Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DIREITO PENAL II – 1° BIMESTRE - 3º ANO APLICAÇÃO DA NORMA PENAL ESPÉCIES DE NORMAS PENAIS a)- NORMA PENAL INCRIMINADORA – É aquela que define uma conduta e prevê uma sanção penal. Existe o Preceito Primário, é o comando normativo (ex. no Homicídio: matar alguém) e o Preceito Secundário(ex: no Homicídio: pena de 6 a 20 anos) b)- NORMA PENAL NÃO INCRIMINADORA – São aquelas permissivas e explicativas não incriminadoras. Permissivas são aquelas em que a conduta, apesar de configurar crime não será punida(ex. Légitima Defesa). Explicatativa é aquela que explica o conteúdo de outra norma(ex. Art. 327 do CP.- Define o que é funcionário público para fins penais. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O Princípio da Legalidade é a base do Direito Penal. Só há crime se previsto em lei, ou seja, traz junto o Princípio da Anterioridade, para haver crime tem que haver lei anterior. Medida Provisória não pode criar conduta típica (porque MP não é lei), figura típica só pode ser criada por lei. CONFLITO DE LEI PENAL NO TEMPO Está relacionado ao Princípio da Legalidade e, em regra(porque pode retroagir para beneficiar o réu), vigora a irretroatividade da lei penal que só vai ser aplicada após formalmente editada, daí surge a seguintes figuras: a)-“ABOLITIO CRIMINIS” – É uma causa de extinção da punibilidade. Significa que a lei nova vem descriminalizar, abolir determinada conduta criminosa. Por exemplo, é o que aconteceu com a edição da lei número 11106/95 que descriminalizou o crime de sedução, de rapto, de adultério, ou seja, essas condutas hoje não são mais criminosas. b)-“NOVATIO LEGIS IN MELLIUS” – É a lei nova mais favorável ao réu, que diminui a pena(ex. a pena era de reclusão e pela nova lei a pena passa a ser de multa). Essa lei retroage. Para esse tipo de lei dizemos que ela tem Ultratividade, ou seja, a lei tem eficácia mesmo após revogada e dizemos que ela tem Retroatividade, ou seja, retroage para beneficiar o réu. Ultratividade e Retroatividade são espécies do gênero extra-atividade da lei penal. c)-“NOVATIO LEGIS IN PEJUS” – É a nova lei mais rigorosa para o réu, que agrava a pena, que diminui possibilidade de susis, impossibilita concessão de indulto, que não admite liberdade provisória etc(ex. a lei 8072 – lei dos crimes hediondos). INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL QUANTO AO RESULTADO Pode ser de três modalidades, que são: 1)-DECLARATIVA – É o exato texto da lei, não vai ser aumentada e nem diminuída, a própria lei já diz qual o seu alcance e conteúdo(ex. tentativa) 2)-RESTRITIVA – Quando é restringido o alcance da lei, ou seja, a lei, como colocada, quis dizer mais do que a vontade do legislador, o legislador quis dizer menos do que está no texto da lei. 3)-EXTENSIVA – Quando a interpretação vai dar um alcance maior à norma penal do que aquele que o texto significa. É admitida a interpretação extensiva quando a norma pode ser interpretada de forma mais favorável ao réu(ex. no caso do aborto provocado por médico no caso de estupro. O texto da lei diz que o médico ode realizar o aborto quando a mulher foi vítima de estupro. Porém, fazendo uma interpretação extensiva o médico também pode praticar o aborto em caso de a gravidez for resultante de atentado violento ao pudor, que é outro tipo de crime, embora o texto da lei fale somente em estupro). 2 ANALOGIA Analogia é a aplicação da lei utilizando fatos semelhantes, não há previsão legal para aquela situação fática. é uma forma de integração do ordenamento jurídico. A Analogia é admitida no Direito Penal sempre que tiver como objetivo favorecer o réu, mas não é possível se criar crime por analogia, para prejudicar o réu a Analogia não é admitida. INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA Não confundir com Analogia. Interpretação Analógica é quando, seguido de expressões casuísticas(casuais), hipóteses concretas tem um termo genérico(ex. determinada lei apresenta os casos em que a lei se aplica, discriminando cada um deles e depois diz: e outros semelhantes(termos genéricos; o Art. 121 – CP- homicídio qualificado – especifica os tipos de crimes e depois diz: ou outra forma que dificulte a defesa da vítima(expressão genérica) ). Em qualquer hipótese é admitida, desde que a lei assim diga. TEMPO DO CRIME(ART. 4° CP) Para explicar o momento do crime existem três Teorias: 1)-Teoria da Tipicidade 2)- Teoria do Resultado 3)-Teoria Atividade – Esta é a Teoria adotada pelo Código Penal (ex. a pessoa “A” com 17 anos e 11 meses atinge com tiros uma outra pessoa que é socorrida e levada para o hospital. Pssados três meses, em razão dos tiros a pessoa “B” morre. A pessoa “A” não responderá por homicídio porque A Teoria pela Teoria da Atividade o momento do Crime é o momento da Conduta(omissiva ou comissiva). LUGAR DO CRIME(ART. 6° CP) O Brasil adotou a Teoria Mista(ou da Ambigüidade), ou seja o local do crime é o local tanto da Conduta como do Resultado, pouco importa(ex. a pessoa está na Argentina e manda uma bomba para o Brasil). COMO SE CONTA A PENA No Direito Penal (diferentemente do Processo Penal) é contado o dia do início(ex. pessoa é presa sábado às 23:55 horas. Sua pena é de 6 meses. À meia noite conta se como já cumprido 1 dia da pena). TEMAS RELATIVOS À TEORIA GERAL DO CRIME(QUESTÕES RELATIVAS À FORMAÇÃO DO CRIME) TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL O Professor entende que nosso Código Penal adotou a Teoria Finalista da Ação. O conceito formal analítico de crime para esta Teoria é de que Crime é fato típico e antijurídico. ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 1)-CONDUTA(AÇÃO OU OMISSÃO) -Conduta Comissiva – É o fazer alguma coisa(ação)-ex. matar alguém -Conduta Omissiva(omissão) – É o não fazer alguma coisa(ex.omissão de socorro). É possível um Resultado Naturalístico em razão de uma conduta omissiva(praticar um crime Comissivo por uma conduta Omissiva).Ex.: a mãe que querendo matar o filho deixa de dar alimentação até ele morrer responderá por homicídio qualificado. Só é praticado por aquele que tem o dever jurídico de evitar o resultado, como, por exemplo, o profissional(o garantidor) que leva alguém para escalar uma montanha e não socorre a pessoa mesmo sabendo que ela estava em perigo) 2)-RESULTADO 3 3)-NEXO DE CAUSALIDADE 4)-TIPICIDADE ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL 1)-DOLO – que pode ser: a)-Dolo Direto – quando o agente quer o resultado(ex.: quero matar; quero me apropriar de coisa alheia móvel etc) b)-Dolo Eventual – quando o agente assume o risco de produzir o resultado, tem previsibilidade do resultado(ex.: imprimir velocidade excessiva no veículo porque não quer perder a missa, mesmo sabendo que pode atropelar alguém). Responde por Homicídio Doloso, vai para o Tribunal do Júri, pena de 6 as 12 anos e se qualificado de 11 a 20 anos. 2)-CULPA – Culpa é a imprevisão do previsível ao homem médio. Aquele que age com Imprudência, Negligência ou Imperícia e sobrevém um resultado típico(ex. imprime velocidade num veículo e mata alguém. Ele não queria matar, mas agiu com imprudência, ele não previu o resultado, é diferente do Dolo Eventual) CULPA CONSCIENTE É muito similar ao Dolo Eventual. É quando o agente prevê que pode ocorrer o resultado, mas ele não quer, não assumiu o risco de matar, agiu com imprudência, ele confia nas suas habilidades, acha que não vai acontecer(ex. praticar tiro ao alvo na maça na cabeça de outra pessoa e no lugar da maça acertar o tido na cabeça da pessoa). Vai responder por Crime Culposo. Julgamento pelo Juiz de Direito normal, pena de 1 a 3 anos. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO PENAL Dizem respeito a fatos contidos no Tipo(ex. coisa alheia móvel é elemento objetivo do tipo. Só é possível furto quando se pega uma coisa que é de outra pessoa) ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO PENAL É aqueleque necessita de uma definição jurídica(ex. crime de falsificação de documento público. É preciso se saber o que é documento público, tem que haver uma interpretação de outra norma para saber o que é documento público) RESULTADO DO CRIME Tratando-se de critério naturalístico nem todo crime causa resultado, existe crime de Mera Conduta, que não depende de um resultado(ex. ato obsceno. Não vai haver um resultado naturalístico, não vai haver uma mudança no mundo exterior; crime de extorsão. Se a pessoa não pagar pouco importa, o crime já estará caracterizado). Tratando-se de critério jurídico-normativo todo crime tem um resultado, que é a ofensa ao bem jurídico tutelado, à norma jurídica, mesmo que não cause um resultado naturalístico, causa um resultado de alteração jurídica, ou seja, ofende um bem jurídico tutelado pela norma penal. CRIMES QUANTO AO RESULTADO 1)-CRIMES MATERIAIS – São aqueles que o Tipo Penal menciona Conduta e Resultado, mas a consumação se dá pelo resultado(ex. lesão corporal – Art. 129 CP) 2)-CRIMES FORMAIS – São aqueles que o Tipo Penal menciona Conduta e Resultado, mas a consumação se dá pela Conduta (ex. divulgação de segredo – Art. 153 CP) 3)-CRIMES DE MERA CONDUTA – É o crime que tem apenas Conduta (ex. atro obsceno- Art. 233 CP) 4 NEXO DE CAUSALIDADE É o elo entre Conduta e Resultado. A Conduta(ação ou omissão) causou um resultado, deu causa ao resultado. TIPICIDADE É o ajuste de uma conduta que causou um resultado a um tipo penal. TIPO É a fórmula descritiva do fato punível ANTIJURIDICIDADE Significa que mesmo a conduta sendo típica ela é lícita, ou seja, em alguns casos, mesmo a conduta sendo típica ela é lícita(ex. as excludentes de Ilicitude: Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Exercício Regular do Direito, Estrito Cumprimento do Dever Legal). CULPABILIDADE É a reprovabilidade da Conduta. ELEMENTOS DA CULPABILILIDADE 1)-IMPUTABILIDADE – É a capacidade do agente de sofrer uma pena 2)-POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE- É a possibilidade que tem o agente de saber que está praticando um fato ilícito 3)-EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA –É a exigibilidade de outra conduta(ex. o gerente de banco que entregou o dinheiro do banco sob ameaça de ter o filho morto por bandidos que o sequestraram) TENTATIVA É o crime que não foi consumado em razão da interrupção da execução por circunstâncias alheias à vontade do agente CONSUMAÇÃO É a reunião de todos os elementos da definição legal de um crime ESPÉCIES DE CONCURSO DE PESSOAS 1)- CO-AUTORIA – quando o agente pratica juntamente com o agente atos de exeção do crime. Ambos respondem, na medida da sua participação. 