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AUDIOVISUAL
Produção
Audiovisual
MATERIAL DE ESTUDO
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AUDIOVISUAL
Produção
Audiovisual
MATERIAL DE ESTUDO
CURSO LIVRE
AUDIOVISUAL
© 2024 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.
Este material, no que diz respeito tanto à linguagem quanto ao conteúdo, não 
reflete necessariamente a opinião do Instituto Federal de Goiás. As opiniões 
são de responsabilidade exclusiva dos respectivos elaboradores. 
É permitida a reprodução total ou parcial desde que citada a fonte.
Programa Nacional de Formação 
e Qualificação para o Mundo do 
Trabalho em Cultura
CURSO LIVRE
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
Coordenação Geral do projeto
Mônica Mitchell Morais Braga
Coordenação de EaD
Helen Betane Ferreira Pereira
Coordenação pedagógica
Rosselini Diniz Barbosa Ribeiro
Coordenação de Curso
Murilo Gabriel Berardo Bueno
Coordenação de Acessibilidade e Inclusão
Gláucia Mendes da Silva
Equipe técnica
Editoria
Helen Betane Ferreira Pereira 
Rosselini Diniz Barbosa Ribeiro
Organização
Murilo Gabriel Berardo Bueno
Revisão
Aguimario Pimentel Silva
Projeto gráfico
Pedro Henrique Pereira de Carvalho
Diagramação e Capa
Isabela Maia Marinho 
Lía Vallejo Torres 
Rafael Oliveira de Souza
Equipe elaboradora
Álvaro André Zeini Cruz
Doutor e mestre em Multimeios pela 
Unicamp — com doutorado-¡sanduíche 
pela University of Leeds —, especialista em 
Roteiro pela FAAP e bacharel em Cinema 
e Vídeo pela Unespar. Curtametragista, 
realizador dos curtas “Palhaços”, “Mimese”, 
“Memórias do meu tio” e “Janelas”. 
Roteirista e crítico de cinema e televisão. 
Professor universitário.
Brener Neves Silva
Mestre em Cinema e Audiovisual, 
especialista em Cinema e Linguagem 
Audiovisual e graduado em Produção 
Audiovisual. Editor de Cinema Ameríndio no 
Observatório de Cinema e Audiovisual (OCA) 
da UFF. 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS 
Diretoria de Educação a Distância - Reitoria
Avenida C-198, Qd. 500, Jardim América 
Goiânia/GO | CEP 74270–040
(62) 3612-2278 
coordenacao.minc@ifg.edu.br
contato@escult.cultura.gov.br 
escult.cultura.gov.br
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PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
TÓPICO 
Etapas da 
construção 
audiovisual e 
profissionais 
envolvidos
TÓPICO 3
Neste tópico, vamos estudar a produção audiovisual com ênfase nessa 
primeira palavra: produção. Quando nos referimos à produção, é possível 
que estejamos falando de um departamento do audiovisual, de uma etapa de 
realização ou até mesmo da obra audiovisual em si. Mas calma, pois, como 
bons produtores/as audiovisuais que somos, vamos conceituar, viabilizar e 
construir esse aprendizado juntos.
Unidades Temáticas do Tópico
3.1 A palavra é “planejamento”
3.2 Equipes e funções
3.3 A equipe de produção
3.4 Etapas da produção
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PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
TÓPICO 3 
ETAPAS DA CONSTRUÇÃO AUDIOVISUAL E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS
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3.1 A palavra é “planejamento”
As palavras conceituar, viabilizar e construir estão em destaque porque é 
justamente esse o trabalho — em equipe! — que cria uma produção audiovisual. A 
equipe de uma produção pode variar muito dependendo do produto em questão 
(filme, série, novela, clipe, vídeo para redes sociais etc.); do formato (o curta-me-
tragem é um formato que envolve menos profissionais do que o longa-metra-
gem); da organização produtiva (quantidade de diárias e locais de gravação, por 
exemplo); e, claro, do orçamento.
Pode parecer cedo para falar do orçamento de uma produção, mas é assim, 
considerando os custos e necessidades desde cedo, que uma obra consegue deixar 
o papel e ir para as telas. É verdade que os equipamentos digitais (como os smart-
phones) facilitaram a produção, mas, no geral, o audiovisual continua uma área com 
custos e complexidades que precisam de planejamento — e essa é outra palavra que 
merece destaque, pois no audiovisual tudo é planejado! Orçar uma produção é uma 
das formas de planejá-la, e a definição de quanto será investido (em profissionais, 
equipamentos, cenários, figurinos etc.) influencia diretamente o que vemos na tela. 
