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Alessandra Furiama Morita Anatomia - Sistema Reprodutor Feminino e Masculino
Alessandra Furiama Morita Anatomia - Sistema Reprodutor Feminino e Masculino
INTRODUÇÃO 
 A anatomia dos ovários e das tubas uterinas é parte fundamental do estudo do sistema 
reprodutor feminino, compondo a genitália interna, que se localiza profundamente à pelve menor 
e está diretamente envolvida nos processos de ovulação, fecundação e transporte do embrião. 
Antes de abordarmos essas estruturas em detalhes, é importante compreender o seu 
posicionamento em relação às demais partes do trato genital feminino. 
 A genitália externa feminina, também chamada de vulva, é formada por estruturas visíveis na 
inspeção clínica, incluindo o monte do púbis, os grandes lábios, os pequenos lábios, o clitóris 
(recoberto pelo prepúcio do clitóris), o vestíbulo da vagina, o orifício externo da uretra e o introito 
vaginal. Essas estruturas delimitam o acesso ao canal vaginal e possuem importante função 
sensorial, protetora e sexual. 
 A partir do introito vaginal, adentra-se a genitália interna, composta pelo canal vaginal, que se 
comunica com o colo do útero, levando ao corpo do útero. Nos ângulos superolaterais do útero 
localizam-se as tubas uterinas, também conhecidas como trompas de Falópio, que se estendem 
até a proximidade dos ovários, posicionados lateralmente à pelve. Embora os ovários não estejam 
diretamente ligados às tubas, suas extremidades estão próximas o suficiente para permitir a 
captação do ovócito liberado durante a ovulação. 
OVÁRIO 
 O ovário é uma glândula mista — tanto exócrina, pela liberação dos ovócitos, quanto 
endócrina, pela produção de hormônios sexuais femininos — localizada bilateralmente na cavidade 
pélvica. Trata-se de uma estrutura intrapelvicamente situada, intraperitoneal, com formato 
semelhante a uma amêndoa, medindo aproximadamente 3 a 4 cm de comprimento, 1,5 a 2 cm de 
largura e 1 cm de espessura em mulheres em idade fértil. 
Sua posição é obliquamente vertical, alojando-se na fossa ovariana, uma depressão na parede 
lateral da pelve. Topograficamente, o ovário encontra-se posterolateral ao útero, próximo à 
parede pélvica, com íntimas relações anatômicas com a tuba uterina, os vasos ilíacos e órgãos 
intestinais. À direita, está em relação com o ceco e o apêndice vermiforme; à esquerda, 
com o cólon sigmoide. Posteriormente, relaciona-se com o reto, e essa região é delimitada 
inferiormente pela escavação retouterina (fundo de saco de Douglas), um recesso peritoneal 
clinicamente importante por ser o ponto mais declinado da pelve feminina. 
 O ovário possui duas extremidades, tubárica e uterina. A extremidade tubárica, mais superior 
e lateral, está próxima ao infundíbulo da tuba uterina, região rica em fímbrias responsáveis por 
capturar o ovócito no momento da ovulação. Já a extremidade uterina, mais inferior e medial, 
liga-se ao útero por meio do ligamento útero-ovárico, uma prega fibromuscular derivada do 
gubernáculo. 
 Sua fixação na pelve é assegurada principalmente por dois ligamentos: o ligamento suspensor 
do ovário, que se estende da parede pélvica lateral até a extremidade tubárica, conduzindo vasos e 
nervos que penetram o ovário; e o ligamento útero-ovárico,. Além desses, o ovário está envolvido 
por uma prega do ligamento largo do útero, chamada mesoovário, por onde passam os elementos 
do hilo ovariano. O mesoovário é uma subdivisão do mesossalpinge, parte do ligamento largo que 
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envolve a tuba uterina, e corresponde funcionalmente ao mesentério intestinal, fornecendo 
vasos, linfáticos e inervação ao ovário. 
 A superfície do ovário, diferentemente de outros órgãos intraperitoneais, não é recoberta por 
peritônio visceral, mas por um epitélio germinativo contínuo com o mesotélio do peritônio. 
Internamente, o ovário é dividido em córtex, onde se encontram os folículos ovarianos em 
diferentes estágios de desenvolvimento, e medula, composta por tecido conjuntivo frouxo rico em 
vasos e nervos. 
VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM 
VENOSA 
 A vascularização arterial e a drenagem venosa dos ovários são componentes fundamentais 
para a manutenção de suas funções hormonais e reprodutivas. O suprimento arterial dos ovários 
é garantido por duas artérias ováricas (direita e esquerda), ramos pares que se originam 
diretamente da aorta abdominal, inferiormente à origem da artéria renal. Essas artérias descem 
retroperitonealmente pela parede posterior do abdome, atravessam a abertura pélvica superior e 
seguem em direção à pelve menor, acompanhando o ligamento suspensor do ovário, até atingirem 
o hilo ovariano, onde penetram o ovário por meio do mesoovário. 
 Além da artéria ovariana principal, o ovário também recebe anastomoses da artéria uterina, 
ramo da artéria ilíaca interna, através de ramos tubários e ovarianos, o que cria uma vascularização 
colateral eficaz com a tuba uterina e o útero. Essa comunicação vascular é importante não apenas 
para a irrigação adequada dos órgãos reprodutivos, mas também para a integridade funcional da 
unidade útero-tubárico-ovariana. 
 A drenagem venosa ocorre de maneira assimétrica. A veia ovariana direita drena diretamente 
para a veia cava inferior, enquanto a veia ovariana esquerda segue um trajeto mais longo e drena 
na veia renal esquerda. Essa assimetria reflete o padrão encontrado também nos testículos, sendo 
embriologicamente equivalente. No hilo do ovário, as veias formam um plexo pampiniforme, que 
atua como sistema de troca de calor, auxiliando na regulação térmica local, essencial para a 
função ovariana. 
 Essa diferença no padrão de drenagem pode ter implicações clínicas, uma vez que alterações no 
escoamento venoso — como tromboses ou compressões — podem manifestar-se de maneira 
distinta entre os lados. Além disso, esse conhecimento é crucial durante procedimentos 
cirúrgicos ginecológicos, como a ooforectomia ou a ligadura dos vasos ovarianos, a fim de evitar 
complicações hemorrágicas e garantir a preservação das estruturas adjacentes. 
 A íntima relação entre os vasos ovarianos e o ligamento suspensor do ovário torna essa estrutura 
um ponto anatômico de referência e acesso para cirurgias e procedimentos diagnósticos, 
reforçando a importância de um conhecimento detalhado de sua anatomia. 
Alessandra Furiama Morita Anatomia - Sistema Reprodutor Feminino e Masculino
Drenagem linfática 
 A drenagem linfática dos ovários é fundamental para o transporte de células imunológicas, 
resíduos metabólicos e, clinicamente, para a disseminação de neoplasias ginecológicas. 
Ao contrário de outras estruturas pélvicas cuja drenagem linfática se faz predominantemente 
para os linfonodos ilíacos, o ovário possui uma drenagem mais alta e direta, refletindo sua origem 
embriológica abdominal. 
 Os vasos linfáticos dos ovários acompanham os vasos sanguíneos ovarianos ao longo do 
ligamento suspensor do ovário, ascendendo retroperitonealmente até alcançar os linfonodos 
lombares (ou para-aórticos), também chamados de linfonodos lateroaórticos e intercavoaórticos. 
Esses linfonodos estão situados ao longo da aorta abdominal e da veia cava inferior, geralmente 
entre os níveis vertebrais L1 e L3, e representam os principais pontos de drenagem linfática do 
ovário, tanto à direita, quanto à esquerda. Em menor proporção, pode haver também drenagem 
acessória para linfonodos renais, especialmente nos casos em que os vasos linfáticos 
acompanham as veias ovarianas, e, eventualmente, para linfonodos do tronco celíaco. Essa via 
linfática superior diferencia os ovários de outras estruturas do trato genital feminino, como o 
útero e a vagina, cuja drenagem primária é voltada aos linfonodos pélvicos.\ 
Inervação 
 A inervação do ovário é assegurada por uma rede complexa de fibras nervosas que integram os 
componentes simpático e parassimpático do sistemaThe Biological Basis of Modern Surgical Practice. 21st ed. Elsevier, 2021. 
Putz, R.; Pabst, R. Sobotta Atlas of Human Anatomy: Volume 2 – Internal Organs. 
16th English ed. Elsevier, 2018. 
Netter, F.H. Atlas of Human Anatomy. 8th ed. Elsevier, 2022.nervoso autônomo, organizados em torno de 
plexos viscerais. A via principal dessa inervação é o plexo ovárico, um conjunto de fibras nervosas 
derivadas principalmente do plexo aórtico abdominal (ou plexo celíaco) e do plexo hipogástrico 
superior, os quais acompanham os vasos ovarianos ao longo do ligamento suspensor do ovário até 
o hilo ovariano. 
