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Resgate de Fauna: Conceitos e Desafios na Clínica de Animais Selvagens O resgate de fauna refere-se às ações realizadas para retirar animais silvestres de situações de risco ou vulnerabilidade, como acidentes, desastres ambientais, tráfico de animais, ou situações de cativeiro inadequado. Esses resgates são essenciais para garantir o bem-estar dos animais e para preservar a biodiversidade. Quando o Resgate de Fauna é Necessário? O resgate de fauna é necessário em diversas situações, tais como: Acidentes envolvendo atropelamentos, quedas, queimadas, entre outros. Desastres naturais (enchentes, incêndios florestais, secas prolongadas) que colocam os animais em risco de morte. Captura ilegal e tráfico de animais silvestres, que envolve tanto a retirada dos animais das mãos de traficantes quanto a necessidade de reabilitação dos mesmos. Cativeiro inadequado, quando animais são mantidos em condições que não respeitam seu bem-estar físico e comportamental. Doenças ou lesões que dificultam a sobrevivência do animal em seu habitat natural. Profissionais Envolvidos no Resgate de Fauna O resgate de fauna exige a atuação de uma equipe multidisciplinar composta por: 1. Médico veterinário– Responsável pela avaliação clínica e terapêutica dos animais, garantindo seu tratamento adequado 2. Biólogo – Responsável pela captura e manejo in situ, estuda o comportamento, as necessidades ecológicas e o habitat dos animais resgatados, orientando na reintrodução adequada na natureza. 3. Zootecnista – Pode colaborar com os cuidados nutricionais dos animais resgatados, garantindo uma dieta adequada à sua espécie. 4. Engenheiro ambiental – Atua nas ações de conservação ambiental e na mitigação dos impactos que afetam a fauna. 5. Socorristas ou técnicos em resgate de fauna – Profissionais especializados na captura segura dos animais em situação de risco. 6. Polícia ambiental e IBAMA – Órgãos responsáveis por fiscalizar e apoiar o resgate, principalmente em situações de crime ambiental. O Papel do Médico Veterinário no Resgate de Fauna O médico veterinário desempenha um papel crucial no resgate de fauna. Suas principais funções incluem: Diagnóstico e avaliação inicial, Tratamento clínico e cirúrgico, Reabilitação física, Acompanhamento nutricional e comportamental, Decisão sobre a soltura. Terapêutica de Animais Resgatados A terapêutica dos animais resgatados varia de acordo com as condições clínicas apresentadas, e pode incluir: Cuidados emergenciais: Aplicados logo após o resgate, como tratamento de traumas, desidratação, hipotermia, ou intervenções cirúrgicas. Terapias de reabilitação: Fisioterapia, exercícios de mobilidade e suporte comportamental, necessários para garantir a recuperação completa. Administração de medicamentos: Inclui analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e vitaminas, conforme a necessidade clínica do animal. Monitoramento contínuo: Acompanhar o progresso de recuperação, ajustando o tratamento conforme a evolução do quadro clínico do animal. A Importância da Soltura dos Animais Resgatados Após a reabilitação, a soltura dos animais é o objetivo final do processo de resgate. Esse procedimento é essencial por diversas razões: Reintegração ao ambiente natural: A soltura permite que o animal volte a desempenhar seu papel ecológico no ecossistema, ajudando a manter o equilíbrio natural. Preservação das populações silvestres: A devolução dos animais à natureza contribui para a conservação das espécies e a manutenção da biodiversidade. Desenvolvimento comportamental e adaptação: Para garantir uma reintegração bem-sucedida, os animais devem ter passado por uma reabilitação que os prepare comportamentalmente para sobreviverem por conta própria. Redução do estresse: Manter animais em cativeiro por longos períodos pode causar estresse crônico. A soltura, quando realizada adequadamente, reduz esse problema e oferece uma melhor qualidade de vida ao animal. A soltura deve seguir critérios rigorosos, como a avaliação da aptidão física e comportamental do animal e a escolha do habitat adequado para sua espécie. Além disso, é importante monitorar o animal após a soltura, para garantir que ele se adapte ao ambiente natural. ASPECTOS LEGISLATIVOS SOBRE FAUNA SILVESTRE O resgate de fauna é uma prática essencial para a conservação e bem-estar de animais silvestres, especialmente em situações de risco como desastres naturais, queimadas, desmatamentos e tráfico ilegal. No Brasil, a legislação ambiental, como a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) e resoluções do CONAMA, regula o manejo, reabilitação e soltura desses animais. O papel do médico veterinário é central, sendo responsável pela avaliação clínica, tratamento e monitoramento durante o processo de recuperação, visando reintegrar os animais à natureza sempre que possível. 1. Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98): Define crimes ambientais e estabelece penas para quem captura, transporta, vende ou maltrata animais silvestres sem autorização legal. Envolve a responsabilização de quem mantiver animais silvestres em cativeiro de forma ilegal. 2. Resolução CONAMA nº 457/2013: Regula os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), determinando sua estrutura, organização e manejo de fauna resgatada. Orienta sobre o destino adequado de animais apreendidos ou resgatados. 3. Lei de Proteção da Fauna (Lei nº 5.197/67): Proíbe a caça e captura de animais silvestres sem permissão. Enfatiza a proteção dos habitats naturais e o uso sustentável da fauna. 4. Responsabilidade do Médico Veterinário: O veterinário é responsável por garantir o bem-estar e recuperação dos animais resgatados, seguindo normas de manejo e reabilitação. 5. Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES): Regula o comércio internacional de espécies ameaçadas e impõe restrições quanto à captura e movimentação de animais. Implicações éticas na criação de animais selvagens Saúde Pública: A criação de animais silvestres aumenta o risco de transmissão de zoonoses. Responsabilidade Ética: Devemos evitar práticas que possam levar à propagação de doenças. Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/1967) Proíbe a caça e o comércio de animais silvestres sem licença. Criação permitida em cativeiro: Se autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ou outro órgão ambiental. Implicação: Regulamenta a criação de animais silvestres, impondo regras claras para quem deseja criar animais para consumo ou como pets. Constituição Federal (1988) - Art. 225: Garante o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Proíbe práticas que coloquem em risco a função ecológica de animais, ou submetam-nos à crueldade. Implicação: Protege a fauna silvestre e restringe atividades que possam causar extinção ou crueldade com animais. Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) Proíbe a caça, a captura e a utilização de animais silvestres sem autorização ou licença. Exceção: Permite atividades devidamente regulamentadas, como criação em cativeiro, desde que autorizadas pelos órgãos competentes. Pena: Prisão e multa para quem violar essa lei. Portaria IBAMA nº 93/1998 Regula o uso de fauna silvestre no Brasil, incluindo animais criados para fins comerciais. Especifica as condições em que a criação e o manejo de animais silvestres são permitidos. Implicação: Estabelece padrões de manejo para criação comercial, garantindo a sustentabilidade e preservação de espécies. Normas de Saúde Animal (MAPA) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): Estabelece normas sanitárias para a criação e abate de animais, visando garantir a saúde pública e o controle de zoonoses. Implicação:Criações voltadas para carne ou ovos devem seguir normas sanitárias rígidas e garantir o bem-estar dos animais. TERAPÊUTICA VOLTADA PARA ANIMAIS SILVESTRES O que é? É a habilidade de escolher o conjunto de técnicas adequadas a serem utilizadas para instituir um tratamento no paciente ANAMNESE COMO PARTE DA TERAPÊUTICA: lImportante para a definição do plano terapêutico; lDeve ser realizada minuciosamente lRépteis: lCuidado com nefrotoxidade; lNão utilizar ivermectinas em testudines; lManter hidratação em casos de medicações excretadas pelos rins lMamíferos: lNão utilizar amoxicilina em roedores e lagomorfos; lCuidados na antibióticoterapia; lCuidados com corticosteroides CÁLCULO DE DOSE SIMPLES lV= P x D l [ ] V= Volume P= Peso D= Dose [ ]= Concentração lÉ realizado o cálculo de Tmb de um animal alvo e um animal modelo; lUtiliza-se a dose máxima do animal modelo para ser dividida pelo tmb do mesmo; lO resultado da divisão é multiplicado pela tmb do animal alvo para se obter a dose total do medicamento; lA dose total deve ser dividida pelo peso do animal alvo para termos a dose em Mg/Kg lTMB = P0,75 + K Tmb= Taxa metabólica basal P= Peso K= Constante lConstante K para as diferentes espécies: lAves passeriformes: 129; lAves não passeriformes: 78; lMamíferos placentários: 70; lMamíferos não placentários e Xenarthras: 49; lRépteis: 10