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ALDEÍDOS E CETONAS Nomenclatura, propriedades físicas e químicas e obtenção. Reação e Mecanismo Geral: Adição nucleofílica; Oxidação e Redução. COMPOSTOS CARBONILADOS O grupo carbonila está presente em gorduras, carboidratos, ácidos nucléicos, proteínas, uréia e outros. ALDEÍDOS E CETONAS R O H H O H O H formaldeído benzaldeídoaldeído R O R' cetona O CH3 acetofenona O cicloexanona PROPRIEDADES FÍSICAS R O H aldeído R O R' cetona + + - - O grupo carbonila é um grupo polar; por isso os aldeídos e as cetonas têm ponto de ebulição mais elevados que os hidrocarbonetos com o mesmo peso molecular. Aldeídos e cetonas não fazem ligações de hidrogênio entre si, por isso têm ponto de ebulição menor que os dos álcoois. PROPRIEDADES FÍSICAS Fórmula MM p.e.(ºC) Solub. em água CH3CH2CH2CH3 58 0 insolúvel CH3CH2OCH3 60 11 solúvel CH3CH2CHO 58 49 solúvel CH3COCH3 58 56 solúvel CH3CH2CH2OH 60 97 solúvel PROPRIEDADES FÍSICAS Solubilidade: aldeídos e cetonas fazem ligações de hidrogênio com a água, por isso são solúveis (até três carbonos). H O H R O H H O H R O R' PROPRIEDADES FÍSICAS O odor dos aldeídos que têm baixo peso molecular é irritante, porém, à medida que o número de carbonos aumenta, torna- se mais agradável. Exemplo: o formol (H2CO). Os aldeídos de maior peso molecular são muito utilizados na indústria de cosméticos na fabricação de perfumes sintéticos. Por exemplo, o benzaldeído é utilizado como essência de amêndoas e o cinamaldeído de canela PROPRIEDADES FÍSICAS A partir da oxidação do etanol é formado o acetaldeído (H3C-CHO), que é o responsável pela ressaca quando uma pessoa ingere muito álcool. NOMENCLATURA Para nomear os aldeídos partimos do alcano correspondente com terminação o e substituímos por al. Como o grupo aldeído tem que ser terminal, não há necessidade de numerar, ou seja indicar a sua posição. NOMENCLATURA As cetonas alifáticas são denominadas, substitutivamente, pela troca da terminação o do alcano correspondente, pela terminação ona. A cadeia é numerada de modo que o átomo de carbono carbonílico receba o menor numero possível, e este numero identifica a sua posição. ESTABILIDADE DE ALDEÍDOS E CETONAS Substituintes alquila estabilizam o grupo carbonila da mesma maneira que estabilizam ligações c=c e carbocátions – através da doação de elétrons para o carbono hibridizado sp2. Assim, como calores de combustão revelam, a cetona 2-butanona é mais estável do que o seu isômero butanal (aldeído). O carbono carbonílico de uma cetona tem dois grupos alquilas doadores de elétrons, já no aldeído, tem apenas um. Assim, uma carbonila de cetona é mais estável que uma carbonila de aldeído. PREPARAÇÃOR OH álcool 1o R OH R' álcool 2o R O R' cetona R O H aldeído [O] [O] Oxidação de álcoois: Para a síntese do aldeídos utiliza-se álcoois primários com um oxidante e para a síntese de cetonas, utiliza-se álcoois secundários. MECANISMO DA OXIDAÇÃO Aldeídos podem ser preparados a partir de álcoois primários, pela oxidação com o clorocromato de piridínio (PCC). PROPRIEDADES QUÍMICAS A propriedade química mais importante do grupo carbonila é a sua tendência a sofrem reações de adição nucleofílica. Um átomo (ou grupo de átomos) polarizado negativamente ataca o carbono polarizado positivamente da carbonila na etapa determinante da velocidade dessas reações. Reagentes de Grignard, reagentes organolítio, hidreto de alumínio e lítio (LiAlH4) e boroidreto de sódio (NaBH4), por exemplo, reagem com compostos carbonílicos por adição nucleofílica. MECANISMO DA ADIÇÃO O mecanismo de adição passa por dois passos: 1. Ataque nucleofílico à ligação C=O. 2. E protonação