 As fibras simpáticas que chegam ao ovário têm origem nos gânglios da cadeia simpática torácica 
inferior, especificamente dos segmentos medulares T10 e T11. Essas fibras são responsáveis por 
modular funções como vasoconstrição, controle da secreção hormonal e percepção da dor visceral 
relacionada a processos como a ovulação, distensão da cápsula ovariana ou presença de cistos. 
Clinicamente, a dor ovariana pode irradiar para a região periumbilical devido à correspondência 
com os dermatômeros desses níveis torácicos. 
 Já as fibras parassimpáticas derivam dos nervos esplâncnicos pélvicos, oriundos dos segmentos 
S2 a S4 da medula espinal. Essas fibras são menos numerosas no ovário e têm papel menos 
compreendido, mas acredita-se que estejam envolvidas em aspectos de modulação trófica e 
vasodilatadora. 
Além das fibras autônomas, o ovário também recebe fibras aferentes viscerais, que acompanham 
as vias simpáticas de volta à medula espinal, sendo importantes na condução de estímulos 
nociceptivos. Esse trajeto é especialmente relevante em situações clínicas como endometriose, 
torção ovariana ou ruptura folicular dolorosa, onde a dor visceral pode simular quadros 
abdominais agudos. 
Alessandra Furiama Morita Anatomia - Sistema Reprodutor Feminino e Masculino
 TUBA UTERINA 
 A tuba uterina, também conhecida como trompa de Falópio, é uma estrutura tubular pareada, 
muscular e intraperitoneal, responsável por conectar cada ovário à cavidade uterina. 
 Sua principal função é captar o ovócito liberado pelo ovário, promover o local adequado 
para a fecundação e conduzir o embrião até o útero. Cada tuba mede cerca de 10 a 12 cm de 
comprimento e possui uma luz estreita e tortuosa, adaptada às funções reprodutivas. 
 Anatomicamente, a tuba uterina é dividida em quatro segmentos principais, dispostos 
em direção centrífuga a partir do útero. O primeiro é a porção uterina (ou intramural), que 
atravessa a parede do útero e desemboca na cavidade uterina por meio do óstio uterino interno. 
Essa região estreita permite a comunicação entre o lúmen uterino e a tuba, sendo crucial para o 
transporte direcionado do embrião. 
 O segundo segmento é o ístmo, porção intermediária curta e estreita que liga a parte uterina à 
ampola. Suas paredes espessas e musculatura desenvolvida desempenham. papel importante na 
condução do ovócito e espermatozoides, além de atuar na regulação do fluxo de substâncias entre 
útero e tuba. A seguir, encontra-se a ampola, o segmento mais longo e largo da tuba uterina, onde 
ocorre, na maioria dos casos, a fecundação do ovócito pelo espermatozoide. Sua luz ampliada e 
paredes delgadas com mucosa repleta de pregas facilitam a movimentação e o encontro dos 
gametas. 
 Na extremidade distal está o infundíbulo, região em forma de funil com abertura para a 
cavidade peritoneal, o óstio abdominal da tuba uterina. Essa abertura é ladeada por projeções 
digitiformes móveis denominadas fímbrias, cuja função é captar o ovócito liberado pelo ovário 
durante a ovulação e direcioná-lo para dentro da tuba. Uma dessas fímbrias, a fímbria ovárica, 
encontra-se ligada diretamente ao polo superior do ovário, mantendo íntima relação anatômica e 
funcional. 
 A tuba uterina é sustentada por uma prega do ligamento largo do útero, chamada mesossalpinge, 
que se estende superiormente ao ovário e contém vasos linfáticos e nervos que penetram a tuba ao 
longo de seu eixo. Essa relação é essencial para o fornecimento neurovascular e linfático da tuba, 
além de ser ponto de interesse cirúrgico e radiológico. 
 Internamente, a tuba uterina é revestida por uma mucosa rica em pregas longitudinais, 
especialmente proeminentes na ampola, que associadas à ação dos cílios epiteliais e à contratilidade 
muscular, favorecem o transporte do ovócito e do embrião em direção ao útero. 
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VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM VENOSA 
 A vascularização arterial da tuba uterina é garantida por uma rica rede de anastomoses 
provenientes de dois principais territórios vasculares: a artéria uterina e a artéria ovariana. 
Ambas fornecem ramos tubários que se unem ao longo da tuba, especialmente na região da 
mesossalpinge, assegurando um suprimento sanguíneo contínuo e eficiente a toda sua extensão. 
 A artéria uterina, ramo da artéria ilíaca interna, fornece ramos ascendentes que irrigam a 
porção proximal da tuba uterina, especialmente a região intramural e o istmo. Esses ramos percorrem 
o ligamento largo e adentram a mesossalpinge, alcançando os segmentos próximos ao útero. 
 Já a artéria ovariana, que tem origem diretamente da aorta abdominal, fornece ramos tubários 
laterais que suprem as regiões mais distais da tuba, como a ampola, o infundíbulo e as fímbrias. 
Esses ramos acompanham o ligamento suspensor do ovário até a tuba uterina, onde formam um plexo 
anastomótico com os ramos da artéria uterina, garantindo irrigação redundante e proteção contra 
isquemia. 
 Essa vascularização colateral rica é essencial para a manutenção da função fisiológica da tuba 
uterina, especialmente em processos como a captação do ovócito e o transporte embrionário. 
A integridade vascular é, portanto, crucial para a fertilidade feminina, e sua interrupção pode 
comprometer significativamente a função tubária. 
 A drenagem venosa da tuba uterina segue o mesmo padrão da irrigação arterial, refletindo o 
trajeto das artérias correspondentes. As veias drenam, proximalmente, para o plexo venoso uterino, 
que se comunica com as veias ilíacas internas, e, distalmente, para as veias ovarianas, que drenam 
na veia cava inferior à direita e na veia renal esquerda à esquerda. Essa disposição favorece uma 
drenagem eficiente e também está implicada na disseminação hematogênica de processos 
infecciosos ou neoplásicos. 
DRENAGEM LINFÁTICA 
 A drenagem linfática da tuba uterina é essencial para a manutenção da imunovigilância local e 
para a compreensão dos caminhos de disseminação de infecções e neoplasias na pelve feminina. 
De forma semelhante ao ovário, a tuba uterina possui um padrão de drenagem que combina vias 
ascendentes para linfonodos abdominais profundos com vias descendentes para linfonodos 
pélvicos. 
As porções distais da tuba uterina — ampola, infundíbulo e fímbrias — drenam preferencialmente 
para os linfonodos lombares (para-aórticos), acompanhando os vasos ovarianos ao longo do 
ligamento suspensor do ovário. Esse trajeto é contínuo com o sistema linfático do ovário, refletindo 
sua origem embriológica comum e proximidade anatômica. 
 A drenagem segue retroperitonealmente até alcançar os linfonodos latero-aórticos e 
intercavoaórticos, localizados junto à aorta abdominal. Já as porções mais próximas ao útero, 
como o istmo e a porção intramural da tuba, apresentam drenagem linfática voltada para os 
linfonodos ilíacos internos, que posteriormente escoam para os linfonodos ilíacos comuns e, em 
sequência, para os linfonodos lombares. Essa via pélvica de drenagem acompanha os vasos 
uterinos e é compartilhada com estruturas adjacentes, como o útero e a vagina. 
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INERVAÇÃO 
 A inervação da tuba uterina é composta por fibras do sistema nervoso autônomo, com 
participação de componentes simpáticos, parassimpáticos e aferentes viscerais, organizados em 
torno de plexos que acompanham os vasos sanguíneos do trato genital feminino. 
 As fibras simpáticas que inervam a tuba uterina têm origem nos segmentos toracolombares da 
medula espinal, especialmenteentre T10 e L2. Elas percorrem o plexo aórtico abdominal e o 
plexo hipogástrico superior, ramificando-se em direção ao plexo ovárico e ao plexo uterovaginal. 
Essas fibras são responsáveis por funções como vasoconstrição, modulação da atividade 
muscular lisa da parede tubária e transmissão da dor visceral, particularmente em processos 
inflamatórios, distensivos ou obstrutivos. 
 Já a inervação parassimpática é mais complexa. Ela provém principalmente dos nervos 
esplâncnicos pélvicos, que se originam dos segmentos S2 a S4 da medula sacral. Essas fibras 
promovem vasodilatação e estímulo da motilidade da musculatura lisa, especialmente no 
transporte do ovócito e do embrião ao longo da tuba. Além disso, a tuba uterina também pode 
receber fibras parassimpáticas do nervo vago (X par craniano), sobretudo em suas porções mais 
superiores, refletindo a origem embriológica abdominal do órgão. 
 As fibras aferentes viscerais seguem as vias simpáticas em direção à medula espinal, 
conduzindo estímulos sensoriais que, quando intensificados por processos patológicos como 
salpingites, gravidez ectópica ou endometriose, podem resultar em dor referida à região abdominal 
inferior, lombar ou mesmo periumbilical, conforme os dermatômeros correspondentes. 
