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Módulo 1 – Fundamentos do direito contratual
MÓDULO 1
FUNDAMENTOS DO DIREITO CONTRATUAL
Neste módulo, iremos estabelecer a principal diferença entre um negócio e um fato, destacando o papel da autonomia das partes na manifestação negocial da sua vontade e a liberdade maior ou menor com que participam da construção do contrato.
Veremos também as transformações principiológicas pelas quais o contrato passou, identificando os paradigmas da socialidade e da eticidade, por meio do estudo da sua função social, bem como do dever de comportamento probo e de boa-fé exigido dos contratantes.parágrafo
OBJETIVOS
Ao final deste módulo, esperamos que você seja capaz de:
· distinguir um negócio jurídico de outras manifestações sociais e jurídicas;
· identificar o contrato como a mais importante espécie do gênero negócio jurídico;
· compreender a relevância de ter clareza sobre as razões e os motivos de contratar, e os limites ao exercício da liberdade;
· identificar a função social de um contrato e
· reconhecer as diversas funções exercidas pela boa-fé no âmbito do Direito Contratual.
Unidade 1 – O negócio denominado contrato
Nesta unidade, abordaremos o contrato como um negócio jurídico celebrado entre várias partes (ao menos duas) para constituir, modificar, garantir ou extinguir direitos e obrigações de conteúdo patrimonial.
É importante apreender que o contrato serve, de forma indispensável, às atividades econômicas desenvolvidas em uma sociedade, independentemente da forma como se apresente – seja verbal, seja por escrito, por meio físico ou virtual.
O que importa é que o consenso das partes seja obtido de forma livre e consciente, e que ambas tenham observado as eventuais exigências da ordem pública.
O contrato é fruto da vontade das partes contratantes. Embora deva ser obtida livremente, haverá ocasiões em que um dos contratantes estará motivado pela satisfação de uma necessidade, e isso poderá ser um fator de desequilíbrio na formação do negócio.
Isso não significa que o contrato não possa ser considerado válido, eficaz e capaz de obrigar todas as partes ao cumprimento do seu conteúdo. Isso se dá, justamente, por ser o contrato um instrumento essencial às relações econômicas, inclusive àquelas que tenham por fim a satisfação de interesses existenciais.
Nesse sentido, o sistema deve fornecer as ferramentas necessárias para mitigar uma eventual disparidade de armas entre as partes sem que, com isso, elimine o próprio contrato.
O QUE É CONTRATO?
Nesta videoaula, veremos como é importante que a ordem jurídica assegure aos agentes econômicos um espaço para a criação de estruturas jurídicas próprias, a par dos modelos previstos em lei.
Leia o Módulo 1 Fundamentos do Direito Contratual da apostila Direito Contratual, dando especial atenção aos aspectos sociais e econômicos do contrato.
Unidade 2 – A autonomia privada
Autonomia da vontade ou autonomia privada?
A distinção parece irrelevante à primeira vista, mas as duas expressões traduzem modelos diferentes de Direito Contratual.
A autonomia da vontade está associada ao modelo contratual que predominou nos séculos XIX e XX, constituído sobre as premissas de que o sistema jurídico deveria:
1. assegurar ampla liberdade e autonomia aos indivíduos;
2. garantir a mínima intervenção do Estado nos contratos privados e
3. proporcionar a máxima segurança jurídica dos contratos por meio do respeito à sua obrigatoriedade.
Naquele modelo, o sistema jurídico brasileiro era composto, quase exclusivamente, de normas dispositivas, ou seja, regras legais que poderiam ser ressalvadas pela vontade das partes.
A liberdade contratual dava origem a normas entre as partes, que deveriam ser obedecidas como lei, inclusive pelo juiz ao decidir o caso, limitando-se o papel integrativo da decisão judicial apoiada em princípios para situações excepcionalíssimas, em que a lacuna contratual não pudesse ser suprida pela lei, pela analogia ou pelos costumes.
Um bom exemplo desse modo de pensar pode ser extraído da leitura do artigo 4º, do Decreto-Lei n° 4.657/1942:
“Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”
Por outro lado, a autonomia privada reflete o modelo pós-positivista do Direito Contratual, reconhecendo que a liberdade das partes deve ser exercida em atenção aos preceitos da ordem pública, que contém interesses metaindividuais que, muitas vezes, não estão expressos em regras legais ou em cláusulas contratuais, mas em princípios normativos abertos.
