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Adobe Stock, 2021 Auditoria do Sistema Público e Privado de Saúde Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva 2 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Faculdade Novoeste© Mantida pela Novoeste Educacional LTDA - EPP Direção Geral Prof. Dr. Rodrigo Pereira Coordenação NEAD Esp. Josué Rodrigues dos Anjos Júnior Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Silva, Adaiele Lucia Nogueira Vieira da. S586a Auditoria do Sistema Público e Privado de Saúde / Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva. -- Campo Grande, MS: Novoeste Educacional, 2021. 65 p.: il. ISBN: 978-65-88049-80-8 1. Auditoria. 2. Sistema Público de Saúde. 3. Sistema Privado de Saúde. I. Silva, Adaiele Lucia Nogueira Vieira da. II. Título. CDD 362.173 3 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva, Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2009). Especialização em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2012). Especialização em Avaliação dos Serviços de Saúde pela Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde/ Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UAB/UFCSPA) (2015). Mestrado em Enfermagem pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2015). Atualmente doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste da UFMS. Faz parte do Grupo de pesquisa Núcleo de Estudo, Ensino e Pesquisa no Cuidar em Saúde (NEEPCS). Atua principalmente nos seguintes temas: avaliação de tecnologias, auditoria e avaliação em saúde, políticas e ações em saúde, gestão em saúde, ética profissional e bioética. 4 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Sumário Capitulo 1 - Avaliação em Saúde e Qualidade............................................................................... 5 1.1 Avaliação em Saúde ............................................................................................................ 5 1.2 Sistemas de Informação em Saúde: indicadores em saúde ................................................ 7 1.3 Introdução à qualidade: conceituação e objetivos ........................................................... 13 1.4 Programas de Acreditação ................................................................................................ 16 Capítulo 2 - Auditoria em Saúde (contexto do prestador e da operadora/ gestor) ................... 18 2.1 Auditoria em saúde ........................................................................................................... 18 2.2 Tipos de auditoria: Aspectos conceituais e metodológicos .............................................. 20 2.3 O papel do auditor na organização: monitoramento e avaliação da auditoria hospitalar 21 2.4 Estrutura e atribuições dos auditores ............................................................................... 22 2.5 Instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor ........................................................ 23 Capítulo 3 - Auditoria – Operacional e Gerencial ........................................................................ 29 3.1 Instrumentos de credenciamento de serviços em saúde ................................................. 29 3.2 Principais diferenças entre Auditoria em Sistemas Públicos e Privados de Saúde ........... 35 3.3 Sistema de Saúde Suplementar – Agência Nacional de Saúde Suplementar ................... 36 Capítulo 4 - Custos da Assistência em Saúde .............................................................................. 40 4.1 Prontuário do paciente: aspectos éticos e legais .............................................................. 40 4.2 Auditoria de contas médicas: hospitalar e ambulatorial .................................................. 46 4.3 Custos e classificação das órteses e próteses ................................................................... 49 Capítulo 5 - Contratualização e Regras de Negócio .................................................................... 51 5.1 Compliance em Saúde ....................................................................................................... 51 5.2 Contratos e negociações hospitalares .............................................................................. 55 Referências .................................................................................................................................. 63 5 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capitulo 1 - Avaliação em Saúde e Qualidade Avaliação em saúde tem sido um tema corriqueiro para os profissionais de saúde, seja em ambiente hospitalar ou em clínicas. Nesse mesmo contexto temos a qualidade em saúde e as certificações que são itens tão almejados no mercado da saúde. Desse modo é crucial que nós, Auditores em Saúde, tenhamos conhecimento desse mundo que nos cerca, compreendo como sistema público e privado de saúde se comporta frente a atual conjuntura do mercado. 1.1 Avaliação em Saúde Não é possível falar de avaliação em saúde sem entendermos como funciona o sistema de saúde no nosso país. Nós brasileiros podemos ter um serviço de saúde pública conhecido como Sistema Único de Saúde (SUS). O modelo de Sistema de Saúde que vivenciamos hoje em âmbito nacional é um dos modelos pioneiros tido como exemplo para vários países. Há todo um contexto histórico de Movimentos Sociais, Conferências, Debates que subsidiam a formulação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a Carta Magna, sendo a Lei fundamental e suprema do Brasil (CARVALHO; BARBOSA, 2014). Fonte: Adobe Stock 2021. Em seu artigo 196, a Constituição Federal, define que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença 6 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). A partir deste conceito de saúde, temos a instituição do Sistema em que várias mudanças ocorreram em território brasileiro. Diante de toda mudança estrutural, temos em 1990 a implantação SUS, com a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8080/1990) que detalhou o funcionamento do sistema e instituiu os preceitos que utilizamos até hoje. Em 19 de setembro de 2020, comemorou-se 30 anos da implantação do SUS (BRASIL, 1990). Conforme imagem abaixo, o SUS, está dividido em dois subsistemas (Sistema Público e Sistema Privado), os quais precisamos compreender e distinguir, para exercer nossas funções de auditor conforme o subsistema que atuamos. Fonte: Elaborado pelo Autor. Agora que entendemos que(...) Apesar da seguradora não prestar assistência médico-hospitalar diretamente, ela cobre os custos da assistência, segundo uma rede credenciada, pagando diretamente aos profissionais e organizações de saúde. Existe também a possibilidade de reembolsar o segurado quando determinado médico ou hospital utilizado não fizer parte da rede referenciada, segundo os termos da apólice do segurado. O seguro pode ser feito tanto por empresas quanto por pessoas físicas. Nessa modalidade o contratante paga antecipadamente pelos serviços de assistência médica. Como nas demais modalidades assistenciais, o custo do seguro varia segundo os níveis de cobertura contratados. Ou seja, segundo tipos de exames, internações hospitalares, tratamentos e cirurgias constantes na apólice (MARTELOTTE, 2003, p.75 -76). A partir das definições apresentadas, vamos fazer um exercício mental juntos? 39 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Fonte: Adobe Stock, 2021. Tente se recordar dos convênios que você conhece e veja se consegue classificá-los de acordo com a ANS. Você possui convênio? Esse convênio possui registro junto à ANS? A qual modalidade ele pertence? Entender como funciona a saúde suplementar no Brasil garante ao auditor em saúde maior contextualização das negociações e processos de credenciamento que este venha realizar. Ainda, o conhecimento dessas modalidades também subsidia o auditor operacional, principalmente aquele que atua junto ao faturamento, central de guias, ou até mesmo na equipe de custos hospitalares. 40 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 4 - Custos da Assistência em Saúde Há um intenso interesse por parte das instituições de saúde em tornar-se sustentáveis financeiramente e oferecerem uma assistência de alta qualidade. Assim, a auditoria entra nesse cenário. Desempenha ações de controle de custos assistenciais e de gestão da qualidade, com atividades de gerenciamento de processos, contas médicas, faturamento e educação permanente/ continuada, por exemplo (SANTOS et al., 2020). O conhecimento de custos não se resume a cálculos simplificados de cobrança de materiais e medicamentos, principalmente para auditores em saúde. É fundamental conhecer as variantes que envolvem custos hospitalares na aplicação de conhecimento técnico em atividades gerenciais para a melhoria da utilização dos recursos econômico- financeiros dos estabelecimentos de saúde (MOTTA, 2013). Neste capítulo iremos tratar do prontuário do paciente, o que é uma conta médica, qual a diferença entre conta hospitalar e ambulatorial, qual a classificação de OPME e como auditá-los. Fonte: Adobe Stock, 2021. 4.1 Prontuário do paciente: aspectos éticos e legais A evidência da auditoria em saúde, dentro de todas as instituições de saúde, inclusive em hospitais, está associada ao fato desta poder contribuir na minimização de custos, melhorias de processos e garantia do alcance da qualidade da assistência 41 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. prestada, que pode ser também constatada pelos registros no prontuário do paciente (SANTOS et al., 2020). Desse modo, um dos instrumentos utilizados pela auditoria é o prontuário do paciente. Por meio da análise dos registros presentes no prontuário, a auditoria consegue construir indicadores assistenciais e financeiros, bem como identificar a necessidade de capacitação da equipe assistencial (SANTOS et al., 2020). Em 2002, o CFM estabeleceu a seguinte definição legal para prontuário do paciente, sendo este intitulado pelo referido Conselho de prontuário médico. (...) documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo (CFM, 2002, p.184). Há outras legislações específicas do prontuário do paciente, tanto do CFM quanto de outros Conselhos, no que tange ao seu correto preenchimento, guarda e responsabilidades. Nesse sentido, prontuário do paciente também (...) serve tanto para analisar a evolução da doença, como defesa do profissional da saúde, além de também ser importante fonte de dados estatísticos do serviço (POSSARI, 2014, p.13). Como exposto, o prontuário do paciente tem como propósitos facilitar a assistência ao paciente, sendo um meio de comunicação entre os diferentes profissionais de saúde, instrumento essencial para assegurar a continuidade do atendimento tanto durante uma internação como no período entre as consultas de ambulatório (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS AUDITORES - ABEA, 2019). É importante enfatizar a necessidade de um prontuário devidamente preenchido, livro de rasuras e com clareza das informações. Ainda há uma questão cultural difundida entre os profissionais de saúde que o mesmo não é uma prioridade sobretudo pelo subterfúgio da sobrecarga de trabalho causado pelo errôneo dimensionamento da equipe (SANTOS et al., 2020). Ainda, precisamos estar cientes, da existência do prontuário eletrônico (PEP), e que a utilização deste requer todo um aparato tecnológico e possui aspectos legais específicos. 42 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. O prontuário do paciente pode ser dividido em duas partes: administrativa e assistencial. A primeira parte, refere-se às tratativas realizadas entre operadora de plano de saúde e prestador de serviço. Compõem este segmento termos de ciência assinados pelos beneficiários e outros documentos administrativos. No tangente a parte assistencial, temos o prontuário do paciente propriamente dito, com todo o registro da assistência recebida, laudos de exames, entre outros. Abaixo, observe uma simples diferenciação entre as partes. ADMINISTRATIVA ASSISTENCIAL Identificação do paciente Identificação do paciente (nome, data de nascimento, nome da mãe, sexo, naturalidade, endereço, identificação do convênio do paciente, tipo de acomodação) Identificação do paciente (nome, data de nascimento, nome da mãe, sexo, naturalidade, endereço). Termos de consentimentos referentes aos acordos assinados pelo paciente ou responsável, para qualquer procedimento invasivo como: Cirurgia, anestesia, sangue e hemocomponentes. Anamnese e exame físico. Hipótese diagnóstica. Exames complementares. Laudos de exames. Diagnósticos definidos e tratamentos Guia de Autorização de Internação, identificando o tipo de acomodação e quantidade de dias. Evolução prescrição médica diária. Registros de Enfermagem Guia de solicitação de prorrogação de internação ou complementação do tratamento (caso pertinente) Evolução diária da equipe multiprofissional. Guia de solicitação de prorrogação de internação ou complementação do tratamento - no caso de autorização de eventos de alto custo (medicamentos, dietas enterais e parenterais) Registros de operações realizadas. Ficha Anestésica. Ficha de Gasto Cirúrgico (quando pertinente) Guia de serviço profissional / serviço auxiliar de diagnóstico e terapia - SP/SADT 43 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citadosem links são de propriedade de seus titulares. Outras Guias pertinentes ao atendimento prestado Fonte: Elaborado pelo Autor. A administrativa do prontuário, como visto é composta por algumas Guias as quais iremos conhecer um pouco mais. No entanto vamos resgatar duas siglas, que você enquanto auditor irá ouvir diuturnamente: TUSS e TISS. A TISS foi estabelecida pela ANS como um padrão obrigatório para as trocas eletrônicas de dados de atenção à saúde dos beneficiários de planos, entre os agentes da Saúde Suplementar. Exemplificando, dessa troca de dados temos os processos como a autorização de procedimentos nos hospitais, cobranças de serviços de saúde e comprovantes de presença que devem ser padronizados com base nele. A ANS, organizou a TISS em cinco componentes: 1) Organizacional: O componente organizacional do Padrão TISS estabelece o conjunto de regras operacionais. 