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CARDENO DE DIREITO PENAL III - MAYANA SALES

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CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
CARDENO DE DIREITO PENAL III 
ALUNA: NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
Prof. Mayana Sales 
 
CONCURSO DE CRIMES 
. Uma pessoa mediante uma ação praticou 2 ou mais crimes. – Importante entender 
como será a responsabilidade penal dessa pessoa. 
1) Sistemas de aplicação da pena no concurso de crimes: 
 
. Sistema de cúmulo material: o próprio nome sugere que a aplicação da pena será 
somada. – Encontro a pena para cada crime e as somo. – Exemplo: Pedro cometeu dois 
furtos e uma apropriação indébita = encontro a pena de cada um desses crimes e somo. 
– INDIVIDUALIZO AS PENAS E SOMO. 
. Sistema da exasperação: se forem penas diferentes, pega-se a pena maior e irá 
exasperar a mesma = aumentar em uma fração x. 
. Sistema da absorção: a pena maior absorve a pena menor. – Exemplo: estando diante 
de um crime de homicídio simples e um crime furto = a crime de furto é absorvida pela 
do homicídio simples. – ESSE SISTEMA NÃO É APLICADO NO BRASIL. 
 
2) Concurso material de crimes: 
. Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. 
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
 
. Concurso material de crimes – REQUISITO: mais de uma conduta (mais de uma ação ou 
omissão). 
 . Isto é o que difere de concurso formal, uma vez que este último seria uma única 
conduta de ação ou omissão MESMO QUE ALCANCE MAIS DE UM RESULTADO. – 
Exemplo: Mayana entrou na sala jogou uma bomba e saiu correndo. A bomba estoura e 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
deixa lesões diferentes em cada uma das 10 pessoas que estava dentro da sala = SÓ HÁ 
UMA CONDUTA, LOGO É CONCURSO FORMAL. 
. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE – Exemplo: imaginemos um furto sendo praticado hoje por 
Idália no prédio onde ela mora. Amanhã ela pratica um estelionato com uma vizinha 
(vizinha teoricamente comprando um celular na mão dela, e na verdade dentro da caixa 
tem uma pedra). Ela é descoberta e o MP vai denunciá-la pelos crimes de furto E 
estelionato = concurso material = crimes praticados em dias diferentes, mas ela 
mediante mais de uma ação praticou dois crimes. 
. O CONCURSO MATERIAL PARA SE CONFIGURAR NÃO PRECISA ACONTECER DENTRO DO 
MESMO CONTEXTO – AINDA QUE NÃO SEJA NO MESMO DIA, MESMA HORA E/OU 
MESMO CONTEXTO. 
. Consequência: aplicação da regra do cúmulo material = individualizo a pena por cada 
crime e irei somá-las. – SOMATÓRIO. 
. Espécies de concurso material (classificação meramente doutrinária, uma vez que 
sendo homogêneo ou heterogêneo não acarreta em consequências diferenciadas): 
 . Homogêneo: o sujeito mediante mais de uma ação ou omissão pratica dois ou 
mais crimes idênticos = pratica o mesmo crime mais de uma vez. – Exemplo: Dani entra 
numa casa para furtar, para isso ela pula o muro e furta outra casa também = furto a 
casa A e o furto a casa B. 
 . Heterogêneo: sujeito que invade uma casa para furtar e, além disso, estupra a 
dona da casa = concurso material heterogêneo. 
. Concurso material e penas restritivas de direitos (art. 69, 1° e 2° do Código Penal): 
 . Cumprimento simultâneo das penas restritivas de direito: 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não 
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste 
Código. – É possível quando estamos diante da condenação de uma pessoa por mais de 
um crime, que seja cabível a aplicação de uma pena restritiva de Direito para um deles 
(essa pena é substitutiva para a pena privativa de liberdade quando os crimes têm uma 
gravidade/reprovabilidade menor). Entretanto, quando temos a aplicação de uma 
pena privativa de liberdade e esta seria aplicada junto com a restritiva de direito, não 
existe a substituição daquele crime que permitiria a troca de pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. – Exemplo: Michele praticou um crime de roubo e 
estelionato, para este último caberia a substituição da pena privativa de liberdade pela 
restritiva de direitos, MAS pelo roubou Michele foi condenada a 7 anos de prisão em 
regime fechado. Assim, estando diante de uma pena privativa de liberdade por um 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
crime A, normalmente isso torna muito difícil a aplicação de uma pena restritiva de 
direito para o crime B (a menos que essa pena restritiva de direito seja uma prestação 
pecuniária que não seria incompatível com a pena privativa de liberdade). 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as 
que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. – Podemos ter a aplicação 
simultânea de mais de uma pena privativa de direitos, desde que sejam 
compatíveis/possíveis de serem cumpridas ao mesmo tempo. – Exemplo: Pedro foi 
condenado por estelionato e furto. Os dois crimes permitem a substituição da pena 
privativa de liberdade pela pena privativa de direitos. Em relação ao crime A o juiz 
determinou a pena de prestação pecuniária, e em relação ao crime B o juiz determinou 
prestação de serviço a comunidade = É POSSÍVEL CUMPRIR AS DUAS PENAS 
SIMULTÂNEAMENTE. – Em caso do juiz, por exemplo, determinar prestação de serviço 
a comunidade para os dois crimes, primeiro cumpre-se a pena do primeiro crime e 
depois o outro. 
. Concurso material moderado (limitado): 
 . No Brasil sabemos que existe uma limitação quanto ao tempo de cumprimento 
de pena privativa de liberdade. Até o pacote anticrime a limitação era de até 30 anos. -
Por mais que se fale do concurso material de soma de penas, efetivamente uma pessoa 
não poderia ficar presa por mais de 30 anos. Hoje, com o pacote anticrime, a pena 
privativa de liberdade tem limite de 40 anos. 
 . Por este motivo que se fala em concurso material MODERADO/LIMITADO ao 
cumprimento de pena de no máximo 40 anos ininterruptos. 
 . Qual a lógica de se ter penas de 200 anos de prisão se sabe-se que a pessoa não 
pode passar mais de 40 anos ininterruptos presa? A resposta é simples: os cálculos 
referentes aos benefícios durante a execução da pena (livramento condicional, 
progressão de regime etc.) são todos feitos em cima da quantidade de pena total e não 
da quantidade máxima de tempo que uma pessoa pode ficar presa. – Exemplo: o 
maníaco do parque foi condenado a 300 anos de prisão, e ele sairá com 30 anos (já está 
com 21 anos) de prisão já que na época não existia ainda o pacote anticrime. Se os 
cálculos tivessem sido feitos em cima do valor máximo de 30 anos da época, ele já teria 
progredido de regime. 
. Concurso material e suspensão condicional do processo: 
 . Lei dos Juizados Especiais: tem-se um benefício que é aplicado aos crimes cuja 
pena mínima em abstrato não ultrapasse 1 ano E que não tenha violência e/ou grave 
ameaça. – Existe a possibilidade de suspensão condicional do processo. – Exemplo: 
Guilherme, sem antecedentes criminais e com postura desejável na sociedade, cometeu 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
o crime de estelionato (crime cometido sem violência e/ou grave ameaça, cuja pena 
mínima é 1 ano) – Quando for feita a denúncia de Guilherme, justamente porque 
preenche esses requisitos, o promotor de justiça faz uma proposta para ele: que esse 
processo que se iniciou com a denúncia seja suspenso e durante determinado espaço 
de tempo (período de prova) você cumpra determinadas condições, e caso assim o faça, 
terá o processo arquivado. – INÍCIO DE UM PROCESSO POR MEIO DO OFERECIMENTO 
DE UMA DENÚNCIA, MAS ELE NÃO VAI ADIANTE, POIS ESTANDO PRESENTES TAISREQUISITOS, O RÉU IRÁ FAZER UM ACORDO COM O MP E APÓS O PERÍODO DE PROVA 
ELE CONTINUA SENDO PRIMÁRIO E SEM ANTECEDENTES – LEI 9.099. 
 . QUAL A RELAÇÃO DISSO COM O CONCURSO MATERIAL? Em um exemplo de 
crime de furto + apropriação indébita em concurso material, caso seja aplicada a regra 
do cúmulo material a pena não será mais de 1 ano e sim de 2 anos (um ano para cada 
crime). Assim, não é possível aplicar a suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3) Concurso formal de crimes: 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, 
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a 
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o 
disposto no artigo anterior. 
 
. Linha que diferencia o concurso material do formal é bem clara na medida em que no 
concurso material, para que este seja reconhecido, se faz necessário ter mais de uma 
conduta; por outro lado, no concurso formal, em que pese se ter mais de uma 
vítima/consequência, tem-se apenas uma conduta. 
. APENAS UMA CONDUTA. 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 
 
. Consequência: em geral tem-se aplicação da regra da exasperação. CONTUDO, EXISTE 
EXECEÇÃO. – O próprio artigo diz que se irá exasperar a pena de um sexto até a metade. 
. Na prática: João vai andando pela rua da Baiana de Direito, e é atropelado por uma 
pessoa que perde o controle (está chovendo) e invade o ponto de ônibus, atingindo mais 
5 pessoas. As 5 morreram. Têm-se 5 homicídios culposos em concurso formal = crimes 
idênticos e imaginando-se que as penas também são idênticas, pega umas delas e 
exaspera (aumenta de um sexto até a metade). 
. Como saber se o aumento será de um sexto ou até a metade? Depende do número de 
crimes. Quanto maior o número de crimes, maior a exasperação (chegando mais 
próximo do limite máximo que é a exasperação/aumento até a metade. 
. Exemplo: pessoa invade o mesmo ponto de ônibus com o carro e acarreta em 3 mortes 
e 2 pessoas com lesões. – Têm-se 3 homicídios culposos e duas lesões corporais culposas 
– SEGUNDO O ARTIGO ACIMA, SE AS PENAS SÃO DIFERENTES PEGA-SE A MAIOR DELAS 
E EXASPERA DE UM SEXTO ATÉ A METADE. – Logo, irá pegar a de homicídio culposo e 
exasperar. 
. Espécies de concurso formal de quanto à identidade de crimes: 
 . Homogêneo: quando os crimes são idênticos. – Exemplo dos 5 homicídios 
culposos acima. 
 . Heterogêneo: quando os crimes são diferentes. – Exemplo dos 3 homicídios + 
3 lesões corporais depois do motorista ter invadido o ponto de ônibus dirigindo. 
 