A função integrativa da decisão judicial alcança um papel de destaque, mitigando a obrigatoriedade dos contratos quando em conflito com os valores vigentes à luz de determinado princípio informador do Direito contemporâneo.
Nesse sentido, podemos concluir que a autonomia das partes continua a existir, mas os seus limites transcendem os meros interesses individuais dos contratantes, a exigir uma análise criteriosa da adequação das disposições contratuais aos valores socialmente relevantes presentes no momento da formação e da execução, e mesmo após o fim do contrato.
LIBERDADE E INTERVENÇÃO
Assista à videoaula a seguir, em que falaremos sobre liberdade dos indivíduos e intervenção do Estado, caracterizando os modelos de Direito Contratual que os países podem adotar, liberal positivista e pós-positivista.
Vídeo
Regra não é pra ser compreendida, apenas aprendida. Deve seguir e ponto. Ou cumpre ou não cumpre.
Princípio admite percepções diferentes. Por ex: princípio da igualdade. Igualdade formal x substancial 
LEITURA
A matéria Autuações por planejamento somam R$ 184 bi retrata a importância de determinar-se a razão pela qual um negócio jurídico é realizado. Nesse caso, a causa é o planejamento tributário. Vejamos alguns trechos da matéria:
"Até 1996, o que valia na avaliação da Receita era a chamada forma sobre a essência. [...] Hoje, para ter uma operação válida, é preciso mostrar que não é só por motivos econômicos [...] É também necessário observar critérios como abuso de forma (forma jurídica atípica usada para realizar o negócio), dissimulação (esconder algo que existe), simulação (aparentar algo que não existe), abuso de direito (exercício do direito sem motivo legítimo e excessos intencionais), além do propósito negocial."
https://www.e-auditoria.com.br/autuacoes-por-planejamento-somam-r-184-bi/
Observação: Trata-se de matéria com conteúdo ainda vigente.
VAMOS PRATICAR?
A Lei da Liberdade Econômica adicionou ao Código Civil Brasileiro o artigo 421-A, onde se lê:
"Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção (...)."
Parte superior do formulário
No contexto da Lei da Liberdade Econômica, o que significam contratos paritários e contratos simétricos?
Parte inferior do formulário
Na Lei da Liberdade Econômica, os termos "contratos paritários" e "contratos simétricos" são utilizados para descrever diferentes características dos contratos e as relações entre as partes envolvidas. Aqui está a distinção entre eles:
1. Contratos Paritários: Contratos paritários são aqueles em que as partes têm poder de barganha equilibrado e igualdade de condições na negociação. Em outras palavras, as partes contratantes estão em pé de igualdade em termos de poder e capacidade de influenciar os termos do contrato. Nesse tipo de contrato, não há uma parte dominante que possa impor unilateralmente suas condições sobre a outra. O objetivo é garantir que as partes tenham liberdade para negociar e que o contrato seja resultado de um acordo mútuo e voluntário entre elas.
2. Contratos Simétricos: Contratos simétricos são aqueles em que as partes têm acesso igual à informação relevante e estão em condições de igualdade no momento da celebração do contrato. Isso significa que ambas as partes têm acesso às mesmas informações e recursos, permitindo que elas tomem decisões informadas e justas durante as negociações contratuais. A simetria de informaçõesé essencial para garantir a transparência e a equidade no processo de negociação e para evitar que uma parte se beneficie em detrimento da outra devido a assimetrias de informação.
Em resumo, os contratos paritários se referem a contratos em que as partes têm poder de barganha equilibrado, enquanto os contratos simétricos se referem a contratos em que as partes têm acesso igual à informação relevante. Ambos os conceitos visam promover a liberdade contratual e garantir relações contratuais justas e equitativas.
Unidade 3 – Os limites à liberdade contratual
Esta unidade é dedicada à análise do declínio do modelo liberal dos séculos precedentes ao atual e à consagração do modelo pós-positivista de matriz funcional. Hoje o contrato não serve mais apenas à satisfação individualista da vontade, pois passa a ter uma função social a desempenhar.
Ao longo desta unidade, refletiremos sobre o problema da desconfiança dos agentes econômicos no que se refere à obrigatoriedade do contrato. Além disso, examinaremos se o que julgamos individualmente justo deve ser imposto a toda a coletividade por meio de uma interpretação arbitrária dos princípios normativos.
Tais reflexões são fundamentais para preparar-nos para as unidades seguintes, em que os paradigmas da eticidade e da socialidade serão melhor examinados.