2)-PARTICIPAÇÃO – quando a pessoa concorre para o crime não praticando ato de execução(o auxilio, a instigação, induzimento etc) AULA 2/1 (15/02/06) SANÇÃO PENAL Toda norma jurídica, de qualquer ramo do Direito, tem uma forma: prevê um Preceito e uma Sanção. O Preceito é um comando dirigido a todas as pessoas que deve ser observado, do contrário a conseqüência será uma Sanção Jurídica(ex. alguém se compromete a pagar uma divida e não o faz, nesse caso o inadimplente sofre uma Sanção Jurídica, ou seja, ele será coagido a pagar através de uma Execução forçada). Por isso que se diz que o Direito é um Imperativo Sancionado. DIFERENÇA DA SANÇÃO JURÍDICA DA SANÇÃO PENAL A Sanção Jurídica dos outros ramos do Direito( Sanção Penal é também uma Sanção Jurídica)tem sempre como objetivo ou compelir alguém a praticar o ato que deveria ter praticado ou ressarcir o dano 5 causado a outrem, enquanto a Sanção Penal importa em uma coerção penal, ou seja, aquele que pratica o crime não vai ser obrigado a reparar o que fez ou a fazer alguma coisa em contrapartida, na Sanção Penal há a restrição ou diminuição de um direito do infrator(ex. na pena privativa de liberdade é atingido o bem jurídico Liberdade; numa pena de multa o bem jurídico atingido é o Patrimônio; numa pena restritiva de direito de prestação de serviços à comunidade o bem jurídico atingido é a disponibilidade do trabalho). CARACTERÍSTICAS DA SANÇÃO PENAL 1)- É “ERGA HOMNES”- Porque é dirigida a todas as pessoas indistintamente. 2)- ADVÉM DA SOBERANIA JURISDICIONAL – Significa alguém só pode sofrer uma Sanção Penal quando pratica um crime e quem vai aplicar a Pena é o Estado porque o “Jus Puniend” é monopólio do Estado porque ele exerce um poder soberano. Porém, a Sanção Penal não pode ser auto aplicada pelo Estado, ela somente pode ocorrer por meio da Jurisdição por meio de uma Ação Penal com direito a ampla defesa e ao contraditório. 3)-É UM DIREITO PÚBLICO – Por ser estatal, está classificado como norma do Direito Público, normas congentes(obrigatórias), não admite transação ou renúncia, exceto o que dispõe a lei 9099/95 que criou os Juizados Especiais Criminais, que prevê a transação penal em caso de crimes de menor potencial ofensivo(pena máxima igual ou inferior a 2 anos), mesmo assim é obrigado que essa transação penal seja homologada por sentença pelo juiz. 4)-É PREDOMINANTEMENTE SANCIONADOR – O Direito Penal não cria ilícitos, ele apenas atribui uma pena a quem pratica uma conduta ilícita. ESPÉCIES DE SANÇÃO 1)-PENA – Tem como pressuposto a Culpabilidade, que é a reprovabilidade da conduta. As vezes alguém pratica um fato típico, mas sua conduta não era culpável, é o caso do menor de 18 anos. Ele pratica crime, mas não sofre pena porque ele é inimputável. A sanção a ele aplicada não é penal, é Medida Sócio Educativa de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Pena é um gênero, existem várias espécies, como, por exemplo, pena de multa, pena restritiva de direitos, pena restritiva de liberdade, pena corporal etc. 2)-MEDIDA DE SEGURANÇA – Tem como pressuposto a periculosidade(ou perigosidade). Às vezes alguém pratica um fato, mas não tem consciência da ilicitude de que aquilo é ilícito, é o caso, por exemplo, do louco. Ele é inimputável. A sanção imposta a ele é a Medida de Segurança. Ao Semi imputável(aquele que tem diminuída a capacidade discernimento) fica a critério do juiz aplicar a Medida de Segurança ou Pena reduzida. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO DIREITO PENAL Para que se tenha uma noção de como deve ser aplicado o Direito Penal e a importância que tem a Sanção Penal. O Professor gaúcho Luis Luise, sintetiza bem o significado deste Princípio, conforme segue: “Preceitua o Princípio da Intervenção Mínima que só se legitima a criminalização de um fato se o mesmo constitui meio necessário para a proteção de um determinado bem jurídico. Se outras formas de Sanção se revelam suficientes para a tutela desse bem, a criminalização é incorreta. Somente se a Sanção Penal for instrumento indispensável de proteção jurídica é que a mesma se legitima. Tal Princípio deve servir de diretriz ao legislador e também ao hermeneuta, haja vista que o Direito Penal deve circunscrever-se à proteção dos bens jurídicos fundamentais da sociedade”. Em suma, o Direito Penal só deve ser utilizado, até em razão das graves conseqüecias que dele acarreta, para a proteção dos bens jurídicos mais importantes para a sociedade, não é qualquer conduta que deve ser criminalizada, o Direito Penal não é panacéia de todos os problemas da sociedade, para isso existem os vários ramos do Direito, o Direito Penal é a última hipótese. Isso demonstra também o caráter 6 fragmentário e subsidiário do Direito Penal. Fragmentário porque, ao contrário do Direito Civil, que é contínuo na vida da sociedade(as pessoas são tuteladas pelo Direito Civil até mesmo desde a concepção, o nascituro tem direito a herança, por exemplo). O Direito Penal é descontínuo, só surge em determinados momentos, somente quando obem jurídico importante é ofendido, não acompanha toda a vida da pessoa. Subsidiário porque ele vem auxiliar os demais ramos do direito, impondo sanção penal àqueles bens tuletados mais importantes CONSEQUÊNCIAS PARA A NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA A não observância do Princípio da Intervenção Mínima acarreta o fenômeno que Francisco Carnelutti denominava como “inflação legislativa do Direito Penal”. Com isso Carnelluti quis dizer que o mau uso do Direito Penal, a utilização dele em todo e qualquer caso vai fazer com que a norma penal seja banalizada(ex. do mau uso do Direito Penal: o Art. 49, da lei 9605/96 – lei dos crimes ambientais. Maltratar ou lesar planta ornamental é crime; se alguém viajar e não deixar ninguém para aguar a planta e a planta sofrer, a pessoa cometeu um crime até mesmo mais grave que uma lesão corporal; ter projéteis de arma de fogo em casa é crime com pena de 2 a 4 anos de reclusão – Art. 14, lei 10826/03). FUNÇÃO DO PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NOS CRIMES DE BAGATELA Em razão desse Princípio, determinadas condutas são entendidas como atípicas e não justificam punição porque apesar de haver a tipicidade formal não há a tipicidade material, o bem jurídico tutelado não foi ofendido, o patrimônio da “vítima” não foi desfalcado de tal ordem que justifique uma pena, é o caso, por exemplo de alguém que subtrai uma uva no supermercado, aplicar uma pena nessas circunstâncias seria caracterizado o mau uso do Direito Penal. Por isso, o Princípio da Intervenção Mínima é importante não só para o legislador, mas também para o hermeneuta, o intérprete da lei ao analisar o caso. TENDÊNCIA MODERNA DO DIREITO PENAL 1)- INTERVENCIONALISTA -Hoje, em razão da sensação de insegurança que vem sendo alardiada na sociedade, o legislador usa o direito penal para dar uma satisfação da sociedade e isso, sem dúvida, é uma tendência intervencionista do Direito Penal, há uma tendência de intervenção estatal, quer criminalizando condutas ou aumentando penas. 2)-PREVENTIVO – O Direito Penal Preventivo no sentido de se punir situações de perigo, ou seja, uma situação de perigo justifica já uma pena, mesmo sem ter havido um dano efetivo, só a situação de perigo já é crime, é o caso, por exemplo, de alguém que tem projéteis de arma de fogo. Ter em casa projéteis de arma de fogo é crime. 3)-IMPÕE RESPONSABILIDADE OBJETIVA - A tendência hoje do mau uso do Direito Penal é caminhar para a responsabilidade Penal Objetiva, ou seja, a pessoa é condenada simplesmente pela ocorrência do fato, pouco importa a culpa. DAS PENAS PENA Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado através da Ação Penal ao autor de uma infração como retribuição pelo seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico e cujo fim é evitar novos Delitos. (conceito de Soler, utilizado por Damásio). Pena é a sanção consistente na privação de determinados bens jurídicos que o Estado impõe contra a prática de um fato definido na lei como crime.