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UC2 – SP2 – PUBERDADE FEMININA 
 
HIPÓTESE 1: “A PUBERDADE FEMININA OCORRE DOS 8 AOS 13 ANOS E 
PASSA POR MUDANÇAS BIOPSICOSSOCIAIS QUE OCORREM A PARTIR 
DA ATIVAÇÃO DO EIXO HORMONAL E ANTECEDEM A MENARCA” 
a) O que é puberdade feminina? Em qual faixa etária ela ocorre? 
A puberdade feminina é um processo biológico complexo caracterizado por 
mudanças físicas, hormonais e psicológicas que marcam a transição da infância 
para a adolescência e capacidade reprodutiva. Este período é definido como a 
sequência de eventos que leva ao desenvolvimento das características sexuais 
secundárias e à aquisição da capacidade reprodutiva. 
Faixa Etária: 
• Idade de início: 8-13 anos (média: 10-11 anos) 
• Duração: 2-5 anos (média: 4 anos) 
• Variações étnicas: 
o Meninas afro-americanas: início mais precoce (8-9 anos) 
o Meninas caucasianas: início entre 9-10 anos 
o Meninas asiáticas: início ligeiramente mais tardio 
Critérios de Normalidade: 
• Puberdade precoce: antes dos 8 anos 
• Puberdade normal: 8-13 anos 
• Puberdade tardia: após os 13 anos sem sinais de desenvolvimento 
b) Quais as mudanças físicas esperadas? Existe uma ordem para que elas 
ocorram? 
Sequência das Mudanças Físicas (Ordem Cronológica): 
1. Primeira manifestação: Telarca (desenvolvimento mamário) - 8-13 anos 
2. Segunda manifestação: Pubarca (aparecimento de pelos pubianos) - 8-
14 anos 
3. Terceira manifestação: Estirão do crescimento - 9-14 anos 
4. Quarta manifestação: Menarca - 10-16 anos (média: 12-13 anos) 
5. Quinta manifestação: Desenvolvimento de pelos axilares - após 
menarca 
Escala de Tanner - Desenvolvimento Mamário (M1-M5): 
M1 (Pré-puberal): 
• Apenas elevação do mamilo 
• Sem tecido mamário palpável 
• Aréola pequena e pálida 
M2 (Início da puberdade): 
• Elevação da mama e mamilo como pequeno monte 
• Aumento do diâmetro areolar 
• Início da proliferação ductal 
M3 (Desenvolvimento intermediário): 
• Maior aumento da mama e aréola 
• Sem separação dos contornos 
• Desenvolvimento do sistema ductal 
M4 (Desenvolvimento avançado): 
• Projeção da aréola e mamilo acima da mama 
• Formação de monte secundário 
• Diferenciação alveolar 
M5 (Desenvolvimento adulto): 
• Mama madura com contorno adulto 
• Mamilo projeta-se, aréola retorna ao contorno geral 
• Sistema ducto-alveolar completo 
Escala de Tanner - Desenvolvimento de Pelos Pubianos (P1-P5): 
P1 (Pré-puberal): 
• Ausência de pelos pubianos 
• Apenas pelos vellus (infantis) 
P2 (Início): 
• Pelos escassos, longos e ligeiramente pigmentados 
• Principalmente ao longo dos lábios maiores 
P3 (Desenvolvimento intermediário): 
• Pelos mais escuros, grossos e encaracolados 
• Distribuição esparsa sobre o púbis 
P4 (Desenvolvimento avançado): 
• Pelos do tipo adulto 
• Área coberta menor que no adulto 
• Sem extensão para superfície medial das coxas 
P5 (Desenvolvimento adulto): 
• Pelos do tipo adulto em quantidade e distribuição 
• Padrão triangular invertido 
• Extensão para superfície medial das coxas 
Outras Mudanças Físicas Importantes: 
Crescimento e Desenvolvimento Ósseo: 
• Aceleração da velocidade de crescimento 
• Fechamento das epífises ósseas 
• Aumento da densidade óssea 
• Mudanças na composição corporal (↑ gordura, ↓ massa magra) 
Mudanças Genitais: 
• Aumento do útero (comprimento: 5,5-8,0 cm) 
• Espessamento do endométrio 
• Alongamento da vagina (8-12 cm) 
• Mudanças no pH vaginal (7,0 → 4,0-5,0) 
• Desenvolvimento dos lábios maiores e menores 
Mudanças Metabólicas: 
• Resistência à insulina transitória 
• Aumento da leptina 
• Mudanças no metabolismo lipídico 
• Alterações no ritmo circadiano 
c) O que estimula e influencia a puberdade feminina? Relacione com os 
âmbitos biopsicossociais. 
Fatores Biológicos: 
Fatores Genéticos: 
• Hereditariedade: 50-80% da variação temporal 
• Genes envolvidos: KISS1, KISS1R, MKRN3, DLK1 
• Influência materna predominante 
Fatores Nutricionais: 
• Leptina: Sinalização do estado nutricional 
o Concentração mínima: 3-4 ng/mL 
o Produzida pelos adipócitos 
o Atua no hipotálamo estimulando GnRH 
• Índice de Massa Corporal (IMC): 
o IMC elevado → puberdade precoce 
o Desnutrição → atraso puberal 
• Composição corporal: 17% de gordura corporal necessária 
Fatores Endócrinos: 
• Sistema IGF (Insulin-like Growth Factor): 
o IGF-1: mediador dos efeitos do GH 
o IGFBP-3: proteína carreadora 
• Hormônios tireoidianos: T3 e T4 essenciais 
• Cortisol: Níveis elevados podem atrasar puberdade 
Fatores Psicossociais: 
Estresse Psicológico: 
• Estresse crônico → ↑ cortisol → supressão do eixo HPG 
• Mecanismo: inibição da pulsatilidade do GnRH 
• Fatores: divórcio dos pais, abuso, negligência 
Fatores Socioeconômicos: 
• Status socioeconômico baixo → puberdade precoce 
• Acesso limitado à nutrição adequada 
• Exposição a fatores estressantes ambientais 
Fatores Familiares: 
• Ausência paterna: Associada à menarca precoce 
• Teoria evolutiva: Estratégia reprodutiva adaptativa 
• Presença de padrastos: Feromônios masculinos 
Fatores Ambientais: 
Disruptores Endócrinos: 
• Ftalatos: Plastificantes - atraso puberal 
• BPA (Bisfenol A): Puberdade precoce 
• Pesticidas organoclorados: Alterações hormonais 
• Metais pesados: Chumbo, mercúrio 
Exposição à Luz: 
• Melatonina: inibidor da puberdade 
• Exposição excessiva à luz artificial 
• Alterações no ritmo circadiano 
d) Caracterize o eixo hormonal associado ao desenvolvimento da 
puberdade feminina. 
Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gônadas (HPG): 
HIPOTÁLAMO: 
GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofinas): 
• Estrutura: Decapeptídeo 
• Neurônios produtores: Núcleo arqueado e área pré-óptica 
• Secreção pulsátil: 
o Frequência pré-puberal: 1 pulso/2-4 horas 
o Frequência puberal: 1 pulso/60-90 minutos 
o Amplitude aumenta 10-20 vezes 
Sistema Kiss1/GPR54: 
• Kisspeptinas: Neuropeptídeos estimuladores do GnRH 
• Neurônios Kiss1: 
o Núcleo arqueado (população KNDy) 
o Núcleo periventricular anteroventral (AVPV) 
• Receptor GPR54: Receptor das kisspeptinas 
• Regulação: 
o Leptina → ↑ Kiss1 
o Estradiol → feedback sobre Kiss1 
HIPÓFISE ANTERIOR: 
FSH (Hormônio Folículo Estimulante): 
• Estrutura: Glicoproteína (subunidades α e β) 
• Células produtoras: Gonadotrofos (10-15% da adenohipófise) 
• Secreção: 
o Pulsátil, sincronizada com GnRH 
o Meia-vida: 3-4 horas 
• Concentrações séricas: 
o Pré-puberal: 3 ng/mL 
Inibina B: 
• Produção: Células da granulosa 
• Função: Feedback negativo seletivo sobre FSH 
• Marcador de função ovariana: 20-100 pg/mL 
Hormônio Anti-Mülleriano (AMH): 
• Produção: Células da granulosa de folículos pré-antrais e antrais 
pequenos 
• Função: Regulação do recrutamento folicular 
• Marcador de reserva ovariana: 1,0-5,0 ng/mL 
Mecanismos de Feedback: 
Feedback Negativo: 
• Estradiol → ↓ GnRH e gonadotrofinas (doses baixas) 
• Inibina B → ↓ FSH especificamente 
• Progesterona → ↓ frequência pulsátil do GnRH 
Feedback Positivo: 
• Estradiol → ↑ LH (doses elevadas, >200 pg/mL por >48h) 
• Mecanismo do pico pré-ovulatório de LH 
e) O que é menarca?otimizada de contraceptivos 
2. Advocacy e Mudança Social 
Campanhas Educativas: 
• Mídia de massa: Televisão, rádio, internet 
• Redes sociais: Plataformas digitais para jovens 
• Materiais educativos: Folhetos, vídeos, aplicativos 
• Eventos comunitários: Feiras de saúde, palestras 
Envolvimento de Lideranças: 
• Líderes religiosos: Diálogo sobre saúde reprodutiva 
• Autoridades locais: Apoio político às iniciativas 
• Formadores de opinião: Influenciadores e celebridades 
• Organizações sociais: Movimentos de mulheres e juventude 
3. Inovações Tecnológicas 
Telemedicina: 
• Consultas virtuais: Aconselhamento contraceptivo remoto 
• Prescrição eletrônica: Facilidade no acesso a métodos 
• Monitoramento digital: Acompanhamento via aplicativos 
• Educação online: Cursos e materiais digitais 
Aplicativos Móveis: 
• Rastreamento de ciclo: Apps para identificação de período fértil 
• Lembretes: Notificações para uso de contraceptivos 
• Informações: Base de dados sobre métodos disponíveis 
• Localização de serviços: Mapa de unidades de saúde 
 
 
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Definição: 
A menarca é definida como a primeira menstruação na vida de uma mulher, 
representando um marco do desenvolvimento puberal e indicando o início da 
capacidade reprodutiva potencial. 
