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ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 76 Produto interno no espaço vectorial Rn A noção de produto interno (ou escalar) de vectores foi introduzida no ensino secundário, para vectores de R2 e R3: Neste capítulo generaliza-se ao espaço Rn esta noção e outras noções associadas. Produto interno euclidiano O produto interno ou escalar de dois vectores u e v em R2 ou R3 foi de nido pela expressão: u � v = kuk kvk cos] (u:v) : Esta expressão pressupõe que se pode medir o comprimento dos vectores e a amplitude do ângulo por eles formado. Quando a dimensão aumenta e se perde a interpretação geométrica dos vectores, essas medições não são possíveis. Para generalizar a de nição de produto interno aos outros espaços Rn utiliza-se a expressão, também já conhecida, do produto escalar usando as coordenadas dos vectores. No caso do espaço R2, por exemplo, sendo u = (u1; u2) e v = (v1; v2) dois vectores o produto interno é: (u1; u2) � (v1; v2) = u1v1 + u2v2 Assim, se u = (u1; u2; : : : ; un) e v = (v1; v2; : : : ; vn) são vectores de Rn, o produto interno euclidiano (ou usual) u � v1 é de nido por u � v = u1v1 + u2v2 + � � �+ unvn Como casos particulares desta de nição temos os produtos internos já conhecidos em R2 e R3: A partir da de nição obtêm-se sem di culdade as seguintes propriedades: Propriedades do produto interno: Se u; v; w são vectores de Rn e � 2 R, então: 1. u � v = v � u. 2. u � (v + w) = u � v + u � w: 3. 8� 2 R; (�u) � v = � (u � v) = u � (�v) : 4. 8u; u � u � 0 5. u � u = 0 se e só se u = (0; 0; : : : ; 0). Nota: Pode-se de nir produto interno de uma forma mais geral, como sendo qualquer aplicação que a um par de vectores faça corresponder um número real e satisfaça as cinco propriedades enunciadas. Um exemplo é o produto interno euclidiano com pesos que 1Para o produto interno de dois vectores u e v também se usam a notações ujv e hu; vi : ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 77 se de ne, para vectores de Rn; x = (x1; : : : ; xn) e y = (y1; : : : ; yn), e sendo k1;k2; : : : ; kn números reais positivos, pela fórmula: x � y = k1x1y1 + k2x2y2 + � � �+ knxnyn: Neste curso só vamos considerar o produto interno euclidiano, a que também se costuma chamar produto interno usual. Norma euclidiana A norma de um vector em R2 ou R3 dá-nos o seu comprimento. Embora os vectores em Rn não tenham uma visualização geométrica, a de nição seguinte, que generaliza a de nição já conhecida de norma, permite de nir o "comprimento" de um vector em Rn: A partir da de nição de norma de ne-se também a noção de distância entre vectores. Sejam u e v vectores de Rn: De ne-se: 1. Norma euclidiana de u : kuk = pu � u = p u21 + u 2 2 + � � �+ u2n. 2. Distância entre os vectores u e v : d (u; v) = ku� vk. Exemplo: Em R5 : k(1; 2; 3; 4; 5)k = p1� 1 + 2� 2 + 3� 3 + 4� 4 + 5� 5 = p55 d ((1; 2; 3; 4; 5) ; (5; 4; 3; 2; 1)) = k(1; 2; 3; 4; 5)� (5; 4; 3; 2; 1)k = k(�4;�2; 0; 2; 4)k = p40 Propriedades da norma: Sejam u e v vectores de Rn e � 2 R, então: 1. kuk � 0 e kuk = 0 se e só se u = (0; 0; : : : ; 0) : 2. d (u; v) � 0 e d (u; v) = 0 se e só se u = v: 3. k�uk = j�j kuk : 4. ku+ vk � kuk+ kvk (desigualdade triangular). 