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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA DISCIPLINA: TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PROFA. ESP. MÔNICA DOS SANTOS DE OLIVEIRA JULIANA ROCHA DA SILVA RESUMO: PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO CAXIAS-MA 2024 Capítulo 1: O Reflexo Inato Este capítulo introduz a Análise do Comportamento, focando no conceito de reflexo inato, que é uma resposta automática a estímulos específicos. Os reflexos são representados por relações entre estímulos (S) e respostas (R), com a seta (→) indicando a eliciação da resposta pelo estímulo. Um exemplo clássico é o reflexo patelar, onde um estímulo (como uma martelada) resulta em uma resposta (a extensão da perna). Intensidade do Estímulo e Magnitude da Resposta O capítulo discute a lei da intensidade-magnitude, que estabelece que, quanto maior a intensidade do estímulo, maior será a magnitude da resposta. Isso é exemplificado em situações cotidianas, como a reação a barulhos altos ou mudanças de luminosidade. O conceito de limiar é introduzido, indicando que há uma intensidade mínima do estímulo necessária para que a resposta ocorra. Efeitos de Eliciações Sucessivas O texto explora como a repetição de um estímulo pode levar à habituação (diminuição da resposta) ou sensibilização (aumento da resposta). Estudos de Geyer e Braff demonstram diferenças na habituação em indivíduos com e sem esquizofrenia, revelando a complexidade das respostas emocionais em função do histórico do organismo. Reflexos e Emoções As emoções são descritas como respostas reflexas a estímulos ambientais. O capítulo aborda como as emoções não surgem do nada; elas são desencadeadas por eventos específicos, podendo incluir situações cotidianas como falar em público. As reações fisiológicas a emoções, como aumento da frequência cardíaca e secreção de adrenalina, são discutidas como parte das respostas emocionais. Medicamentos psiquiátricos, embora não atuem diretamente na "mente", influenciam a fisiologia do organismo, afetando as emoções. O capítulo finaliza enfatizando que as emoções têm um valor adaptativo, contribuindo para a sobrevivência ao preparar o organismo para responder a ameaças. A relação entre reflexos inatos e emoções é fundamental para a compreensão do comportamento humano, preparando o terreno para discussões futuras sobre condicionamento respondente e modificações de respostas reflexas através da interação com o ambiente. Capítulo 2: O Reflexo Aprendido: Condicionamento Pavloviano O condicionamento pavloviano é um processo pelo qual novos reflexos são aprendidos a partir do emparelhamento de estímulos incondicionados (US) a estímulos neutros (CS). Esse tipo de condicionamento é fundamental na prática psicológica, especialmente em casos de fobias e ansiedades. Extinção Respondente A extinção respondente ocorre quando um CS é apresentado repetidamente sem o US, levando à diminuição da resposta condicionada. Para fobias intensas, a exposição direta ao CS pode ser intolerável, exigindo métodos mais sutis. Técnicas para Redução de Respostas Emocionais Contracondicionamento • Definição: Condiciona uma resposta oposta àquela eliciada pelo CS. Por exemplo, emparelhar um estímulo que provoca ansiedade (como ser questionado) com um que provoca relaxamento (como uma massagem). • Exemplo: Após receber massagem após ser questionado, a resposta de ansiedade pode diminuir. Dessensibilização Sistemática • Definição: Técnica que envolve a exposição gradual a estímulos relacionados a uma fobia em uma hierarquia crescente de ansiedade. • Processo: 1. Criar uma hierarquia de ansiedade começando com o estímulo menos aversivo (ex.: ver fotos de cães) até o mais aversivo (ex.: interagir com cães similares ao que atacou a pessoa). 2. Expor o cliente a esses estímulos sequencialmente, avançando apenas quando a resposta de medo diminui. • Uso Conjunto: Muitas vezes, o contracondicionamento é utilizado para tornar a exposição mais agradável. Biofeedback • Aplicação: Fornece informações sobre respostas fisiológicas (como batimentos cardíacos) durante o tratamento, ajudando os clientes a monitorar e controlar a ansiedade. • Vantagem: Oferece dados objetivos, mais confiáveis do que autoavaliações subjetivas. Condicionamento Pavloviano de Ordem Superior • Definição: Ocorre quando um estímulo neutro é emparelhado a um CS já existente, formando novos reflexos condicionados. • Exemplo: Uma música especial pode eliciar emoções positivas se estiver associada a momentos agradáveis, como encontros românticos. Fatores que Influenciam o Condicionamento 1. Frequência dos Emparelhamentos: Mais emparelhamentos geralmente resultam em respostas mais fortes, embora isso tenha limites. 2. Tipo de Emparelhamento: O CS deve preceder o US para um condicionamento eficaz. 3. Intensidade do US: Estímulos incondicionados mais intensos levam a um condicionamento mais rápido. 