, umidade e controle de pragas invasoras. Um outro exemplo é a Farmacopeia Brasileira, nos capítulos de plantas medicinais e drogas vegetais, mas um exemplo mais prático e que disponibiliza mais informações, sobre modo de preparo de formulações, quantidades adequadas, indicações e contraindicações, é o Formulário de Fitoterápicos, que tem finalidade de apoiar o uso racional de fitoterápicos. O Formulário é um anexo da Farmacopeia, porém publicado separadamente pela Anvisa, que conta com várias monografias sobre plantas medicinais. Cada monografia conta com o nome científico, parte a ser utilizada, forma farmacêutica, passo a passo de preparo com pesagem e tempo adequado, indicações e contraindicações. A RDC n° 10/2010 dispõe sobre a notificação de drogas vegetais no Brasil. O objetivo dessa RDC é padronizar e regulamentar desde a fabricação até a comercialização de produtos de base vegetal. Porém foi revogada pela RDC nº 26, de 13 de maio de 2014, que atualizou as normas a esses produtos. Questões: 1. O que vocês entendem quando falo em drogas vegetais? 2. Qual é a diferença entre planta medicinal e droga vegetal? 3. O que vocês acham que pode acontecer se usarmos uma planta sem saber a espécie exata? 4. Que tipos de problemas vocês acham que podem surgir do uso inadequado dessas plantas? 5. Quem aqui já preparou um chá em casa? Como foi feito? 6. Por que acham que é importante ter um controle de qualidade para essas drogas vegetais? Referências Bibliográficas ANVISA. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico. Acesso em: 30 de abril 2025. ANVISA. RDC n° 10, de 9 de março de 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/rdc0010_09_03_2010.pdf. Acesso em: 1 de maio 2025. ANVISA. RDC n° 18, de 3 de abril de 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0018_03_04_2013.html. Acesso em: 9 de maio 2025. ANVISA. RDC n° 26, de 13 de maio de 2014. Disponível em: https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014. Acesso em: 11 de maio 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt- br/composicao/sectics/plantasmedicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus. Acesso em: 11 de maio 2025. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-fitoterapico https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/rdc0010_09_03_2010.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/rdc0010_09_03_2010.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0018_03_04_2013.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0018_03_04_2013.html https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://fitoterapiabrasil.com.br/legislacao/rdc-no-26-de-13-de-maio-de-2014 https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisushttps://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/ppnpmf/renisus