5. ju � vj � kuk kvk (desigualdade de Cauchy-Schwarz2). Estas propriedades da norma podem ser deduzidas, com mais ou menos manipulações al- gébricas, a partir da de nição de norma e das propriedades do produto interno. A desigualdade triângular traduz a bem conhecida propriedade sobre os comprimentos dos lados de um triângulo: "Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor do que a soma dos comprimentos dos outros dois" e pode ser facilmente visualizada em R2 como se mostra na seguinte gura: 2Augustin Louis Cauchy, matemático francês (1789-1857). Hermann Amandus Schwarz, matemático alemão (1843-1921) ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 78 Ângulo de dois vectores A desigualdade de Cauchy-Schwarz permite generalizar a Rn a de nição de ângulo entre dois vectores u e v; mesmo considerando que não é possível, acima da dimensão 3, visualizar geometricamente esse ângulo: Através da desigualdade de Cauchy-Schwarz, tem-se, para u e v não nulos, ju � vj � kuk kvk , , ju � vjkuk kvk � 1 , , �1 � u � vkuk kvk � 1: (1) Como é sabido, se � é um ângulo cuja medida varia entre 0 e �, então cos � percorre todos os valores entre �1 e 1. Este facto e as desigualdades (1) permitem a seguinte de nição: Ângulo de dois vectores não nulos u e v; ] (u; v) ; é o ângulo �; 0 � � � �; tal que cos � = u � v kuk kvk ; isto é, o ângulo tal que cos^ (u; v) = u � vkuk kvk (2) Esta era a de nição já conhecida anteriormente para ângulo entre vectores de R2 ou de R3. De (2) obtém-se também a fórmula, já conhecida, para o produto interno de dois vectores: u � v = kuk kvk cos] (u; v) : Exemplos: 1. Em R5; vamos calcular o ângulo dos vectores (1; 1; 1; 0; 1) e ��1;�1;�1;p6; 0� cos] � (1; 1; 1; 0; 1) ; � �1;�1;�1; p 6; 0 �� = = (1; 1; 1; 0; 1) � ��1;�1;�1;p6; 0� k(1; 1; 1; 0; 1)k ��1;�1;�1;p6; 0� = = �3p 4 p 9 = �1 2 ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 79 O ângulo � cujo co-seno é �1 2 e tal que 0 � � � � é � = 2 3 �: Assim, ] � (1; 1; 1; 0; 1) ; � �1;�1;�1; p 6; 0 �� = 2 3 �: 2. Os vectores (1;�2; 1; 0; 1) e (�1; 2;�1; 0;�1) são simétricos. Embora sem represen- tação geométrica podemos imaginar que representam vectores com a mesma direcção e sentidos contrários e que, portanto, formam entre si um ângulo de 180o. De facto, cos] ((1;�2; 1; 0; 1) ; (�1; 2;�1; 0;�1)) = = (1;�2; 1; 0; 1) � (�1; 2;�1; 0;�1) k(1;�2; 1; 0; 1)k k(�1; 2;�1; 0;�1)k = = �7p 7 p 7 = �1 O ângulo � cujo co-seno é �1 e tal que 0 � � � � é � = � (= 180o) 3. Em R6; vamos calcular o ângulo dos vectores (1; 0;�3; 0; 1) e (0; 2; 0;�3; 0) : cos] ((1; 0;�3; 0; 1) ; (0; 2; 0;�3; 0)) = = (1; 0;�3; 0; 1) � (0; 2; 0;�3; 0) k(1; 0;�3; 0; 1)k k(0; 2; 0;�3; 0)k = = 0p 11 p 13 = 0 O ângulo � cujo co-seno é 0 e tal que 0 � � � � é � = � 2 (= 90o) Ortogonalidade O cálculo do ângulo de dois vectores permite determinar quais os vectores de Rn que são ortogonais, isto é, quais os vectores que formam entre si um ângulo de medida � 2 : Da igualdade (2) veri ca-se que se u e v são dois vectores não nulos então cos] (u; v) = 0 se e só se u � v = 0: Isto motiva a seguinte de nição: De nição: Dois vectores u e v de Rn dizem-se ortogonais se u � v = 0: Nota: De acordo com a de nição o vector nulo é ortogonal a qualquer vector pois u � (0; 0; : : : ; 0) = 0;8u 2 Rn: Exemplos: 