. OBS: um rapaz entrou numa sala de aula e aleatoriamente atirou em várias pessoas 
com alguns disparos = CONCURSO FORMAL, pois tem-se só uma ação: ATIRAR, embora 
ela esteja dividida em vários atos. – Nesse caso, teríamos uma regra da exasperação 
diferente. – ESSE É O POSICIONAMENTO DO STJ. – Outro exemplo: um rapaz entra num 
coletivo e assalta à mão armada várias pessoas, recolhendo os respectivos pertences = 
TEM-SE UMA ÚNICA AÇÃO = ENTRAR NO COLETIVO E ASSALTAR, embora esteja dividida 
em vários atos. 
 
. Exemplo: Dani em ônibus se aproveita de Pedro dormindo e subtrai para si o aparelho 
telefônico do mesmo. Após isso, ela vai para o fundo do ônibus e aponta a arma para 
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Thiago e Vinicius pedindo que eles entreguem seus pertences. – TENHO DOIS TIPOS DE 
CONCURSO: concurso material entre o furto e o assalto à mão armada E concurso formal 
entre os dois roubos (embora eles tenham sido praticados envolvendo duas pessoas 
diferentes, MAS foi uma única ação de apontar a arma, gerando dois crimes). 
 
. Espécies de concurso formal quanto à unidade de desígnios: 
. Concurso formal perfeito (próprio): 
 . Situação em que o sujeito pratica dois ou mais crimes mediante uma única 
ação/omissão, decorrentes de culpa (dois ou mais crimes culposos) ou sendo um crime 
doloso e o outro culposo. 
 . Exemplo: o sujeito quando atropelou as pessoas no ponto de ônibus ele não 
queria atropelar as pessoas, mas na verdade foi imprudente por ter colocado uma 
velocidade excessiva no carro numa situação de chuva o que o fez perder o controle do 
carro e matar pessoas. – TEM-SE O CONCURSO FORMAL PERFEITO/PRÓPRIO = 
HOMÍCIDIOS CULPOSOS – TODOS OS RESULTADOS LESIVOS OCORRERAM DE FORMA 
CULPOSA. 
 . Exemplo de erro na execução: um sujeito quer matar Joãozinho, mas não ver 
que tem uma pessoa passando próximo dele atrás, assim acabo matando as duas. O 
sujeito não queria cometer dois homicídios corporais, o dolo só era com relação a 
Joãozinho. – Responde dolosamente por um e culposamente pelo outro. – Concurso 
formal perfeito = um crime doloso e outro culposo. 
. Concurso formal imperfeito (impróprio): 
 . O Código no art.70 chama de designíos autônomos = pratico uma única 
conduta, mas com a intenção de que todos os resultados aconteçam. – Eu não quero o 
crime só, mas todos os resultados. 
 . Exemplo: jogar uma bomba na sala com 10 pessoas. Quando jogo eu quero 
matar só uma delas? Não. O dolo ainda que seja de 2° grau, é em relação a todas as 
pessoas = designíos autônomos. 
. Aplicação da pena no concurso formal: 
. Em caso de concurso formal perfeito: 
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. A regra é a exasperação = pega a pena maior se forem diferentes ou uma das 
penas se forem iguais e exasperar de um sexto até a metade. 
. Em caso de concurso formal imperfeito: 
 . Caso se esteja diante de desígnios autônomos, a regra é a do CÚMULO 
MATERIAL = REGRA DA SOMA DAS PENAS. 
. Exemplo: “matei 7 pessoas atropelando porque eu quis, joguei o carro em cima 
delas para matar” = designíos autônomos = somo cada uma das penas após 
individualizá-las. 
. Concurso material benéfico: 
. Art. 70 - Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste 
Código. 
. A regra da exasperação foi criada necessariamente para beneficiar o criminoso, 
justamente porque o sujeito não tinha a intenção de praticar crime nenhum ou apenas 
um deles. 
. Aqui só será aplicada a exasperação se a pena não exceder ao do concurso material, 
entretanto, se exceder, o juiz aplicará o critério cumulativo. 
. Exemplo de como é feito pelo juiz ao aplicar a dosimetria da pena, exemplo de 
concurso formal perfeito: suponhamos que o primeiro crime tenha pena de 12 anos 
de reclusão e o segundo crime pena de 1 ano de reclusão. O juiz pega a pena mais 
grave 12 anos, soma + (1/6) = 12 anos +1/6 = 12+2= 14 anos. Agora o juiz faz utilizando 
o critério cumulativo: 12 anos + 1 ano = 13 anos. Nesse caso, o juiz esquece a 
exasperação e aplica o critério cumulativo. É justamente o que traz o parágrafo único 
do art. 70, não poderá a pena exceder ao concurso material. 
 
4)Crime Continuado: 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se 
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 
 
. CUIDADO PARA NÃO CONFUDIR COM O CONCURSO MATERIAL. – A DIFERENÇA É: 
DEVEM SER CRIMES DA MESMA ESPÉCIE E CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE 
EXECUÇÃO E OUTRAS SEMELHANTES. 
. Natureza jurídica: 
. Quando os crimes são da mesma espécie e praticados da mesma maneira de tempo, 
execução e lugar (as mesmas CARACTERÍSTICAS),um crime é tido como continuação do 
outro. É como se os subsequentes fossem sempre uma continuação do primeiro. E DE 
ONDE VEIO ISSO? 
. Teoria da Ficção Jurídica: 
. Essa noção de subsequência, dos crimes serem uma continuação dos anteriores 
ou do primeiro, é na verdade uma FICÇÃO JURÍDICA, uma invenção do Direito. Isto 
porque, cada conduta praticada é um crime isolado, logo se furto hoje e se furto do 
mesmo modo de execução/lapso de tempo curto/no mesmo lugar depois é um “novo” 
furto (seriam crimes autônomos). 
. Noção de um crime ser continuação do outro. - Escolha do legislador considerar 
assim, MAS na verdade são crimes isolados. 
. É a teoria adotada em nosso Código Penal. – Consideramos que um crime é 
continuação do outro por escolha do legislador. 
. Bitencourt: “Estabelece, em outros termos, um tratamento unitário a uma 
pluralidade de atos delitivos, determinando uma forma especial de puni-los”. 
. Ficção jurídica boa: se não existisse essa ficção jurídica com aplicação de pena 
diferenciada, íamos achar pena para cada um dos crimes praticados pelo sujeito. 
. Teoria da Unidade Real: 
. Considera que na verdade existe um crime único, mas é como se existissem 
várias condutas. – Como no exemplo anterior, o crime único seria o de FURTO, e o crime 
de cada dia seria uma conduta. 
. Para essa teoria não se trata de ficção jurídica, mas sim que cada crime 
praticado é na verdade como se fosse uma conduta sendo praticada. 
. Teoria da Unidade Jurídica: 
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NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 
 
. Considera que temos crimes diferentes, o crime de concurso. – Não seria nem 
uma ficção jurídica e nem a discussão de diferentes condutas, MAS SIM UM CRIME DE 
CONCURSO. 
. Não temo essa teoria em nosso CP. 
. É como se caso o sujeito tivesse cometido o primeiro furto, responderia por tal. 
E, caso praticasse seguindo os requisitos exigidos outro furto, ele responderia por um 
crime de CONCURSO. – Tipo penal autônomo quando fosse praticado em concurso em 
crime continuado. 
. Teorias sobre o crime continuado: 
. Teoria subjetiva: 
. Para que eu reconheça o crime continuado, não irei analisar nenhum crime 
objetivo, mas apenas se o sujeito tinha desígnios autônomos, ou seja, se ele tinha a 
intenção de que um crime fosse continuação do outro. 
. Para essa teoria, as características exigidas para se configurar o crime 
continuado (dois ou mais crimes da mesma espécie e pelas condições de tempo, lugar e 
maneira de execução e outras semelhantes) de nada importam, pois só se analisa a 
INTENÇÃO DO SUJEITO. 
. Essa Teoria subjetiva não foi adotada, já que vai de encontro ao que o nosso 
próprio CP definiu. 
. Teoria objetiva-subjetiva: 
. Para que eu reconheça o crime continuado, é necessário para além do elemento 
subjetivo, que é a intenção do sujeito, que estejam presentes também os elementos de 
natureza objetiva que são elencados pelo próprio art. 71 continuado (dois ou mais 
crimes da mesma espécie e pelas condições de tempo, lugar e maneira de execução e 
outras semelhantes). 
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. Doutrina e jurisprudências majoritárias entendem que o nosso Código Penal 
adotou tal Teoria (elementos objetivos + elementos subjetivos como necessários para a 
continuidade delitiva). 
. Teoria objetiva pura: 
. Vai afastar o elemento subjetivo e vai dizer que só são importantes os requisitos 
de natureza objetiva. 
. Requisitos (VIA DE REGRA, PARA O RECONHECIMENTO DO CRIME CONTINUADO, 
TODOS ESSES REQUISITOS DEVEM ESTAR PRESENTES NO MESMO TEMPO): 
. Pluralidade de condutas: o mesmo agente deve praticar duas ou mais condutas. 
– Em caso de só uma conduta, ainda que desdobrada em vários atos ou vários 
resultados, o concurso poderá ser FORMAL. 
. Pluralidade de crimes da mesma espécie: existe uma divergência doutrinária a 
respeito do que seriam crimes da mesma espécie – (i) a primeira corrente irá dizer que 
crimes da mesma espécie são aqueles ofendem o mesmo bem jurídico (exemplo: furto, 
roubo, estelionato, apropriação indébita – são crimes contra o bem jurídico patrimônio); 
(ii) a segunda corrente, esta MAJORITÁRIA, diz que não basta dizer que crimes da mesma 
espécie exigem apenas a ofensa ao mesmo bem jurídico, uma vez que para eles é 
necessário que esses crimes estejam presentes no mesmo tipo penal/no mesmo 
dispositivo legal (continuidade apenas entre roubo x roubo x roubo, por exemplo). 
. Nexo de continuidade delitiva: onde se irá apurar as mesmas 
circunstâncias/características de tempo, lugar, modo de execução e outras 
semelhantes: (i). Condições de tempo (conexão temporal): “não se trata apenas das 
condições meteorológicas, mas especialmente do aspecto cronológico, isto é, deve 
existir uma conexão temporal entre as condutas praticadas para que se configure a 
continuidade delitiva” – a doutrina e a jurisprudência fixaram um parâmetro de 30 dias 
(não posso ter um lapso temporal entre um crime e outro, caso contrário não posso 
considerar que aquele crime é continuidade do outro); (ii) Condições de lugar (conexão 
espacial): não significa que a vítima tenha que ser a mesma, MAS os crimes devem ser 
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NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 
 