Vamos a um exemplo: suponhamos que, por conta de uma grande quantidade 
de cenas noturnas, uma produção optou por destinar uma parte maior do orçamen-
to para equipamentos de iluminação, mas reservou poucos recursos para os mate-
riais de cenografia, o que interferiu diretamente na qualidade dos cenários. Ao notar 
essa fragilidade do cenário, a direção pode:
1. Manter sua ideia original, mesmo que isso envolva filmar planos abertos que 
evidenciam o cenário e seus problemas; ou…
2. Repensar sua decupagem e optar por planos mais fechados, com enqua-
dramentos como os close-ups, que mostram menos do cenário e valori-
zam os rostos dos atores e atrizes.
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PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
TÓPICO 3 
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Viram como algo que começa no papel pode interferir diretamente no que 
vemos e ouvimos na tela? Um item mal planejado dentro de uma produção pode 
causar um efeito dominó, com a pecinha-problema esbarrando em outra, que cai 
sobre outra… E assim vai. Para que o audiovisual exista, é preciso produção, que, 
como lembra Aída Marques (2007), significa “levar para frente, fazer avançar, con-
duzir adiante”. E esse é um trabalho que costuma ser feito em equipe!
Vejamos alguns conceitos fundamentais para planejarmos as imagens de 
uma produção audiovisual.
DECUPAGEM
Embora seja um termo com vários usos, o principal diz respeito a 
uma função da direção: trata-se do trabalho de imaginar as possibi-
lidades de transformar o que está escrito em material audiovisual. 
Quando a direção lê um roteiro, ela começa a pensar se o ator será 
visto em close (mostrando mais o rosto) ou plano geral (mostrando 
a maneira como o ator está no espaço), com a câmera parada ou 
em movimento. Esse processo de interpretar o roteiro e começar a 
planejá-lo como imagens e sons é a decupagem. É comum que a de-
cupagem resulte em um storyboard, um conjunto de desenhos que 
representam os principais planos da cena.
PLANO
É a unidade mais básica da imagem em movimento, aquilo que está 
entre dois cortes. Um plano tem tempo e espaço. Pode durar uma cena 
inteira (chamado de plano-sequência) ou menos de um segundo. 
ENQUADRAMENTO
É a distância com que a câmera olha o principal assunto do plano 
(normalmente um personagem). Por exemplo: um plano geral é uma 
composição em que a câmera vê bem de longe, revelando uma par-
cela grande do espaço; um plano médio enquadra o personagem da 
cintura até o topo da cabeça. 
CLOSE-UP
Geralmente chamado apenas de close, é um enquadramento que li-
mita o rosto do ator ou da atriz do topo da cabeça até a altura do 
peito. É muito lembrado como um quadro televisivo, mas existe des-
de os primórdios do cinema.
Façamos o exercício de imaginar uma decupagem para o seguinte trecho de Dom Cas-
murro: “De repente, [...] fitou em mim os olhos de ressaca, e perguntou-me se tinha medo”. 
E aí, pensou?! Há várias possibilidades de decupagem para essa frase, mas 
trouxemos uma no storyboard abaixo.
1. Close de Capitu encarando Bentinho (em over the shoulder)
2. Close de Capitu.
3. Plano detalhe (PD) dos olhos de Capitu.
4. Close de Bentinho.
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Figura 08 - Exemplo de Storyboard
Fonte: Equipe de elaboração do curso (2024).
Saiba Mais
O que é Storyboard?
Documento com desenhos que preveem os planos de uma cena. Além 
de antecipar enquadramentos, ajuda a entender a posição dos olhares e 
corpos em cena.
Figura 09 – Imagem de referência 
Fonte: Adobe Stock (modificada por IA generativa).
CLOSE OVER THE SHOULDER CLOSE CLOSE 
https://stock.adobe.com/br/images/clapperboard-storyboard-on-wood/215512685?prev_url=detail
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3.2 Equipes e funções
É possível fazer audiovisual sozinho/a? Até é, sevocê está produzindo, por exem-
plo, um vídeo para o seu canal no YouTube ou um reel de Instagram. Mas produzir 
audiovisual sozinho/a é difícil e raro. Diretores como o francês Éric Rohmer e o sul-
-coreano Hong Sang-Soo realizaram longas-metragens com equipes pequenas, mas 
isso porque seus filmes são produções igualmente pequenas, com elenco pequeno 
e sem efeitos especiais. Ou seja, são produções possíveis de serem realizadas assim 
porque, desde os roteiros, foram planejadas assim. 