(conceito de Aníbal Bruno). FINALIDADE DA PENA Existem três Teorias que tentam explicar a finalidade da Pena, que são: 7 1)-TEORIA ABSOLUTA – Pena é um mal justo em retribuição ao mal injusto cometido pelo delinqüente. Para esta Teoria, a pena não possui qualquer finalidade prática, visando tão somente uma satisfação ética moral imanente do ser humano. EXPLICAÇÃO: É UM MAL JUSTO EM RAZÃO DO MAL INJUSTO. SE DIZ QUE É UM MAL PORQUE VAI INFRINGIR UM SOFRIMENTO, ELA É SEMPRE UM MAL. SE DIZ QUE É U MAL JUSTO PORQUE É DE ACORDO COM A LEI. PARA ESSA TEORIA A PENA NÃO TERIA QUALQUER FINALIDADE PRÁTICA NO SENTIDO DE RESSOCIALIZAÇÃO, DE PREVENÇÃO ETC., A PENA SERIA SOMENTE UMA FORMA DE SATISFAZER A UM SENTIMENTRO QUE É PRÓPRIO DO SER HUMANO, É A LEI DE TALIÃO. 2)-TEORIA RELATIVA OU UTILITÁRIA – Para esta Teoria, a razão da pena é a segurança social, ou seja, a prevenção do crime. Segundo essa Teoria, há na pena duas espécies de prevenção: - A PREVENÇÃO GERAL - É fixada em abstrato e dirige-se à intimidação da reprimenda a toda a coletividade, atemorizando os potenciais infratores - A PREVENÃO ESPECIAL - Atua diretamente sobre a pessoa que violou a lei penal, fazendo-a refletir através da expiração da pena sobre o mal causado, inibindo-a através do sofrimento, e em alguns casos segregando-a da sociedade, a praticar novos delitos. EXPLICAÇÃO: A FUNÇÃO DA PENA É EMINENTEMENTE DE PREVENÇÃO, OU SEJA, EVITAR QUE OCORRA CRIME E A PRIMEIRA ESPÉCIE DE PREVENÇÃO SERIA A PREVENÇÃO GERAL, QUE É O MEDO DA SANÇÃO PENAL, DIRIGIDO A TODA A SOCIEDADE. AS PESSOAS COM MEDO DE SOFRER UMA PENA NÃO VAI COMETER O CRIME. A SEGUNDA FORMA DE PREVENÇÃO, A ESPECIAL, É QUANDO INCIDE EM CONCRETO A PENA SOBRE UMA PESSOA, ENTÃO, AQUELA PESSOA QUE COMETEU O CRIME VAI SOFRER OS RIGORES DA PENA E COM O COMPRIMENTO DA PENA VAI SE VER DESESTIMULADO A VOLTAR A PRATICAR CRIMES. EM ALGUNS CASOS A PREVENÇÃO ESPECIAL RETIRA A PESSOA DO CONVIVIO SOCIAL, É UMA FORMA DE PREVENÇÃO, DE SE EVITAR NOVOS DELITOS. 3)-TEORIA MISTA OU UNITÁRIA – Nesta Teoria a Pena tem caráter retributivo preventivo. Retributivo em razão de ser a conseqüência do crime, representando uma satisfação à sociedade. Preventiva porque, evidentemente tem caráter de intimidação geral, embora o cumprimento da pena possua uma função ressocializadora ou de reeducação do sentenciado. EXPLICAÇÃO: ESTA TERORIA RECONHECE QUE A PENA É REALMENTE RETRIBUTIVA, OU SEJA, ELA TEM A FINALIDADE DE RETRIBUIR ÁQUELE QUE COMETEU UM MAU INJUSTO UM MAL INJUSTO, CUMPRE A FUNÇÃO DE SATISFAÇÃO SOCIAL. O EXEMPLO EVIDENTE DISSO É A GAROTA QUE MANDOU MATAR OS PAIS. O PASSEIO DELA TRANQUILO NA PRAIA GEROU SENTIMENTO DE INDIGNAÇÃO NA SOCIEDADE PORQUE AS PESSOAS QUEREM A FUNÇÃO RETRIBUTIVA DA PENA, O DESEJO DE PUNIÇÃO. TEM TAMBÉM FUNÇÃO PREVENTIVA DE INTIMIDAR, MAS A FUNÇÃO MAIOR DA PENA É A DE RESSOCIALIZAÇÃO, DE REEDUCAÇÃO PARA QUE A PESSOA REINGRESSE NA SOCIEDADE DE FORMA A NÃO MAIS PRATICAR CRIMES. MODERNAMENTE É ESTA A TEORIA OBSERVADA. AULA 3/1 (20/02/06) PRINCÍPIOS E CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS PRINCÍPIOS 8 1)-PRINCÍPIO DA LEGALIDADE(ART. 1° CP; ART. 5°, XXXIX CF) – Não há pena se não prevista em lei prévia e formalmente editada 2)-PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE(ART. 5°, XLV CF) – Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, ou seja, a pena somente atinge aquele que praticou o crime, exceto no caso de perdas de bens e valores dos herdeiros, na medida da força da herança(Art. 5° XLVI, “b” CF, Art. 43, II CP e Lei 9605 – lei de Crimes Ambientais).É um efeito da finalidade retributiva da pena como defende a Teoria Absoluta da Pena(É um mal justo em retribuição ao mal injusto). É importante porque constitui uma evolução da doutrina penal, pois na antiguidade a pena se transferia para os herdeiros. Penas Privativas de Liberdade e de Multa não se transfere para herdeiros porque a pena é personalíssima. EFEITOS SECUNDÁRIOS DA CONDENAÇÃO Mesmo que haja efeitos secundários, a pena deve ser admitida pela sociedade em favor do objetivo maior que é atingir a paz social. Significa que em caso de condenação de uma pessoa, seus familiares sofrerão conseqüências em razão dessa pena(ex. se a pessoa que mantinha casa for presa, a família vai sofrer os efeitos da sanção penal). Para minimizar esses efeitos, alguns auxílios previdências para ajudar a família são previstos na legislação(ex. Auxílio Reclusão, desde que sejam preenchidos alguns requisitos). 3)-PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU INVIDUALIZAÇÃO DA PENA – Impede o arbítrio na aplicação da pena, ou seja, não pode alguém ser condenado por mera conveniência de quem quer que seja ou de determinados momento. A aplicação da Pena exige que regras estabelecidas sejamseguidas. Assim, o Princípio da Proporcionalidade tem dois requisitos a serem observados quando da aplicação da pena, que são: - Observância ao bem jurídico tutelado – Existe uma graduação em relação ao bem jurídico tutelado para que seja estabelecida a pena(ex. não se admite que a pena para o crime de Homicídio seja menor do que a pena para o crime de Furto etc.). - Observância da personalidade do delinqüente – Para a aplicação da pena, leva-se em consideração a personalidade daquele que praticou o crime(ex. aquela pessoa que vem reiteradamente praticando crime deve sofrer uma pena mais elevada do que aquele primário; aquele que praticou u crime de forma premeditada e por vingança deve sofrer uma pena maior do que aquele que praticou o crime em um momento de descontrole emocional). Por isso que se diz que a pena seria uma prognose do tratamento de ressocialização do condenado, um seja, para determinadas pessoas sofrem uma pena menor e outras sofrem uma pena maior, evidentemente dentro dos limites(pena mínima e pena máxima)estabelecidos em lei. Portanto, o juiz ao aplicar a pena de acordo com a característica da pessoa está individualizando a pena. A individualização tem três aspectos, que são: - Aspecto Legislativo – É aquele em que o legislador ao elaborar a lei, para fixar a pena cominada leva em consideração quais os bens jurídicos são mais importantes para a sociedade(ex. liberdade sexual, patrimônio, vida, meio ambiente, fé pública, integridade física, etc.) e as circunstâncias objetivas e subjetivas que sejam importantes(ex. reincidência, crime praticado contra idoso, grávida, motivo fútil, primariedade, bons antecedentes, menor de idade, etc.). - Aspecto Judicial – É quando o juiz vai aplicar a pena adequada ao caso concreto - Aspecto Executório – É o aspecto relacionado à execução da pena que foi definitivamente aplicada ao condenado. Se a Pena for Privativa de Liberdade, por exemplo, ele será encaminhado ao estabelecimento apropriado onde deverá cumpri a pena e no decorrer da execução vários institutos serão observados, como, direito a remissão de pena, progressão de regime prisional etc.). 4)-PRINCÍPO DA INDERROGABILIDADE OU INEVITABILIDADE DA PENA Segundo Magalhães Noronha, a pena somente vai ser eficaz se for prontamente aplicada e efetivamente cumprida, ou seja, é mais importante do que a severidade da pena, que ela seja prontamente aplicada e cumprida. Portanto, esse Princípio significa que a sanção tem que ser certa, inevitável sob pena de a lei cair em descrédito o que estimularia a prática de crimes. Além disso, nossa legislação prevê vários 9 institutos que afastam esse princípio e que tiram a força da lei, como, por exemplo, o Sursis(suspensão condicional da pena para primário condenado com pena de até 2 anos; a Transação Penal, o Indulto, etc.) 5)-PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DA PENA(ARTS. 5°, XLIX E XLVII CF) – Significa que a pena não pode atingir a integridade física e moral do condenado, ou seja, no Brasil a pena vai apenas suprimir ou restringir um direito do condenado(ex. a pessoa condenada a pena restritiva de liberdade tem atingida apenas a sua liberdade, a sua condição de ser humano, por isso que não se admite no Brasil penas cruéis(Art.5°, XLVII CF). CLASSIFICAÇÃO DA PENA 1)-QUANTO AO BEM JURÍDICO ATINGIDO PELA SANÇÃO PENAL a)-PENAS CORPORAIS (açoite mutilação, pena de morte) – No Brasil não são permitidas, exceto a pena de morte em tempos de guerra declarada. b)-PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE – São as mais comuns em todo o mundo. Atingem o direito de ir e vir. São aquelas que importam em uma limitação ao direito de locomoção sem importar qualquer espécie de prisão. Podem ser: -PERPÉTUAS – O condenado fica presa durante toda a vida. No Brasil não é admitida a prisão perpétua. Alguns países a utilizam (Itália, EUA, Chile, etc.) -TEMPORÁRIAS – É aquela em que há um tempo máximo de cumprimento da pena privativa de liberdade. É o caso do Brasil, que em caso de crime, só pode ficar preso ininterruptamente pelo prazo de 30 anos(Art. 75, CP) e em caso de Contravenção Penal o prazo máximo é de 5 anos(Art. 10° - Lei contravenção penal). OBSERVAÇÕES SOBRE PENAS RESTRITIVAS DE LIBERDADE São penas restritivas de liberdade: 1)-BANIMENTO – É a perda dos direitos políticos e de habitar um país. É a morte civil da pessoa, que se torna apátrida. Não pode ser aplicado no Brasil, por força do Art. 5° , XLVII, “d” da Constituição Federal. Em razão disso, existem duas correntes doutrinárias, que são: a)-Mirabete - Fazendo uma interpretação extensiva, Mirabete sustenta que a vedação constitucional da pena de Banimento deve se estender às Penas de Degredo ou Confinamento e Desterro, ou seja, para ele, o constituinte quando resolveu proibir a pena de Banimento na verdade estava proibido todas espécies de penas restritivas de liberdade. b)- Raul Zaffaroni/José Henrique Pirangeli – Para esses autores, só houve a vedação do Banimento. O constituinte ao proibir o Banimento quis apenas e tão somente excluir o Banimento e não as demais espécies de penas restritivas de liberdade porque não foi feita qualquer referência às penas de Degredo ou Confinamento e Desterro. O Professor acompanha essa corrente doutrinária. 