cometidos pelo menos na mesma comarca ou em comarcas vizinhas; (iii) Modo de 
execução: semelhança no modo de execução (modus operandi); (iv) Outras 
circunstâncias semelhantes: a doutrina aponta como sendo a mesma oportunidade e a 
mesma situação propícia para a prática do crime – circunstâncias que se assemelhem às 
enunciadas (exemplo: maluco do parque em Copacabana atacava mulheres com 
características físicas semelhantes); (v) Unidade de Desígnios: entender que é como se 
existisse de fato a intenção de praticar aquele crime em sequência. 
. Aplicação de pena no crime continuado: 
. Regra da exasperação: exasperar a pena de 1/6 a 2/3. – Penas idênticas pega uma delas 
e exaspera de 1/6 a 2/3; em caso de penas diferentes, pega a mais alta e exaspera de 
1/6 a 2/3. – Quanto maior o número de crime, maior será a exasperação (ficando mais 
próximo de 2/3). 
. Pena para os crimes continuado qualificado: aplicação da pena de só um dos crimes, 
se idênticas, aumentadas até o triplo (se diferentes, aumenta a maior até o triplo). 
. Tipos: 
. Crime continuado simples: exige a mesma condição de tempo, lugar, modo de 
execução e semelhantes. 
. Crime continuado qualificado: como se fosse um crime continuado mais grave, exigindo 
todos os requisitos vistos acima, PORÉM EXIGINDO MAIS 3 REQUISITOS: vítimas 
diferentes, crimes praticados com violência ou grave ameaça e que sejam condutas 
dolosas. 
. Crime continuado e a aplicação da lei penal no tempo: 
. Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” – Exemplo: 
no momento da prática de um crime por um sujeito tinha-se uma pena para o crime de 
X anos, entretanto após mudanças no Código virou 2x, e mesmo após essa mudança o 
sujeito continuou a praticar o crime = segundo essa Súmula aplicasse a pena mais grave 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
(ou seja, nesse exemplo a pena de 2x anos) em caso de quando houve tal mudança no 
Código a continuidade delitiva ainda existia. – Surge o questionamento se ela lei estaria 
retroagindo para prejudicar o réu, MAS a resposta é NÃO, uma vez que a partir do 
momento que o sujeito continua a praticar o crime, aquela lei passa a ser a lei da época 
dos fatos (ela não está retroagindo, é o crime que continua sendo praticado em 
continuidade delitiva). 
. Crime continuado e suspensão condicional do processo: 
. As Súmulas abaixo irão dizer quando se tem um crime continuadoe com a regra 
da exasperação a pena mínima passa de 1 ano, não posso aplicar a suspensão 
condicional do processo. – Exemplo: estelionato tem pena de 1 a 5 anos. Idália praticou 
um estelionato, foi descoberta, investigada, processada, e quando o MP oferece a 
denúncia, analisando a boa conduta na sociedade e o fato de n ter antecedentes 
criminais, oferece a ela a proposta do processo ficar suspenso por 2 anos em que ela 
cumprirá tudo que for estabelecido e ao final o processo será arquivado. – Contudo, se 
Idália praticou 6 estelionatos, com a exasperação a pena mínima irá passar de 1 ano e 
então é vedada a suspensão condicional do processo. 
. Súmula 243 do STJ: “ O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às 
infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a 
pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 
um (01) ano. )” 
. Súmula 723 do STF: “Não se admite a suspensão condicional do processo por crime 
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for 
superior a um ano.” 
. OBSERVAÇÕES RELACIONADAS AO CONCURSO DE CRIMES DE UM MODO 
GERAL: 
. A pena de multa e o concurso de crimes: a pena de multa é aplicada sendo somada. 
Exemplo: tenho 5 crimes – encontro a pena de multa para cada crime e somo-as. 
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27243%27).sub.#TIT1TEMA0
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27243%27).sub.#TIT1TEMA0
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27243%27).sub.#TIT1TEMA0
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27243%27).sub.#TIT1TEMA0
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
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. Concurso de crimes e prescrição: o prazo prescricional em relação a pena concreto, 
analisa-se a pena antes da aplicação da regra do concurso de crimes. – Exemplo: juiz 
chegou a definição de uma pena de 5 anos e ainda irá exasperar + 1/6. A análise do prazo 
prescricional será feita antes da exasperação, sendo portanto em cima do valor de 5 
anos. 
. Concurso de crimes e reincidência: CONCEITOS QUE NÃO SE CONFUNDEM. – Sujeito 
só será considerado reincidente se ele praticar um novo crime após o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória pela prática de crime anterior. Exemplo: pratico 
um crime hoje e sou investigado, processado, condenado, trânsito em julgado e nesse 
momento pratico um novo crime. 
. Crime continuado e o crime habitual: CRIME HABITUAL é aquele que para a 
consumação do próprio crime se exige a habitualidade, se exige que o sujeito pratique 
constantemente = um crime só praticado mais de uma vez. Como exemplo, tem-se o 
crime de curandeirismo (Maria passa um remédio para cicrano dizendo que tem a 
capacidade de curá-lo. Se isso for feito uma vez só, não há crime. Mas, se isso é feito 
reiteradamente, é considerado crime habitual). 
. Crime continuado e os crimes culposos: É POSSÍVEL RECONHECER CRIME 
CONTINUADO EM CRIME CULPOSO? No sistema como o brasileiro, que adota a teoria 
objetiva-subjetiva, que exige para o crime continuado tanto os requisitos de ordem 
subjetiva (unidade de desígnios) quanto da ordem objetiva, NÃO PODE SE FALAR EM 
CRIME CONTINUADO DE CRIME CULPOSO, POIS NO CRIME CULPOSO NÃO TEM 
INTENÇÃO. – PARA O RECONHECIMENTO DO CRIME CONTINUADO SÓ SE FAZ POSSÍVEL 
MEDIANTE UNIDADE DE DESÍGNIO, DEVENDO SER DOLOSO PARA TAL. 
 
 
 
 
 
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PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
1)Conceito: 
. A pena em si é uma espécie de sanção penal. A sanção penal nada mais é do que a 
resposta do Estado para aquele praticou uma infração penal, e essa sanção penal pode 
se dá por meio da aplicação de uma pena ou de uma medida de segurança. – Pena é 
aplicada para os imputáveis e para o semi-imputável que não é perigosos, ao passo que 
a medida de segurança é aplicada para os inimputáveis e ao semi-imputável que é 
perigoso. 
. Pena é uma modalidade de sanção penal. 
. A pena existe por dois motivos (i) retribuir o mau causado pela prática do crime; (ii) 
prevenir a prática de novas infrações penais, seja pelo próprio sujeito ou pelos outros 
membros da sociedade. – Pelo menos em teoria tem uma finalidade dupla. 
. 3 modalidades de pena: pena privativa de liberdade, pena restritiva de direitos e pena 
de multa. 
. A pena privativa de liberdade é a primeira a ser estudada, porque quando pensamos 
em Direito Penal é na privação da liberdade que pensamos, na espécie de sanção mais 
grave do nosso ordenamento jurídico. – Liberdade é um dos bens jurídicos mais 
importantes da nossa sociedade. 
. Pena privativa de liberdade: espécie de sanção penal em que há a privação de liberdade 
do indivíduo, do direito de ir e de vir do indivíduo, da sua liberdade de locomoção. – A 
depender do regime pode ser uma pena maior ou menor. 
2)Modalidades (na prática, não existe muita diferença entre as 
modalidades abaixo): 
. Reclusão: a modalidade de pena privativa de liberdade mais grave, que permite 
inclusive que o sujeito cumpra a pena em regime fechado. 
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NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 
 
. O próprio Código Penal é quem determina qual será a modalidade a ser 
aplicada. 
. A principal diferença básica entre reclusão (crimes mais graves) e detenção 
(crimes menos graves) é o regime fechado. 
. Sujeito pode cumprir a pena inicialmente em regime fechado, ao passo que na 
detenção não é possível que o sujeito cumpra de início o regime fechado (embora possa 
regredir para tal). 
. Se o sujeito foi condenado a pena de reclusão e detenção, primeiro ele começa 
cumprindo a de detenção para depois ir pra reclusão. Mas, na prática acaba ocorrendo 
a unificação das penas, o sujeito cumprindo as duas de vez. 
. Detenção: para crimes menos graves em relação aos crimes da pena de reclusão. 
. Prisão simples: é uma pena aplicada só na teoria hoje, pois na prática não temos. Uma 
modalidade de pena mais branda em relação as demais, que seria basicamente é 
aplicável para as contravenções penais. Não admite regime fechado, nem de início e 
tampouco regredindo; tem que ter um estabelecimento próprio, separado daqueles que 
cumprem pena em modalidade de detenção ou reclusão. - A VERDADE É QUE É 
TOTALMENTE INCOMUM ALGUÉM SER CONDENADO POR CONTRAVENÇÕES PENAIS, 
QUEM DIRÁ POR PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. 
 