1. Em R4 os vectores u = (2; 1;�3; 4) e v = (2;�12;�4; 1) são ortogonais pois (2; 1;�3;�4) � (2;�12;�4; 1) = 0: ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 80 2. Os vectores (1; 2; �; 3) e (2;�1; �� 2; 0) ; � 2 R, são ortogonais para � = 0 ou � = 2 pois (1; 2; �; 3) � (2;�1; �� 2; 0) = 0 , �2 � 2� = 0 , � = 0 ou � = 2 A noção de ortogonalidade permite generalizar o teorema de Pitágoras ao espaço Rn: Teorema (Pitágoras): Se u e v são vectores ortogonais de Rn; então ku+ vk2 = kuk2 + kvk2 : Representação geométrica em R2 Demonstração: ku+ vk2 = = (u+ v) � (u+ v) = = (u � u) + (u � v)| {z } =0 + (v � u)| {z } =0 + (v � v) = = kuk2 + kvk2 Bases ortonormadas Um conjunto de vectores de Rn diz-se ortogonal se os vectores do conjunto forem ortogonais dois a dois. Um conjunto ortogonal diz-se ortonormado se a norma de cada vector do conjunto for 1. Se nenhum dos vectores de um conjunto ortogonal é o vector nulo, pode-se obter a aprtir dele um conjunto ortonormado efectuando o produto de cada vector pelo inverso da sua norma, dadoque, 8v 2 Rnn f(0; 0; : : : ; 0)g ; 1kvkv = ���� 1kvk ���� kvk = 1kvk kvk = 1; ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 81 A este processo de multiplicar um vector pelo inverso da norma chama-se normalização do vector v: Exemplos: 1. O conjunto de vectores f(0; 1; 0) ; (1; 0; 1) ; (1; 0;�1)g é ortogonal, pois (0; 1; 0) � (1; 0; 1) = 0; (0; 1; 0) � (1; 0;�1) = 0 e (1; 0; 1) � (1; 0;�1) = 0: 2. Para obter um conjunto ortonormado a partir do conjunto do exemplo 1, basta nor- malizar os vectores. Como k(0; 1; 0)k = 1; k(1; 0; 1)k = p 2 e k(1; 0;�1)k = p 2 o conjunto � (0; 1; 0) ; 1p 2 (1; 0; 1) ; 1p 2 (1; 0;�1) � é ortonormado. De nição: Uma base de Rn é ortogonal se é um conjunto ortogonal de vectores e é orto- normada se é um conjunto ortonormado de vectores. Exemplos: 1. A base canónica de Rn é ortonormada. 2. O conjunto ortonormado de nido no exemplo 2 acima, como é um conjunto linearmente independente com 3 vectores em R3; é uma base ortonormada de R3: Método de ortonormalização de Gram-Schmidt No espaço Rn existe sempre uma base ortonormada, pois a base canónica é ortonormada para o produto interno euclidiano. No exemplo 2 acima vimos uma outra base ortonormada para R3. O que vamos mostrar de seguida é que existem bases ortonormadas para qualquer subespaço vectorial de Rn. Isso pode ser feito a partir de qualquer base desse subespaço, utilizando um processo que se chamamétodo de ortonormalização de Gram-Schmidt: A partir de uma base fu1; : : : ; ukg de um subespaço, constrói-se um novo conjunto de vectores fv1; : : : ; vkg da seguinte forma: v1 = u1; v2 = u2 � u2 � v1kv1k2 v1; v3 = u3 � u3 � v1kv1k2 v1 � u3 � v2kv2k2 v2; ... vk = uk � k�1X j=1 uk � vj kvjk2 vj: ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 82 Normalizando o conjunto obtido fv1; : : : ; vkg ; que é ortogonal, obtém-se a base ortonormada de F � v1 kv1k ; : : : ; vk kvkk � : Exemplo: Encontrar uma base ortonormada fv1; v2; v3g para o subespaço de R4 gerado pelos vectores u1 = (1; 1; 1; 0) ; u2 = (�1; 1; 0; 0) e u3 = (1; 2; 1; 1) : Seguindo o processo acima tem-se v1 = u1 = (1; 1; 1; 0) ; v2 = u2 � u2 � v1kv1k2 v1 = (�1; 1; 0; 0)� (�1; 1; 0; 0) � (1; 1; 1; 0)k(1; 1; 1; 0)k2 (1; 1; 1; 