O que se quer dizer é que cada projeto é um projeto e depende muito do que 
se está produzindo: há vídeos feitos para a internet que podem ser produzidos, gra-
vados e editados por uma única pessoa; mas filmes, séries, novelas são produções 
maiores, que costumam envolver várias frentes e especialidades. Por exemplo: para 
escrever um roteiro, o/a roteirista pensa nas imagens e sons propondo-as por meio 
da escrita, mas isso não quer dizer que esse/a profissional tem todos os conheci-
mentos necessários para dirigir aquilo que escreveu. Quem trabalha com isso é dire-
ção, função que pede outras habilidades e conhecimentos.
E já que falamos do diretor ou diretora, comecemos por esse trabalho que cria e 
cuida de toda a unidade artística de um projeto. É a direção que decupa o roteiro, isto 
é, que interpreta a narrativa contada nesse documento e decide como transformar as 
palavras escritas em sons e imagens em movimento. Ou seja, é quem primeiro entende 
sobre o que é a cena e escolhe como colocar as coisas na tela: como as personagens 
agem, como expressam motivações e sentimentos, como contracenam umas com as 
outras, por onde entram, saem e passam ao longo da cena… Isso tudo diante do “olho” 
da câmera! É por essas e outras que Rohmer (Le Forestier; Barnard; Kessler, 2021, p. 
129) resumia: dirigir é escolher onde colocar a câmera e por quanto tempo deixá-la. Ou 
seja, dirigir é compor uma obra plano a plano. Voltamos à questão do planejamento! 
A direção é quem cria e detém o plano artístico da obra. É sob a liderança criativa da 
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direção que equipe e elenco trabalham para construir as imagens para o olho da câ-
mera e, consequentemente, para os nossos, já que todo esse trabalho dirige também 
nossa atenção e emoção a partir do que vemos (e como vemos) na tela.
Figura 10 – Imagem de referência 
Fonte: Adobe Stock (modificada por IA generativa).
Vejamos outros profissionais da equipe de direção:
• Continuísta:
Cuida da continuidade entre um “corta” e outro, estando sempre atento às ações 
do elenco (gestos, entradas e saídas) e aos objetos que estão em cena. Sabe quando 
aquele personagem aparece às vezes com óculos e às vezes sem óculos durante a 
cena? Então, isso é chamado de erro de continuidade.
• Técnico/a em efeitos especiais:
Precisa de fumaça ou chuva de mentirinha? É o/a técnico/a em efeitos especiais 
quem cuida disso! Esses efeitos dentro do set — local onde acontece a gravação — são 
também chamados de efeitos práticos, mas não podemos esquecer que hoje usamos 
muitos efeitos digitais. O chroma key, quando a filmagem é feita diante de um fundo 
verde ou azul que é digitalmente alterado, é o mais conhecido entre os efeitos digitais.
Outras duas direções trabalham bem próximas dessa primeira (às vezes chama-
da de direção artística ou direção geral): direção de fotografia e direção de arte. São 
duas instâncias com equipes próprias, mas que precisam trabalhar conversando en-
tre si, já que a criação de uma interfere na da outra. A direção de fotografia é respon-
sável tanto por escolhas técnicas e tecnológicas (qual câmera usar? quais lentes?) 
https://stock.adobe.com/br/images/bei-drehbeginn-kommt-vor-jeder-szene-die-klappe/428023592?prev_url=detail
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quanto por criar uma visão artística para tudo o que envolve a luz e a imagem — a 
cor de uma fonte de luz, a textura da imagem, a forma como uma cena é iluminada. 
Sabe aquele suspense com sombras profundas ou uma comédia romântica toda cla-
rinha e alegre? Então, tem dedo da direção de fotografia aí!
A direção de fotografia conta com uma equipe própria, que pode ter vários pro-
fissionais. Os mais comuns são:
• Operador/a de câmera:
A direção de fotografia não necessariamente opera a câmera; é comum que ela 
trabalhe com um operador de câmera, profissional de sua confiança que é quem 
maneja o objeto de fato, enquanto a direção de foto vê a cena pelo video-assist, uma 
tela calibrada para replicar a visão da câmera.
• Assistente de câmera:
É comum haver pelo menos um/uma assistente de câmera, também chamado de 
foquista. Esse profissional é responsável por medir as marcações de cena e, a partir 
disso, calcular as áreas de foco e desfoque ao longo do plano.
