Buscar

PEDIDOS IMPLÍCITOS.DOC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PEDIDOS IMPLÍCITOS
 	Ao se exercer o direito subjetivo de ação, busca-se do Poder Judiciário, por seus órgãos competentes, a solução de determinada pretensão de direito material, como forma compositiva de contróversia originária, legal ou pessoal. 
 	Neste sentido, faz-se necessária a redação de uma petição inicial que, dentre vários outros requisitos oridinariamente prescritos no art. 282 do CPC, deverá conter pedido específico, decorrente de adequada causa de pedir, o qual, após procedimento adequado, será decidido usualmente de forma restrita por sentença, positiva ou negativamente. 
 	A regra, portanto, é que o pedido seja explícito, vinculando a decisão final naquele processo, porém à luz do art. 293 do CPC, ainda que não expressamente requerido, há pedidos que devem ser incluídos no julgamento do caso concreto. 
 	Cuida-se de pedido implícito, incluindo-se, ao menos de regra, o acessório no deferimento do pedido principal, como os juros legais de mora, a correção monetária, as prestações de trato sucessivo vencidas no curso da demanda e a verba sucumbencial. 
 	Neste passo, a lição de Vicente Greco Filho, em seu Direito Processual Civil Brasileiro. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 1996, vol. 2, p. 113, indicando que “há, porém conseqüências de direito material ou processual que eventualmente podem ficar omitidas porque decorrem necessariamente do pedido principal. Apesar de ser recomendável que nada fique omitido, o que decorre inexoravelmente de lei e que é inseparável do bem jurídico que constitui o pedido mediato pode ser entendido como compreendido no principal, como, por exemplo, os juros legais e a correção monetária nos termos da Lei nº 6.899/81, bem como o pagamento de custas e honorários”. 
 	O pedido, como manifestações de vontade, deve ser interpretados à luz do princípio da efetividade e da economia processual, que visam conferir à parte um máximo de resultado com um mínimo de esforço processual. 
 	Estará ele implícito nas razões expendidas, sendo iniludível que deixar de o conhecer por exacerbo de formalismo é negar prestação jurisdicional. 
 	Oportuno, entretanto, distinguir o pedido implícito, correspondente aos consectários legais, da condenação implícita, que é vedada pelo ordenamento jurídico. 
 	O pedido implícito é aquele que está contido na petição inicial, ainda que a parte não o tenha pleiteado, enquanto que a condenação implícita é aquela deduzida pelo julgador, ou entendida pela parte, sem cabimento, e constituirá, assim, questão ultra ou extra petita, inexequível, portanto. 
 	A propósito, esclarecedora a lição de Calmon de Passos, no seu Comentários ao código de processo civil. 8 ed. Rio: Forense, 1988, vol. III, p. 210, asseverando que “uma coisa é pedido implícito, outra condenação implícita. Esta última não existe. De sorte que, se não foram pedidos os juros legais, a sentença poderá incluí-los na condenação. Há contudo, uma situação que merece destaque. Alguns juízes concluem, sem muito acerto técnico, condenando o autor nos termos do pedido, ou ao principal e mais cominações legais. Pergunta-se: condenar nos termos do pedido não é também condenar, inclusive, no que implicitamente se contém no pedido? E condenar nas demais cominações legais não é incluir os juros legais? Parece-nos que nestas hipóteses sim. Ainda quando não tenha sido repetida no novo Código a regra do art. 891 do Código revogado, a conclusão é a mesma, por força dos princípios". 
 	Os pedidos implícitos, porém, não estão exaustivamente normatizados, já que também podem decorrer de consequência lógica, sendo importante observar que, nestes casos, deverã constar explicitamente da sentença, embargável quando omissa, sob pena de não poderem ser exigidos e constituirem, assim, eventual condenação implícita.
Por Ricardo de Oliveira Paes Barreto
Desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco
Mestre em Direito Público pela UFPE
Professor de Direito Processual Civil

Continue navegando