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ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR CASAL HOMOAFETIVO – ROTEIRO DE ESTUDO Por: Maíra Stapf, Vitor Leite, Gabriel Vianna, Maria Lúcia, Sara Lemos Conceito de adoção Para Caio Mário apud CUNHA: Ato jurídico em que uma pessoa recebe outro como filho, independentemente de existir entre elas qualquer parentesco consanguíneo ou afim. Orlando Gomes define como: um ato jurídico que é estabelecido, independentemente do fato natural da procriação sendo, portanto, uma ficção legal que permite a duas pessoas um laço de parentesco do primeiro grau na linha reta criando laços familiares perpétuos. 2002 p.369. Para Maria Berenice Dias a adoção é um ato jurídico em sentido estrito, cuja eficácia está condicionada à chancela judicial, criando um vínculo fictício de filiação entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica, possuindo os filhos adotivos direitos e deveres de qualquer filho. 2007 p.426. História A adoção era um instituto em que o objetivo do adotante era manter oculto aos seus antepassados quando este não podia ter filhos biológicos. A adoção não era um ato jurídico, mas sim, um ritual onde o adotado deveria garantir a continuidade da religião da família. No Brasil o ordenamento jurídico passou a disciplinar o tema somente no Código Civil de 1916, que tinha como objetivo permitir aos casais ter a experiência de criar um filho. Porém com o passar do tempo o ordenamento jurídico deixou ver levar em conta somente o bem estar do adotante, mas sim, do adotado, ou seja, o menor. Requisitos legais para adoção Previsão pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e, pelo Código Civil e pela Lei 12.010/09 a chamada “nova lei de adoção” Para adoção é necessário ter o consentimento do adolescente e ouvir a criança mesmo que não seja um requisito determinante para adoção; Quando há destituição do poder familiar, a lei prevê a não necessidade da autorização dos pais ou representantes legais que perderam a guarda, pois é importante priorizar é o “bem estar do menor” diante da vulnerabilidade dos mesmos; Vale ressaltar que para adotar independe do estado civil, devendo o adotante ser maior de 18 anos conforme artigo 42 do ECA. Para adoção em conjunto é necessário que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada; No que diz respeito a adoção para divorciados, judicialmente separados, e os ex-companheiros previsto no artigo 42 § 4°, alguns autores afirmam que a expressão “ex-companheiros” abre espaço para adoção por casais homoafetivo; Existe um cadastro (estadual e nacional) de caráter obrigatório previsto no artigo 50 do Estatuto, e prevê que em toda comarca ou foro regional exista um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção; Em relação à adoção por estrangeiros, a lei prioriza os a adoção por brasileiros, se não houver casais com requisitos, serão analisados os cadastros dos estrangeiros. Adoção de crianças por casais homoafetivos: visão jurídica A adoção de crianças por casais homoafetivos tem sido muito bem abalizada através dos direitos fundamentais, mais precisamente ao inc. III do art. 1º da CF de 88: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Desembargadores e juízes têm tratado o princípio da dignidade da pessoa humana inerente ao casal homoafetivo, é possível entender quando observa-se a definição da dignidade da pessoa humana por Sarlet apud Cunha (2010) “o homem através de sua condição humana independentemente de qualquer circunstância é titular de direitos que devem ser respeitados pelos seus semelhantes e pelo Estado” e que o vínculo entre pessoas do mesmo sexo constitui vínculo familiar. Merece destaque a apelação Cível n° 70012836755, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, da Desembargadora Maria Berenice Dias, julgado em 21/12/2005: “(...) A união pelo amor é que caracteriza a entidade familiar e não apenas a diversidade de sexos. É o afeto a mais pura exteriorização do ser e do viver, de forma que a marginalização das relações homoafetivas constitui afronta aos direitos humanos por ser forma de privação do direito à vida, violando os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.” Porém existem alguns autores citados por CUNHA (2010) que baseados na Constituição Federal em seu artigo 226, § 3° reconhece como entidade familiar a união estável entre um homem e uma mulher, portanto não sendo possível o reconhecimento da família de casais homoafetivos. Existe também autores que baseados na linha de pensamento de “que a sexualidade natural somente é possível com a sua prática entre homem e mulher, podendo o Estado dispensar um tratamento desigual aos particulares justificadamente” (CUNHA, 2010). Referencia Principal: CUNHA, Anna Mayara Oliveira. Adoção por casais homoafetivos: Do preconceito ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 79, ago 2010. Disponível em: <http://www.ambito -juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8165>. Acesso em abr 2013. Referência Complementar: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4ª ed.. São Paulo: Editora dos Tribunais, 2007 GOMES, Orlando. Direito de Família. 14ª ed. rev, e atual por Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro: Forense, 2002. Leitura complementar: http://www.unipac.br/bb/tcc/tcc-71274fede9ad0000a74b30ce00e122fb.pdf
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