2-DEGREDO OU CONFINAMENTO – É a fixação de residência em local determinado na sentença por certo tempo, de onde não poderá sair; 3-DESTERRO – É a saída obrigatória de seu domicílio ou domicílio da vítima por tempo determinado. CONDIÇÕES DO SURSIS(ART. 77 CP – PREVISÃO E ART. 78, § 2° CP – CONDIÇÕES) No Sursis a Pena fica suspensa mediante condições fixadas pelo juiz, dentre elas as seguintes: 10 -PROIBIÇÃO DE FREQUANTAR DETERMINADOS LUGARES – O juiz na sentença concedo o Sursis e suspende a pena na condição de que no período de provas(2 anos) a pessoa não freqüente locais onde são comercializadas bebidas alcoólicas,por exemplo. -NÃO SE AUSENTAR DA COMARCA SEM AUTORIZAÇÃO DO JUIZ – É concedido o Sursis e suspensa a pena na condição de que a pessoa não se ausente da Comarca em que reside, sem autorização do juiz. SERIAM AS CONDIÇÕES DO SURSIS(PROIBIÇÃO DE FREQUANTAR DETERMINADOS LUGARES E NÃO SE AUSENTAR DA COMARCA) UMA FORMA DE PENA RESTRITIVA DE LIBERDADE? Sim, embora não constituam pena, não têm natureza jurídica de pena porque são condições, a pessoa aceita ou não a condição em substituição à pena. ESTATUTO DO ESTRANGEIRO (LEI 6815/80) Os institutos abaixo, previstos na lei 6815/80, não são considerados penas restritivas de liberdade, não têm natureza penal, são medidas administrativas reguladas pelo Direito Internacional e pelo Direito Administrativo. - EXPULSÃO – Constitui ato administrativo fundado no direito de defesa da soberania nacional adotado pelo poder público para retirar do território nacional o estrangeiro que se mostra prejudicial aos interesses nacionais. Há casos em que a Expulsão vai ter relação com o Direito Penal(ex. estrangeiro condenado no Brasil por tráfico de drogas, é expulso do país assim que acabar de cumprir a pena no Brasil) - DEPORTAÇÃO – Medida administrativa imposta nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, aplicável se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em regulamento e notificado pela Polícia Federal(ex. a pessoa tem visto para permanecer no Brasil por um mês, mas aqui já está por dois meses) - EXTRADIÇÃO – É o ato de entrega de um indivíduo escondido em um país estrangeiro ao governo de outro país a pedido deste para ser julgado ou cumprir a pena que lhe foi imposta. Tem uma relação próxima com o Direito Penal, mas é regulamentada pelo Direito Internacional e pela Constituição(é analisada pelo STF e depois submetida à decisão do Presidente da República). A CFveda extradição de brasileiro nato ou de estrangeiro naturalizado se a conduta ocorreu depois da naturalização, assim como naqueles casos em que a pena aplicada não é admitida no Brasil e também em razão de crimes políticos. c)-PENA PECUNIÁRIA – É aquela que atinge o patrimônio do condenado, vai ter como bem jurídico restringido o patrimônio do condenado, pode ser: - Pena de Multa – É o pagamento em dinheiro ao FUNPEN - Fundo Penitenciário Nacional. - Pena de Confisco – É aquele que vai atingir com a perda dos bens lícitos do sentenciado. Foi banida do Direito Penal há muito tempo, porém, a Constituição de 1988 prevê a perda de Bens e Valores que nada mais é do que uma Pena Confisco(Art. 5°, XLV CF; ART. 43, II CP e Lei 9605/98 – Crimes Ambientais) CONFISCO PENA X CONFISCO EFEITO SECUNDÁRIO DA SENTENÇA PENAL CONDENÁTORIA O Confisco Pena não deve ser confundido com Confisco Efeito Secundário da Sentença Penal Condenatória que é previsto no Art. 91, II, “a” e “b” do Código Penal. O Confisco previsto no Art. 91 do CP atinge o produto direto e indireto do crime, bem como os instrumentos do crime, ou seja, aquela pessoa que roubou o banco, por exemplo, e com o dinheiro roubado comprou uma casa, vai ter esta casa confiscada porque a casa é produto indireto do crime, portanto, esse Confisco não é Pena, é Efeito Secundário da Condenação, o criminoso vai ter uma pena restritiva de liberdade e a casa vai ser 11 confiscada. Portanto, o Efeito Secundário da Sentença(produto do crime) não atinge o bem lícito da pessoa, a perda que atinge o bem lícito é a Pena de Confisco. d)- PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - São aquelas que suprimem ou restringem alguns direitos do condenado diversos da liberdade. Estão previstas no Art. 43 do Código Penal, ganhando grande destaque como penas alternativas à pena privativa de liberdade. Exemplo: prestação de serviços à comunidade, limitação de fim de semana, interdição temporária de direitos etc. AULA 4/1 (22/02/06) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES(CONTINUAÇÃO) 2)-QUANTO A APLICABILIDADE DA PENA Pena Aplicada é a Pena que foi individualizada no caso concreto daquela pessoa(ex. João recebeu Pena de 8 anos de reclusão pelo crime de Homicídio que praticou). Pena Cominada é aquela estabelecida em abstrato(ex.: a pena cominada para o crime de homicídio é de 6 a 20 anos de reclusão). a)-ÚNICAS – Quando prevista com exclusividade pela norma incriminadora(ex. Art. 121 –CP – Homicídio, em que é cominada uma única pena de 6 a 20 anos de reclusão) b)-CONJUNTAS – Quando previstas cumulativamente mais de uma pena(ex. Art. 155 – CP- Furto, em que é prevista como pena Reclusão de 1 a 4 anos e Multa) c)-PARALELAS – Quando da mesma espécie encontram-se previstas de forma alternativa(ex. Art. 135, § 1° CP – Bigamia, que prevê Pena de Reclusão ou Detenção de 1 a 3 anos). São penas da mesma espécie(Privativas de Liberdade-Detenção e Reclusão) e o juiz escolhe uma delas. d)-ALTERNATIVAS – Quando de espécies diferentes encontram-se previstas de forma alternativa(ex. Art. 233 CP – Ato obsceno, em que a Pena é de 3 meses a 1 anos de Detenção ou Multa). São penas de Espécies diferentes(Detenção e Multa) e o juiz escolhe uma delas. CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO São definidos pela lei 10.259/2002. Constitui crime de Menor Potencial Ofensivo aquele cuja pena cominada seja igual ou inferior a 2 anos. O Crime de Porte de Entorpecente(Art. 16 da lei 6368/76) tem como Pena Cominada 6 meses a 2 anos de Detenção e Multa. Entretanto, não é Crime de Menor Potencial Ofensivo(decisão do STJ) porque ao comutar a pena a esse crime o fez de forma conjunta(Privativa de Liberdade e Multa). 3)-QUANTO AO LOCAL DE EXCUÇÃO DA PENA a)-INSTITUCIONAIS – São aquelas que se cumprem em estabelecimentos especialmente destinados a este fim(ex. Penitenciária. Pena Privativa de Liberdade Reclusão em regime fechado é cumprida em estabelecimento de Segurança máxima que é a Penitenciária). b)-SEMI-INSTITUCIONAIS – Quando se cumpre a pena parcialmente em estabelecimentos institucionais (ex. Pena de Limitação de Fim de Semana-Restritiva de Direito. No fim de semana ou feriado o condenado tem comparecer ao estabelecimento para participar de atividades voltadas à ressocialização) c)-NÃO INSTITUCIONAIS – Quando se executa a pena em liberdade, sem qualquer vinculação com estabelecimentos prisionais(ex. Pena de Multa, Prestação de Serviços à Comunidade e a pena de Interdição Temporária de Direitos). INFORMAÇÃO HISTÓRICA Penas Principais e Acessórias não mais existem. A lei 7209/84, que alterou a parte geral do Código Penal, revogou a figura destas penas. Acessórias eram as penas previstas em lei que o juiz aplicava a 12 pena Privativa de Liberdade como pena Principal e uma outra Pena como pena Acessória que ficava dependendo da execução da Principal(ex. interdição, perda de determinado bem, etc.). PENAS POSSÍVEIS PELA PRÁTICA DE CRIMES (ART. 32 CP) 1-PENAS COMUNS – São as Penas Privativas de Liberdade e Multa. 2-PENAS ALTERNATIVAS OU SUBSTITUTIVAS – São as Penas Restritivas de Direito e Multa. O Art. 44 e 60 do Código Penal prevêem determinados requisitos de ordem objetiva e subjetiva que, quando preenchidos, autorizam o juiz , quando da individualização da pena, substituir a Pena Privativa de Liberdade por Pena Restritiva de Direito ou Pena de Multa, a depender do caso. OBS.: Às vezes a Pena de Multa já aparece no próprio tipo penal(ex. Detenção e Multa) e outras vezes vem como Pena Alternativa. Nenhum crime é punido apenas com Multa. LEIS EXTRAVAGANTES São aquelas não codificadas, estão fora do Código Penal. -PENA DE MORTE – Prevista no Código Penal Militar, só pode ser aplicada em caso de guerra declarada. -PRISÃO SIMPLES – Prevista na Lei de Contravenções Penais -PENA RESTRITIVA DE DIREITO – Prevista na lei de Crimes Ambientais diretamente como sanção penal ao crime, sem a natureza substitutivo(como é no Código Penal). PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE É a que restringe o direito de ir e vir do condenado, infringindo-lhe um determinado tipo de prisão. EVOLUÇÃO HISTÓRICA É uma pena, historicamente falando, recente, ela surgiu na segunda metade do século XVI. Antes só existiam penas corporais(morte, açoite, mutilação, tortura). A prisão era apenas uma forma de instrumentação para execução da pena(morte, mutilação etc.), não tinha natureza de sanção penal. A prisão como pena surgiu por influência do Direito Canônico que trazia uma filosofia mais humanitária(pregava a vida, a vida pertencia a Deus e ninguém poderia tira-la). A expressão cela surgiu no Direito Romano, quando o religioso se recolhia na cela monástica e lá se penitenciava pelo mal que ele causou, daí a extpressão Penitenciária. Na segunda metade do século XVI é que surgem os primeiros estabelecimentos penais destinados especificamente ao cumprimento da pena privativa de liberdade. Foi na Inglaterra que surgiram as primeiras prisões que eram denominadas de “houses of corretions” e “brid wells”. Entre nós a prisão com pena só surgiu em 1830 com o Código Penal do Império, quando foram construídos os primeiros presídios, antes no Brasil só havia pena corporal. O filosófo Michel Foucault fez um estudo da evolução das penas que está publicado no seu livro chamado “Vigiar e Punir”. No referido livro ele relata métodos que eram utilizados na execução de penas corporais, traçando todo a evolução das penas. SISTEMAS PENITENCIÁRIOS CLÁSSICOS São três os sistemas mais comuns no mundo. 