2) Conteúdo e estrutura: O componente de conteúdo e estrutura do Padrão TISS estabelece a arquitetura dos dados utilizados nas mensagens eletrônicas e no plano de contingência, para coleta e disponibilidade dos dados de atenção à saúde. 3) Representação de Conceitos em Saúde: O componente de representação de conceitos em saúde do Padrão TISS estabelece o conjunto de termos para identificar os eventos e itens assistenciais na saúde suplementar, consolidados na Terminologia Unificada da Saúde Suplementar - TUSS. 4) Segurança e Privacidade: O componente de segurança e privacidade do Padrão TISS estabelece os requisitos de proteção para assegurar o direito individual ao sigilo, à privacidade e à confidencialidade dos dados de atenção à saúde. Tem como base o sigilo profissional e segue a legislação. 5) Comunicação: O componente de comunicação do Padrão TISS estabelece os meios e os métodos de comunicação das mensagens eletrônicas definidas no componente de conteúdo e estrutura. Adota a linguagem de marcação de dados XML - Extensible Markup Language (ANS, 2020?, on line). Ao adotar um padrão obrigatório para todos os agentes que estão sob sua regulamentação, a ANS busca uniformizar as ações administrativas, contribuir com as ações de avaliação e acompanhamento econômico, financeiro e assistencial das operadoras de planos privados de assistência à saúde e compor o Registro Eletrônico.de Saúde (ANS, 2020?). 44 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Fonte: ANS 2020. http://www.ans.gov.br/prestadores/tiss-troca-de-informacao-de-saude- suplementar/padrao-tiss-dezembro-2020 Na figura acima constam os arquivos disponíveis para download gratuito e que são nossos instrumentos de trabalho. Vamos conhecer o componente de Conteúdo e Estrutura; aqui temos o padrão das “famosas” guias que compõem a parte administrativa do prontuário do paciente. Ao abordarmos alguns dos documentos padronizados pela ANS, é necessário ter em mente que a Agência também nos dá instruções de como preencher cada item presente na Guia/Formulário, sendo alguns de preenchimento obrigatório. Algumas das guias ou documentos padronizados pela ANS: Guia de Consulta: exclusivamente para consultas ambulatoriais eletivas. Sem execução de nenhum procedimento. Guia de Serviço Profissional/Serviço Auxiliar de Diagnóstico e Terapia (SP/SADT): atendimento a diversos tipos de eventos: remoção, pequenas cirurgias, terapias, consulta com procedimentos, exames, atendimento domiciliar, SADT internado, quimioterapia, radioterapia, terapia renal substitutiva (TRS) ou equipes não médicas terceirizadas participantes da internação (exemplo: fisioterapia, nutrição). Guia de Solicitação de Internação: utilizado para a solicitação, autorização ou negativa de internação em regime hospitalar, hospital – dia ou domiciliar. Tanto em casos eletivos como urgentes, é preciso solicitar a autorização para internação ou mesmo atendimento domiciliar. Guias Solicitação de Prorrogação de Internação ou Complementação do Tratamento: além de ser utilizada para 45 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. prorrogação de diárias, alteração de acomodação, e solicitação de procedimento, esta guia é usada para solicitação de medicamentos de alto custo, dietas enterais e parenterais e outras situações. Guia de Resumo de Internação: são utilizadas para faturamento dos procedimentos mais complexos, que necessitam de internação hospitalar para a sua realização. Guia de Honorários: usadas para realizar o faturamento dos serviços de auxílio que foram prestados por algum profissional de saúde que participou de algum tipo de procedimento. Guia de Tratamento Odontológico (GTO): são usadas pelos profissionais de odontologia para realizar o faturamento de tratamentos dentários. Anexo de Outras Despesas: são um complemento a outros modelos de Guias TISS. No entanto, as guias outras despesas não podem ser faturadas sozinhas. Nesta guia constam a cobrança de qualquer despesa adicional tais como: taxas, materiais, diárias, medicamentos, aluguéis ou gases que forem usados nos procedimentos médico-hospitalares. Anexo de solicitação de Órteses, Próteses e Materiais Especiais - OPME: guia de solicitação e autorização de OPME. Anexo de Solicitação de Quimioterapia; Anexo de Solicitação de Radioterapia; Guia de Recurso de Glosa: Entre operadoras e prestadores de serviços de saúde, os processos de glosa devem ser padronizados para troca eletrônica, sendo de implantação obrigatória; Demonstrativo de Pagamento: Em uma espécie de extrato, é um modelo padronizado que indica quais foram os procedimentos realizados e suas justificativas. A partir disso, a operadora de saúde autoriza ou não o pagamento, de acordo com cada caso. Para atendimentos odontológicos há guias/formulários específicos: Anexo de Guia de Tratamento Odontológico – Situação Inicial; Demonstrativo de pagamento - Tratamento Odontológico. Guia de Recurso de Glosa Odontológica 46 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Guia de Comprovante Presencial; Vamos finalizar este tópico conhecendo a TUSS. Esta terminologia tem como escopo estabelecer um padrão de nomenclaturas que facilitam a comunicação entre médicos e operadoras de serviços de saúde. A TUSS é composta apenas por códigos e nomenclaturas. A TUSS é dividida em categorias: Procedimentos e Eventos em Saúde - Comumente chamada de Tabela 22. Diárias, taxas e Gases medicinais - Comumente chamada de Tabela 18 Medicamentos - (Comumente chamada de Tabela 20) Materiais, Órteses, próteses e materiais especiais - Comumente chamada de Tabela 19 Quem não aderir à implantação das terminologias unificadas é multado, como prevê a sanção do artigo 44 da Resolução Normativa nº124 (ANS, 2006). Convido a você estudante a realizar pesquisas no site da ANS. O link encontra- se disponível na final deste e-book e possui muitas informações valiosas para o trabalho do auditor. 4.2 Auditoria de contas médicas: hospitalar e ambulatorial A auditoria de conta médica ocorre em sua maioria das vezes dentro do setor de faturamento do estabelecimento de saúde. O faturamento é aquele setor que será responsável por cobrar os itens na conta do paciente. Por itens entendemos: diárias e taxas, honorários individuais (médicos ou da equipe multiprofissional), medicamentos, materiais, OPME, gasoterapia, SADT, hemocomponentes e hemoderivados, entre outros. Na equipe de faturamento temos profissionais administrativos conhecidos como faturistas, que cobramtodos os itens utilizados pelo paciente dependendo do que foi contratualizado, tabelas acordadas e também como o sistema informatizado (software de faturamento) está padronizado. Ainda neste setor temos os auditores de contas, que após a finalização das devidas cobranças realizam a auditoria técnica antes que a conta seja enviada para auditor técnico do convênio. 47 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Para cada paciente é gerado um relatório ou guia de cobrança, constando todos os procedimentos realizados, diárias, taxas, medicamentos e materiais, em suma tudo referente assistência de saúde prestada. Muitos são os vieses que demanda auditoria técnica no faturamento, tais como: não cobrança de medicamentos e materiais utilizados; não cobrança de serviços de apoio diagnóstico; documentos incompletos; falta de pertinência do procedimento realizado com o quadro clínico do paciente; desrespeito ao prazo de entrega do faturamento; tabela de procedimentos desatualizados entre outros (MAURIZ et. al, 2011). A auditoria de contas médicas tem a finalidade de verificar a compatibilidade entre os procedimentos realizados e a cobrança dos itens que compõem as contas, com o intuito de obter resultados financeiros positivos, preservar as relações éticas entre o contratado (prestador de serviço) e o contratante (operadora de plano de saúde) e evitar as tão temidas glosas. Glosas hospitalares são faturamentos não recebidos ou recusados devido a problemas contratuais, falhas de sistemas, falta de registro, comunicação entre o prestador e a operadora de plano de saúde, entre outras situações. As glosas podem ser aplicadas parcialmente ou no valor total do pagamento. As glosas possuem impacto negativo na saúde financeira de qualquer prestador. Geralmente é frequente criar-se uma certa animosidade entre prestadores e operadoras de planos de saúde devida a aplicação de glosas. Por isso a necessidade de uma minuta contratual, bem detalhada, anexos completos para que a “regra do jogo” fique clara para ambas partes. Cabe salientar que as glosas podem ser classificadas em: Administrativas: São mais recorrentes, e podem ser resolvidas na maioria das situações com maior facilidade. Exemplos de situações que resultam em glosas administrativas: Procedimentos, materiais e medicamentos digitados de maneira errada; Registro inadequado ou incompleto das guias de autorização de procedimentos médico-hospitalares; Falta de assinatura do beneficiário em Guias que o campo de assinatura é de preenchimento obrigatório; Ausência de guias de autorizações de determinados procedimentos; Valores de tabelas referentes a taxas, materiais e medicamentos divergente do contratualizado. Entre outros. Técnicas: Estas glosas são podem ser aplicadas com auditoria in loco na instituição prestadora de serviço (pois exigem a análise do prontuário do paciente). Exemplos de circunstâncias que resultam em glosa técnica: Falta de prescrição médica; 48 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Descrição incompleta do procedimento realizado; Falta de registro no uso de OPME; Falta de Etiquetas de OPME; Falta de carimbo e assinatura de profissionais que prestaram a assistência; Ausência de checagem ou aprazamento de medicamentos; Rasura em prontuário; Uso de corretivo; Anotações realizadas a lápis; Registro ilegível; Entre outros. Lineares ou Recorrentes: Conhecidas glosas de procedimentos que estão descritos no contrato e em situações que o prestador cumpra todas as rotinas administrativas e técnicas previstas. Ainda assim, há incidência de glosas sem nenhuma justificativa, por parte da operadora de plano de saúde. A aplicação desse tipo de glosa é considerada prática irregular pela ANS, e pode ser passível adoção de medidas regulatórias pela Agência. Nesse “mar” de glosas, a ANS normatiza tal prática, atribuindo assim uma codificação específica para cada item. Segue algumas das glosas vivenciadas no dia de trabalho do auditor de contas médias, e as respectivas descrições e códigos. GRUPO CÓDIGO DA MENSAGEM DESCRIÇÃO DA MENSAGEM Regra de Valorização 1710 Falta visto da Enfermagem Procedimento 1803 Idade do Beneficiário incompatível com o Procedimento Diária 1914 Cobrança de diária em quantidade incompatível com a permanência hospitalar. Material 2014 Cobrança de material não utilizado Medicamento 2107 Cobrança de medicamento em quantidade incompatível com a permanência. OPM 2211 Cobrança de OPM inclusa no pacote Gases Medicinais 2309 Cobrança de ar comprimido sem registro no Boletim Anestésico e duração de uso. Fonte: ANS Em ambiente hospitalar a auditoria de contas, certamente é mais complexa que a auditoria ambulatorial. No âmbito hospitalar, temos os procedimentos de alta 49 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. complexidade, diárias de Unidade de Intensiva, prescrição de medicamentos de alto custo, uso de OPME das mais diversas categorias e ainda uma diversidade de profissionais envolvidos na assistência. No nível ambulatorial, temos sim algumas complexidades como serviços de oncologia, radioterapia, entre outros, porém são especificidades que necessitam de um aprimoramento direcionado e constante. 4.3 Custos e classificação das órteses e próteses Temos visto um aumento considerável no número de pessoas submetidas a procedimentos cardiológicos e vasculares, eletrofisiológicos e hemodinâmicos com o uso de OPME. É sabido que Dispositivos Médicos Implantáveis (DMI) são insumos essenciais em angioplastias, cirurgias ou percutâneas, auxiliando no tratamento e recuperação do indivíduo acometido por estas doenças (MENDIETA et al, 2020), no entanto os valores monetários atribuídos a estes itens não são condizentes com a realidade da saúde brasileira. A mídia também nos apresenta constantemente problemas envolvendo OPME. Em um domingo à noite quem nunca assistiu uma reportagem sobre a Máfia do OPME em território nacional? Tudo que envolve OPME e saúde é extremamente complexo e oneroso, mas primeiramente vamos entender o que representa cada letra desta sigla tão comum. O (ÓRTESE) peça ou aparelho de correção ou complementação de membros ou órgãos do corpo. Também definida como qualquer material permanente ou transitório que auxilie as funções de um membro, órgão ou tecido, sendo não ligados ao ato cirúrgico os materiais cuja colocação ou remoção não requeiram a realização de ato cirúrgico (...) (BRASIL, 2016, p.9). P (PRÓTESE) peça ou aparelho de substituição dos membros ou órgãos do corpo. Compreende qualquer material permanente ou transitório que substitua total ou parcialmente um membro, órgão ou tecido (...) (BRASIL, 2016, p.9). ME (MATERIAIS ESPECIAIS) quaisquer materiais ou dispositivos de uso individual que auxiliam em procedimento diagnóstico ou terapêutico e que não se enquadram nas especificações de órteses ou próteses, implantáveis ou não, podendo ou não sofrer reprocessamento, conforme regras determinadas pela Anvisa (BRASIL, 2016, p.8). 