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NOTÁRIOS E REGISTRADORES 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Natália Gonçalves da Rocha Loures Demchuk 
 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Iniciaremos esta aula abordando os institutos jurídicos de igual 
importância para todas as especialidades de serviços notariais e registrais, 
desenvolvendo as linhas gerais sobre a atividade, introduzindo o sistema, bem 
como suas previsões constitucionais, com enfâse na identificação dos agentes 
delegados e suas responsabilidades. 
TEMA 1 – PREVISÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL DOS NOTÁRIOS E 
REGISTRADORES 
A função pública notarial e registral é privativa do Estado, mas, por força 
de uma previsão constitucional, é delegada a profissionais do direito, 
previamente aprovados por concurso público, a quem cabe exercê-la em caráter 
privativo. Os profissionais do direito, a quem são delegadas essas funções são 
chamados de notários e registradores e exercem suas funções dentro de 
serventias extrajudiciais. 
A responsabilidade em assegurar a publicidade, autenticidade, segurança 
e eficácia dos atos jurídicos é atribuída às serventias extrajudiciais. Em razão 
disso, exercem um importante papel para o desenvolvimento econômico e social 
do país. 
Como já exposto acima, os serviços extrajudiciais são delegados a um 
particular e fazem parte da administração pública como atividade jurídica. Sendo 
assim, sujeitam-se aos princípios do direito administrativo elencados no art. 37 
da Constituição Federal, a saber: “Art. 37. A administração pública direta e 
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência” (Brasil, 1988). 
Conforme ensina a professora El Debs (2018), a relevância dos objetivos 
institucionais e os reais benefícios dos cartórios extrajudiciais, na maioria das 
vezes, é visto de forma errada pela população, que enxerga esse serviço como 
marca da burocracia brasileira. Mas, desde a Constituição Federal de 1988, os 
serviços notariais e de registros públicos estão aumentando a sua competência 
em face de direitos fundamentais, colaborando ativamente para a prevenção e a 
solução de litígios, oferecendo segurança jurídica aos atos e fatos formalizados 
em virtude da sua competência. 
 
 
3 
 A competência para legislar sobre registros públicos é privativa da União, 
e os ditames para os serviços notariais e de registro estão positivados no art. 
236 da Constituição Federal: 
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público. 
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e 
criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e 
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. 
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de 
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e 
de registro. 
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso 
público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia 
fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, 
por mais de seis meses. (Brasil, 1988, grifo nosso). 
 Do texto constitucional, é possível inferir que os serviços notariais e de 
registro são de caráter público, ou seja, a função é pública, mas são realizados 
em caráter privado por meio da delegação da função para um particular aprovado 
em concurso público. Por meio de delegação, o poder público transfere ao 
particular o exercício de determinada atividade que por ele deveria ser 
desempenhada. No caso, é atribuída a uma pessoa física, o notário ou o 
registrador, a prática de atos relativos às atividades notariais e de registro. 
 O texto constitucional foi regulamentado por meio das leis federais n. 
8.935/1994 e n. 10.169/2000. A Lei n. 8.935/1994 regulamentou os parágrafos 
primeiro e terceiro do art. 236 da Constituição Federal, conhecida como Lei dos 
Notários e Registradores (LNR) ou Estatuto dos Notários e Registradores. Essa 
lei dispõe sobre a natureza e fins dos serviços notariais e de registro (arts. 1º a 
4º), tratando dos titulares dos serviços (art. 5º), suas atribuições e competências 
(arts. 6º a 13), da forma de ingresso na atividade (arts. 14 a 21), da 
responsabilidade civil e penal daí decorrente (arts. 22 a 24), das 
incompatibilidades e dos impedimentos (arts. 25 a 27), dos direitos e deveres 
funcionais (arts. 28 a 30), das infrações disciplinares e respectivas penalidades 
(arts. 31 a 36), da fiscalização exercida pelo poder Judiciário (arts. 37 e 38), da 
extinção da delegação (art. 39) e da seguridade social (art. 40) (Brasil, 1994). 
Já por intermédio da Lei n. 10.169/2000, foi regulamentado o parágrafo 
segundo do art. 236 do texto constitucional, estabelecendo as normas gerais 
para a fixação dos emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços 
notariais e de registro (Brasil, 2000). 
 
