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Transtornos do sono: MANEJO DA INSÔNIA PROFA. DRA DENISE RAZZOUK 1 Epidemiologia Transtorno mais comum: Insônia Muito prevalente na população geral: ◦ 35 % população geral - relatam insônia (pelo menos 1 sintoma) ◦ 10 a 15% apresentam prejuízos diurnos ◦ 6 a 10% - preenchem critérios para Insônia (15% no Brasil- DSM-IV) ◦ - apenas 3% tem insônia primária Na atenção primária, 10 a 20% tem queixas significativas de insônia; 40 a 50% dos indivíduos com insônia apresentam transtorno mental comórbido. 2 Epidemiologia Impacto dos T. Insônia ◦ Absenteísmo no emprego ◦ Diminuição da produtividade ◦ Piora da qualidade de vida ◦ Risco de acidentes e erros no trabalho ◦ Morte (Insônia Letal Familiar) ◦ Risco para adoecimento físico e mental ◦ Abuso de benzodiazepínicos e hipnóticos ◦ Alto custo () 3 Epidemiologia Fatores de risco para insônia: ◦ Sexo feminino ◦ Envelhecimento ◦ Presença de transtornos mentais ◦ Doenças clínicas ◦ Trabalho em turnos alternados ◦ Viuvez entre os idosos ◦ Uso de substâncias 4 5 ATIVAÇÃO CORTICAL MECANISMOS CEREBRAIS DO SONO PONTE SONO REM GÂNGLIO BASE E HIPOTÁLMO NREM SONO REM E NREM •O sono NREM é produzido por uma estimulação química e elétrica do hipotálamo e prosencéfalo (gânglios da base, tálamo). Esta região cerebral é específica em determinar o sono NREM e não está envolvida na gênese do sono REM. Os neurônios do núcleo do trato solitário também está envolvido neste processo •A ponte constitui um centro importante na gênese do sono REM e área reticulares. O sono REM pode ser produzido através de injeção de acetilcolina na ponte. 6 Estágios do sono No próximo slide está o traçado do EEG em todos os estágios do sono. No estado de alerta temos ondas rápidas (16-25hz) de baixa voltagem que são chamadas de padrão dessincronizado ou ativado. O outro padrão é o sinusoidal de 8-12 hz e voltagem um pouco maior de 20-40microvolts que é a atividade alfa quando o indivíduo está relaxado. O estágio 1 é composto de ondas teta de baixa voltagem, de frequência variada de 3-7hz. Pode ocorrer alguns movimentos oculares e sem REM. No estágio 2 ainda temos ondas de baixa voltagem de frequência variável e um conjunto de ondas “sleep spindles” de 12 a 14 hz. No estágio 3 as ondas tem grande amplitude (> 75mV) e são lentas (0.5-2 hz) e são chamadas de ondas delta. No estágio 4 aumenta a quantidade de ondas delta. No sono REM as ondas voltam a ter uma baixa voltagem, de frequência variável e parecida com o estágio 1. Os movimentos oculares rápidos aparecem . 7 8 SONO REM E NREM 9 Estrutura do sono normal Estrutura do sono normal O sono passa por modificações ao longo da vida. O recém nascido dorme 16 a 18 horas por dia e vai diminuindo progressivamente até o início da idade adulta. No idoso, o sono noturno diminui e o indivíduo dorme de 6 a 7 horas e sono é fragmentado e mais suscetível ao barulho. A quantidade de sono REM no recém nascido pode ser de mais de 50%. Parece que está associado à maturação cerebral e do sistema oculomotor. A quantidade de sono REM vai diminuindo e há alternância de sono REM e NREM a cada 90 minutos nos adultos. No Alzheimer há diminuição do sono REM, provavelmente por destruição neuronal colinérgica. Os estágios 3 e 4 (ondas delta, ondas lentas, sincronizadas) do sono NREM também diminuem com a idade e é substituído pelos estágios 1 e 2. 