1)-SISTEMA DA FILADÉLFIA – Adotado inicialmente na Pensilvânia e também aplicado na Bélgica, razão pela qual é também conhecido como Sistema Belga ou Celular. Trata-se de um sistema rigorosamente celular, absoluto, onde o sentenciado permanece fechado na cela sem sair,salvo em casos esporádicos para passeios em pátios cerrados e circulares. Não havia trabalho ou visitas e estimulava-se a religiosidade. Era o mais rigoroso de todos os sistemas. O sistema brasileiro chamado RDD – Regime Disciplinar Diferenciado, se assemelha ao Sistema Belga. No Brasil, em razão da 13 segurança, é o sistema que abriga os presos de maior periculosidade, como, por exemplo, Fernandinho Beira Mar, dentre outros. 2)-SISTEMA AUBURN OU AUBURNIANO OU SILENT SYSTEM – É um sistema mais brando. Sua origem é a penitenciária de Albany, Estado de Nova Iorque EUA, construída em 1818.Neste Sistema, o sentenciado permanece em isolamento no período noturno e durante o dia trabalha juntamente com os outros presos, contudo, apesar do trabalho comum, ele é feito em absoluto silêncio, daí denominação de “silent system”. 3)-SISTEMA INGLÊS OU PROGRESSIVO – Considerado o mais brando dos sistemas. Tem origem no Reino Unido, no século XIX. Neste Sistema há um período inicial de isolamento, denominado de período de Prova, com prazo determinado. Depois, observado o aproveitamento do comportamento do preso, este passa a trabalhar e comum e finalmente ganha a liberdade fiscalizada. A principal característica desse sistema é que ele apresenta estágios em seu cumprimento, sendo o último de Liberdade Vigiada. Na doutrina se identifica uma variante do Sistema Inglês, denominado de Sistema Irlandês, no qual, antes da Liberdade Vigiada há o Estágio de Semi-liberdade em que o sentenciado trabalha em Colônia Penal Agrícola em regime de semi-liberdade. É o sistema tido como mais moderno. SISTEMA ADOTADO NO BRASIL O Brasil adota o Sistema Progressivo, mas não é o Sistema Inglês. É o sistema criado pelo legislador brasileiro, guardando algumas peculiaridades que o distingue do sistema inglês. No Sistema Brasileiro, por exemplo, é possível o condenado sair do regime fechado diretamente para regime condicional(ex.nas condenações por crimes hediondos que não permitem progressão), ou seja, cumprindo 2/3 da pena, sai do sistema fechado direto para a liberdade, sem passar pelo semi-aberto ou aberto. A própria lei, Art. 33, § 2° CP e Art. 112 da lei 7210/84-exceção penal prevê que a Pena Privativa de Liberdade deve ser cumprida de forma progressiva, dando ênfase ao comportamento do sentenciado. AULA 5/1 (08/03/06) ESPÉCIES DE PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE a)-RECLUSÃO(prevista noCP) – É uma Pena mais grave, aplicada para crimes que atingem um bem jurídico de maior valor para a sociedade; b)-DETENÇÃO(prevista no CP) – É uma pena menos grave, aplicada para crimes que atingem um bem jurídico de menor importância para a sociedade, não sendo necessário o rigor do Regime Fechado; c)-PRISÃO SIMPLES(prevista na lei de Contravenções penais). DIFERENÇA ENTRE RECLUSÃO E DETENÇÃO Modernamente se entende que não há mais relevância em se fazer distinção entre ambas, deveria ser uma só pena que é a Pena Privativa de Liberdade, mas o nosso Código Penal mantém essa dicotomia Reclusão/Detenção. Não se verifica nenhum diferença ontológica entre essas penas, as duas são cumpridas da mesma forma, ou seja, em estabelecimentos prisionais e em ambas vão ser aplicados os mesmos institutos(mudança de regime, remissão de pena , etc). Porém, existir conseqüências jurídicas em razão da aplicação de uma ou de outra dessas penas. CONSEQUÊNCIAS DA DICOTOMIA RECLUSÃO/DETENÇÃO A Espécie de Pena, se Reclusão ou Detenção, determina: a)-O REGIME PRISIONAL – Regime de cumprimento da pena pode mudar em cada tipo de Pena aplicada: – A Pena de Reclusão é cumprida nos Regimes: Fechado, Semi-Aberto ou no Aberto; 14 – A Pena de Detenção é cumprida nos Regimes: Semi-Aberto ou Aberto. Há duas hipóteses que a Pena de Detenção é cumprida em Regime Fechado: quando se tratar de crimes cometido por organização criminosa(lei 9034/95) e quando há a Regressão de Regime(quando o condenado que está cumprindo a Pena em um regime menos rigoroso cometer falta grave no cumprimento da pena-Art. 50, LEP ). b)-A ESPÉCIE DE MEDIDA DE SEGURANÇA – Na fixação da Medida de Segurança o juiz vai levar em consideração a espécie de Pena Privativas de Liberdade cominada(pena em abstrato) ao crime praticado pelo agente. Quando o inimputável por doença mental pratica um crime ele pratica um crime, mas não sofre Pena, sofre Medida de Segurança. Essa Medida de Segurança vai guardar correspondência com a pena cominada para o crime cometido, conforme segue: -SE FOR CRIME PUNIDO COM RECLUSÃO – A Medida de Segurança vai ser a Medida de Segurança Detentiva(aquela em que a pessoa é internada em hospital de tratamento psiquiátrico) por tempo indeterminado, até que cesse a periculosidade. -SE FOR CRIME PUNIDO COM DETENÇÃO – A Medida de Segurança vai ser a Medida de Segurança Restritiva(a pessoa comparece periodicamente em um órgão de saúde para receber tratamento médico por tempo indeterminado, até que cesse a periculosidade). Exemplo: prática de ato obsceno pelo inimputável c)-A INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PATRIO PODER(PODER FAMILIAR), TUTELA E CURATELA(ART.92, II – CP) – É um efeito secundário da sentença condenatória(o efeito principal é a pena), ou seja, não é pena, é um efeito reflexo da sentença condenatória. Esse efeito secundário do Exercício do Pátrio Poder, Tutela e Curatela só ocorre se a Pena for de Reclusão e quando o crime for praticado contra o Filho, o Tutelado ou o Curatelado. Exemplo: O pai tenta matar o próprio filho. Se ele for condenado pelo crime(cuja pena será de Reclusão), o juiz pode na Sentença Condenatória, desde que o faça motivadamente(dizer na sentença porque está aplicando esse efeito), torna-lo incapaz para o exercício do Pátrio Poder, não só em relação àquele filho que foi vítima, mas em relação a todos os demais filhos. d)-A PRIORIDADE NA ORDEM DE EXECUÇÃO(ARTS. 69, CAPUT E 76 CP) – Significa que primeiro será executada a Pena mais grave Aplicada ao réu(ex.: o réu foi condenado a 5 anos e 4 meses de Reclusão por crime de roubo e também foi condenado a 6 meses de detenção por porte de entorpecentes. A pena a ser executada primeiro será a Pena referente ao crime de roubo porque é pena de Reclusão, que é mais grave). e)-A LIMITAÇÃO NA CONCESSÃO DE FIANÇA – É um valor pecuniário que a pessoa recolhe judicialmente para garantir a sua presença no Processo sob pena de perder o dinheiro dado em fiança. A concessão de fiança é concedida da seguinte forma: -SE A PENA FOR DE DETENÇÃO – Pode arbitrar a Fiança a autoridade policial e o juiz. -SE A PENA FOR DE RECLUSÃO – Só a autoridade judicial(o juiz) pode arbitrar a Fiança. REGIMES PENITENCIÁRIOS(ART. 33, CAPUT, CP) É o modo pelo qual é cumprida a Pena privativa de Liberdade. O Código Penal prevê os seguintes Regimes Penitenciários: 1)-REGIME FECHADO – É aquele cumprido em estabelecimento de segurança máxima(Penitenciária) ou média (CR – Centro de Ressocialização). O condenado só sai para trabalhar em obras públicas(sob escolta) ou para tratamento médico 2)-REGIME SEMI-ABERTO – É aquele em que a Pena é executada em Colônia Penal Agrícola, Industrial ou estabelecimento similar. É um Regime intermediário, no qual o condenado pode trabalhar em obras públicas ou privadas fora do presídio durante o dia(sob escolta) e à noite retorna ao presídio. 15 Alguns direitos são concedidos ao presos, como, por exemplo, saídas temporárias em datas especiais retornando depois ao presídio. 