 
4 
A Lei n. 8.935/1994, fruto da regulamentação constitucional conforme 
explicitado acima, integra um conjunto de normas e princípios denominado de 
direito registral e notarial, estabelecendo noções para a correta interpretação dos 
preceitos que fazem parte dos ramos do sistema legal. 
Essa lei regulamenta a natureza e os fins das serventias notariais e de 
registro, das funções dos titulares dos serviços e de seus prepostos, das 
atribuições e competências, do ingresso na atividade, da responsabilidade civil 
e criminal, das incompatibilidades e impedimentos, dos direitos e deveres, das 
infrações disciplinares e das penalidades, da fiscalização pelo Poder Judiciário, 
da extinção da delegação, e por fim, da seguridade social. 
Cabe ressaltar que os fins dos serviços notariais e de registro estão 
previstos no art. 1º da Lei n. 6.015/1973, o qual refere que os registros públicos 
servem para dar autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos, bem 
como no art. 1º da Lei n. 8.935/1994, que assim prevê: “Art. 1º Serviços notariais 
e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir 
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” (Brasil, 1994, 
grifo nosso). 
TEMA 2 – TITULARES DA SERVENTIA – AGENTES DELEGADOS 
Como analisado anteriormente, a delegação dos notários e registradores 
é constitucionalmente regulada pelo art. 236 da Constituição Federal, que 
legitima tal delegação, sendo amplamente tratada pela Lei n. 8.935/1994. 
Face ao disposto nos arts. 1º e 3º do Estatuto dos Notários e 
registradores, é possível conceituar o notário e o registrador como profissionais 
do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado a atribuição de cuidar da 
segurança, validade, eficácia e publicidade dos atos jurídicos. Dispõe o art. 3º: 
“Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais 
do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade 
notarial e de registro.” (Brasil, 1994, grifo nosso). 
Como ensina o professor Loureiro (2019) em seu livro Registros Públicos: 
teoria e prática, ao mesmo tempo em que executam uma função pública 
delegada pelo Estado, também exercem uma profissão jurídica de natureza 
privada. Melhor explicando, os notários e os registradores exercem uma 
atividade de direito público, reservada ao Estado, mas são considerados uma 
pessoa fora da estrutura organizativa estatal. Essa posição peculiar é qualificada 
 
 
5 
dentro do conceito de “exercício privado de atividade pública” e que se dá 
quando exercem função certificadora ou autenticadora, conferindo veracidade 
aos fatos ocorridos em sua presença. Mas eles também são profissionais liberais 
e possuem liberdade para a gestão de suas serventias, assim como possuem, 
também, liberdade na contratação de empregados (Loureiro, 2019. p. 56). 
Logo, é possível concluir que onotário e o registrador não são 
funcionários públicos em sentido estrito. Como afirma Loureiro (2019, p. 56), “são 
tertium genus, uma vez que se posicionam entre o jurista estatal (magistrado, 
promotor de justiça, etc.) e o jurista privado (advogado, consultor jurídico)”. 
Portanto, como não são funcionários públicos em sentido estrito, os 
notários e registradores não ocupam cargo e sua remuneração é paga através 
dos emolumentos, não recebem salários ou remunerações dos cofres públicos 
e não estão sujeitos a regime especial de previdência social, apenas à 
previdência geral. Mas, em virtude da função pública delegada, seus atos são 
impugnáveis por mandado de segurança e estão sujeitos à disciplina das normas 
sobre improbidade administrativa. 
2.1 Função delegada pelo Estado aos notários e registradores e a fé 
pública 
O Estado, quando delega a um particular o exercício da atividade notarial 
e de registro, transfere a este a responsabilidade de receber, checar e transpor 
para seus livros declarações, sejam elas orais ou escritas, relacionadas a fatos 
jurídicos e negócios jurídicos. 
Essa delegação é de natureza administrativa, sendo de responsabilidade 
do Poder Executivo ao particular, embora a fiscalização das serventias 
extrajudiciais seja de competência do Poder Judiciário. Cabe ressaltar que a 
delegação é, em regra, irrevogável, somente podendo ser revogada em poucas 
hipóteses legais, como o cometimento de falta grave por parte do agente 
delegado, por exemplo, a cobrança de valor superior de emolumentos previstos 
em lei. 
É importante observar que os notários e registradores são dotados de fé 
pública, que decorre da delegação do Estatal, de acordo com o previsto no art. 
3º da Lei n. 8.935 de 1994, os atos praticados por esses agentes gozam de 
presunção relativa de veracidade, ou seja, enquanto não são contestados ou até 
prova em contrário, os atos presumem-se verdadeiros. 
 