3)Regime de cumprimento de pena: 
. Regras para a imposição dos regimes de cumprimento de pena: 
. Súmula 269 do STJ: 
“É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou 
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”. – Se o sujeito tem uma pena 
igual ou inferior a 4 anos, de 3 anos por exemplo, e ele é reincidente, mas as 
circunstâncias judiciais são favoráveis, o regime seria o semiaberto, mas torna-se o 
aberto (uma vez que as circunstâncias judiciais são favoráveis). Entretanto, também 
ao contrário, caso ele seja reincidente, mas com circunstâncias judiciais 
desfavoráveis, também se poderá fixar o regime fechado. 
 
. Fixação do regime inicial de cumprimento de pena: 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 16 
 
. Art. 33 do Código Penal que irá dar o parâmetro para a fixação de regime. Existem 
dois parâmetros básicos: (i) quantidade de pena – qual foi a condenação, quantos anos 
a pessoa foi condenada para que se defina se o regime será aberto ou fechado – se a 
pena for SUPERIOR A 8 ANOS = REGIME FECHADO; se a pena é SUPERIOR A E NÃO 
EXCEDE A 8 = REGIME SEMIABERTO; se a pena é ATÉ 4 ANOS = REGIME ABERTO. 
Porém, existe o segundo parâmetro unida a quantidadede pena (ii) Condições 
pessoais do sujeito, as circunstâncias judiciais. 
. Acima de 8 anos de pena privativa de liberdade sempre será regime fechado. 
. É possível a fixação de regime mais gravoso do que o previsto em lei? 
. É, pois pode-se ter, por exemplo, uma pena de 3 anos de regime fechado em 
caso do indivíduo ser reincidente e não ter circunstâncias judiciais favoráveis. 
. A Súmula 440 do STJ diz o seguinte: “se você juiz, na hora de definir a pena, considerou 
as circunstâncias judiciais favoráveis, não me venha depois querer fixar um regime de 
pena mais grave”. 
 
 
 
 
. Súmula 718 do STF – imaginemos que o crime tenha sido de roubo, pena de 6 anos 
de prisão, em princípio seria um regime semiaberto. A minha opinião como juíza sobre 
a gravidade desse crime, não a análise concreta da situação em si, mas do crime de 
roubo de um modo geral/abstratamente falando não pode ser/não é fundamentação 
para que seja fixado regime de cumprimento de pena mais grave. 
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NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Fixação do regime inicial de cumprimento de pena dos crimes hediondos e 
equiparados: 
. A Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) traz um tratamento mais rigoroso para os 
crimes que são considerados hediondos e equiparados. Quando essa lei entrou em 
vigor, ela vedava a progressão de regime. O texto da lei trazia a tona que aquele que 
cometeu um crime hediondo ou equiparado a hediondo, deveria na verdade cumprir 
a pena em regime integral fechado, ou seja, não poderia passar pelo regime aberto ou 
semiaberto, devendo cumprir a pena INTEGRALMENTE EM REGIME FECHADO. – Isso 
foi objeto de muita discussão doutrinárias e jurisprudenciais, até que o STF decretou 
essa vedação de progressão de regime como inconstitucional. A lei de crimes 
hediondos foi então reformada, passando a prever que para os crimes hediondos e 
equiparados a hediondos, se teria o regime INICIAL fechado, com a possibilidade de o 
indivíduo progredir de regime. Veio o primeiro problema em 2006, um HC foi julgado 
pelo STF e foi declarado inconstitucional o dispositivo que vedava a progressão de 
regime, e essa passou a ser permitida para os crimes hediondos também. – Em 2007 
entrou em vigor uma lei que alterou a lei de crimes de hediondos, dizendo que o 
regime INICIAL tinha que ser fechado, mas poderia existir progressão de pena. 
Contudo, esse dispositivo também foi considerado inconstitucional, e hoje não existe 
a obrigatoriedade do regime inicial ser necessariamente fechado. 
4) Regras dos regimes de cumprimento de pena: 
. Regras do regime fechado: 
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. Penas acima de 8 anos OU abaixo de 8 anos quando as circunstâncias judiciais são 
desfavoráveis. 
. Local de cumprimento de pena – PENITENCIÁRIA DE SEGURANÇA MÁXIMA OU 
MÉDIA. – Exemplo: Penitenciária Lemos de Brito em Salvador. – A grande característica 
do regime fechado é justamente uma limitação grande ou integral do direito de 
locomoção. = Sujeito não sai da penitenciária, ele cumpre dentro do estabelecimento 
prisional. 
. Trabalho e estudos externos – VIA DE REGRA ISSO NÃO É POSSÍVEL = PROIBIDOS. – A 
exceção é o trabalho externo em obra pública (isso exige todo um aparato de 
segurança para garantir que esse preso irá voltar pra penitenciária depois). 
. Trabalho e estudos internos – SÃO POSSÍVEIS. – Trabalho é ao mesmo tempo um 
direito e um dever do preso. Mas, é muito difícil isso na prática, pois o número de 
presos que trabalham e estudam dentro do sistema prisional é muito pequeno se 
comparado ao montante de detentos de um modo geral, uma vez que não temos 
muita oferta. 
. Regras do regime semiaberto: 
. Local de cumprimento da pena já não é mais uma penitenciária, MAS uma colônia 
agrícola, industrial ou similar. – Segurança muito menor do que a segurança em uma 
penitenciária. – Exemplo: colônia agrícola Lafayete Coutinho, Castelo Branco Salvador. 
. Trabalho e estudo externos – EXISTE ESSA POSSIBILIDADE. Preso deve comprovar que 
trabalha, onde trabalha etc. e volta para dormir e passar os finais de semana no 
estabelecimento prisional. – PRESO NÃO PODE SAIR PARA PROCURAR EMPREGO. 
. Trabalho e estudo interno – É PERMITIDO TAMBÉM. 
. Regras do regime aberto: 
. Local de cumprimento de pena é em teoria a Casa do Albergado – estabelecimento 
prisional criado para receber os detentos que já estão em regime de cumprimento de 
pena mais brando, onde essas pessoas dormiriam e passariam o final de semana, e 
sem fiscalização. – O Estado mostrando a essas pessoas que têm confiança nelas. 
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NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 19 
 
. Trabalhos e estudos externos – TRABALHO É UMA OBRIGAÇÃO = se o sujeito não tem 
trabalho externo ele não ingressa no regime aberto. O estudo não é uma obrigação. 
. Trabalho interno – não é possível, justamente porque tem-se a necessidade do 
trabalho externo para progredir para o regime aberto. 
. Condições gerais (obrigatórias) e condições especiais (judiciais) – Outras condições 
podem ser fixadas pelo Juízo a depender da análise do caso concreto. 
5)Ausência de local adequado para cumprimento de pena: 
. É o grande problema/dilema hoje para o sistema semiaberto, pois a falta de Casas de 
Albergado é um problema/realidade na maioria das comarcas. 
. E aí? O que se faz? Permanece no sistema semiaberto? Não. – O Recurso Especial n° 
641.320/RS diz que na ausência dessa Casa de Albergado, o sujeito ficará em regime 
prisional domiciliar = não poderá sair a noite nem aos finais de semana. 
 
 
 
 
 
 
 
6) Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): 
. Não é um 4° regime, pois só temos 3 (o fechado, o aberto e o semiaberto). 
. Não é uma instituição formal de um 4° poder. 
. Muito mais severo, muito mais grave. – Muitas pessoas consideram como sendo até 
inconstitucional. 
. Previsão legal: 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 20 
 