10 11 NORADRENALINA (FORMAÇÃO RETICULAR) NORADRENALINA (LOCUS CERULEOUS) DOPAMINA (SUBSTÂNCIA NIGRA) ACETILCOLINA(REM) HISTAMINA GLUTAMATO E ASPARTATO PEPTIDEOS GABA (NREM) Outros ATIVAÇÃO CORTICAL MECANISMOS NEUROQUÍMICOS DO SONO Os neurotransmissores estão envolvidos na ativação cortical e no comportamento de alerta: a noradrenalina na formação reticular, no locus ceruleous; dopamina contida na substancia nigra tem projeções para o striatum córtex frontal e também está envolvida no comportamento de alerta, nos movimentos e na ativação cortical. A acetilcolina da formação reticular e do tronco cerebral tem projeções para o tálamo e córtex e atua na ativação cortical e no sono REM. A histamina do hipotálamo está conectada ao córtex. O glutamato e o aspartato também tem ação excitatória. O sono NREM é um estado em que ocorre uma inibição da ativação do sistema reticular. A serotonina parece ter um papel importante na gênese do sono NREM. O GABA, localizado no tronco cerebral, hipotálamo, tálamo e córtex inibem a ativação do sistema reticular e a ativação dos neuronios talamico- corticais. Os mecanismos que geram o sono REM, ocorrem na ponte e a acetilcolina é o principal neurotransmissor, ou seja aumentando a acetilcolina aumenta o sono REM. 12 MECANISMOS NEUROQUÍMICOS DO SONO Classificação (DSM-IV) Insônia Primária ◦ Insônia Psicofisiológica ◦ T. do Ajustamento do sono Insônia Secundária ◦ Insônia causada por transtornos mentais ◦ Insônia causada por outras doenças médicas ◦ Insônia causada por uso de medicações Por problemas respiratórios Por problemas no Ritmo circadiano Parassonias Narcolepsia 13 Transtornos do sono-vigília Classificação (DSM-V) 1.Transtorno de Insônia Especificar – a.Com comorbidade mental por t. não relacionado com o sono (inclui uso de substâncias) b.Com outra comorbidade médica c. Com outro transtorno do sono 2. Transtorno de Hipersonolência Especificar – a.Com comorbidade mental por t. não relacionado com o sono (inclui uso de substâncias) b.Com outra comorbidade médica c. Com outro transtorno do sono d.Narcolepsia 3. Transtorno do Sono relacionados `a respiração a.Apneia e Hipopneia Obstrutiva 4. T. S-V do Ritmo Circadiano 5. Parassonias 6. T. por uso de substâncias e medicamentos 14 Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ISCD) 1. T. DE insônia t. Insônia crônica t. Insônia de curto prazo Sintomas isolados e variantes da normalidade Tempo excessivo na cama Dormidor curto Outro t. de insônia 3. T. DE hipersonolencia Narcolepsia 4. T. do Ritmo Circadiano Vigilia sono Atraso fase do sono Avanço da fase do sono Sono vigília irregular Sono vigília não 24 horas Transtorno trabalhadores em turnos Jet-lag 5. T. do Movimento 15 2. T. respiratórios relac. Ao sono Apneia Obstrutiva Apneia central Hipoventilaçao Hipoxemia Outros (roncos, catatrenia) 6. Parassonias 1.Parassonias do sono NREM. T.do despertar (a partir do sono NREM Despertar confusional. Sonambulismo. Terror noturno. T. alimentares relacionados ao sono. 2.Parassonias do sono REM. T Comportamental do sono REM. Paralisia do sono isolada recorrente. Pesadelos. 