 
6 
Sendo assim, a fé pública pode ser conceituada como uma certeza 
jurídica compulsiva à comunidade, ou seja, faz prova plena até que se prove o 
contrário, pois sua desconstituição somente se dará na via jurisdicional. Ao 
notário é delegada uma potestade, a de dar um testemunho qualificado, a ele 
transmitido pelo Estado. 
A fé pública é de titularidade do Estado que passa a sua executividade 
para um particular. Cabe a este ente fiscalizar a competência ou atribuição de 
velar pela paz social e pela segurança jurídica dos atos e negócios jurídicos 
praticados pela população e pelas pessoas que se encontram sob o seu poder. 
Como exemplifica o doutrinador Loureiro (2019), depreende-se dos textos 
constitucionais e legais que confeccionar documentos públicos, autenticar fatos 
e dar publicidade jurídica a determinados fatos e situações de relevo social 
constituem função do Estado. No entanto, a própria Constituição Federal dispõe 
que os serviços notariais e de registro são exercidos por pessoa física, em 
caráter privado, por delegação do poder público (art. 236 da CF) (Brasil, 1988). 
O Estado delega não propriamente as suas funções, mas o seu exercício. Trata-
se de funções públicas desempenhadas não por funcionários públicos em 
sentido estrito, mas por agentes públicos na categoria de particulares em 
contribuição com a administração (Loureiro, 2019. p. 60). 
Em suma, na delegação da função notarial, o Estado transfere em caráter 
definitivo ao particular por meio de norma constitucional a competência exclusiva 
para dar forma à vontade jurídica das partes e autenticar fatos, conferindo à 
pessoa natural atribuições e poderes pertencentes ao próprio Estado, como é o 
caso da fé pública. Essa transferência é irrevogável, não se confundindo com o 
mero trespasse de execução de serviços públicos ou com contratos destinados 
à descentralização de serviços públicos. 
2.2 Atribuições dos notários e registradores 
Conforme a Lei n. 8.935/1994, a principal atribuição do Tabelião de Notas 
é captar a vontade das partes, autenticar e dar veracidade a documentos, atos 
e fatos, conferindo fé pública aos atos por ele praticados. Nas palavras de El 
Debs (2018, p. 94), esse profissional do direito, ao ser procurado pelas partes, 
ouve-as, aconselha-as a fim de alcançar a melhor solução jurídica, confere o que 
é lícito, faz a devida identificação dos interessados, confere a capacidade jurídica 
das partes, atenta para que sejam satisfeitas eventuais exigências tributárias e, 
 
 
7 
assim, concretiza a vontade das partes no documento público chamado escritura 
pública. 
De acordo também com a Lei dos Notários e Registradores, o tabelião e 
o registrador devem valer pela autenticidade, publicidade, eficácia dos atos e 
negócios jurídicos dos particulares. Essas intervenções são de profunda 
relevância para a segurança jurídica das relações econômicas estabelecidas por 
particulares e para a própria movimentação jurídica de bens e direitos. 
A qualificação negocial, ou seja, o controle de legalidade dos atos e 
negócios jurídicos no qual interfere o notário e registrador também é uma de 
suas atribuições e exige um vasto conhecimento jurídico, não somente os de 
direito privado como também os de direito público, como o tributário e o 
ambiental. 
Por isso, o notário e o registrador são considerados profissionais do direito 
e não apenas agentes públicos limitados às regras do direito administrativo. 
Devem possuir conhecimentos jurídicos necessários, bem como atualizarem tal 
conhecimento, mediante estudo de novas leis, regulamentos e jurisprudência, 
conforme preceitua o art. 30, IV, da Lei n. 8935/1994. 
Outro ponto importante que deve ser comentado é o fato de os notários e 
registradores serem responsáveis pela segurança preventiva do Estado. Eles 
intervêm previamente na realização dos contratos e também irradiam efeitos 
desses negócios jurídicos pela publicidade registral. 
Em regra, controle prévio de segurança jurídica garante maior paridade 
contratual, por meio de igual acesso às informações sobre os efeitos e riscos do 
negócio jurídico e da assessoria jurídica prestada por um profissional imparcial. 
Com todas essas atribuições, pode ser alcançada a justiça contratual, a 
diminuição da litigiosidade, o cumprimento da lei, entre tantos outros benefícios. 
Da mesma forma, as características dos atos notariais e registrais – 
autenticidade, perenidade e conservação – são atributos que, quando 
preenchidos, alcançam a finalidade da segurança jurídica dos contratos 
celebrados entre particulares. 
Sendo assim, a autenticidade é caracterizada não apenas pela certeza da 
autoria do instrumento contratual, mas também pela fidelidade de seu conteúdo. 
Já a eficácia é a produção dos efeitos esperados pelos contratantes positivados 
no ordenamento jurídico. 
 