Cronologia e Características: 
Idade de Ocorrência: 
• Idade média mundial: 12,5-13,5 anos 
• Variação normal: 10-16 anos 
• Tendência secular: Diminuição de 2-3 meses por década 
Variações Étnicas e Geográficas: 
• Meninas afro-americanas: 12,2 anos (média) 
• Meninas caucasianas: 12,7 anos (média) 
• Meninas hispânicas: 12,3 anos (média) 
• Países desenvolvidos: mais precoce 
• Países em desenvolvimento: mais tardia 
Pré-requisitos para Menarca: 
Desenvolvimento Físico: 
• Estágio M3-M4 de Tanner (desenvolvimento mamário) 
• Estágio P3-P4 de Tanner (pelos pubianos) 
• Altura mínima: ~147 cm (10º percentil) 
• Peso mínimo: ~40-45 kg 
• Gordura corporal: ~17-22% 
Maturação Hormonal: 
• Estradiol: >50 pg/mL de forma sustentada 
• Estabelecimento de feedback positivo 
• Desenvolvimento folicular ovariano adequado 
Maturação do Eixo HPG: 
• Pulsatilidade do GnRH estabelecida 
• Resposta gonadotrófica adequada 
• Desenvolvimento uterino suficiente 
Características dos Primeiros Ciclos: 
Primeiros 2 anos pós-menarca: 
• Anovulação: 50-80% dos ciclos 
• Irregularidade: Ciclos de 21-45 dias 
• Oligomenorreia: Comum nos primeiros meses 
• Fluxo: Geralmente escasso inicialmente 
Progressão para Regularidade: 
• Ovulação regular: estabelecida em 2-5 anos 
• Ciclos regulares: 24-38 dias 
• Duração do fluxo: 3-7 dias 
 
HIPÓTESE 2: “A GAMETOGÊNESE FEMININA, QUE INICIA-SE NO 
PERÍODO EMBRIONÁRIO, É REATIVADA NO INÍCIO DO CICLO 
MENSTRUAL, QUE DURA, EM MÉDIA, 28 DIAS” 
a) Como funciona o ciclo menstrual? Descreva as mudanças que ocorrem 
nos ovócitos, ovário e endométrio. Qual sua relação com o eixo hormonal? 
Definição e Duração: 
O ciclo menstrual é um processo cíclico recorrente que prepara o sistema 
reprodutivo feminino para uma possível gravidez. A duração média é de 28 dias, 
com variação normal de 24-38 dias. 
Fases do Ciclo Menstrual: 
FASE MENSTRUAL (Dias 1-5): 
Eventos Ovarianos: 
• Degeneração do corpo lúteo (se não houve gravidez) 
• Queda acentuada de estradiol e progesterona 
• Início do recrutamento de nova coorte folicular 
• Folículos primordiais → folículos primários 
Eventos Endometriais: 
• Descamação da camada funcional do endométrio 
• Necrose tecidual por vasoconstrição 
• Ativação de metaloproteinases 
• Perda sanguínea: 30-40 mL (volume total: 30-80 mL) 
Perfil Hormonal: 
• FSH: início da elevação (3-5 mUI/mL) 
• LH: níveis basais (2-3 mUI/mL) 
• Estradiol: níveis baixos (10 mm 
• Dominância folicular (Dias 8-14): 
o Crescimento exponencial do folículo dominante 
o Aumento da vascularização (angiogênese) 
o Formação do antro folicular 
o Maturação do oócito I 
Eventos Endometriais: 
• Regeneração (Dias 1-4): 
o Proliferação do epitélio glandular 
o Reparação da superfície endometrial 
o Angiogênese 
• Proliferação (Dias 5-14): 
o Crescimento das glândulas endometriais 
o Aumento da espessura (3-5 mm → 8-10 mm) 
o Proliferação do estroma 
o Desenvolvimento da vascularização 
Perfil Hormonal: 
• FSH: 
o Pico inicial: 8-12 mUI/mL (dias 1-3) 
o Declínio gradual: 5-8 mUI/mL (dias 8-14) 
• LH: Aumento gradual: 2-3 → 8-10 mUI/mL 
• Estradiol: 
o Aumento progressivo: 20-50 → 200-400 pg/mL 
o Pico pré-ovulatório: 200-500 pg/mL (dia 13-14) 
• Inibina B: Pico médio da fase: 80-120 pg/mL 
OVULAÇÃO (Dia 14±2): 
Eventos Ovarianos: 
• Pico de LH: >25-40 mUI/mL (36 horas antes) 
• Pico de FSH: >15-20 mUI/mL (coincidente com LH) 
• Maturação final do oócito: 
o Reinício da meiose I 
o Formação do 1º corpúsculo polar 
o Progressão para metáfase II 
• Ruptura folicular: 
o Ativação de colagenases 
o Formação do estigma 
o Liberação do complexo cumulus-oócito 
Perfil Hormonal: 
• LH: Pico de 25-100 mUI/mL 
• FSH: Pico de 15-25 mUI/mL 
• Estradiol: Declínio após o pico (150-250 pg/mL) 
• Progesterona: Início da elevação (1-2 ng/mL) 
FASE LÚTEA/SECRETORA (Dias 15-28): 
Eventos Ovarianos: 
• Formação do corpo lúteo: 
o Luteinização das células da granulosa e teca 
o Vascularização intensa 
o Produção de progesterona e estradiol 
• Função lútea máxima (Dias 20-22): 
o Corpo lúteo: diâmetro 15-25 mm 
o Máxima produção hormonal 
• Regressão lútea (Dias 26-28): 
o Luteólise (se não há gravidez) 
o Formação do corpo albicans 
o Queda hormonal abrupta 
Eventos Endometriais: 
• Fase secretora inicial (Dias 15-19): 
o Início da secreção glandular 
o Edema do estroma 
o Espiralizção das artérias 
• Fase secretora média (Dias 20-23): 
o Máxima atividade secretora 
o Glândulas em "dente de serra" 
o Decidualização do estroma 
• Fase secretora tardia (Dias 24-28): 
o Declínio da atividade secretora 
o Infiltração leucocitária 
o Preparação para menstruação 
Perfil Hormonal: 
• Progesterona: 
o Pico: 8-25 ng/mL (dias 20-22) 
o Queda: 200 pg/mL, >48h) → ↑ LH (pico ovulatório) 
o Ativina → ↑ FSH 
3. Controle Intrafolicar: 
o IGF-1 → ↑ sensibilidade ao FSH 
o AMH → ↓ recrutamento folicular 
o Inibinas → ↓ FSH local 
b) Descreva a gametogênese feminina e quando ela se inicia. 
Definição e Início: 
A gametogênese feminina (oogênese) é o processo de formação e maturação 
dos gametas femininos (óvulos). Este processo inicia-se durante o 
desenvolvimento embrionário e apresenta características únicas em relação à 
gametogênese masculina. 
Cronologia do Desenvolvimento: 
PERÍODO EMBRIONÁRIO/FETAL: 
Semanas 3-4 (Desenvolvimento embrionário): 
• Formação das células germinativas primordiais (CGP) 
• Migração das CGP: 
o Origem: saco vitelínico 
o Destino: cristas genitais (futuras gônadas) 
o Número inicial: ~1.000 células 
Semanas 5-6: 
• Proliferação das CGP: 
o Divisões mitóticas rápidas 
o Número: ~10.000 células 
• Diferenciação em oogônias 
• Influência hormonal: 
o WNT4: sinalização feminizante 
o RSPO1: ativação de vias femininas 
Semanas 8-20: 
• Fase de multiplicação: 
o Divisões mitóticas intensas das oogônias 
o Pico populacional: ~7 milhões (20ª semana) 
o Início da diferenciação sexual gonadal 
Semanas 11-12: 
• Início da meiose I: 
o Oogônias → oócitos I 
o Entrada na prófase I 
o Pareamento cromossômico (sinapse) 
Semanas 16-20: 
• Progressão da meiose I: 
o Leptóteno: Condensação cromossômica 
o Zigóteno: Pareamento homólogo 
o Paquíteno: Crossing-over 
o Diplóteno: Início da parada meiótica 
Semanas 20-28: 
• Parada em diplóteno (dictiotene): 
o Oócitos I arrestados em prófase I 
o Duração: desde período fetal até ovulação 
o Pode durar 10-50+ anos 
Nascimento: 
• População de oócitos: ~1-2 milhões 
• Todos arrestados em prófase I 
• Formação dos folículos primordiais 
Período Pós-Natal: 
Infância: 
• Atresia contínua: 1.000 oócitos/mês 
• População aos 7 anos: ~300.000 oócitos 
• Folículos primordiais → folículos primários (alguns) 
Puberdade: 
• Ativação do eixo HPG 
• Início da ovulação cíclica 
• Retomada da meiose I (mensal) 
Idade reprodutiva:• Ovulação mensal: 1 oócito por ciclo 
• Atresia acelerada: ~1.000 oócitos/mês 
• Foliculogênese cíclica estabelecida 
Perimenopausa/Menopausa: 
• Depleção folicular: 200 pg/mL por >48h 
• Mecanismo: Feedback positivo no hipotálamo 
• Concentrações: 
o LH: 25-100 mUI/mL (pico) 
o FSH: 15-25 mUI/mL (pico) 
Reinício da Meiose I: 
• Sinal iniciador: Pico de LH 
• Quebra da conexão gap junctions 
• Queda do cAMP intracelular 
• Ativação da proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK) 
Maturação do Oócito: 
• Quebra da vesícula germinativa (núcleo) 
• Condensação cromossômica 
• Formação do fuso meiótico 
• Progressão: diplóteno → metáfase I → anáfase I → telófase I 
Formação do 1º Corpúsculo Polar: 
• Divisão desigual: Oócito I → Oócito II + 1º corpúsculo polar 
• Distribuição do citoplasma: Desigual (preserva reservas no oócito) 
• Progressão para metáfase II: Nova parada meiótica 
Eventos Ovulatórios (0-2 horas): 
Mudanças na Parede Folicular: 
• Ativação enzimática: 
o Colagenase: degradação do colágeno 
o Hialuronidase: degradação do ácido hialurônico 
o Plasmina: ativação proteolítica 
Formação do Estigma: 
• Adelgaçamento da parede folicular 
• Área de 1-2 mm de diâmetro 
• Redução da vascularização local 
Expansão do Cumulus: 
• Síntese de ácido hialurônico 
• Expansão da matriz extracelular 
• Separação das células do cumulus 
• Formação da corona radiata 
Ruptura Folicular: 
• Pressão intrafolicar: 20-30 mmHg 
• Ruptura do estigma 
• Liberação do complexo cumulus-oócito 
• Extravasamento do líquido folicular 
Eventos Pós-Ovulatórios: 
Captação pela Tuba: 
• Movimento das fimbrias tubárias 
• Correntes ciliar e muscular 
• Captação do complexo cumulus-oócito 
• Eficiência: ~90% dos casos 
Formação do Corpo Lúteo: 
• Colapso da cavidade folicular 
• Invasão vascular 
• Luteinização: 
o Células da granulosa → células lúteas da granulosa 
o Células da teca → células lúteas da teca 
• Produção hormonal: 
o Progesterona: 15-25 ng/mL 
o Estradiol: 100-200 pg/mL 
o Relaxina: 500-2000 pg/mL 
Destino do Oócito II: 
Se Não Fertilizado: 
• Degeneração em 12-24 horas 
• Localização: Ampola tubária 
• Fagocitose por macrófagos 
• Absorção pelos tecidos 
Se Fertilizado: 
• Completação da meiose II 
• Formação do 2º corpúsculo polar 
• Desenvolvimento embrionário 
• Implantação no endométrio 
Regulação Molecular da Ovulação: 
Fatores Estimuladores: 
• EGF (Fator de Crescimento Epidérmico) 
• Amphiregulina 
• Progesterona (paradoxalmente) 
• Prostaglandinas E2 e F2α 
Fatores Inibidores: 
• OMI (Oocyte Maturation Inhibitor) 
• Hipoxantina 
• Adenosina 
• NPPC (Peptídeo Natriurético tipo C) 
d) Quais componentes do sistema reprodutivo feminino e suas funções? 