4. Grau de Predição do NS: O estímulo neutro deve ser preditivo do US para que o condicionamento ocorra com eficácia. Aplicações do Condicionamento Pavloviano • Publicidade: Utiliza-se o condicionamento para associar produtos a emoções positivas, aumentando sua atratividade. • Saúde: Estudos mostraram que o condicionamento pode influenciar respostas imunológicas e a tolerância a drogas. Capítulo 3: Aprendizagem pelas Consequências: O Reforçamento O comportamento operante, introduzido por B. F. Skinner, refere-se a ações que produzem consequências no ambiente. Ao contrário do comportamento respondente, que envolve a relação S → R, no operante falamos sobre contingências R → S, onde um comportamento resulta em uma mudança ambiental. Por exemplo, apertar um interruptor de luz provoca o acendimento da lâmpada, evidenciando que a ação gera uma consequência direta no ambiente. Essas consequências são fundamentais para a aprendizagem, pois podem aumentar ou diminuir a probabilidade de um comportamento ocorrer novamente no futuro. Essa abordagem se diferencia do condicionamento respondente, ampliando a compreensão sobre a complexidade do comportamento humano e animal. O comportamento operante é controlado por suas consequências. Isso significa que experiências passadas moldam a probabilidade de um comportamento ocorrer novamente. Por exemplo, se uma criança faz birra e consegue o que quer, esse comportamento se repetirá; já aquelas que não têm sucesso tendem a não repetir. Esse conceito se resume em uma contingência de reforçamento: "se... então...". No exemplo da criança, a relação seria: "se faz birra, então recebe o doce". O mesmo se aplica a animais, como um rato que pressiona uma barra para obter água. Além de aumentar a frequência de um comportamento, o reforçamento pode diminuir outros comportamentos. Por exemplo, se você está conversando e alguém presta atenção, pode acabar falando mais e ignorando outras atividades. Essa dinâmica se aplica a várias situações, como em sala de aula, onde reforçar comportamentos desejados pode reduzir conversas indesejadas. Assim, as consequências moldam tanto o que fazemos quanto o que deixamos de fazer. Os reforçadores que mantêm o comportamento de estudar podem incluir notas, elogios ou prêmios. Por exemplo, um músico pode ser motivado pelo som que produz (reforçador natural) ou pelo pagamento das apresentações (reforçador arbitrário). Capítulo 4: Aprendizagem pelas Consequências: O Controle Aversivo O comportamento operante é aquele que produz mudanças no ambiente, chamadas de consequências. Até agora, focamos nas consequências reforçadoras, especialmente o reforçamento positivo, que aumenta a probabilidade de um comportamento ao adicionar um estímulo. Neste capítulo, abordaremostambém as consequências reforçadoras negativas e as punições, que podem diminuir a frequência de um comportamento. O conjunto dessas consequências é conhecido como controle aversivo. O Que É Controle Aversivo? Na Análise do Comportamento, "controle" refere-se a como as consequências afetam a probabilidade de um comportamento. Consequências que aumentam a frequência são reforços; aquelas que a diminuem, punições. Exemplos de controle aversivo incluem: • Frear o carro para evitar multas. • Comparecer a aulas para não ser reprovado. • Parar de beber para evitar ressacas. Tipos de Consequências 1. Reforçamento Positivo: Adição de um estímulo que aumenta o comportamento. 2. Reforçamento Negativo: Remoção de um estímulo aversivo que aumenta o comportamento. 3. Punição Positiva: Adição de um estímulo que diminui o comportamento. 4. Punição Negativa: Remoção de um estímulo que diminui o comportamento. Reforçamento NegativoO reforçamento negativo aumenta a frequência de um comportamento pela remoção de um estímulo aversivo. Exemplos incluem: 1. Óculos de Sol: Reduz a luminosidade, incentivando seu uso. 2. Protetor Solar: Evita queimaduras, reforçando sua aplicação. 3. Chupar um Drops: Evita brigas, reforçando esse comportamento. O controle aversivo é crucial para entender como as consequências influenciam o comportamento. Reconhecer tanto o reforçamento negativo quanto as punições nos ajuda a compreender melhor as dinâmicas do comportamento humano. Punição Positiva: • Adição de um estímulo aversivo que diminui a frequência do comportamento. • Exemplo: Uma pessoa alérgica come camarão e fica doente, evitando comê-lo novamente. Punição Negativa: • Remoção de um estímulo reforçador que também diminui a frequência do comportamento. • Exemplo: Perder a mesada por fazer traquinagens, resultando em menos travessuras. Distinções • Positiva: Adição → Diminuição do comportamento. • Negativa: Remoção → Diminuição do comportamento. Recuperação da Resposta Quando a punição é suspensa, o comportamento pode retornar. Por exemplo, uma jovem pode voltar a usar minissaias se mudar de namorado e não enfrentar mais punição. O uso de controle aversivo deve ser uma última alternativa. A aplicação de métodos de reforço positivo não só é mais ética, mas também pode resultar em mudanças comportamentais mais duradouras. O controle aversivo pode causar respostas emocionais negativas, como culpa e pena, tanto em quem pune quanto em quem é punido, e essas emoções podem levar a um ciclo de comportamento indesejado. O controle aversivo frequentemente resulta em reações emocionais intensas, como medo ou raiva, que podem prejudicar as relações. Por exemplo, uma criança que é punida pode chorar, levando os pais a se sentirem culpados e a reforçarem o comportamento da criança com mimos, criando um ciclo vicioso. REFERÊNCIAS MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios básicos de análise do comportamento [recurso eletrônico]. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. e-PUB.