3.Outras parassonias. Síndrome da cabeça explosiva. Alucinações relacionadas ao sono. Enurese noturna. Parassonia 2a a condição médica. Parassonia devido a uso de droga ou substância. Parassonia, não especificada 4.Sintomas isolados e variantes da normalidade: Sonilóquio. Insônia - definição Pode-se definir como um relato de um sono não satisfatório pelo paciente seja na quantidade e na qualidade do sono Porém deve vir acompanhada por ◦ Dificuldade para dormir, despertar precoce, sono interrompido, tempo total de sono inadequado, baixa qualidade do sono ◦ Impacto no desempenho funcional diurno: alteração no estado de alerta, humor, funções cognitivas e comportamento ◦ Fequência ≥ 3 x por semana e permanecem por 3 meses ou mais "shorter sleepers" Tempo total de sono diminuído, porém, com boa qualidade de sono: 1% dormesono irregular ◦ Estado de hiperalerta ◦ Ambiente inadequado ◦ Fatores estressantes ◦ Cronotipo vespertino ◦ Medo adquirido de dormir ◦ Hábitos inadequados ◦ Uso de substâncias ◦ Envelhecimento 18 Consequências AGUDAS Alteração de humor ◦ irritabilidade Alterações cognitivas ◦ Diminuição da concentração ◦ Dificuldade de memória Fadiga Diminuição do desempenho 19 CRONICAS > risco para Demências (Alzheimer) > risco de doenças cardiovasculares > risco para desenvolvimento de Depressão e abuso de substâncias Insônia Inicial ◦ Maior latência de tempo para dormir (normal ao redor de 30 minutos) ◦ Pensamentos intrusivos, preocupações excessivas são comuns principalmente em transtornos ansiosos e depressivos Terminal ◦ Acorda de 1 a 6 horas antes do seu horário habitual. ◦ Comum nos transtornos de Depressão Maior e T. Bipolar Intermediaria ◦ Dificuldade para manter o sono, fragmentação do sono (fica desperto por mais de 30 minutos até conciliar o sono de novo Comum na menopausa. 20 Comorbidade O diagnóstico de T. da Insônia pode ocorrer concomitante a outros transtornos (comorbidade). A insônia (Transtorno de Insônia secundária) ocorre .mais frequentemente, como um sintoma de outras doenças, principalmente, de transtornos mentais e de uso de substâncias. Para se fazer o diferencial é importante verificar se o que predomina no quadro é a insônia ou o quadro de t. mental. Na depressão, por exemplo, a insônia é um sintoma comum, porém, se após a remissão do quadro a insônia persiste é importante investigar um Transtorno de Insônia comórbido. Ver artigo Macedo e cols. 2015. 21 Insônia critérios diagnósticos DSM V 1. Queixas de insatisfação com o sono com a quantidade e qualidade do sono associado a 1 ou mais sintomas: Inicial Terminal Intermediaria 2. Causa sofrimento clínico e prejuízo funcional 3. Ocorrem com a frequência ≥ 3 x por semana 4. Permanecem por 3 meses ou mais 5. Não é explicada por outro transtorno do sono, uso de substancias, t. mental Especificar se com comorbidade mental , outra doença médica e outro t. do sono. Episódico (duram de 1 a 3 meses), persistente (3 meses ou mais), recorrente ( dois ou mais episódios em 1 ano). Atenção – outros critérios diagnósticos estão disponíveis do artigo de Macedo et al 2015. 22 Diagnóstico O diagnóstico é basicamente clínico e uma boa anamnese é fundamental. O diário do sono ajuda a identificar o padrão do sono. Como a insônia secundária a outras doenças é a mais comum, deve-se investigar a presença de doenças físicas e mentais bem como os fatores ambientais, rotina, hábitos e uso de substâncias. Investigar sobre o padrão de sono, o cronotipo biológico e impacto na vida do individuo. Escalas são auxiliares e opcionais (Indice de Gravidade da Insônia, por exemplo, Epworth Scale para Apneia Obstrutiva do sono, e Pittsburg sleep quality Index) A polissonografia é solicitada quando há dúvida diagnóstica, por exemplo no caso da Apneia do sono 23 Anamnese 1. Como o paciente vem dormindo ultimamente? 