 
8 
Por fim, o doutrinador Fernandès (1993, p. 1) nos ensina que o documento 
notarial, que é a expressão concreta da função exercida pelo notário ou tabelião, 
é considerado essencial nos países de direito continental, essencial tanto para o 
indivíduo quanto para o Estado. Ao primeiro, é garantida uma verdadeira 
liberdade contratual, o consentimento livre com conhecimento de causa. Ao 
segundo ele oferece a segurança jurídica e a estabilidade do regime de direito. 
2.3 Imparcialidade dos notários e registradores 
 O notário e o registrador são profissionais imparciais e possuem como 
dever o de defender paritariamente os interesses de ambas as partes, sem 
qualquer tipo de privilégio. Para garantir essa imparcialidade, o art. 28 da Lei n. 
8.935/1994 garante a independência dos agentes delegados, traduzida no direito 
de percepção de emolumentos integrais e, apenas, perda da delegação nas 
hipóteses previstas em lei e mediante o devido processo legal. 
 Sendo assim, a imparcialidade protege as partes e os interessados no ato 
notarial e registral e, como ensina Loureiro (2019, p. 64), está em sintonia com 
as exigênciasmodernas do direito contratual que se caracteriza pela busca do 
equilíbrio entre as partes e pela proteção daquela considerada insuficiente. É 
justamente essa característica que diferencia o tabelião e o oficial de registro de 
outros profissionais liberais do direito e os converte no operador jurídico ideal 
para intervir na prevenção e resolução extrajudicial das controvérsias, como é o 
caso das atividades de conselho e mediação. 
TEMA 3 – COMPETÊNCIA DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES 
Competência pode ser definida como aptidão legal, material, territorial, 
temporal e pessoal de que dispõe uma autoridade para agir. A competência não 
se trata propriamente de um poder, pois na verdade é um dever, uma vez que, 
para cumprirem corretamente suas atividades em busca do interesse público, 
notários e registradores devem cumprir determinados deveres ou atribuições 
legais, o que implica a necessidade de se utilizar de certo poder. 
Logo, caímos na definição muito explorada pelo direito administrativo, no 
qual as competências são poderes-deveres atribuídos pelo Estado a seus 
órgãos e aos agentes neles investidos para que possam perseguir a finalidade 
da lei, ou seja, cumprimento dos interesses públicos. 
 
 
9 
Assim, a competência deriva diretamente da lei e significa a capacidade 
genérica para realizar determinadas atribuições legais. 
Em consonância com a doutrina administrativa e constitucional, as 
competências possuem as seguintes características: 
a. imprescritíveis; 
b. exercício obrigatório; 
c. irrenunciáveis; 
d. intransferíveis; e 
e. não passíveis de modificação por parte do titular. 
3.1 Competência dos notários 
A competência dos notários está elencada no art. 6º da Lei n. 8.935/1994: 
Art. 6º Aos notários compete: I - formalizar juridicamente a vontade das 
partes; II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam 
ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou 
redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e 
expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; III - autenticar fatos. 
(Brasil, 1994, grifo nosso). 
A competência notarial pode ser conceituada como as aptidões do notário 
de formalizar juridicamente a vontade das partes, intervindo nos atos e negócios 
jurídicos aos quais devam dar forma legal, bem como a de certificar ou autenticar 
fatos. 
Conforme se observa no mandamento legal, compete aos tabeliões de 
notas a lavratura de escrituras e procurações públicas, a lavratura de 
testamentos públicos conjuntamente com a aprovação dos cerrados, o 
reconhecimento de firma, autenticação de cópias e, por fim, a lavratura de atas 
notariais. Em consonância com o parágrafo único do art. 7º da Lei dos Notários 
e Registradores (Brasil, 1994), é facultado aos tabeliães de notas realizar todas 
as gestões e diligências necessárias ou convenientes ao preparo dos atos 
notariais, requerendo o que couber, sem ônus maiores que os emolumentos 
devidos pelo ato. 
Vimos que a importância do notário em assessorar as partes, atuando 
como agente jurídico imparcial e independente, sendo assim, uma espécie de 
mediador para que as partes possam realizar as negociações em igualdade e 
celebrar de forma correta o negócio jurídico pretendido. 
 
 
10 
Por fim, a lei supracitada positiva a livre escolha do tabelião de notas, 
qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto 
do ato ou negócio e o tabelião de notas não poderá praticar atos de seu ofício 
fora do município para o qual recebeu delegação. 
3.2 Competência dos registradores 
O jurista Loureiro (2019, p. 85) ensina que o objetivo da atividade registral 
é a publicidade jurídica, ou seja, uma atividade dirigida a tornar conhecido um 
fato, uma situação ou uma relação jurídica de modo que produzam determinados 
efeitos em relação a terceiros. Em regra, seja qual for o serviço registral, a 
publicidade produz efeitos jurídicos materiais de prova plena e oponibilidade 
erga omnes (contra todos) dos fatos e situações jurídicas publicados ou mesmo 
requisito prévio para a constituição de direitos e outras situações jurídicas. Por 
fim, em nosso direito, a publicidade registral é um pressuposto de existência, de 
eficácia ou de exercício de alguns direitos e isso em função do tipo de direito ou 
o grau de segurança preventiva extrajudicial que o ordenamento jurídico arbitre. 
Como exemplos, podemos citar o Registro Civil das Pessoas Naturais que 
se destina à prova de fatos e atos jurídicos que dizem respeito à identidade e ao 
estado civil da população em geral. 
Por fim, as leis estaduais de organização judiciária são responsáveis por 
definir as regras de territorialidade em relação aos cartórios de registros. 
3.3 Titulares de serviços notariais e de registro 
Os titulares da atividade notarial e de registro são chamados de notário, 
ou tabelião e oficial de registro ou registrador. Assim, notário ou tabelião são os 
titulares do tabelionato de notas e de protesto de títulos, enquanto oficial de 
registro ou registrador são os titulares do registro de pessoas naturais, de 
pessoas jurídicas, de imóveis, de títulos e documentos, de distribuição. 
O art. 5º da Lei n. 8.935/1995 define quais são os titulares de serviços 
notariais e de registro: 
I – tabeliães de notas; 
II – tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos; 
III – tabeliães de protesto de títulos; 
IV – oficiais de registro de imóveis; 
V – oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas 
jurídicas; 
 
