Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 25 AULA 02 Olá, vitoriosos alunos! Muito ânimo, porque a CLASSIFICAÇÃO é de vocês! Nesta aula, apresentarei os comentários à prova do ISS/SP, organizada pela Fundação Carlos Chagas no ano de 2007. Inicialmente apresentarei as questões, a fim de que vocês tentem resolvê-las. Ao final do encontro, vocês encontrarão o gabarito comentado. Vamos lá ?! Para refletir: “A distância entre o sonho e a realidade chama-se disciplina.” (Bernardinho) Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 25 LÍNGUA PORTUGUESA Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto seguinte. Da impunidade O homem ainda não encontrou uma forma de organização social que dispense regras de conduta, princípios de valor, discriminação objetiva de direitos e deveres comuns. Todos nós reconhecemos que, em qualquer atividade humana, a inexistência de parâmetros normativos implica o estado de barbárie, no qual prevalece a mais dura e irracional das justificativas: a lei do mais forte, também conhecida, não por acaso, como “a lei da selva”. É nessa condição que vivem os animais, relacionando-se sob o exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo sapiens afirmou-se como tal exatamente quando estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos. Variando de cultura para cultura, as regras de convívio existem para dar base e estabilidade às relações entre os homens. Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas: podem apresentar-se como manifestações da vontade divina, como valores supremos, por vezes apresentados como eternos. Os dez mandamentos ditados por Deus a Moisés são um exemplo claro de que a religião toma para si a tarefa de orientar a conduta humana por meio de princípios fundamentais. No caso da lei mosaica, um desses princípios é o da interdição: “Não matarás”, “Não cobiçarás a mulher do próximo” etc. Ou seja: está suposto nesses mandamentos que o ponto de partida para a boa conduta é o reconhecimento daquilo que não pode ser permitido, daquilo que representa o limite de nossa vontade e de nossas ações. Nas sociedades modernas, os textos constitucionais e os regulamentos de todo tipo multiplicam-se e sofisticam-se, mas permanece como sustentação delas a idéia de que os direitos e os deveres dizem respeito a todos e têm por finalidade o bem comum. Para garantia do cumprimento dos princípios, instituem-se as sanções para quem os ignore. A penalidade aplicada ao indivíduo transgressor é a garantia da validade social da norma transgredida. Por isso, a impunidade, uma vez manifesta, quebra inteiramente a relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns, e passa a constituir um exemplo de delito vantajoso: aquele em que o sujeito pode tirar proveito pessoal de uma regra exatamente por tê-la infringido. Abuso de poder, corrupção, tráfico de influências, quando não seguidos de punição exemplar, tornam-se estímulos para uma prática delituosa generalizada. Um dos maiores desafios da nossa sociedade é o de não permitir a proliferação desses casos. Se o ideal da civilização é permitir que todos os indivíduos vivam e convivam sob os mesmos princípios éticos acordados, a quebra desse acordo é a negação mesma desse ideal da humanidade. (Inácio Leal Pontes) Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 25 1. Regras de convívio e parâmetros normativos das atividades humanas são considerados, no texto, (A) valores inerentes aos sistemas políticos cuja autoridade se manifesta pelo emprego indiscriminado da força. (B) elementos indispensáveis à conduta civilizada e a toda organização social orientada pelo princípio do bem comum. (C) qualidades naturais de todo indivíduo que se preocupa em conviver com os demais segundo sua própria índole. (D) elementos definidores de toda e qualquer forma de organização social comandada pelo princípio da repressão. (E) valores prioritários das relações sociais cuja base ética se manifesta consoante os impulsos da ordem natural. 2. São contraditórias entre si as duas situações representadas em: (A) obediência aos ditames da lei mosaica / acatamento do princípio da interdição. (B) elaboração de textos constitucionais / instituição de sanções inibitórias para os delitos. (C) estabilização das relações entre os homens / aplicação de princípios éticos comuns. (D) valorização de princípios socialmente acordados / exaltação dos impulsos individuais. (E) manifestações da vontade divina / eleição de valores acolhidos como eternos. 3. Considere as seguintes afirmações: I. Quando o homem se compara aos demais seres da natureza, deve concluir que a condição humana tornou-o imune à ação dos instintos. II. A multiplicação e a sofisticação dos códigos e regulamentações que regem nossa vida vêm tendo como efeito a expansão da impunidade. III. O sentido social de uma norma já instituída é reforçado quando se pune exemplarmente o indivíduo que a violentou. Em relação ao que diz o texto, ou ao que dele pode-se depreender, está correto o que se afirma em: (A) I, II e III. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 25 (E) III, apenas. 4. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão do texto em: (A) discriminação objetiva (1º parágrafo) = especificação tendenciosa. (B) implica o estado de barbárie (1º parágrafo) = provém de uma constituição anômala. (C) toma para si a tarefa de orientar (2º parágrafo) = investe-se da missão de nortear. (D) instituem-se as sanções (2º parágrafo) = prescrevem-se as prerrogativas. (E) seguidos de punição exemplar (3º parágrafo) = advindos de exemplificações punitivas. 5. A concordância verbal estabelece-se plena e adequadamente em: (A) Para que o cumprimento de todos os princípios fundamentais seja garantido, devem especificar-se as sanções. (B) No caso de que se infrinja as normas e os princípios, hão de se lançar mão das sanções correspondentes. (C) Constituem um dos exemplos de delitos vantajosos o caso em que o detentor de um poder abuse de sua autoridade. (D) Não houvesse sido criadas quaisquer regras de convívio, estaríamos todos vivendo sob o comando de nossos instintos mais primitivos. (E) O que nos mandamentos de Moisés se impõem como um dos princípios fundamentais é a necessidade de reconhecimento dos nossos limites. 