. Art. 52 LEP. 
. Destinatários: 
. Tendência a achar que só se aplica a quem já foi condenado. Mas, isso não é verdade. 
O Regime Disciplinar Diferenciado se aplica a preso provisório (prisão cautelar) e a 
preso condenado definitivamente, seja brasileiro ou estrangeiro, DESDE QUE ESTEJA 
PRESENTE UMA DAS HIPÓTESES DE CABIMENTO. 
. Hipóteses de cabimento (art. 52 da LEP): NÃO SÃO HIPÓTESES CUMULATIVAS, BASTA 
APENAS UMA DELAS PARA QUE SEJA CONFERIDA A RDD. 
. Prática de fato previsto como crime doloso quando ocasionar subversão da ordem 
ou disciplina internas. – Ou seja, esse crime doloso que está sendo aqui mencionado 
não é o crime doloso que originou a pena ou a prisão provisória, é um novo crime que 
o sujeito comete dentro do estabelecimento prisional. – MAS, NÃO É A PRÁTICA DE 
QUALQUER CRIME DOLOSO DENTRO DO ESTABELECIMENTO PENAL, MAS SIM AQUELE 
QUE OCASIONE A SUBVERSÃO DA ORDEM OU DISCIPLINA INTERNAS (=QUE 
TUMULTUEM O SISTEMA PRISIONAL). 
. Presos que apresentam alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento 
penal ou da sociedade. - ESSA HIPÓTESE FOI INCLUÍDA AGORA EM 2019 COM O 
PACOTE ANTICRIME. – PROBLEMA GRANDE, POIS EXISTE AQUI UM ALTO GRAU DE 
SUBJETIVIDADE: FAZER ESSA ANÁLISE PARA COLOCAR ALGUÉM EM RDD É MUITO 
COMPLICADO E PERIGOSO. – Deve existir uma demonstração concretamente de que 
aquele sujeito apresenta um alto risco seja para o estabelecimento ou seja para a 
sociedade. – É o argumento mais utilizado hoje para justificar o RDD, uma vez que 
propicia uma maior abertura de interpretação e encaixe como risco para ordem e 
segurança. 
. Presos sob os quais recaíam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a 
qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, 
independentemente da prática de falta grave. – MESMOQUE DEPOIS DE PRESO ELE 
NÃO TENHA DADO NENHUM MOTIVO PARA ESTAR NO REGIME RDD, porque basta que 
recaíam fundadas suspeitas que ele faz parte de uma organização criminosa. 
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. A doutrina critica tanto essas hipóteses de RDD, porque quando analisadas essas 
expressões que dão muita margem para subjetividade são preocupantes, ainda mais 
se tratando de um “regime” que consegue ser ainda mais grave do que, por exemplo, 
o regime fechado. 
. Características: 
. Duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova 
falta grave da mesma espécie. – Inciso também modificado pelo Pacote Anticrime, pois 
antes podia se cumprir apenas no máximo 1/6 da pena em RDD. 
. Recolhimento em cela individual. – “SOLITÁRIA”. 
. Visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações 
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família 
ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas. – 
No regime fechado as visitas são semanais. 
. Direito do preso à saída da cela por duas horas diárias para banho de sol, em grupos 
de até 4 presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; 
. Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações 
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa 
autorização judicial em contrário. 
. Fiscalização do conteúdo da correspondência. – Também é um inciso novo que veio 
com o Pacote Anticrime. Gera um embate entre o direito a intimidade x um bem maior 
como a segurança púbica. 
. Participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, 
garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso. 
. Hipóteses de prorrogação: 
. § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá 
ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o 
preso: 
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. I - Continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento 
penal de origem ou da sociedade. - Mesmo em RDD de alguma forma esse preso 
continuou oferecendo perigo/risco para sociedade e o estabelecimento. 
. II - Mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia 
privada, considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no 
grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos 
criminais e os resultados do tratamento penitenciário. – Aqui já podemos notar algo 
mais concreto a partir da análise da função desempenhada pelo preso dentro do grupo 
criminoso e demais circunstâncias listadas. PORÉM, continua sendo algo trabalhado em 
questões de SUSPEITAS fundadas. 
7) Prisão albergue domiciliar: 
 . Art. 117 da LEP. 
. Destinada para os presos que já foram condenados, ou seja, que já estão executando 
a pena em regime aberto. Deverá apresentar uma das hipóteses: 
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular 
quando se tratar de: 
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; 
II - condenado acometido de doença grave; 
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; 
IV - condenada gestante. 
 
. Na prática, não se tem uma aplicação tão grande desse tipo de prisão pelos motivos 
acima listados, porque a prisão no regime aberto dificilmente é cumprida na casa de 
albergado, porque não se tem a disponibilidade dessas casas. E, como já visto, na 
ausência dessas casas, o sujeito acaba indo cumprir a pena em regime domiciliar. 
. EXCEPCIONALMENTE se admite a prisão albergue domiciliar para quem está em regime 
fechado e semiaberto. – Pois, a regra do albergue domiciliar é para o regime aberto (o 
mais brando de todos). 
. Essa prisão albergue domiciliar não se confunde com a prisão domiciliar prevista no 
CPP (tem regras diferentes). – NA PRISÃO DOMICILAR DO CPP É UMA PRISÃO 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
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DOMICILIAR PROVISÓRIA, JÁ O QUE ESTÁ PREVISTO NO ART. 117 DA LEP É PARA QUEM 
JÁ FOI CONDENADO E ESTÁ CUMPRINDO A PENA. 
8) Direitos e deveres do preso: 
. Todo preso tem direitos e deveres. 
. Art. 39 da LEP traz quais são os deveres do preso (no que for possível, esses deveres 
dos presos serve também para o caso do preso provisório): 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 24 
 
. Art. 41 da LEP traz os direitos dos presos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. 
Apesar 
de não 
se ter 
previsão expressa com relação a visita íntima, existem vários decretos que autorizam tal 
feito, tendo em vista que se faz como uma necessidade para o ser humano, evitando 
inclusive que sejam cometidos abusos sexuais no ambiente prisional. 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 25 
 
9) Autorização de saída: 
. Em algumas situações, permite-se que o preso, seja no regime fechado ou semiaberto, 
saia em determinadas situações (tem-se hipóteses específicas para tais). – Previsão no 
art. 123 da LEP: 
. Permissão de saída: 
. Existe tanto no regime fechado quanto no semiaberto. – PARA QUALQUER PRESO com 
escolta. – QUESTÃO HUMANITÁRIA. 
. 1ª hipótese: quando houve doença grave ou morte (sair para o enterro) de marido ou 
esposa, mãe, pai ou irmão. 
. 2ª hipótese: preso que precisa sair para fazer um tratamento médico específico. 
. Saída temporária: 
. Equivocadamente chamada pela imprensa de INDULTO, mas não é indulto. 
. Permitida para quem está em regime semiaberto. – SOMENTE. 
. Autorização de saída por tempo determinado, por curto período, sem grandes 
fiscalizações, 5 vezes por 7 dias durante o ano. 
 
 
 
. Na prática é visita à família. 
. Medida de política criminal para tentar reintegrar o sujeito na sociedade aos poucos, 
para que ele possa ter um retorno ao convívio social aos poucos. – Até mesmo para que 
o Estado avalie se de fato aquele sujeito está apto para voltar a conviver a sociedade. 
. Os requisitos para a concessão, são: 
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NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 
 
 
 
 
. As condições que o 
sujeito deve cumprir nessa saída temporária são: fornecer um endereço onde irá ficar e 
poderá ser encontrado (não tem uma fiscalização, embora o juiz possa determinar 
monitoramento eletrônico); tem que se recolher a noite nessa casa; não pode 
frequentar bares, casas noturnas e boates. 
. As hipóteses de revogação da saída temporária: (i) sujeito que não cumpre uma das 
condições estabelecidas acima, como por exemplo, não forneceu endereço ou forneceu 
endereço errado, não se recolheu em casa a noite, foi visto em bares/boates/casas 
noturnas; (ii) pratica crime considerada conduta dolosa; (iii) quando comete fato 
definido como falta grave (previstas no art. 50 da LEP, como por exemplo, ser 
encontrado celular na cela). 
MONITORAÇÃO ELETRÔNICA 
. Nada mais é do que uma forma de fiscalização de alguns benefícios por meio da 
utilização de dispositivos eletrônicos, sendo o mais conhecido a tornozeleira eletrônica. 
. Não é obrigatória e nem automática, inclusive tem que ser fundamentado caso o juiz 
requeira seu uso. 
1)Previsão legal: 
. Art. 146-B da LEP. 
. É uma previsão recente. 
2) Hipótese de cabimento: 
. Fiscalização da saída temporária. 
. Fiscalização da prisão domiciliar (OBS: ESSA monitoração eletrônica aqui em pauta é 
para quem já foi condenado, para quem está cumprindo prisão provisória existe uma 
previsão de monitoramento eletrônico ESPECÍFICA no CPP). 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALESNATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 27 
 
3)Deveres inerentes a monitoração: 
 
 
 
 
4)Consequências da violação aos deveres relativos à monitoração: 
. A regressão do regime – não só irá perder o benefício que estava tendo, como por 
exemplo a prisão domiciliar ou a permissão de saída, mas pode regredir de regime. 
. A revogação da autorização da saída temporária. 
. A revogação da prisão domiciliar. 
. A advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não 
aplicar alguma das medidas previstas acima. – MAIS DIFÍCIL TER SÓ ESSA MEDIDA. 
. NA PRÁTICA, o juiz pega a situação concreta e analisa qual será a sua escolha. 
5)Revogação da monitoração eletrônica: 
. Art. 146-D – A monitoração eletrônica poderá ser revogada: (i) quando se tornar 
desnecessária ou inadequada; (ii) se o acusado ou condenado violar os deveres a que 
estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. 
 
REMIÇÃO DA PENA 
1)Conceito: 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 28 
 
. É um benefício concedido para aquele que já está cumprindo a pena privativa de 
liberdade, em que se terá o abatimento do tempo de cumprimento de pena em razão 
do trabalho ou do estudo. 
. Art. 126 da LEP. 
2)Remição pelo trabalho: 
. É mais antiga, pois era a primeira e única remição da LEP. 
. Trabalho é ao mesmo tempo um direito e um dever do preso. Como dever, não significa 
dizer que se trata de um trabalho escravo/forçado/sob ameaça/castigos físicos. O 
trabalho do preso deve ser obrigatoriamente remunerado, e embora não seja regido 
pela CLT, tem contribuição na Previdência Social. 
. Trabalha durante o dia normalmente (6 a 8 horas, como qualquer trabalho) e a 
remuneração não pode ser menor que ¾ do salário-mínimo vigente. 
. Caso o preso queira trabalhar, mas não tem disponibilidade de vagas no 
estabelecimento, o que é feito? Vários doutrinadores pensam que o Estado é quem deve 
garantir essa vaga, mas na prática o preso fica sem essa possibilidade. 
. Regimes cabíveis: SÓ É PERMITIDA NO REGIME FECHADO (dentro do sistema prisional, 
interno) E NO REGIME SEMIABERTO (interno e externo). – Não existe remição pelo 
trabalho no regime aberto, pois no regime aberto o trabalho é a própria condição de 
existência deste. 
. Proporção de diminuição: a cada 3 dias trabalhados, menos 1 dia de pena. 
 