2. Quando o problema começou? 3. O paciente é portador de condição médica ou psiquiátrica que pode causar insônia ? 4. O ambiente é favorável ao sono? 5. O paciente relata sensações desconfortáveis nas pernas que são aliviadas quando em movimento? 6. O paciente ronca alto, comportamento ofegante ou sensação de sufocação ou chega a parar de respirar durante o sono? 7. O paciente trabalha em diferentes turnos (plantão)? 8. Como é o seu despertar e o dormir nos finais de semana? 9. Quais são as consequências no dia seguinte? 10. O paciente precisa tirar uma “soneca” ou tem dificuldade de ficar acordado durante o dia? 24 25 2ª 3 ª 4ª 5ª 6ª sáb dom HORÁRIO DE DORMIR HORÁRIO DE DESPERTAR TEMPO QUE FICOU ACORDADO Nº DE DESPERTAR EM HORAS TEMPO REAL DE SONO TEMPO DE SONO/DIA USO DE ÁLCOOL ESTRESSE COMO SE SENTIU DURANTE O DIA MEDICAÇÕES Diário do Sono (actigrafia) 26 • POLISSONOGRAFIA : • EEG, eletromiografia, movimentos oculares, saturação de oxigênio, movimentos respiratórios e torácicos. • Feita durante o sono. • Monitorização dos parâmetros do sono durante 1 noite inteira • Tempo total de sono- normal > 85% • Latência inicio sono – até 30 min • Despertares prolongados (> 16 seg) • Tempo total acordado Testes Complementares Insônia e T. Psiquiátricos 1. Depressão ◦ 20 % das insônias ◦ 80% das depressões cursam com insônia ◦ Alteração no EEG do sono: aumenta a latência do sono e o número de despertar, diminui a eficiência do sono, diminui a latência do sono REM, aumenta a proporção de sono REM na primeira metade da noite e a sua profundidade. ◦ Despertar precoce (Insônia terminal) 27 Insônia e T. Psiquiátricos Ansiedade (TAG) Mania (t. bipolar) Psicoses Alzheimer Dependência de álcool e drogas 28 Insonia e Demência No envelhecimento normal espera-se uma diminuição no tempo total de sono e fragmentação Na Demência este processo é mais acentuado à medida que a doença progride Idosos tendem a não fazer exercícios e a tirar cochilos longos à tarde o que prejudica o sono noturno Higiene do sono é importante seja no controle regular de exposição à luz, substâncias (café, chás), horário das medicações que provocam insônia, boa hidratação Os benzodiazepínicos devem ser evitados nos idosos porque pioram a memória, tontura levando a quedas são frequentes, intoxicação hepática (precisa diminuir a dose) 29 Insônia e Demência ▪É importante investigar todas as possíveis comorbidades e tratá-las ▪Quadros confusionais noturnos precisam ser investigados, principalmente quadros vasculares. ▪Tratamentos com fototerapia tem sido tentados ▪Medicação – deve-se evitar o uso de hipnóticos e antipsicóticos ▪Alguns medicamentos tem sido usados – ▪ trazodone – bons resultados em dose baixa ▪Ramelteon * dados preliminares – indutor de sono melatonérgico, regula ciclo biológicos ▪melatonina (não é melhor do que placebo)- estudos conflitantes ▪Memantina e Agomelatina – relatos de melhora, faltam estudos ▪Inibidores da hipocretina (“oxerins” como o Suvorexant- não disponível no Brasil) Ler: ▪ Kinunen et al 2017. The management of sleep disorders in dementia: an update ▪Borges et al. 2019. Alzheimer´s disease and sleep disturbances. Arquiv. Neuropsiq 30 Insônia e doenças médicas RESPIRATÓRIAS ◦ Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) : produção de muco, tosse, pioram deitado. Acordam à noite por hipercapnia. Uso de esteróides, teofilina e Beta agonistas. ◦ APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO : roncos, cefaléias matinais, boca seca, diminuição da função sexual, sonolência diurna. Associada com obesidade. Ver escala de Epworth. 