OVÁRIOS 
Anatomia: 
• Localização: Pelve menor, lateral ao útero 
• Dimensões: 3-4 cm (comprimento) × 2-3 cm (largura) × 1-2 cm 
(espessura) 
• Peso: 4-8 g (varia com idade e fase do ciclo) 
• Formato: Ovoide, achatado dorso-ventralmente 
Estrutura Histológica: 
Córtex Ovariano: 
• Epitélio superficial: Células cuboides simples 
• Túnica albugínea: Tecido conjuntivo denso (0,1 mm) 
• Estroma cortical: 
o Células fusiformes 
o Fibras colágenas 
o Folículos em diferentes estágios 
• Região subcapsular: Folículos primordiais 
Medula Ovariana: 
• Estroma medular: Tecido conjuntivo frouxo 
• Vascularização: Artérias, veias, linfáticos 
• Inervação: Fibras simpáticas e parassimpáticas 
• Células hílares: Análogas às células de Leydig 
Vascularização: 
• Artéria ovariana: Ramo da aorta abdominal 
• Artéria uterina: Ramo da artéria ilíaca interna 
• Plexo pampiniforme: Drenagem venosa 
• Sistema contracorrente: Regulação térmica 
Inervação: 
• Simpática: Gânglios celíaco e mesentérico superior 
• Parassimpática: Nervo vago (mínima) 
• Sensitiva: Gânglios T10-T11 
Funções: 
1. Gametogênese: Produção e maturação de oócitos 
2. Esteroidogênese: Síntese de hormônios sexuais 
3. Regulação endócrina: Feedback hormonal 
4. Reservatório de gametas: Estoque folicular 
TUBAS UTERINAS (TROMPAS DE FALÓPIO) 
Anatomia: 
• Comprimento: 10-14 cm 
• Diâmetro: Variável (1-10 mm) 
• Localização: Entre ovário e útero 
• Número: Bilateral (2 tubas) 
Segmentos Anatômicos: 
Segmento Intramural (Intersticial): 
• Comprimento: 1-2 cm 
• Diâmetro: 0,5-1 mm 
• Localização: Parede uterina 
• Características: Luz mais estreita 
Istmo: 
• Comprimento: 2-3 cm 
• Diâmetro: 2-3 mm 
• Características: Parede muscular espessa 
• Função: Controle do transporte gamético 
Ampola: 
• Comprimento: 5-8 cm 
• Diâmetro: 5-10 mm 
• Características: Segmento mais dilatado 
• Função: Local de fertilização (80% dos casos) 
Infundíbulo (Pavilhão): 
• Características: Extremidade em funil 
• Fímbrias: Projeções digitiformes (10-15) 
• Fímbria ovariana: Mais longa, aderida ao ovário 
• Função: Captação do oócito 
Estrutura Histológica: 
Mucosa (Endossalpinge): 
• Epitélio: Cilíndrico simples ciliado 
• Tipos celulares: 
o Células ciliadas (60%): Transporte gamético 
o Células secretoras (30%): Nutrição do oócito/embrião 
o Células intercalares (10%): Células progenitoras 
• Lâmina própria: Tecido conjuntivo frouxo 
Muscular (Miossalpinge): 
• Camada circular interna: Contrações peristálticas 
• Camada longitudinal externa: Movimentos ondulatórios 
• Inervação: Simpática e parassimpática 
Serosa (Peritônio): 
• Mesossalpinge: Dobra peritoneal 
• Vascularização: Artérias tubárias 
• Ligamentos: Suspensórios 
Vascularização: 
• Artéria tubária: Ramo da artéria uterina e ovariana 
• Drenagem venosa: Plexos uterino e pampiniforme 
• Linfáticos: Linfonodos lombares e ilíacos 
Funções: 
1. Captação ovular: Fímbrias captam oócito 
2. Transporte gamético: Movimentos ciliar e muscular 
3. Fertilização: Ambiente adequado para fecundação 
4. Transporte embrionário: Condução até útero 
5. Nutrição: Secreções tubárias 
ÚTERO 
Anatomia: 
• Formato: Pera invertida 
• Dimensões (nulípara): 
o Comprimento: 7-8 cm 
o Largura: 4-5 cm (fundo) 
o Espessura: 2-3 cm 
• Peso: 50-70 g (nulípara), 80-120 g (multípara) 
• Capacidade: 5-10 mL (não grávido) 
Divisões Anatômicas: 
Corpo Uterino: 
• Fundo uterino: Parte superior convexa 
• Corpo propriamente dito: Parte média 
• Istmo: Zona de transição (1 cm) 
Colo Uterino (Cérvix): 
• Comprimento: 2,5-3cm 
• Porção supravaginal: 2/3 superiores 
• Porção vaginal: 1/3 inferior (ectocérvix) 
• Canal cervical: Luz do colo 
• Orifícios: Interno e externo 
Estrutura Histológica: 
Endométrio: 
• Epitélio superficial: Cilíndrico simples 
• Glândulas uterinas: Tubulares simples 
• Estroma endometrial: Células fusiformes 
• Vascularização: Artérias espiraladas e basais 
Camadas do Endométrio: 
• Funcional (2/3 superficiais): 
o Descama na menstruação 
o Hormônio-dependente 
o Rica em glândulas e vasos 
• Basal (1/3 profundo): 
o Permanece na menstruação 
o Fonte de regeneração 
o Vascularização basal 
Miométrio: 
• Camada subendometrial: Fibras circulares 
• Camada média: Fibras entrelaçadas + vasos 
• Camada subserosa: Fibras longitudinais 
• Características: Músculo liso, rico em receptores hormonais 
Perimétrio (Serosa): 
• Peritônio visceral 
• Tecido conjuntivo frouxo 
• Vascularização superficial 
Vascularização: 
• Artérias uterinas: Ramos da artéria ilíaca interna 
• Artérias arqueadas: No miométrio 
• Artérias radiais: Direção centrípeta 
• Artérias espiraladas: Endométrio funcional 
• Artérias basais: Endométrio basal 
Inervação: 
• Simpática: Plexos hipogástrico superior e inferior 
• Parassimpática: Nervos pélvicos (S2-S4) 
• Sensitiva: Segmentos T11-L2 
Funções: 
1. Implantação: Sítio de nidação embrionária 
2. Gestação: Desenvolvimento fetal 
3. Parto: Contrações expulsivas 
4. Menstruação: Descamação endometrial cíclica 
5. Transporte espermático: Via ascendente 
VAGINA 
Anatomia: 
• Comprimento: 8-12 cm 
• Orientação: Oblíqua (45° com horizontal) 
• Paredes: Anterior e posterior 
• Fórnices: Anterior, posterior e laterais 
• Hímen: Membrana perfurada (entrada) 
Estrutura Histológica: 
Mucosa Vaginal: 
• Epitélio: Estratificado pavimentoso não queratinizado 
• Camadas celulares: 
o Basal: Células germinativas 
o Parabasal: Células em maturação 
o Intermediária: Células poligonais 
o Superficial: Células descamativas 
• Lâmina própria: Tecido conjuntivo, sem glândulas 
Muscular: 
• Fibras lisas: Orientação circular e longitudinal 
• Tecido erétil: Plexos venosos 
• Esfíncter: Músculo bulboesponjoso 
Adventícia: 
• Tecido conjuntivo frouxo 
• Vascularização rica 
• Inervação sensitiva 
Microbiota Vaginal: 
• Lactobacilos: 95% (flora normal) 
o L. crispatus, L. gasseri, L. iners, L. jensenii 
• pH: 3,8-4,5 (ácido) 
• Produção de ácido láctico 
• Peróxido de hidrogênio 
Vascularização: 
• Artérias vaginais: Ramos da artéria uterina 
• Artéria vaginal: Ramo da artéria ilíaca interna 
• Plexo venoso vaginal: Drenagem rica 
• Linfáticos: Linfonodos ilíacos e inguinais 
Funções: 
1. Órgão copulatório: Recepção do pênis 
2. Canal de parto: Via de expulsão fetal 
3. Via de eliminação: Fluxo menstrual 
4. Proteção: Barreira contra infecções 
5. Resposta sexual: Lubrificação e dilatação 
GENITÁLIA EXTERNA (VULVA) 
Componentes: 
Monte de Vênus (Monte Púbico): 
• Localização: Sobre a sínfise púbica 
• Características: Tecido adiposo subcutâneo 
• Pelos: Distribuição triangular (pós-puberdade) 
Lábios Maiores: 
• Características: Dobras cutâneas espessas 
• Comprimento: 7-9 cm 
• Composição: Tecido adiposo e glândulas sebáceas 
• Pelos: Superfície externa (pós-puberdade) 
Lábios Menores: 
• Características: Dobras mucosas finas 
• Variação: Tamanho e forma individuais 
• Composição: Mucosa sem pelos 
• Glândulas: Sebáceas e de Bartholin 
Clitóris: 
• Estrutura: Órgão erétil 
• Partes: 
o Glande: Porção visível (6-8 mm) 
o Corpo: Porção oculta (2-4 cm) 
o Crura: Raízes (9-11 cm cada) 
• Inervação: Rica (8.000 terminações nervosas) 
• Função: Órgão sexual primário 
Vestíbulo: 
• Delimitação: Entre lábios menores 
• Aberturas: 
o Meato uretral: Drenagem vesical 
o Óstio vaginal: Entrada vaginal 
o Ductos de Bartholin: Glândulas laterais 
o Ductos de Skene: Glândulas parauretrais 
Glândulas de Bartholin: 
• Localização: Posterolaterais ao óstio vaginal 