3)-REGIME ABERTO – É aquele em que a Pena é executada em casa de albergado ou estabelecimento adequado(Art. 33, § 1°, “c”, CP). É o regime mais brando de todos. Durante o dia o preso sai para praticar atividades lícitas e à noite retorna à casa de albergado onde permanece também nos finais de semana. Ocorre, porém,que o Estado não construiu essas casas de albergados ou estabelecimentos adequados em quantidade suficientes, por isso, o condenado cumpre a Pena em sua própria casa, ou seja, durante à noite não pode sair sob pena se ter a Regressão do Regime. Por falta de casas de albergados se estendeu a prisão Domiciliar a todos aqueles que estão em Regime Aberto, mas originalmente a Prisão Domiciliar era possível, quando o sentenciado está em Regime Aberto, somente nas hipóteses previstas no Art. 117 da Lei 7210/84 – Lei de Execução Penal(LEP): quando se tratar de: - Condenado maior de 70 anos - Condenado acometido por doença grave - Condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental - Condenada gestante RDD – REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO A lei 10792/03 deu nova redação ao Art. 52 da lei de execução penal(LEP), criando o RDD – Regime Disciplinar Diferenciado. É um regime adotado em Presídios de Segurança máxima(ex. Presídio de Presidente Bernardes-SP, onde ficou preso Fernandinho Beira Mar) em que a restrição da liberdade do preso é levada ao extremo. O condenado não recebe visitas, não tem direito a rádio ou televisão e não tem direito a banho de sol superior a 2 horas por dia(sempre sozinho) e entrevista com advogado tem que ser previamente agendada . O RDD não é um novo Regime Penitenciário porque os Regimes Penitenciários estão previstos no Código Penal e o RDD é apenas uma forma excepcional disciplinar de cumprimento da pena no Regime Fechado, sendo admitido tão somente nos casos taxativamente previstos no Art. 52 da LEP. O preso é transferido para o RDD quando ele praticar crime doloso dentro do sistema penitenciário colocando em perigo a ordem e a disciplina do presídio ou quando houver fundada suspeita que o preso pertença a organização criminosa, podendo o RDD ser inclusive aplicado a Preso Provisório(ainda não condenado definitivamente). O período máximo de permanência no RDD é de no máximo 360 dias após o que voltará ao sistema normal. Se o preso voltar a cometer qualquer das condutas que admitem o RDD ele retorna ao sistema é lá pode ficar por até 1/6 da pena. Quem determina o envio do condenado ao RDD é o juiz da execução penal, comportando, inclusive, recurso. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL Quem aplica a pena e por conseqüência determina o Regime Prisional é o Juiz da condenação, o juiz de Conhecimento(juiz da 1° Vara Criminal, 2°, 3° , etc.). Nesse procedimento serão observadas as seguintes legislações que oferecem as diretrizes, os critérios para a fixação do Regime Prisional Inicial: - Art. 33, § 3° CP - Art. 59, II, CP - Art. 110, LEP – Lei de Execução Penal(lei 7210/84) CRITÉRIOS OBSERVADOS PARA A FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL - QUANTIDADE DA PENA – quantos anos durará a Pena. - A ESPÉCIE DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – Se é Reclusão ou se é Detenção. 16 - AS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS(Art. 59, Caput, CP) – São previstas no Art. 59, Caput, CP(culpabilidade, antecedentes personalidade, motivos, motivos do crime, circunstâncias e conseqüências do crime, comportamento da vítima). Circunstância é tudo aquilo que circunda, que está ao redor do crime, ou seja, se tirar a circunstância o crime continua a existir, mas ela é importante para melhor individualização do crime(ex. se alguém subtrai coisa alheia móvel mediante arrombamento pratica Furto, mas é Furto Qualificado com pena de 2 a 8 anos porque o arrombamento é uma circunstância do Furto, se retirar o arrombamento continua a existir furto, só que furto simples com pena de 1 a 4 anos - AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA(ART. 63, CP) – A reincidência tem influência na aplicação Do Regime Inicial. Reincidente é aquele que após ter sido definitivamente condenado pela prática de um crime, volta a cometer um novo crime(ex. A pessoa cometeu um crime de furto no dia 01/01/05, praticou outro furto no dia 15/01/05 e pratica um roubo dia 02/02/05 e no dia 01/03/05 pratica um crime de lesão corporal. A pessoa somente será considerada reincidente se ela for condenada por um desses crimes cometidos e depois de condenado pratique um novo crime.Digamos que a pessoa tenha sido condenada no dia 12/12/05 pelo crime de furto praticado no dia 15/01, mesmo que seja condenada, por exemplo, no dia 15/12/05 pelo crime de lesão corporal praticado no dia 01/03/05, não será considerada reincidente porque só seria reincidente se tivesse praticado um novo crime após a condenação REGRAS UTILIZADAS PARA FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL NA PENA DE RECLUSÃO Na Pena de Reclusão o Regime Prisional Inicial será estabelecido de acordo com os seguintes critérios: a)-Para réu reincidente ou Pena superior a 8 anos o Regime será Fechado. b)-Para réu não for reincidente(primário) com Pena seja superior a 4 anos até 8 anos, o Regime poderá ser Semi-Aberto c)-Para réu não reincidente(primário) com Pena de até 4 anos, o Regime poderá ser Aberto EXEMPLO1 Réu reincidente, com Pena de 2 anos de Reclusão o Regime será o Fechado. EXEMPLO2 Réu primário(não reincidente), com Pena de 9 anos de Reclusão o Regime será Fechado EXEMPLO3 Réu primário, com Pena de 6 anos de Reclusão o Regime será Semi-Aberto EXEMPLO 4 Réu primário, com Pena de 3 anos de Reclusão o Regime será Aberto AULA 6/1 (13/03/06) EXCEÇÕES À REGRA DE FIXAÇÃO DE REGIME PRISIONAL NA PENA DE RECLUSÃO a)-É possível ser fixado Regime Fechado ao réu Primário ou quando a Pena for inferior a 8 anos de reclusão, desde que o juiz o faça motivadamente com base nas circunstâncias judiciais(Arts. 33, § 3° e 59 do CP). Exemplo: se o réu primário for condenado por crime de roubo simples com Pena de 4 anos de Reclusão e o juiz entender que as circunstâncias são desfavoráveis ao réu(ele tem má personalidade, o crime foi cometido em razão duma vingança, etc) pode ser fixado o Regime Fechado, desde que haja a fundamentação na sentença. Com relação a essa questão existem as Súmulas 718 e 719 do STF. SÚMULA 718 A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segunda a pena aplicada. 17 SÚMULA 719 A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. b)-O Regime Prisional para os crimes Hediondos e equiparados é sempre o Regime Fechado(Art. 2°, § 1°, Lei 8072/90), sendo que o cumprimento da pena é INTEGRALMENTE NO REGIME FECHADO, ou seja, a princípio não cabe a Progressão de Regime, mas é questão controvertida porque cada juiz decida ainda de acordo com sua convicção por ainda não existir Súmula do STF. Exemplo: Penas aplicadas para crimes do Art. 12, lei 6368/76; Art. 213, CP – estupro). Cabe ao legislador infraconstitucional estabelecer quais são os crimes hediondos. c)-O Regime Prisional para os crimes de Tortura(que é equiparando ao crime hediondo) é o Regime Fechado(Lei 9455/97), sendo que, diferentemente do crime hediondo, o cumprimento é INICIALMENTE NO REGIME FECHADO, ou seja, cabe Progressão de regime. O tipo penal como tortura foi criado pela lei 9455/97, antes disso não havia a figura típica deste tipo de crime. Mas existe uma distinção. Crime Hediondo integralmente no Regime fechado. REGRAS UTILIZADAS PARA FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL NA PENA DE DETENÇÃO Em regra, não cabe o Regime Fechado na Pena de Detenção. O Regime é fixado conforme os seguintes critérios: a)- Condenado Reincidente ou cuja Pena for superior a 4 anos o Regime Prisional deve ser iniciado em Regime Semi-Aberto; b)- Condenado Não Reincidente(primário) com Pena igual ou inferior a 4 anos o Regime Prisional deve ser iniciado em Regime Aberto. EXCEÇÕES À FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL NA PENA DE DETENÇÃOa)-Se for réu não reincidente(Primário) e a Pena for inferior a 4 anos pode o juiz fixar um Regime mais grave(Semi-Aberto ou Fechado), desde que o faça motivadamente com base nas circunstâncias judiciais(Arts. 33, § 3° e 59 do CP), ou seja, o juiz tem que fundamentar a aplicação do regime mais grave, com base no Art. 59 do CP. b)-O Regime Prisional na Pena de Detenção para crimes de Organização Criminosa(previsão da lei 9034/95) é o Regime Fechado; c)-Se o condenado der causa a Regressão de Regime(Art. 118, I e II da lei 7210/84- LEP), pode ser fixado o Regime Fechado na Pena de Detenção(ex. o condenado estava cumprindo pena de detenção em Regime Semi-Aberto e tentou fugir, nesse caso a regressão para o Regime Fechado; se o condenado cometer novo crime durante o cumprimento da Pena, ele terá a Regressão para o Regime Fechado). REINCIDÊNCIA(SÚMULA 269 STJ) - É POSSÍVEL A FIXAÇÃO DE REGIME MENOS GRAVOSO NA REINCIDÊNCIA? Tanto na Reclusão como na Detenção, quando o réu for reincidente a Pena será fixada sempre no Regime mais grave para cada espécie de pena privativa de liberdade. Por exemplo: Réu Reincidente que é condenado por crime apenado com Reclusão o Regime Prisional será o Fechado; Réu Reincidente que condenado por crime apenado com Detenção o Regime Prisional será o Semi-Aberto. Porém, em razão de interpretação restritiva do Art. 33 do CP, vem sendo entendido que seria possível, de forma fundamentada pelo juiz, a fixação de Regime menos gravoso ao Reincidente porque se entende que o legislador, ao determinar o regime mais grave ao reincidente, disse na lei mais do que era a sua vontade já que existem outros dispositivos legais no CP que permitem outros benefícios ao reincidente que são até mais amplos que o próprio regime prisional(ex. o réu reincidente em crime doloso, mas que tenha tido a pena de multa no crime anterior pode gozar do sursis(Art. 77, § 1° CP). Ora, se é possível a sursis ao reincidente, porque não é possível a fixação de regime prisional mais leva? Por essa razão, tem se 18 entendido que se forem favoráveis as circunstâncias judiciais, mesmo ao reincidente pode ser aplicado um regime prisional mais brando. SÚMULA 269 - STJ É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. PRISÃO SIMPLES É aquela dirigida somente para contravenções penais. No caso de prisão simples o Regime Prisional