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UC2 – SP2 – PUBERDADE FEMININA HIPÓTESE 1: “A PUBERDADE FEMININA OCORRE DOS 8 AOS 13 ANOS E PASSA POR MUDANÇAS BIOPSICOSSOCIAIS QUE OCORREM A PARTIR DA ATIVAÇÃO DO EIXO HORMONAL E ANTECEDEM A MENARCA” a) O que é puberdade feminina? Em qual faixa etária ela ocorre? A puberdade feminina é um processo biológico complexo caracterizado por mudanças físicas, hormonais e psicológicas que marcam a transição da infância para a adolescência e capacidade reprodutiva. Este período é definido como a sequência de eventos que leva ao desenvolvimento das características sexuais secundárias e à aquisição da capacidade reprodutiva. Faixa Etária: • Idade de início: 8-13 anos (média: 10-11 anos) • Duração: 2-5 anos (média: 4 anos) • Variações étnicas: o Meninas afro-americanas: início mais precoce (8-9 anos) o Meninas caucasianas: início entre 9-10 anos o Meninas asiáticas: início ligeiramente mais tardio Critérios de Normalidade: • Puberdade precoce: antes dos 8 anos • Puberdade normal: 8-13 anos • Puberdade tardia: após os 13 anos sem sinais de desenvolvimento b) Quais as mudanças físicas esperadas? Existe uma ordem para que elas ocorram? Sequência das Mudanças Físicas (Ordem Cronológica): 1. Primeira manifestação: Telarca (desenvolvimento mamário) - 8-13 anos 2. Segunda manifestação: Pubarca (aparecimento de pelos pubianos) - 8- 14 anos 3. Terceira manifestação: Estirão do crescimento - 9-14 anos 4. Quarta manifestação: Menarca - 10-16 anos (média: 12-13 anos) 5. Quinta manifestação: Desenvolvimento de pelos axilares - após menarca Escala de Tanner - Desenvolvimento Mamário (M1-M5): M1 (Pré-puberal): • Apenas elevação do mamilo • Sem tecido mamário palpável • Aréola pequena e pálida M2 (Início da puberdade): • Elevação da mama e mamilo como pequeno monte • Aumento do diâmetro areolar • Início da proliferação ductal M3 (Desenvolvimento intermediário): • Maior aumento da mama e aréola • Sem separação dos contornos • Desenvolvimento do sistema ductal M4 (Desenvolvimento avançado): • Projeção da aréola e mamilo acima da mama • Formação de monte secundário • Diferenciação alveolar M5 (Desenvolvimento adulto): • Mama madura com contorno adulto • Mamilo projeta-se, aréola retorna ao contorno geral • Sistema ducto-alveolar completo Escala de Tanner - Desenvolvimento de Pelos Pubianos (P1-P5): P1 (Pré-puberal): • Ausência de pelos pubianos • Apenas pelos vellus (infantis) P2 (Início): • Pelos escassos, longos e ligeiramente pigmentados • Principalmente ao longo dos lábios maiores P3 (Desenvolvimento intermediário): • Pelos mais escuros, grossos e encaracolados • Distribuição esparsa sobre o púbis P4 (Desenvolvimento avançado): • Pelos do tipo adulto • Área coberta menor que no adulto • Sem extensão para superfície medial das coxas P5 (Desenvolvimento adulto): • Pelos do tipo adulto em quantidade e distribuição • Padrão triangular invertido • Extensão para superfície medial das coxas Outras Mudanças Físicas Importantes: Crescimento e Desenvolvimento Ósseo: • Aceleração da velocidade de crescimento • Fechamento das epífises ósseas • Aumento da densidade óssea • Mudanças na composição corporal (↑ gordura, ↓ massa magra) Mudanças Genitais: • Aumento do útero (comprimento: 5,5-8,0 cm) • Espessamento do endométrio • Alongamento da vagina (8-12 cm) • Mudanças no pH vaginal (7,0 → 4,0-5,0) • Desenvolvimento dos lábios maiores e menores Mudanças Metabólicas: • Resistência à insulina transitória • Aumento da leptina • Mudanças no metabolismo lipídico • Alterações no ritmo circadiano c) O que estimula e influencia a puberdade feminina? Relacione com os âmbitos biopsicossociais. Fatores Biológicos: Fatores Genéticos: • Hereditariedade: 50-80% da variação temporal • Genes envolvidos: KISS1, KISS1R, MKRN3, DLK1 • Influência materna predominante Fatores Nutricionais: • Leptina: Sinalização do estado nutricional o Concentração mínima: 3-4 ng/mL o Produzida pelos adipócitos o Atua no hipotálamo estimulando GnRH • Índice de Massa Corporal (IMC): o IMC elevado → puberdade precoce o Desnutrição → atraso puberal • Composição corporal: 17% de gordura corporal necessária Fatores Endócrinos: • Sistema IGF (Insulin-like Growth Factor): o IGF-1: mediador dos efeitos do GH o IGFBP-3: proteína carreadora • Hormônios tireoidianos: T3 e T4 essenciais • Cortisol: Níveis elevados podem atrasar puberdade Fatores Psicossociais: Estresse Psicológico: • Estresse crônico → ↑ cortisol → supressão do eixo HPG • Mecanismo: inibição da pulsatilidade do GnRH • Fatores: divórcio dos pais, abuso, negligência Fatores Socioeconômicos: • Status socioeconômico baixo → puberdade precoce • Acesso limitado à nutrição adequada • Exposição a fatores estressantes ambientais Fatores Familiares: • Ausência paterna: Associada à menarca precoce • Teoria evolutiva: Estratégia reprodutiva adaptativa • Presença de padrastos: Feromônios masculinos Fatores Ambientais: Disruptores Endócrinos: • Ftalatos: Plastificantes - atraso puberal • BPA (Bisfenol A): Puberdade precoce • Pesticidas organoclorados: Alterações hormonais • Metais pesados: Chumbo, mercúrio Exposição à Luz: • Melatonina: inibidor da puberdade • Exposição excessiva à luz artificial • Alterações no ritmo circadiano d) Caracterize o eixo hormonal associado ao desenvolvimento da puberdade feminina. Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gônadas (HPG): HIPOTÁLAMO: GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofinas): • Estrutura: Decapeptídeo • Neurônios produtores: Núcleo arqueado e área pré-óptica • Secreção pulsátil: o Frequência pré-puberal: 1 pulso/2-4 horas o Frequência puberal: 1 pulso/60-90 minutos o Amplitude aumenta 10-20 vezes Sistema Kiss1/GPR54: • Kisspeptinas: Neuropeptídeos estimuladores do GnRH • Neurônios Kiss1: o Núcleo arqueado (população KNDy) o Núcleo periventricular anteroventral (AVPV) • Receptor GPR54: Receptor das kisspeptinas • Regulação: o Leptina → ↑ Kiss1 o Estradiol → feedback sobre Kiss1 HIPÓFISE ANTERIOR: FSH (Hormônio Folículo Estimulante): • Estrutura: Glicoproteína (subunidades α e β) • Células produtoras: Gonadotrofos (10-15% da adenohipófise) • Secreção: o Pulsátil, sincronizada com GnRH o Meia-vida: 3-4 horas • Concentrações séricas: o Pré-puberal: 3 ng/mL Inibina B: • Produção: Células da granulosa • Função: Feedback negativo seletivo sobre FSH • Marcador de função ovariana: 20-100 pg/mL Hormônio Anti-Mülleriano (AMH): • Produção: Células da granulosa de folículos pré-antrais e antrais pequenos • Função: Regulação do recrutamento folicular • Marcador de reserva ovariana: 1,0-5,0 ng/mL Mecanismos de Feedback: Feedback Negativo: • Estradiol → ↓ GnRH e gonadotrofinas (doses baixas) • Inibina B → ↓ FSH especificamente • Progesterona → ↓ frequência pulsátil do GnRH Feedback Positivo: • Estradiol → ↑ LH (doses elevadas, >200 pg/mL por >48h) • Mecanismo do pico pré-ovulatório de LH e) O que é menarca?otimizada de contraceptivos 2. Advocacy e Mudança Social Campanhas Educativas: • Mídia de massa: Televisão, rádio, internet • Redes sociais: Plataformas digitais para jovens • Materiais educativos: Folhetos, vídeos, aplicativos • Eventos comunitários: Feiras de saúde, palestras Envolvimento de Lideranças: • Líderes religiosos: Diálogo sobre saúde reprodutiva • Autoridades locais: Apoio político às iniciativas • Formadores de opinião: Influenciadores e celebridades • Organizações sociais: Movimentos de mulheres e juventude 3. Inovações Tecnológicas Telemedicina: • Consultas virtuais: Aconselhamento contraceptivo remoto • Prescrição eletrônica: Facilidade no acesso a métodos • Monitoramento digital: Acompanhamento via aplicativos • Educação online: Cursos e materiais digitais Aplicativos Móveis: • Rastreamento de ciclo: Apps para identificação de período fértil • Lembretes: Notificações para uso de contraceptivos • Informações: Base de dados sobre métodos disponíveis • Localização de serviços: Mapa de unidades de saúde REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (ABNT) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA INTERDISCIPLINAR DE AIDS. Diretrizes para o Aconselhamento em DST/HIV/AIDS. 3ª ed. São Paulo: ABIA, 2014. BARROSO, C. et al. Sexuality, contraception and adolescent pregnancy prevention in Brazil. Reproductive Health Matters, v. 27, n. 54, p. 1-12, 2019. BEARAK, J. et al. Unintended pregnancy and abortion by income, region, and the legal status of abortion: estimates from a comprehensive model for 1990- 2019. 