0) = (�1; 1; 0; 0) v3 = u3 � u3 � v1kv1k2 v1 � u3 � v2kv2k2 v2 = = (1; 2; 1; 1)� (1; 2; 1; 1) � (1; 1; 1; 0)k(1; 1; 1; 0)k2 (1; 1; 1; 0)� (1; 2; 1; 1) � (�1; 1; 0; 0) k(�1; 1; 0; 0)k2 (�1; 1; 0; 0) = = � 1 6 ;�1 6 ;�1 3 ; 1 � O conjunto � v1 = (1; 1; 1; 0) ; v2 = (�1; 1; 0; 0) ; v3 = � 1 6 ;�1 6 ;�1 3 ; 1 �� é ortogonal. Como, kv1k = k(1; 1; 1; 0)k = p 3; kv2k = k(�1; 1; 0; 0)k = p 2 kv3k = �16 ;�16 ;�13 ; 1 � = p7p6 ; normalizando os vectores obtem-se a base ortonormada� v1 kv1k ; v2 kv2k ; v3 kv3k � = = (� 1p 3 ; 1p 3 ; 1p 3 ; 0 � ; � � 1p 2 ; 1p 2 ; 0; 0 � ; 1p 42 ;� 1p 42 ;� p 6 3 p 7 ; p 6p 7 !) Nota: O vector v2 obtido através da aplicação do método de Gram-Schmidt coincide com o vector inicial u2; o que não é surpreendente dado que os vectores u1 e u2 são ortogonais. ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 83 Produto externo e produto misto Ao contrário do produto interno, que pode ser de nido de forma muito geral em qualquer espaço vectorial de dimensão nita ou não nita, a de nição de produto externo e misto de vectores é limitada a espaços de dimensão três. Vamos apresentar aqui a de nição de produto externo de vectores em R3. Ao longo desta secção todos os vectores considerados são vectores do espaço R3: De nição de produto externo Se u = (u1; u2; u3) e v = (v1; v2; v3) são vectores de R3 então o produto externo de u e v é o vector: u� v = (u2v3 � u3v2;�u1v3 + u3v1; u1v2 � u2v1) ou, em linguagem de determinantes, u� v = det " u2 u3 v2 v3 # ;� det " u1 u3 v1 v3 # ; det " u1 u2 v1 v2 #! Sendo e1 = (1; 0; 0) ; e2 = (0; 1; 0) e e3 = (0; 0; 1) os vectores da base canónica de R3; para facilitar a memorização desta de nição, podemos encontrar u�v fazendo o desenvolvimento ao longo da primeira linha do determinante simbólico: u� v = = \det " 264 e1 e2 e3u1 u2 u3 v1 v2 v3 375 = = det " u2 u3 v2 v3 # e1 � det " u1 u3 v1 v3 # e2 + det " u1 u2 v1 v2 # e3 Exemplo: Se u = (1; 2; 3) e v = (4; 5; 6) u� v = = \det " 264 e1 e2 e31 2 3 4 5 6 375 = = det " 2 3 5 6 # (1; 0; 0)� det " 1 3 4 6 # (0; 1; 0) + det " 1 2 4 5 # (0; 0; 1) = = �3 (1; 0; 0)� (�6) (0; 1; 0) + (�3) (0; 0; 1) = (�3; 6;�3) Veri ca-se que (�3; 6;�3) � (1; 2; 3) = 0 e (�3; 6;�3) � (4; 5; 6) = 0; ou seja, o vector u� v é ortogonal ao vector u e ao vector v: Esta propriedade é geral, como vamos ver de seguida. ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 84 Propriedades do produto externo Sejam u; v; w 2 R3 e k 2 R. 1. Se existe � 2 R tal que u = �v ou v = �u, u� v = (0; 0; 0) : Em particular, u� u = (0; 0; 0) e u� (0; 0; 0) = (0; 0; 0)� u = (0; 0; 0) : 2. u� v = � (v � u) : 3. (u� v) � u = 0 (u� v é ortogonal a u) e (u� v) � v = 0 (u� v é ortogonal a v). 4. ku� vk = kuk kvksen] (u; v) : 5. Se u = (u1; u2; u3), v = (v1; v2; v3) não são colineares e u � v = (z1; z2; z3) então det 264 u1 u2 u3v1 v2 v3 z1 z2 z3 375 > 0: 6. u� (v + w) = (u� v) + (u� w) : 7. (u+ v)� w = (u� w) + (v � w) : 8. k (u� v) = (ku)� v = u� (kv) : De nição de produto misto Se u; v; w 2 R3; então o produto misto de u; v e w é u � (v � w) : O produto misto de três vectores é, portanto, um número real que pode ser calculado, sendo u = (u1; u2; u3) ; v = (v1; v2; v3) e w = (w1; w2; w3), por: u � (v � w) = det 264 u1 u2 u3v1 v2 v3 w1 w2 w3 375 Propriedades do produto misto Sendo u; v; w 2 R3; então 1. u � (v � w) = 0 se e só se o conjunto de vectores fu; v; wg é linearmente dependente. 