é o Semi-Aberto ou o Aberto, porém, deve ser cumprido em estabelecimento penal próprio(ex. em caso de condenação por contravenção penal não deve o condenado ficar misturado com aqueles que estão cumprindo pena por crime), ou, se não havendo este estabelecimento próprio, em seção penal distinta- Art. 6° da LEP(cela separada). Também, na Prisão simples não é admitida a Regressão de Regime. OBSERVAÇÕES GENÉRICAS RELATIVAS AO RERGIME PRISIONAL a)-Se o réu for condenado em dois crimes, um com Reclusão e outro com Detenção, o Regime Prisional é estabelecido mediante aplicação do Art. 111, da LEP que diz que o regime prisional será estabelecido pela soma das penas, levando em consideração a Detração penal e a Remição de pena. EXEMPLO 1 O réu primário é condenado a 4 anos de Reclusão no Regime Aberto e a 1 ano de Detenção no Regime Aberto. Para fixação do Regime Prisional será aplicado o Art. 111 da LEP – Lei de Execução Penal, ou seja, o regime prisional será estabelecido pela soma das penas, levando em consideração a Detração Penal e a Remissão de Pena. Assim, será cumprida pena de 5anos no Regime Prisional o Semi-Aberto, porque o Regime Prisional para 5 anos é o Semi-Aberto. EXEMPLO 2 O réu primário é condenado a 3 anos de Reclusão no Regime Aberto e a 1 ano de Detenção no Regime Aberto. Para fixação do Regime Prisional será aplicado o Art. 111 da LEP – Lei de Execução Penal, ou seja, o regime prisional será estabelecido pela soma das penas, levando em consideração a Detração Penal e a Remissão de Pena. Assim, será cumprida pena de 4 anos no Regime Prisional será Aberto, porque o Regime Prisional para 4 anos é o Aberto. EXEMPLO 3 O réu primário é condenado a 3 anos de Reclusão por tráfico de entorpecentes(Regime Fechado) e a 1 ano de Detenção no Regime Aberto. Para fixação do Regime Prisional será aplicado o Art. 111 da LEP – Lei de Execução Penal, ou seja, o regime prisional será estabelecido pela soma das penas, levando em consideração a Detração Penal e a Remissão de Pena. Assim, será cumprida pena de 4 anos no Regime Prisional Fechado. Inicia-se a pena pelo regime mais grave, no caso, regime fechado(Art. 76, Caput CP). b)-Se na Sentença Condenatória o juiz não fixar o Regime Prisional, cabe pedido de declaração de sentença no prazo de 2 dias(Art. 382 CPP) ou em se tratando de decisão do Tribunal cabe embargos de declaração também no prazo de 2 dias(Art. 619 CPP). Porém, se a sentença houver transitado em julgado sem a fixação do Regime Prisional há duas possibilidade para a solução da questão, que são: - Na Doutrina e Jurisprudência se entende que cabe hábeas corpus para anular a sentença porque esta disse menos que tinha que dizer; - Outra parte da Doutrina(a maioria) entende que pode o Juiz da Execução Penal fixar o Regime Prisional, só que, nesse caso, sempre o mais brando de acordo com as regras do Art. 33 do CP, ou seja, não pode o juiz da execução fixar regime prisional mais grave utilizando aquelas circunstâncias judiciais previstas no Art. 59 do CP; 19 REGRAS DO REGIME PRISIONAL FECHADO As regras do Regime Prisional Fechado estão contidas nos Artigos do Código Penal e na Lei de Execução Penal, que são: Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução. É o primeiro contato que o Poder Executivo, que vai executar a pena, vai ter com o condenado e vai traçar o método de tratamento daquela pessoa. O condenado vai conversar com um assistente social, psicólogo, advogado etc., para daí ser elaborado um parecer com o perfil do preso para tecnicamente a execução penal se processar. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. REGRAS DO REGIME PRISIONAL SEMI-ABERTO Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior REGRAS DO REGIME PRISIONAL ABERTO Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. REGRAS DO REGIME PRISIONAL ESPECIAL Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. A ConstituiçãoFederal(Art. 5° , L), garante às mulheres condições para que possam amamentar seus filhos. Art. 82, LEP Lei Execução Penal(LEI 7210/84)– Determina que os estabelecimentos penais tenham estrutura para o cumprimento da pena por pessoa co idade igual ou superior a 60 anos, garantindo a estas o cumprimento em estabelecimento distinto, não podendo a pena ser cumprida junto com os demais condenados. AULA 7/1 (15/03/06) PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE(CONTINUAÇÃO) 20 DIREITO PENITENCIÁRIO OU DIREITO DE EXECUÇÃO PENAL É um segmento das ciências jurídicas que os estudiosos apontam como sendo um novo ramo do Direito surgido de um desmembramento do Direito Penal, tendo como objeto de estudo as normas atinentes à execução da pena e a tudo aquilo que está relacionado à sanção penal, abrangendo, inclusive, os Princípios Constitucionais. O Professor Damásio defende o surgimento de um novo ramo da ciência do Direito intimamente ligado ao Direito Penal, porém com objeto de estudo diverso, seria este o Direito penitenciário que consistiria no estudo do conjunto de normas disciplinadoras da execução da pena, do tratamento do preso e do regulamento penitenciário. O Professor Mirabete, por sua vez, denomina este novo ramo do Direito como direito de execução penal, pois não estaria restrito à Pena Privativa de Liberdade, mas compreendendo o aspecto mais abrangente, inclusive com o estudo dos princípios constitucionais e normas do Código Penal relacionadas à execução penal. NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL É importante ser verificado se o Processo penal termina com a Sentença Penal Condenatória. Existem duas correntes doutrinárias sobre os objetivos da Sentença Penal, que são: 1)-A SENTENÇA PENAL É PREDOMINANTEMENTE ADMINISTRATIVA – Significa que a execução penal é feita pelo Poder Executivo, de forma autônoma, através dos órgãos competentes, havendo esporadicamente episódios em que há a interferência jurisdicional, ou seja, que o juiz interfere na execução da pena(ex. para o juiz declarar a extinção da pena, etc.). Este entendimento vigora na França e Itália. 2)-A SENTENÇA PENAL É JURISDICIONALIZADA – Significa que para que haja a execução da pena é necessário um Processo de Execução Penal e que, embora seja a pena executada pelo Poder Executivo, durante toda a sua execução haverá a fiscalizada do Judiciário, será o juiz que decidirá sobre qualquer aspecto relacionado à execução da pena. COMO É O SISTEMA BRASILEIRO DE EXECUÇÃO PENAL O Professor Antonio Magalhães Noronha Gomes Filho, da USP, diz que o Processo Penal é um só, não haveria um Processo de Execução Penal autônomo, porém executado em duas fases: - Fase do Processo de Conhecimento – Que começa com a Denúncia e vai até a Sentença(condenatória ou não). Havendo condenação e as partes não recorrerem transita em julgado a Sentença Condenatória, estaria acabando ali a primeira fase do Processo penal; - Fase de Execução Penal – Significa o Estado fazer valer a Sentença Condenatória, ou seja, fazer com que o condenado cumpra efetivamente a pena aplicada, de acordo com a LEP – Lei de Execução Penal. EXECUÇÃO PROVISÓRIA A execução penal é iniciada quando houver um Título Executivo, que é a Sentença Penal Condenatória Definitiva. Execução Provisória é a possibilidade do condenado que ainda aguarda recurso exclusivo da defesa dar início ao procedimento de execução penal para obtenção de eventuais benefícios, bem como gozar de regime prisional mais benéfico fixado na sentença condenatória. Tem como pressuposto indispensável o trânsito em julgado da sentença condenatória(porque a situação do réu poderia ser alterada para situação mais grave. Portanto, já tendo transitado em julgado a situação somente poderia ser melhorada e nunca piorado). É aquela em que há um Título Executivo ainda não definitivo. A Lei de Execução Penal não regulamentou esta possibilidade, que é uma criação jurisprudencial surgida para sanar uma situação injusta. Existem duas espécies de prisão: - PRISÃO PENA - PRISÃO PROCESSUAL CAUTELAR – É aquela em que não há uma Sentença Condenatória Definitiva, é decorrente do Processo Penal. É uma Prisão instrumental porque ela é um Instrumento do Processo para garantir a aplicação da lei penal, para evitar, por exemplo, que o acusado fuja. São prisões Processuais: 21 a)-Prisão em flagrante b)-Prisão preventiva c)-Prisão temporária d)-Prisão por pronúncia e)-Prisão da sentença condenatória recorrível DIVERGÊNCIA NA DOUTRINA QUANTO A EXECUÇÃO PROVISÓRIA Entendo prevalecer o Princípio da Presunção de Inocência, que seria incompatível com a execução penal, havia corrente doutrinária que entendia ser possível somente a execução penal definitiva, com o trânsito em julgado da sentença condenatória para ambas as partes. Para esta corrente, seria contraditório e ilógico alguém presumidamente inocente cumprir a pena. Esse entendimento foi superado porque a execução provisória vem justamente em benefício do réu, para que ele possa gozar de benefícios da execução penal. Portanto, hoje a questão está pacificada, entendendo-se que é possível a Execução Provisória, inclusive no Estado de São Paulo há o provimento da Corregedoria Geral de Justiça número 15/99 determinando que após Sentença Condenatória transitada em julgado para a acusação, seja expedida imediatamente Guia de Execução Provisória ao juízo de execução. Também, a Súmula 716/2003 do STF, pacificou a questão quanto a Execução Provisória. Diz a referida Súmula: admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. EXAME CRIMINOLÓGICO