31 Apnéia Obstrutiva Crônica Prevalência: ◦ > em homens (>40-50 anos) ◦ > em obesos Sintomas clínicos ◦ Roncos ◦ Cefaléias matinais ◦ Sonolência diurna ◦ Diminuição da função sexual ◦ Boca seca 32 TESTE DE MÚLTIPLA LATÊNCIA ◦ durante o dia para verificar a sonolência. 4 - 5 oportunidades para dormir 15-20 minutos ◦ separados por intervalos de 2 horas. ◦ Quando há dúvida de apnéia, narcolepsia. 33 Insônia e doenças médicas •REFLUXO GASTROESOFAGEANO •INCONTINÊNCIA URINÁRIA •RINITE ALÉRGICA •CRISE CONVULSIVA •ÚLCERA PÉPTICA •INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA •DOR: ARTRITE, BURSITE, ETC 34 Insônia e ciclos vitais MENOPAUSA ◦ alteração ovariana ( estrógeno) ◦ estresse social ENVELHECIMENTO ◦ mudança da arquitetura do sono: acordam mais cedo, menos sono profundo e mais sono diurno. ◦ Isolamento e aposentadoria ◦ Doenças: cardíacas, pulmonares, artrite, Alzheimer e depressão, Parkinson. 35 Insônia e medicamentos •CORTICÓIDES •BLOQUEADORES BETA-ADRENÉRGICOS •METILDOPA •FENITOÍNA •QUIMIOTERÁPICOS •HORMÔNIO TIROIDEANO •ANFETAMINAS •ANTIDEPRESSIVOS (BUPROPIONA) •OUTROS: • NICOTINA • ÁLCOOL • CAFEÍNA 36 Alcool e Insônia 55 % dos indivíduos com insônia usam o álcool para dormir Em usuários sociais ◦ Diminui o tempo para iniciar o sono ◦ Seconsumido 6 horas antes de dormir altera a 2ª fase do sono Em usuários frequentes (abuso/dependência) ◦ Problemas de sono podem facilitar a recaída (aumento do sono REM) ◦ Aumenta o tempo para iniciar o sono ◦ Vários despertares durante a noite ◦ Pior qualidade do sono ◦ Fadiga durante o dia seguinte 37 Insônia e higiene do sono •Irregularidade no horário de dormir e acordar •Irregularidade na exposição à luz •Uso de celulares (luz azul) antes de dormir •Temperatura ambiental (quarto) •Estímulos sonoros (ruídos) •Alimentação noturna (excesso/falta) •Uso de estimulantes (café), álcool •Atividades noturnas •Estresse •Dormir durante o dia (“sonecas”) 38 Insônia e ritmo circadiano 1.Atraso da fase de sono (insônia inicial e dificuldade para despertar) temperatura corpórea mínima e pico da melatonina ocorrem atrasados 2. Antecipação da fase de sono (dorme antes do horário e acorda antes) temperatura corpórea mínima e pico da melatonina ocorrem antes 3.Ciclo vigília sono não 24 hs - ciclo irregular 4.Mudança de turno (trabalho) 5.Jet lag 39 40 • DEFINIÇÃO • SONOLÊNCIA DIURNA (Ataques De Sono) • CATAPLEXIA (70%) (Atonia Muscular Abrupta Disparada Por Reações Emocionais) • PARALISIA DO SONO (30-50%)(inabilidade temporária para falar ou se mover quando adormece ou quando desperta) • MOVIMENTOS INTRUSIVOS OCULARES DE SONO REM • ALUCINAÇÕES HIPNAGÓGICAS (20-40%) • ALTERAÇÃO NO SONO NOTURNO. • Critério diagnóstico: pelo menos 3 meses. • GATILHOS: leitura, TV, emoções • DURAÇÃO: 10-20 minutos, 2 a 6 episódios/dia • COMORBIDADE: 40 % transtorno mental • Depressão, Abuso de Substâncias, Ansiedade e Parassonias T. HIPERSONOLÊNCIA -NARCOLEPSIA NARCOLEPSIA 41 ACHADOS LABORATORIAIS •Teste de Múltipla Latência: latência do sono menor