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Cronologia e Características: Idade de Ocorrência: • Idade média mundial: 12,5-13,5 anos • Variação normal: 10-16 anos • Tendência secular: Diminuição de 2-3 meses por década Variações Étnicas e Geográficas: • Meninas afro-americanas: 12,2 anos (média) • Meninas caucasianas: 12,7 anos (média) • Meninas hispânicas: 12,3 anos (média) • Países desenvolvidos: mais precoce • Países em desenvolvimento: mais tardia Pré-requisitos para Menarca: Desenvolvimento Físico: • Estágio M3-M4 de Tanner (desenvolvimento mamário) • Estágio P3-P4 de Tanner (pelos pubianos) • Altura mínima: ~147 cm (10º percentil) • Peso mínimo: ~40-45 kg • Gordura corporal: ~17-22% Maturação Hormonal: • Estradiol: >50 pg/mL de forma sustentada • Estabelecimento de feedback positivo • Desenvolvimento folicular ovariano adequado Maturação do Eixo HPG: • Pulsatilidade do GnRH estabelecida • Resposta gonadotrófica adequada • Desenvolvimento uterino suficiente Características dos Primeiros Ciclos: Primeiros 2 anos pós-menarca: • Anovulação: 50-80% dos ciclos • Irregularidade: Ciclos de 21-45 dias • Oligomenorreia: Comum nos primeiros meses • Fluxo: Geralmente escasso inicialmente Progressão para Regularidade: • Ovulação regular: estabelecida em 2-5 anos • Ciclos regulares: 24-38 dias • Duração do fluxo: 3-7 dias HIPÓTESE 2: “A GAMETOGÊNESE FEMININA, QUE INICIA-SE NO PERÍODO EMBRIONÁRIO, É REATIVADA NO INÍCIO DO CICLO MENSTRUAL, QUE DURA, EM MÉDIA, 28 DIAS” a) Como funciona o ciclo menstrual? Descreva as mudanças que ocorrem nos ovócitos, ovário e endométrio. Qual sua relação com o eixo hormonal? Definição e Duração: O ciclo menstrual é um processo cíclico recorrente que prepara o sistema reprodutivo feminino para uma possível gravidez. A duração média é de 28 dias, com variação normal de 24-38 dias. Fases do Ciclo Menstrual: FASE MENSTRUAL (Dias 1-5): Eventos Ovarianos: • Degeneração do corpo lúteo (se não houve gravidez) • Queda acentuada de estradiol e progesterona • Início do recrutamento de nova coorte folicular • Folículos primordiais → folículos primários Eventos Endometriais: • Descamação da camada funcional do endométrio • Necrose tecidual por vasoconstrição • Ativação de metaloproteinases • Perda sanguínea: 30-40 mL (volume total: 30-80 mL) Perfil Hormonal: • FSH: início da elevação (3-5 mUI/mL) • LH: níveis basais (2-3 mUI/mL) • Estradiol: níveis baixos (10 mm • Dominância folicular (Dias 8-14): o Crescimento exponencial do folículo dominante o Aumento da vascularização (angiogênese) o Formação do antro folicular o Maturação do oócito I Eventos Endometriais: • Regeneração (Dias 1-4): o Proliferação do epitélio glandular o Reparação da superfície endometrial o Angiogênese • Proliferação (Dias 5-14): o Crescimento das glândulas endometriais o Aumento da espessura (3-5 mm → 8-10 mm) o Proliferação do estroma o Desenvolvimento da vascularização Perfil Hormonal: • FSH: o Pico inicial: 8-12 mUI/mL (dias 1-3) o Declínio gradual: 5-8 mUI/mL (dias 8-14) • LH: Aumento gradual: 2-3 → 8-10 mUI/mL • Estradiol: o Aumento progressivo: 20-50 → 200-400 pg/mL o Pico pré-ovulatório: 200-500 pg/mL (dia 13-14) • Inibina B: Pico médio da fase: 80-120 pg/mL OVULAÇÃO (Dia 14±2): Eventos Ovarianos: • Pico de LH: >25-40 mUI/mL (36 horas antes) • Pico de FSH: >15-20 mUI/mL (coincidente com LH) • Maturação final do oócito: o Reinício da meiose I o Formação do 1º corpúsculo polar o Progressão para metáfase II • Ruptura folicular: o Ativação de colagenases o Formação do estigma o Liberação do complexo cumulus-oócito Perfil Hormonal: • LH: Pico de 25-100 mUI/mL • FSH: Pico de 15-25 mUI/mL • Estradiol: Declínio após o pico (150-250 pg/mL) • Progesterona: Início da elevação (1-2 ng/mL) FASE LÚTEA/SECRETORA (Dias 15-28): Eventos Ovarianos: • Formação do corpo lúteo: o Luteinização das células da granulosa e teca o Vascularização intensa o Produção de progesterona e estradiol • Função lútea máxima (Dias 20-22): o Corpo lúteo: diâmetro 15-25 mm o Máxima produção hormonal • Regressão lútea (Dias 26-28): o Luteólise (se não há gravidez) o Formação do corpo albicans o Queda hormonal abrupta Eventos Endometriais: • Fase secretora inicial (Dias 15-19): o Início da secreção glandular o Edema do estroma o Espiralizção das artérias • Fase secretora média (Dias 20-23): o Máxima atividade secretora o Glândulas em "dente de serra" o Decidualização do estroma • Fase secretora tardia (Dias 24-28): o Declínio da atividade secretora o Infiltração leucocitária o Preparação para menstruação Perfil Hormonal: • Progesterona: o Pico: 8-25 ng/mL (dias 20-22) o Queda: 200 pg/mL, >48h) → ↑ LH (pico ovulatório) o Ativina → ↑ FSH 3. Controle Intrafolicar: o IGF-1 → ↑ sensibilidade ao FSH o AMH → ↓ recrutamento folicular o Inibinas → ↓ FSH local b) Descreva a gametogênese feminina e quando ela se inicia. Definição e Início: A gametogênese feminina (oogênese) é o processo de formação e maturação dos gametas femininos (óvulos). Este processo inicia-se durante o desenvolvimento embrionário e apresenta características únicas em relação à gametogênese masculina. Cronologia do Desenvolvimento: PERÍODO EMBRIONÁRIO/FETAL: Semanas 3-4 (Desenvolvimento embrionário): • Formação das células germinativas primordiais (CGP) • Migração das CGP: o Origem: saco vitelínico o Destino: cristas genitais (futuras gônadas) o Número inicial: ~1.000 células Semanas 5-6: • Proliferação das CGP: o Divisões mitóticas rápidas o Número: ~10.000 células • Diferenciação em oogônias • Influência hormonal: o WNT4: sinalização feminizante o RSPO1: ativação de vias femininas Semanas 8-20: • Fase de multiplicação: o Divisões mitóticas intensas das oogônias o Pico populacional: ~7 milhões (20ª semana) o Início da diferenciação sexual gonadal Semanas 11-12: • Início da meiose I: o Oogônias → oócitos I o Entrada na prófase I o Pareamento cromossômico (sinapse) Semanas 16-20: • Progressão da meiose I: o Leptóteno: Condensação cromossômica o Zigóteno: Pareamento homólogo o Paquíteno: Crossing-over o Diplóteno: Início da parada meiótica Semanas 20-28: • Parada em diplóteno (dictiotene): o Oócitos I arrestados em prófase I o Duração: desde período fetal até ovulação o Pode durar 10-50+ anos Nascimento: • População de oócitos: ~1-2 milhões • Todos arrestados em prófase I • Formação dos folículos primordiais Período Pós-Natal: Infância: • Atresia contínua: 1.000 oócitos/mês • População aos 7 anos: ~300.000 oócitos • Folículos primordiais → folículos primários (alguns) Puberdade: • Ativação do eixo HPG • Início da ovulação cíclica • Retomada da meiose I (mensal) Idade reprodutiva:• Ovulação mensal: 1 oócito por ciclo • Atresia acelerada: ~1.000 oócitos/mês • Foliculogênese cíclica estabelecida Perimenopausa/Menopausa: • Depleção folicular: 200 pg/mL por >48h • Mecanismo: Feedback positivo no hipotálamo • Concentrações: o LH: 25-100 mUI/mL (pico) o FSH: 15-25 mUI/mL (pico) Reinício da Meiose I: • Sinal iniciador: Pico de LH • Quebra da conexão gap junctions • Queda do cAMP intracelular • Ativação da proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK) Maturação do Oócito: • Quebra da vesícula germinativa (núcleo) • Condensação cromossômica • Formação do fuso meiótico • Progressão: diplóteno → metáfase I → anáfase I → telófase I Formação do 1º Corpúsculo Polar: • Divisão desigual: Oócito I → Oócito II + 1º corpúsculo polar • Distribuição do citoplasma: Desigual (preserva reservas no oócito) • Progressão para metáfase II: Nova parada meiótica Eventos Ovulatórios (0-2 horas): Mudanças na Parede Folicular: • Ativação enzimática: o Colagenase: degradação do colágeno o Hialuronidase: degradação do ácido