• Função: Lubrificação durante excitação 
• Ductos: 1,5-2 cm de comprimento 
• Secreção: Muco alcalino 
Períneo: 
• Localização: Entre vulva e ânus 
• Comprimento: 2-4 cm 
• Composição: Músculo e tecido conjuntivo 
• Importância: Suporte do assoalho pélvico 
Vascularização: 
• Artéria pudenda interna: Suprimento principal 
• Artérias labiais: Lábios maiores e menores 
• Artéria dorsal do clitóris: Irrigação clitoriana 
• Drenagem venosa: Plexos vulvares 
Inervação: 
• Sensitiva: 
o Nervo ilioinguinal: Monte púbico 
o Nervo genitofemoral: Lábios maiores 
o Nervo pudendo: Períneo e clitóris 
• Autônoma: Regulação vascular e glandular 
Funções: 
1. Proteção: Barreira contra trauma e infecções 
2. Função sexual: Resposta erétil e orgásmica 
3. Lubrificação: Secreções glandulares 
4. Suporte: Estruturas de suspensão pélvica 
 
HIPÓTESE 3: “A ESCOLARIZAÇÃO ACERCA DO PLANEJAMENTO 
FAMILIAR, DA SEXUALIDADE E DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 
CONTRIBUÍ PARA A DIMINUIÇÃO DE GRAVIDEZ INDESEJADA” 
 
a) Quais são e como funcionam os métodos contraceptivos femininos? 
Qual sua eficácia em porcentagem? 
CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 
1. MÉTODOS HORMONAIS 
CONTRACEPTIVOS ORAIS COMBINADOS (COC): 
Composição e Mecanismo: 
• Componentes: Estrogênio (etinilestradiol 15-35 μg) + Progestagênio 
(variável) 
• Mecanismos de ação: 
o Supressão da ovulação (primário): Inibição de FSH e LH 
o Espessamento do muco cervical: ↓ penetração espermática 
o Alterações endometriais: ↓ receptividade à implantação 
o Alterações na motilidade tubária 
Tipos de COC: 
• Monofásicos: Dose constante durante 21 dias 
• Multifásicos: Doses variáveis (bifásico, trifásico) 
• Uso contínuo: 84 dias ativos + 7 dias placebo 
• Dose ultra-baixa: ≤20 μg etinilestradiol 
Eficácia: 
• Uso perfeito: 99,7% (0,3% de falha) 
• Uso típico: 91% (9% de falha) 
• Índice de Pearl: 0,1-0,9 gestações/100 mulheres-ano 
Contraindicações Absolutas: 
• Tromboembolismo venoso ativo ou história prévia 
• Doença cerebrovascular 
• Cardiopatia isquêmica 
• Enxaqueca com aura 
• Hepatopatia ativa ou tumores hepáticos 
• Câncer de mama atual ou pregresso 
• Gravidez 
• Sangramento uterino anormal não investigado 
• Tabagismo >15 cigarros/dia em >35 anos 
CONTRACEPTIVOS ORAIS APENAS COM PROGESTAGÊNIO (POP): 
Composição: 
• Minipílula tradicional: Noretisterona 0,35 mg, Levonorgestrel 0,03 mg 
• Desogestrel: 75 μg (inibe ovulação em 97% dos ciclos) 
Mecanismos: 
• Espessamento do muco cervical (principal) 
• Alterações endometriais 
• Supressão ovulatória (parcial, exceto desogestrel) 
• Diminuição da motilidade tubária 
Eficácia: 
• Uso perfeito: 99,7% (desogestrel), 99,5% (tradicional) 
• Uso típico: 90-95% 
• Índice de Pearl: 0,14-1,1 gestações/100 mulheres-ano 
Vantagens: 
• Pode ser usado durante amamentação 
• Ausência de estrogênio (menos efeitos trombóticos) 
• Uso em contraindicações aos COC 
CONTRACEPTIVOS INJETÁVEIS: 
Acetato de Medroxiprogesterona de Depósito (DMPA): 
• Dose: 150 mg intramuscular a cada 12 semanas 
• Mecanismo: Supressão ovulatória completa 
• Eficácia: >99,7% (uso típico e perfeito similares) 
• Índice de Pearl: 0,2-0,3 gestações/100 mulheres-ano 
Enantato de Noretisterona: 
• Dose: 200 mg intramuscular a cada 8 semanas 
• Composição: NET-EN + 5 mg valerato de estradiol 
• Eficácia: >99% 
• Perfil: Menor impacto na densidade óssea 
Efeitos Adversos: 
• Irregularidade menstrual (comum) 
• Amenorreia (50% após 1 ano) 
• Ganho de peso (2-3 kg/ano) 
• Diminuição da densidade óssea (reversível) 
• Atraso no retorno da fertilidade (6-18 meses) 
IMPLANTE SUBDÉRMICO: 
Características: 
• Composição: Etonogestrel 68 mg 
• Duração: 3 anos 
• Inserção: Subcutânea no braço não dominante 
• Liberação: 25-30 μg/dia (1º ano) → 5-10 μg/dia (3º ano) 
Mecanismo: 
• Supressão ovulatória (>95% dos ciclos) 
• Espessamento do muco cervical 
• Alterações endometriais 
Eficácia: 
• >99,9% (usotípico e perfeito iguais) 
• Índice de Pearl: 0,02-0,05 gestações/100 mulheres-ano 
• Falhas: Principalmente por erro na inserção ou IMC >30 kg/m² 
Efeitos Adversos: 
• Sangramento irregular (70-80% das usuárias) 
• Amenorreia (22-33% no primeiro ano) 
• Cefaleia, mastalgia, alterações do humor 
• Ganho de peso discreto 
ANEL VAGINAL: 
Características: 
• Composição: Etinilestradiol 15 μg + Etonogestrel 120 μg/dia 
• Uso: 3 semanas inserido + 1 semana de pausa 
• Material: Copolímero EVA (etileno vinil acetato) 
• Diâmetro: 54 mm, espessura 4 mm 
Vantagens: 
• Não requer ação diária 
• Menor dose hormonal total 
• Menor impacto gastrointestinal 
• Boa aceitação (>90%) 
Eficácia: 
• Uso perfeito: 99,7% 
• Uso típico: 91% 
• Índice de Pearl: 0,65 gestações/100 mulheres-ano 
ADESIVO TRANSDÉRMICO: 
Características: 
• Composição: Etinilestradiol 35 μg + Norelgestromina 150 μg/dia 
• Uso: 1 adesivo/semana × 3 semanas + 1 semana de pausa 
• Área: 20 cm² 
• Locais: Braço, tronco, abdome, nádegas 
Eficácia: 
• Similar aos COC: 99,7% (uso perfeito), 91% (uso típico) 
• Redução em mulheres >90 kg 
• Índice de Pearl: 0,7-0,9 gestações/100 mulheres-ano 
2. DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIU) 
DIU DE COBRE (TCu 380A): 
Características: 
• Material: Polietileno em forma de T + fio de cobre (380 mm²) 
• Duração: 10-12 anos 
• Tamanho: 32 mm (braços) × 36 mm (haste) 
• Fios: Polipropileno monofilamento 
Mecanismos: 
• Efeito espermaticida: Íons Cu²⁺ tóxicos aos espermatozoides 
• Alterações endometriais: Reação inflamatória estéril 
• Alterações do muco cervical: ↑ viscosidade 
• Capacitação espermática alterada: ↓ fertilização 
• Efeito anti-implantação: Ambiente uterino hostil 
Eficácia: 
• >99,2% (uso típico e perfeito similares) 
• Índice de Pearl: 0,6-0,8 gestações/100 mulheres-ano 
• Falhas: Principalmente no 1º ano (1,4/1000) 
Efeitos Adversos: 
• Aumento do fluxo menstrual (30-50%) 
• Dismenorreia (15-20%) 
• Spotting intermenstrual 
• Anemia ferropriva (raro) 
DIU LIBERADOR DE LEVONORGESTREL (SIU-LNG): 
Mirena (52 mg): 
• Liberação: 20 μg/dia (inicial) → 10 μg/dia (5 anos) 
• Duração: 5-7 anos 
• Indicações: Contracepção + menorragia idiopática 
Kyleena (19,5 mg): 
• Liberação: 17,5 μg/dia (inicial) → 7,4 μg/dia (5 anos) 
• Duração: 5 anos 
• Perfil: Menor dispositivo, nulíparas 
Skyla (13,5 mg): 
• Liberação: 14 μg/dia (inicial) → 5 μg/dia (3 anos) 
• Duração: 3 anos 
Mecanismos: 
• Atrofia endometrial (principal) 
• Espessamento do muco cervical 
• Supressão ovulatória parcial (25-85% dos ciclos) 
• Alterações na motilidade tubária 
Eficácia: 
• >99,8% (todos os tipos) 
• Índice de Pearl: 0,1-0,2 gestações/100 mulheres-ano 
• Eficácia superior ao DIU de cobre 
Benefícios Adicionais: 
• Redução do fluxo menstrual (80-90%) 
• Amenorreia (20-60% em 2 anos) 
• Redução da dismenorreia 
• Proteção endometrial contra hiperplasia 
3. MÉTODOS DE BARREIRA 
PRESERVATIVO FEMININO: 
Características: 
• Material: Poliuretano ou nitrilo (livre de látex) 
• Estrutura: Anel interno (inserção) + anel externo (proteção) 
• Comprimento: 17 cm 
• Lubrificação: Pré-lubrificado 
Mecanismo: 
• Barreira física completa 
• Proteção contra IST (incluindo HIV) 
• Cobre vulva, vagina e colo uterino 
Eficácia: 
• Uso perfeito: 95% 
• Uso típico: 79% 
• Índice de Pearl: 5-21 gestações/100 mulheres-ano 
Vantagens: 
• Dupla proteção (gravidez + IST) 
• Controle feminino 
• Ausência de efeitos sistêmicos 