2. u �(v � w) = (u� v) �w (no produto misto as operações podem ser trocadas, mantendo a ordem dos vectores) ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 85 De facto, u � (v � w) = = det 264 u1 u2 u3v1 v2 v3 w1 w2 w3 375 = = � det 264 w1 w2 w3v1 v2 v3 u1 u2 u3 375 = = det 264 w1 w2 w3u1 u2 u3 v1 v2 v3 375 = = w � (u� v) = (u� v) � w Analogamente se veri ca que: 3. u � (v � w) = v � (w � u) 4. u � (v � w) = � (u � (w � v)) = � (v � (u� w)) = � (w � (v � u)) Aplicações do produto externo e produto misto 1. O produto externo pode ser utilizado sempre que se pretenda encontrar, emR3, um vec- tor que seja simultaneamante ortogonal a dois vectores dados (que sejam linearmente independentes). Exemplo: É sabido que a equação de um plano com a direcção de dois vectores dados u; v e que passe pela origem é da forma ax+ by + cz = 0 em que (a; b; c) é um vector perpendicular a u e a v: Para encontrar essa equação pode-se considerar para (a; b; c) o vector u� v: Como foi visto no exemplo da página 83, o produto externo dos vectores u = (1; 2; 3) e v = (4; 5; 6) é (�3; 6;�3) : Assim, a equação do plano com a direcção dos vectores u = (1; 2; 3) e v = (4; 5; 6) e que passa na origem pode ser �3x+ 6y � 3z = 0 2. A área do paralelograma de nido por dois vectores u e v é dada por ku� vk : ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 86 Consideremos a seguinte gura, que representa o paralelogramo de nido por dois vec- tores u e v : v u q ||u||senq Área= ||v|| ||u||senq v u q ||u||senq Área= ||v|| ||u||senq Como é sabido, a área do paralelogramo da gura acima édada pelo produto do comprimento da base, que é kvk ; pela altura, que é kuksen �; pois, o seno do ângulo formado por u e v; na gura designado por �; é dado pelo quociente da altura pelo comprimento de v Tem-se então area = kuk kvk sen � area = kuk kvk sen] (u; v) : Da propriedade 4 do produto externo conclui-se que area = ku� vk Exemplo: A área do paralelogramo de nido por u = (1; 2; 3) ; v = (1; 0; 1) é ku� vk = = k(1; 2; 3)� (1; 0; 1)k = k(2; 2;�2)k = = 2 p 3 3. O volume do paralelipípedo de nido por três vectores u; v e w é dado pelo módulo do produto misto dos três vectores. É natural que o resultado envolva o módulo de um número, pois um volume tem de ser sempre um número não negativo. Considerando que dados vectors x e y, se tem x � y = kxk kyk cos](x; y); o produto misto entre u� v e w pode ser expresso como (u� v) � w = ku� vk kwk cos](u� v; w): ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 2010/2011 - Produto Interno 87 Tendo em conta esta igualdade é fácil compreender, na gura abaixo, a relação entre o produto misto e o volume. u v w u ´ v Altura = ||w|| cosj j Área da base = ||u´v|| Volume = Área da base´Altura = ||u´v|| ||w|| cosj = (u ´ v) . w u v w u ´ v Altura = ||w|| cosj j Área da base = ||u´v|| Volume = Área da base´Altura = ||u´v|| ||w|| cosj = (u ´ v) . w Exemplo: O volume do paralelipípedo de nido por u = (1; 2; 3) ; v = (1; 0;�2) e w = (2;�1; 1) é: ju � (v � w)j = = �������det 264 1 2 31 0 �2 2 �1 1 375 ������� = j�15j = = 15:
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