REFERÊNCIAS 
1. Moore KL, Dalley AF, Agur AMR. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. 
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Anatomia do Útero 
INTRODUÇÃO 
O útero é um órgão musculoso intrapélvico, ímpar e oco, essencial para a função reprodutiva 
feminina. Localizado entre a bexiga urinária e o reto, ele integra o sistema genital interno e 
desempenha papel central na gestação, no ciclo menstrual e, indiretamente, na fertilidade. 
Sua principal função é abrigar e nutrir o embrião e o feto durante a gravidez, além de participar 
ativamente da expulsão do concepto no parto por meio de contrações coordenadas da 
musculatura uterina. 
 Do ponto de vista embriológico, o útero se forma a partir da fusão dos ductos 
paramesonéfricos (ductos de Müller), processo que também origina as tubas uterinas e 
parte da vagina. Alterações nesse processo podem levar a malformações congênitas importantes, 
com implicações clínicas na fertilidade e no parto. Anatomicamente, o útero está intimamente 
relacionado a outras estruturas da pelve feminina, como vagina, bexiga, ureteres, intestino e 
ligamentos pélvicos, estabelecendo uma série de conexões importantes tanto para a sustentação 
quanto para a função fisiológica do órgão. Sua posição, mobilidade e relações topográficas 
variam conforme o estado hormonal, a idade, a paridade e a presença de patologias pélvicas. 
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 ANATOMIA MACROSCÓPICA 
 
 O útero é um órgão ímpar, musculomembranoso e oco, localizado na cavidade pélvica 
feminina, entre a bexiga urinária anteriormente e o reto posteriormente. Em sua posição típica, o 
útero encontra-se antevertido e anteflexionado, ou seja, inclinado anteriormente sobre a bexiga e 
com o corpo fletido em relação ao colo. Essa orientação anatômica é fundamental para a 
acomodação funcional do órgão dentro da pelve e favorece sua atuação nas fases do ciclo 
reprodutivo. 
 Anatomicamente, o útero ocupa posição central na pelve, sendo envolvido pelo peritônio e 
sustentado por estruturas ligamentares e vasculares. 
 Na porção anterior, ele estabelece uma relação íntima com a parte superior da bexiga, 
especialmente em sua face intraperitoneal, enquanto posteriormente está em contato com o reto 
e, em algumas mulheres, também com a alça sigmoide. Entre o útero e o reto, forma-se a 
chamada escavação retouterina, ou fundo de saco de Douglas, ponto mais declinado da cavidade 
peritoneal feminina, frequentemente acessado em exames ginecológicos e importante na avaliação 
de processos inflamatórios ou coleções pélvicas. 
 Superior e lateralmente, o útero se relaciona com as tubas uterinas e os ovários, que se fixam 
por estruturas do mesométrio, como o mesossalpinge e o mesovário, que fazem parte do 
ligamento largo. Essas estruturas não apenas conectam o útero às gônadas e às tubas, como 
também conduzem vasos, nervos e linfáticos essenciais à função uterina e anexial. 
 Além disso, o ureter cruza a base do ligamento largo, passando posteriormente ao colo 
uterino antes de alcançar a bexiga, o que destaca a importância da topografia precisa em 
procedimentos cirúrgicos ginecológicos. 
 Em vista superior, é possível observar a disposição sequencial dos principais órgãos 
pélvicos: bexiga, útero e reto, reforçando a posição estratégica do útero na cavidade. 
Alterações no volume uterino, como em casos de miomas, podem impactar diretamente 
estruturas vizinhas, resultando em sintomas urinários ou intestinais, como disúria ou 
constipação, a depender do grau de compressão. 
 É importante lembrar que a íntima relação entre o útero e os demais órgãos pélvicos 
justifica a interdependência clínica entre eles. A compreensão da anatomia macroscópica do útero é 
essencial para a identificação de patologias ginecológicas e para a condução adequada de exames 
físicos, intervenções cirúrgicas e interpretações por imagem. 
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LIGAMENTOS DE SUSTENTAÇÃO 
A sustentação do útero na cavidade pélvica é garantida por um conjunto de ligamentos que 
funcionam como estruturas de ancoragem, conferindo estabilidade mecânica e orientação 
posicional ao órgão, especialmente diante de variações fisiológicas como a gravidez. Esses 
ligamentos atuam de maneira coordenada, promovendo suporte ativo e passivo ao útero e 
evitando deslocamentos patológicos, como o prolapso uterino. 
 Entre os principais componentes desse sistema de sustentação destaca-se o ligamento 
largo do útero, uma prega peritoneal em forma de leque que se estende lateralmente a partir das 
bordas do útero até as paredes pélvicas. Embora não seja uma estrutura de fixação primária, ele 
atua como um condutor anatômico para vasos, nervos e linfáticos, além de participar 
parcialmente da sustentação lateral do útero. 
 A sustentação efetiva, contudo, depende principalmente dos ligamentos condensados do tecido 
conjuntivo pélvico profundo. Dentre eles, o ligamento uterossacro é um dos mais importantes, 
estendendo-se da face posterior do colo do útero até a porção sacral da pelve. Ele exerce tração 
posterior e superior, ancorando o útero em direção ao sacro e ajudando a manter a angulação 
uterina normal. 
 Outro elemento fundamental é o ligamento transverso do colo do útero, também 
chamado ligamento cardinal ou de Mackenrodt, que se projeta lateralmente do colo 
uterino até as paredes laterais da pelve. Rico em fibras colágenas e musculares, esse ligamento 
confere suporte horizontal e abriga os principais vasos uterinos, estabelecendo-se como uma 
estrutura crítica tanto do ponto de vista funcional quanto cirúrgico. 
 Já o ligamento redondo do útero emerge da porção anterossuperior do útero, próximo ao 
fundo, e segue em direção ao canal inguinal, terminando nos grandes lábios. Sua função é 
auxiliar na manutenção da anteversoflexão uterina, especialmente em situações de aumento de 
volume uterino, como ocorre na gestação. Embora menos robusto que os ligamentos cardinal e 
uterossacro, ele desempenha papel importante na orientação do útero. 
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PARTES DO ÚTERO 
 O útero é um órgão muscular oco, cuja morfologia macroscópica pode ser didaticamente dividida em 
três partes principais: fundo, corpo e colo. Essa organização estrutural é fundamental para a 
compreensão de suas funções fisiológicas e implicações clínicas, especialmente no contexto 
reprodutivo e ginecológico. 
 O fundo uterino corresponde à porção superior do útero, situada acima da emergência das 
tubasuterinas. Ele representa o limite superior da cavidade uterina e, durante a gestação, é um 
dos principais marcos anatômicos utilizados na avaliação da altura uterina e do crescimento 
fetal. 
 Abaixo do fundo encontra-se o corpo do útero, que constitui a maior parte do órgão. É uma 
porção expansível, dotada de paredes espessas, composta por camadas musculares e mucosas 
que possibilitam tanto a implantação embrionária quanto a distensão durante a gravidez. A 
cavidade uterina, localizada no interior do corpo, possui formato triangular em corte sagital e se 
comunica lateralmente com as tubas uterinas. É no corpo que ocorre a nidação do blastocisto e o 
desenvolvimento fetal. 
 Na porção inferior, o útero se afunila e forma o colo uterino (cérvix), que se projeta 
parcialmente para dentro da cavidade vaginal. O colo é dividido em duas regiões: a porção 
supravaginal, que está acima do fórnice vaginal, e a porção vaginal, que se projeta para o interior 
da vagina. No centro do colo localiza-se o canal cervical, que liga a cavidade uterina à vagina por 
meio de dois orifícios: o óstio interno, na junção com o corpo, e o óstio externo, que se abre no 
fórnice vaginal. Esse canal desempenha papel essencial como barreira imunológica e reguladora 
do trânsito de secreções, espermatozoides e conteúdo menstrual, além de sofrer modificações 
fisiológicas durante o parto. 
 A anatomia da parede uterina é composta por três camadas: o endométrio, camada interna 
altamente vascularizada e responsiva aos estímulos hormonais; o miométrio, camada intermediária 
espessa formada por músculo liso, responsável pelas contrações uterinas; e a serosa ou 
perimétrio, camada externa constituída pelo peritônio visceral que reveste a superfície do útero, 
exceto nas regiões de transição com a vagina e as tubas. Lateralmente, a continuidade do 
peritônio com os ligamentos formam estruturas como o mesométrio, que participa do suporte e 
da condução de estruturas neurovasculares. 
 Adicionalmente, o útero está separado dos órgãos adjacentes por recessos peritoneais 
importantes. Na face anterior, encontra-se a escavação vesicouterina, entre o útero e a bexiga; 
posteriormente, a escavação retouterina ou fundo de saco de Douglas, entre o útero e o reto, que 
representa a região mais declinada da cavidade peritoneal em mulheres na posição supina. 