 
 
. Essa Súmula é apenas para deixar claro que a remição acontece pelo trabalho tanto 
interno quanto externo, para não se ter a falsa sensação de que ela só ocorreria com o 
trabalho interno. 
3)Remição pelo estudo: 
. Mais recente e com mais particularidades. 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 29 
 
. Regimes cabíveis: pode acontecer nas 3 modalidades de regimes, isto é, no aberto, 
semiaberto e fechado. – O Estudo em si não é obrigatório para o regime aberto, o que 
justifica o fato de ser possível remição pelo estudo no regime aberto. 
. Proporção de diminuição: a cada 12 horas estudadas, menos 1 dia de pena. – Essas 12 
horas não podem ser estudadas de vez, tem que ser no lapso de 3 dias. 
. Conclusão de curso: não necessariamente de curso superior, mas por exemplo concluir 
o ensino fundamental, médio, profissionalizante etc. – Quem concluir terá um 
acréscimo/ um plus no tempo de remição de 1/3. – Pena tem finalidade preventiva, e 
uma das ideias de prevenção é a ressocialização = sujeito tenha um ganho para a vida 
em sociedade, com uma formação, uma profissão etc. 
. Remição pela leitura: NÃO TEM PREVISÃO LEGAL, mas o CNJ já fez uma recomendação 
que se faça remição pela leitura de obras/livros e isso já é uma realidade em vários 
estabelecimentos prisionais. – O que se tem feito é que a cada livro lido (disponibilizado 
pelo estabelecimento), abate-se 4 dias de pena. Sendo que no máximo só é possível ler 
12 livros, e só se tem de 30 à 40 dias para leitura do livro. Após a leitura, o detento deve 
fazer uma resenha que será avaliada por uma equipe. 
4)Cumulação de trabalho e estudo: 
. É possível tal cumulação. 
5)Falta grave e perda dos dias remidos: 
. Art. 127 da LEP. 
. Antes a LEP previa que a ocorrência de falta grave (art. 50 LEP) por parte do sujeito/do 
condenado, faria com que ele perdesse todos os dias remidos. A Doutrina começou a 
questionar a inconstitucionalidade disso, alegando ser direito adquirido. O STF se 
posicionou como não sendo a favor de considerar tal dispositivo inconstitucional, uma 
vez que era sim cabível o indivíduo perder todos os dias remidos. Essa súmula perdeu a 
eficácia, porque a própria LEP foi modificada. 
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. Com a atual redação do artigo 127 da LEP, tem-se que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIMITE DAS PENAS 
1)Tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade: 
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. Existe um limite de cumprimento de pena em respeito a vedação de pena perpétua. 
. Sujeito pode ser condenado a 200 anos e não ficar 200 anos preso? Pode e inclusive é 
isso que irá acontecer. 
. Código Penal, art. 75 – estabelece um tempo máximo de cumprimento de pena 
privativa de liberdade. – Até o Pacote Anticrime, esse limite era de até 30 anos 
ininterruptos. A partir de janeiro de 2020, com as alterações do Pacote Anticrime, o 
limite máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade passou a ser de 40 anos. 
2)Unificação das penas: 
. Se o sujeito tiver várias condenações em processos criminais diferentes transitado em 
julgado – UNIFICAÇÃO DE PENAS. 
. Penas unificadas de modo a permitir que o sujeito só cumpra de maneira ininterrupta 
40 anos. 
. Para que serve então uma condenação de, por exemplo, 200 anos de prisão? Se o limite 
no final das contas é 40 anos preso? – A LÓGICA É QUE TODOS OS BENEFÍCIOS 
INERENTES A EXECUÇÃO DE UMA PENA NÃO SÃO CALCULADOS EM CIMA DO LIMITE DE 
40 ANOS, MAS SIM DA PENA TOTAL. – Em penas muito altas, esses benefícios 
dificilmente vão existir. 
3)Superveniência de nova condenação e unificação de penas: 
. Pode acontecer do sujeito já estar cumprindo uma pena privativa de liberdade e ele 
cometer um novo crime nesse período de cumprimento = será necessário através de 
nova condenação, fazer a unificação das penas. 
. Exemplo: Residente em Medicina baiano que entrou no cinema de SP, levantou-
se e começou a atirar aleatoriamente nas pessoas. Na época foi feito teste de sanidade 
mental, ele foi considerado imputável, por isso condenado a pena privativa de liberdade. 
Como a família dele era baiana, fizeram o requerimento de que ele cumprisse a pena 
aqui. E, na Lemos de Brito (Salvador), já cumprindo a pena pelos homicídios doo episódio 
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do cinema, ele acabou matando um colega de cela. – Nesse novo processo ele foi 
considerado inimputável, saindo do cumprimento de pena privativa de liberdade e passa 
a cumprir uma medida de segurança (internado no Hospital de Custódia e Tratamento). 
– Já tinha sido condenado pela prática de um crime, com certeza uma pena alta, e 
cometeu um novo crime quando já estava cumprindo a pena privativa de liberdade. 
 
. Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 
(quarenta) anos. 
1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 
(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova 
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. 
. Exemplo: sujeito já condenado a 40 anos e já tinha cumprido 10, teoricamente faltava, 
30 anos. Quandoele comete um novo crime e é condenado novamente, faz-se uma nova 
UNIFICAÇÃO, somando uma pena a outra. Ou seja, o novo limite dele será 40 anos a 
partir dessa NOVA UNIFICAÇÃO. – Ou seja, nessa situação concreta, o sujeito tem a 
possibilidade de cumprir na prática mais de 40 anos, em face da unificação das penas. – 
O SUJEITO PRECISA JÁ ESTAR CUMPRINDO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. 
. Até 2019 tinha-se o limite de cumprimento de pena de 30 anos, a partir de janeiro de 
2020 passa a ser 40 anos. Quem já estava cumprindo pena antes, o limite é 30 ou 40 
anos? Essa modificação no Código Penal vai retroagir para atingir fatos anteriores, isto 
é, ocorridos antes do Pacote Anticrime? Não, tendo em vista que em relação ao tempo 
do crime, predomina a ideia de “considera-se praticado a crime no momento da ação 
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”, não retroagindo para 
prejudicar o réu. 
 
 
 
DETRAÇÃO PENAL 
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1)Conceito: 
. O abatimento no total da pena imposta/da condenação do tempo de prisão provisória. 
– Ou seja, o sujeito ficou preso antes da condenação preventivamente, e esse tempo de 
prisão será abatido no final. 
. Exemplo: Maria Clara ficou presa 4 anos preventivamente/provisoriamente, e esse 
tempo ao final, quando ela for condenada, será abatido. 
2)Momento para aplicação: 
. Quem faz essa detração? O juiz da condenação, do processo de conhecimento, porque 
isso pode influenciar, inclusive, no regime de cumprimento de pena a ser fixado. – 
Exemplo: sujeito condenado a 10 anos de prisão, mas já cumpriu 4 anos 
provisoriamente. Com o abatimento/detração, sobrariam 6 anos para que ele 
cumprisse. 6 anos, de um modo geral, já permite a fixação de regime aberto (enquanto 
os 10 anos iniciais o enquadrariam como regime fechado). 
. Na própria a sentença o juiz realiza a detração penal e fixa a pena definitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
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PROGRESSÃO DE REGIME 
1)Contexto geral e definições: 
. Nosso sistema penal adotou um regime de cumprimento de pena que busca a 
reinserção do condenado na sociedade aos poucos, a reinserção PROGRESSIVA. Por esse 
motivo é que temos 3 modelos de regime de cumprimento de pena, a ser fixados com 
base (i) na quantidade de pena + (ii) condições pessoais. 
. Mas, quando o regime inicial é o fechado ou semiaberto, é possível que o sujeito evolua 
de regime, seguindo critérios tanto de ordem objetiva quanto subjetiva. 
. Na progressão de regime o condenado passar de um regime mais grave para um menos 
grave, desde que atenda aos critérios fixados no art. 112 da LEP. 
. Critérios de ordem objetiva: basicamente trata do tempo de cumprimento de pena. 
. Critérios de ordem subjetiva: bom comportamento carcerário. 
. Muitos criticam essa possibilidade de progressão de regime, julgando ser algo muito 
benéfico para o preso. Mas, a ideia central da LEP com essa possibilidade é não colocar 
o sujeito que está há muito tempo privado de sua liberdade de vez na sociedade (não é 
simplesmente abrir a porta e dizer ao preso depois de anos “vá”), para que ele possa 
mostrar ao próprio Estado que ele já está apto para retornar ao convívio social. 
. Diretor do sistema prisional é quem avalia o bom comportamento carcerário do sujeito. 
– Não tumultuar, não desestabilizar, o cumprimento de regras etc. 
2)Requisito objetivo (NÃO TEM VALORAÇÃO): 
. Tempo de pena depende da modalidade de crime (se é hediondo ou não). 
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. Exemplo do inciso I: sujeito primário foi condenado por crime de estelionato a uma 
pena de 4 anos de prisão. – Vai progredir de regime com base em 16% da pena. 
. Na prática, tirando o crime de tráfico, é difícil utilizar essa progressão de 16%. Isso 
porque normalmente a pena fica abaixo de 4 anos (estelionato, furto, apropriação 
indébita etc.), de forma que o sujeito já fica no regime aberto. 
. Quanto mais grave o crime, maior o percentual pra progressão de regime. 
 