• Eletricista:
Muitas vezes creditado pelo termo em inglês, ga!er, o/a eletricista verifica e via-
biliza que o set tenha energia elétrica adequada e segura para a quantidade de luzes.
• Maquinista:
Sua responsabilidade é manter, montar e ajudar a operar maquinários como tri-
pés, travellings (aqueles trilhos que movimentam câmeras), gruas (braços metálicos que 
possibilitam que a câmera suba ou desça) e outros equipamentos relativos à câmera.
Figura 11 – Imagem de referência
Fonte: Adobe Stock. 
https://stock.adobe.com/br/images/collection-of-camera-lens/79576459?asset_id=79576459
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Já a direção de arte se preocupa com tudo o que é material no set: paredes, 
móveis, roupas, decorações. A equipe responsável por essa área costuma se subdi-
vidir entre os departamentos de cenografia, figurino, maquiagem e cabelo. A dire-
ção de arte é quem decide, por exemplo, se o espaço de cena será mais arejado ou 
mais opressor, se os materiais usados serão mais opacos ou brilhantes. A conversa 
entre fotografia e arte é necessária, pois, assim como uma luz ou uma lente podem 
interferir na cor e nas linhas escolhidas pela arte, um tecido ou até mesmo uma 
estampa podem influenciar a fotografia.
Figura 12 – Imagem de referência
Fonte: Criada por IA generativa do Canva.
Vamos entender melhor o chamado tripé da arte, dividido em cenografia, figuri-
no e maquiagem/cabelo:
• Cenografia:
É a área da direção de arte que concebe e levanta uma arquitetura em estúdio 
ou adapta uma locação, um lugar real usado como cenário. Paredes, janelas, móveis, 
luminárias, tudo isso cabe à cenografia, que pode ter uma equipe numerosa.
• Figurino:
É a área que veste os personagens, considerando as personalidades de cada um, 
mas também o momento da narrativa, a ação da passagem de tempo, entre outras coi-
sas. É preciso sempre lembrar que o figurino está ali para ajudar a contar uma história.
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• Maquiagem/cabelo:
É a área que pensa e atua sobre os corpos do elenco. É uma área cada vez mais 
especializada, principalmente quando trabalha junto com efeitos digitais. Uma ma-
quiagem que transforma um corpo ou um rosto (com um nariz postiço, por exemplo) 
é chamada de aditiva, enquanto uma maquiagem que diminui a oleosidade da pele 
ou corrige pequenas imperfeições é chamada de corretiva.
Figura 13 – Imagem de referência
Fonte: Criada por IA generativa do Canva.
Não podemos esquecer que estudamos “audiovisual” e que, portanto, temos os 
profissionais do som. Alguns atuam diretamente no set, como microfonista e capta-
dor de som direto, que é quem grava e ouve o som, assegurando que nenhum baru-
lho externo se intrometeu na cena e que nenhum microfone parou de funcionar. A 
verdade é que, no set, o mais importante é garantir uma boa gravação dos diálogos; 
ruídos e músicas costumam ser feitos depois, gravados em estúdios de som especia-
lizados em produções audiovisuais.CURSO LIVRE 
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Como podemos ver, todos esses profissionais são auxiliados por outros organi-
zados em equipes, que atuam por área; e esses departamentos podem ser maiores 
ou menores a depender da produção. É improvável que um curta, ou mesmo um lon-
ga de baixo orçamento, tenha 140 profissionais dedicados à cenografia, como acon-
teceu em Castelo Rá-tim-bum - O Filme (Hamburger, 2014, p. 217), uma produção de 
grande porte. Da mesma forma, é improvável que vejamos uma novela ser executada 
por menos de uma centena de profissionais, já que existe a demanda de produzir 
material equivalente à exibição, ou seja, um capítulo por dia.
Ah, uma figura importante é justamente quem organiza a rotina de uma gra-
vação: o/a primeiro/a assistente de direção, também conhecido/a como AD. Não 
se engane com a palavra “assistente”, pois essa é uma função primordial num set 
de filmagem: é o/a primeiro/a AD quem monta a ordem do dia, um documento 
importantíssimo, resultado da decupagem, que serve para enumerar e organizar 
em horários as cenas e planos a serem feitos naquela diária. A OD (feita pelo/a AD) 
traz também informações como o elenco que participa daquela diária, detalhes 
das locações e deslocamentos, além da hora de início, dos intervalos e do término 
da gravação. Pode haver um/a segundo/a e até um/a terceiro/a assistente de dire-
ção, mas é o/a primeiro/a assistente quem monitora o andamento (e os atrasos!) 
da gravação, fazendo a ponte entre a equipe de direção e a de produção. 