do ânion resultante. O NaCN, H2SO4 H2O HO CN O NC O CN H+ ORBITAIS MOLECULARES R C R O ligação sp2 + elétrons livres R C R O orbital cheio + R C R O orbital vazio = R C R O todos os orbitais cheios da ligação C=O Orbitais moleculares explicam a reatividade do grupo carbonila: ORBITAIS MOLECULARES O Nucleófilo (HOMO) ataca o eletrófilo (LUMO): Ocorre a quebra da ligação dupla da carbonila A formação de uma ligação simples entre o nucleófilo e o carbono. O par de elétrons π ficam localizados no oxigênio. R C R O LUMO = Nu HOMO C O R R Nu nova ligação sp2 sp3 R C R O lig. se rompe devido ao preenchimento de * C O R R Nu elétrons da lig. vão para o O ÂNGULO DO ATAQUE NUCLEOFÍLICO A direção de aproximação do Nu segue a trajetória de Bürgi-Dunitz (ângulo de 107º), pois esse é o ângulo de maior interação entre os orbitais moleculares envolvidos na reação. O ângulo de ataque é comprovado por cálculos teóricos e análises cristalográficas. HOMO: do nucleófilo LUMO: do eletrófilo ADIÇÃO DE CIANETO O NaCN, H2SO4 H2O HO CN O NC O CN H+ • Ocorre com formação de cianoidrinas: ADIÇÃO DE CIANETO HO CN NaOH H2O O O CN H HO O CN CN A formação de cionoidrinas é reversível em meio básico. Ocorre a formação da cetona de origem. ADIÇÃO DE ILÍDEOS: REAÇÃO DE WITTIG Os aldeídos e as cetonas reagem com ilídeos de fosforo (ou fosforanos) para dar alcenos e óxido de tifenilfosfina. (Um ilídeo é molécula neutra que tem um átomo de carbono negativo adjacente a heteroátomo positivo). MECANISMO REAÇÃO DE WITTIG REAÇÃO DE WITTIG As sínteses de Wittig podem parecer complicadas, mas são fáceis de efetuar na prática. A maioria das etapas podem ser realizadas no mesmo recipiente e toda a síntese se completa em questão de horas. ADIÇÃO DE “HIDRETO” (REDUÇÃO) O H X H O não ocorre ataque nucleofílico A redução não pode ser feita diretamente com hidreto (H-): H H X H2 + X H- sempre reage como base ADIÇÃO DE “HIDRETO” (REDUÇÃO) Razão: H- (presente no NaH) é muito pequeno e possui alta densidade de carga. Seu orbital 1s tem tamanho ideal para interagir com o orbital * da ligação H-X e é muito pequeno para interagir com o orbital * de C=O. ADIÇÃO DE “HIDRETO” (REDUÇÃO) H B H H H H O R H R H O B H H H os elétrons devem vir de uma ligação B-H Solução: uso de NaBH4 e LiAlH4: H B H H H XE B H H H H E 10 e- na CV R C R O LUMO = B H H H HOMO = B-H H ADIÇÃO DE “HIDRETO” (REDUÇÃO) A transferência de hidrogênio continua: H R H O B H H H H R H O B H H H H O R H R H O B H H H R H OMeO H O NaBH4 H2O MeO OH O NaBH4 MeOH OH Ex: ADIÇÃO DE “HIDRETO” (REDUÇÃO) O H O2N NaBH4 MeOH OH O2N O H O EtO NaBH4 EtOH OH O EtO O redutor NaBH4 é seletivo para aldeídos e cetonas. Já o redutor LiAlH4 é mais reativo, logo menos especifico. O alumínio é mais eletropositivo que o boro. ADIÇÃO DE ORGANOMETÁLICOS Aldeídos e cetonas sofrem ataques de composto organometálicos, formando álcoois secundários e terciários. R O H 1. MeLi, THF 2. H2O OH Me R H R O H Li Me O Me R H ADIÇÃO DE ORGANOMETÁLICOS R O H 1. PhLi, THF 2. H2O OH Ph R H álcool 2o R O R 1. BuLi, THF 2. H2O OH R R álcool 3o R O H 1. PhMgBr, THF 2. H2O OH Ph R H Exemplos: EXERCÍCIOS R O H Me3Si CN KCN (cat.) R HNC OSiMe3 1. Sugira mecanismos para as seguintes reações: O EtMgBr Et2O ? O O O NaBH4 H2O ? a) b) c) HIDRATAÇÃO Aldeídos e cetonas reagem com água em equilíbrio. A velocidade da reação é relativamente lenta, sob condições neutras, mas é prontamente aumentada na presença de ácido ou base. Catálise básica Catálise ácida FORMAÇÃO DE ACETAIS Quando um álcool ataca um aldeído ou uma cetona ocorre a formação de acetal. Em condições ácidas, aldeídos e cetonas reagem com duas moléculas de álcool para formar um acetal. FORMAÇÃO DE ACETAIS Na presença de um ácido, a carbonila é protonada, tornando o átomo de carbono mais eletrofílico. Isto é necessário porque o nucleófilo (um álcool) é fraco, e irá reagir com a carbonila mais rapidamente se ela estiver protonada. O mecanismo para formação do acetal tem muitos passos e é melhor dividi-lo em duas etapas. 