 
. O legislador não trouxe um percentual específico para aquele que é reincidente, não 
importando se é de crime hediondo ou não. – Diante da omissão/atecnia do legislador, 
aplica-se o mais benéfico ao réu, neste caso, o percentual de 40%. 
. O juiz da Vara de Execuções penais é o responsável por analisar os requisitos de ordem 
objetiva e subjetiva, para saber se o sujeito já tem o direito de progredir de regime ou 
não. 
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. OBS: Temos um juiz para fase de conhecimento (instrução, levantamento de 
provas, onde há efetivamente a condenação ou absolvição) e caso o sujeito seja 
condenado e essa condenação transite em julgado, esse processo será enviado para 
Vara de Execuções Penais, para outro juiz (responsável pela concessão ou não de 
benefícios durante o cumprimento da pena). 
3)Requisitos de ordem subjetiva: 
. O bom comportamento carcerário atestado pelo diretor do sistema prisional, que 
teoricamente está em contato direto com o preso. 
. É basicamente cumprir com as regras do sistema prisional. 
. Deve ser demonstrado durante TODO o prazo do cumprimento. 
. Se o diretor do estabelecimento não queira fornecer tal atestado, o Juízo pode obrigá-
lo. – PROBLEMA/CRÍTICA DE FICAR À MERÇÊ DO SISTEMA. 
4)Requisito obrigatório específico: 
. Específicos para os crimes CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
. Para as condenações de pena privativa de liberdade referentes a crimes contra a 
administração pública, para que o sujeito tenha direito a progressão de regime, além do 
tempo de cumprimento de pena + bom comportamento carcerário, será necessário que 
O SUJEITO REPARE O DANO CAUSADO (terceiro requisito). 
. Se for comprovado que de fato não há possibilidade dessa reparação acontecer, a 
progressão de regime acontecerá mesmo assim. 
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5)Requisito facultativo: 
. Exame criminológico: por muito tempo era obrigatório, hoje não mais. O juiz é quem 
decide se o sujeito que está pleiteando a progressão de regime irá passar por tal exame 
ou não. 
. O exame criminológico é uma espécie de perícia médica, em que uma equipe médica 
(médicos, psicólogos, psiquiatras etc.) vão avaliar se há ou não uma condição de fato do 
sujeito já progredir para um regime mais brando. 
. Dá um suporte ao magistrado em decisões mais difíceis, ainda que o sujeito atenda aos 
requisitos objetivos e subjetivos. 
. Magistrado de forma fundamentada requer tal suporte pericial em relação a 
progressão de regime. 
. Exemplo: Suzane Richthofen – quando ela solicitou pela primeira vez a progressão de 
regime, o juiz determinou a realização de exame criminológico. O laudo do exame 
definiu que não era indicado tal feito. – Até que um último exame foi positivo e ela já se 
encontra no regime semiaberto. 
 
6)Lei de Crimes Hediondos: 
. Até 2006 era vedado pela Lei dos Crimes Hediondos, a progressão de regime para os 
hediondos e equiparados. – Art. 2° dizia que o regime seria integralmente fechado, ou 
seja, aquele que fosse condenado a uma pena privativa de liberdade pela prática de 
crime hediondo, independente do tempo de pena, seria condenado ao regime fechado 
(além de não poder começar o cumprimento no regime aberto ou semiaberto, não 
poderia progredir, sendo o regime total da pena no regime fechado). 
. A Lei de Tortura, no art. 1°, parágrafo 7°, dizia que aquele que fosse condenado por 
crime de tortura, iniciaria o cumprimento da pena em regime fechado. – OU SEJA, trouxe 
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a possibilidade de progressãode regime (regime INICIALMENTE fechado, mas com 
possibilidade de progressão). 
. A doutrina já criticava a previsão da Lei de Crimes Hediondos, porque feria o princípio 
da individualização das penas, fazia uma aplicação geral de maneira abstrata. – Se você 
cometeu crime hediondo, você simplesmente não poderia progredir de regime. – 
Quando a Lei de Tortura trouxe a possibilidade de progressão de regime, as críticas 
acabaram, porque TORTURA É CRIME EQUIPARADO A CRIME HEDIONDO (isto é, tem o 
mesmo tratamento). – Na época, o STF para apaziguar o problema, editou uma Súmula 
dizendo que o fato da Lei de Tortura prever a possibilidade de progressão de regime, 
isso não afetaria os demais crimes hediondos e equiparados. – CRÍTICAS 
CONTINUARAM. Até que em 2006 foi julgado um HC (que teve repercussão geral para 
todos os casos) no STF em que considerou-se inconstitucional a vedação à progressão 
de regime = artigo da Lei de Crimes Hediondos foi considerado inconstitucional. – Crimes 
hediondos passaram a permitir a progressão de regime. 
. Tudo isso gerou problemas para saber quando e quem alcançaria essa mudança que 
considerou inconstitucional tal dispositivo. – Assim, definiu-se a progressão de crimes 
hediondos com base na LEP, que seria 1/6 da pena. – MAS, UM SUJEITO QUE COMETEU 
UM CRIME HEDIONDO NÃO PODERIA PROGREDIR DE REGIME COM O MESMO TEMPO 
DE UM INDIVÍDUO QUE NÃO COMETEU CRIME HEDIONDO. 
. Veio uma lei em 2007 que alterou a Lei de Crimes Hediondos, passando a permitir a 
progressão de regime para os crimes hediondos e equiparados, com cumprimento de 
pena mínimo de 2/5 se primário e 3/5 se reincidente da pena. – REDAÇÃO CONTINUOU 
PREVENDO QUE INICIALMENTE O REGIME DEVERIA SER FECHADO. 
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. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Ela é benéfica pensando na possibilidade de progressão 
que foi firmada no dispositivo. Mas, maléfica quando colocada em pauta sua 
retroatividade, uma vez que o STF já havia previsto a progressão de regime antes com 
base na LEP, devendo ser 1/6 da pena (e não 2/5 e 3/5 como ficou estipulado por essa 
lei). 
. Redação da Lei de Crimes Hediondos permanece prevendo que inicialmente o regime 
de cumprimento da pena do indivíduo deve ser fechado, mas isso também foi 
considerado inconstitucional, porque não necessariamente o sujeito deverá começar 
em regime fechado. = NÃO É OBRIGATÓRIO QUE O REGIME INICIAL SEJA O FECHADO. 
7)Progressão per saltum: 
. É possível que o condenado progrida de regime pulando etapas durante a progressão? 
Em outras palavras, é possível que o sujeito progrida do regime fechado direto para o 
aberto? ESSA POSSIBILIDADE ERA/É MUITO DISCUTIDA diante das possibilidades de que 
a progressão de regime que um preso tenha direito não seja observada (ESTADO SE 
OMITE E NÃO PERCEBE QUE AQUELE SUJEITO TEM DIREITO A PROGRESSÃO). 
. Inércia estatal ou atraso do sistema. 
. A PROGRESSÃO POR SALTO NÃO É ADMITIDA, ainda que tenha ocorrido a inércia 
estatal ou atraso do sistema. 
8)Progressão de regime e o cometimento de falta grave: 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
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. Parágrafo 6°, art. 112, LEP: 
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o 
prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da 
contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
. É uma espécie de punição para o sujeito que comete uma falta grave durante o 
cumprimento de pena. 
. Exemplo: sujeito poderia ter a progressão de regime com 30% de cumprimento de 
pena, e já cumpriu 28%, faltando 2% para progressão quando comete uma falta grave 
(definição no art. 50 da LEP), como por exemplo, ter um celular/uma arma branca/arma 
de fogo na cela, IRÁ TER ZERADO O TEMPO DE CUMPRIMENTO DE PENA QUE ELE TERIA 
PARA PROGREDIR DE REGIME. Ele terá que cumprir os 30% novamente. 
9)Progressão de regime e presos provisórios: 
. Progressão de regime é um benefício que possibilita que o sujeito vá aos poucos sendo 
inserido na sociedade, progredindo aos poucos do regime mais gravoso para o mais 
brando. 
. Prisão provisória é uma realidade no Brasil, e muitas vezes tem-se pessoas que 
cometem um crime e ficam durante todo o curso do processo presos e assim continua 
em grau de recurso. 
. Essa progressão é possível mesmo para o preso provisório? SIM. 
 