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VARIAÇÕES ANATÔMICAS 
 As variações anatômicas do útero podem ser classificadas em dois grandes grupos: 
alterações de posição e malformações congênitas, sendo estas últimas decorrentes 
de falhas na fusão ou reabsorção dos ductos paramesonéfricos (de Müller) durante o 
desenvolvimento embrionário. Essas variações, embora muitas vezes assintomáticas, 
podem estar associadas a infertilidade, abortos recorrentes, complicações obstétricas e 
dificuldades em procedimentos ginecológicos. 
 A posição mais comum do útero em mulheres adultas é a anteversoflexão, em 
que o corpo uterino se encontra inclinado anteriormente, sobre a bexiga. No entanto, 
em uma parcela da população, o útero pode apresentar uma posição retrovertida, em que o corpo 
se orienta posteriormente, em direção ao reto. Essa variação não representa uma malformação e, 
em geral, não causa sintomas, embora possa estar associada a desconforto durante relações 
sexuais ou em exames ginecológicos em algumas mulheres. 
 Já as malformações estruturais do útero derivam de alterações no desenvolvimento dos ductos 
de Müller. Dentre elas, destaca-se o útero septado, a anomalia congênita mais comum. Nessa 
condição, há presença de um septo fibromuscular que divide parcial ou totalmente a cavidade 
uterina, sem alteração externa do contorno do útero. 
É frequentemente associada a perdas gestacionais de repetição e pode ser tratada por 
histeroscopia cirúrgica. 
 Outra variação significativa é o útero bicorno, que resulta de fusão incompleta dos ductos de 
Müller, levando à formação de duas cavidades uterinas que compartilham um único colo. O grau 
de duplicação pode variar, e a condição está relacionada a distúrbios reprodutivos, como abortos 
tardios e parto prematuro. 
 No útero unicorno, há desenvolvimento de apenas um ducto paramesonéfrico, originando uma 
cavidade uterina única e alongada, geralmente com uma tuba uterina e um ovário funcionante do 
mesmo lado. Essa condição pode estar associada a um corno rudimentar, que pode ou não se 
comunicar com a cavidade uterina principal, sendo fonte de complicações como dor pélvica ou 
gravidez ectópica. 
 A forma mais severa de duplicação é o útero didelfo, no qual ambos os ductos de Müller se 
desenvolvem separadamente, resultando em dois corpos uterinos distintos, cada um com seu 
próprio colo, podendo ou não haver duplicação vaginal. Embora nem sempre sintomática, essa 
anomalia pode interferir na gestação e requer avaliação cuidadosa. 
 A identificação correta dessas variações anatômicas é essencial para o diagnóstico diferencial 
em ginecologia e reprodução assistida. Exames de imagem, como histeros-salpingografia, 
ultrassonografia com contraste salino (sonohisterografia) e ressonância magnética, são 
fundamentais para caracterizar essas alterações, orientar condutas clínicas e planejar 
intervenções terapêuticas quando necessário 
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VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM 
VENOSA 
 A vascularização arterial do útero é rica, ramificada e essencial para sustentar 
suas funções cíclicas e reprodutivas, além de sua capacidade de crescimento du- 
rante a gestação. O principal vaso responsável por sua irrigação é a artéria uterina, 
que se origina da artéria ilíaca interna (também chamada artéria hipogástrica), por 
meio de seu ramo visceral anterior. Ao se aproximar do útero, a artéria uterina cruza 
anteriormente o ureter — uma relação anatômica de grande importância cirúrgica — e 
ascende ao longo da borda lateral do órgão, emitindo múltiplos ramos para o colo, 
corpo e fundo uterinos. 
 A artéria uterina promove uma extensa anastomose com a artéria ovariana, que 
por sua vez tem origem direta da aorta abdominal. Essa anastomose ocorre predo- 
minantemente nas regiões do fundo uterino e das tubas uterinas, estabelecendo um 
circuito de suprimento colateral altamente eficaz. Essa integração vascular entre o 
sistema uterino e ovariano garante irrigação contínua mesmo diante de variações 
hemodinâmicas, como as que ocorrem durante o ciclo menstrual, gravidez ou cirur- 
gias pélvicas. 
 Além das artérias ovarianas, o útero também se comunica com a artéria vaginal, 
outro ramo da artéria ilíaca interna, que irriga o canal vaginal e parte inferior do colo 
do útero. As anastomoses entre os ramos da artéria vaginal e os ramos inferiores da 
artéria uterina formam um plexo na junção cérvico-vaginal, reforçando o suprimento 
sanguíneo da porção inferior do útero e da parte superior da vagina. 
 A drenagem venosa segue em geral os trajetos das artérias correspondentes e 
é igualmente abundante, formando um intricado plexo venoso uterino localizado 
nas faces laterais do útero, especialmente ao longo do colo. Esse plexo drena para 
as veias uterinas, que desembocam nas veias ilíacas internas. As veias ovarianas 
também contribuem para a drenagem do útero, através de anastomoses com o plexo 
uterino, evidenciando a íntima comunicação entre os sistemas uterino, ovariano e 
vaginal. 
DRENAGEM LINFÁTICA 
 A drenagem linfática do útero é complexa e amplamente distribuída, refletindo sua localização 
central na pelve e suas relações com estruturas vizinhas. Essa drenagem desempenha papel 
fundamental na vigilância imunológica e na disseminação linfática de neoplasias ginecológicas, 
sendo, portanto, de grande relevância clínica e cirúrgica. 
 A maior parte da linfa proveniente do corpo e do colo do útero é inicialmente direcionada aos 
linfonodos ilíacos internos,que representam a principal via de drenagem. A partir daí, a linfa 
segue em direção aos linfonodos ilíacos comuns e posteriormente. aos linfonodos paraaórticos 
(lombares), especialmente nos casos em que há envolvimento das regiões superiores do corpo 
uterino ou do fundo. 
 O colo uterino, além de drenar para os linfonodos ilíacos internos, também envia 
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linfa para os linfonodos sacrais, localizados posteriormente ao útero, e para os linfonodos ilíacos 
externos, que recebem afluentes principalmente da face lateral do colo e da região de transição 
com a vagina. Já o fundo do útero apresenta uma via de drenagem ascendente que pode alcançar 
diretamente os linfonodos lombares, além de se comunicar com os linfonodos ovarianos, por 
meio das anastomoses linfáticas que acompanham o ligamento suspensor do ovário. 
 Uma via adicional e clinicamente importante é aquela que conecta a drenagem 
uterina ao sistema da genitália externa. Essa comunicação ocorre principalmente 
através de linfáticos que seguem pelos ligamentos redondos, atingindo eventualmente 
os linfonodos inguinais profundos e, secundariamente, os superficiais. Embora essa 
drenagem seja menos expressiva em volume, ela tem relevância em casos específicos, 
como neoplasias do colo uterino com disseminação linfática atípica. 
 INERVAÇÃO 
 A inervação do útero é intrincada e envolve componentes do sistema nervoso autônomo 
(simpático e parassimpático), bem como fibras sensitivas somáticas, refletindo 
a complexidade funcional e sensorial desse órgão. Essa rede neural é fundamental para a 
modulação da contratilidade uterina, a percepção da dor visceral e a coordenação com os demais 
órgãos pélvicos, especialmente durante o ciclo menstrual, parto e relações sexuais. 
 A inervação simpática do útero origina-se dos segmentos toracolombares da medula 
espinhal (T10 a L2), cujas fibras percorrem os nervos esplâncnicos lombares e terminam 
no plexo hipogástrico superior, de onde se dirigem ao plexo uterovaginal, um importante centro 
de redistribuição de fibras nervosas ao útero, à cérvice e à vagina. Essas fibras simpáticas estão 
envolvidas principalmente na vasoconstrição e na modulação da contração miometrial, exercendo 
papel relevante na hemostasia pós-parto e nosbeventos de dor visceral durante a menstruação ou 
trabalho de parto. 
 Por outro lado, a inervação parassimpática provém dos segmentos sacrais (S2 a S4), 
através dos nervos esplâncnicos pélvicos. Essas fibras atuam predominantemente no 
relaxamento da musculatura uterina e na modulação da secreção glandular, além de 
participar de vias reflexas viscerais, como as envolvidas no orgasmo e no reflexo de 
ejeção fetal. 
 Além do controle autonômico, o útero também recebe fibras sensitivas somáticas, 
especialmente em sua porção mais inferior e na junção com a vagina. Essas fibras 
percorrem o nervo pudendo, que se origina dos ramos ventrais de S2 a S4, sendo responsável 
pela sensibilidade da mucosa vaginal, do colo uterino e da genitália externa. 
 Essa distribuição explica por que intervenções como o parto, o exame ginecológico ou 
procedimentos cirúrgicos na cérvice podem ser percebidos com mais nitidez do que 
manipulações do corpo uterino. 
 A integração entre essas vias autonômicas e somáticas é coordenada em plexos 
nervosos que acompanham vasos e ligamentos pélvicos, especialmente o plexo uterovaginal (de 
Frankenhäuser), situado nas laterais do colo uterino, próximo ao ligamento 
uterossacro. Esse plexo é um ponto estratégico na anestesia regional ginecológica e obstétrica, 
como nos bloqueios cervicais. 