1. Os três primeiros passos de produzir um intermediário denominado hemiacetal. 2. Os quatro últimos passos converte o hemiacetal em um acetal. MECANISMO MECANISMO A reação global se processa em duas etapas: 1. O hemiacetal é formado na primeira etapa a partir da adição nucleofílica do álcool à carbonila. 2. Sob condições ácidas de sua formação, o hemiacetal é convertido em um acetal através de um carbocátion intermediário. A captura nucleofílica do carbocátion intermediário por uma molécula de álcool leva a formação do acetal. Obs: é necessária a utilização de dois equivalentes de álcool para um equivalente de cetona. FORMAÇÃO DE ACETAIS A partir de uma cetona e um composto com duas hidroxilas tem-se a formação de um acetal cíclico. Esse é um tipo de reação feita para proteger a carbonila, ou seja, ela é transformada em um grupo funcional diferente para ser preservada em um meio reacional reativo para carbonila. PROTEÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS O O O OHHO H3O + O O O O 1. LiAlH4 2. H3O + OH O O H3O + O OH OHHO + X Após proteção do grupo funcional mais reativo, o grupo carbonila é regenerado. ACETAIS CÍCLICOS H O OH OH OH OH OH OH HO HO HO OH O H O HO HO HO OH OH glicose (> 99% na forma cíclica) H OOH OH OH OH HO O OH HO OH O HO OH HO OH ribose Carboidratos (açúcares) são acetais/hemiacetais cíclicos: ADIÇÃO DE AMINAS O H cetona ou aldeído RNH2 N H R - H2O imina R2NH - H2O N RR enamina Ocorre com formação de iminas ou enaminas: MECANISMO PARA IMINAS O H NH2R O H+ O N R H H H OH2 O N R H H carbinolamina O N R H H carbinolamina O N R HH H N RH - H2O H+ H2O N R imina MECANISMO PARA ENAMINAS NHR2 O H H+ O H H R2N H OH2 N RH H - H2O H+ H2O N RR enamina O H H O H H R2N O H H R2N O H H R2N H ACIDEZ DOS HIDROGÊNIOS α Uma característica importante dos compostos carbonílicos é a excepcional acidez dos átomos de hidrogênio ligados aos átomos de carbono adjacente ao grupo carbonila. pKa etino = 25 pKa eteno = 44 pKa etano = 50 ACIDEZ DOS HIDROGÊNIOS α As razões da excepcional acidez dos hidrogênios α dos compostos carbonílicos são imediatas: o grupo carbonila é forte atrator de elétrons e quando um composto carbonílico perde um próton α, o ânion que se forma fica estabilizado por ressonância. EQUILÍBRIO CETO-ENÓLICO Quando este ânion estabilizado por ressonância aceita um próton, pode operar de duas maneiras: pode receber o próton no carbono e reconstituir o composto carbonílico original no que se chama a forma cetônica, ou pode receber o próton no oxigênio e originar a forma enólica. TAUTOMERIA CETO-ENÓLICA As formas cetônica e enólica dos compostos carbonílicos são isômeros constitucionais, mas de tipo especial. Como se convertem, mutuamente, um no outro, na presença de traços de ácidos e de bases, os químicos adotam termo especial para descrever este tipo de isomerismo constitucional. As formas cetônica e enólica, que se convertem uma na outra, são chamadas de tautômeros e a conversão é denominada tautomerização. RACEMIZAÇÃO Quando uma solução da (+)-sec-butil fenil cetona em etanol aquoso for tratada ou por ácido ou por base, a solução perde, gradualmente, a sua atividade ótica. Depois de um certo tempo, o isolamento da cetona mostra que houve racemização. HALOGENAÇÃO DE CETONAS
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