 
10)Progressão e prisão especial: 
. Prisão especial é um estabelecimento carcerário diferenciado para algumas profissões 
ou algumas qualidades especiais, como por exemplo, o portador de diploma, PELO 
MENOS DIANTE DE UMA PRISÃO PROVISÓRIA. 
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. O fato de o sujeito estar preso em prisão especial não impede a progressão de regime. 
. Caso impedisse, seria como se um benefício retirasse o direito do outro. 
11)A progressão de regime para gestantes e mães: 
. Introduzida em 2018 na LEP, para trazer requisitos da progressão de regime diferentes 
para gestantes ou mães/responsáveis legais de crianças ou pessoas com deficiência. 
. Criança = até 12 anos incompletos. 
. Tem-se nesse caso requisitos específicos de ordem objetiva e subjetiva: 
. Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça, caso contrário serão 
as regras normais de progressão. 
. Não ter cometido crime contra seu filho ou dependente. 
. Ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior. (FRAÇÃO MAIS 
BENÉFICA) 
. Ser primária e ter bom comportamento carcerário comprovado pelo diretor do 
estabelecimento. 
. Não ter integrado organização criminosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 CADERNO DE DIREITO PENAL III – 2021.1 – MAYANA SALES 
 
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REGRESSÃO DE REGIME 
1)Conceito: 
. A regressão de regime é a possibilidade do condenado de regredir de um regime mais 
brando para um regime mais severo. 
2)Previsão legal - art. 118°, LEP 
3)Hipóteses de regressão: 
. Praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; - Não precisa da condenação, 
basta que ele cometa um fato definido como doloso ou uma falta grave prevista no art. 
50° da LEP. 
. Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em 
execução, torne incabível o regime (artigo 111). – Exemplo: uma pessoa que responde 
dois processos criminais, em um sai a condenação que transita em julgado e o sujeito 
começa a cumprir a pena. O outro processo depois de um tempo saiu a condenação de 
6 anos de prisão e ele tinha ainda tinha que cumprir 6 anos do regime semiaberto em 
curso. Deveria então se unificar as penas: 6+6=12 anos, o que não é compatível com 
regime semiaberto, devendo regredir para o regime fechado. 
. § 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas 
nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa 
cumulativamente imposta. 
. Necessidade de oitiva prévia do condenado nos casos do inciso I (cometimento de 
crime doloso ou falta grave). – Na prática o juiz aplica uma regressão liminar: primeiro 
regredi o sujeito de regime, depois marca uma audiência para ouvir o sujeito e ai decidir 
se ele irá regredir ou não. 
 
 
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PENA DE MULTA 
1)Previsão legal: 
. Nosso ordenamento jurídico permite 3 modalidades de pena: pena restritiva de direito, 
pena privativa de liberdade e pena de multa. 
. A pena de multa sofreu uma alteração significativa com o Pacote Anticrime. 
. Art. 59, 60 e 61 do CP. 
. Pena consistente no pagamento de dinheiro destinado ao fundo penitenciário nacional. 
. Valor pecuniário. 
. Pode ser aplicada isoladamente, alternativamente e cumulativamente.– No Código 
Penal especificamente não se tem a pena de multa aplicada isoladamente. Mas, tem-se 
em legislações extravagantes outros tipos penais, como por exemplo, com relação aos 
crimes eleitorais. 
. EXISTEM TIPOS PENAIS QUE NÃO PERMITEM A APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA. 
EXEMPLO: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. – Única 
modalidade de pena possível é a pena privativa de liberdade, não podendo ser aplicada 
pena de multa. 
. Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena 
- detenção, de três meses a um ano, OU multa. – O magistrado na hora de aplicar a pena 
poderá decidir entre aplicar a pena de multa OU a pena privativa de liberdade. – 
PREVISÃO ALTERNADA. 
. Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena 
- detenção, de seis meses a dois anos, E multa. – Aplicação das duas modalidades. 
2)Destinatário da pena de multa: 
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. A MULTA NÃO VAI PARA A VÍTIMA DO CRIME. 
. Multa destinada ao fundo penitenciário nacional = fundo que estrutura o nosso sistema 
penitenciário. 
. Ao pagar uma multa a lógica é estar se contribuindo para o sistema penitenciário. 
3)Critério para aplicação da pena de multa: 
. SISTEMA DIAS-MULTA – critério BIFÁSICO: 
. 1ª fase: quantidade de dias-multa entre 10 e 360. – Como saber o valor exato 
para aquele caso? Tem muita relação com a pena privativa de liberdade (quanto mais 
circunstâncias desfavoráveis tiver para o réu na pena privativa de liberdade, maior será 
a quantidade de dias multas). - Depende das agravantes e atenuantes, se há causa de 
aumento e diminuição etc. 
. 2ª fase: valor de cada dia multa (1/30 do salário-mínimo até 5x o valor desse 
salário). – Fixado com base na CAPACIDADE FINANCEIRO DO RÉU (quanto maior o poder 
aquisito, maior será o valor fixado por dia-multa), respaldando-se em uma pena que não 
seja irrisória. 
. Exemplo: sujeito que teve pena intermediária-baixa na pena restritiva de direito e tem 
fixado pelo juiz 50 dias-multa. Juiz fixou 5 vezes do salário-mínimo para o valor dia-
multa. – 5 x 1100,00 = 5500,00 x 50 dias-multa = 275.000,00. 
4)Aumento da pena de multa: 
. Pena ineficaz – art. 60, 1°, CP: 
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. 
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação 
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. 
5)Pagamento da pena de multa: 
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. A partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o sujeito tem 10 dias 
para pagar a pena de multa voluntariamente. – É possível fazer um pedido de 
parcelamento da multa nesse período de 10 dias. 
. Pode existir desconto mensal em folha no caso de pessoas assalariadas. 
6)Execução da pena de multa: 
. Essa foi a mudança da pena de multa em relação ao Pacote Anticrime. 
. Antes: era possível que se ela não fosse paga, que fosse então convertida em pena 
privativa de liberdade. Depois, passou-se a considerar a pena de multa como dívida de 
valor, não sendo mais possível tal conversão de pena de multa em pena privativa de 
liberdade. – Existia uma discussão enorme na doutrina, mas o que prevalecia era: a 
execução da pena de multa é feita com base na Lei de Execução Fiscal, perante as Varas 
da Fazenda Pública, mas não seria feita pelo MP. 
. Atualização com o Pacote Anticrime: feita ainda com base na Lei de Execução Fiscal, 
mas quem faz é o MP nas Varas de Execuções Penais. 
7)Algumas questões importantes: 
. EXECUÇÃO DE MULTA E LECRIM: 
. Lei 9099/95 traz um regramento próprio com relação a pena de multa, que fala 
no art. 84 “APLICADA EXCLUSIVAMENTE PENA DE MULTA, SEU CUMPRIMENTO FAR-
SE-Á MEDIANTE PAGAMENTO NA SECRETARIA DO JUIZADO”. – Se o sujeito não pagar 
a pena de multa, irá ser executado no próprio Juizado? Se for isoladamente a pena de 
multa, em tese/em princípio, poderia ser executada no Juizado. Caso fosse conjunto 
com pena privativa de liberdade, não pode ser executada pelo Juizado (tem que ir para 
Vara de Execuções Penais). 
. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA: 
. Se sobrevier doença mental no réu, a pena de multa é suspensa enquanto durar 
tal enfermidade. 
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. Todas essas questões são tratadas de forma técnica e oficial, sendo necessária 
uma perícia médica por ordem do Juízo. 
. PENA DE MULTA E HC: 
. Habeas corpus é um remédio constitucional que visa preservar a liberdade de 
locomoção do indivíduo, o direito de ir e vir. 
. Não é compatível a pena de multa com o Habeas corpus (uma vez que o último 
tem ligação com pena privativa de liberdade). 
. Súmula 693 do STF. 
. PENA DE MULTA E VALOR IRRISÓRIO: 
. Vale a pena mover o Judiciário para executar pena de valor muito baixo? Tem 
duas correntes: (i) uma que entende que não e (ii) e outra que entende que sim por se 
tratar de uma finalidade retributiva. 
. Hoje não existe nada que impeça essa execução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MEDIDA DE SEGURANÇA 
1)Conceito: 
. É uma espécie de sanção penal que cabe aos inimputáveis que praticaram fato típico e 
ilícito. – Inimputável não praticou crime nesses moldes, logo não vai ter aplicação de 
pena. 
. Processo segue o curso normal, mas ao ser detectado (incidente de insanidade mental) 
a inimputabilidade, é aplicada medida de segurança. 
. Art. 96 do CP. 
. MEDIDA DE SEGURANÇA NÃO É PENA, É SANÇÃO PENAL. 
. Inimputável neste caso é o POR DOENÇA MENTAL (art. 26, CP) – desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado. – Menor sofre medida educativa. 
2)Jurisdicionalidade da MS: 
. Somente o Poder Judiciário pode aplicar Medida de Segurança após o devido processo 
criminal legal. 
3)Distinções entre Pena e Medida de Segurança: 
. Quanto ao fundamento: 
. O que fundamenta aplicação de uma pena é a CULPABILIDADE (só pode aplicar 
a pena para aquele que é culpável), enquanto com a medida de segurança é a 
PERICULOSIDADE (até porque o sujeito inimputável não cometeu crime). 
. Quanto a pessoa a que se impõe: 
. A pena é imposta ao IMPUTÁVEL (aquele que pode ser responsabilizado 
penalmente), enquanto a medida de segurança é aplicada ao INIMPUTÁVEL. 
. Quanto ao prazo de duração: 
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. Pena tem prazo determinado, pré-definido. Ao contrário, a medida de 
segurança não tem prazo estipulado, em tese, pelo Código Penal, poderá durar 
enquanto fosse necessário o tratamento terapêutico preventivo. 
. Quanto à finalidade: 
. A finalidade da pena é preventiva é retributiva ao mesmo tempo, já a finalidade 
da medida de segurança é tão somente preventiva/terapêutica (uma vez que não tem o 
que se retribuir, já que o sujeito não tem nem ao menos noção do que fez). 
4)Fundamento da Medida de Segurança: 
. É a PERICULOSIDADE. 
. O inimputável tem uma periculosidade presumida, ou seja, se presume que ele é 
perigoso. 
. Periculosidade é uma probabilidade de voltar a delinquir – para o inimputável ela é 
presumida. 
. Sujeito semi-imputável tem análise do caso concreto pelo juiz, uma vez que embora 
devesse ser aplicada uma pena, poderia ser aplicada a ele uma medida de segurança. 
5)Modalidade de Medida de Segurança: 
. Medida de internação: 
. Mais drástica. 
. Internação de Hospital de Custódia e Tratamento (HCT). 
. Ao inimputável a regra é a internação, mas se o crime é punido com detenção, 
o juiz pode analisar o caso concreto (se houver

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