• Uso durante menstruação 
DIAFRAGMA: 
Características: 
• Material: Silicone médico flexível 
• Tamanhos: 65-95 mm (diâmetro) 
• Formato: Cúpula com aro flexível 
• Duração: 2-3 anos com cuidado adequado 
Mecanismo: 
• Barreira física sobre o colo uterino 
• Uso obrigatório com espermicida 
• Retenção do espermicida no fórnice vaginal 
Eficácia: 
• Uso perfeito: 94% 
• Uso típico: 88% 
• Índice de Pearl: 6-12 gestações/100 mulheres-ano 
Técnica de Uso: 
• Aplicação de espermicida (2-5 ml) 
• Inserção até 6 horas antes da relação 
• Permanência mínima 6 horas pós-coito 
• Remoção máxima em 24 horas 
CAPUZ CERVICAL: 
Características: 
• Material: Silicone médico 
• Tamanhos: 3 tamanhos baseados na paridade 
• Formato: Copa pequena com aba 
• Duração: 1-2 anos 
Eficácia: 
• Nulíparas: 84% (uso típico) 
• Multíparas: 68% (uso típico) 
• Diferença: Relacionada às mudanças cervicais pós-parto 
4. ESPERMICIDAS 
NONOXINOL-9 (N-9): 
Apresentações: 
• Cremes: Concentração 2-12% 
• Espumas: 8-12,5% 
• Supositórios: 100-150 mg 
• Filmes: 72-100 mg 
• Esponjas: 1g N-9 
Mecanismo: 
• Desorganização da membrana celular espermática 
• Redução da motilidade espermática 
• Efeito espermaticida em 15-60 segundos 
Eficácia (monoterapia): 
• Uso perfeito: 82% 
• Uso típico: 72% 
• Índice de Pearl: 18-28 gestações/100 mulheres-ano 
Limitações: 
• Irritação vaginal/cervical (uso frequente) 
• ↑ risco de HIV (lesões microscópicas) 
• Ineficácia contra IST 
• Necessidade de reaplicação a cada relação 
5. MÉTODOS NATURAIS/COMPORTAMENTAIS 
MÉTODO DE AMENORREIA LACTACIONAL (LAM): 
Critérios: 
• Amamentação exclusiva ou predominante 
• Amenorreia completa 
• Bebê 99,5% (todas as técnicas) 
• Índice de Pearl: 0,13-0,55 gestações/100 mulheres-ano 
• Taxa de falha: 1/200-500 (dependente da técnica) 
Complicações: 
• Imediatas: Sangramento, lesão de órgãos, anestésicas 
• Tardias:Gravidez ectópica (1/3 das falhas), dor pélvica crônica 
• Reversão: 30-80% (dependente da técnica, experiência) 
CRITÉRIOS LEGAIS (BRASIL): 
• Lei 9.263/1996: Planejamento familiar 
• Idade mínima: 25 anos OU ≥2 filhos vivos 
• Prazo de reflexão: 60 dias entre decisão e cirurgia 
• Consentimento informado: Obrigatório 
• Situações especiais: Risco materno, cesariana 
 
b) O que é e como funciona o planejamento familiar? 
DEFINIÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Definição da OMS: 
O planejamento familiar é definido como "o direito básico de todos os casais e 
indivíduos de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento 
e a oportunidade de ter filhos", incluindo o direito à informação e acesso aos 
métodos de regulação da fertilidade de sua escolha, seguros, eficazes, 
aceitáveis e economicamente acessíveis. 
Conceito Abrangente: 
O planejamento familiar transcende a simples escolha de métodos 
contraceptivos, englobando: 
Dimensão Reprodutiva: 
• Decisão sobre ter ou não filhos 
• Número desejado de filhos 
• Espaçamento entre gestações 
• Momento ideal para engravidar 
• Prevenção de gravidez não planejada 
Dimensão de Saúde: 
• Saúde materna e perinatal 
• Prevenção de morbimortalidade 
• Tratamento de infertilidade 
• Aconselhamento genético 
• Prevenção de IST/HIV 
Dimensão Social: 
• Equidade de gênero 
• Empoderamento feminino 
• Impacto socioeconômico 
• Direitos reprodutivos 
• Qualidade de vida familiar 
MARCOS LEGAIS E POLÍTICOS 
Legislação Brasileira: 
Constituição Federal (1988): 
• Art. 226, §7º: "Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e 
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do 
casal" 
• Competência: Estado deve propiciar recursos educacionais e científicos 
Lei 9.263/1996 (Lei de Planejamento Familiar): 
• Princípios: 
o Autonomia reprodutiva 
o Liberdade de escolha 
o Responsabilidade parental 
o Acesso universal aos serviços 
• Proibições: Coerção, discriminação, violência 
• Garantias: Informação, educação, acesso a métodos 
Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos (2005): 
• Integração com SUS 
• Atenção integral à saúde 
• Capacitação profissional 
• Participação social 
Direitos Reprodutivos: 
Direitos Fundamentais: 
1. Autonomia reprodutiva: Decidir sobre reprodução 
2. Não discriminação: Igualdade de acesso independente de raça, classe, 
religião 
3. Informação: Acesso a informações completas e precisas 
4. Privacidade: Confidencialidade nas decisões reprodutivas 
5. Benefício do progresso científico: Acesso a tecnologias seguras 
Convenções Internacionais: 
• Cairo (1994): Conferência sobre População e Desenvolvimento 
• Beijing (1995): 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher 
• CEDAW: Convenção sobre Eliminação de todas as formas de 
Discriminação contra a Mulher 
COMPONENTES DO PLANEJAMENTO FAMILIAR 
1. EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO 
Aconselhamento Contraceptivo: 
Princípios Fundamentais: 
• Centrado no cliente: Necessidades e preferências individuais 
• Não diretivo: Evitar imposição de escolhas 
• Culturalmente sensível: Respeito às crenças e valores 
• Baseado em evidências: Informações cientificamente corretas 
Processo de Aconselhamento (GATHER): 
• G (Greet): Acolhimento respeitoso 
• A (Ask): Investigar necessidades e situação 
• 
o T (Tell): Fornecer informações relevantes 
• H (Help): Auxiliar na tomada de decisão 
• E (Explain): Explicar o método escolhido 
• R (Return): Agendar seguimento 
Informações Essenciais: 
• Eficácia de cada método 
• Mecanismo de ação 
• Forma de uso correta 
• Efeitos adversos possíveis 
• Contraindicações 
• Benefícios não contraceptivos 
• Critérios de elegibilidade médica 
• Sinais de alerta 
• Custos envolvidos 
• Reversibilidade 
Educação em Saúde Sexual e Reprodutiva: 
Temas Fundamentais: 
• Anatomia e fisiologia reprodutiva 
• Ciclo menstrual e fertilidade 
• Sexualidade humana 
• Prevenção de IST/HIV 
• Violência baseada em gênero 
• Direitos reprodutivos 
• Relações interpessoais saudáveis 
Metodologias Educativas: 
• Grupos educativos 
• Material didático (folhetos, vídeos) 
• Consultas individuais 
• Atividades comunitárias 
• Educação por pares 
• Tecnologias digitais (apps, sites) 
2. ACESSO A MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 
Critérios de Qualidade dos Serviços: 
Disponibilidade: 
• Variedade de métodos disponíveis 
• Continuidade do suprimento 
• Horários de atendimento adequados 
• Localização acessível 
Acessibilidade: 
• Gratuidade no SUS 
• Ausência de barreiras burocráticas 
• Atendimento a adolescentes 
• Respeito à diversidade (LGBTQI+) 
Aceitabilidade: 
• Atendimento respeitoso 
• Privacidade e confidencialidade 
• Competência técnica dos profissionais 
• Tempo adequado para consulta 
Qualidade: 
• Seguimento adequado 
• Manejo de efeitos adversos 
• Protocolos baseados em evidências 
• Integração com outros serviços 
Critérios Médicos de Elegibilidade (WHO/OMS): 
Categorias de Elegibilidade: 
• Categoria 1: Sem restrições ao uso 
• Categoria 2: Vantagens superam riscos 
• Categoria 3: Riscos superam vantagens (evitar) 
• Categoria 4: Contraindicação absoluta 
Fatores Avaliados: 
• Condições médicas preexistentes 
• Idade da usuária 
• Comportamentos de risco 
• Medicações em uso 
• História obstétrica 
• Preferências pessoais 
3. ASSISTÊNCIA À INFERTILIDADE 
Conceito: Infertilidade é definida como a incapacidade de estabelecer uma 
gravidez clinicamente reconhecida após 12 meses de relações sexuais regulares 
e desprotegidas. 