 
11 
VI – oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e 
tutelas; 
VII – oficiais de registro de distribuição. (Brasil, 1994) 
TEMA 4 – DIREITOS DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES 
Os notários e oficiais de registro gozam de independência no exercício de 
suas atribuições, têm direito à percepção dos emolumentos integrais pelos atos 
praticados na serventia e só perderão a delegação nas hipóteses previstas em 
lei. Outros direitos previstos são o de exercer opção, nos casos de 
desmembramento ou desdobramento de sua serventia, e a de organizar 
associações ou sindicatos de classe e deles participar. 
Esses direitos estão intimamente ligados à independência funcional dos 
notários e registradores e pretendem conferir ao agente estatal maior segurança 
no exercício de suas atribuições previstas em lei, com imparcialidade, visando 
proteção contra pressões externas de partes que detenham maior poder político, 
econômico ou social. 
Neste tópico, vamos analisar os arts. 28 e 29 da Lei dos Notários e 
registradores, comentando os principais direitos aplicados aos notários e 
registradores. 
4.1 A independência no exercício de suas atribuições 
De acordo com o referido art. 28 da Lei n. Lei n. 8.934/1994, quanto à 
forma de exercício da profissão, os notários e registradores são independentes 
no exercício de suas atribuições e somente perderão a delegação nas hipóteses 
excepcionais previstas em lei. A independência é encontrada apenas na 
autonomia da gestão da serventia, e não em relação às atribuições inerentes ao 
exercício da função, pois estas estão todas vinculadas à lei. 
Portanto a autonomia de gestão fica evidente na leitura do art. 21 da 
mesma lei, o qual estabelece que o gerenciamento é do titular, que, em nome 
próprio, responde por todos os efeitos pecuniários e administrativos relativos à 
atividade (Brasil, 1994). 
 
 
 
 
 
12 
4.2 Direito à percepção de emolumentos 
Outro direito previsto ao notário e ao registrador é a percepção de 
emolumentos, que nada mais é que a remuneração pelos serviços prestados ao 
particular. 
O art. 14 da Lei n. 6.015/73 estabelece a respeito: 
Art. 14 Pelos atos que praticarem, em decorrência desta Lei, os oficiais 
de registro terão direito, a título de remuneração, aos emolumentos 
fixados nos Regimentos de Custas do Distrito Federal, dos Estados e 
dos Territórios,os quais serão pagos, pelo interessado que os 
requerer, no ato de requerimento ou no da apresentação do título. 
Parágrafo único. O valor correspondente às custas de escrituras, 
buscas, averbações, registros de qualquer natureza, emolumentos e 
despesas legais constará, obrigatoriamente, do próprio documento, 
independentemente da expedição do recibo, quando solicitado. (Brasil, 
1973, grifo nosso) 
O art. 236, parágrafo 2º, da Constituição Federal, confere competência 
legislativa para que a União disponha sobre normas gerais relativas a 
emolumentos devidos pelos serviços cartorários (Brasil, 1988). Nesse sentido, é 
que os estados membros podem legislar em caráter suplementar às leis da União 
que estabelecem normas gerais (art. 24, parágrafos 1º a 3º da Constituição 
Federal) (Brasil, 1988). 
Portanto, os emolumentos possuem suas regras gerais previstas em lei 
federal, Lei n. 10.169/2000, e as normas especificas são disciplinadas em leis 
estaduais. Essa lei exemplifica que cabe aos Estados e ao Distrito Federal 
fixação do valor dos emolumentos relativos aos atos praticados pelos 
respectivos serviços notariais e de registro, mas esse valor deve corresponder 
ao efetivo custo e à adequada e suficiente remuneração dos serviços prestados. 
Os valores dos emolumentos devem constar de tabelas acessíveis ao público e 
para a sua fixação devem ser levados em consideração a espécie de ato notarial 
e de registro e seu conteúdo, diferenciando situações jurídicas que possuem ou 
não valor econômico. 
Os emolumentos devidos aos serviços notariais e registrais possuem 
natureza tributária, são qualificados como taxas remuneratórias de serviços 
públicos. Sendo assim, devem respeitar as normas constitucionais relativas aos 
tributos, como a legalidade, isonomia e anterioridade. 
Conforme explicitado acima, a jurisprudência do STF também contribui 
para classificar as custas e emolumentos como espécies tributárias, 
 