hialurônico o Plasmina: ativação proteolítica Formação do Estigma: • Adelgaçamento da parede folicular • Área de 1-2 mm de diâmetro • Redução da vascularização local Expansão do Cumulus: • Síntese de ácido hialurônico • Expansão da matriz extracelular • Separação das células do cumulus • Formação da corona radiata Ruptura Folicular: • Pressão intrafolicar: 20-30 mmHg • Ruptura do estigma • Liberação do complexo cumulus-oócito • Extravasamento do líquido folicular Eventos Pós-Ovulatórios: Captação pela Tuba: • Movimento das fimbrias tubárias • Correntes ciliar e muscular • Captação do complexo cumulus-oócito • Eficiência: ~90% dos casos Formação do Corpo Lúteo: • Colapso da cavidade folicular • Invasão vascular • Luteinização: o Células da granulosa → células lúteas da granulosa o Células da teca → células lúteas da teca • Produção hormonal: o Progesterona: 15-25 ng/mL o Estradiol: 100-200 pg/mL o Relaxina: 500-2000 pg/mL Destino do Oócito II: Se Não Fertilizado: • Degeneração em 12-24 horas • Localização: Ampola tubária • Fagocitose por macrófagos • Absorção pelos tecidos Se Fertilizado: • Completação da meiose II • Formação do 2º corpúsculo polar • Desenvolvimento embrionário • Implantação no endométrio Regulação Molecular da Ovulação: Fatores Estimuladores: • EGF (Fator de Crescimento Epidérmico) • Amphiregulina • Progesterona (paradoxalmente) • Prostaglandinas E2 e F2α Fatores Inibidores: • OMI (Oocyte Maturation Inhibitor) • Hipoxantina • Adenosina • NPPC (Peptídeo Natriurético tipo C) d) Quais componentes do sistema reprodutivo feminino e suas funções? OVÁRIOS Anatomia: • Localização: Pelve menor, lateral ao útero • Dimensões: 3-4 cm (comprimento) × 2-3 cm (largura) × 1-2 cm (espessura) • Peso: 4-8 g (varia com idade e fase do ciclo) • Formato: Ovoide, achatado dorso-ventralmente Estrutura Histológica: Córtex Ovariano: • Epitélio superficial: Células cuboides simples • Túnica albugínea: Tecido conjuntivo denso (0,1 mm) • Estroma cortical: o Células fusiformes o Fibras colágenas o Folículos em diferentes estágios • Região subcapsular: Folículos primordiais Medula Ovariana: • Estroma medular: Tecido conjuntivo frouxo • Vascularização: Artérias, veias, linfáticos • Inervação: Fibras simpáticas e parassimpáticas • Células hílares: Análogas às células de Leydig Vascularização: • Artéria ovariana: Ramo da aorta abdominal • Artéria uterina: Ramo da artéria ilíaca interna • Plexo pampiniforme: Drenagem venosa • Sistema contracorrente: Regulação térmica Inervação: • Simpática: Gânglios celíaco e mesentérico superior • Parassimpática: Nervo vago (mínima) • Sensitiva: Gânglios T10-T11 Funções: 1. Gametogênese: Produção e maturação de oócitos 2. Esteroidogênese: Síntese de hormônios sexuais 3. Regulação endócrina: Feedback hormonal 4. Reservatório de gametas: Estoque folicular TUBAS UTERINAS (TROMPAS DE FALÓPIO) Anatomia: • Comprimento: 10-14 cm • Diâmetro: Variável (1-10 mm) • Localização: Entre ovário e útero • Número: Bilateral (2 tubas) Segmentos Anatômicos: Segmento Intramural (Intersticial): • Comprimento: 1-2 cm • Diâmetro: 0,5-1 mm • Localização: Parede uterina • Características: Luz mais estreita Istmo: • Comprimento: 2-3 cm • Diâmetro: 2-3 mm • Características: Parede muscular espessa • Função: Controle do transporte gamético Ampola: • Comprimento: 5-8 cm • Diâmetro: 5-10 mm • Características: Segmento mais dilatado • Função: Local de fertilização (80% dos casos) Infundíbulo (Pavilhão): • Características: Extremidade em funil • Fímbrias: Projeções digitiformes (10-15) • Fímbria ovariana: Mais longa, aderida ao ovário • Função: Captação do oócito Estrutura Histológica: Mucosa (Endossalpinge): • Epitélio: Cilíndrico simples ciliado • Tipos celulares: o Células ciliadas (60%): Transporte gamético o Células secretoras (30%): Nutrição do oócito/embrião o Células intercalares (10%): Células progenitoras • Lâmina própria: Tecido conjuntivo frouxo Muscular (Miossalpinge): • Camada circular interna: Contrações peristálticas • Camada longitudinal externa: Movimentos ondulatórios • Inervação: Simpática e parassimpática Serosa (Peritônio): • Mesossalpinge: Dobra peritoneal • Vascularização: Artérias tubárias • Ligamentos: Suspensórios Vascularização: • Artéria tubária: Ramo da artéria uterina e ovariana • Drenagem venosa: Plexos uterino e pampiniforme • Linfáticos: Linfonodos lombares e ilíacos Funções: 1. Captação ovular: Fímbrias captam oócito 2. Transporte gamético: Movimentos ciliar e muscular 3. Fertilização: Ambiente adequado para fecundação 4. Transporte embrionário: Condução até útero 5. Nutrição: Secreções tubárias ÚTERO Anatomia: • Formato: Pera invertida • Dimensões (nulípara): o Comprimento: 7-8 cm o Largura: 4-5 cm (fundo) o Espessura: 2-3 cm • Peso: 50-70 g (nulípara), 80-120 g (multípara) • Capacidade: 5-10 mL (não grávido) Divisões Anatômicas: Corpo Uterino: • Fundo uterino: Parte superior convexa • Corpo propriamente dito: Parte média • Istmo: Zona de transição (1 cm) Colo Uterino (Cérvix): • Comprimento: 2,5-3cm • Porção supravaginal: 2/3 superiores • Porção vaginal: 1/3 inferior (ectocérvix) • Canal cervical: Luz do colo • Orifícios: Interno e externo Estrutura Histológica: Endométrio: • Epitélio superficial: Cilíndrico simples • Glândulas uterinas: Tubulares simples • Estroma endometrial: Células fusiformes • Vascularização: Artérias espiraladas e basais Camadas do Endométrio: • Funcional (2/3 superficiais): o Descama na menstruação o Hormônio-dependente o Rica em glândulas e vasos • Basal (1/3 profundo): o Permanece na menstruação o Fonte de regeneração o Vascularização basal Miométrio: • Camada subendometrial: Fibras circulares • Camada média: Fibras entrelaçadas + vasos • Camada subserosa: Fibras longitudinais • Características: Músculo liso, rico em receptores hormonais Perimétrio (Serosa): • Peritônio visceral • Tecido conjuntivo frouxo • Vascularização superficial Vascularização: • Artérias uterinas: Ramos da artéria ilíaca interna • Artérias arqueadas: No miométrio • Artérias radiais: Direção centrípeta • Artérias espiraladas: Endométrio funcional • Artérias basais: Endométrio basal Inervação: • Simpática: Plexos hipogástrico superior e inferior • Parassimpática: Nervos pélvicos (S2-S4) • Sensitiva: Segmentos T11-L2 Funções: 1. Implantação: Sítio de nidação embrionária 2. Gestação: Desenvolvimento fetal 3. Parto: Contrações expulsivas 4. Menstruação: Descamação endometrial cíclica 5. Transporte espermático: Via ascendente VAGINA Anatomia: • Comprimento: 8-12 cm • Orientação: Oblíqua (45° com horizontal) • Paredes: Anterior e posterior • Fórnices: Anterior, posterior e laterais • Hímen: Membrana perfurada (entrada) Estrutura Histológica: Mucosa Vaginal: • Epitélio: Estratificado pavimentoso não queratinizado • Camadas celulares: o Basal: Células germinativas o Parabasal: Células em maturação o Intermediária: Células poligonais o Superficial: Células descamativas • Lâmina própria: Tecido conjuntivo, sem glândulas Muscular: • Fibras lisas: Orientação circular e longitudinal • Tecido erétil: Plexos venosos • Esfíncter: Músculo bulboesponjoso Adventícia: • Tecido conjuntivo frouxo • Vascularização rica • Inervação sensitiva Microbiota Vaginal: • Lactobacilos: 95% (flora normal) o L. crispatus, L. gasseri, L. iners, L. jensenii • pH: 3,8-4,5 (ácido) • Produção de ácido láctico • Peróxido de hidrogênio Vascularização: • Artérias vaginais: Ramos da artéria uterina • Artéria vaginal: Ramo da artéria ilíaca interna • Plexo venoso vaginal: Drenagem rica • Linfáticos: Linfonodos ilíacos e inguinais Funções: 1. Órgão copulatório: Recepção do pênis 2. Canal de parto: Via de expulsão fetal 3. Via de eliminação: Fluxo menstrual 4. Proteção: Barreira contra infecções 5. Resposta sexual: Lubrificação e dilatação GENITÁLIA EXTERNA (VULVA) Componentes: Monte de Vênus (Monte Púbico): • Localização: Sobre a sínfise púbica • Características: Tecido adiposo subcutâneo • Pelos: Distribuição triangular (pós-puberdade) Lábios Maiores: • Características: Dobras cutâneas espessas • Comprimento: 7-9 cm • Composição: Tecido