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REFERÊNCIAS 
1. Moore KL, Dalley AF, Agur AMR. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. 
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ANATOMIA DOAPARELHO REPRODUTOR 
MASCULINO: TESTÍCULO 
E EPIDÍDIMO 
 O sistema reprodutor masculino é composto por uma série de órgãos especializados na 
produção e transporte de espermatozoides. Os testículos e o epidídimo emergem como estruturas 
centrais, sendo imprescindíveis para a função reprodutiva e endócrina. 
TESTÍCULOS 
 Localizados dentro do escroto, onde ficam suspensos pelos tecidos escrotais, 
incluindo os funículos espermáticos e o músculo dartos, os testículos são órgãos 
pares e ovóides, encapsulados por uma membrana densa chamada túnica albugínea. Em seu interior, 
encontram-se os túbulos seminíferos, responsáveis pela espermatogênese. 
 Os testículos são cobertos pela pele do escroto na sua parte exterior. Expondo o 
testículo de fora para dentro, abaixo da pele, há a tela subcutânea do escroto, seguida 
pela fáscia espermática externa e interna. Entre essas fáscias está localizado o músculo cremaster 
e a fáscia cremastérica. 
 Seguindo esta ordem, os testículos são recobertos por lâminas, sendo elas lâmina 
parietal da túnica vaginal, lâmina visceral da túnica vaginal, túnica albugínea e túnica 
vasculosa. Os testículos são separados por uma rafe fibrosa mediana, a qual esta não 
se estende até a parte superior. 
EPIDÍDIMO 
 Situado na porção póstero-superior do testículo, o epidídimo é composto por três regiões: 
cabeça, corpo e cauda, sendo um local de maturação e armazenamento dos espermatozóides. 
 Os dúctulos eferentes do testículo serão os responsáveis por transportar os espermatozóides 
recém-desenvolvidos para o epidídimo, onde ficarão armazenados e, ao seguir o trajeto até a 
cauda do epidídimo, os espermatozoides serão maturados. 
 A cabeça do epidídimo é a parte superior mais ampla, composta por lóbulos que são 
formados pelas extremidades espiraladas dos dúctulos deferentes. 
O corpo do epidídimo é formado pelo ducto contorcido do epidídimo, sendo a maior 
parte. A cauda do epidídimo está ligada ao ducto deferente, este responsável por transportar 
os espermatozóides armazenados no epidídimo até o ducto ejaculatório, onde serão 
expulsos pela uretra no momento da ejaculação. 
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VASCULARIZAÇÃO 
 A vascularização dos testículos é fornecida principalmente pela artéria testicular, também 
chamada de artéria espermática interna, que se origina da aorta abdominal, mais especificamente 
da face anterolateral, imediatamente abaixo das artérias renais. 
 Cada uma das artérias testiculares irão seguir pelo retroperitôneo até chegar aos 
anéis inguinais profundos, penetrando nos funículos espermáticos e, ao passar através 
do canal inguinal, chegam aos testículos e os irrigam. 
 Um dos ramos ou a própria artéria testicular faz anastomose com a artéria do ducto 
deferente, esta artéria é responsável por irrigar o ducto deferente, como o próprio nome diz, 
auxiliando a suprir o músculo cremaster no canal inguinal. Enquanto no abdome, a artéria 
testicular é responsável por suprir o ureter, os linfonodos ilíacos e a gordura perirrenal. 
 Os testículos também recebem sangue da artéria cremastérica, anteriormente chamada de 
artéria espermática externa. Ela se origina da artéria epigástrica inferior e passa pelo canal 
inguinal, próximo ao ducto deferente, sendo responsável por irrigar o músculo cremaster e outras 
camadas de revestimento do cordão espermático. 
 As veias testiculares drenam o sangue dos testículos e formam o plexo pampiniforme, 
que posteriormente se torna a veia espermática interna. O plexo pampiniforme é uma 
rede de 8 a 12 veias que, juntamente com os músculos cremaster e dartos, faz parte 
do sistema termorregulador do testículo, contribuindo na manutenção da temperatura 
constante. 
 As veias de cada plexo pampiniforme irão convergir superiormente e, a união delas, 
formam as veias testiculares direita e esquerda. A veia testicular direita entra na veia 
cava inferior (VCI) e a veia testicularesquerda entra na veia renal esquerda. 
DRENAGEM LINFÁTICA 
 A drenagem linfática é essencial para a manutenção da homeostase fluida dos testículos e 
epidídimo, ela segue a artéria e a veia testiculares até os linfonodos lombares pré-aórticos e 
paraaórticos, locais onde ocorrem predominantemente a drenagem 
linfática. É essencial entender essa drenagem, pois ela tem implicações clínicas, es- 
pecialmente no contexto de metástases de tumores testiculares. 
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INERVAÇÃO 
 A inervação dos testículos e do epidídimo é dada pela junção de fibras nervosas 
simpáticas e parassimpáticas, destacando-se o plexo testicular que provém do plexo 
celíaco. O plexo nervoso testicular é o local de origem dos nervos autônomos do testículo, no 
qual os nervos são derivados das fibras nervosas do segmento T10 (a T11) 
da medula espinal. 
 Os nervos testiculares acompanham os vasos testiculares uma vez que as fibras 
nervosas catecolaminérgicas irão formam plexos ao redor dos vasos sanguíneos e 
entre as células intersticiais no testículo e epidídimo, devido a isso, a sensação dos 
testículos é transmitida através dos nervos espermáticos. 
REFERÊNCIAS 
Standring S, editor. Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis of Clinical Practice. 42nd 
ed. Elsevier; 2020. 
Netter FH. Atlas of Human Anatomy. 8th ed. Elsevier; 2022. 
Moore KL, Dalley AF, Agur AMR. Anatomia Orientada para a Clínica. 9ª ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan; 2023. 
Brunicardi FC, Andersen DK, Billiar TR, Dunn DL, Hunter JG, Matthews JB, Pollock 
RE. Schwartz's Principles of Surgery. 12th ed. McGraw Hill; 2021. 
Paulsen F, Waschke J. Sobotta Atlas of Human Anatomy: Vol. 1–3. 17th English ed. 
Elsevier; 2022. 
Gray H. Gray’s Anatomy: A Base Anatômica para a Prática Clínica. 41ª ed. Elsevier 
Brasil; 2020. 
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Anatomia 
do Aparelho Reprodutor 
Masculino: 
Ducto Deferente e 
Funículo 
Espermático 
\
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ANATOMIA 
DUCTO DEFERENTE 
 O ducto deferente, também conhecido como canal deferente, é uma estrutura tubular 
muscular que faz parte do sistema reprodutor masculino, responsável por transportar os 
espermatozoides desde o epidídimo até a uretra, passando pela próstata, dando continuidade ao 
trajeto do ducto do epidídimo. É o principal componente do funículo espermático. 
 O ducto deferente tem o seu início na cauda do epidídimo, no polo inferior do testículo, 
ascendendo posteriormente ao testículo, medial ao epidídimo. Segue seu trajeto adentrando na 
parede abdominal anterior através do canal inguinal, cruzando os vasos ilíacos externos e 
entrando na pelve. 
 Segue o seu trajeto lateralmente à parede lateral da pelve, por fim, une-se ao ducto 
da glândula seminal para formar o ducto ejaculatório. 
FUNÍCULO ESPERMÁTICO 
 O funículo espermático é um cordão fibroso e muscular que envolve estruturas como 
 O funículo espermático é um cordão fibroso e muscular que envolve estruturas como 
o ducto deferente, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, constituindo uma importante o ducto 
deferente, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, constituindo uma importante via de condução 
para estes elementos. O funículo espermático possui sua origem no via de condução para estes 
elementos. O funículo espermático possui sua origem anel inguinal profundo, localizado 
lateralmente aos vasos epigástricos inferiores. Em no anel inguinal profundo, localizado 
lateralmente aos vasos epigástricos inferiores, seu trajeto, atravessa o canal inguinal, passando 
pelo anel inguinal superficial e terminando 
 Essa estrutura é revestida por 3 fáscias principais: 
terminando no escroto. Essa estrutura é revestida por 3 fáscias principais: 
• Fáscia espermática interna: originada da fáscia transversal. 
• Fáscia cremastérica: possui sua origem na fáscia superficial e profunda do músculo oblíquo 
interno do abdome. 
• Fáscia espermática externa: derivada da aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome. 
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VASCULARIZAÇÃO E 
DRENAGEM VENOSA 
 A vascularização destas estruturas é garantida principalmente pela artéria testicular, 
um ramo da artéria aorta abdominal. 
 A artéria testicular é a principal responsável pela irrigação sanguínea dos testícu- 
los. Ela se origina da aorta abdominal, geralmente ao nível da quarta vértebra lombar, 
e desce através do canal inguinal até o funículo espermático. Lá, ela se anastomosa 
com a artéria do ducto deferente, formando uma rede arterial que supre os testículos. 