Tipos: 
• Infertilidade primária: Nunca engravidou 
• Infertilidade secundária: Já engravidou anteriormente 
• Esterilidade: Incapacidade absoluta de conceber 
Prevalência: 
• Global: 8-12% dos casais 
• Brasil: Aproximadamente 8 milhões de pessoas 
• Fator feminino: 35-40% 
• Fator masculino: 35-40% 
• Fator misto: 10-15% 
• Idiopática: 10-15% 
Investigação Básica: 
• História clínica detalhada 
• Exame físico completo 
• Avaliação da ovulação 
• Análise seminal 
• Avaliação da permeabilidade tubária 
• Avaliação da cavidade uterina 
Tratamentos Disponíveis: 
• Indução da ovulação 
• Inseminação intrauterina 
• Fertilização in vitro 
• Micromanipulação de gametas 
• Doação de gametas 
• Gestação de substituição 
4. ASSISTÊNCIA PRÉ-CONCEPCIONAL 
Definição: Cuidados de saúde prestados antes da concepção para otimizar a 
saúde materna e os resultados perinatais. 
Componentes: 
Avaliação de Riscos: 
• História médica pessoal e familiar 
• História obstétrica prévia 
• Medicações em uso 
• Exposições ambientais/ocupacionais 
• Estilo de vida (tabaco, álcool, drogas) 
• Estado nutricional 
Intervenções Preventivas: 
• Suplementação de ácido fólico: 400-800 μg/dia 
• Vacinação: Atualização do calendário vacinal 
• Controle de doenças crônicas: DM, HAS, epilepsia 
• Rastreamento de IST: Tratamento quando necessário 
• Otimização do peso: IMC entre 18,5-24,9 kg/m² 
• Cessação do tabagismo: Programas específicos 
• Moderação do álcool: Abstinência completa 
• Exercícios físicos: Atividade regular moderada 
Aconselhamento Genético: 
• História familiar de malformações 
• Doenças genéticas conhecidas 
• Idade materna avançada (≥35 anos) 
• Consanguinidade 
• Exposição a teratógenos 
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS 
Níveis de Atenção: 
Atenção Primária: 
• Atividades: Consultas individuais, grupos educativos, dispensação de 
métodos 
• Métodos disponíveis: Hormonais orais, injetáveis, DIU, preservativos, 
diafragma 
• Profissionais: Médicos, enfermeiros, agentes comunitários 
• Integração: Saúde da mulher, pré-natal, puerpério 
Atenção Secundária: 
• Atividades: Inserção de DIU, implantes, investigação de infertilidade 
• Métodos especializados: Implantes subdérmicos, métodos definitivos 
• Profissionais: Ginecologistas, especialistas em reprodução 
• Referenciamento: Casos complexos, complicações 
Atenção Terciária: 
• Atividades:Reprodução assistida, cirurgias complexas 
• Tecnologias: FIV, micromanipulação, cirurgia reprodutiva 
• Profissionais: Especialistas em reprodução humana 
• Centros especializados: Hospitais universitários, clínicas privadas 
Indicadores de Qualidade: 
Indicadores de Processo: 
• Taxa de usuários ativos de métodos contraceptivos 
• Distribuição de métodos por tipo 
• Tempo de espera para atendimento 
• Taxa de descontinuação por método 
• Cobertura de ações educativas 
• Capacitação de profissionais 
Indicadores de Resultado: 
• Taxa de gravidez não planejada 
• Taxa de fecundidade adolescente 
• Mortalidade materna relacionada 
• Taxa de aborto inseguro 
• Satisfação das usuárias 
• Cumprimento das intenções reprodutivas 
 
c) O que é sexualidade? 
DEFINIÇÃO ABRANGENTE DE SEXUALIDADE 
Conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS): 
"A sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e abrange 
sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, 
intimidade e reprodução. A sexualidade é vivenciada e expressa em 
pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, 
práticas, papéis e relacionamentos." 
Conceito Multidimensional: 
A sexualidade humana é um fenômeno biopsicossocial complexo que integra 
múltiplas dimensões interdependentes e em constante interação. 
DIMENSÕES DA SEXUALIDADE 
1. DIMENSÃO BIOLÓGICA 
Diferenciação Sexual: 
Sexo Cromossômico: 
• 46,XX: Padrão feminino típico 
• 46,XY: Padrão masculino típico 
• Variações: Síndrome de Turner (45,X), Klinefelter (47,XXY), 
mosaicismos 
Sexo Gonádico: 
• Desenvolvimento embrionário: Gônadas indiferenciadas → testículos 
ou ovários 
• 6ª-7ª semana: Diferenciação testicular (gene SRY) 
• 8ª-10ª semana: Diferenciação ovariana (ausência de SRY) 
Sexo Hormonal: 
• Masculino: Testosterona, DHT, hormônio anti-mülleriano 
• Feminino: Estradiol, progesterona, inibinas 
• Desenvolvimento: Genitália interna e externa 
Sexo Genital: 
• Genitália interna: Ductos de Wolff (masculino) e Müller (feminino) 
• Genitália externa: Tubérculo genital, pregas e tumescências 
Sexo Cerebral: 
• Dimorfismo sexual cerebral: Diferenças estruturais e funcionais 
• Núcleos hipotalâmicos: INAH, SDN-POA 
• Influência hormonal: Períodos críticos de desenvolvimento 
Fisiologia da Resposta Sexual: 
Modelo de Masters e Johnson (1966): 
1. Fase de Excitação: 
o Feminina: Lubrificação vaginal, ingurgitamento clitoriano 
o Masculina: Ereção peniana, elevação testicular 
o Duração: Variável (minutos a horas) 
2. Fase de Platô: 
o Feminina: Formação da plataforma orgásmica, elevação uterina 
o Masculina: Aumento da glande, secreção pré-ejaculatória 
o Duração: 30 segundos a 3 minutos 
3. Fase do Orgasmo: 
o Feminina: Contrações uterinas e vaginais (0,8 seg de intervalo) 
o Masculina: Ejaculação em duas fases (emissão + expulsão) 
o Duração: 3-25 segundos 
4. Fase de Resolução: 
o Feminina: Capacidade multiorgásmica 
o Masculina: Período refratário obrigatório 
o Duração: Minutos a horas 
Modelo de Kaplan (1979): 
• Desejo sexual: Impulso motivacional 
• Excitação sexual: Resposta física 
• Orgasmo: Clímax da resposta sexual 
Modelo Circular de Basson (2001): 
• Modelo não linear: Aplicável especialmente à sexualidade feminina 
• Intimidade emocional: Motivador central 
• Excitação subjetiva: Independente da excitação genital 
Neurofisiologia Sexual: 
Sistema Nervoso Central: 
• Córtex cerebral: Processamento cognitivo e emocional 
• Sistema límbico: Motivação e prazer 
• Hipotálamo: Centro integrador 
• Tronco cerebral: Reflexos sexuais básicos 
Neurotransmissores: 
• Dopamina: ↑ desejo sexual e motivação 
• Serotonina: ↓ desejo sexual (em geral) 
• Noradrenalina: ↑ excitação sexual 
• Ocitocina: ↑ vínculo afetivo e orgasmo 
• GABA: Modulação inibitória 
Sistema Nervoso Periférico: 
• Inervação parassimpática: Excitação sexual (S2-S4) 
• Inervação simpática: Orgasmo e ejaculação (T11-L2) 
• Inervação somática: Contrações musculares orgásmicas 
2. DIMENSÃO PSICOLÓGICA 
Desenvolvimento Psicossexual: 
Teoria Psicanalítica (Freud): 
• Fase oral (0-18 meses): Prazer oral 
• Fase anal (18 meses-3 anos): Controle esfincteriano 
• Fase fálica (3-6 anos): Descoberta genital, complexo de Édipo 
• Latência (6-12 anos): Sublimação dos impulsos sexuais 
• Fase genital (adolescência): Sexualidade madura 
Desenvolvimento Sexual na Infância: 
• 0-2 anos: Exploração corporal, prazer sensorial 
• 2-5 anos: Curiosidade sexual, jogos exploratórios 
• 6-12 anos: Interesse pelo próprio corpo, questionamentos 
• Adolescência: Despertar sexual, primeiras experiências 
Aspectos Cognitivos: 
Schemas Sexuais: 
• Autoschemas sexuais: Percepções sobre própria sexualidade 
• Scripts sexuais: Roteiros mentais para comportamento sexual 
• Atitudes sexuais: Crenças e valores sobre sexo 
Fatores Cognitivos: 
• Atenção: Foco nos estímulos eróticos 
• Fantasia: Imaginação sexual 
• Expectativas: Crenças sobre desempenho 
• Autoeficácia: Confiança na capacidade sexual 
Aspectos Emocionais: 
Emoções Facilitadoras: 
• Amor: Conexão íntima 
• Desejo: Motivação sexual 
• Excitação: Ativação fisiológica 
• Prazer: Recompensa hedônica 
Emoções Inibidoras: 
• Ansiedade: Especialmente ansiedade de desempenho 
• Depressão: Redução do interesse sexual 
• Culpa: Conflitos morais/religiosos 
• Vergonha: Baixa autoestima corporal 
Identidade Sexual: 
Componentes: 
• Identidade de gênero: Como se percebe (homem/mulher/não-binário) 
• Orientação sexual: Para quem se sente atraído 
• Papel de gênero: Como expressa masculinidade/feminilidade 
• Comportamento sexual: Como age sexualmente 
Desenvolvimento: 
• Infância precoce: Consciência de gênero (2-3 anos) 
• Infância tardia: Consolidação da identidade de gênero 
• Adolescência: Definição da orientação sexual 
• Vida adulta: Refinamento e integração da identidade 
3. DIMENSÃO SOCIOCULTURAL 
Construção Social da Sexualidade: 
Variabilidade Cultural: 
• Normas sexuais: Variam entre culturas e épocas 
• Rituais de iniciação: Passagem para vida sexual adulta 
• Tabus sexuais: Proibições culturalmente determinadas 
• Expressões da sexualidade: Formas aceitas de comportamento sexual 
Socialização Sexual: 
• Família: Primeiras mensagens sobre sexualidade 
• Pares: Influência do grupo na adolescência 
• Mídia: Modelos e expectativas sexuais 
• Educação: Informações formais sobre sexualidade 
• Religião: Valores morais e éticos 
Papéis de Gênero: 
Conceitos Tradicionais: 
• Masculinidade: Atividade sexual, múltiplas parceiras, dominância 
• Feminilidade: Passividade sexual, monogamia, submissão 
Transformações Contemporâneas: 
• Empoderamento feminino: Direito ao prazer sexual 
• Nova masculinidade: Sensibilidade e expressão emocional 
• Fluidez de gênero: Questionamento dos papéis rígidos 
Diversidade Sexual: 
Orientação Sexual: 
• Heterossexualidade: Atração pelo sexo oposto 
• Homossexualidade: Atração pelo mesmo sexo 
• Bissexualidade: Atração por ambos os sexos 