adiposo e glândulas sebáceas • Pelos: Superfície externa (pós-puberdade) Lábios Menores: • Características: Dobras mucosas finas • Variação: Tamanho e forma individuais • Composição: Mucosa sem pelos • Glândulas: Sebáceas e de Bartholin Clitóris: • Estrutura: Órgão erétil • Partes: o Glande: Porção visível (6-8 mm) o Corpo: Porção oculta (2-4 cm) o Crura: Raízes (9-11 cm cada) • Inervação: Rica (8.000 terminações nervosas) • Função: Órgão sexual primário Vestíbulo: • Delimitação: Entre lábios menores • Aberturas: o Meato uretral: Drenagem vesical o Óstio vaginal: Entrada vaginal o Ductos de Bartholin: Glândulas laterais o Ductos de Skene: Glândulas parauretrais Glândulas de Bartholin: • Localização: Posterolaterais ao óstio vaginal • Função: Lubrificação durante excitação • Ductos: 1,5-2 cm de comprimento • Secreção: Muco alcalino Períneo: • Localização: Entre vulva e ânus • Comprimento: 2-4 cm • Composição: Músculo e tecido conjuntivo • Importância: Suporte do assoalho pélvico Vascularização: • Artéria pudenda interna: Suprimento principal • Artérias labiais: Lábios maiores e menores • Artéria dorsal do clitóris: Irrigação clitoriana • Drenagem venosa: Plexos vulvares Inervação: • Sensitiva: o Nervo ilioinguinal: Monte púbico o Nervo genitofemoral: Lábios maiores o Nervo pudendo: Períneo e clitóris • Autônoma: Regulação vascular e glandular Funções: 1. Proteção: Barreira contra trauma e infecções 2. Função sexual: Resposta erétil e orgásmica 3. Lubrificação: Secreções glandulares 4. Suporte: Estruturas de suspensão pélvica HIPÓTESE 3: “A ESCOLARIZAÇÃO ACERCA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR, DA SEXUALIDADE E DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS CONTRIBUÍ PARA A DIMINUIÇÃO DE GRAVIDEZ INDESEJADA” a) Quais são e como funcionam os métodos contraceptivos femininos? Qual sua eficácia em porcentagem? CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 1. MÉTODOS HORMONAIS CONTRACEPTIVOS ORAIS COMBINADOS (COC): Composição e Mecanismo: • Componentes: Estrogênio (etinilestradiol 15-35 μg) + Progestagênio (variável) • Mecanismos de ação: o Supressão da ovulação (primário): Inibição de FSH e LH o Espessamento do muco cervical: ↓ penetração espermática o Alterações endometriais: ↓ receptividade à implantação o Alterações na motilidade tubária Tipos de COC: • Monofásicos: Dose constante durante 21 dias • Multifásicos: Doses variáveis (bifásico, trifásico) • Uso contínuo: 84 dias ativos + 7 dias placebo • Dose ultra-baixa: ≤20 μg etinilestradiol Eficácia: • Uso perfeito: 99,7% (0,3% de falha) • Uso típico: 91% (9% de falha) • Índice de Pearl: 0,1-0,9 gestações/100 mulheres-ano Contraindicações Absolutas: • Tromboembolismo venoso ativo ou história prévia • Doença cerebrovascular • Cardiopatia isquêmica • Enxaqueca com aura • Hepatopatia ativa ou tumores hepáticos • Câncer de mama atual ou pregresso • Gravidez • Sangramento uterino anormal não investigado • Tabagismo >15 cigarros/dia em >35 anos CONTRACEPTIVOS ORAIS APENAS COM PROGESTAGÊNIO (POP): Composição: • Minipílula tradicional: Noretisterona 0,35 mg, Levonorgestrel 0,03 mg • Desogestrel: 75 μg (inibe ovulação em 97% dos ciclos) Mecanismos: • Espessamento do muco cervical (principal) • Alterações endometriais • Supressão ovulatória (parcial, exceto desogestrel) • Diminuição da motilidade tubária Eficácia: • Uso perfeito: 99,7% (desogestrel), 99,5% (tradicional) • Uso típico: 90-95% • Índice de Pearl: 0,14-1,1 gestações/100 mulheres-ano Vantagens: • Pode ser usado durante amamentação • Ausência de estrogênio (menos efeitos trombóticos) • Uso em contraindicações aos COC CONTRACEPTIVOS INJETÁVEIS: Acetato de Medroxiprogesterona de Depósito (DMPA): • Dose: 150 mg intramuscular a cada 12 semanas • Mecanismo: Supressão ovulatória completa • Eficácia: >99,7% (uso típico e perfeito similares) • Índice de Pearl: 0,2-0,3 gestações/100 mulheres-ano Enantato de Noretisterona: • Dose: 200 mg intramuscular a cada 8 semanas • Composição: NET-EN + 5 mg valerato de estradiol • Eficácia: >99% • Perfil: Menor impacto na densidade óssea Efeitos Adversos: • Irregularidade menstrual (comum) • Amenorreia (50% após 1 ano) • Ganho de peso (2-3 kg/ano) • Diminuição da densidade óssea (reversível) • Atraso no retorno da fertilidade (6-18 meses) IMPLANTE SUBDÉRMICO: Características: • Composição: Etonogestrel 68 mg • Duração: 3 anos • Inserção: Subcutânea no braço não dominante • Liberação: 25-30 μg/dia (1º ano) → 5-10 μg/dia (3º ano) Mecanismo: • Supressão ovulatória (>95% dos ciclos) • Espessamento do muco cervical • Alterações endometriais Eficácia: • >99,9% (usotípico e perfeito iguais) • Índice de Pearl: 0,02-0,05 gestações/100 mulheres-ano • Falhas: Principalmente por erro na inserção ou IMC >30 kg/m² Efeitos Adversos: • Sangramento irregular (70-80% das usuárias) • Amenorreia (22-33% no primeiro ano) • Cefaleia, mastalgia, alterações do humor • Ganho de peso discreto ANEL VAGINAL: Características: • Composição: Etinilestradiol 15 μg + Etonogestrel 120 μg/dia • Uso: 3 semanas inserido + 1 semana de pausa • Material: Copolímero EVA (etileno vinil acetato) • Diâmetro: 54 mm, espessura 4 mm Vantagens: • Não requer ação diária • Menor dose hormonal total • Menor impacto gastrointestinal • Boa aceitação (>90%) Eficácia: • Uso perfeito: 99,7% • Uso típico: 91% • Índice de Pearl: 0,65 gestações/100 mulheres-ano ADESIVO TRANSDÉRMICO: Características: • Composição: Etinilestradiol 35 μg + Norelgestromina 150 μg/dia • Uso: 1 adesivo/semana × 3 semanas + 1 semana de pausa • Área: 20 cm² • Locais: Braço, tronco, abdome, nádegas Eficácia: • Similar aos COC: 99,7% (uso perfeito), 91% (uso típico) • Redução em mulheres >90 kg • Índice de Pearl: 0,7-0,9 gestações/100 mulheres-ano 2. DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIU) DIU DE COBRE (TCu 380A): Características: • Material: Polietileno em forma de T + fio de cobre (380 mm²) • Duração: 10-12 anos • Tamanho: 32 mm (braços) × 36 mm (haste) • Fios: Polipropileno monofilamento Mecanismos: • Efeito espermaticida: Íons Cu²⁺ tóxicos aos espermatozoides • Alterações endometriais: Reação inflamatória estéril • Alterações do muco cervical: ↑ viscosidade • Capacitação espermática alterada: ↓ fertilização • Efeito anti-implantação: Ambiente uterino hostil Eficácia: • >99,2% (uso típico e perfeito similares) • Índice de Pearl: 0,6-0,8 gestações/100 mulheres-ano • Falhas: Principalmente no 1º ano (1,4/1000) Efeitos Adversos: • Aumento do fluxo menstrual (30-50%) • Dismenorreia (15-20%) • Spotting intermenstrual • Anemia ferropriva (raro) DIU LIBERADOR DE LEVONORGESTREL (SIU-LNG): Mirena (52 mg): • Liberação: 20 μg/dia (inicial) → 10 μg/dia (5 anos) • Duração: 5-7 anos • Indicações: Contracepção + menorragia idiopática Kyleena (19,5 mg): • Liberação: 17,5 μg/dia (inicial) → 7,4 μg/dia (5 anos) • Duração: 5 anos • Perfil: Menor dispositivo, nulíparas Skyla (13,5 mg): • Liberação: 14 μg/dia (inicial) → 5 μg/dia (3 anos) • Duração: 3 anos Mecanismos: • Atrofia endometrial (principal) • Espessamento do muco cervical • Supressão ovulatória parcial (25-85% dos ciclos) • Alterações na motilidade tubária Eficácia: • >99,8% (todos os tipos) • Índice de Pearl: 0,1-0,2 gestações/100 mulheres-ano • Eficácia superior ao DIU de cobre Benefícios Adicionais: • Redução do fluxo menstrual (80-90%) • Amenorreia (20-60% em 2 anos) • Redução da dismenorreia • Proteção endometrial contra hiperplasia 3. MÉTODOS DE BARREIRA PRESERVATIVO FEMININO: Características: • Material: Poliuretano ou nitrilo (livre de látex) • Estrutura: Anel interno (inserção) + anel externo (proteção) • Comprimento: 17 cm • Lubrificação: Pré-lubrificado Mecanismo: • Barreira física completa • Proteção contra IST (incluindo HIV) • Cobre vulva, vagina e colo uterino Eficácia: • Uso perfeito: 95% • Uso típico: 79% • Índice de Pearl: 5-21 gestações/100 mulheres-ano Vantagens: • Dupla proteção (gravidez + IST) • Controle feminino • Ausência de efeitos sistêmicos • Uso durante menstruação DIAFRAGMA: Características: • Material: Silicone médico flexível • Tamanhos: 