 
13 
classificando-as como taxas. Nesse sentido, veja-se a ementa da ADI 1.624, de 
relatoria do Ministro Carlos Velloso: 
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CUSTAS E EMOLUMENTOS. LEI 
ESTADUAL QUE CONCEDE ISENÇÃO: CONSTITUCIONALIDADE. 
Lei 12.461, de 7.4.97, do Estado de Minas Gerais. I. Custas e 
emolumentos são espécies tributárias, classificando-se como taxas. 
Precedentes do STF. II. À União, ao Estado-membro e ao Distrito 
Federal é conferida competência para legislar concorrentemente sobre 
custas dos serviços forenses, restringindo-se a competência da União, 
no âmbito dessa legislação concorrente, ao estabelecimento de 
normas gerais, certo que, inexistindo tais normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades (C.F., art. 24, IV, §§ 1º e 3º). III. Constitucionalidade da 
Lei 12.461/97, do Estado de Minas Gerais, que isenta entidades 
beneficentes de assistência social do pagamento de emolumentos. IV. 
Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (Brasil, 
2003) 
Por fim, o tabelião ou o registrador não pode cobrar das partes 
interessadas quaisquer outras quantias não expressamente previstas na tabela 
de emolumentos, por exemplo, o custo de transferências bancárias e o custo de 
retificação de erro imputável ao tabelião. 
4.3 Direito de exercer a opção, no caso de desmembramento ou 
desdobramento de sua serventia 
O desmembramento está intimamente ligado ao território, importando na 
criação de nova serventia em razão da divisão do território. Em decorrência do 
desmembramento, cria-se uma nova serventia. Já no desdobramento, a própria 
atividade é separada, isto é, o oficial que respondia, por exemplo, pelo Registro 
Civil de Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas, devido à separação destas 
serventias, passa a responder por apenas um deles. 
Em qualquer dos casos, quem escolhe se assume a nova serventia ou se 
permanece na já existente é o titular. 
O STF já pacificou o entendimento de que tanto o desmembramento 
quanto o desdobramento das serventias, com a consequente criação de um novo 
serviço, somente podem ser efetuados por meio de lei formal. Passamos para a 
análise do acórdão. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÕES 2, 
DE 2.6.2008, e 4, de 17.9.2008, DO CONSELHO SUPERIOR DA 
MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS. REORGANIZAÇÃO 
ADMINISTRATIVA DE CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS, 
PREVIAMENTE CRIADOS POR LEI ESTADUAL, MEDIANTE 
ACUMULAÇÃO E DESACUMULAÇÃO DE SEUS SERVIÇOS. 
 
 
14 
ESTABELECIMENTO DE REGRAS GERAIS E BEM DEFINIDAS, ATÉ 
ENTÃO INEXISTENTES, PARA A REALIZAÇÃO, NO ESTADO DE 
GOIÁS, DE CONCURSOS UNIFICADOS DE PROVIMENTO E 
REMOÇÃO NA ATIVIDADE NOTARIAL E DE REGISTRO. 
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 236, CAPUT E § 1º, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E AOS PRINCÍPIOS DA 
CONFORMIDADE FUNCIONAL, DA RESERVA LEGAL, DA 
LEGALIDADE E DA SEGURANÇA JURÍDICA. PROCEDÊNCIA 
PARCIAL DO PEDIDO FORMULADO NA INICIAL. [...]4. A despeito da 
manutenção do número absoluto de cartórios existentes nas comarcas 
envolvidas, todos previamente criados por lei estadual, a 
recombinação de serviços notariais e de registro levada a efeito pela 
Resolução 2/2008, do Conselho Superior da Magistratura do Estado 
de Goiás, importou não só em novas e excessivas acumulações, como 
também na multiplicação de determinados serviços extrajudiciais e no 
inequívoco surgimento de serventias até então inexistentes. 
5. A substancial modificação da organização judiciária do Estado de 
Goiás sem a respectiva edição da legislação estadual pertinente violou 
o disposto no art. 96, II, d, da Constituição Federal. Declaração de 
inconstitucionalidade da íntegra da Resolução 2/2008, do Conselho 
Superior da Magistratura do Estado de Goiás. Modulação dos efeitos 
da decisão, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/99, para a preservação 
da validade jurídica de todos os atos notariais e de registro praticados 
pelas serventias extrajudiciais que tiveram suas atribuições 
eventualmente modificadas durante a vigência do ato normativo ora 
examinado. (Brasil, 2011) 
4.4 Direito de associação 
 Por fim, a lei prevê o direito de organizar associações ou sindicatos de 
classe e deles participar. Trata-se de norma constitucional que garante a todos 
os indivíduos o direito de se associar e de se manter ou não associado. 
Existem várias associações e sindicatos atualmente no Brasil. As mais 
conhecidas são a Associação dos Notários e Registradores do Brasil 
(Anoreg/BR), o Instituto dos Registradores Imobiliários do Brasil (Irib), a 
Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o 
Colégio Notarial do Brasil. 
TEMA 5 – DEVERES DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES 
A titularidade de um serviço impõe ao agente delegado uma série de 
deveres funcionais, alguns definidos expressamente em lei, outros implícitos na 
função exercida. Além dos deveres previstos no art. 30 da Lei dos Notários e 
Registradores, os notários também devem observar as normas básicas de 
proteção e defesa dos usuários dos serviços públicos prestados pela 
administração pública direta e indireta, como também deve ser de observância 
obrigatória o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que estabelece vários deveres 
dos notários e registradores, de modo a assegurar a igualdade de tratamento e 
 