do que 5 minutos e aparecimento de sono REM durante 2 ou mais “sonecas” de uma série de 5. •Polissonografia: latência de sono menor do que 10 minutos no sono noturno, aumento do estágio 1, despertar frequente, aumento do sono REM, apnéia do sono. •Antígeno HLA-DR2 em 90% dos indivíduos •PREVALÊNCIA: 0,02 - 0,16 % NARCOLEPSIA •HOMEM & MULHER •2 & 3 DECADAS •SONOLÊNCIA DIURNA •“SONECA BOA” •CATAPLEXIA •SEM RONCO •HIPERTENSÃO •SEM OBESIDADE •NÃO É PROGRESSIVA APNÉIA OBSTRUTIVA •HOMENS •5 & 6 DÉCADAS •SONOLÊNCIA DIURNA •“SONECA RUIM” •SEM CATAPLEXIA •RONCO •C/ HIPERTENSÃO •OBESIDADE MÓRBIDA •PROGRESSIVA 42 Narcolepsia x Apnéia Obstrutiva do sono 43 • PESADELOS: • crianças de 3 a 6 anos (10 a 30%) • desconforto importante • acorda sem confusão • TERROR NOTURNO • crianças de 4 a 12 anos (1- 6 %) e adultos de 20-30anos (1%). Ocorre nos estágios 3 e 4. • Intensa sensação de pânico com sinais autonômicos. Dificuldade para acordar. Confusão. Amnésia. • SONAMBULISMO (1-7%): crianças até 12 anos PARASSONIAS Tratamento Tratar a causa de base Intervenções: ◦ Medicamentos ◦ Instruções de higiene do sono ◦ Fototerapia ◦ Terapia comportamental ◦ Terapias digitais TCCi – Sleepo (UK- NHS), Somryst (EUA) ◦ VER Morin et al. Endorsement of European guideline for the diagnosis of insomnia by the World Sleep Society Sleep Medicine 2021 124-125. 44 Tratamento Insônia - Medicamentos Hipnóticos ou benzodiazepínicos – Indutores de sono não benzodiazepínico Melatonina Agonistas da melatonina (ramelteon) Antagonistas da hipocretina Antidepressivos - Neurolépticos Anti-histaminérgicos Fitoterápicos 45 Benzodiazepínicos Uso por tempo curto Risco de dependência ◦ 10-30% dos usuários crônicos são dependentes de bzd ◦ 50% sofrem de sintomas de abstinência Indicações: ◦ Insônia inicial ◦ Insônia transitória (12-40 hs Clordiazepóxido Librium® >12-40hs Diazepam Diazepam® 40-200 hs Clonazepam Rivotril® 40-200 hs Flurazepam Dalmadorm ® 40-250 hs 48 MEIA VIDA CURTA( 24 h MEIA VIDA INTERMEDIÁRIA: 6-24 h INSÔNIA REBOTE QUEDAS E SEDAÇÃO DIURNA MELHOR PARA IDOSOS * (evitar uso BZD em geral) Efeitos colaterais: redução da coordenação motora, amnésia, sonolência, ataxia, astenia, apatia, desorientação, dificuldade de concentração, depressão respiratória, náuseas, diminuição da libido, taquicardia,alterações hematológicas Benzodiazepínicos 49 Indicação principal para insônia de curta duração: 1. Usar a dose menor possível para minimizar os efeitos colaterais e a insônia rebote 2. Uso a cada 3 ou 4 dias para impedir a tolerância 3. Uso de hipnóticos de meia vida curta por 2 a 4 semanas no máximo. 4. Descontinuar a medicação gradualmente 5. Observar o paciente quanto a sintomas rebotes depois da retirada do benzodiazepínico 6. Para insônias crônicas: pesquisar a causa Estratégias de uso de Benzodiazepínicos como hipnóticos Dependência de BZD Ler ARTIGO SOYKA, Michael. Treatment of benzodiazepine dependence. N Engl J Med, 376:1147-57,2017. Complementar Lee et al Deprescribing benzodiazepine receptor agonists taken for insomnia a review and key messages from practice guidelines. Polish Archives of Internal Medicine 2019. 