65-95 mm (diâmetro) • Formato: Cúpula com aro flexível • Duração: 2-3 anos com cuidado adequado Mecanismo: • Barreira física sobre o colo uterino • Uso obrigatório com espermicida • Retenção do espermicida no fórnice vaginal Eficácia: • Uso perfeito: 94% • Uso típico: 88% • Índice de Pearl: 6-12 gestações/100 mulheres-ano Técnica de Uso: • Aplicação de espermicida (2-5 ml) • Inserção até 6 horas antes da relação • Permanência mínima 6 horas pós-coito • Remoção máxima em 24 horas CAPUZ CERVICAL: Características: • Material: Silicone médico • Tamanhos: 3 tamanhos baseados na paridade • Formato: Copa pequena com aba • Duração: 1-2 anos Eficácia: • Nulíparas: 84% (uso típico) • Multíparas: 68% (uso típico) • Diferença: Relacionada às mudanças cervicais pós-parto 4. ESPERMICIDAS NONOXINOL-9 (N-9): Apresentações: • Cremes: Concentração 2-12% • Espumas: 8-12,5% • Supositórios: 100-150 mg • Filmes: 72-100 mg • Esponjas: 1g N-9 Mecanismo: • Desorganização da membrana celular espermática • Redução da motilidade espermática • Efeito espermaticida em 15-60 segundos Eficácia (monoterapia): • Uso perfeito: 82% • Uso típico: 72% • Índice de Pearl: 18-28 gestações/100 mulheres-ano Limitações: • Irritação vaginal/cervical (uso frequente) • ↑ risco de HIV (lesões microscópicas) • Ineficácia contra IST • Necessidade de reaplicação a cada relação 5. MÉTODOS NATURAIS/COMPORTAMENTAIS MÉTODO DE AMENORREIA LACTACIONAL (LAM): Critérios: • Amamentação exclusiva ou predominante • Amenorreia completa • Bebê 99,5% (todas as técnicas) • Índice de Pearl: 0,13-0,55 gestações/100 mulheres-ano • Taxa de falha: 1/200-500 (dependente da técnica) Complicações: • Imediatas: Sangramento, lesão de órgãos, anestésicas • Tardias:Gravidez ectópica (1/3 das falhas), dor pélvica crônica • Reversão: 30-80% (dependente da técnica, experiência) CRITÉRIOS LEGAIS (BRASIL): • Lei 9.263/1996: Planejamento familiar • Idade mínima: 25 anos OU ≥2 filhos vivos • Prazo de reflexão: 60 dias entre decisão e cirurgia • Consentimento informado: Obrigatório • Situações especiais: Risco materno, cesariana b) O que é e como funciona o planejamento familiar? DEFINIÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS Definição da OMS: O planejamento familiar é definido como "o direito básico de todos os casais e indivíduos de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos", incluindo o direito à informação e acesso aos métodos de regulação da fertilidade de sua escolha, seguros, eficazes, aceitáveis e economicamente acessíveis. Conceito Abrangente: O planejamento familiar transcende a simples escolha de métodos contraceptivos, englobando: Dimensão Reprodutiva: • Decisão sobre ter ou não filhos • Número desejado de filhos • Espaçamento entre gestações • Momento ideal para engravidar • Prevenção de gravidez não planejada Dimensão de Saúde: • Saúde materna e perinatal • Prevenção de morbimortalidade • Tratamento de infertilidade • Aconselhamento genético • Prevenção de IST/HIV Dimensão Social: • Equidade de gênero • Empoderamento feminino • Impacto socioeconômico • Direitos reprodutivos • Qualidade de vida familiar MARCOS LEGAIS E POLÍTICOS Legislação Brasileira: Constituição Federal (1988): • Art. 226, §7º: "Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal" • Competência: Estado deve propiciar recursos educacionais e científicos Lei 9.263/1996 (Lei de Planejamento Familiar): • Princípios: o Autonomia reprodutiva o Liberdade de escolha o Responsabilidade parental o Acesso universal aos serviços • Proibições: Coerção, discriminação, violência • Garantias: Informação, educação, acesso a métodos Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos (2005): • Integração com SUS • Atenção integral à saúde • Capacitação profissional • Participação social Direitos Reprodutivos: Direitos Fundamentais: 1. Autonomia reprodutiva: Decidir sobre reprodução 2. Não discriminação: Igualdade de acesso independente de raça, classe, religião 3. Informação: Acesso a informações completas e precisas 4. Privacidade: Confidencialidade nas decisões reprodutivas 5. Benefício do progresso científico: Acesso a tecnologias seguras Convenções Internacionais: • Cairo (1994): Conferência sobre População e Desenvolvimento • Beijing (1995): 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher • CEDAW: Convenção sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher COMPONENTES DO PLANEJAMENTO FAMILIAR 1. EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO Aconselhamento Contraceptivo: Princípios Fundamentais: • Centrado no cliente: Necessidades e preferências individuais • Não diretivo: Evitar imposição de escolhas • Culturalmente sensível: Respeito às crenças e valores • Baseado em evidências: Informações cientificamente corretas Processo de Aconselhamento (GATHER): • G (Greet): Acolhimento respeitoso • A (Ask): Investigar necessidades e situação • o T (Tell): Fornecer informações relevantes • H (Help): Auxiliar na tomada de decisão • E (Explain): Explicar o método escolhido • R (Return): Agendar seguimento Informações Essenciais: • Eficácia de cada método • Mecanismo de ação • Forma de uso correta • Efeitos adversos possíveis • Contraindicações • Benefícios não contraceptivos • Critérios de elegibilidade médica • Sinais de alerta • Custos envolvidos • Reversibilidade Educação em Saúde Sexual e Reprodutiva: Temas Fundamentais: • Anatomia e fisiologia reprodutiva • Ciclo menstrual e fertilidade • Sexualidade humana • Prevenção de IST/HIV • Violência baseada em gênero • Direitos reprodutivos • Relações interpessoais saudáveis Metodologias Educativas: • Grupos educativos • Material didático (folhetos, vídeos) • Consultas individuais • Atividades comunitárias • Educação por pares • Tecnologias digitais (apps, sites) 2. ACESSO A MÉTODOS CONTRACEPTIVOS Critérios de Qualidade dos Serviços: Disponibilidade: • Variedade de métodos disponíveis • Continuidade do suprimento • Horários de atendimento adequados • Localização acessível Acessibilidade: • Gratuidade no SUS • Ausência de barreiras burocráticas • Atendimento a adolescentes • Respeito à diversidade (LGBTQI+) Aceitabilidade: • Atendimento respeitoso • Privacidade e confidencialidade • Competência técnica dos profissionais • Tempo adequado para consulta Qualidade: • Seguimento adequado • Manejo de efeitos adversos • Protocolos baseados em evidências • Integração com outros serviços Critérios Médicos de Elegibilidade (WHO/OMS): Categorias de Elegibilidade: • Categoria 1: Sem restrições ao uso • Categoria 2: Vantagens superam riscos • Categoria 3: Riscos superam vantagens (evitar) • Categoria 4: Contraindicação absoluta Fatores Avaliados: • Condições médicas preexistentes • Idade da usuária • Comportamentos de risco • Medicações em uso • História obstétrica • Preferências pessoais 3. ASSISTÊNCIA À INFERTILIDADE Conceito: Infertilidade é definida como a incapacidade de estabelecer uma gravidez clinicamente reconhecida após 12 meses de relações sexuais regulares e desprotegidas. Tipos: • Infertilidade primária: Nunca engravidou • Infertilidade secundária: Já engravidou anteriormente • Esterilidade: Incapacidade absoluta de conceber Prevalência: • Global: 8-12% dos casais • Brasil: Aproximadamente 8 milhões de pessoas • Fator feminino: 35-40% • Fator masculino: 35-40% • Fator misto: 10-15% • Idiopática: 10-15% Investigação Básica: • História clínica detalhada • Exame físico completo • Avaliação da ovulação • Análise seminal • Avaliação da permeabilidade tubária • Avaliação da cavidade uterina Tratamentos Disponíveis: • Indução da ovulação • Inseminação intrauterina • Fertilização in vitro • Micromanipulação de gametas • Doação de gametas • Gestação de substituição 4. ASSISTÊNCIA PRÉ-CONCEPCIONAL Definição: Cuidados de saúde prestados antes da concepção para otimizar a saúde materna e os resultados perinatais. Componentes: Avaliação de Riscos: • História médica pessoal e familiar • História obstétrica prévia • Medicações em uso • Exposições ambientais/ocupacionais • Estilo de vida (tabaco, álcool, drogas) • Estado nutricional Intervenções