Afinal, somos corresponsáveis pelas mazelas do sistema jurídico quando também não compreendemos, com clareza, as funções pertinentes a cada princípio e os valores que os orientam.
CONTRATAMOS LIVREMENTE?
Nesta videoaula, veremos como a liberdade contratual adquiriu diferentes formas de manifestar-se e como os mecanismos de comunicação em massa e a inteligência artificial fazem parte desse processo.
VÍDEO
Compra e venda. Causa: satisfação do interesse em ser dono do objeto. Para quem tá vendendo: obter a vontade do preço.
Motivo: subjetivo, guardo internamente. Não temos como saber se não for expresso. Ela normalmente é desprezada e não pode ser pautada com segurança.
Qual é o princípio que é a razão maior para a existência de um contrato? REALIZAR A AUTONOMIA PRIVADA. 
Atualmente: cumprimento da função social através da autonomia privada
VAMOS PRATICAR?
Parte superior do formulário
Quando concordamos com os Termos de Uso de plataformas e aplicações de internet, são estabelecidas uma série de regras que determinam os direitos e as obrigações dos usuários, entre eles, o uso dos nossos dados pessoais, por meio de cookies (programas de computador que registram informações sobre o histórico de utilização e de navegação na rede de computadores).
QUESTÃO 1
Considerando a forma como esses Termos de Uso são apresentados aos usuários, podemos considerar que o “aceite” do usuário caracteriza, de fato, uma manifestação de vontade livre e consciente, apta a gerar os efeitos vinculantes previstos no respectivo Termo de Uso?
Parte inferior do formulário
A caracterização do "aceite" do usuário como uma manifestação de vontade livre e consciente, capaz de gerar efeitos vinculantes conforme os termos de uso, depende de diversos fatores. Esses fatores podem incluir a clareza e transparência na apresentação dos termos de uso, a facilidade de acesso e compreensão por parte do usuário, e se o usuário teve a oportunidade adequada de revisar e concordar com os termos antes de aceitá-los.
Portanto, para que o "aceite" seja considerado como uma manifestação de vontade livre e consciente, é essencial que os termos de uso sejam apresentados de forma clara e acessível, sem termos ou condições ocultos, e que o usuário tenha a oportunidade de revisar os termos antes de aceitá-los. Além disso, é importante que o processo de aceitação seja voluntário e que o usuário não seja coagido ou induzido a aceitar os termos contra sua vontade.
Em resumo, a validade do "aceite" do usuário como uma manifestação de vontade livre e consciente, capaz de gerar efeitos vinculantes, dependerá da conformidade com os princípios de transparência, clareza, voluntariedade e acessibilidade na apresentação dos termos de uso.
VAMOS PRATICAR?
Parte superior do formulário
Quando concordamos com os Termos de Uso de plataformas e aplicações de internet, são estabelecidas uma série de regras que determinam os direitos e as obrigações dos usuários, entre eles, o uso dos nossos dados pessoais, por meio de cookies (programas de computador que registram informações sobre o histórico de utilização e de navegação na rede de computadores).
QUESTÃO 2
Nessa mesma linha de reflexão, você considera necessária a existência de normas de ordem pública, como é o caso da LGPD para limitar a liberdade das partes quanto à livre disposição das suas informações pessoais?
Parte inferior do formulário
Sim, a existência de normas de ordem pública, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é fundamental para limitar a liberdade das partes quanto à livre disposição de suas informações pessoais. Isso ocorre porque a proteção dos dados pessoais é um direito fundamental dos indivíduos e é essencial para garantir a privacidade, a segurança e a dignidade das pessoas.
A LGPD estabelece princípios e regras específicas para o tratamento de dados pessoais, impondo obrigações aos controladores e operadores de dados e garantindo direitos aos titulares dos dados. Essas normas são de ordem pública e devem ser observadas por todas as partes envolvidas no tratamento de dados, independentemente de qualquer acordo ou contrato entre elas.
Ao limitar a liberdade das partes em relação à disposição de informações pessoais, a LGPD busca proteger os direitos fundamentais dos indivíduos, prevenir abusos e garantir que o tratamento de dados seja realizado de forma ética, transparente e responsável. Isso contribui para promover a confiança e a segurança no ambiente digital, além de evitar potenciais danos e violações à privacidade dos usuários. Portanto, normas como a LGPD desempenham um papel crucial na regulação do uso de informações pessoais e na promoção do respeito aos direitos individuais
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