 A artéria do ducto deferente é um ramo da artéria vesical inferior, a qual por sua vez é 
um ramo da artéria ilíaca interna. Ela acompanha o ducto deferente ao longo do funículo 
espermático e se anastomosa com a artéria testicular. Além das artérias mencionadas, 
o funículo espermático também apresenta uma rica rede arterial que nutre a cabeça 
do epidídimo, estrutura onde os espermatozoides se armazenam temporariamente. 
 Artérias Cremastéricas são pequenas artérias que se originam da artéria epigástrica 
inferior e acompanham o cordão espermático. Elas fornecem vascularização ao músculo 
cremastérico, o qual envolve o funículo espermático. As veias testiculares são responsáveis por 
drenar o sangue venoso dos testículos e do epidídimo. Geralmente, as veias testiculares direita e 
esquerda desembocam diretamente na veia cava inferior e na veia renal esquerda, 
respectivamente. O plexo pampiniforme é um plexo venoso complexo formado pelas veias 
testiculares e cremastéricas. Ele envolve a artéria testicular e tem uma configuração 
anastomótica especial, servindo para esfriar o sangue arterial que chega aos testículos, 
otimizando assim o ambiente para a produção de espermatozoides. 
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DRENAGEM LINFÁTICA 
 A drenagem linfática do ducto deferente e funículo espermático é assegurada por 
vasos linfáticos que drenam para os nódulos linfáticos ilíacos internos. Este é um mecanismo 
crucial na defesa imunológica e controle de fluidos da região. 
 Os principais linfonodos que realizam a drenagem linfática dessas estruturas são os seguintes: 
• Linfonodos Ilíacos Inferiores: O ducto deferente drena a linfa inicialmente para 
os linfonodos ilíacos inferiores. Esses linfonodos estão localizados ao longo dos 
os linfonodos ilíacos inferiores. Esses linfonodos estão localizados ao longo dos vasos ilíacos 
externos e internos na pelve. 
• Linfonodos Lomboaórticos: A partir dos linfonodos ilíacos inferiores, a linfa é encaminhada 
para os linfonodos lomboaórticos, que se encontram próximos à aorta abdominal. 
• Linfonodos Lombar Esquerdo e Direito: A partir dos linfonodos inguinais, a linfa flui em 
direção aos linfonodos lombares esquerdo e direito, localizados ao longo flui em direção aos 
linfonodos lombares esquerdo e direito, localizados ao longo da aorta abdominal e veias ilíacas 
comuns. 
• Cisterna do Quilo e Ducto Torácico: A linfa, então, se reúne na cisterna do quilo, uma 
dilatação do ducto linfático intestinal, e posteriormente drena para o ducto uma dilatação do 
ducto linfático intestinal, e posteriormente drena para o ducto torácico. Este último é o maior 
vaso linfático do corpo e deságua na veia subclávia esquerda, retornando a linfa para a 
circulação sanguínea. 
INERVAÇÃO 
 
 A inervação destas estruturas é garantida pelo plexo hipogástrico inferior, contando com fibras 
simpáticas e parassimpáticas. Este sistema nervoso autônomo é fundamental no processo de 
emissão espermática, controlando o peristaltismo do ducto deferente. 
 As fibras nervosas simpáticas são originadas dos gânglios lombares e sacrais. 
 Elas fornecem estímulos que ajudam na contração dos músculos do ductodeferente, 
facilitando o movimento dos espermatozoides. Por sua vez, as fibras parassimpáticas são 
provenientes do nervo pélvico e do plexo sacral. Elas contribuem para a relaxação e a dilatação 
do ducto deferente, permitindo o fluxo suave dos espermatozoides. 
 Assim como no caso do ducto deferente, o funículo espermático é inervado por 
fibras nervosas autônomas, que incluem tanto o sistema nervoso simpático quanto o 
parassimpático. O funículo espermático também recebe inervação de nervos somáticos, 
que são responsáveis pela sensação e pelo controle voluntário de alguns músculos adjacentes, como o 
músculo cremastérico. Além da inervação motora, existem fibras nervosas sensoriais que transmitem 
informações sobre sensações na região do funículo espermático, permitindo a detecção de estímulos 
como dor, temperatura e pressão. 
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REFERÊNCIAS 
Gilroy AM, MacPherson BR, Ross LM. Atlas de anatomia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 
2020. 
Netter FH. Atlas de anatomia humana. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2022. 
Townsend CM, Beauchamp RD, Evers BM, Mattox KL. Sabiston: tratado de cirurgia. 21. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2022. 
Paulsen F, Waschke J. Sobotta: Atlas de Anatomia Humana. 25. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan; 2022. 
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Anatomia da 
Glândula Seminal 
e da Próstata 
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INTRODUÇÃO 
 O sistema reprodutor masculino é composto por estruturas que atuam de forma integrada 
para a produção, maturação, armazenamento e transporte dos gametas masculinos, além da 
secreção de componentes essenciais do sêmen. Os espermatozoides são produzidos nos túbulos 
seminíferos localizados nos testículos, onde ocorre a espermatogênese, e seguem para o 
epidídimo, estrutura responsável pelo armazenamento temporário e maturação funcional dessas 
células. 
 A partir do epidídimo, os espermatozóides são conduzidos pelo ducto deferente, um 
canal muscular que ascende e se curva posteriormente à bexiga urinária. Ao alcançar a face 
posterior da bexiga, o ducto deferente se aproxima da glândula seminal, com a qual se une para 
formar o ducto ejaculatório. Esse ducto atravessa a próstata e se abre na uretra prostática, por 
onde é liberada a secreção resultante da junção dos espermatozóides com o fluido seminal, 
formando o sêmen. 
 O sêmen é, portanto, uma mistura de espermatozóides e secreções provenientes 
das glândulas sexuais acessórias, incluindo a glândula seminal, a próstata e, mais distalmente, as 
glândulas bulbouretrais. Esse fluido é expelido do organismo por meio da uretra, que se estende 
da próstata até o pênis, sendo dividida em segmentos, incluindo a uretra peniana, responsável 
pela eliminação final do ejaculado para o meio externo. 
GLÂNDULA SEMINAL 
 A glândula seminal, também chamada de vesícula seminal, é uma estrutura glandular 
alongada, localizada bilateralmente na face póstero-inferior da bexiga urinária, acima da base da 
próstata e lateral ao ducto deferente. Sua posição anatômica é de grande importância clínica, uma 
vez que se encontra anterior ao reto, o que possibilita a avaliação tanto da glândula seminal 
quanto da próstata por meio do exame digital retal, devido à sua relação íntima com a parede 
anterior do reto, separadas apenas por uma delgada fáscia. 
 Cada glândula seminal se une ao respectivo ducto deferente para formar o ducto 
ejaculatório, que atravessa a próstata e desemboca na uretra prostática. O trajeto do ducto 
deferente é notável por passar posteriormente ao ureter antes de se dirigir à próstata, 
demonstrando a complexa sobreposição de estruturas pélvicas masculinas. 
 A função principal da glândula seminal é a produção de um fluido espesso e alcalino, rico em 
frutose, prostaglandinas e outras substâncias que nutrem e mantêm a motilidade dos espermatozoides. 
Esse fluido representa a maior parte do volume do sêmen e é fundamental para a viabilidade dos 
gametas masculinos ao longo do trato reprodutor feminino. Ao se unir ao espermatozóide 
proveniente dos testículos, esse conteúdo contribui para a formação do sêmen, que será 
conduzido pela uretra durante a ejaculação. 
 Além disso, no complexo sistema de secreções do aparelho genital masculino, outras glândulas 
como as glândulas bulbouretrais, localizadas abaixo da próstata e próximas à base do pênis, liberam 
secreções mucosas diretamente na uretra esponjosa, promovendo sua lubrificação antes da 
passagem do sêmen. Esse mecanismo protege os espermatozoides e facilita sua condução. 
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VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM VENOSA 
 A vascularização arterial da glândula seminal provém principalmente de ramos da artéria 
vesical inferior, vaso derivado da artéria ilíaca interna. Essa artéria envia ramos destinados tanto à 
próstata quanto às glândulas seminais, refletindo a íntima proximidade anatômica e funcional 
entre essas estruturas. Além disso, a glândula seminal também recebe contribuição de ramos das 
artérias retais médias e inferiores, que reforçam a nutrição da região pélvica posterior, e da artéria 
do ducto deferente, que pode emitir ramos colaterais que suprem parte da glândula. 
 A drenagem venosa da glândula seminal acompanha, em grande parte, o trajeto das artérias 
correspondentes e é realizada principalmente pelo plexo venoso prostático e pelo plexo venoso 
vesical, ambos drenando para a veia ilíaca interna (também conhecida como veia hipogástrica), 
principal via de retorno venoso da pelve. Conexões com as veias retais médias também estão 
presentes, contribuindo para o escoamento venoso da parte posterior da glândula. Em sua porção 
mais cranial, a drenagem pode se estender para as veias retais superiores, que deságuam na veia 
mesentérica inferior, estabelecendo, assim, uma comunicação entre os sistemas porta e cava. 