50 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. O processo de aquisição das OPMEs por uma instituição de saúde compreende diversas fases, que começa pelas especificações técnicas, até confirmação da utilização, a veracidade das informações. Assegurando a boa aquisição do produto com rastreabilidade do material, disponibilizadoe utilizado para atender o paciente (MENDIETA et al, 2020). Os OPME devem conter registro técnico para fins de cadastro na ANVISA. O cadastro desse insumo deve constar se o material é apenas um acessório ou se ele é componente, devendo ter nome comercial, sua composição e identificação com etiquetas de rastreabilidade. No que se refere rastreabilidade do OPME, a ANVISA por meio da Resolução nº14 de abril de 2011 institui o regulamento técnico com os requisitos para agrupamento de materiais de uso em saúde para fins de registro e cadastro na ANVISA e adota etiquetas de rastreabilidade para produtos implantáveis (BRASIL, 2011). #RDCDASETIQUETAS: Resolução nº14 de abril de 2011 A referida RDC, estabelece que as etiquetas deverão conter o resumo de todas as informações do cadastrada: lote; registro do material na ANVISA; nome comercial, código do fabricante ou importador, código do produto no sistema com invólucro especificando sua forma de uso único ou não (MENDIETA et al, 2020, BRASIL, 2011). Nos casos dos materiais implantáveis de uso permanente de alto e máximo risco, o fabricante ou importador deve disponibilizar etiquetas de rastreabilidade com a identificação de cada material ou componente de sistema implantável. No artigo 18, inciso primeiro da RCD consta que “devem ser disponibilizadas no mínimo 3 (três) etiquetas para fixação obrigatória: no prontuário clínico, no documento a ser entregue ao paciente, e na documentação fiscal que gera a cobrança” (BRASIL, 2011). Todo e qualquer evento adverso relacionado à assistência à saúde, medicamentos, produtos, sangue e hemoderivados, infecções relacionadas à assistência à saúde e entre outros, devem ser devidamente notificados junto ao Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária (NOTIVISA). Cada instituição ou profissional liberal, deve possuir cadastro para realizar as notificações. Sendo também possível que o cidadão realize notificações, utilizando o instrumento específico intitulado “Formulário de Notificação de Eventos Adversos para Cidadão”, você pode conhecer este formulário, acessando ao Link 3. 51 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 5 - Contratualização e Regras de Negócio Como já vimos até aqui o processo de contratualização envolve uma série de setores. É necessária a ocorrência de múltiplos processos simultaneamente, além de respeito a todas as legislações vigentes. Nesse emaranhado, temos o compliance; um dos objetivos deste instrumento é a implantação de um sistema de gestão, que garanta que a instituição de saúde atue dentro dos níveis de riscos aceitáveis para a sua atividade. Neste capítulo vamos dialogar sobre compliance em saúde e negociações. Fonte: Adobe Stock, 2021. 5.1 Compliance em Saúde O termo compliance é proveniente do verbo em inglês “to comply”, que em sua tradução literal significa estar de acordo, estar em conformidade com algo. Ao ser aplicado em empresas ele tomou um significado muito mais amplo, estar em conformidade com regras, leis, protocolos e políticas, no âmbito ético e legal (KALAY, 2018; SILVA, 2015; GIOVANINI, 2014). No cenário moderno, compliance está sendo difundido nos mais diversos ambientes político-sociais, imputando cada vez mais às pessoas físicas e jurídicas, na 52 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. esfera pública ou privada, uma postura conformadora fundamentada em valores e princípios tendentes à construção de uma sociedade coesa e digna (KALAY, 2018; SILVA, 2015; GIOVANINI, 2014). Ainda, a compliance é também seguir preceitos éticos, não exclusivamente estabelecidos em determinações governamentais, mas também em códigos internos e externos, de maneira a atenuar riscos para empresa, além de possibilitar um ambiente empresarial íntegro (SILVA, 2015). Segundo Kalay (2018, on line) compliance “é um conjunto de disciplinas e práticas que visam o cumprimento de normas de uma instituição, procurando investigar, evitar e solucionar qualquer desvio, risco ou inconformidade”. O compliance tem como função embasar para a alta gestão e estabelecer uma série de determinações para todos os envolvidos no trabalho, a fim de promover a ética e a integridade (GIOVANINI, 2014). Apesar de ter se iniciado nos setores financeiros, jurídicos e administrativos, o compliance pode ser adotado em qualquer setor que ofereça algum tipo de serviço. Até mesmo na área da saúde, onde se faz muito importante, resultando diretamente em redução de gastos e refletindo na qualidade do cuidado prestado (LIBÓRIO, 2018). A literatura evidencia que o programa de compliance traz inúmeros benefícios para a instituição que o adere, pois protege todo seu pessoal de possíveis sanções, além de evitar situações que, apesar de não serem consideradas criminosas, trazem uma visão negativa sobre a empresa para terceiros (KALAY, 2018; LIBÓRIO, 2018; SILVA, 2015; GIOVANINI, 2014). Entre as vantagens do compliance, pode-se elencar: Atração e retenção de profissionais com fortes princípios morais; Redução do custo de negociações com o governo; Atração de investidores; Promoção de vantagem competitiva; Aumento e reforço da marca e nome empresarial; Confiança dos consumidores; Respeito entre concorrentes. Nos Estados Unidos da América (EUA), o Department of Health and Human Services Office of Inspector General (OIG), é o departamento do governo norte 53 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. americano encarregado da investigação de fraudes na área da saúde. Este departamento começou a se manifestar e passou a se pronunciar sobre os parâmetros ideais para um programa de compliance na área de saúde (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2000). No ano de 2000, o OIG publicou documento intitulado “Compliance Program for Individual and Small Group of Physician Practices”. Neste documento fora estabelecido 7 elementos básicos do compliance (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2000), sendo estes: 1. Estabelecimento de padrões de conformidade através do desenvolvimento de um código de condutas, e políticas escritas e procedimentos; 2. Determinação uma equipe específica para monitoramento de conformidade; 3. Realização de treinamentos e educação sobre a prática ética e políticas de conformidade. 4. Condução de monitoramento interno e auditoria com foco em faturamento de alto risco e problemas de codificação por meio do desempenho de auditorias periódicas; 5. Criação de linhas de comunicação acessíveis de comunicação, permitindo a realização de denúncias anônimas. 6. Aplicação de padrões disciplinares, por deixando claro ou garantindo que os funcionários estão cientes de que a conformidade é tratada a sério e que as violações serão tratadas de forma consistente e uniforme; 7. Resposta adequada à detecção de violações através da investigação de alegações e a divulgação de incidentes para Entidades governamentais. No Brasil, a Controladoria-Geral da União (AGU) estabeleceu o Programa de Integralidade, também conhecido como programa de compliance, para todas as empresas privadas em território brasileiro. Sendo a AGU, o programa possui cinco elementos básicos em sua estrutura: 1º: Comprometimento e apoio da alta direção: O apoio da alta direção da empresa é condição indispensável e permanente para o fomento a uma cultura ética e de respeito às leis e para a aplicação efetiva do Programa de Integridade. 2º: Instância responsável pelo Programa de Integridade:Qualquer que seja a instância responsável, ela deve ser dotada de autonomia, independência, imparcialidade, recursos materiais, humanos e 54 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. financeiros para o pleno funcionamento, com possibilidade de acesso direto, quando necessário, ao mais alto corpo decisório da empresa. 3º: Análise de perfil e riscos: A empresa deve conhecer seus processos e sua estrutura organizacional, identificar sua Programa de Integridade: visão geral área de atuação e principais parceiros de negócio, seu nível de interação com o setor público – nacional ou estrangeiro – e consequentemente avaliar os riscos para o cometimento dos atos lesivos da Lei nº 12.846/2013. 4º: Estruturação das regras e instrumentos: Com base no conhecimento do perfil e riscos da empresa, deve-se elaborar ou atualizar o código de ética ou de conduta e as regras, políticas e procedimentos de prevenção de irregularidades; desenvolver mecanismos de detecção ou reportes de irregularidades (alertas ou red flags; canais de denúncia; mecanismos de proteção ao denunciante); definir medidas disciplinares para casos de violação e medidas de remediação. Para uma ampla e efetiva divulgação do Programa de Integridade, deve-se também elaborar plano de comunicação e treinamento com estratégias específicas para os diversos públicos da empresa. 5º: Estratégias de monitoramento contínuo: É necessário definir procedimentos de verificação da aplicabilidade do Programa de Integridade ao modo de operação da empresa e criar mecanismos para que as deficiências encontradas em qualquer área possam realimentar continuamente seu aperfeiçoamento e atualização. É preciso garantir também que o Programa de Integridade seja parte da rotina da empresa e que atue de maneira integrada com outras áreas correlacionadas, tais como recursos humanos, departamento jurídico, auditoria interna e departamento contábil-financeiro (CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, 2015, p.6-7). Fonte: AGU. 2015 https://www.gov.br/cgu/pt-br/centrais-de- conteudo/publicacoes/integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas- privadas.pdf 55 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. O comprometimento e apoio da alta direção proporciona para a equipe compliance independência e autonomia. Essa listagem é frequentemente ampliada pelas instituições e operadoras de planos de saúde, incluindo os elementos: due diligences, investigações internas, canais de denúncias e previsão de medidas disciplinares. Apesar do custo financeiro da elaboração e aplicação do programa de compliance, é sabido que o custo da não-conformidade é bem mais elevado, principalmente devido aos prejuízos à imagem da empresa, às sanções legais e ainda o impacto aos pacientes em virtude da interrupção da assistência (SPINDOLA, 2017). Boas práticas de governança corporativa estão sendo cada vez mais requeridas pelos órgãos regulatórios, com o intuito de avaliar os riscos inerentes ao negócio, e garantir a boa gestão, subsidiando manutenção da sustentabilidade e perenidade da organização (TEIXEIRA et al., 2018). Com o objetivo de garantir a solvência das operadoras de planos de saúde, a ANS publicou a Resolução Normativa (RN) n° 443/2019 instituindo a adoção de práticas mínimas de governança corporativa, com destaque para controles internos e gestão de riscos, afim de garantir a sustentabilidade da saúde suplementar (SOUZA- FILHO; PEREIRA, 2020; ANS, 2019). 