6. Está bem observada a correlação entre os tempos e modos verbais na construção do período: (A) Se não variassem de cultura para cultura, as regras de convívio terão alcançado, efetivamente, a chamada validade universal. (B) Tendo cabido ao homo sapiens discriminar critérios de convívio, conseguiu ele criar uma organização social que, até hoje, não abdica de punir quem os desrespeite. (C) A relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns estava sendo prejudicada caso se viesse a permitir a existência de privilégios. (D) Para que não se consagrasse o péssimo exemplo da impunidade, faz-se necessária a sanção dos que vierem a cometerdelitos. (E) Enquanto os animais continuam regulando-se pela “lei da selva”, os homens estariam sempre se esforçando para tê-la superado. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 25 7. Expressa uma finalidade a oração subordinada adverbial sublinhada em: (A) (...) a religião toma para si a tarefa de orientar a conduta humana. (B) (...) o sujeito pode tirar proveito pessoal de uma regra por tê-la infringido. (C) (...) o ponto de partida para a boa conduta é o reconhecimento daquilo que não pode ser permitido. (D) (...) as regras de convívio existem para dar base e estabilidade às relações entre os homens. (E) (...) o ideal da civilização é permitir que todos os indivíduos vivam sob os mesmos princípios éticos acordados. 8. Considerando-se o contexto, deve-se entender que o sentido do elemento sublinhado em: (A) (...) mas o homo sapiens afirmou-se como tal (1º parágrafo) é equivalente ao de do mesmo modo. (B) Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (2º parágrafo) é equivalente ao de por conseguinte. (C) (...) a impunidade, uma vez manifesta, quebra inteiramente a relação de equilíbrio (3º parágrafo) é equivalente ao de quando. (D) (...) um exemplo de delito vantajoso: aquele em que o sujeito pode tirar proveito pessoal (3º parágrafo) é equivalente ao de aonde. (E) (...) a quebra desse acordo é a negação mesma desse ideal da humanidade (3º parágrafo) é equivalente ao de idêntica. 9. Transpondo-se para a voz passiva a construção O homo sapiens estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos, a forma verbal resultante será: (A) foi estabelecido. (B) são estabelecidos. (C) tem estabelecido. (D) têm sido estabelecidos. (E) foram estabelecidos. 10. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para preencher corretamente a lacuna da frase: (A) Nunca ________ (haver) de prosperar as sociedades cujos princípios sejam frágeis. (B) ________ (caber) aos animais viver segundo os impulsos de seus instintos primários. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 25 (C) ________ -se (estipular) na lei mosaica, como se sabe, princípios de interdição. (D) Pela lei mosaica, ________ (cuidar) os homens de observar rígidos ditames. (E) A nenhum de nós ________ (deixar) de afetar os rigores das sanções previstas. 11. Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...). O elemento sublinhado na frase acima poderá permanecer o mesmo, caso substituamos Não decorrem por: (A) Não advêm. (B) Não implicam. (C) Não têm origem. (D) Não se devem. (E) Não se atribuem. 12. O termo sublinhado constitui o sujeito da seguinte construção: (A) Não se encontrou uma forma definitiva de organização social. (B) É nessa condição que vivem os animais. (C) Tais delitos acabam tornando-se estímulos para a banalização das transgressões. (D) Ocorre isso por conta das reiteradas situações de impunidade. (E) Deve-se reconhecer na interdição um princípio da lei mosaica. 13. Está correta a grafia de todas as palavras na frase: (A) Não constitui uma primasia dos animais a satisfação dos impulsos instintivos: também o homem regozijase em atender a muitos deles. (B) As situações de impunidade infligem sérios danos à organização das sociedades que tenham a pretenção da exemplaridade. (C) É difícil atingir uma relação de complementaridade entre a premênsia dos instintos naturais e a força da razão. (D) Se é impossível chegarmos à abstensão completa da satisfação dos instintos, devemos, ao menos, procurar constringir seu poder sobre nós. (E) A dissuasão dos contraventores se faz pela exemplaridade das sanções, de modo que a cada delito corresponda uma justa punição. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 25 14. Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período: (A) Embora sejamos tentados, freqüentemente, a qualificar como cruel ou maldoso o comportamento de certos animais, o fato é que, para eles, só há os instintos. (B) Por mais que difiram entre si, as constituições, nenhuma delas deixa-se reger, por princípios que desfavoreçam, ou impeçam algum equilíbrio nas relações sociais. (C) Via de regra o abuso de poder constitui um caso difícil de ser apurado, uma vez que, o próprio agente do delito, costuma exercer forte influência, na investigação dos fatos. (D) É muito comum nas conversas mais informais, os indivíduos se referirem a casos públicos de impunidade, tomando-os como justificativas, de seus delitos pessoais. (E) Não é fácil, submeter-se ao equilíbrio entre o direito e o dever, pois, a tendência é de um lado, valorizar o direito, e de outro minimizar o dever que lhe corresponde. 15. No caso das leis mosaicas, um desses princípios é o da interdição: “Não matarás”. O pronome sublinhado na frase acima reaparece, conservando a mesma função sintática que nela exerce, nesta outra frase: (A) Para se garantir o cumprimento de um princípio, institui-se uma sanção para quem o ignore. (B) Quanto ao abuso de poder, só rigorosas diligências e isenta apuração o evitam. (C) Dos desafios da nossa sociedade, talvez o maior seja o de não se permitir a impunidade. (D) O homo sapiens, que tem o dom da racionalidade criativa, nem sempre o aproveita em seu benefício. (E) Se o indivíduo responsável pela aplicação da justiça transgride um princípio, que ninguém o acoberte. 16. Estão corretos o emprego e a flexão de todas as formas verbais na frase: (A) Se os homens dessem ouvido à consciência e contessem seus instintos, as relações sociais seriam mais harmoniosas. (B) Aos homens nunca aprouve respeitar os princípios coletivos quando não prescrita uma punição para quem viesse a menosprezá-los. (C) Se os cidadãos elegerem princípios e convirem que estes são justos, só os infligirá quem se valer de má fé. (D) No caso de evidente erro judiciário, deve-se ratificar a sanção aplicada para que a punição injusta não constitue um argumento a favor da impunidade. (E) Quando todos revirmos o papel social que nos cabe e nos dispormos a exercê- -lo de fato, nenhum caso de impunidade será tolerado. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 25 17. Não é preciso amar os princípios de convivência, como também não se deve ignorar esses princípios, pois quem não dá fé a esses princípios impede que os contraventores levem a sério esses princípios. Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados por, respectivamente, (A) ignorá-los − lhes dá fé − os levem a sério (B) ignorar-lhes − dá-lhes fé − levem-lhes a sério (C) lhes ignorar − lhes dá fé − os levem a sério (D) ignorá-los − dar fé a eles − levem-lhes a sério (E) os ignorar − os dá fé − levem-nos a sério 18. Está clara, coerente e correta a redação da seguinte frase: (A) Conquanto seja impossível a adesão de todos em que se cumpra os princípios de convívio social, ainda assim há aqueles que relutam em aceitar tais esforços. (B) À medida em que desceu Moisés com os mandamentos do monte Sinai, seus seguidores deram-se conta de que alguns deles paltavam-se pelo princípio da interdição. (C)Para que se mantenha um mínimo equilíbrio nas relações sociais, desde que não se pode permitir casos de impunidade, onde os infratores ainda pousam de vitoriosos. (D) Não é mau auferir benefícios pessoais quando estes não acarretam, de forma alguma, qualquer tipo de prejuízo ou restrição ao pleno exercício dos direitos alheios. (E) Embora nem sempre seja de fácil aceitação, nem sempre as sanções deixam de ser necessárias, já que sem as mesmas correria-se o risco de se voltar ao estado da barbárie. 19. NÃO se justificam as ocorrências do sinal de crase em: (A) Não me reporto à impunidade de um caso particular, mas àquela que se generaliza e dissemina a descrença na justiça dos homens. (B) É difícil admitir que vivem à solta tantos delinqüentes, sobretudo quando se sabe que pessoas inocentes são levadas à barra dos tribunais. (C) O autor do texto faz menção à uma série de princípios de interdição, à qual teria proveniência na vontade divina. (D) Assiste-se hoje à multiplicação de casos de impunidade, à descabida proliferação de maus exemplos de conduta social. (E) Quem dá crédito à ação da justiça não pode deixar de trabalhar para que não se furtem às sanções os mais poderosos. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 25 20. Está correto o uso do segmento sublinhado na frase: (A) Trata-se de um texto em cuja tese poucos devem mostrar-se contrários. (B) A natureza também tem seus princípios de violência, a cujos os homens precisam superar. (C) Nos ditames da lei mosaica, cujo o rigor é indiscutível, prevalece o princípio da interdição. (D) As normas da ética, de cujas ninguém devia se afastar, não são exatamente as mesmas ao longo do tempo. (E) Os braços da justiça, a cujo alcance deveriam estar todos, tornam-se inócuos quando desprestigiados. GABARITO COMENTADO Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto seguinte. Da impunidade O homem ainda não encontrou uma forma de organização social que dispense regras de conduta, princípios de valor, discriminação objetiva de direitos e deveres comuns. Todos nós reconhecemos que, em qualquer atividade humana, a inexistência de parâmetros normativos implica o estado de barbárie, no qual prevalece a mais dura e irracional das justificativas: a lei do mais forte, também conhecida, não por acaso, como “a lei da selva”. É nessa condição que vivem os animais, relacionando-se sob o exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo sapiens afirmou-se como tal exatamente quando estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos. Variando de cultura para cultura, as regras de convívio existem para dar base e estabilidade às relações entre os homens. Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas: podem apresentar-se como manifestações da vontade divina, como valores supremos, por vezes apresentados como eternos. Os dez mandamentos ditados por Deus a Moisés são um exemplo claro de que a religião toma para si a tarefa de orientar a conduta humana por meio de princípios fundamentais. No caso da lei mosaica, um desses princípios é o da interdição: “Não matarás”, “Não cobiçarás a mulher do próximo” etc. Ou seja: está suposto nesses mandamentos que o ponto de partida para a boa conduta é o reconhecimento daquilo que não pode ser permitido, daquilo que representa o limite de nossa vontade e de nossas ações. Nas sociedades modernas, os textos constitucionais e os regulamentos de todo tipo multiplicam-se e sofisticam-se, mas permanece como sustentação delas a idéia de que os direitos e os deveres dizem respeito a todos e têm por finalidade o bem comum. Para garantia do cumprimento dos princípios, instituem-se as sanções Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 25 para quem os ignore. A penalidade aplicada ao indivíduo transgressor é a garantia da validade social da norma transgredida. Por isso, a impunidade, uma vez manifesta, quebra inteiramente a relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns, e passa a constituir um exemplo de delito vantajoso: aquele em que o sujeito pode tirar proveito pessoal de uma regra exatamente por tê-la infringido. Abuso de poder, corrupção, tráfico de influências, quando não seguidos de punição exemplar, tornam-se estímulos para uma prática delituosa generalizada. Um dos maiores desafios da nossa sociedade é o de não permitir a proliferação desses casos. Se o ideal da civilização é permitir que todos os indivíduos vivam e convivam sob os mesmos princípios éticos acordados, a quebra desse acordo é a negação mesma desse ideal da humanidade. (Inácio Leal Pontes) 1. Regras de convívio e parâmetros normativos das atividades humanas são considerados, no texto, (A) valores inerentes aos sistemas políticos cuja autoridade se manifesta pelo emprego indiscriminado da força. (B) elementos indispensáveis à conduta civilizada e a toda organização social orientada pelo princípio do bem comum. (C) qualidades naturais de todo indivíduo que se preocupa em conviver com os demais segundo sua própria índole. (D) elementos definidores de toda e qualquer forma de organização social comandada pelo princípio da repressão. (E) valores prioritários das relações sociais cuja base ética se manifesta consoante os impulsos da ordem natural. Comentário: No início do 1º parágrafo (linhas 1 a 3), o autor menciona que “o homem ainda não encontrou uma forma de organização social que dispense regras de conduta, princípios de valor, discriminação objetiva de direitos e deveres comuns. Todos nós reconhecemos que, em qualquer atividade humana, a inexistência de parâmetros normativos implica o estado de barbárie”. Os trechos em destaque evidenciam a apresentação de elementos indispensáveis à conduta, baseados em parâmetros (regras) essenciais e orientados pelo bem comum. Gabarito: B. 2. São contraditórias entre si as duas situações representadas em: (A) obediência aos ditames da lei mosaica / acatamento do princípio da interdição. (B) elaboração de textos constitucionais / instituição de sanções inibitórias para os delitos. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 25 (C) estabilização das relações entre os homens / aplicação de princípios éticos comuns. (D) valorização de princípios socialmente acordados / exaltação dos impulsos individuais. (E) manifestações da vontade divina / eleição de valores acolhidos como eternos. Comentário: O enunciado da questão exige a marcação da assertiva que apresente situações contrárias, ou seja, sentidos opostos. Isso ocorre somente na alternativa D, pois, nas expressões “valorização de princípios socialmente acordados” e “exaltação dos impulsos individuais”, os termos em destaque contêm a ideia de contraste (oposição) – social versus individual. Nas demais opções, há somente termos antonímicos, equivalentes, portanto. Gabarito: D. 3. Considere as seguintes afirmações: I. Quando o homem se compara aos demais seres da natureza, deve concluir que a condição humana tornou-o imune à ação dos instintos. II. A multiplicação e a sofisticação dos códigos e regulamentações que regem nossa vida vêm tendo como efeito a expansão da impunidade. III. O sentido social de uma norma já instituída é reforçado quando se pune exemplarmente o indivíduo que a violentou. Em relação ao que diz o texto, ou ao que dele pode-sedepreender, está correto o que se afirma em: (A) I, II e III. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) III, apenas. Comentário: Vamos analisar as afirmações. Afirmação I. Por meio do contexto “(...) a lei do mais forte, também conhecida, não por acaso, como “a lei da selva”. É nessa condição que vivem os animais, relacionando-se sob o exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo sapiens afirmou-se como tal exatamente quando estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos”, não podemos concluir que o homem esteja imune à ação dos instintos. Controlá-los não significa estar imune. O item está incorreto. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 25 Afirmação II: O contexto afirma que delitos como “abuso de poder, corrupção, tráfico de influências” tornam-se estímulos para a impunidade somente “quando não seguidos de punição exemplar”. Portanto, a multiplicação e a sofisticação dos textos constitucionais e dos regulamentos impõem sanções para quem os ignora, tendo por finalidade o bem comum. O item está incorreto. Afirmação III: Segundo o texto, “a penalidade aplicada ao indivíduo transgressor é a garantia da validade social da norma transgredida”. Logo, o item está correto. Gabarito: E. 4. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão do texto em: (A) discriminação objetiva (1º parágrafo) = especificação tendenciosa. (B) implica o estado de barbárie (1º parágrafo) = provém de uma constituição anômala. (C) toma para si a tarefa de orientar (2º parágrafo) = investe-se da missão de nortear. (D) instituem-se as sanções (2º parágrafo) = prescrevem-se as prerrogativas. (E) seguidos de punição exemplar (3º parágrafo) = advindos de exemplificações punitivas. Comentário: Ao mencionar a tradução correta do sentido de uma expressão, o examinador exigiu que o candidato encontrasse termos de mesmo valor, equivalente, ou seja, sinônimos. Isso ocorre na assertiva C. Notem que os vocábulos “tarefa” e “missão” apresentam significações semelhantes nos contextos em que estão inseridos. O mesmo se dá com as palavras “orientar” e “nortear”. Gabarito: C. 5. A concordância verbal estabelece-se plena e adequadamente em: (A) Para que o cumprimento de todos os princípios fundamentais seja garantido, devem especificar-se as sanções. (B) No caso de que se infrinja as normas e os princípios, hão de se lançar mão das sanções correspondentes. (C) Constituem um dos exemplos de delitos vantajosos o caso em que o detentor de um poder abuse de sua autoridade. (D) Não houvesse sido criadas quaisquer regras de convívio, estaríamos todos vivendo sob o comando de nossos instintos mais primitivos. (E) O que nos mandamentos de Moisés se impõem como um dos princípios fundamentais é a necessidade de reconhecimento dos nossos limites. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 25 Comentário: Na assertiva A, o verbo auxiliar da locução “seja garantido” está corretamente no singular, concordando com o núcleo do sujeito “cumprimento”. Por sua vez, na construção “devem especificar-se as sanções”, temos uma estrutura de voz passiva sintética (VTD + SE + sujeito), em que o termo “as sanções” desempenha a função de sujeito. Por estar no plural, o verbo auxiliar da locução “devem especificar-se” foi corretamente empregado. Gabarito: A. 6. Está bem observada a correlação entre os tempos e modos verbais na construção do período: (A) Se não variassem de cultura para cultura, as regras de convívio terão alcançado, efetivamente, a chamada validade universal. (B) Tendo cabido ao homo sapiens discriminar critérios de convívio, conseguiu ele criar uma organização social que, até hoje, não abdica de punir quem os desrespeite. (C) A relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns estava sendo prejudicada caso se viesse a permitir a existência de privilégios. (D) Para que não se consagrasse o péssimo exemplo da impunidade, faz-se necessária a sanção dos que vierem a cometer delitos. (E) Enquanto os animais continuam regulando-se pela “lei da selva”, os homens estariam sempre se esforçando para tê-la superado. Comentário: Vamos analisar as opções. A) Resposta incorreta. A correlação correta seria “variassem” (pretérito imperfeito do subjuntivo) e “teriam” (futuro do pretérito do indicativo) para manter a ideia de hipótese. B) Resposta correta. A correlação do período está bem observada. Primeiramente, foi empregada a forma nominal de gerúndio composto “tendo cabido”. Entretanto, o cerne da questão reside no emprego da forma “conseguiu” (pretérito perfeito do indicativo). A flexão nesse tempo ocorreu perfeitamente, haja vista um fato passado, concluído totalmente. C) Resposta incorreta. Novamente, há uma relação hipotética, razão por que