Claro, há um departamento de produção dentro dessa equipe maior da pro-
dução. Quer dizer, existe uma equipe só de produtores, profissionais que viabili-
zam as gravações fornecendo apoio prático e criativo. Sem produtores e produ-
toras não há produção audiovisual!
https://www.imdb.com/title/tt0231325/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_4_nm_0_in_0_q_castelo%2520ra%2520tim%2520bum%2520o%2520filme
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3.3 A equipe de produção
Muitas vezes, uma produtora é vista como dona da obra, porque é ela quem 
cuida do projeto do começo ao fim, buscando recursos financeiros para que os 
profissionais sejam contratados e a obra (seja ela filme, série, novela, videoclipe, 
o que for!) exista para além do projeto. Também é tarefa da produção convencer 
diferentes pessoas da importância dessa obra, tanto como um bem cultural quanto 
como produto de economia criativa, que “trata dos bens e serviços baseados em 
textos, símbolos e imagens” provenientes de criatividade individual ou coletiva 
(Miguez, 2007, p. 96). Com tanta responsabilidade, a produção se cerca de uma 
equipe própria, o departamento de produção, normalmente composto de funções 
como produção executiva, direção de produção, produção de platô, produção de 
elenco, produção de pós e produção musical.
Vejamos as responsabilidades de cada uma dessas funções:
• Produção: 
Lidera a equipe de produção. Muitas vezes, o projeto do filme nasce dela. É a fun-
ção que cuida e acompanha toda a vida da obra, da ideia às várias possibilidades de 
distribuição. Por isso, esse/a profissional costuma conhecer toda a cadeia do audiovi-
sual, assim como as leis que regem e incentivam o setor. É a pessoa com visão global 
do projeto, por isso contribui tanto nas questões práticas quanto nas criativas.
• Produção executiva:
Cuida do orçamento e faz a gestão financeira dos recursos que foram viabiliza-
dos pela produção. Além disso, tem tarefas administrativas, como a elaboração de 
contratos e autorizações, cuidando de questões relacionadas à propriedade inte-
lectual e ao cumprimento dos cronogramas da produção como um todo. É quem diz 
“temos dinheiro para isso” ou “não temos”.
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• Direção de produção:
É quem encabeça questões práticas do dia a dia da produção, o que envolve 
locais de gravação, alimentação, transporte, recolhimento de comprovantes e notas 
fiscais, atualização de contatos da equipe etc. Junto com o/a assistente de direção, 
estabelece uma ponte entre as equipes de direção e produção.
• Produção de platô:
Também conhecida como produção de set, realiza tarefas e resolve problemas 
dentro do local de gravação, não devendo se ausentar dele. É outra função bastante 
próxima do/a assistente de direção.
• Produção de elenco:
Além de sugerir atores e atrizes que poderão interpretar as personagens, é 
quem cuida dos testes de elenco e acompanha as contratações e rotinas desses 
artistas ao longo da produção.
• Produção de pós:
Profissional cada vez mais presente, que acompanha o andamento da obra até a 
finalização, quando o filme está pronto para ser distribuído.
• Produção musical:
Contrata cantores, instrumentistas e outros músicos, assim como o estúdio de 
gravação. Supervisiona e cuida do cronograma das gravações musicais.
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3.4 Etapas da produção
A palavra produção pode se referir, também, às etapas de realização, normalmen-
te divididas em três: pré, produção e pós. Tomando como referência o livro de Chris 
Rodrigues, O cinema e a produção (2007), vamos olhar um pouco para cada uma delas.
• Pré-produção: 
Com a aprovação do roteiro e dos recursos para realizá-lo, o projeto entra na 
pré-produção, às vezes chamada simplesmente de “pré”. Nessa etapa, profissionais e 
suas equipes fazem várias reuniões para traçar o conceito criativo da obra. É na pré 
que acontecem, também, as leituras do roteiro e os primeiros ensaios fora do set. Im-
portante: é essencial que aconteça uma leitura do roteiro com todas as pessoas envol-
vidas na obra, do elenco aos profissionais que atuam apenas na pós; isso garante não 
só uma unidade de equipe, mas do próprio projeto, criando oportunidade para que 
todos se conheçam e compartilhem ideias e impressões. Por fim, a pré é o momento 
de providenciar todas as necessidades práticas, como a contratação de artistas, equi-
pamentos, transporte, alimentação e locais de gravação (as chamadas “locações”).