Preventivas: • Suplementação de ácido fólico: 400-800 μg/dia • Vacinação: Atualização do calendário vacinal • Controle de doenças crônicas: DM, HAS, epilepsia • Rastreamento de IST: Tratamento quando necessário • Otimização do peso: IMC entre 18,5-24,9 kg/m² • Cessação do tabagismo: Programas específicos • Moderação do álcool: Abstinência completa • Exercícios físicos: Atividade regular moderada Aconselhamento Genético: • História familiar de malformações • Doenças genéticas conhecidas • Idade materna avançada (≥35 anos) • Consanguinidade • Exposição a teratógenos ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS Níveis de Atenção: Atenção Primária: • Atividades: Consultas individuais, grupos educativos, dispensação de métodos • Métodos disponíveis: Hormonais orais, injetáveis, DIU, preservativos, diafragma • Profissionais: Médicos, enfermeiros, agentes comunitários • Integração: Saúde da mulher, pré-natal, puerpério Atenção Secundária: • Atividades: Inserção de DIU, implantes, investigação de infertilidade • Métodos especializados: Implantes subdérmicos, métodos definitivos • Profissionais: Ginecologistas, especialistas em reprodução • Referenciamento: Casos complexos, complicações Atenção Terciária: • Atividades:Reprodução assistida, cirurgias complexas • Tecnologias: FIV, micromanipulação, cirurgia reprodutiva • Profissionais: Especialistas em reprodução humana • Centros especializados: Hospitais universitários, clínicas privadas Indicadores de Qualidade: Indicadores de Processo: • Taxa de usuários ativos de métodos contraceptivos • Distribuição de métodos por tipo • Tempo de espera para atendimento • Taxa de descontinuação por método • Cobertura de ações educativas • Capacitação de profissionais Indicadores de Resultado: • Taxa de gravidez não planejada • Taxa de fecundidade adolescente • Mortalidade materna relacionada • Taxa de aborto inseguro • Satisfação das usuárias • Cumprimento das intenções reprodutivas c) O que é sexualidade? DEFINIÇÃO ABRANGENTE DE SEXUALIDADE Conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS): "A sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e abrange sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é vivenciada e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos." Conceito Multidimensional: A sexualidade humana é um fenômeno biopsicossocial complexo que integra múltiplas dimensões interdependentes e em constante interação. DIMENSÕES DA SEXUALIDADE 1. DIMENSÃO BIOLÓGICA Diferenciação Sexual: Sexo Cromossômico: • 46,XX: Padrão feminino típico • 46,XY: Padrão masculino típico • Variações: Síndrome de Turner (45,X), Klinefelter (47,XXY), mosaicismos Sexo Gonádico: • Desenvolvimento embrionário: Gônadas indiferenciadas → testículos ou ovários • 6ª-7ª semana: Diferenciação testicular (gene SRY) • 8ª-10ª semana: Diferenciação ovariana (ausência de SRY) Sexo Hormonal: • Masculino: Testosterona, DHT, hormônio anti-mülleriano • Feminino: Estradiol, progesterona, inibinas • Desenvolvimento: Genitália interna e externa Sexo Genital: • Genitália interna: Ductos de Wolff (masculino) e Müller (feminino) • Genitália externa: Tubérculo genital, pregas e tumescências Sexo Cerebral: • Dimorfismo sexual cerebral: Diferenças estruturais e funcionais • Núcleos hipotalâmicos: INAH, SDN-POA • Influência hormonal: Períodos críticos de desenvolvimento Fisiologia da Resposta Sexual: Modelo de Masters e Johnson (1966): 1. Fase de Excitação: o Feminina: Lubrificação vaginal, ingurgitamento clitoriano o Masculina: Ereção peniana, elevação testicular o Duração: Variável (minutos a horas) 2. Fase de Platô: o Feminina: Formação da plataforma orgásmica, elevação uterina o Masculina: Aumento da glande, secreção pré-ejaculatória o Duração: 30 segundos a 3 minutos 3. Fase do Orgasmo: o Feminina: Contrações uterinas e vaginais (0,8 seg de intervalo) o Masculina: Ejaculação em duas fases (emissão + expulsão) o Duração: 3-25 segundos 4. Fase de Resolução: o Feminina: Capacidade multiorgásmica o Masculina: Período refratário obrigatório o Duração: Minutos a horas Modelo de Kaplan (1979): • Desejo sexual: Impulso motivacional • Excitação sexual: Resposta física • Orgasmo: Clímax da resposta sexual Modelo Circular de Basson (2001): • Modelo não linear: Aplicável especialmente à sexualidade feminina • Intimidade emocional: Motivador central • Excitação subjetiva: Independente da excitação genital Neurofisiologia Sexual: Sistema Nervoso Central: • Córtex cerebral: Processamento cognitivo e emocional • Sistema límbico: Motivação e prazer • Hipotálamo: Centro integrador • Tronco cerebral: Reflexos sexuais básicos Neurotransmissores: • Dopamina: ↑ desejo sexual e motivação • Serotonina: ↓ desejo sexual (em geral) • Noradrenalina: ↑ excitação sexual • Ocitocina: ↑ vínculo afetivo e orgasmo • GABA: Modulação inibitória Sistema Nervoso Periférico: • Inervação parassimpática: Excitação sexual (S2-S4) • Inervação simpática: Orgasmo e ejaculação (T11-L2) • Inervação somática: Contrações musculares orgásmicas 2. DIMENSÃO PSICOLÓGICA Desenvolvimento Psicossexual: Teoria Psicanalítica (Freud): • Fase oral (0-18 meses): Prazer oral • Fase anal (18 meses-3 anos): Controle esfincteriano • Fase fálica (3-6 anos): Descoberta genital, complexo de Édipo • Latência (6-12 anos): Sublimação dos impulsos sexuais • Fase genital (adolescência): Sexualidade madura Desenvolvimento Sexual na Infância: • 0-2 anos: Exploração corporal, prazer sensorial • 2-5 anos: Curiosidade sexual, jogos exploratórios • 6-12 anos: Interesse pelo próprio corpo, questionamentos • Adolescência: Despertar sexual, primeiras experiências Aspectos Cognitivos: Schemas Sexuais: • Autoschemas sexuais: Percepções sobre própria sexualidade • Scripts sexuais: Roteiros mentais para comportamento sexual • Atitudes sexuais: Crenças e valores sobre sexo Fatores Cognitivos: • Atenção: Foco nos estímulos eróticos • Fantasia: Imaginação sexual • Expectativas: Crenças sobre desempenho • Autoeficácia: Confiança na capacidade sexual Aspectos Emocionais: Emoções Facilitadoras: • Amor: Conexão íntima • Desejo: Motivação sexual • Excitação: Ativação fisiológica • Prazer: Recompensa hedônica Emoções Inibidoras: • Ansiedade: Especialmente ansiedade de desempenho • Depressão: Redução do interesse sexual • Culpa: Conflitos morais/religiosos • Vergonha: Baixa autoestima corporal Identidade Sexual: Componentes: • Identidade de gênero: Como se percebe (homem/mulher/não-binário) • Orientação sexual: Para quem se sente atraído • Papel de gênero: Como expressa masculinidade/feminilidade • Comportamento sexual: Como age sexualmente Desenvolvimento: • Infância precoce: Consciência de gênero (2-3 anos) • Infância tardia: Consolidação da identidade de gênero • Adolescência: Definição da orientação sexual • Vida adulta: Refinamento e integração da identidade 3. DIMENSÃO SOCIOCULTURAL Construção Social da Sexualidade: Variabilidade Cultural: • Normas sexuais: Variam entre culturas e épocas • Rituais de iniciação: Passagem para vida sexual adulta • Tabus sexuais: Proibições culturalmente determinadas • Expressões da sexualidade: Formas aceitas de comportamento sexual Socialização Sexual: • Família: Primeiras mensagens sobre sexualidade • Pares: Influência do grupo na adolescência • Mídia: Modelos e expectativas sexuais • Educação: Informações formais sobre sexualidade • Religião: Valores morais e éticos Papéis de Gênero: Conceitos Tradicionais: • Masculinidade: Atividade sexual, múltiplas parceiras, dominância • Feminilidade: Passividade sexual, monogamia, submissão Transformações Contemporâneas: • Empoderamento feminino: Direito ao prazer sexual • Nova masculinidade: Sensibilidade e expressão emocional • Fluidez de gênero: Questionamento dos papéis rígidos Diversidade Sexual: Orientação Sexual: • Heterossexualidade: Atração pelo sexo oposto • Homossexualidade: Atração pelo mesmo sexo • Bissexualidade: Atração por ambos os sexos • Pansexualidade: Atração independente do gênero • Assexualidade: Ausência ou baixa atração sexual Identidade de Gênero: • Cisgênero: Identidade conforme sexo