o emprego da forma verbal “estava” foi inadequado. O correto é “estaria”, mantendo uma correlação com a forma “viesse”, empregada no pretérito imperfeito do subjuntivo. D) Resposta incorreta. Percebam que a FCC adora explorar a correlação hipotética (futuro do pretérito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo). Para manter a correlação verbal, o período deveria ser escrito da seguinte forma: “Para que não se consagrasse o péssimo exemplo da impunidade, fazer-se-ia necessária a sanção dos que viessem a cometer delitos”. As formas “consagrasse” Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 25 e “viessem” estão no pretérito imperfeito do subjuntivo. Para manter a relação hipotética, o verbo “fazer” foi empregado no futuro do pretérito do subjuntivo “faria”. No contexto, porém, ocorreu um caso de mesóclise, pois não se iniciam frases com pronome átono. E) Resposta incorreta. O erro do trecho deve-se ao emprego da forma verbal “estariam”. Para manter a correlação com a forma “continuam” (presente do indicativo), o verbo “estar” também deveria ser conjugado nesse tempo verbal: “estão”. Gabarito: B. 7. Expressa uma finalidade a oração subordinada adverbial sublinhada em: (A) (...) a religião toma para si a tarefa de orientar a conduta humana. (B) (...) o sujeito pode tirar proveito pessoal de uma regra por tê-la infringido. (C) (...) o ponto de partida para a boa conduta é o reconhecimento daquilo que não pode ser permitido. (D) (...) as regras de convívio existem para dar base e estabilidade às relações entre os homens. (E) (...) o ideal da civilização é permitir que todos os indivíduos vivam sob os mesmos princípios éticos acordados. Comentário: A oração que apresenta uma relação semântica de finalidade em relação à oração principal é classificada como subordinada adverbial final. Esse tipo de oração pode ser introduzido pelos conectivos “para”, “a fim de”, que (= para que), porque (= para que). Exemplos: Fez-lhe sinal porque (= para que) se calasse. Estudou muito a fim de que passasse no concurso. Essa relação ocorre na assertiva D, em que há uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo: “(...) as regras de convívio existem PARA dar base e estabilidade às relações entre os homens. Gabarito: D. 8. Considerando-se o contexto, deve-se entender que o sentido do elemento sublinhado em: (A) (...) mas o homo sapiens afirmou-se como tal (1º parágrafo) é equivalente ao de do mesmo modo. Curso de Provas Comentadas da FCCProf. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 25 (B) Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (2º parágrafo) é equivalente ao de por conseguinte. (C) (...) a impunidade, uma vez manifesta, quebra inteiramente a relação de equilíbrio (3º parágrafo) é equivalente ao de quando. (D) (...) um exemplo de delito vantajoso: aquele em que o sujeito pode tirar proveito pessoal (3º parágrafo) é equivalente ao de aonde. (E) (...) a quebra desse acordo é a negação mesma desse ideal da humanidade (3º parágrafo) é equivalente ao de idêntica. Comentário: Vamos analisar as opções. A) Resposta incorreta. Vejam que, segundo o contexto, os animais relacionam-se “sob o exclusivo impulso dos instintos. Mas o homo sapiens afirmou-se como tal exatamente quando estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos”. O conectivo “mas” denota que o homem não se afirmou do mesmo modo que os animais. B) Resposta incorreta. Segundo o contexto, “aliás” é uma palavra denotativa de retificação, não tendo, portanto, o valor de conclusão apresentado pelo conectivo “por conseguinte”. C) Resposta correta. A expressão “uma vez”, apresenta, conforme o contexto, valor temporal. Por essa razão, pode ser substituída por “quando”. Muitos bons candidatos caíram nessa “pegadinha”, confundindo a expressão “uma vez” com a locução conjuntiva causal “uma vez que”. Fiquem atentos a isso. D) Resposta incorreta. A forma “aonde” é obtida por meio da junção da preposição “a” com o advérbio de lugar “onde”. Entretanto, o conectivo “onde” só deve ser empregado quando houver referência a lugar. Quando não houver essa referência, empreguem a expressão “em que”. E) Resposta incorreta. No contexto, a forma “mesma” equivale ao pronome “próprio(a)”: “(...) a quebra desse acordo é a negação própria (ou a própria negação)...”. Não é equivalente a “idêntica”, portanto. Gabarito: C. 9. Transpondo-se para a voz passiva a construção O homo sapiens estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos, a forma verbal resultante será: (A) foi estabelecido. (B) são estabelecidos. (C) tem estabelecido. (D) têm sido estabelecidos. (E) foram estabelecidos. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 25 Comentário: Conforme nos ensinam as lições sobre vozes verbais, a transposição da voz ativa para a passiva ocorre da seguinte forma: 1º) o objeto direto da ativa (critérios de controle dos impulsos primitivos) torna-se sujeito da passiva; 2º) o tempo verbal da voz ativa (estabeleceu) permanece inalterado, formando a locução verbal de voz passiva (foram estabelecidos); 3º) o sujeito da ativa (O homo sapiens) torna-se agente da passiva (pelo homo sapiens). Logo, o período que representa a voz passiva é “Critérios de controle dos impulsos primitivos foram estabelecidos pelo homo sapiens. Gabarito: E. 10. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para preencher corretamente a lacuna da frase: (A) Nunca ________ (haver) de prosperar as sociedades cujos princípios sejam frágeis. (B) ________ (caber) aos animais viver segundo os impulsos de seus instintos primários. (C) ________ -se (estipular) na lei mosaica, como se sabe, princípios de interdição. (D) Pela lei mosaica, ________ (cuidar) os homens de observar rígidos ditames. (E) A nenhum de nós ________ (deixar) de afetar os rigores das sanções previstas. Comentário: Vamos analisar as opções. A) Resposta incorreta. O verbo “haver” é auxiliar da locução “haverão de prosperar”, concordando no plural com o sujeito “as sociedades”. B) Resposta correta. No período, temos um caso de sujeito oracional (“viver segundo os impulsos de seus instintos primários”), o qual leva o verbo, obrigatoriamente, à terceira pessoa do singular. Para facilitar a identificação desse tipo de sujeito, substituam-no pelo pronome ISSO: “Isso cabe aos animais”. C) Resposta incorreta. No período, temos uma estrutura de voz passiva sintética (VTD + SE + sujeito). Por essa razão, o verbo “estipular” deve, obrigatoriamente, concordar no plural com o núcleo do sujeito “princípios de interdição”. D) Resposta incorreta. O verbo “cuidar”, auxiliar da locução verbal “cuidar de observar”, deve concordar no plural com o sujeito “os homens”. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 25 E) Resposta incorreta. O verbo “deixar”, auxiliar da locução verbal “deixar de afetar”, deve concordar no plural com o núcleo do sujeito “os rigores das sanções previstas”. Gabarito: B. 11. Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...). O elemento sublinhado na frase acima poderá permanecer o mesmo, caso substituamos Não decorrem por: (A) Não advêm. (B) Não implicam. (C) Não têm origem. (D) Não se devem. (E) Não se atribuem. Comentário: Segundo o contexto, “as regras de convívio (...) não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas”. Vejam que o verbo “decorrer” (suceder) exige o complemento indireto “de iniciativas”. Entre as assertivas apresentadas, a única forma verbal que mantém o sentido e que rege emprego da preposição “de” é “advêm” (as regras advêm de iniciativas). Empregando as formas verbais das outras alternativas, teríamos as seguintes construções: “as regras de convívio (...) não implicam, aliás, apenas iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas”. – o verbo “implicar” é transitivo direto. Portanto, não rege emprego de preposição, e o termo “iniciativas” desempenharia a função de objeto direto. “as regras de convívio (...) não têm origem, aliás, apenas nas iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas”. – a expressão “têm origem” rege emprego da preposição “em”, e o termo “nas iniciativas” desempenharia a função de adjunto adverbial. “as regras de convívio (...) não se devem, aliás, apenas a iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas”. – o verbo “dever” rege emprego da preposição “a”, e o termo “a iniciativas” desempenharia a função de objeto indireto. “as regras de convívio (...) não se atribuem, aliás, apenas a iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas”. – a forma verbal “se atribuem” rege emprego da preposição “a”, e o termo “a iniciativas” desempenharia a função de objeto indireto. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 25 Gabarito: A. 12. O termo sublinhado constitui o sujeito da seguinte construção: (A) Não se encontrou uma forma definitiva de organização social. (B) É nessa condição que vivem os animais. (C) Tais delitos acabam tornando-se estímulos para a banalização das transgressões. (D) Ocorre isso por conta das reiteradas situações de impunidade. (E) Deve-se reconhecer na interdição um princípio da lei mosaica. Comentário: Encontramos um termo que desempenha a função de sujeito na assertiva D. Para facilitar a análise, vamos transcrever o período na ordem direta: Isso ocorre por conta das reiteradas situações de impunidade. Assim, percebemos que “Isso” é o sujeito da forma verbal “ocorre”, a qual, no contexto em análise, é intransitiva. O trecho “por conta das reiteradas situações de impunidade” é um adjunto adverbial de causa. Vejamos asdemais opções: A) Resposta incorreta. A partícula SE é pronome apassivador, formando uma estrutura de voz passiva sintética (VTD + SE). Na frase, porém, ocorreu a colocação proclítica (antes do verbo) do pronome devido à presença do advérbio “não”. O trecho “uma forma definitiva de organização social” desempenha a função de sujeito da voz passiva. B) Resposta incorreta. No excerto “É nessa condição que vivem os animais.”, o sujeito está posposto à forma verbal “vivem”, que, no contexto, é intransitiva. Logo, “os animais (sujeito) vivem nessa condição”. C) Resposta incorreta. Em “Tais delitos acabam tornando-se estímulos para a banalização das transgressões.”, o sujeito é “Tais delitos”, razão por que a forma verbal “acabam” concorda com esse termo. “Estímulos” desempenha a função de objeto direto. E) Resposta incorreta. Em “Deve-se reconhecer na interdição um princípio da lei mosaica.”, temos uma estrutura de voz passiva sintética (VTD + SE), em que o sujeito paciente é “um princípio da lei mosaica”. Gabarito: D. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 25 13. Está correta a grafia de todas as palavras na frase: (A) Não constitui uma primasia dos animais a satisfação dos impulsos instintivos: também o homem regozijase em atender a muitos deles. (B) As situações de impunidade infligem sérios danos à organização das sociedades que tenham a pretenção da exemplaridade. (C) É difícil atingir uma relação de complementaridade entre a premênsia dos instintos naturais e a força da razão. (D) Se é impossível chegarmos à abstensão completa da satisfação dos instintos, devemos, ao menos, procurar constringir seu poder sobre nós. (E) A dissuasão dos contraventores se faz pela exemplaridade das sanções, de modo que a cada delito corresponda uma justa punição. Comentário: Vamos analisar as opções. A) Resposta incorreta. O vocábulo “primazia” deve ser grafado com “z”. Por sua vez, a forma verbal “regozijasse” deve ser grafada com “SS”. B) Resposta incorreta. O vocábulo “pretensão” é derivado do verbo “pretender” (possui ND no radical). Por essa razão, deve ser grafada com “s”. C) Resposta incorreta. O vocábulo “premência” (característica do que é premente, urgente) deve ser grafado com “c”. D) Resposta incorreta. O substantivo “abstenção” é derivado do verbo “TER”. Sendo assim, deve ser grafado com “ç”. E) Resposta correta. A palavra “dissuasão” (ato ou efeito de dissuadir) está corretamente grafada. Gabarito: E. 14. Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período: (A) Embora sejamos tentados, freqüentemente, a qualificar como cruel ou maldoso o comportamento de certos animais, o fato é que, para eles, só há os instintos. (B) Por mais que difiram entre si, as constituições, nenhuma delas deixa-se reger, por princípios que desfavoreçam, ou impeçam algum equilíbrio nas relações sociais. (C) Via de regra o abuso de poder constitui um caso difícil de ser apurado, uma vez que, o próprio agente do delito, costuma exercer forte influência, na investigação dos fatos. (D) É muito comum nas conversas mais informais, os indivíduos se referirem a casos públicos de impunidade, tomando-os como justificativas, de seus delitos pessoais. (E) Não é fácil, submeter-se ao equilíbrio entre o direito e o dever, pois, a tendência é de um lado, valorizar o direito, e de outro minimizar o dever que lhe corresponde. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 25 Comentário: Vamos analisar as opções. A) Resposta correta. As vírgulas antes e após “frequentemente” foram corretamente empregadas, por se tratar de um adjunto adverbial deslocado. A vírgula antes da oração “o fato é que, para eles, só há os instintos.” foi corretamente empregada. A oração subordinada adverbial concessiva localiza-se antes da oração principal. As vírgulas antes e após também foram corretamente empregadas, em virtude de a expressão “para eles” estar intercalada na estrutura do objeto direto oracional “que só há os instintos”. B) Resposta incorreta. A vírgula antes de “as constituições” está incorreta, pois não se separam sujeito e verbo. Por fim, a vírgula após “reger” também está incorreta, pois não se emprega vírgula entre o termo regente e o termo regido. C) Resposta incorreta. Houve omissão da vírgula após a expressão explicativa “Via de regra”. A vírgula após a locução conjuntiva causal “uma vez que” está incorretamente empregada. Por fim, as vírgulas após “delito” e “influência” estão incorretas, pois não se separam sujeito e verbo e termo regente e termo regido, respectivamente. D) Resposta incorreta. Deveria haver uma vírgula antes da expressão deslocada “nas conversas informais”. A vírgula após “justificativas” foi incorretamente empregada, pois não se separam termo regente e termo regido (complemento). E) Resposta incorreta. A vírgula após “fácil” foi empregada equivocadamente. Erro no emprego da vírgula após o conectivo “pois”. A expressão explicativa “de um lado” deveria estar ente vírgulas. A vírgula antes do conectivo “e” foi incorretamente empregada. A expressão explicativa “de outro” deveria estar isolada por vírgulas. Gabarito: A. 15. No caso das leis mosaicas, um desses princípios é o da interdição: “Não matarás”. O pronome sublinhado na frase acima reaparece, conservando a mesma função sintática que nela exerce, nesta outra frase: (A) Para se garantir o cumprimento de um princípio, institui-se uma sanção para quem o ignore. (B) Quanto ao abuso de poder, só rigorosas diligências e isenta apuração o evitam. (C) Dos desafios da nossa sociedade, talvez o maior seja o de não se permitir a impunidade. (D) O homo sapiens, que tem o dom da racionalidade criativa, nem sempre o aproveita em seu benefício. (E) Se o indivíduo responsável pela aplicação da justiça transgride um princípio, que ninguém o acoberte. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 25 Comentário: No enunciado, a forma “o” é pertence à classe dos pronomes demonstrativos, equivalente a “aquele”. No período, a forma pronominal exerce a função de predicativo do sujeito, o qual é ligado à característica (predicativo) por meio de um verbo de ligação: “um desses princípios é o da interdição”. Construção semelhante é encontrada na assertiva C: “talvez o maior (desafio) seja o de não se permitir a impunidade”. Notem que há um predicativo do sujeito oracional, pois contém verbo na estrutura. Em todas as demais opções, o pronome oblíquo “o” exerce a função de objeto direto. Gabarito: C. 16. Estão corretos o emprego e a flexão de todas as formas verbais na frase: (A) Se os homens dessem ouvido à consciência e contessem seus instintos, as relações sociais seriam mais harmoniosas. (B) Aos homens nunca aprouve respeitar os princípios coletivos quando não prescrita uma punição para quem viesse a menosprezá-los. (C) Se os cidadãos elegerem princípios e convirem que estes são justos, só os infligirá quem se valer de má fé. (D) No caso de evidente erro judiciário, deve-se ratificar a sanção aplicada para que a punição injusta não constitue um argumento a favor da impunidade. (E) Quando todos revirmos o papel social que nos cabe e nos dispormos a exercê- -lo de fato, nenhum caso de impunidade será tolerado. Comentário: Vamos analisar as opções. A) Resposta incorreta. O verbo “conter” é derivado de “ter”, seguindoo paradigma (modelo) deste último. Por essa razão, a flexão correta é “contivessem”. B) Resposta correta. O verbo “aprouver” (aprazer, agradar) foi corretamente flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo. C) Resposta incorreta. O verbo “convir” deriva de “vir”, seguindo o paradigma deste último. Logo, a flexão correta é “convierem” (futuro do subjuntivo). D) Resposta incorreta. Conforme ensinam as lições verbais, os verbos terminados em -UIR, -AIR e -OER recebem, na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, a desinência “i”: Presente do Indicativo -UIR ���� ele constitui (de constituir) / atribui (de atribuir) / conclui (de concluir) -AIR ���� ele extrai (de extrair) / retrai (de retrair) / distrai (de distrair) -OER ���� ele rói (de roer) / mói (de moer) / remói (de remoer) Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 25 E) Resposta incorreta. O verbo “dispor” deriva de “pôr”, devendo seguir o paradigma deste último. Logo, a flexão correta é “dispusermos” (futuro do subjuntivo). Gabarito: B. 17. Não é preciso amar os princípios de convivência, como também não se deve ignorar esses princípios, pois quem não dá fé a esses princípios impede que os contraventores levem a sério esses princípios. Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados por, respectivamente, (A) ignorá-los − lhes dá fé − os levem a sério (B) ignorar-lhes − dá-lhes fé − levem-lhes a sério (C) lhes ignorar − lhes dá fé − os levem a sério (D) ignorá-los − dar fé a eles − levem-lhes a sério (E) os ignorar − os dá fé − levem-nos a sério Comentário: O verbo “ignorar” é terminado em –R e possui transitividade direta. Sendo assim, a expressão “esses princípios” deve ser substituída pela forma pronominal “los”: ignorá-los. A colocação do pronome é enclítica (após o verbo), por não haver obrigatoriedade de próclise. Assim, já eliminados as letras B, C e E. Agora ficou fácil! Na segunda possibilidade de substituição, o verbo “dar” termina em –R e possui transitividade direta e indireta. Portanto, o complemento indireto deverá ser representado por “lhes”. A observação necessária deve-se à colocação proclítica (antes do verbo) do pronome, pois, no trecho, há tanto o pronome indefinido “quem” quanto a palavra negativa “não”: Não é preciso amar os princípios de convivência, como também não se deve ignorá-los, pois quem não lhes dá fé impede que (...)”