• Produção:
É o que chamamos de filmagem ou gravação, o famoso “luz, câmera, ação”. É a 
etapa que costuma reunir, de uma só vez, mais profissionais e recursos. A produção 
deve atuar junto com as demais equipes para garantir que as imagens e sons sejam 
bem captados e que se possa, assim, avançar tranquilamente para a próxima fase. A 
produção costuma envolver a maior quantidade de profissionais de uma obra audiovi-
sual em um mesmo espaço e tempo; por isso, é preciso planejamento para que todas 
essas pessoas possam exercer suas funções da melhor maneira possível dentro do set.
• Pós-produção:
É a última etapa dos processos. Começa com a edição — também cha-
mada de montagem —, que é quando tudo que foi gravado (o que chamamos 
de material bruto) é organizado a partir do que se planejava desde o roteiro. 
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Na edição/montagem, planos são cortados e colados para formarem cenas que, 
cortadas e coladas, formarão o filme. Feita essa costura do produto audiovisual, 
passa-se aos processos de sonorização. Enquanto isso, efeitos digitais e de colori-
zação são aplicados às imagens. Quando som e imagem estão finalizados — inclu-
sive com os créditos! —, é a hora de escolher os formatos de exportação da obra 
audiovisual em arquivos digitais, para que ela comece sua viagem pelas telas.
Glossário
• Sonorização:
Costuma envolver tanto a sincronização e a ambientação dos sons em 
relação às imagens quanto a produção de sons que não foram captados 
no filme. Nesse sentido, a edição de som é a etapa que produz e posiciona 
ruídos e músicas, elementos que não são captados na gravação no set. A 
mixagem é o processo que cria umaespacialidade para todos esses sons, 
um trabalho que costuma ficar mais evidente em salas de cinema. Aposto 
que você já percebeu que, no cinema, os sons se distribuem pelas caixas da 
sala, não? Então, isso é trabalho de mixagem!
• Colorização:
As direções de arte e de fotografia trabalham as cores em set, mas não podemos 
esquecer que cada câmera tem variações na hora de captar essas informações. 
A colorização é a etapa que parte do que foi captado, podendo ser um processo 
corretivo — a chamada correção de cor, que busca melhorar o material gravado 
— ou um processo ainda mais criativo, que propõe cores e tons que não estavam 
no set. Esse segundo processo é chamado de color grading.
A linha do tempo a seguir pode nos ajudar a entender melhor as etapas de produção.
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Revisando
Neste tópico, aprendemos sobre a organização e a dinâmica de uma produção 
audiovisual. Sim, finalizamos com a palavra produção, agora como referência à 
obra como um todo. Um filme é produção audiovisual. Uma série é produção au-
diovisual. Um programa de auditório, um filme publicitário, um vídeo para redes 
sociais, todos são produções audiovisuais prontas para ocupar as diversas telas 
capazes de reproduzi-las. Assim, entendemos que produção pode ser um traba-
lho, um departamento, um processo, bem como pode ser o próprio produto final 
(produto que costuma ser entretenimento, mas que, às vezes, pode ser arte!). Entre 
tantas possibilidades, podemos resumir que a produção audiovisual é um trabalho 
com profissionais e procedimentos próprios, organizados em equipes para cria-
rem, da pré à pós, as imagens (em movimento) e os sons que estarão disponíveis 
tanto nas salas escuras quanto na palma da mão, por meio do celular. 
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Referências
HAMBURGER, Vera. Arte em cena: a direção de arte no cinema brasileiro. São Paulo: Editora 
Senac São Paulo, 2014.
FORESTIER, Laurent Le; BARNARD, Timothy; KESSLER, Frank. Montage, découpage, mise en 
scène: essays on film form. Montreal: Caboose, 2021.
MARQUES, Aída. Ideias em movimento: produzindo e realizando filmes no Brasil. 
Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
MIGUEZ, Paulo. Economia criativa: uma discussão preliminar. In: MARCHIORI, Gisele (org.). 
Teorias e políticas da cultura: visões multidisciplinares. Salvador: Edu!ba, 2007. p. 95-114.
RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
Escult
Escola Solano Trindade de Formação e Qualificação Artística, Técnica e Cultural
escult.cultura.gov.br
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	3.2 Equipes e funções
	3.3 A equipe de produção
	3.4 Etapas da produção