5.2 Contratos e negociações hospitalares Contratos entre operadoras de planos de saúde e prestadores, dividem-se praticamente em cláusulas jurídicas e cláusulas comerciais. A primeira categoria possui itens de estrutura obrigatória (ANS, 2020). Quanto às cláusulas obrigatórias, as discutimos no capítulo 2. Referente às cláusulas comerciais, o profissional auditor no papel de negociador, tem a liberdade para trafegar pelas diversas possibilidades de negociação. Além do contrato formalizado, escrito, há “acordos tácitos” que são a denominação dada para os casos em que não existe acordo escrito. Os acordos tácitos, podem resultar de situações onde ainda não há o uso do formato escrito, seja pela falta do acordo formal ou por desconhecimento das obrigações legais (ABEA, 2018). Deve-se considerar também um acordo tácito quando ambas as partes decidem, por um determinado período de tempo, descumprir as obrigações já formalizadas 56 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. (ABEA, 2018). No ano de 2020 devido a pandemia causada pelo Coronavírus, vários acordos formais precisaram ser flexibilizados, havendo assim acordos tácitos temporários. As negociações em saúde, são consideradas eficientes quando atingem a satisfação dos envolvidos, prestadores de serviços e operadoras de plano de saúde. Mas para que negociação seja otimizada são necessários alguns passos. Algumas fases do processo de negociação que podem ser seguidas como meio de otimizar o processo são: Preparação e planejamento da negociação: Você auditor seja da operadora ou do prestador, estude o seu parceiro, entenda o papel dele na região, no mercado de saúde. Estabeleça uma orientação inicial na negociação e uma relação inicial com o outro negociador: Definam um fluxo de trabalho, por onde iniciar as tratativas. Exemplo primeiro diárias e taxas, parâmetros, minuta contratual e orientações gerais. Propostas iniciais: Tenha sempre uma proposta atualizada para iniciar negociações. Trace com sua liderança uma base de dados para negociação mínima. Assim você terá maior autonomia nas negociações. Mantenha sempre um histórico de todas as tratativas, assim você poderá posteriormente traçar a evolução. Intercâmbio de informações: Envolve as outras áreas, nas partes que lhes são pertinentes, traga a realidade do dia para a negociação. Exemplo: Faça reunião produtiva e discuta, o credenciamento com as áreas de recepção, faturamento, financeiro, qualidade entre outros. Solução de diferenças: Lembre-se sempre precisaremos ceder em algo, o auditor precisa entender a relação entre custo-benefício. Encerramento da negociação: Após a concordância de ambas partes, inicia-se o momento da preparação de documentos para que o responsáveis legais pelas instituições, assinem o contrato e seus respectivos anexos. A seguir, podemos observar uma Tabela de parâmetros remuneratórios, quando o auditor juntamente com a alta gestão, validam parâmetros remuneratórios mínimos. Assim, o auditor detém autonomia e conhecimento, para saber até que momento a negociação é viável para saúde financeira da sua instituição; 57 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. PARÂMETROS REMUNERATÓRIOS DESCRIÇÃO PROPOSTA Honorários médicos, Hemocomponentes e Hemoderivados, e SADT’S CBHPM 2018 UCO CBHPM 2018 Consulta (URGÊNCIA/EMERGÊNCIA) - 10101039 R$ 93,20 Consulta Ambulatorial - 10101012 R$ 190,50 Medicamentos/ Soros e Soluções Eletrolíticas Halex Star/Fresenius/Boxter) / Contraste/ Fios cirúrgicos Johnson& Johnson - última publicação no Brasíndice Medicamentos não restritos hospitalar - BRASÍNDICE PMC Medicamentos restritos hospitalar - BRASÍNDICE PF + 10% NÃO CONSTANTES no BRASÍNDICE - Nota Fiscal + 10% Dietas Parenteral BRASÍNDICE PF + 10% Dietas Enteral e Suplementações Nutricionais BRASINDICE PF PURO Materiais SIMPRO PURO MateriaisNão constantes no SIMPRO Nota Fiscal +30% OPME Próprio da Instituição SIMPRO PURO NÃO CONSTANTES na Simpro NF + 30% TAXA OPME – QUANDO O MATERIAL FOR DE FORNECEDOR - Negociadas diretamente entre o convênio e o Fornecedor (TAXA DE SERVIÇO DE ARMAZENAMENTO, MANIPULAÇÃO, ESTERELIZAÇÃO, DISPENSAÇÃO, CONTROLE E 17% da NF 58 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. AQUISIÇÃO DE ÓRTESES, PRÓTESES e MATERIAIS ESPECIAIS) Filme R$ 21,70 m². Fonte: Elaborado pelo Autor. O mesmo deve ser feito com os demais itens, como por exemplo Diárias e Taxas, Gasoterapia, Serviços entre outros. TABELA DE DIÁRIAS E TAXAS DIÁRIAS CÓDIGO TUSS DESCRIÇÃO VALOR 60000694 Enfermaria R$600,00 60000554 Apartamento R$1.000,00 60000635 Alojamento Conjunto – Enfermaria – BINÔNIMO MÃE-BEBÊ R$890,00 60000503 Alojamento Conjunto - Apartamento – – BINÔNIMO MÃE-BEBÊ R$1.600,00 60001011 Diária De Unidade Intermediária Geral - Adulto e Pediátrica R$1.900,00 60001046 Diária De UTI Coronariana R$2.400,00 60001038 Diária De UTI Adulto Geral/ R$2.400,00 60001054 Diária De UTI Infantil/Pediátrica R$2.400,00 60001062 Diária de UTI Neonatal R$3.800,00 60029080 Taxa De Isolamento, Por Dia R$200,00 60000775 Diária De Hospital Dia Apartamento (Day Clinic) – diária até 12 horas R$485,00 60000783 Diária De Hospital Dia Enfermaria (Day Clinic) – diária até 12 horas R$360,00 60000384 Diária de Acompanhante (inclusive pré-parto e pós- parto imediato) - idosos acima de 60 anos, menores R$240,00 59 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. de 18 anos, gestantes e portadores de necessidades especiais. Completa. Os materiais e medicamentos utilizados não estão inclusos nas diárias. Assim como honorários médicos, exames, hemocomponentes e hemoderivados. Fonte: Elaborado pelo Autor. Outro ponto importante dentro da negociação é a remuneração em saúde. Existem algumas práticas diferentes no mercado atual. Fonte: Adobe Stock, 2021. De acordo com a ANS temos os seguintes formatos de remuneração (ANS, 2019): Fee for Service: Modelo predominante no mercado de saúde brasileiro, também conhecido como modelo de conta aberta; Ou preço fixo (pacotes de procedimentos) Assalariamento: Remuneração por tempo; Pagamento clássico, pago como contraprestação dos serviços executados pelo empregado, de acordo com o número de horas trabalhadas, incluídos os benefícios sociais da relação formal de trabalho; Orçamento Global e Parcial: Transferências Orçamentárias. Estabelecimento de um montante de recursos estimado por meio de uma programação 60 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. orçamentária com valores geralmente baseados em pagamentos anteriores, série histórica, e ajustados por um fator de inflação para um período A atual conjuntura de pagamento do mercado de saúde brasileira, não se sustenta, sendo necessário a inovação imediata. Importante considerar também o relacionamento conflituoso e antagonista presente entre operadoras e prestadores, especialmente quando se trata de valores financeiros e da forma de remuneração. Diante disso, outros modelos adotados mundialmente estão sendo analisados e adaptados. Conforme a Agência há novos modelos de remuneração (ANS ,2019): DRG ou Diagnosis Related Grouping: Remuneração por caso. Sistema de classificação de pacientes, construído na perspectiva de instrumentalizar a gestão hospitalar, viabilizando a mensuração e avaliação de seu desempenho. Custos por grupos de diagnósticos associados por riscos. Capitation: Modelo de remuneração de médicos ou outros prestadores de serviços de saúde, por meio do estabelecimento de um valor fixo por paciente cadastrado (per capita). Fornecimento de serviços de saúde previamente contratados, para uma população definida e em um período especificado. Pagamento baseado em episódios ou Bundle Payments: Pagamentos para múltiplos serviços que recebem durante um único episódio de atendimento e inclui a responsabilidade financeira e de desempenho pelos episódios de atendimento. Shared Savings/Shared Risk ou Riscos e Economias Compartilhados: Pagamentos por economias geradas. Modelo de pagamento no qual os prestadores de serviços recebem um bônus ou penalidade se o total de gastos da fonte pagadora forem menores, ou maiores que o gasto acordado entre as partes no programa; Pagamento por Performance (P4P): remuneração ajustada pelo desempenho dos prestadores de serviços que deve estar associado a outro modelo específico; Os novos modelos de remuneração têm como objetivo: Colocar o paciente em primeiro lugar; priorizar modelos remuneratórios baseados em valores em saúde; criar possibilidades de escolhas; estimular iniciativas centradas no paciente e melhorias organizacionais; padronizar os métodos de pagamento nos diferentes contextos; e ainda, tornar os resultados transparentes para a sociedade (DAFNY; LEE, 2017). 61 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Espera-se que os novos modelos de remuneração que prezam o valor em saúde, o profissional de saúde que executa a auditoria deverá voltar à sua atenção para questões que são de seu completo domínio: o atendimento e cuidado ao ser humano, com a visão gestora dos recursos. De acordo a agência, os novos modelos de remuneração baseado em valor não visam a extinção total do Fee For Service, mas de apresentar modelos alternativos e complementares que, em situações específicas, podem auxiliar para a qualidade e eficiência do setor (ANS,2019). Nesse sentido, nota-se uma tendência mundial de se pesquisar uma adequação do modelo de pagamento condizente com o tipo de atenção prestada. E a implementação de modelos de remuneração por tipo de situação clínica. Os novos modelos, têm como finalidade não apenas a minimização ou otimização dos custos, mas também a melhoria da qualidade em saúde como um todo (MILLER, 2018). Ressalta-se que não há pretensão de implantação de um modelo novo totalmente pronto. Cada particularidade assistencial, precisa ser estudada e realizada as devidas adequações. Como por exemplo, modelos de remuneração adotados para remuneração de cuidados realizados na atenção primária, dificilmente serão adequados para atendimentos hospitalares. É necessário considerar as peculiaridades assistenciais e adequá-lo à realidade brasileira, lembrando que o Brasil é um país continental, com a falta de estrutura e de profissionais em várias regiões (ANS, 2019; MILLER, 2018). O único consenso até o momento é que os modelos de remuneração vigentes não estão atendendo a demanda da população e a necessidade de revisão é urgente. Para finalizarmos este tópico deixo com você a seguinte reflexão: “existe o risco que você não pode jamais correr, e existe o risco que você não pode deixar de correr” - Peter Drucker. Todo o conteúdo transcorrido demonstrou as oportunidades de atuação do auditor em saúde, sendo estas: Agente de compliance; Visitas técnicas para credenciamento; Negociação de valores e taxas; Análise técnica de minuta contratual; Acompanhamento e manutenção de contratos; 62 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Auditor de contas médicas; Auditoriade qualidade; Análise e construção de novos modelos de remuneração. De encontro com esta prerrogativa temos visto a atuação do auditor em todos os processos de gestão de recursos humanos, materiais, físicos e financeiros. Instituições de saúde buscam o perfil destes profissionais, com conhecimento, habilidades e competência técnica. O auditor em saúde precisa estar preparado para encarar os desafios do seu ofício, procurando estar atualizado frente às mudanças tão frequentes nesse nicho de mercado, principalmente quanto aos pontos centrais do exercício em auditoria abordados. Você hoje, finalizando este módulo, já está um passo à frente. Parabéns pela conquista, nos vemos em uma próxima oportunidade! 63 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Referências AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Espaço do Consumidor. O que é o Rol de Procedimentos e Evento em Saúde. Brasília, 2020. Disponível em: . Acesso em 05 dez. 2020. AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Espaço da Operadora. Central de Atendimento a Operadoras e Prestadores. Em quais modalidades se classificam as operadoras? Brasília, 2020. Disponível em http: . Acesso em 10 set. 2020. 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Rev Enferm UFSM. v.3, n.3, p:528-538, 2013.há dois subsistemas de saúde e suas principais diferenças, é compreensível que a avaliação nestes dois sistemas tenha objetivos diferentes e seja feita utilizando metodologias e formatos diversificados. Sendo assim, enquanto auditores, precisamos estar cientes que cada contexto avaliado possui particularidades, as quais deve-se considerar os conceitos do segmento, abordagens, quais níveis hierárquicos serão avaliados, critérios e quais indicadores utilizaremos para a avaliação (HARTZ; SILVA, 2005). No âmbito da saúde, o pensamento donabediano tem permeado as avaliações. Cabe salientar que o Modelo Donabedian é utilizado mundialmente como referência para avaliar a qualidade dos serviços de saúde. Avedis Donabedian foi um médico, pioneiro no setor de saúde que se dedicou de forma sistemática ao estudo sobre avaliação da qualidade em saúde. Donabedian adaptou à Teoria de Sistemas para o contexto hospitalar, incorporando a este ambiente a noção de indicadores de estrutura, processo e resultado (DONABEDIAN, 1990). 7 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Conforme escritos de Donabedian, para se avaliar o nível de qualidade de uma instituição deve-se definir previamente os critérios que serão utilizados e analisar as informações das dimensões de Estrutura, Processo e Resultado. Estrutura: Características estáveis e necessárias ao processo assistencial, compreende: a área física, recursos humanos (número, tipo, distribuição e qualificação), recursos materiais e financeiros, sistemas de informação e instrumentos normativos técnico-administrativos, apoio político e condições organizacionais. Processo: Representa a prestação da assistência conforme padrões técnico-científicos, estabelecidos e aceitos na área científica. Abrange a identificação de problemas, métodos diagnósticos e cuidados prestados. Resultados: Corresponde às consequências das atividades realizadas nos serviços de saúde, ou pelo profissional. Assim como as mudanças identificadas no estado de saúde dos pacientes, estas mudanças estão associadas ao conhecimento e comportamento, e também à satisfação do paciente e do funcionário envolvidos no processo (PAGANINI, 1993). Depois de conhecermos o referencial teórico amplamente utilizado em avaliação em saúde, vamos conhecer um pouco do sistema de informação em saúde brasileiro. 1.2 Sistemas de Informação em Saúde: indicadores em saúde No nosso dia-a-dia utilizamos vários dados ou informações para subsidiar nossa tomada de decisão, no sistema de saúde não seria diferente. O Ministério da Saúde utiliza o Sistema de Informação em Saúde (SIS) como mecanismo de instrumentalização, monitoramento e apoio à gestão do SUS, em todas as esferas de governo (municipal, estadual e União) (FRANCO, 2012). Este sistema tem como intuito o fornecimento de informações para análise e melhor compreensão dos processos de planejamento, programação, regulação, controle, avaliação e auditoria. O Ministério da Saúde, por meio do Datasus, é responsável pela guarda, preservação e acesso seguro das bases de dados dos SIS (FRANCO, 2012). No quadro abaixo, segue alguns dos SIS: 8 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE FONTE DAS INFORMAÇÕES ALGUMAS FINALIDADES Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) Declaração de óbito. Descrever o perfil de mortalidade populacional. Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) Declaração de Nascido Vivo. Identificar o perfil das condições de nascimento. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) Fichas de Notificação e Investigação Conhecer as principais morbidades, agravos e doenças notificadas. Sistema de Informação Hospitalar (SIH-SUS) Autorização de Internação Hospitalar - SUS Traçar o perfil de morbidade e mortalidade hospitalar no SUS. Sistema de Informação Ambulatorial (SIA-SUS) Registro dos atendimentos realizados no âmbito ambulatorial, por meio do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA). Monitoramento do quantitativo de procedimentos ambulatoriais realizados. E-SUS (substituiu o SIAB) Cadastramento domiciliar; acompanhamento de grupo de risco; registro de atividades, procedimentos e notificações. Monitoramento e construção de indicadores populacionais referentes a área de abrangência bem delimitada. Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saúde (SCNES) Cadastramento de Estabelecimentos de Saúde e Profissionais de Saúde. Cadastrar e atualizar as informações sobre estabelecimentos de saúde e profissionais de Saúde. 9 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Sistema de Regulação de Vagas (SISREG) Registro de encaminhamento solicitado. Exemplo: consulta com especialista; solicitação para realização de exames laboratoriais ou de imagem; solicitação de procedimento cirúrgico, entre outros. Permite o controle e regulação dos recursos hospitalares e ambulatoriais especializados no nível Municipal, Estadual ou Regional. Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP) Tabelas do SUS Unificar tabelas com o objetivo de melhorar a organização e controle financeiro da organização do SUS. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) Registro de Ações previstas na Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Traçar e Monitorar o perfil alimentar e situação nutricional. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI -PNI) Mapa diário de registro de doses aplicadas e Boletim Mensal de doses aplicadas Controle das coberturas vacinais alcançadas. Fonte: Elaborado pelo Autor. Os SIS listados nos oferecem indicadores que nos permitem medir a realidade de determinada população subsidiando a criação de parâmetros, corroborando com o gerenciamento, avaliação das ações e planejamento estratégico em saúde em todo o 10 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. território nacional. É oportuno mencionar que além dos sistemas elencados, há outros que devem ser consultados e analisados a depender da população avaliada. O indicador pode ser entendido como uma unidade de medida de uma atividade com a qual se está relacionado ou, ainda, uma medida quantitativa que pode ser usada como um guia para monitorar e avaliar a qualidade de importantes cuidados providos ao paciente e as atividades dos serviços de suporte. Utilizando as informações presentes no SIM e dados do Instituto Brasileiro Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), podemos medir a mortalidade de uma determinada população em um território delimitado (RIPSA, 2008). Vamos usar como exemplo a taxa de mortalidade infantil ou coeficiente de mortalidade infantil definido como “número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado” (RIPSA, 2008, p.108). Neste caso temos para construção do indicador uma equação previamente estabelecida, com numerador e denominador (RIPSA, 2008). Numerador: Número de óbitos de residentes com menos de um ano de idade x 1.000 Denominador: Número de nascidos vivos de mães residentes No entanto, na construção deste indicador, é preciso considerara existência de sub-registro de óbitos de menores de 1 ano e de nascidos vivos, falhas na definição de nascido vivo, e ainda erros na informação da idade da criança na declaração de óbito. De forma sucinta, em alguns casos, as estatísticas oficiais podem nos conceder informações imprecisas sobre nosso numerador e nosso denominador (RIPSA, 2008). Como visto acima, há indicadores com conceitos e fórmulas já estabelecidos e consensualmente adotados. Todavia, em outras situações cabe a nós auditores criar, monitorar e estabelecer indicadores, por isso a importância do conhecimento aprofundado e contínuo do contexto a ser avaliado (BITTAR, 2001). Alguns indicadores que podem nos auxiliarem durante o processo de avaliação (RIPSA, 2008, BITTAR, 2001). CATEGORIAS DE INDICADORES INDICADORES Indicadores de saúde da comunidade: Taxa de incidência; Taxa de prevalência; 11 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Taxa de Letalidade; Taxa de Mortalidade Geral Taxa de mortalidade infantil Taxa de mortalidade infantil tardia Taxa de mortalidade neonatal precoce Taxa de mortalidade materna Taxa de mortalidade por causa específica Taxa de natimortalidade Indicadores econômicos e de política Indicadores demográficos e geográficos Indicadores epidemiológicos Indicadores educacionais, psicossociais, culturais Indicadores tecnológicos Indicadores de estrutura: Capacidade planejada (leitos e camas) Capacidade operacional (leitos e camas) Capacidade ociosa Número de consultórios Número de salas cirúrgicas Consultas/consultório/dia Indicadores de produção: Número de atendimentos Número de internações Lista de espera e tempo de espera Pacientes-dias Taxa de ocupação hospitalar Taxa de necropsia Número de cirurgias e partos Rendimento/concentração Indicadores de produtividade Índice de produção por funcionário da área/subárea Índice de renovação ou giro de rotatividade Índice intervalo de substituição Média de permanência Funcionários/Leitos e camas Indicadores hospitalares de qualidade Taxa bruta de infecções 12 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Taxa de cesáreas Taxa de cirurgias desnecessárias Taxa de complicações ou intercorrências Taxa de infecção hospitalar (geral/sistêmica/topográfica, respiratória, urinária...) Taxa de mortalidade geral hospitalar Taxa de mortalidade institucional Taxa de mortalidade materna hospitalar Taxa de mortalidade operatória Taxa de mortalidade pós-operatória Taxa de mortalidade por anestesia Taxa de mortalidade transoperatória Taxa de remoção de tecidos normais Indicadores econômico-financeiros Indicadores de liquidez: Índice de liquidez imediata; Índice de liquidez corrente; Índice de liquidez seco; Índice de liquidez global Indicadores de atividade: Período médio de cobrança; Prazo médio de pagamento; Posição relativa; Rotação de estoques; Período médio de estocagem Indicadores de rentabilidade: Margem operacional; Giro do ativo; Retorno sobre o total do ativo ou investimento; Retorno sobre o patrimônio liquido Indicadores de alavancagem: Grau de alavancagem Indicadores de viabilidade econômica: Índice de viabilidade Outros: Ponto de equilíbrio; Balanço/balancetes; Orçamento; Contabilidade de custos Indicadores de economia da saúde Análise de minimização de custos Análise de custo-efetividade Análise de custo-benefício Análise de custo-utilidade QALY Índice de eficácia Índice de efetividade 13 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Índice de eficiência Eficiência clínica Eficiência na produção Eficiência na distribuição Indicadores de imagem Satisfação do paciente Satisfação do fornecedor Satisfação do visitante Satisfação do acompanhante Satisfação do funcionário Satisfação do corpo clínico Imagem perante o público Fidelidade dos clientes Inserções na mídia Balanço social Fonte: Elaborado pelo Autor 1.3 Introdução à qualidade: conceituação e objetivos Já conversamos um pouco sobre Donabedian, e seu pioneirismo ao estabelecer preceitos de qualidade em avaliações de ambientes hospitalares (DONABEDIAN, 1990). Esse estudioso estabeleceu 7 grupos de qualidade em saúde: Eficácia: A estratégia mais eficaz de tratamento é o limite superior do que pode ser alcançado, o melhor que se pode fazer sob as condições mais favoráveis e controladas. Efetividade: É a melhora alcançada, ou que se espera seja alcançada, em condições reais da prática diária em relação ao melhor cuidado verificado. Eficiência: Definida como a capacidade de se obter o máximo de melhora na saúde com o menor custo. Se duas estratégias em saúde são igualmente eficazes ou efetivas, a mais barata é a mais eficiente. Otimização: O quarto pilar da qualidade pode ser definido como o mais vantajoso balanço entre custos e benefícios. Aceitabilidade: A aceitabilidade se refere à adaptação do cuidado de saúde aos desejos, expectativas e valores dos pacientes e suas famílias. Ainda referente a este pilar, “entram também em consideração nesse ponto: a acessibilidade, a relação médico-paciente e a comodidade do tratamento. Legitimidade: A legitimidade introduz a questão social na discussão de qualidade: ao nível social, além do cuidado com o indivíduo, existe a responsabilidade com o bem-estar de todos. 14 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Equidade: É o princípio que determina o que é justo na distribuição de cuidados e seu benefício entre os membros de uma população (MALLET, 2005, p.451). Fonte: Adobe Stock, 2021. Os 7 grupos definidos por Donabedian, são entendidos também como os 7 pilares da qualidade, a imagem acima evidencia como os pilares/grupo ora descritos sustentam a qualidade das instituições. Finalizando este tópico, apesar do termo qualidade ser utilizado em diversas situações, o seu significado nem sempre possui uma definição clara. Sendo assim deixo com vocês alguns conceitos de qualidade amplamente difundidos: “Qualidade é a capacidade de satisfazer desejos” – Deming. “Qualidade é a adequação ao uso” – Juran. “Qualidade é satisfazer ao cliente, interno ou externo, atendendo ou excedendo suas expectativas, através da melhoria contínua do processo” – Ishikawa. “Qualidade é ir ao encontro das necessidades do cliente” – Crosby. “Qualidade é um conjunto de características do produto ou serviço em uso, as quais satisfazem as expectativas do cliente” – Feigenbau. “Qualidade é minimizar as perdas causadas pelo produto, não apenas ao cliente, mas a sociedade, a longo prazo” – Taguch. Muitos desses conceitos são utilizados de forma concomitante, a depender do cenário avaliado. 1.3.1 Fluxos e processos Elucidado as principais temáticas no que se refere à avaliação em saúde, podemos agora discutir fluxos e processos. Quando uma instituição de saúde, seja uma 15 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. clínica ou hospital, estabelece os seus fluxos e processos, tal ação traz consigo alguns benefícios como: Segurança para os pacientes, acompanhantes, visitantes e profissionais. Qualidade da assistência; Melhora do clima organizacional; Promoção do trabalho em equipe; Avanço nos resultadose processos; Aperfeiçoamento do desempenho institucional; Evolução contínua; Ao falarmos de gestão e processos é interessante conhecermos algumas ferramentas utilizadas: 1- Fluxograma: representação gráfica, que apresenta os passos e as etapas em sequência de determinado processo que acontece na instituição. 2 – Diagrama Ishikawa (Diagrama de causa e efeito): Também conhecido como Diagrama Espinha de Peixe. Esta estrutura gráfica apresenta as causas e os efeitos de um problema. 3 – Histograma: um gráfico de barras, com distribuição de frequência de dados. A intenção desta ferramenta é analisar o comportamento de determinada atividade. 4 - A Matriz de Riscos ou Matriz de Probabilidade e Impacto: é uma ferramenta de gerenciamento de riscos que permite de forma visual identificar quais são os riscos que devem receber mais atenção. 5- 5W3H: Tem como função definir o que será feito, porque, onde, quem irá fazer, quando será feito, como e quanto custará. Esta ferramenta é um checklist de atividades, prazos e responsabilidades que devem ser desenvolvidas com clareza e eficiência por todos os envolvidos em uma determinada atividade (RODRIGUES, 2012). Os 5W: ● What (o que será feito?) ● Why (por que será feito?) 16 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. ● Where (onde será feito?) ● When (quando será feito?) ● Who (por quem será feito?) Os 3H: ● How (como será feito?) ● How much(quanto vai custar?) ● How many (quantos?) 6- PDCA: ferramenta de melhoria contínua composta pelas seguintes etapas (RODRIGUES, 2012): P (do inglês – Plan) = Planejamento D (do inglês – Do) = Execução C (do inglês – Check) = Verificação A (do inglês – Act) = Atuar/Agir As 6 ferramentas são as mais utilizadas, porém há muitas outras que podem auxiliar a nós auditores na elaboração e execução de fluxos e processos. 1.4 Programas de Acreditação Como percebemos, a avaliação da qualidade é um tema que aflige os gestores dos serviços de saúde, sendo assim crucial que sua operacionalização ocorra por meio de ferramentas e técnicas sistemáticas (OLIVEIRA; MATSUDA, 2016). No cenário de saúde, a avaliação da qualidade em saúde, principalmente no contexto hospitalar, tem recebido ênfase por meio do sistema de acreditação e/ou certificação (OLIVEIRA; MATSUDA, 2016). Alguns dos principais sistemas de certificação internacional são: Joint Comission Internacional (JCI) e Canadian Council on Health Services Accreditation. Há vários outros, porém não tão amplamente difundidos em território brasileiro. Na Saúde Pública é comum que os estabelecimentos busquem as certificações da International Organization for Standardization (ISO), em tradução para português Organização Internacional de Padronização. Este é um mecanismo utilizado para 17 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. promover a normalização de produtos e serviços, usando determinadas normas para que a qualidade seja melhorada. Podemos elencar algumas do Sistema de Gestão de Qualidade em empresas, tais como a ISO 9000, ISO 9001, ISO 14000 entre outras normas (RODRIGUES, 2012). Já as instituições privadas que prestam serviços de saúde, têm recorrido a Organização Nacional de Acreditação (ONA), sendo esta uma das maiores certificadoras, a certificação mediada pela. A acreditação é na forma de níveis: Acreditado; Acreditado Pleno; Acreditado com Excelência e; Não Acreditado (OLIVEIRA; MATSUDA, 2016). Uma das conquistas, atreladas a obtenção de certificações, além da segurança do paciente e garantia da qualidade, é o envolvimento e compreensão da alta direção na construção e gestão nos processos. A literatura tem demonstrado que boas práticas da qualidade em serviços da saúde nos hospitais, quando relacionada à acreditação, oportuniza o aumento da produtividade, maior satisfação ao paciente, e ainda, agrega valor à instituição (TERRA; BERSSANETI, 2017). 