biológico • Transgênero: Identidade divergente do sexo biológico • Não-binário: Identidade fora da dualidade homem/mulher • Gênero fluido: Identidade variável no tempo 4. DIMENSÃO RELACIONAL Intimidade e Relacionamentos: Teoria Triangular do Amor (Sternberg): • Intimidade: Proximidade emocional, confiança • Paixão: Atração física, excitação sexual • Compromisso: Decisão de manter a relação Tipos de Amor: • Amor Romântico: Intimidade + paixão • Amor Companheiro: Intimidade + compromisso • Amor Completo: Intimidade + paixão + compromisso Comunicação Sexual: Elementos da Comunicação Efetiva: • Assertividade: Expressão clara de desejos e limites • Escuta ativa: Atenção às necessidades do parceiro• Empatia: Compreensão das perspectivas do outro • Negociação: Busca de soluções mutuamente satisfatórias Barreiras à Comunicação: • Tabus culturais: Dificuldade em falar sobre sexo • Diferenças de gênero: Estilos comunicativos distintos • Ansiedade: Medo de julgamento ou rejeição • Falta de vocabulário: Limitações para expressar experiências Consentimento Sexual: Características do Consentimento Válido: • Livre: Ausência de coerção ou pressão • Informado: Conhecimento das implicações • Específico: Para atos específicos, não geral • Revogável: Pode ser retirado a qualquer momento • Contínuo: Deve ser reconfirmado durante a atividade Fatores que Invalidam o Consentimento: • Intoxicação: Álcool ou drogas • Idade: Menores de idade • Incapacidade mental: Deficiência intelectual • Coerção: Pressão física ou psicológica • Poder desigual: Relações hierárquicas 5. DIMENSÃO ÉTICA E ESPIRITUAL Valores e Ética Sexual: Princípios Éticos Universais: • Autonomia: Direito à autodeterminação sexual • Não maleficência: Não causar danos • Beneficência: Promover o bem-estar • Justiça: Equidade no acesso aos direitos sexuais Abordagens Éticas: • Ética religiosa: Baseada em preceitos sagrados • Ética secular: Baseada em princípios humanísticos • Ética situacional: Contextualizada nas circunstâncias • Ética do cuidado: Foco nas relações e responsabilidades Espiritualidade e Sexualidade: Perspectivas Religiosas: • Catolicismo: Sexualidade dentro do casamento para procriação • Protestantismo: Variedade de posições, alguns mais liberais • Islamismo: Regulamentação detalhada da vida sexual • Judaísmo: Leis específicas (niddah, mikveh) • Budismo: Moderação e consciência sexual • Espiritualidades contemporâneas: Integração entre sagrado e sexual Sexualidade Sagrada: • Tantra: Sexualidade como caminho espiritual • Taoísmo sexual: Harmonia energética • Tradições indígenas: Sexualidade integrada à cosmologia 6. DIMENSÃO EDUCACIONAL Educação Sexual Integral: Princípios Fundamentais: • Científica: Baseada em evidências • Laica: Respeitosa à diversidade religiosa • Inclusiva: Contempla toda diversidade sexual • Emancipadora: Promove autonomia e direitos • Ao longo da vida: Processo contínuo Objetivos: • Conhecimento: Informações sobre anatomia, fisiologia, reprodução • Habilidades: Comunicação, negociação, proteção • Atitudes: Respeito, tolerância, responsabilidade • Valores: Direitos humanos, equidade, dignidade Abordagens Pedagógicas: Educação Sexual Abrangente: • Idade-apropriada: Conteúdo adequado ao desenvolvimento • Culturalmente relevante: Consideração do contexto local • Baseada em direitos: Fundamentada nos direitos humanos • Transformadora de gênero: Questionamento dos estereótipos Metodologias: • Participativas: Envolvimento ativo dos educandos • Dialógicas: Construção coletiva do conhecimento • Reflexivas: Questionamento de valores e crenças • Práticas: Desenvolvimento de habilidades concretas DISFUNÇÕES SEXUAIS Classificação DSM-5: Disfunções do Desejo Sexual: • Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (feminino) • Transtorno Erétil (masculino) Disfunções da Excitação Sexual: • Transtorno da Excitação Sexual Feminina • Transtorno Erétil Disfunções do Orgasmo: • Transtorno do Orgasmo Feminino • Ejaculação Retardada • Ejaculação Prematura Disfunções da Dor Sexual: • Transtorno da Dor Genitopélvica/Penetração Prevalência: • Mulheres: 40-45% relatam alguma disfunção • Homens: 20-30% relatam alguma disfunção • Mais comum: Disfunção erétil (homens), baixo desejo (mulheres) Fatores Etiológicos: Biológicos: • Doenças cardiovasculares • Diabetes mellitus • Distúrbios hormonais • Medicamentos (antidepressivos, anti-hipertensivos) • Cirurgias pélvicas • Envelhecimento Psicológicos: • Ansiedade de desempenho • Depressão • Trauma sexual • Conflitos conjugais • Baixa autoestima • Estresse Socioculturais: • Educação sexual inadequada • Tabus culturais • Problemas de relacionamento • Pressões sociais • Experiências negativas d) Relacione como o planejamento familiar e a sexualidade contribuem para a diminuição da gravidez indesejada. DEFINIÇÃO DE GRAVIDEZ INDESEJADA Conceitos Fundamentais: Gravidez Não Planejada: Gestação que ocorre quando não há intenção de engravidar no momento específico em que a concepção ocorre. Subtipos: • Inoportuna: Gravidez desejada, mas em momento inadequado • Indesejada: Gravidez não desejada nem no momento nem no futuro • Ambivalente: Sentimentos mistos sobre a gravidez Gravidez Não Intencional: Termo mais abrangente que inclui todas as gestações que não foram especificamente planejadas e desejadas. Epidemiologia Global: Dados Mundiais: • 48% das gestações: Não intencionais globalmente • 61% dos países desenvolvidos: Taxa de gravidez não intencional • 46% dos países em desenvolvimento: Taxa de gravidez não intencional Dados do Brasil: • 55,4% das gestações: Não planejadas (PNS 2013) • 18,8%: Indesejadas • 36,6%: Inoportunas • Adolescentes: 76,5% não planejadas MECANISMOS DE PREVENÇÃO 1. EDUCAÇÃO SEXUAL INTEGRAL Impacto na Redução de Gravidez Não Planejada: Conhecimento sobre Fertilidade: • Compreensão do ciclo menstrual: Identificação do período fértil • Sinais de ovulação: Reconhecimento dos sintomas físicos • Fatores que afetam fertilidade: Idade, saúde, estilo de vida • Concepção e contracepção: Como ocorre e como prevenir Informações sobre Métodos Contraceptivos: • Disponibilidade: Conhecimento sobre opções existentes • Eficácia: Compreensão das taxas de falha • Uso correto: Instruções detalhadas para cada método • Efeitos adversos: Preparação para possíveis reações Habilidades de Negociação: • Comunicação assertiva: Expressar necessidades e limites • Negociação do uso de preservativo: Técnicas de persuasão • Tomada de decisão compartilhada: Envolvimento do parceiro • Resistência à pressão: Manter decisões contraceptivas Evidências Científicas: Estudos Internacionais: • Cochrane Review (2016): Programas de educação sexual reduzem gravidez adolescente em 35% • UNESCO (2018): Educação sexual integral associada à redução de 50% na gravidez precoce • Guttmacher Institute (2019): Países com educação sexual obrigatória têm menores taxas de gravidez não intencional Estudos Nacionais: • Ministério da Saúde (2017): Adolescentes com educação sexual adequada têm 3x menos chance de gravidez não planejada • PeNSE (2015): Escolas com programas estruturados apresentam 40% menos gravidez na adolescência 2. ACESSO A MÉTODOS CONTRACEPTIVOS Barreiras ao Acesso: Barreiras Estruturais: • Disponibilidade limitada: Falta de métodos nos serviços • Custos elevados: Especialmente métodos de longa duração • Localização inadequada: Serviços distantes ou inacessíveis • Horários restritivos: Incompatibilidade com rotina dos usuários Barreiras Individuais: • Conhecimento limitado: Desconhecimento sobre opções • Medos e mitos: Crenças incorretas sobre efeitos adversos • Oposição do parceiro: Falta de apoio para uso contraceptivo • Baixa autoeficácia: Dificuldade em usar métodos corretamente Barreiras Socioculturais: • Estigma: Julgamento social sobre uso de contraceptivos • Normas religiosas: Oposição por motivos espirituais • Papéis de gênero: Responsabilização exclusiva da mulher • Tabus sobre sexualidade: Dificuldades em discutir o tema Estratégias de Ampliação do Acesso: Diversificação de Métodos: • Método mix: Variedade ampla de opções • Métodos