 Essa rede anastomótica de drenagem, envolvendo plexos venosos interligados, possui 
implicações clínicas relevantes, pois favorece a disseminação de processos infecciosos e 
metastáticos entre estruturas geniturinárias e o trato gastrointestinal inferior. 
 Além disso, o conhecimento preciso desses vasos é fundamental em procedimentos 
cirúrgicos e diagnósticos que envolvem a pelve masculina. 
PRÓSTATA 
 A próstata é uma glândula ímpar, de consistência firme e formato piramidal invertido, 
situada na porção inferior da bexiga urinária, envolvendo a uretra prostática e desempenhando 
papel fundamental na produção do fluido seminal. Essa secreção alcalina contribui para a 
neutralização da acidez da uretra e da vagina, favorecendo a sobrevivência e motilidade dos 
espermatozoides durante a ejaculação. 
 Anatomicamente, a próstata está localizada no assoalho da pelve masculina, entre a bexiga e o 
diafragma urogenital, e à frente do reto, sendo separada deste apenas por uma delgada estrutura 
de tecido conjuntivo chamada fáscia retovesical (ou septo reto-vesical). Essa relação direta com o 
reto permite que a porção posterior da próstata seja acessível ao exame digital retal, o que torna 
essa via uma ferramenta essencial para avaliação clínica da glândula, especialmente em casos de 
suspeita de hiperplasia prostática benigna (HPB) ou carcinoma prostático. 
 A uretra prostática atravessa a glândula longitudinalmente, desde o seu base, junto 
ao colo vesical, até o ápice, onde se continua como uretra membranosa. Na face posterior da 
uretra prostática, destacam-se: 
• Colículo seminal: uma elevação alongada 
Utrículo prostático: remanescente embrionário homólogo ao útero feminino, sem função atual no 
homem: 
• Óstios dos ductos ejaculatórios: estrutura que representa a confluência do ducto 
deferente com o ducto da glândula seminal, estabelecendo a conexão entre os 
sistemas urinário e reprodutor masculino.Alessandra Furiama Morita Anatomia - Sistema Reprodutor Feminino e Masculino
 Além disso, ao longo das paredes da uretra prostática encontram-se diversos óstios prostáticos, 
que são as aberturas dos pequenos ductos das glândulas prostáticas responsáveis pela liberação 
do fluido prostático diretamente na uretra. 
 Macroscopicamente, a próstata é classificada em lóbulos, embora a classificação moderna seja 
mais funcional e baseada em zonas. Entre os lóbulos reconhecidos anatomicamente, destacam-se: 
• Lobo anterior (istmo da próstata): composto principalmente por tecido fibromuscular e pobre 
em glândulas; 
• Lobo médio: se localiza entre a uretra e os ductos ejaculatórios, e é frequentemente o local de 
crescimento na HPB. 
• Lóbulos laterais: formam a maior parte da glândula 
• Lobo posterior: posicionado atrás da uretra e abaixo dos ductos ejaculatórios, sendo a região 
mais frequentemente acometida por neoplasias malignas. 
 A base da próstata se articula com o colo da bexiga, enquanto o ápice se encontra voltado 
para o assoalho pélvico, estabelecendo comunicação com o esfíncter externo da uretra. 
O ducto ejaculatório, por sua vez, percorre a porção central da próstata em direção ao colículo 
seminal, ponto no qual ocorre a liberação conjunta do fluido seminal e espermatozoides para a 
uretra durante a ejaculação. 
ZONAS DA PRÓSTATA 
 A próstata pode ser funcional e histologicamente dividida em zonas anatômicas, uma 
classificação que se mostra clinicamente mais relevante do que a antiga divisão por lóbulos. 
Essa organização em zonas permite uma melhor compreensão da distribuição das patologias 
prostáticas, em especial a hiperplasia prostática benigna (HPB) e o carcinoma da próstata, uma 
vez que essas condições tendem a surgir em regiões específicas da glândula. 
 A zona periférica é a mais extensa, representando cerca de 70% do volume prostático. 
Localiza-se principalmente na parte posterior e lateral da glândula, envolvendo a uretra distal e 
estendendo-se até o ápice. Essa zona é a mais rica em glândulas e, por isso, produz a maior parte 
da secreção prostática. É também a região mais frequentemente acometida pelo câncer de 
próstata, tornando-se especialmente relevante durante o exame digital retal, já que é facilmente 
palpável por essa via. 
 A zona central corresponde a aproximadamente 25% do volume da próstata e envolve os 
ductos ejaculatórios, situando-se entre a base da glândula e a uretra prostática. Histologicamente, 
é composta por glândulas maiores e mais organizadas, sendo menos suscetível ao 
desenvolvimento de neoplasias malignas do que a zona periférica. 
 A zona de transição, que compreende cerca de 5% a 10% do volume prostático, circunda a 
uretra prostática proximal, na região mais anterior da base da próstata. Apesar de ser a menor 
zona em volume, é a principal responsável pela hiperplasia prostática benigna (HPB), uma 
condição comum em homens idosos que pode causar obstrução do fluxo urinário por 
compressão da uretra. 
 Anteriormente à uretra prostática, encontra-se a zona anterior, também chamada 
de istmo prostático. Essa porção não possui glândulas funcionais, sendo composta 
predominantemente por tecido fibromuscular. Embora não envolvida na produção de 
secreção prostática, ela contribui para a estrutura e suporte da glândula. 
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VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM VENOSA 
 A vascularização arterial da próstata é realizada principalmente por ramos da artéria vesical 
inferior, ramo da artéria ilíaca interna, que emite ramos prostáticos diretos responsáveis por 
suprir a glândula. Esses ramos penetram a cápsula prostática e se ramificam no interior do 
parênquima, irrigando suas zonas glandulares e não glandulares. Além disso, a artéria vesical 
inferior também contribui com ramos uretrais, que suprem a porção proximal da uretra 
prostática e o trígono vesical. 
 Outros vasos que contribuem com a irrigação prostática incluem a artéria retal média, que 
emite colaterais para a porção posterior da próstata e para a glândula seminal, e, de forma menos 
significativa, a artéria retal superior. 
 A artéria do ducto deferente também pode fornecer pequenos ramos acessórios à região 
prostática, refletindo a integração vascular entre os componentes do sistema genital masculino. 
 A drenagem venosa da próstata ocorre principalmente por meio do plexo venoso prostático, 
uma densa rede de veias que envolve a cápsula da próstata e se comunica com o plexo venoso 
vesical. Esse sistema venoso é responsável por receber o sangue da próstata, glândula seminal e 
uretra prostática, drenando-o principalmente para a veia ilíaca interna (também chamada veia 
hipogástrica). Essa conexão direta com o sistema venoso profundo da pelve é de grande 
importância clínica, pois pode servir como via para a disseminação hematogênica de neoplasias 
prostáticas, especialmente para o esqueleto axial, por meio de anastomoses com o plexo vertebral 
de Batson. 
 Complementarmente, parte da drenagem venosa prostática pode ocorrer através das 
veias retais médias e superiores, estabelecendo conexão com a veia mesentérica inferior 
e, por consequência, com o sistema porta hepático. Essa rede anastomótica venosa reforça a 
íntima inter-relação entre a próstata, a glândula seminal e o reto, explicando a sobreposição de 
manifestações clínicas em processos inflamatórios, infecciosos ou tumorais da região pélvica. 
DRENAGEM LINFÁTICA 
 A drenagem linfática da glândula seminal e da próstata desempenha papel funda- 
mental no controle imunológico local e, clinicamente, na disseminação de processos 
neoplásicos, especialmente nos casos de carcinoma prostático. A via principal dessa 
drenagem se dá por meio dos linfonodos ilíacos internos (hipogástricos), que recebem 
a maior parte dos vasos linfáticos provenientes da região prostática e das glândulas 
seminais, refletindo sua localização profunda na pelve. Além dessa rota predominante, há 
contribuição acessória dos linfonodos ilíacos externos, que também recebem parte da linfa 
especialmente das porções mais superiores dessas glândulas, como a base da próstata. 
Em menor escala, vasos linfáticos podem se dirigir aos linfonodos sacrais e, em trajetos mais 
periféricos, alcançar os linfonodos inguinais profundos. A drenagem para os linfonodos inguinais 
superficiais é considerada rara e geralmente está associada a trajetos linfáticos colaterais ou a 
envolvimento patológico mais extenso. 
 A compreensão precisa dessa rede linfática é de extrema relevância, sobretudo nos contextos 
de estadiamento oncológico, vigilância pós-tratamento e planejamento de intervenções cirúrgicas 
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e radioterápicas. A disseminação linfática precoce é uma característica marcante de neoplasias 
prostáticas, e os linfonodos ilíacos internos e externos são os primeiros sítios a serem 
investigados em casos suspeitos de metástase. 