50 substância receptor ½ vida horas Z-hipnóticos 2ª geração zolpidem GABA-A agonista α 1 2,4 Cansaço, cefaléia, zopiclona GABA-A agonista α 1 GABA-A agonista α 1,2 5,3 Reduzir dose para idosos Tontura, paladar metálico Z-hipnóticos 3ª geração Eszopiclona (prysma ) GABA-A 5,8 Insonia intermediaria Cefaleia, tontura, paladar desagradável, náusea Hipocretinergico Suvorexant Receptor orexina (hipocretinas) Insônia intermediaria Melatoninergico s Ramelteon Agonista M1,M2 1-2 Cefaleia tontura Melatonina Agonista M1,M2 0,5-0,8 sonolência Antidepressivos sedativos Doxepina Antagonista H1 7-8 Cefaleia tontura Agomelatina Agonista M1,M2, antagonista HT2c 2-3 Cefaleia tontura Mirtazapina antagonista HT2c e H1 20-40 Hipotensao ortostática 51Extraido Sukis-Claudino -Revista Brasileira de Psiquiatria • vol 32 • nº 3 •set2010 Indutores do sono – não-bzd Ação antagonista Gaba (omega-1) Não tem ação nas funções cognitivas (memória) Pouca tolerância ou dependência em doses baixas Abuso e dependência tem aumentado desde o seu lançamento no mercado Não apresentam efeitos residuais ◦ Ciclopirrolonas: Zoplicone ◦ Imidazippridinas: Zolpidem, Alpidem ◦ Zaleplon Zolpidem e Zaleplon alteram menos a estrutura do sono Não há evidências sobre a diferença de eficácia entre eles e com os benzodiazepinícos ◦ Zolpidem 10 mg/noite (meia vida curta)- uso até 1 mês ◦ Zaleplom 10 mg/noite (meia vida muito curta)- uso até 2 semanas Efeitos pós retirada: sintomas dolorosos, piora da insônia LER Mittal et al 2021. Zolpidem for insomnia: a Double-edged Sword. a Systematic literature Review on Zolpidem-induced Complex Sleep behaviors 52 Antidepressivos Indicações: ◦ Depressões ◦ Ansiedade ◦ Insônia crônica Efeito sedativo: doses baixas Não provoca dependência 53 Antidepressivos Sedação acentuada Sedação leve Sem sedaçao ou mínima Amitriptilina Imipramina Bupropiona Clomipramina Maproptilina Fluoxetina Trazodone Nefazodona Desipramina Mirtazapina Nortriptilina Sertralina Paroxetina Citalopram Venlafaxina Fluvoxamina Poyares et al.,2002 54 Neurolépticos Não são indicados para a Insônia primária Indicados nos quadros psicóticos Mais sedativos: ◦ Clorpromazina 50- 100 mg/d ◦ Olanzapina 5 mg/d ◦ Quetiapina 25 mg/dia 55 Anti-histamínicos Mecanismo de ação: ◦ Antagonistas de receptor H1- efeito sedativo ◦ Ação anticolinérgica ◦ Bloqueio de receptores adrenérgicos ◦Prometazina (> 25 mg/noite) ◦ Não são recomendados para a insônia . Ver guideline Morin et al 2021 56 Melatonina Hormônio produzido na glândula pineal, têm ação regulatória do sono Estimulo de luz na retina hipotálamo (ritmo circadiano) estimulação de receptores noradrenérgicos da pineal síntese de melatonina Mecanismo de ação desconhecido Indicações (controvérsias): ◦ jet-lag, ◦ alteração de ritmo circadiano (turno de trabalho), ◦ Não há consenso de eficácia. Leitura complementar Giovanni Biggioet al 2021. Melatonin: From Neurobiology to Treatment. (Poyares et al., 2005) 57 Inibidores de hipocretina Não disponíveis no Brasil (em analise pela ANVISA) As hipocretinas são neuropeptídeos que regulam as funções do sono, analgesia, cognição e memória. São produzidas pelo hipotálamo e atuam nos receptores das proteínas G(GCPR) Antagonistas de hipocritina (DORA group) – Suvorexant, Ledmborexant) - melhora a latência do sono e a manutenção do sono a insônia primaria. Promissor na insônia do Alzheimer. Ver artigo Subramanian et al Orexin receptors Target and applications. Fundam Clin Pharmacol 2021:1-9 58 Tratamento Narcolepsia 59 • TRATAMENTO • ESTIMULANTES: • METANFETAMINA 5- 60 MG/DIA • METILFENIDATO 10-60 MG/DIA • DEXTROANFETAMINA 10-60 MG/DIA • ANTIDEPRESSIVOS (CATAPLEXIA) • OUTROS: • EFEDRINA • MELATONINA • L- TIROSINA. Tratamento não medicamentoso da insônia •Higiene do sono •Fototerapia •Terapia comportamental - TCC •Terapias digitais 60 61 1. VÁ PARA CAMA SEMPRE NO MESMO HORÁRIO 2. LEVANTE-SE SEMPRE NO MESMO HORÁRIO. 