de longa duração: DIU, implantes • Métodos de barreira: Preservativos masculinos e femininos • Contracepção de emergência: Pílula do dia seguinte Melhoria dos Serviços: • Capacitação profissional: Aconselhamento de qualidade • Protocolos padronizados: Critérios de elegibilidade médica • Integração de serviços:Planejamento familiar + outras áreas • Seguimento adequado: Monitoramento de efeitos adversos Iniciativas Inovadoras: • Distribuição comunitária: Agentes de saúde treinados • Programas em escolas: Acesso direto para adolescentes • Telemedicina: Consultas virtuais e prescrições • Farmácias: Dispensação de métodos sem prescrição 3. EMPODERAMENTO FEMININO Autonomia Reprodutiva: Conceito: Capacidade da mulher de tomar decisões livres e informadas sobre sua vida reprodutiva, incluindo se, quando e quantas vezes engravidar. Componentes: • Conhecimento: Informações sobre reprodução e contracepção • Recursos: Acesso físico e financeiro aos métodos • Autoridade: Poder para implementar decisões reprodutivas • Suporte: Apoio social e familiar para suas escolhas Fatores que Promovem Empoderamento: Educação: • Escolaridade: Mulheres mais educadas têm menor fecundidade • Educação sexual: Conhecimento específico sobre reprodução • Literacia em saúde: Capacidade de compreender informações médicas Participação Econômica: • Emprego: Independência financeira • Renda própria: Capacidade de custear métodos contraceptivos • Planejamento de carreira: Motivação para adiar gravidez Participação Social: • Organizações de mulheres: Redes de apoio e informação • Liderança comunitária: Influência nas normas sociais • Participação política: Advocacia por políticas favoráveis Impacto do Empoderamento: Evidências: • ONU Mulheres (2019): Cada ano adicional de educação reduz fertilidade em 0,3 filhos • Banco Mundial (2018): Empoderamento feminino associado à redução de 70% na gravidez adolescente • UNFPA (2020): Países com maior equidade de gênero têm menores taxas de fecundidade 4. COMUNICAÇÃO NO RELACIONAMENTO Comunicação sobre Contracepção: Benefícios: • Uso consistente: Parceiros engajados usam métodos mais regulamente • Escolha adequada: Seleção baseada em preferências mútuas • Suporte mútuo: Divisão da responsabilidade contraceptiva • Resolução de problemas: Manejo conjunto de efeitos adversos Estratégias para Melhorar Comunicação: • Iniciação do diálogo: Como começar a conversa • Linguagem adequada: Termos compreensíveis e respeitosos • Momento apropriado: Contexto favorável para discussão • Escuta ativa: Atenção às preocupações do parceiro Negociação do Uso de Preservativo: Barreiras: • Resistência masculina: Alegações sobre prazer reduzido • Dinâmicas de poder: Dificuldade feminina em impor uso • Tabus culturais: Associação com promiscuidade • Confiança excessiva: Relacionamentos "estáveis" Estratégias Eficazes: • Preparação prévia: Discussão fora do momento sexual • Argumento dual: Gravidez + IST • Demonstração prática: Como usar corretamente • Alternativas: Preservativo feminino como opção 5. POLÍTICAS PÚBLICAS Políticas Contraceptivas: Componentes Essenciais: • Garantia de acesso: Disponibilidade universal e gratuita • Variedade de métodos: Portfólio amplo de opções • Qualidade dos serviços: Padrões mínimos de atendimento • Capacitação profissional: Formação adequada dos prestadores Exemplos de Políticas Eficazes: • França: Contracepção gratuita para menores de 25 anos • Reino Unido: Centros especializados em saúde sexual • Uruguay: Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva abrangente • Colômbia: Sentença T-388/09 sobre direitos reprodutivos Programas Específicos: Adolescentes: • Consultórios de adolescentes: Atendimento especializado • Distribuição em escolas: Acesso direto nos locais de estudo • Pares educadores: Adolescentes formados como multiplicadores • Confidencialidade garantida: Atendimento sem necessidade de autorização Populações Vulneráveis: • Programa Saúde na Escola: Ações específicas • Unidades básicas móveis: Atendimento em comunidades remotas • Programas para trabalhadoras do sexo: Ações específicas • Atenção à população LGBTI+: Serviços inclusivos EVIDÊNCIAS DE EFETIVIDADE Estudos de Intervenção: Educação Sexual + Acesso a Contraceptivos: • Colorado (EUA): Programa de DIU gratuito para adolescentes o Resultado: 42% de redução na gravidez adolescente o Período: 2009-2013 o Custo-benefício: US$ 5,85 economizados para cada US$ 1,00 investido • Reino Unido: Estratégia Nacional de Gravidez na Adolescência o Resultado: 51% de redução (1998-2010) o Componentes: Educação + acesso + suporte social o Impacto: De 46,6 para 23,1/1000 adolescentes Programas Multissetoriais: • Etiópia: Programa HEP (Health Extension Program) o Resultado: 67% de redução na gravidez não planejada o Estratégia: Educação comunitária + distribuição de contraceptivos o Período: 2005-2015 • Brasil: Programa Saúde na Escola o Resultado: 28% de redução na gravidez adolescente (municípios participantes) o Componentes: Educação sexual + acesso a preservativos o Período: 2008-2018 Meta-análises: Revisão Cochrane (2016): "Intervenções para prevenir gravidez não intencional" • 121 estudos analisados • Educação sexual: RR 0,77 (IC 95% 0,68-0,87) • Acesso a contraceptivos: RR 0,65 (IC 95% 0,57-0,75) • Intervenções combinadas: RR 0,58 (IC 95% 0,48-0,69) Guttmacher Institute (2020): "Programas abrangentes de saúde sexual" • 213 países analisados • Educação sexual obrigatória: 35% menor taxa de gravidez adolescente • Acesso contraceptivo universal: 42% menor taxa de gravidez não intencional • Políticas de empoderamento feminino: 28% menor taxa de fecundidade DESAFIOS E BARREIRAS Barreiras Estruturais: Sistema de Saúde: • Capacitação inadequada: Profissionais sem formação específica • Infraestrutura deficiente: Equipamentos e insumos insuficientes • Descontinuidade: Interrupção no fornecimento de métodos • Integração limitada: Serviços fragmentados Políticas Públicas: • Financiamento insuficiente: Recursos limitados para programas • Instabilidade política: Mudanças frequentes de diretrizes • Resistência conservadora: Oposição a políticas liberais • Coordenação deficiente: Falta de articulação entre setores Barreiras Socioculturais: Normas Sociais: • Papéis de gênero tradicionais: Responsabilização exclusiva da mulher pela contracepção • Tabus sobre sexualidade: Dificuldade de discussão aberta sobre o tema • Estigmatização: Julgamento sobre uso de contraceptivos, especialmente por jovens • Machismo: Resistência masculina ao uso de métodos contraceptivos Influências Religiosas: • Doutrinas restritivas: Oposição a métodos contraceptivos artificiais • Liderança conservadora: Influência de autoridades religiosas contrárias • Culpa e pecado: Associação da sexualidade com transgressão moral • Educação sexual limitada: Restrições ao ensino científico da sexualidade Barreiras Individuais: Conhecimento: • Informações incorretas: Mitos e crenças sobre métodos contraceptivos • Educação sexual inadequada: Lacunas no conhecimento básico • Baixa literacia em saúde: Dificuldade de compreensão de informações médicas • Desinformação midiática: Influência de fontes não confiáveis Comportamentais: • Baixa percepção de risco: Subestimação da chance de engravidar • Otimismo irrealista: Crença de que "comigo não vai acontecer" • Procrastinação: Adiamento da busca por métodos contraceptivos • Uso inconsistente: Dificuldades de adesão aos métodos escolhidos ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃO 1. Fortalecimento dos Sistemas de Saúde Capacitação Profissional: • Formação específica: Cursos sobre saúde sexual e reprodutiva • Atualização continuada: Educação permanente em contracepção • Habilidades de aconselhamento: Técnicas de comunicação efetiva • Competência cultural: Sensibilidade para diversidade Melhoria da Infraestrutura: • Equipamentos adequados: Consultórios preparados para procedimentos • Insumos garantidos: Estoque regular de métodos contraceptivos • Sistemas de informação: Registro e monitoramento adequados • Logística eficiente: Distribuição