Tem por objetivo a realização de um exame, uma perícia no condenado quando do início da execução da pena privativa de liberdade para traçar o seu perfil e assim poder ser determinado o tratamento penitenciário que será dispensado àquela pessoa durante a execução da pena. Segundo Mirabete, para que se cumpra as determinações constitucionais a respeito da personalidade, proporcionalidade e individualização da pena é indispensável a classificação do condenado. Assim, é correto afirmar que o Exame Criminológico, que é uma perícia, embora a Lei de Execução Penal não o diga, busca descobrir a capacidade de adaptação do condenado ao regime de cumprimento de pena, a probabilidade de não voltar a delinqüir, bem como de inserção na sociedade através de um exame genético, antropológico, social e psicológico. OBRIGATORIEDADE DO EXAME CRIMINOLÓGICO - NO REGIME FECHADO – O exame é obrigatório, por força do Art. 34 do Código penal; - NO REGIME SEMI-ABERTO - Há divergência doutrinária em relação a obrigatoriedade do Exame Criminológico quando tratar-se de Regime Semi-Aberto. O art. 35, CP diz que se aplica o Caput do Art. 34 do CP no Regime Semi-Aberto e o Caput do Art. 34 determina a realização do Exame Criminológico. O Art. 8° da Lei de Execução Penal(7210/84) diz que o Regime-Semi-Aberto pode o juiz determinar o referido exame. Portanto, entende-se que o “pode” como uma faculdade. Em razão da citadas disposições legais, na doutrina vamos encontrar duas correntes, que são: a)- Cezar Alberto Bitencout, Miguel Reale Júnior e Rene A. Datti, sustentam que o Exame Criminológico é obrigatório. Para esses doutrinadores, o Exame Criminológico vem dar efetividade ao Princípio Constitucional da Individualização da Pena, uma vez que o Preceito Constitucional, em razão da hierarquia das normas, se sobrepõe à previsão da lei. Além do mais, entendem os doutrinadores, que o Exame Crimonológico vem em favor do condenado, ou seja, visa proporcionar a execução de pena respeitando suas condições individuais. O Professor entender ser esta a corrente mais correta.b)-Mirabete e Flávio Augusto Monteiro de Barros entendem que o Exame Criminológico no Regime Semi-Aberto é facultativo porque o Art. 35 do Código Penal teve sua redação dada pela lei 7209/84 e a lei de Execução Penal é a lei 7210/84. Se a lei de Execução Penal é lei posterior e dispõe que o Exame é 22 facultativo e lei posterior se sobrepõe a lei anterior, deve prevalecer o que prevê a Lei 7210/84. Também, sustentam os Doutrinadores que a LEP é lei especial que traz as matérias especifica de execução penal e o Código Penal, na parte geral, é lei geral, então, aplica-se o que prevê o que dispõe o Art. 12 do Código Penal que diz: as regras gerais deste código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. AULA 8/1 (20/03/06) PROGRESSÃO E REGRESSÃO DO REGIME PRISIONAL A Progressão Penal está prevista no Art. 112 da lei 7210/84 – Lei de Execução Penal, hoje com a redação alterada pela lei 10792/03, e a Regressão Penal está prevista no Art. 118 da mesma lei. PROGRESSÃO O Direito Brasileiro adotou o Sistema Progressivo do cumprimento da pena, ou seja, o réu condenado a Pena Privativa de Liberdade parte do cumprimento da pena que foi aplicado na sentença e vai evoluindo para o cumprimento da pena em regime mais brando, paulatinamente o condenado vai recuperando a liberdade. Por isso que se diz que a Pena Privativa de Liberdade é uma pena programática e dinâmica, porque durante o cumprimento da pena o sentenciado vão modificando a forma de cumprimento da pena. Art. 112 – LEP – Lei de Execução Fiscal: A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido, ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. § 1° - A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor. § 2° - Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. QUEM PODE DEFERIR A PROGRESSÃO DO REGIME PRISIONAL O Juiz, obedecidos os requisitos previstos no Art. 112, que são: 1)-REQUISITO SUBJETIVO – Diz respeito à pessoa do condenado. Significa que é exigido o bom comportamento carcerário do sentenciado para que ele seja beneficiado com a Progressão do Regime Prisional. Hoje, em razão de alteração feita pela lei 10792/03, é exigido apenas o bom comportamento carcerário atestado pelo diretor do presídio. Antigamente era exigido mérito do condenado para a progressão que consistia em a CTC – Comissão Técnica de Classificação, que existem nos presídios, composta por psicólogo, assistente social, diretor do presídio, advogados, emitir parecer sobre o comportamento do preso. 2)-REQUISITO OBJETIVO – É aquele que objetivamente exige o cumprimento de 1/6 da pena para que haja a progressão do regime prisional(ex. O réu foi condenado a 6 anos em regime fechado. Parta que ele passe para o regime semi-aberto terá que cumprir pelo menos 1 anos da pena). Porém, o cumprimento de 1/6 da pena não significa a Progressão automática do regime, é preciso que o condenado apresente também bom comportamento carcerário. OUTROS REQUISITOS A SEREM OBSERVADOS NO REGIME PROGRESSIVO 1)-PERCENTUAL SOBRE PENA APLICADA AO RESTANTE DA PENA – Significa que ao passar para o novo regime o percentual de 1/6 será aplicado ao restante da pena a ser cumprida e não sobre a pena aplicada(ex. quando o réu condenado a 6 anos em regime fechado, passar para o regime semi-aberto por ter cumprido 1 anos da pena, terá que cumprir 1/6 sobre 5 anos para passar para o 23 regime aberto). A lei não prevê isso, a doutrina é que interpreta assim. O Prof. Mirabete chega à conclusão de que deve ser sobre o restante da pena, valendo-se dos seguintes argumentos: - Através da interpretação sistemática do Artigo 111 da LEP que diz que havendo nova condenação durante a execução da pena, o regime prisional é estabelecido pela soma dessa nova condenação com o restante da pena a ser cumprida; - E através da interpretação sistemática do Art. 113 do CP. que diz que no caso do preso evadir-se a prescrição executória vai ser regulamentada pelo restante da pena a ser cumprida, ou seja, aquele tempo que ficou preso é considerado pena cumprida, sendo que a prescrição é calculada com base no restante da pena a ser cumprida porque o Código entende que pena cumprida é pena extinta. EXEMPLO Se o réu estava cumprindo pena em regime fechado, tendo cumprido 1/6 da pena e foi para o regime semi-aberto o percentual de 1/6 deve incidir sobre o restante da pena porque aquela pena anterior “morreu”, foi cumprida. Se a pena é 6 anos em regime fechado e foi cumprido 1 anos, ao ir para o semi- aberto faltam 5 anos e terá que ser cumprido 1/6 de 5 anos, portanto; se a pena é de 6 anos em regime fechado e o réu cumpriu 3 anos, indo para o semi-aberto o réu vai precisar cumprir 1/6 sobre 3 anos para ir para o regime aberto. 2-FALTA GRAVE – Se entende tanto na doutrina como na jurisprudência que a prática de falta grave durante a execução da pena, interrompe o lapso para a progressão de regime(ex. o réu foi condenado a 6 anos em regime fechado e cumpriu 1 anos e cometeu falta grave. Para efeito de progressão de regime ele vai perder o ano que havia cumprido). 3-TEMPO REMIDO É COMPUTADO(ART. 111 LEP) – Remição é o abatimento de 1 dia na pena por cada 3 dias trabalhados. Portanto, a cada três dias trabalhado(cada dia tem no mínimo 6 horas de trabalho) o preso terá 1 dia reduzido na pena e esse tempo computado pelo trabalho é contado para efeito de Progressão de Regime(ex. o réu cumpriu 11 meses da pena e durante esses 11 meses ele trabalhou 4 meses. Nesse caso a pena será abatida em 1 mês e 10 dias. Portanto, para efeito de Progressão de Regime é como se ele tivesse cumprido 1 ano e 10 dias da pena(11 meses + 1 mês e 10 dias de trabalho; se o réu condenado a 4 anos trabalhar 3 anos durante a pena, ele terá redução de 1 ano na pena, após 3 anos ele terá cumprido a pena). 4)-IMPOSSIBILIDADE DE PROGRESSÃO POR SALTOS – Significa que não se admite que o preso passe do Regime Fechado para o regime Aberto diretamente, porque há etapas a serem cumpridas na pena, antes o condenado tem que primeiro passar pelo Semi-Aberto. 5)-CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS - Não cabe regime de progressão de regime prisional para réus condenados por crimes hediondos ou equiparados, tais como, tortura, genocídio, tráfico de entorpecentes, etc. Os crimes hediondos estão previstos na Lei 8072/92 – Lei dos Crimes Hediondos e os equiparados a estes estão previsto na Constituição Federal, Art. 5°, XLIII. A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DOS CRIMES HEDIONDOS NO QUE TANGE A PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL Há divergências doutrinárias a respeito do tema. A Inconstitucionalidade estaria na violação estaria na vedação de progressão de regime por afrontar o Princípio da Individualização da Pena na execução penal(Art. 5°, XLVI, CF) porque toda a sistemática de execução penal adotada após 1984 foi no sentido da progressividade no cumprimento da pena. A Progressão de Regime tem uma função primordial de criar expectativas no preso no sentido de estimula-lo a ter bom comportamento durante a execução da pena, o que não aconteceria se a progressão deixa de existir. O STF recentemente deu nova interpretação à questão, entendendo ser inconstitucional a vedação à progressão de regime, porém, essa decisão não tem caráter vinculante por não foi editada Súmula Vinculante. Além do mais, a Constituição equiparou o crime de tortura ao crime
Compartilhar