• Pansexualidade: Atração independente do gênero 
• Assexualidade: Ausência ou baixa atração sexual 
Identidade de Gênero: 
• Cisgênero: Identidade conforme sexo biológico 
• Transgênero: Identidade divergente do sexo biológico 
• Não-binário: Identidade fora da dualidade homem/mulher 
• Gênero fluido: Identidade variável no tempo 
4. DIMENSÃO RELACIONAL 
Intimidade e Relacionamentos: 
Teoria Triangular do Amor (Sternberg): 
• Intimidade: Proximidade emocional, confiança 
• Paixão: Atração física, excitação sexual 
• Compromisso: Decisão de manter a relação 
Tipos de Amor: 
• Amor Romântico: Intimidade + paixão 
• Amor Companheiro: Intimidade + compromisso 
• Amor Completo: Intimidade + paixão + compromisso 
Comunicação Sexual: 
Elementos da Comunicação Efetiva: 
• Assertividade: Expressão clara de desejos e limites 
• Escuta ativa: Atenção às necessidades do parceiro• Empatia: Compreensão das perspectivas do outro 
• Negociação: Busca de soluções mutuamente satisfatórias 
Barreiras à Comunicação: 
• Tabus culturais: Dificuldade em falar sobre sexo 
• Diferenças de gênero: Estilos comunicativos distintos 
• Ansiedade: Medo de julgamento ou rejeição 
• Falta de vocabulário: Limitações para expressar experiências 
Consentimento Sexual: 
Características do Consentimento Válido: 
• Livre: Ausência de coerção ou pressão 
• Informado: Conhecimento das implicações 
• Específico: Para atos específicos, não geral 
• Revogável: Pode ser retirado a qualquer momento 
• Contínuo: Deve ser reconfirmado durante a atividade 
Fatores que Invalidam o Consentimento: 
• Intoxicação: Álcool ou drogas 
• Idade: Menores de idade 
• Incapacidade mental: Deficiência intelectual 
• Coerção: Pressão física ou psicológica 
• Poder desigual: Relações hierárquicas 
5. DIMENSÃO ÉTICA E ESPIRITUAL 
Valores e Ética Sexual: 
Princípios Éticos Universais: 
• Autonomia: Direito à autodeterminação sexual 
• Não maleficência: Não causar danos 
• Beneficência: Promover o bem-estar 
• Justiça: Equidade no acesso aos direitos sexuais 
Abordagens Éticas: 
• Ética religiosa: Baseada em preceitos sagrados 
• Ética secular: Baseada em princípios humanísticos 
• Ética situacional: Contextualizada nas circunstâncias 
• Ética do cuidado: Foco nas relações e responsabilidades 
Espiritualidade e Sexualidade: 
Perspectivas Religiosas: 
• Catolicismo: Sexualidade dentro do casamento para procriação 
• Protestantismo: Variedade de posições, alguns mais liberais 
• Islamismo: Regulamentação detalhada da vida sexual 
• Judaísmo: Leis específicas (niddah, mikveh) 
• Budismo: Moderação e consciência sexual 
• Espiritualidades contemporâneas: Integração entre sagrado e sexual 
Sexualidade Sagrada: 
• Tantra: Sexualidade como caminho espiritual 
• Taoísmo sexual: Harmonia energética 
• Tradições indígenas: Sexualidade integrada à cosmologia 
6. DIMENSÃO EDUCACIONAL 
Educação Sexual Integral: 
Princípios Fundamentais: 
• Científica: Baseada em evidências 
• Laica: Respeitosa à diversidade religiosa 
• Inclusiva: Contempla toda diversidade sexual 
• Emancipadora: Promove autonomia e direitos 
• Ao longo da vida: Processo contínuo 
Objetivos: 
• Conhecimento: Informações sobre anatomia, fisiologia, reprodução 
• Habilidades: Comunicação, negociação, proteção 
• Atitudes: Respeito, tolerância, responsabilidade 
• Valores: Direitos humanos, equidade, dignidade 
Abordagens Pedagógicas: 
Educação Sexual Abrangente: 
• Idade-apropriada: Conteúdo adequado ao desenvolvimento 
• Culturalmente relevante: Consideração do contexto local 
• Baseada em direitos: Fundamentada nos direitos humanos 
• Transformadora de gênero: Questionamento dos estereótipos 
Metodologias: 
• Participativas: Envolvimento ativo dos educandos 
• Dialógicas: Construção coletiva do conhecimento 
• Reflexivas: Questionamento de valores e crenças 
• Práticas: Desenvolvimento de habilidades concretas 
DISFUNÇÕES SEXUAIS 
Classificação DSM-5: 
Disfunções do Desejo Sexual: 
• Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (feminino) 
• Transtorno Erétil (masculino) 
Disfunções da Excitação Sexual: 
• Transtorno da Excitação Sexual Feminina 
• Transtorno Erétil 
Disfunções do Orgasmo: 
• Transtorno do Orgasmo Feminino 
• Ejaculação Retardada 
• Ejaculação Prematura 
Disfunções da Dor Sexual: 
• Transtorno da Dor Genitopélvica/Penetração 
Prevalência: 
• Mulheres: 40-45% relatam alguma disfunção 
• Homens: 20-30% relatam alguma disfunção 
• Mais comum: Disfunção erétil (homens), baixo desejo (mulheres) 
Fatores Etiológicos: 
Biológicos: 
• Doenças cardiovasculares 
• Diabetes mellitus 
• Distúrbios hormonais 
• Medicamentos (antidepressivos, anti-hipertensivos) 
• Cirurgias pélvicas 
• Envelhecimento 
Psicológicos: 
• Ansiedade de desempenho 
• Depressão 
• Trauma sexual 
• Conflitos conjugais 
• Baixa autoestima 
• Estresse 
Socioculturais: 
• Educação sexual inadequada 
• Tabus culturais 
• Problemas de relacionamento 
• Pressões sociais 
• Experiências negativas 
 
d) Relacione como o planejamento familiar e a sexualidade contribuem 
para a diminuição da gravidez indesejada. 
DEFINIÇÃO DE GRAVIDEZ INDESEJADA 
Conceitos Fundamentais: 
Gravidez Não Planejada: Gestação que ocorre quando não há intenção de 
engravidar no momento específico em que a concepção ocorre. 
Subtipos: 
• Inoportuna: Gravidez desejada, mas em momento inadequado 
• Indesejada: Gravidez não desejada nem no momento nem no futuro 
• Ambivalente: Sentimentos mistos sobre a gravidez 
Gravidez Não Intencional: Termo mais abrangente que inclui todas as 
gestações que não foram especificamente planejadas e desejadas. 
Epidemiologia Global: 
Dados Mundiais: 
• 48% das gestações: Não intencionais globalmente 
• 61% dos países desenvolvidos: Taxa de gravidez não intencional 
• 46% dos países em desenvolvimento: Taxa de gravidez não intencional 
Dados do Brasil: 
• 55,4% das gestações: Não planejadas (PNS 2013) 
• 18,8%: Indesejadas 
• 36,6%: Inoportunas 
• Adolescentes: 76,5% não planejadas 
MECANISMOS DE PREVENÇÃO 
1. EDUCAÇÃO SEXUAL INTEGRAL 
Impacto na Redução de Gravidez Não Planejada: 
Conhecimento sobre Fertilidade: 
• Compreensão do ciclo menstrual: Identificação do período fértil 
• Sinais de ovulação: Reconhecimento dos sintomas físicos 
• Fatores que afetam fertilidade: Idade, saúde, estilo de vida 
• Concepção e contracepção: Como ocorre e como prevenir 
Informações sobre Métodos Contraceptivos: 
• Disponibilidade: Conhecimento sobre opções existentes 
• Eficácia: Compreensão das taxas de falha 
• Uso correto: Instruções detalhadas para cada método 
• Efeitos adversos: Preparação para possíveis reações 
Habilidades de Negociação: 
• Comunicação assertiva: Expressar necessidades e limites 
• Negociação do uso de preservativo: Técnicas de persuasão 
• Tomada de decisão compartilhada: Envolvimento do parceiro 
• Resistência à pressão: Manter decisões contraceptivas 
Evidências Científicas: 
Estudos Internacionais: 
• Cochrane Review (2016): Programas de educação sexual reduzem 
gravidez adolescente em 35% 
• UNESCO (2018): Educação sexual integral associada à redução de 50% 
na gravidez precoce 
• Guttmacher Institute (2019): Países com educação sexual obrigatória 
têm menores taxas de gravidez não intencional 
Estudos Nacionais: 
• Ministério da Saúde (2017): Adolescentes com educação sexual 
adequada têm 3x menos chance de gravidez não planejada 
• PeNSE (2015): Escolas com programas estruturados apresentam 40% 
menos gravidez na adolescência 
2. ACESSO A MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 
Barreiras ao Acesso: 
Barreiras Estruturais: 
• Disponibilidade limitada: Falta de métodos nos serviços 
• Custos elevados: Especialmente métodos de longa duração 
• Localização inadequada: Serviços distantes ou inacessíveis 
• Horários restritivos: Incompatibilidade com rotina dos usuários 
Barreiras Individuais: 
• Conhecimento limitado: Desconhecimento sobre opções 
• Medos e mitos: Crenças incorretas sobre efeitos adversos 
• Oposição do parceiro: Falta de apoio para uso contraceptivo 
• Baixa autoeficácia: Dificuldade em usar métodos corretamente 
Barreiras Socioculturais: 
• Estigma: Julgamento social sobre uso de contraceptivos 
• Normas religiosas: Oposição por motivos espirituais 
• Papéis de gênero: Responsabilização exclusiva da mulher 
• Tabus sobre sexualidade: Dificuldades em discutir o tema 
Estratégias de Ampliação do Acesso: 
Diversificação de Métodos: 
• Método mix: Variedade ampla de opções 
• Métodos de longa duração: DIU, implantes 
• Métodos de barreira: Preservativos masculinos e femininos 
• Contracepção de emergência: Pílula do dia seguinte 
Melhoria dos Serviços: 
• Capacitação profissional: Aconselhamento de qualidade 
• Protocolos padronizados: Critérios de elegibilidade médica 
• Integração de serviços:Planejamento familiar + outras áreas 
• Seguimento adequado: Monitoramento de efeitos adversos 
Iniciativas Inovadoras: 
• Distribuição comunitária: Agentes de saúde treinados 
• Programas em escolas: Acesso direto para adolescentes 
• Telemedicina: Consultas virtuais e prescrições 
• Farmácias: Dispensação de métodos sem prescrição 
3. EMPODERAMENTO FEMININO 
Autonomia Reprodutiva: 
Conceito: Capacidade da mulher de tomar decisões livres e informadas sobre 
sua vida reprodutiva, incluindo se, quando e quantas vezes engravidar. 