18 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 2 - Auditoria em Saúde (contexto do prestador e da operadora/ gestor) Para iniciarmos este capítulo, convido você a ler comigo o poema escrito pela presidente da Associação Brasileira de Enfermeiros Auditores (ABEA), a senhora Helena Maria Romcy, sobre a tal fantástica arte de auditar. A arte de Auditar Auditar e amar São palavras que andam juntas E nos fazem Ajudar! Sublimando nossa Essência Dando todos a Excelência Na qualidade do Cuidar! Sem personalizar o serviço Mas mantendo o compromisso Da certeza que a direita não sabe o que a esquerda oferece Dando assim a todos o mesmo patamar! Auditar soa aos nossos ouvidos E enche nossos corações de sorrisos Pois o amor está no ar Só no ato de Auditar! O breve poema, traça um panorama de um mundo novo e fascinante que estamos prestes a conhecer. 2.1 Auditoria em saúde No contexto da saúde, a primeira publicação a respeito de auditoria remonta à década de 1970 (VIEIRA; SANNA, 2013). É de conhecimento de todos que apenas recentemente a atividade do profissional auditor deixou de restringir-se apenas à área contábil, sendo agora a auditoria um instrumento de avaliação da eficácia e efetividade dos controles internos institucionais (ABEA, 2018). 19 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. A auditoria em saúde vem ganhando novas dimensões ao longo dos anos e evidenciando sua importância tanto para as instituições de saúde, seja hospitais ou clínicas, quanto para operadoras de planos de saúde (SANTOS et al., 2020). No âmbito da saúde pública, com a criação do SUS, em 1988, estabeleceu-se o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, assim como a regionalização e hierarquização, descentralização com direção única em cada esfera de governo, participação da comunidade e atendimento integral, com prioridade para a atenção primária (BRASIL, 1988). De encontro aos princípios doutrinários e diretrizes organizacionais definidos, foi criado em 1993 o Sistema Nacional de Auditoria (SNA) (BRASIL, 2017). O SNA tem como competência a avaliação técnica, científica, contábil, financeira e patrimonial do SUS, sendo que sua ação deve transcorrer de forma descentralizada por meio de órgãos estaduais, municipais e da representação do Ministério da Saúde em cada estado da federação. O Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), órgão central do SNA, executa atividades de auditoria e fiscalização especializada no SUS, acompanhando as ações propostas e analisando seus resultados (BRASIL, 2017). No SUS a auditoria pode ser definida quanto à/ao: FORMA DE OPERACIONALIZAÇÃO AO TIPO DE AUDITORIA NATUREZA DA AUDITORIA Direta: Auditoria realizada com a participação de profissionais de um mesmo componente da SNA Conformidade: Examina a legalidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto assistencial, contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial. Regular ou Ordinária: Ações inseridas no planejamento anual de atividades dos componentes de auditoria. Integrada: Auditoria realizada com a participação de profissionais de mais de um componente do SNA. Operacional: Avalia os sistemas de saúde, observando aspectos de eficiência, eficácia e efetividade. Especial ou Extraordinária: Ações não inseridas no planejamento, realizadaspara apurar denúncias ou para atender alguma 20 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. demanda específica. Compartilhada: Auditoria realizada com a participação de profissionais do SNA, junto com os demais técnicos de outros órgãos de controle interno e externo. Fone: BRASIL, 2011. Já no âmbito da Saúde Privada ou Suplementar a auditoria possui outro tipo de comportamento, os quais descreveremos nos textos posteriores. 2.2 Tipos de auditoria: Aspectos conceituais e metodológicos Anteriormente descrevemos a definição de auditoria adotada pelo SNA. No entanto, na Saúde Suplementar temos algumas definições diferenciadas. Para compreender os tipos de auditorias que podem ocorrer em uma instituição de saúde ou operadora de plano de saúde, é necessário considerar todo o processo que envolve a cobrança de uma conta, desde a entrada de um paciente em ambiente hospitalar, até o recebimento dos valores pertinentes a este atendimento. Considerando os cenários dos prestadores de saúde (hospitais, ambulatórios, clínicas, entre outros) e das fontes pagadoras (próprio cliente recebedor da assistência; seguradoras; das operadoras de planos de saúde - plano de saúde, convênio; ou o próprio SUS), é possível vislumbrar três tipos de auditoria. ➔ Auditoria Preliminar, Preventiva ou Prospectiva: é conhecida como pré-auditoria. Sendo realizada antes da ocorrência de um evento. Cabe ao auditor, como parte integrante de uma equipe multiprofissional, e respeitando a alçada de Exercício profissional de cada categoria, analisar as solicitações, documentos administrativos, pertencimento do procedimento, considerando exames e laudos comprobatórios. É fundamental compreendermos que nesse momento, as autorizações deliberadas irão desencadear todo o processo de faturamento futuro (GONÇALVES, 2009). 21 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. ➔ Auditoria Concorrente: este tipo de auditoria ocorre durante o evento. Em ambiente hospitalar este tipo de auditoria acontece quando o paciente ainda não recebeu alta hospitalar, permanece internado, ou pode realizar-se durante ato cirúrgico (GONÇALVES, 2009). ➔ Auditoria Retrospectiva, auditoria de conta: acontece após a ocorrência do evento. Muitas das vezes realizada após o fechamento da conta, com a alta do paciente. Nesse momento audita-se apenas o “papel”, ou em alguns casos o sistema (prontuários eletrônicos), por isso a importância do registro de toda a assistência prestada (GONÇALVES, 2009). Ainda, a auditoria também pode ser definida com outras nomenclaturas tais: Auditoria Operacional; Auditoria de Contas; Auditoria Analítica (GONÇALVES, 2009; ABEA, 2018). Independentemente do tipo de auditoria realizada, vale ressaltar que a auditoria nunca deve ser vista como mero instrumento fiscalizador, e cabe a cada um de nós, auditores, desfazer esse mito que foi criado em torno do nosso processo de trabalho. Fonte: Azevedo et al. 2016. 2.3 O papel do auditor na organização: monitoramento e avaliação da auditoria hospitalar Para exemplificar a possibilidade de atuação do profissional auditor dentro do mercado de saúde, utilizei a Cadeia de Saúde - Relações entre Beneficiários e os Prestadores de Serviço, desenhada por Azevedo et al. (2016). 22 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. A imagem retrata um contexto de possibilidades de atuação do auditor em saúde, seja na avaliação, monitoramento ou faturamento, entre outros, junto aos elementos que compõem a cadeia abaixo. Também é pertinente evidenciar o perfil deste profissional, aquele que como descrito no poema introdutório, atua para zelar pela excelência, pela qualidade sendo também um referencial balizador. 2.4 Estrutura e atribuições dos auditores Conforme Santos e Pagliato (2007) o auditor, deve desenvolver alguns atributos pessoais, que irão contribuir com a melhoria do seu exercício profissional. Tato: habilidade de evitar situações embaraçosas e de preservar um clima de mútuo respeito e simpatia para com aqueles que estão sendo auditados; Discrição: perante todas as informações analisadas, observações sobre dados coletados e avaliações formuladas. Expressão escrita e verbal: é imprescindível o saber comunicar-se e expressar-se de forma clara, concisa e correta. Além destes atributos descritos, deve-se lembrar das características profissionais específicas, que são conhecimentos associados ao tipo de auditoria a ser realizada, ao escopo de atribuições de categoria, conforme Conselho de classe, e ainda, o processo específico de cada instituição. Alguns Conselhos de classe possuem resoluções específicas a respeito dos profissionais ligado a autarquia e que atuam como auditores, como por exemplo: Fisioterapia: Resolução nº. 416/2012 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Dispõe sobre a atuação do Fisioterapeuta como auditor e dá outras providências (CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2012). Medicina: Resolução nº 1.614/2001 do Conselho Federal de Medicina. Trata da inscrição do médico auditor e das empresas de auditoria médica nos Conselhos de Medicina (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2001). 23 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Enfermagem: Resolução nº 266/2001 do Conselho Federal de Enfermagem. Aprova as atividades do Enfermeiro Auditor (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2001). Fonoaudiologia: Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia CFFa nº 455/2014. Dispõe sobre a auditoria em Fonoaudiologia e dá outras providências (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2014). Há outras legislações específicas da auditoria de diferentes Conselhos de classe, por isso cabe a cada um, entender qual sua área de atuação e quais direitos e deveres são requeridos pela autarquia a qual possui vínculo. 2.5 Instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor Os avanços tecnológicos também chegaram no mundo da auditoria, temos no mercado vários softwares que auxiliam e minimizam muitas das falhas presentes no trabalho auditoria. No entanto, para muitos profissionais tais avanços são vistos como certo receio ou até mesmo como limitadores de oportunidades profissionais. Nesse sentido cabe a cada um de nós profissionais nos aprimorarmos e nos capacitarmos para as novas oportunidades que estão à frente. Sem sombra de dúvidas, precisamos ter conhecimentos a respeito das transformações digitais que permeiam nossa área de atuação, mas sobretudo precisamos compreender os instrumentos e ferramentas de trabalho que são básicos do nosso ofício. 2.5.1 Contrato escrito entre o prestador de saúde e operadoras Independentemente do tipo de auditoria realizada, um dos instrumentos básicos, que precisamos ter conhecimento e acesso é o contrato estabelecido entre o prestador de saúde (hospitais, clínicas, profissionais de saúde autônomos, serviços de diagnóstico por imagem e laboratórios) e operadoras (plano de saúde, seguradora, ou cartão de desconto). No caso, de operadoras devidamente inscritas e sob sua regência, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), estabelece como obrigatório a formalização do contrato escrito entre os prestadores de serviços e as operadoras. 24 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdoscitados em links são de propriedade de seus titulares. Ainda a Agência, determina algumas diretivas que devem constar no contrato escrito sendo estas (ANS, 2020): Registro da operadora na ANS. Registro do prestador no CNES. Objeto e natureza do contrato: perfil assistencial, especialidades e serviços contratualizados (atendimento de urgência e emergências, atendimentos ambulatoriais eletivos, Serviços de Apoio à Diagnoses e Terapia (SADT), exames laboratoriais e de imagem). Parâmetros remuneratórios acordados. Qual referencial será utilizado para cobrar honorários médicos, SADT, medicamentos, materiais, entre outros itens? Tabelas de Diárias e Taxas. Prazos e procedimentos para faturamento e pagamento dos serviços contratados: como deve ser o processo de solicitação, autorização, cobrança e recebimento da conta, inclusive no caso de glosas. Prazo de vigência do contrato. Regras para prorrogação ou renovação do contrato. Critérios e procedimentos para a rescisão ou não renovação do instrumento jurídico. Critérios de reajuste: forma e periodicidade. Prioridades de atendimento para os casos de urgência e emergência, conforme legislação vigente. Penalidades cabíveis, no caso de não cumprimento das obrigações estabelecidas. Estas são algumas das informações obrigatórias que devem conter em um contrato. É oportuno mencionar que quanto maior o grau de detalhamento deste instrumento mais fidedigna será a cobrança, com menos retrabalho e morosidade no processo de todos os envolvidos, seja do lado do prestador de serviço ou da operadora. Com certeza, nem todas as informações podem ser descritas no corpo de uma minuta contratual, no entanto há possibilidade da inclusão de Anexos como parte integrante do contrato. 25 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Muitos prestadores possuem junto a sua equipe de credenciamento, negociações ou setor comercial, um profissional auditor para subsidiar com o conhecimento técnico nas análises contratuais antes da formalização do contrato. 