INERVAÇÃO 
 A inervação da glândula seminal e da próstata é predominantemente autônoma e desempenha 
papel essencial no controle da secreção glandular e na função ejaculadora. Essa inervação é 
realizada principalmente por ramos do plexo hipogástrico inferior, também chamado de plexo 
pélvico, que é uma complexa rede nervosa formada por fibras simpáticas, parassimpáticas e 
aferentes viscerais. 
 As fibras simpáticas originam-se da cadeia simpática lombar, passam pelos nervos 
esplâncnicos lombares e alcançam o plexo hipogástrico superior, que então se continua 
como plexo hipogástrico inferior. Essas fibras são responsáveis por estimular a contração 
da musculatura lisa dos ductos deferentes, vesículas seminais e da próstata durante 
a ejaculação, promovendo o esvaziamento das secreções para a uretra prostática. 
 As fibras parassimpáticas derivam dos nervos esplâncnicos pélvicos (S2 a S4) e se juntam aoplexo hipogástrico inferior, inervando a musculatura lisa das glândulas e facilitando a secreção 
prostática e seminal. Esse controle parassimpático também contribui para o relaxamento da 
musculatura do trígono vesical e da uretra, essencial para a coordenação da micção e ejaculação. 
 O nervo pudendo, que tem origem no plexo sacral (S2-S4), embora seja um nervo somático, 
possui ramos que contribuem indiretamente para a inervação sensitiva e motora das estruturas 
genitais externas e do assoalho pélvico, podendo se relacionar com o suporte funcional da 
próstata e das glândulas seminais, principalmente por meio da inervação perineal e dos músculos 
envolvidos no processo ejaculatório. 
 Essa rede integrada de inervação garante a coordenação precisa entre secreção, 
contração e condução seminal, aspectos fundamentais para a função sexual e reprodutiva 
masculina. 
 Alterações na integridade desses plexos, seja por trauma cirúrgico (como na prostatectomia), 
doenças neurológicas ou disfunções autonômicas, podem resultar em disfunções como 
ejaculação retrógrada, disfunção erétil ou anejaculação, reforçando a importância do 
conhecimento anatômico detalhado dessas vias nervosas 
REFERÊNCIAS 
1. Moore KL, Dalley AF. Anatomia orientada para a clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan; 2014. 
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Anatomia do 
Aparelho Reprodutor 
Masculino: Pênis 
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 AnAtoMiA
 O pênis é um órgão externo do sistema reprodutor masculino, que consiste em 
uma raiz, esta fixada no períneo, corpo, este livre e penduloso, e a glande. Além 
disso, o pênis é composto principalmente pelo corpo esponjoso, ventralmente, e 
pelos corpos cavernosos, dorsalmente. 
 Externamente, o pênis é recoberto por pele delgada que está frouxamente fixada 
à túnica albugínea. Na glande, mais especificamente no colo dessa região, a pele se 
torna pregueada para poder formar o prepúcio e recobrir a glande de forma irregular. 
 Na extremidade da glande há uma abertura em fenda contida na parte esponjosa, esta 
chamada de óstio externo da uretra. 
 A parte fixa do pênis, chamada de raiz, é formada pelos dois ramos e bulbo do pênis que são 
massas de tecido erétil localizadas no triângulo urogenital, sendo firmemente fixados ao arco do 
púbis e à membrana do períneo, respectivamente. 
 Os ramos do pênis são as extremidades posteriores dos corpos cavernosos, enquanto 
o bulbo é a extremidade posterior dilatada do corpo esponjoso. 
 O corpo do pênis é a parte pendular livre, formada por três massas de tecido erétil, os corpos 
cavernosos direito e esquerdo e o corpo esponjoso, que irão se ingurgitar com sangue durante a 
ereção peniana. 
 O corpo esponjoso envolve a uretra e forma a glande do pênis. Ele é uma estrutura cilíndrica 
que se afila ligeiramente em direção distal, e é circundada pela túnica albugínea. 
Aproximando-se à extremidade do pênis, o corpo esponjoso se expande na glande 
para se projetar dorsalmente sobre as projeções terminais dos corpos cavernosos. 
 Os corpos cavernosos são responsáveis pela ereção, compartilhando um revestimento fibroso 
externo, chamado de túnica albugínea. De forma superficial ao revestimento externo, encontra-se 
a fáscia do pênis ou fáscia de Buck, sendo esta uma continuação da fáscia profunda do períneo 
que irá formar um revestimento membranáceo dos corpos cavernosos e do corpo esponjoso, 
posteriormente unindo-os. 
 As fibras profundas dos corpos cavernosos se fundem para formar o septo mediano 
do pênis, de maneira que os corpos cavernosos possam permanecer separados, por 
aproximadamente 5 cm a 7 cm. Mais posteriormente, os corpos cavernosos se separam 
para darem origem aos ramos do pênis. 
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VASCULARIZAÇÃO 
A vascularização do pênis é fornecida principalmente pela artéria pudenda interna, que se 
ramifica em artérias dorsais, bulbares e cavernosas. Durante a ereção, o fluxo sanguíneo aumenta 
significativamente nos corpos cavernosos devido à dilatação das artérias e à restrição do fluxo 
venoso. 
 As artérias dorsais do pênis são responsáveis por irrigar o tecido fibroso localizado ao redor 
dos corpos cavernosos, corpo esponjoso, parte esponjosa da uretra e pele do pênis uma vez que 
essas artérias seguem de cada lado da veia dorsal profunda através do sulco dorsal localizado 
entre os corpos cavernosos. 
 As artérias do bulbo do pênis são curtas, entretanto elas são largas, e devido a isso, 
conseguem irrigar a parte posterior do corpo esponjoso, o interior da uretra e a glândula 
bulbouretral. As artérias bulbares seguem medialmente através do músculo transverso profundo 
do períneo até chegarem no bulbo peniano. 
 A artéria cavernosa, também chamada de artéria profunda do pênis, é responsável 
por irrigar o tecido erétil localizado nos ramos do pênis e na extensão do corpo cavernoso, 
consequentemente, participando da ereção do pênis. 
 As artérias cavernosas, dentro de cada corpo cavernoso, se dividem em vários ramos menores 
que se abrem diretamente para os espaços cavernosos e irão dar origem às artérias helicinas, 
estas são mais abundantes nas regiões posteriores dos corpos cavernosos, que são mais visíveis 
quando o pênis está flácido. 
 Apesar da artéria pudenda interna ser a principal responsável pela vascularização do pênis, os 
ramos superficiais e profundas das artérias pudendas externas também participam da 
vascularização peniana, sendo elas responsáveis por irrigar a pele do pênis, além de se 
anastomosar com ramos das artérias pudendas internas. 
 A drenagem venosa do pênis é realizada por um plexo venoso que se une à veia 
dorsal, superficial e profunda, do pênis na fáscia profunda. A veia dorsal superficial é 
responsável por drenar o prepúcio e a pele do pênis, no qual o sangue drenado dessas 
regiões irá ser desviado para a veia pudenda superficial externa. 
 A veia dorsal profunda irá drenar as regiões por onde perpassa o seu trajeto, ou seja, 
essa veia receberá sangue da glande e dos corpos cavernosos do pênis, uma vez que está 
localizada abaixo da fáscia do pênis. 
 Além disso, a veia dorsal profunda está próxima a raiz do pênis, mais especificamen- 
te passando entre as lâminas do ligamento suspensor do pênis, abaixo ao ligamento 
púbico inferior e anterior a membrana do períneo, para entrar na pele e, finalmente, 
drenar o plexo prostático. 
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INERVAÇÃO 
 A inervação do pênis é fornecida pelos nervos derivados dos segmentos S2-S4 da 
medula espinhal, atravessando os nervos esplâncnicos pélvicos, e dos gânglios sensitivos de 
nervos espinais que atravessam os nervos pudendos. 
 O suprimento simpático é derivado dos segmentos T11-L2 da medula espinal, sendo 
responsável por produzir a vasoconstrição, contração das glândulas seminais e da próstata, além 
da emissão do sêmen quando o simpático é estimulado. 
 Enquanto os nervos derivados dos segmentos S2-S4 são responsáveis pelo suprimento 
parassimpático, portanto, quando estimulados produzem a vasodilatação. 
 De maneira geral, a inervação do pênis é fornecida principalmente pelo nervo pudendo, que 
origina-se do plexo sacral, uma vez que ele está envolvido tanto na inervação sensitiva quanto 
simpática do órgão. Este nervo é responsável pela sensação e também desempenha um papel 
crucial na ereção e ejaculação. 
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REFERÊNCIAS 
Gray, H.; STANDRING, S. Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis of Clinical Practice. 
42nd ed. Elsevier, 2020. 
Moore, K.L.; Dalley, A.F.; Agur, A.M.R. Clinically Oriented Anatomy. 9th ed. Wolters 
Kluwer, 2022. 
Townsend, C.M.; Beauchamp, R.D.; Evers, B.M.; Mattox, K.L. Sabiston Textbook of 
Surgery:

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