Componentes: 
• Conhecimento: Informações sobre reprodução e contracepção 
• Recursos: Acesso físico e financeiro aos métodos 
• Autoridade: Poder para implementar decisões reprodutivas 
• Suporte: Apoio social e familiar para suas escolhas 
Fatores que Promovem Empoderamento: 
Educação: 
• Escolaridade: Mulheres mais educadas têm menor fecundidade 
• Educação sexual: Conhecimento específico sobre reprodução 
• Literacia em saúde: Capacidade de compreender informações médicas 
Participação Econômica: 
• Emprego: Independência financeira 
• Renda própria: Capacidade de custear métodos contraceptivos 
• Planejamento de carreira: Motivação para adiar gravidez 
Participação Social: 
• Organizações de mulheres: Redes de apoio e informação 
• Liderança comunitária: Influência nas normas sociais 
• Participação política: Advocacia por políticas favoráveis 
Impacto do Empoderamento: 
Evidências: 
• ONU Mulheres (2019): Cada ano adicional de educação reduz fertilidade 
em 0,3 filhos 
• Banco Mundial (2018): Empoderamento feminino associado à redução 
de 70% na gravidez adolescente 
• UNFPA (2020): Países com maior equidade de gênero têm menores 
taxas de fecundidade 
4. COMUNICAÇÃO NO RELACIONAMENTO 
Comunicação sobre Contracepção: 
Benefícios: 
• Uso consistente: Parceiros engajados usam métodos mais regulamente 
• Escolha adequada: Seleção baseada em preferências mútuas 
• Suporte mútuo: Divisão da responsabilidade contraceptiva 
• Resolução de problemas: Manejo conjunto de efeitos adversos 
Estratégias para Melhorar Comunicação: 
• Iniciação do diálogo: Como começar a conversa 
• Linguagem adequada: Termos compreensíveis e respeitosos 
• Momento apropriado: Contexto favorável para discussão 
• Escuta ativa: Atenção às preocupações do parceiro 
Negociação do Uso de Preservativo: 
Barreiras: 
• Resistência masculina: Alegações sobre prazer reduzido 
• Dinâmicas de poder: Dificuldade feminina em impor uso 
• Tabus culturais: Associação com promiscuidade 
• Confiança excessiva: Relacionamentos "estáveis" 
Estratégias Eficazes: 
• Preparação prévia: Discussão fora do momento sexual 
• Argumento dual: Gravidez + IST 
• Demonstração prática: Como usar corretamente 
• Alternativas: Preservativo feminino como opção 
5. POLÍTICAS PÚBLICAS 
Políticas Contraceptivas: 
Componentes Essenciais: 
• Garantia de acesso: Disponibilidade universal e gratuita 
• Variedade de métodos: Portfólio amplo de opções 
• Qualidade dos serviços: Padrões mínimos de atendimento 
• Capacitação profissional: Formação adequada dos prestadores 
Exemplos de Políticas Eficazes: 
• França: Contracepção gratuita para menores de 25 anos 
• Reino Unido: Centros especializados em saúde sexual 
• Uruguay: Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva abrangente 
• Colômbia: Sentença T-388/09 sobre direitos reprodutivos 
Programas Específicos: 
Adolescentes: 
• Consultórios de adolescentes: Atendimento especializado 
• Distribuição em escolas: Acesso direto nos locais de estudo 
• Pares educadores: Adolescentes formados como multiplicadores 
• Confidencialidade garantida: Atendimento sem necessidade de 
autorização 
Populações Vulneráveis: 
• Programa Saúde na Escola: Ações específicas 
• Unidades básicas móveis: Atendimento em comunidades remotas 
• Programas para trabalhadoras do sexo: Ações específicas 
• Atenção à população LGBTI+: Serviços inclusivos 
EVIDÊNCIAS DE EFETIVIDADE 
Estudos de Intervenção: 
Educação Sexual + Acesso a Contraceptivos: 
• Colorado (EUA): Programa de DIU gratuito para adolescentes 
o Resultado: 42% de redução na gravidez adolescente 
o Período: 2009-2013 
o Custo-benefício: US$ 5,85 economizados para cada US$ 1,00 
investido 
• Reino Unido: Estratégia Nacional de Gravidez na Adolescência 
o Resultado: 51% de redução (1998-2010) 
o Componentes: Educação + acesso + suporte social 
o Impacto: De 46,6 para 23,1/1000 adolescentes 
Programas Multissetoriais: 
• Etiópia: Programa HEP (Health Extension Program) 
o Resultado: 67% de redução na gravidez não planejada 
o Estratégia: Educação comunitária + distribuição de contraceptivos 
o Período: 2005-2015 
• Brasil: Programa Saúde na Escola 
o Resultado: 28% de redução na gravidez adolescente (municípios 
participantes) 
o Componentes: Educação sexual + acesso a preservativos 
o Período: 2008-2018 
Meta-análises: 
Revisão Cochrane (2016): "Intervenções para prevenir gravidez não 
intencional" 
• 121 estudos analisados 
• Educação sexual: RR 0,77 (IC 95% 0,68-0,87) 
• Acesso a contraceptivos: RR 0,65 (IC 95% 0,57-0,75) 
• Intervenções combinadas: RR 0,58 (IC 95% 0,48-0,69) 
Guttmacher Institute (2020): "Programas abrangentes de saúde sexual" 
• 213 países analisados 
• Educação sexual obrigatória: 35% menor taxa de gravidez adolescente 
• Acesso contraceptivo universal: 42% menor taxa de gravidez não 
intencional 
• Políticas de empoderamento feminino: 28% menor taxa de 
fecundidade 
DESAFIOS E BARREIRAS 
Barreiras Estruturais: 
Sistema de Saúde: 
• Capacitação inadequada: Profissionais sem formação específica 
• Infraestrutura deficiente: Equipamentos e insumos insuficientes 
• Descontinuidade: Interrupção no fornecimento de métodos 
• Integração limitada: Serviços fragmentados 
Políticas Públicas: 
• Financiamento insuficiente: Recursos limitados para programas 
• Instabilidade política: Mudanças frequentes de diretrizes 
• Resistência conservadora: Oposição a políticas liberais 
• Coordenação deficiente: Falta de articulação entre setores 
Barreiras Socioculturais: 
Normas Sociais: 
• Papéis de gênero tradicionais: Responsabilização exclusiva da mulher 
pela contracepção 
• Tabus sobre sexualidade: Dificuldade de discussão aberta sobre o tema 
• Estigmatização: Julgamento sobre uso de contraceptivos, 
especialmente por jovens 
• Machismo: Resistência masculina ao uso de métodos contraceptivos 
Influências Religiosas: 
• Doutrinas restritivas: Oposição a métodos contraceptivos artificiais 
• Liderança conservadora: Influência de autoridades religiosas contrárias 
• Culpa e pecado: Associação da sexualidade com transgressão moral 
• Educação sexual limitada: Restrições ao ensino científico da 
sexualidade 
Barreiras Individuais: 
Conhecimento: 
• Informações incorretas: Mitos e crenças sobre métodos contraceptivos 
• Educação sexual inadequada: Lacunas no conhecimento básico 
• Baixa literacia em saúde: Dificuldade de compreensão de informações 
médicas 
• Desinformação midiática: Influência de fontes não confiáveis 
Comportamentais: 
• Baixa percepção de risco: Subestimação da chance de engravidar 
• Otimismo irrealista: Crença de que "comigo não vai acontecer" 
• Procrastinação: Adiamento da busca por métodos contraceptivos 
• Uso inconsistente: Dificuldades de adesão aos métodos escolhidos 
ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃO 
1. Fortalecimento dos Sistemas de Saúde 
Capacitação Profissional: 
• Formação específica: Cursos sobre saúde sexual e reprodutiva 
• Atualização continuada: Educação permanente em contracepção 
• Habilidades de aconselhamento: Técnicas de comunicação efetiva 
• Competência cultural: Sensibilidade para diversidade 
Melhoria da Infraestrutura: 
• Equipamentos adequados: Consultórios preparados para 
procedimentos 
• Insumos garantidos: Estoque regular de métodos contraceptivos 
• Sistemas de informação: Registro e monitoramento adequados 
• Logística eficiente: Distribuição

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