2.5.2 Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde publicado pela ANS Além do contrato, outra ferramenta fundamental para o trabalho do auditor é o conhecimento do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde publicado pela ANS. Este documento dispõe da lista de procedimentos ou eventos em saúde que compõem a cobertura mínima obrigatória para qualquer operadora de saúde, devidamente registrada junto à ANS. Esta listagem garante e torna público o direito assistencial dos beneficiários dos planos de saúde, válida para planos de saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999, contemplando os procedimentos considerados indispensáveis ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento de doenças e eventos em saúde, em cumprimento ao disposto na Lei nº 9.656, de 1998 (ANS, 2020?, on line). O Rol é atualizado a cada dois anos e o último foi publicado pela agência em 01 de janeiro de 2018. Devido a pandemia de 2020, houve incorporação de forma extraordinária ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde os testes sorológicos para identificar a presença de anticorpos produzidos pelo organismo após exposição ao novo Coronavírus. 2.5.3 Diretrizes de Utilização (DUT) De encontro ao Rol publicado pela ANS, temos as Diretrizes de Utilização (DUT) para alguns procedimentos. Há determinados casos, que mesmo fazendo parte da cobertura mínima obrigatória, a agência estabelece critérios que definem em quais situações o convênio é compelido a autorizar a realização de um procedimento ou evento em saúde. Para exemplificar melhor o cenário vamos utilizar como modelo a consulta com profissional fisioterapeuta, conforme a última DUT publicada pela ANS. Esse procedimento possui cobertura Ambulatorial e é regrado pela DUT 102, que define CONSULTA COM FISIOTERAPEUTA 1. Cobertura obrigatória de 2 consultas de fisioterapia, por ano de contrato, para cada novo CID apresentado pelo paciente, e consequente necessidade de construção de novo diagnóstico fisioterapêutico (ANS, 2018, p.81). 26 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Neste caso, a operadora de saúde deverá custear para seu beneficiário apenas 2 consultas para cada CID anualmente. Todavia cabe evidenciar que consulta de fisioterapia não é o mesmo que sessões de fisioterapia, são procedimentos diferentes. As sessões em via de regra são procedimentos com curto intervalo de tempo com finalidade terapêutica específica, não tendo DUT que determine o número máximo ou mínimo de sessões ou a sua periodicidade. 2.5.4 Instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor: Honorários Médicos e de Serviços de Apoio e Diagnoses Outro instrumento que precisamos conhecer é Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Esta tabela é um dos instrumentos utilizados como parâmetro para o cálculo de honorários médicos, SADT, tanto no campo terapêutico quanto diagnóstico, e ainda possui regras e instruções que norteiam a realizam de vários procedimentos. A primeira edição da CBHPM ocorreu em 2003, sendo a Associação Médica Brasileira (AMB), o órgão responsável pela sua publicação e atualizações periódicas a cada 2 anos. Essa tabela foi incorporada e reconhecida por muitas operadoras e entidades do setor, como Conselho Federal de Medicina (CFM) e outros. A ANS utiliza a lista hierarquizada constante na CBHPM como referencial de codificação para a tabela de Terminologia Unificada em Saúde Suplementar. Além da CBHPM, operadoras de planos de saúde, podem também elaborar tabelas próprias para cálculos de honorários médicos, SADT. No entanto, esta prática não é tão frequente devido a magnitude e complexidade na construção deste tipo de instrumento. 2.5.5 Instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor: Medicamentos, Saneantes, Soros e Soluções Eletrolíticas, Dietas Enterais e Parenterais No tangente a medicamentos, temos como instrumentos de trabalho o Guia Farmacêutico, Revista Brasíndice - revista eletrônica e impressa, que é utilizada para ponto de convergência entre prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde. Conforme estabelecido nesta revista, o medicamento e outros itens contidos, podem ser cobrados segundo Preço de Fábrica (PF) puro, ou com inflator de 12%, 17%, 27 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 17,5%, 18%, 20%, ou ainda segundo O Preço Máximo ao Consumidor (PMC). É oportuno ressaltar que o acesso à revista Brasíndice não é gratuito, estabelecimentos de saúde e operadoras pagam um valor anual para que tenham acesso às informações. Os medicamentos e insumos contidos na revista possuem codificação conforme preconizado pela ANS. A revista possui pequenas alterações mensais, porém sua atualização geral acontece anualmente, sendo esta muitas vezes utilizada como marco para negociações. Ainda, no que se refere a medicamentos é preciso chamar a atenção para a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), sendo este um órgão interministerial incumbido da regulação econômica do mercado de medicamentos no Brasil e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Há negociações que utilizam como base de valoração de medicamentos a listagem publicada pela CMED. O exposto nos demonstra a importância do contrato e o estabelecimento de parâmetros remuneratórios, como podemos observar há uma série de possibilidades de cobrança utilizando a revista Brasíndice, CMED, e também pode ser estabelecido valor de Nota Fiscal(NF) acrescido de um percentual definido entre as partes (Exemplo: NF + 20%). 2.5.6 Instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor: Materiais Um instrumento de trabalho, utilizado na auditoria de materiais por muitas operadoras de saúde e prestadores é o Referencial de preços de Medicamentos e Produtos para a Saúde - Revista Simpro. Apesar do que o nome sugere essa revista é comumente utilizada para definição de valores e codificação de materiais. No entanto, devido ao alto valor atribuído aos insumos contidos na revista é frequente utilizarem um deflator determinado em contrato (Exemplo: Simpro - 15%). Frente ao alto valor constante na Simpro, alguns preferem construir tabela própria de materiais, para que se obtenha um valor mais justo e real, sendo esta uma tarefa extremamente minuciosa, pois exige que o negociador, tenha conhecimento e acesso à listagem e valores de custo de todos os materiais hospitalares utilizados. Além disso, temos os materiais (novas tecnologias) que são incluídas após o credenciamento, acordo e finalização do contrato, geralmente prevê-se em contrato que este tipo de insumo. Quando ocorrer o seu uso, sua cobrança será de acordo com o valor de NF acrescido de um percentual estabelecido entre as partes. 28 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 2.5.7 Instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor: OPME Tudo que se refere às Órtese, Prótese e Materiais Especiais (OPME) tem chamado muita atenção do mercado de saúde, em especial dos profissionais de auditoria. Para que possamos realizar as devidas análises é fundamental nos aprofundarmos nos arcabouços legais e diretivas técnicas quanto ao uso específico de cada OPME. Quanto a cobrança é possível utilizar também a revista Simpro como parâmetro de valores, porém os valores não são tão atrativos para as operadoras, que muitas das vezes optam por negociar valor de NF acrescido de percentual (Exemplo: NF + 15%). Outras negociações estabelecem uma lista específica de OPME e seus valores fixados até o próximo reajuste contratual. 2.5.8 Outros instrumentos e ferramentas de trabalho do auditor Algumas ferramentas indispensáveis para atuação do auditor em saúde: Normas Administrativas; Prontuário do paciente; Protocolos Institucionais; Custos Hospitalares; Instrumentos e Tabelas próprias; Manuais de Padronização de Materiais, Medicamentos ou até mesmo de Procedimentos; Informações disponibilizadas pela ANVISA, para verificação do cadastro do insumo em território nacional; Resoluções da ANS; Padrão de Troca de Informações na Saúde Suplementar (TISS) implantado pela ANS. Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS) Resoluções do CFM; COFEN entre outros; Instruções e normativas da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC); 29 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 3 - Auditoria – Operacional e Gerencial Como conversamos, o campo de atuação do profissional auditor em saúde é vasto, mas podemos facilitar o entendimento e dividi-lo em operacional e gerencial. Operacional; o próprio nome nos remete a algo envolvido diretamente na execução de uma determinada atividade. No caso da auditoria em saúde, podemos exemplificar o papel do auditor de contas, que atua juntamente a equipe de faturamento de uma instituição hospitalar. Fonte: Adobe Stock, 2021. Ainda, temos auditores que atuam nos processos de credenciamento, construção de indicadores institucionais, planejamento estratégico, entre outros, estes profissionais atuam no campo da auditoria gerencial. 3.1 Instrumentos de credenciamento de serviços em saúde Como em qualquer nicho de mercado, há sempre um ou vários compradores e vendedores. Na saúde, os compradores são aqueles que pagam pela prestação da assistência. Esses compradores podem ser cidadãos “comuns”, entidades públicas e operadoras de planos de saúde (NETO, 2000). Os vendedores podem ser hospitais, clínicas e profissionais autônomos, respeitando todo o respectivo arcabouço legal vigente em território nacional. 30 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Por exemplo, a relação entre o comprador (operadora de plano de saúde) e o vendedor (hospital) inicia-se com uma visita ou outro tipo de contato cordial. Diante disso, para que seja construída uma relação contratual entre o hospital e operadora de plano de saúde, um dos primeiros passos é o credenciamento. A estrutura de credenciamento e procedimentos para realização do mesmo, depende muito do tipo de instituições envolvidas, principalmente se são públicas ou privadas. Independentemente do tipo de instituição, é fundamental a realização de uma visita técnica durante o processo de credenciamento, essa visita é realizada por um profissional auditor. Para compreendermos uma visita de credenciamento, vamos discutir um pouco sobre um roteiro básico de visita hospitalar realizada pelo auditor atuante em uma operadora de plano de saúde. Na Figura abaixo, temos um cabeçalho com informações básicas de uma instituição hospitalar. Fonte: Elaborado pelo Autor. 31 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Considerando que uma operadora de plano de saúde possui obrigatoriedade em apresentar aos beneficiários uma rede de atenção à saúde, é de suma importância que esta operadora possua o máximo de informações dos estabelecimentos credenciados. Fonte: Elaborada pelo Autor. Utilizando a estrutura do roteiro acima, é de suma importância que durante a visita de credenciamento o profissional auditor, esteja atento e registre as seguintes informações: Administração: Portaria e recepção; Sala de Admissão; Sala de espera para o público; Sanitários para o público; Sanitários para pessoal; Registro e matrícula de pacientes; Alvará de funcionamento atualizado; Centro de Processamento de Dados; Secretaria; Sala de Diretoria; Sala para Chefia de Enfermagem; Auditório; Ambiente com higiene e conforto 32 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Recursos humanos do hospital: Número de enfermeiros, de médicos, farmacêuticos, nutricionistas, assistente social, colaboradores administrativos, gerência, diretoria, etc. Instalações de conforto para o corpo clínico: Vestiários separados, sala de estar para os médicos, refeitório para os profissionais, etc. Existência do setor de Arquivo Médico e Estatística (SAME): área física específica ou serviço terceirizado, profissional arquivista, sistema de arquivo, informatização dos dados, comissão de prontuário, padronização dos documentos, etc. Serviços Auxiliares de Diagnóstico ou Terapia: Serviço de Radiologia; Paredes revestidas de chumbo; Aparelho de Raio-X- fixo; Aparelho de Raio-X transponível; Tomógrafo Computadorizado; Ressonância Magnética; Serviço de Ultrassonografia; Serviço de Patologia Clínica; Serviço de Anatomia Patológica; Serviço de Endoscopia; Serviço de Cardiodiagnóstico; Serviço de Hemoterapia; Refrigerador específico para guarda de sangue e derivados; Processo de coleta apropriado; Sistema de Controle de Qualidade; Serviço de Medicina Nuclear; Serviço de Fisioterapia/ Reabilitação; Serviço de Hemodiálise;Serviço de Radioterapia; Serviço de Quimioterapia; Atende 24 horas. Unidade de Internação geral ou especializada: Posto de enfermagem; Sala de serviço/preparo medicamentos; Sala de exames e curativos; Sala de expurgo; Copa; Rouparia; Sanitário para pessoal (ambos os sexos); Sala para relatórios e prescrição médica; Livros de ocorrência e relatório; Escala de serviço por turno; Sinalização; Sistemas de gazes canalizados (Oxigênio, Ar comprimido, entre outros). Isolamento: Quantidade; Sanitário anexo ao quarto de isolamento; Antecâmara com lavatório e visor. Enfermaria: Quantidade; Número de leitos por sanitário; Iluminação, ventilação naturais; Condições de higiene Unidade de Terapia Intensiva: Número de leitos; Neonatal; Área separada por divisórias; Ar condicionado ou refrigeração central; Secretaria; Sala de serviço; Depósito de equipamento e material especializado; Área de repouso com sanitários e individualizada; Área para expurgo; Copa; Atende as normas vigentes específicas do Ministério da Saúde 33 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Central de Material e Esterilização: Área física adequada; Área para recepção e expurgo; Área para preparo de material; Área para esterilização; Área para guarda e distribuição de material; Equipamentos e utensílios adequados e suficientes; Existe cruzamento entre o material contaminado e o esterilizado; Esterilização por agentes químicos; Esterilização por óxido de etileno; Realização de testes para comprovação da esterilização; Chefiado por enfermeiro. Centro Cirúrgico: Vestiário com sanitário (ambos os sexos); Sala para posto de enfermagem (chefia e secretaria); Sala de estar e repouso; Área de transferência (barreira); Sala para material de limpeza; Sala de expurgo ; Sala para estocagem de material esterilizado e outros; Sala para câmara escura; Sala de recuperação Anestésica; Lavabo; Número de salas de cirurgia; Refrigeração central ou aparelho de ar condicionado; Sistema de gazes centralizados ou cilindros; Foco fixo; Foco auxiliar móvel; Instrumental, aparelhos e equipamentos adequados; Livros de registro de cirurgia; Mapa cirúrgico. Centro Obstétrico: Unidade isolada; Vestiário com sanitário (ambos os sexos); Sala para posto de enfermagem (chefia e secretaria); Sala de pré-parto; Sala de estar e repouso para pessoal (ambos os sexos); Sala para material de limpeza; Copa; Sala para estocagem de material esterilizado e outros; Sala de expurgo; Lavabo; Número de salas de parto; Número de salas de cirurgia; Sala de reanimação e identificação do recém-nascido; Refrigeração central ou aparelhos de ar condicionado; Sistema de gazes centralizados ou cilindros; Foco fixo; Foco auxiliar móvel; Instrumental, aparelhos e equipamentos adequados; Livro de registro de ocorrência; Berçário e neonatologia: Unidade anexa ao centro obstétrico; Sala para preparo e higienização do recém-nascido; Sala de serviço; Sala de preparo e esterilização de mamadeira; Número de berços; Número de berços aquecidos; Número de incubadoras; Área para recém-nascido patológico; Fototerapia; Alojamento conjunto; Posto de enfermagem; Unidade de Emergência: Acesso independente; Especialidades (Cirurgia; Clínica Médica/Cardiologia; Pediatria; Ortopedia; Ginecologia/Obstetrícia; Psiquiatria; Odontologia, listar cada especialidade atendida); Recepção e espera; Sanitário para público e pessoal; Sala de registro; Sala e equipamento para 34 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. recuperação/reanimação vital; Sala para gesso; Sala para pequenas cirurgias com área para lavabo; Sala de estar e repouso para médicos, com sanitário; Sala para posto de enfermagem; Sala de serviços; Copa; Expurgo; Rouparia; Sala de guarda de roupa usada e material de limpeza; Sala de repouso e observação de pacientes (ambos os sexos); Sanitário anexo à sala de repouso; Sala de isolamento; Ambulância e área para estacionamento; Bebedouros com água filtrada; Instrumentos, aparelhos e equipamentos adequados; Livro de registro de ocorrência; Funciona 24 horas; Farmácia: Alvará de funcionamento atualizado; Localização junto às Clínicas; Ventilação e iluminação naturais; Estocagem de medicamentos adequada; Controle de medicamentos eficiente; Chefia por profissionais nível superior (farmacêutico); Pessoal administrativo treinado; Controle de psicotrópico/entorpecente; Existência de extintor de incêndio; Serviços de Nutrição e Dietética: Cozinha dentro das necessidades do hospital; Setor de recebimento, armazenamento e abastecimento; Setor de pré confecção; Área de confecção; Área de distribuição de refeições; Setor de lavagem de louças; Setor de transporte (carros térmicos); Secretaria da administração; Depósito para material de limpeza; Sanitários e vestiários (ambos os sexos); Utensílios e equipamentos adequados; Nutricionista; Número de pessoal suficiente; Ventilação e iluminação naturais; Sistema de exaustão; Limpeza e manutenção; Área de lixo; Pessoal uniformizado e com Atestado de Saúde Ocupacional e/ou periódico; Lavanderia: Área física dentro das necessidades do hospital; Área da chefia; Área para guarda de material de limpeza e produtos de lavagem; Vestiário com sanitário; Área contaminada (recepção, separação de roupa suja, pesagem, lavadoras); Área limpa (centrífugas, prensa, secadoras, calandra, ferro); Rouparia e costura; Distribuição; Direção por pessoa habilitada; Pessoal em número suficiente e treinado; Processamento da roupa de acordo com as técnicas; Controle bacteriológico; Relatório mensal e estatística; Higiene e segurança do trabalho; Existe cruzamento entre a roupa limpa e contaminada; Pessoal uniformizado e com Atestado de Saúde Ocupacional e/ou periódico; 35 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Almoxarifado: Área física adequada; Ventilação e iluminação adequada; Estocagem e controle eficientes; Pessoal treinado; Existência de extintor de incêndio; Manutenção: Área física adequada; Elementos e equipamento da oficina são suficientes; Pessoal em número suficiente; Outras instalações: Capela/velório; Cantina; Área para gerador de emergência; Área para reservatório de 0² líquido; Área para compressores; Área para reservatório de gás; Coleta de lixo; Processo seletivo de separação; Destinação do lixo; Área para refrigeração central; PABX; Garagem; Lembre-se que quanto maior a riqueza de detalhamento, melhor será o relatório que subsidiará a tomada de decisão de credenciamento ou não. 3.2 Principais diferenças entre Auditoria em Sistemas Públicos e Privados de Saúde O credenciamento realizado entre uma instituição privada (Hospital Geral, que presta atendimento de urgência e emergência e atendimentos eletivo das mais diversas especialidades) e uma operadora de plano de saúde vinculado a um órgão público geralmente possui um Edital de Credenciamento próprio com regras e valores previamente definidos para todo território nacional. Neste tipo de credenciamento, as regras são menos flexíveis, com menor espaço para negociações contratuais. Da perspectiva hospitalar, sobressai a capacidade do auditor no relacionamento interpessoal com as equipes da operadora de plano de saúde, assimilação do Edital (previamente analisado) à realidade institucional e levantamento do impacto deste credenciamento nos custos, na qualidade da assistência e na produção hospitalar. Em algumas situações, a depender da especificidade do hospital,da região geográfica, serviços de hotelaria, demanda, entre outros, é formalizado apenas acordos específicos para pequenas particularidades da instituição privada. Já no que tange ao credenciamento entre instituição e operadora de plano de saúde privados, há espaços para livre negociação entre as partes, sem exigência de obediência a um Edital nacional. 36 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 3.3 Sistema de Saúde Suplementar – Agência Nacional de Saúde Suplementar A Saúde Suplementar envolve a operação de planos ou seguros de saúde. Sendo regulada pelo poder público, representado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No contexto histórico temos a Lei nº 9.656, de 03 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, aplica a corresponsabilidade das operadoras de planos de saúde sobre a assistência fornecida para os seus usuários (BRASIL, 1998). A partir desse marco legal, o mercado de Saúde Suplementar passou a vivenciar um crescimento de grandes proporções, fato decorrente do aumento da demanda por serviços relacionados à saúde uma vez que durante a década de 1990 o país passou por uma crise no sistema público de saúde. Nesse sentido, a Saúde Suplementar surgiu como alternativa para atender esta demanda de mercado. Em 2001, a Lei federal nº 9.961 criou a ANS como uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com atuação em todo o território brasileiro. Ainda, estabelece a autarquia como órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização das atividades que garantem a assistência suplementar à saúde (BRASIL, 2000). Foi incumbido à ANS o objetivo institucional de promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais. Além de corroborar com a sustentação das relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País (BRASIL, 2000). No cenário da assistência suplementar à saúde, regido pela ANS, há diversas formas de constituição de empresas e entidades. Conforme Martelotte (2003, p.73) “Essas empresas ou entidades podem ser comerciais ou civis, cooperativas, sociedades anônimas, ou até mesmo entidades que administram os planos de saúde de seus funcionários”. A ANS, com base em informações recolhidas, estabeleceu algumas modalidades de operadoras de planos de saúde. Nós como auditores precisamos ter bem claro em mente quais as modalidades e características de cada uma. 1. Administradora de benefícios (RN n.º 196,de 2009): pessoa jurídica que propõe a contratação de plano coletivo na condição de estipulante ou que presta serviços para pessoas jurídicas contratantes de planos 37 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. privados de assistência à saúde coletivos, desenvolvendo atividades previstas em regulamentação específica. 2. Cooperativa médica (RDC n.º 39, de 2000): sociedades sem fins lucrativos que operam planos de saúde, coordenadas por médicos e que ofereçam serviços médicos. São constituídas conforme o disposto na Lei n.º 5.764, de dezembro de 1971. 3. Cooperativa odontológica (RDC n.º 39, de 2000): sociedades sem fins lucrativos, que operam planos de saúde exclusivamente odontológicos, coordenadas exclusivamente por dentistas. São constituídas conforme o disposto na Lei n.º 5.764, de dezembro de 1971, que operam exclusivamente planos odontológicos. 4. Medicina de grupo (RDC n.º 39, de 2000): operam planos de saúde, cujas características não se adequem às outras definições. 5. Odontologia de grupo (RDC n.º 39, de 2000): operam exclusivamente planos odontológicos, excetuando-se aquelas classificadas na modalidade de cooperativa. 6. Autogestão (RN n.º 137, de 2006 alterada pela RN n.º 148, de 2007): de uma forma ampla, classificam-se nesta modalidade as operadoras que oferecem planos de assistência à saúde a um grupo fechado de pessoas que, obrigatoriamente, devam pertencer à mesma classe profissional ou terem vínculo empregatício com a empresa instituidora e/ou patrocinadora e/ou mantenedora da operadora de planos de assistência à saúde. 7. Filantropia (RDC n.º 39, de 2000): entidade sem fins lucrativos que opera planos privados de assistência à saúde e que tenha o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social emitido pelo Ministério competente, dentro do prazo de validade, bem como a declaração de utilidade pública federal junto ao Ministério da Justiça ou declaração de utilidade pública estadual ou municipal junto aos Órgãos dos Governos Estaduais e Municipais. 8. Seguradoras especializadas em saúde (Lei n.º 10.185, de 2001): sociedades com fins lucrativos que comercializam seguros de saúde e que oferecem, obrigatoriamente, reembolso das despesas médico- hospitalares ou odontológicos. Os consumidores de seguros de saúde têm definido em contrato (denominado apólice) as condições e os limites de reembolso, cobertura, abrangência geográfica, entre outras (ANS, 2020). Para melhor entendimento conceitual de cada modalidade, vamos utilizar a linha de raciocínio percorrida por Martelotte (2003) nas 4 modalidades mais frequentes no nosso exercício profissional. As empresas de medicina de grupo foram (...) constituída por empresas médicas que, em sua maioria, não possuem serviços próprios e, com isso, administram planos de saúde diversificados para diversos tipos de consumidores, contratando serviços médicos de terceiros. Sua estrutura inclui o credenciamento de hospitais, médicos, e serviços auxiliares de diagnóstico e terapêutica. Os usuários pagam antecipadamente pelos planos, que podem ser de empresas, individuais ou familiares. Tais planos possuem diferentes níveis de cobertura, que pode ser dada tanto por intermédio de serviços próprios do contratado, quanto através de uma rede conveniada (MARTELOTTE, 2003, p.74). 38 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Já as cooperativas médicas, As cooperativas médicas constituem uma outra modalidade assistencial. Nas cooperativas, os médicos e outros profissionais da área de saúde são sócios da cooperativa e prestadores de serviços. O pagamento desses profissionais é feito de acordo com o tipo e quantidade de atendimentos, acrescido do rateio do lucro final das unidades de um dado município. Nas cooperativas médicas, o acesso dos usuários está vinculado ao pré-pagamento dos planos, que podem ser familiares, individuais ou empresariais. Essas cooperativas, no Brasil, têm organização predominantemente municipal (MARTELOTTE, 2003, p.74). Quanto aos planos próprios de empresas, são Uma outra modalidade do setor de assistência médica são os planos próprios das empresas. Nesse caso, as empresas podem administrar programas de assistência médica para os seus funcionários, o que é denominado autogestão, como também podem contratar terceiros para administrar os programas, o que é conhecido como planos administrados. A empresa estabelece o formato do plano, define o credenciamento dos médicos e dos hospitais, estabelece as carências e as coberturas. Em se tratando de autogestão, não existem intermediários entre o usuário e o prestador de serviços de saúde. E, as empresas ou administram os programas de saúde diretamente, ou via Caixas e Fundações. Estes planos podem adotar o credenciamento (convênios) ou livre escolha (reembolso) (MARTELOTTE, 2003, p.75). A autora conceitua, seguradoras especializadas em saúde, como uma modalidade em qual intermediação de uma seguradora.