 
15 
de tutela dos direitos de tais pessoas com as demais. O agente delegado em sua 
serventia deve estabelecer atendimento prioritário às pessoas com deficiência 
em local com ampla mobilidade, adquirir tecnologias assistivas que permitam ao 
portador de deficiência declarar sua vontade de modo inteligível e seguro. 
Quanto aos deveres dos notários e registradores, o art. 30 enumera 
vários. Vejamos, a seguir, os que mais se destacam. 
5.1 Manter em ordem os livros, papéis e documentos de sua serventia, 
guardando-os em locais seguros 
O dever em voga decorre da própria atividade, isto é, o titular da serventia 
realiza um serviço público relacionado ao interesse privado da população, 
serviçoque está com o agente delegado por determinação legal. O notário não 
é dono dos livros e papéis, os quais estão apenas sob a sua guarda, uma vez 
que esses documentos são do Estado. Nas palavras de Loureiro (2019, p. 85), 
deve o notário conservá-los, como se fosse o próprio Estado, sob pena de 
responsabilidade. 
5.2 Atender às partes com eficiência, urbanidade e presteza 
 Eficiência consiste em cumprir aquilo que a lei determina em prazo 
razoável. Urbanidade é o tratamento educado e atencioso por parte do tabelião. 
Portanto, o notário deve prestar seus serviços toda vez que solicitado, dentro 
dos limites de sua competência, sempre agindo com eficiência, urbanidade e 
presteza. 
5.3 Guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza 
reservada de que tenham conhecimento em razão do seu exercício 
O sigilo profissional é um dever fundamental do notário e tem duplo 
fundamento. Significa a impossibilidade de o notário e o registrador divulgarem 
informações sem que tenham sido solicitadas, assim como o cidadão que 
procura um serviço notarial e registral fique tranquilo quanto ao assunto 
confidenciado ao agente delegado. 
O tabelião é obrigado a guardar segredo profissional sobre os atos em 
que intervém e é obrigado a exigir a mesma conduta de seus prepostos. Por fim, 
 
 
16 
o sigilo abrange todos os fatos e informações que chegarem ao conhecimento 
do notário no exercício de suas funções. 
5.4 Fiscalizar o recolhimento dos impostos incidentes sobre os atos que 
devem praticar: os notários e registradores são obrigados a verificar o 
recolhimento tributário 
Cabe aos agentes delegados verificar, nos casos previstos em lei, se 
foram recolhidos os tributos devidos para a prática de atos e negócios jurídicos, 
como a transferência de bens imóveis entre vivos ou causa mortis. Não cabe ao 
notário avaliar se o montante do imposto está correto ou não, mas somente se 
houve o recolhimento por meio da apresentação da guia apropriada. 
FINALIZANDO 
Neste tópico, vamos analisar algumas normas estaduais que colocam em 
prática tudo o que foi ensinado acima, como a organização técnica e 
administrativa das serventias e as vedações atribuídas aos agentes delegados. 
Vamos começar com o Código de Normas do Estado do Paraná: 
Art. 2º Serviços Notariais e de Registro são os de organização técnica 
e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, 
segurança e eficácia dos atos jurídicos. 
Art. 3º É vedada a prática de ato notarial e registral fora do território da 
circunscrição para a qual o agente recebeu delegação. 
Art. 4º É vedada a recusa injustificada ou o atraso na prática de 
qualquer ato de ofício, ensejando à parte reclamar ao Juiz Corregedor 
do Foro Extrajudicial, o qual, após ouvir o agente delegado, tomará as 
medidas cabíveis. 
Art. 5º É vedada a prática de propaganda comercial por parte das 
Serventias, ressalvadas as de cunho meramente informativo, como a 
divulgação da denominação da Serventia, seu endereço, a natureza e 
finalidade dos atos praticados e a composição da respectiva equipe de 
trabalho. 
Art. 7º É vedada aos Agentes Delegados a realização de qualquer 
trabalho que não seja peculiar às suas atribuições e ao ato que 
estiverem praticando, ficando terminantemente proibida a confecção 
de instrumentos particulares. IV - garantir que seja dispensado 
atendimento prioritário a pessoas portadoras de necessidades 
especiais ou com mobilidade reduzida e às pessoas com idade igual 
ou superior a 60 (sessenta) anos, gestantes e lactantes, mediante 
garantia de lugar privilegiado em filas, distribuição de senhas com 
numeração adequada ao atendimento preferencial, alocação de 
espaço para atendimento exclusivo no balcão ou implantação de outro 
serviço de atendimento personalizado. No Serviço de Registro de 
Imóveis, o atendimento prioritário não dará ensejo à antecipação de 
protocolo para efeitos de preferência legal. (Paraná. 2013, grifo nosso) 
 