3. FAZER EXERCÍCIO REGULAR, DE PREFERENCIA PELA MANHÃ. 4. EXPOSIÇÃO REGULAR À LUZ E EVITAR luz de celular 30 min antes de dormir (luz azul , celular, outros aparelhos) 5. MANTER A TEMPERATURA DO QUARTO ADEQUADA. 6. DORMIR EM AMBIENTE SILENCIOSO E ESCURO. 7. USAR A CAMA APENAS PARA DORMIR (NÃO VER TV, COMER) 8. EXERCÍCIOS DE RELAXAMENTO ANTES DE IR DORMIR. 9. MANTER AS EXTREMIDADES AQUECIDAS 10. ALIMENTAÇÃO NOTURNA LEVE. 11. ALIMENTAÇÃO EM HORÁRIO REGULAR. 12. EVITAR “SONECAS” (maiores de 30 min) DURANTE O DIA. 13. NÃO USAR ÁLCOOL, NICOTINA E CAFEÍNA À NOITE (após 17 horas). 14. NÃO DORMIR COM FOME. 15. EVITAR MUITAS ATIVIDADES À NOITE. HIGIENE DO SONO Fototerapia Indicações: ◦ Quadros de alteração ritmo circadiano: adiantado, atrasado, # 24 hs etc. ◦ Quando o paciente quer fazer o tratamento ◦ Atrasado: fototerapia 6-9 horas da manhã (2000-2500 lux) - mínimo 12 dias ◦ Adiantado: fototerapia 8-12 hs da noite (2500 lux por 4 horas)- mínimo 25 dias ◦ T bipolar sazonal ◦ Turnos de trabalho 62 Terapia cognitivo-comportamental Terapia cognitiva ◦ Identificar o que impede o paciente de dormir e desviar sua atenção para outro estímulo. Correção de hábitos disfuncional Relaxamento monitorizado ◦ Obtenção de relaxamento através de redução do tônus simpático Pensamentos intrusivos (antes de dormir) E o tratamento de 1ª linha para Insônia – ver guideline Ler artigo Teixeira et al Terapia Cognitiva Comportamental para Insônia: Revisão Sistemática 2016. 63 Slide 1: Transtornos do sono: MANEJO DA INSÔNIA Slide 2: Epidemiologia Slide 3: Epidemiologia Slide 4: Epidemiologia Slide 5 Slide 6: SONO REM E NREM Slide 7: Estágios do sono Slide 8 Slide 9 Slide 10: Estrutura do sono normal Slide 11 Slide 12 Slide 13: Classificação (DSM-IV) Slide 14: Transtornos do sono-vigília Classificação (DSM-V) Slide 15: Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ISCD) Slide 16: Insônia - definição Slide 17: Insônia - definição Slide 18: Insônia Slide 19: Consequências Slide 20: Insônia Slide 21: Comorbidade Slide 22: Insônia critérios diagnósticos DSM V Slide 23: Diagnóstico Slide 24: Anamnese Slide 25 Slide 26 Slide 27: Insônia e T. Psiquiátricos Slide 28: Insônia e T. Psiquiátricos Slide 29: Insonia e Demência Slide 30: Insônia e Demência Slide 31: Insônia e doenças médicas Slide 32: Apnéia Obstrutiva Crônica Slide 33 Slide 34: Insônia e doenças médicas Slide 35: Insônia e ciclos vitais Slide 36: Insônia e medicamentos Slide 37: Alcool e Insônia Slide 38: Insônia e higiene do sono Slide 39: Insônia e ritmo circadiano Slide 40 Slide 41: NARCOLEPSIA Slide 42 Slide 43 Slide 44: Tratamento Slide 45: Tratamento Insônia - Medicamentos Slide 46: Benzodiazepínicos Slide 47: Benzodiazepínicos Slide 48 Slide 49 Slide 50: Dependência de BZD Slide 51 Slide 52: Indutores do sono – não-bzd Slide 53: Antidepressivos Slide 54: Antidepressivos Slide 55: Neurolépticos Slide 56: Anti-histamínicos Slide 57: Melatonina Slide 58: Inibidores de hipocretina Slide 59: Tratamento Narcolepsia Slide 60: Tratamento não medicamentoso da insônia Slide 61 Slide 62: Fototerapia Slide 63: Terapia cognitivo-comportamental