. Já sabemos que o gabarito é a assertiva A. Entretanto, vamos analisar o último trecho destacado no enunciado. No trecho “impede que os contraventores levem a sério esses princípios.”, o verbo “levar” é transitivo direto, ou seja, rege um complemento direto (sem preposição). Logo, a forma pronominal que substitui corretamente “esses princípios” é “os”. Como houve o emprego do pronome relativo “que”, a colocação pronominal deve ser proclítica (antes do verbo): “impede que os contraventores os levem a sério”. Gabarito: A. 18. Está clara, coerente e correta a redação da seguinte frase: (A) Conquanto seja impossível a adesão de todos em que se cumpra os princípios de convívio social, ainda assim há aqueles que relutam em aceitar tais esforços. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 25 (B) À medida em que desceu Moisés com os mandamentos do monte Sinai, seus seguidores deram-se conta de que alguns deles paltavam-se pelo princípio da interdição. (C) Para que se mantenha um mínimo equilíbrio nas relações sociais, desde que não se pode permitir casos de impunidade, onde os infratores ainda pousam de vitoriosos. (D) Não é mau auferir benefícios pessoais quando estes não acarretam, de forma alguma, qualquer tipo de prejuízo ou restrição ao pleno exercício dos direitos alheios. (E) Embora nem sempre seja de fácil aceitação, nem sempre as sanções deixam de ser necessárias, já que sem as mesmas correria-se o risco de se voltar ao estado da barbárie. Comentário: Este tipo de questão aborda todo o conteúdo que estudamos durante o curso (ortografia oficial, acentuação gráfica, sintaxe de concordância, sintaxe de regência, ocorrência de crase, pontuação, entre outros assuntos). Sendo assim, ao encontrar um erro, passaremos para a análise da assertiva seguinte, a fim de que ganhemos tempo no momento da prova. Vamos às opções. A) Resposta incorreta. O período apresenta erro de concordância verbal. Há uma estrutura de voz passiva sintética (VTD + SE + sujeito). Logo, a forma verbal “cumpra” deveria ser flexionada no plural para concordar com o núcleo do sujeito “os princípios do convívio social”. B) Resposta incorreta. A expressão “à medida em que” está incorreta. O correto é empregar a locução conjuntiva “à medida que”, com valor de proporcionalidade. Por fim, o verbo “pautar-se” é grafado com “u”, e não com “L”. C) Resposta incorreta. A redação do período está confusa e incoerente. Além disso, há erros: o verbo “poder”, auxiliar da locução verbal “pode permitir”, foi incorretamente conjugado no presente do indicativo e flexionado no singular. Como há uma estrutura de voz passiva sintética, o verbo auxiliar deve concordar com o sujeito “casos de impunidade”. Logo, o trecho correto é “não se possam permitir casos de impunidade (...)”. Por fim, o advérbio “onde” só deve ser empregado quando houver referência a lugar. Já que este não é o caso em tela, dever-se-ia ter empregado a expressão “em que”. D) Resposta correta. O adjetivo “mau” é antônimo de “bom”, razão por que foi corretamente empregado no contexto. E) Resposta incorreta. Na primeira ocorrência, a forma verbal “seja” deveria estar flexionada no plural, para concordar com o sujeito “as sanções”. A expressão explicativa “sem as mesmas” deveria estar ente vírgulas. Feita essa alteração, a forma “correria-se” deveria ser ajustada: como o verbo está no futuro do pretérito do indicativo, a colocação do pronome deve ser mesoclítica (no meio do verbo) – correr-se-ia. Gabarito: D. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 25 19. NÃO se justificam as ocorrências do sinal de crase em: (A) Não me reporto à impunidade de um caso particular, mas àquela que se generaliza e dissemina a descrença na justiça dos homens. (B) É difícil admitir que vivem à solta tantos delinqüentes, sobretudo quando se sabe que pessoas inocentes são levadas à barra dos tribunais. (C) O autor do texto faz menção à uma série de princípios de interdição, à qual teria proveniência na vontade divina. (D) Assiste-se hoje à multiplicação de casos de impunidade, à descabida proliferação de maus exemplos de conduta social. (E) Quem dá crédito à ação da justiça não pode deixar de trabalhar para que não se furtem às sanções os mais poderosos. Comentário: O emprego do acento grave indicativo de crase está incorreto na assertiva C. Notem que, no trecho “menção a uma série”, o “a” representa apenas a preposição, regida pelo substantivo “menção”. Na expressão “a qual”, que inicia a oração subordinada adjetiva explicativa, o “a” é somente artigo definido, pois não há termo que exija emprego da preposição “a”. Gabarito: C. 20. Está correto o uso do segmento sublinhado na frase: (A) Trata-se de um texto em cuja tese poucos devem mostrar-se contrários. (B) A natureza também tem seus princípios de violência, a cujos os homens precisam superar. (C) Nos ditames da leimosaica, cujo o rigor é indiscutível, prevalece o princípio da interdição. (D) As normas da ética, de cujas ninguém devia se afastar, não são exatamente as mesmas ao longo do tempo. (E) Os braços da justiça, a cujo alcance deveriam estar todos, tornam-se inócuos quando desprestigiados. Comentário: A questão mesclou conhecimentos sobre sintaxe de regência e emprego do pronome relativo “cujo(a)s”. O único período correto é o apresentado na assertiva E: o substantivo “alcance” rege emprego da preposição “a”, e o pronome relativo “cujo” denota uma relação de posse entre o termo antecedente e o consequente, concordando em gênero e número com este último. Nas demais opções: A) Resposta incorreta. O adjetivo “contrários” rege emprego da preposição “a”, razão por que a expressão correta seria “a cuja”. Curso de Provas Comentadas da FCC Prof. Fabiano Sales – Aula 02 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 25 B) Resposta incorreta. O verbo “superar” é transitivo direto, ou seja, não rege emprego de preposição. Por sua vez, o pronome “cujos” não admite emprego de artigo, seja antes ou depois. Notem que o emprego desse relativo está inadequado, devendo ser substituído por “os quais” ou “que”. C) Resposta incorreta. Conforme vimos nas lições, o pronome relativo “cujo” não admite a anteposição ou a posposição de artigos. D) Resposta incorreta. A expressão “devia se afastar” rege emprego da preposição “de”. Entretanto, o pronome relativo “cujas” foi empregado incorretamente. Em seu lugar, deveria ter sido empregado o relativo “que”. Gabarito: E. POR HOJE É ISSO, PESSOAL! ATÉ A PRÓXIMA AULA! FORTE ABRAÇO! PROF. FABIANO SALES (fabianosales@estrategiaconcursos.com.br) "No que diz respeito ao desempenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz." (Ayrton Senna)
Compartilhar