 
17 
Passamos, agora, ao estudo da parte geral Código de Normas do Estado 
do Santa Catarina: 
Art. 432. As serventias serão assim identificadas: I – Tabelionato de 
Notas; II – Tabelionato de Protesto; III – Ofício de Registro de Imóveis; 
IV – Ofício de Registros Civis das Pessoas Naturais e de Interdições e 
Tutelas; V – Ofício de Registros Civis das Pessoas Jurídicas e de 
Títulos e Documentos; e VI – Escrivania de Paz. § 1º Fica vedada a 
adoção de nome fantasia ou logomarca, e pode constar, em menor 
destaque e logo abaixo da identificação da serventia, o nome do notário 
ou oficial de registro e as atribuições legais. § 2º As denominações 
poderão ser agrupadas e deverão estar acompanhadas da indicação 
da comarca, da circunscrição, do município, do distrito e do subdistrito, 
dependendo do caso. 
Art. 439. Os conceitos de horário de expediente das serventias 
extrajudiciais e de horário de atendimento ao público são diversos e 
não se confundem. (redação alterada por meio do Provimento n. 5, de 
31 de maio de 2017) Parágrafo único. O horário de expediente das 
serventias extrajudiciais e o horário de atendimento ao público 
observarão ato normativo do Conselho da Magistratura. (redação 
acrescentada por meio do Provimento n. 5, de 31 de maio de 2017). 
(Santa Catarina, 2013, grifo nosso) 
Portanto, na prática, cada norma estadual vai disciplinar como será o 
funcionamento das serventias extrajudiciais, podendo até mesmo ampliar as 
responsabilidades dos agentes delegados. 
Na aula de hoje, foram abordados os temas referentes à previsão 
constitucional da delegação das serventias aos notários e registradores, assim 
como suas competências e responsabilidades. Esclarecendo que a função 
pública notarial e registral é privativa do Estado, mas que, por força de uma 
previsão constitucional, é delegada a profissionais do direito, previamente 
aprovados por concurso público, a quem cabe exercê-la em caráter privativo. Os 
profissionais do direito a que são delegadas tais funções são chamados de 
notários e registradores, os quais exercem suas funções dentro de serventias 
extrajudiciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
______. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 21 nov. 1994. 
_____. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 31 dez. 1973. 
_____. Lei n. 10.169, de 29 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 30 dez. 2000. 
_____. STF – Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de 
Inconstitucionalidade. n. 0005198-08.2008.0.01.0000. Origem: Goiás. Relator: 
min. Ellen Gracie. DJE 20 set. 2011. 
_____. ADI 1624 MG, Relator Min. Carlos Velloso. Data do Julgamento 8 de maio 
de 2003, Tribunal Pleno, DJ, 13 jun. 2003. 
EL DEBS, M. Direito notarial e registral. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2018. 
FERNANDÈS, J. P. Ouverture des rencontres. Lex Journaux Judiciaires 
Associes, n. 77, 1993. 
LOUREIRO, L. G. Registros públicos – Teoria e prática. 10. ed. Salvador: 
Editora Juspodivm, 2019. 
PARANÁ. Provimento n. 249, de 30 de setembro de 2013, E-DJ n. 1.207, 15 out. 
2013. 
SANTA CATARINA. Provimento CGJ N. 10, de 8 de novembro de 2013. In: 
SANTA CATARINA. Código de normas do Foro Extrajudicial do Tribunal de 
Justiça do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Tribunal de Justiça, 2019.

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