Buscar

Aplicação das leis penais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL I
PROF. LUÍS ROBERTO
(luisrob@unitoledo.br)
6. Aplicação da lei penal
Noções iniciais
6.1 Princípios garantistas do direito penal
6.1.1 Princípio da legalidade
CP, art. 1º, e CF, art. 5o, XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Feuerbach: nullum crimen nulla poena sine lege
Origens: a) na Carta Magna de João Sem Terra (“nenhum homem pode ser punido senão pela lei da terra” (garantia mais de índole processual); b) no Iluminismo (Montesquieu, Rousseau, Beccaria). Foi formulado em termos precisos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789): “ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabe3lecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente aplicada”.
No Brasil: adotado expressamente desde a Constituição de 1824
Fundamento político: função de garantia da liberdade do cidadão diante da intervenção arbitrária do Estado (garantia fundamental da liberdade civil)
Desdobramentos:
Não há crime nem pena sem lei em sentido estrito, elaborada na forma constitucionalmente prevista, pelo Congresso Nacional. A reserva legal é absoluta, diante do que é impedida a delegação. Só o Poder Legislativo Federal pode legislar sobre essa matéria, num Estado Democrático de Direito (princípio da legitimação democrática => representatividade popular => exercício não arbitrário). 
Princípio da anterioridade: não há crime sem lei “anterior” que o defina, nem pena sem “prévia” cominação legal
Irretroatividade da lei penal mais severa. CP, art. 2º, CF, art. 5o, XL: “A lei penal não retroagirá, salvo quando para beneficiar o réu”. Cuida-se de restringir o arbítrio legislativo e judicial na elaboração ou aplicação retroativa de lei prejudicial.
Princípio da taxatividade (nullum crimen sine lege scripta et stricta)�. As leis penais devem ser claras, precisas, não podem ser indeterminadas, vagas, muito genéricas etc. Além de se permitir ao destinatário o conhecimento do conteúdo da lei, cuida-se de uma garantia essencial, pois limita os poderes do juiz.
Em resumo: “nullum crimen nulla poena sine lege praevia, scripta et stricta”
6.1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
	O homem é um ser possuidor de direitos fundamentais, de dignidade, vale como pessoa, tem o direito ao desenvolvimento livre e pleno de sua personalidade. Dignidade é valor inerente ao homem e vincula o legislador. É um postulado fundamental, que serve de alicerce aos demais princípios fundamentais.
6.1.3 Princípio da culpabilidade
	Nulla poena sine culpa (não há pena sem culpabilidade). A culpabilidade é fundamento e limite de toda pena. Em sentido amplo, inclui-se a exigência de responsabilidade subjetiva (não se pode responsabilizar criminalmente por uma ação ou omissão quem tenha atuado sem dolo ou culpa). Em nosso Direito Penal, afasta-se responsabilidade objetiva ou pelo resultado fortuito decorrente de atividade do agente. Obs: no direito medieval, quem praticava um ato ilícito, respondia por todas a suas consequências, independentemente de serem queridas, previstas ou fortuitas. 
6.1.4 Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos
Num Estado social e democrático de direito, em que se garantem com veemência máxima a liberdade e a dignidade da pessoa humana, o direito penal - porque justamente coarcta a liberdade e atinge a dignidade - só pode ser chamado a intervir em situações excepcionais, limitadamente, quando se fizer realmente imprescindível para o bem estar social. Essas situações correspondem aos fatos lesivos aos interesses essenciais mais relevantes, ou seja, aos bens jurídicos, que se transmudam em bens jurídico-penais quando passa a incidir a proteção da norma penal. Nem todo bem jurídico digno de proteção penal deve ser necessariamente protegido pelo direito penal, ou seja, os bens com dignidade penal só podem ser protegidos quando houver real carência de proteção, o que somente se verifica nas hipóteses em que estiverem sob lesão ou perigo de lesão de magnitudes consideráveis�. Com efeito, somente bens de elevada preciosidade para o convívio social, que detenham o que a doutrina denomina de dignidade do bem jurídico, devem ser tutelados pelo direito penal, haja vista que o cerceamento à liberdade individual somente se justifica em face ao grau de importância do bem tutelado para a sociedade (princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos). 
6.1.5 Princípios da intervenção mínima e da fragmentariedade
	Princípio da intervenção mínima (ou da subsidiariedade): o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica dos homens e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. O direito penal se assenta num paradoxo: para cumprir sua missão essencial de proteção de bens jurídicos, cerceia bens jurídicos. Porém, a ingerência estatal na esfera de liberdade do homem só se legitima na medida em que é concretizada quando estritamente necessária. Com efeito, se constitui premissa inarredável a garantia, pelo próprio Estado, da liberdade e da dignidade humanas, a proteção de bens jurídicos só se justifica quando restrita a lindes mínimos e precisos, diante dos ataques mais significativos, sob pena de incidir o arbítrio estatal inaceitável. Portanto, a intervenção da lei penal só poderá ocorrer quando for absolutamente necessária para a sobrevivência da comunidade (ultima ratio).
Princípio da fragmentariedade (corolário da intervenção mínima). O Direito Penal deve ser “um arquipélago de pequenas ilhas no mar do penalmente indiferente” (Regis Prado). Ou seja, o Direito Penal é uma pequena parte do ordenamento jurídico, é um fragmento. Só pode agir contra formas intoleráveis de agressão a bens jurídicos.
6.2 Lei penal no tempo
6.3 Lei penal no espaço
6.4 Lei penal em relação a pessoas que exercem determinadas funções
6.5 Contagem de prazo
Referências bibliográficas
JESUS, Damásio E. Direito Penal. Parte Geral. 26a. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 8.ed. São Paulo: RT, 2008.
� Código Penal da Alemanha, no tempo de Hitler: “Será punido quem cometer um crime declarado punível pela lei, ou que mereça uma sanção segundo a idéia fundamental da lei penal e o são sentimento do povo”. 
� Günter Stratenwert questiona, por exemplo, se é compatível com os princípios fundamentais, especialmente com o de igualdade, uma regulação jurídico-penal que teve vigência até 1994 na Alemanha, depreciando a conduta homossexual frente a heterossexual (Derecho penal. Parte general I. El hecho punible. 4a ed. Trad. CANCIO MELIÁ, Manuel; SANCINETTI, Marcelo. Buenos Aires: Hammurabi, 2005, p.71).
�PAGE �
�PAGE �1�

Continue navegando