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TORNOZELO E PÉ

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Tornozelo e Pé Página 1 
 
TORNOZELO E PÉ 
 
1. FUNCIONALIDADE DO PÉ 
O pé possui funções importantes como suportar o peso e servir como alavanca para impulsionar o 
corpo. A construção do pé com vários ossos e articulações, permite a adaptação do pé aos tipos de 
superfícies, além de aumentar sua ação propulsora. 
 
2. ESQUELETO DO PÉ 
O pé humano é composto de 26 ossos 
assim distribuídos: sete ossos do tarso (tálus, 
calcâneo, cuboide e os três cuneiformes); 
cincos ossos do metatarso; 14 falanges (três 
para cada um dos dedos, exceto para o hálux, 
que tem apenas duas). 
Quase todos os ossos se unem por 
articulações sinoviais, conferindo mobilidade 
necessária para se adaptar a forças 
longitudinais aplicadas sobre o pé e se moldar 
aos diferentes tipos de superfícies durante a 
marcha. 
 
2.1- Os ossos do tarso (do grego – tarso = superfície plana) - São ossos pares e curtos, totalizando 
sete ossos em cada pé. 
2.1.1- O tálus (do latim – talus = tornozelo, dado de jogar), articula-se, proximalmente, com a face 
inferior da tíbia e, as porções articulares dos maléolos (lateral e medial – faces articulares), constituindo 
a articulação talocrural (tornozelo). O tálus repousa sobre o calcâneo. É dividido em três principais 
porções: tróclea (face articular para o tornozelo), colo (região estreita) e a cabeça (porção que se 
articula com o navicular). Ele não tem nenhuma inserção muscular, no entanto, todos os músculos 
extrínsecos passam por ele para inserir-se nos ossos do pé. 
2.1.2- O calcâneo (do latim – calx = calcanhar) é o maior osso do tarso. Recebe toda a carga 
proveniente do corpo. Articula-se com os ossos: tálus, navicular e cuboide. Recebe a inserção do 
músculo tríceps sural (tendão do calcâneo, denominado antigamente como tendão de “Aquiles”). 
2.1.3- Osso cuboide (do grego – kúbus = cubo, óides = forma de) articula-se com o calcâneo, 
navicular e com a base do 4º e 5º metatarsais. 
2.1.4- Osso navicular (do latim – navícula = diminutivo de navio) articula-se com a cabeça do 
tálus, cuboide e os três cuneiformes. É também chamado de escafoide. 
2.1.5- Ossos cuneiformes (do latim – cuneus = cunha, formis = forma de), são nomeados no 
sentido transversal, sendo, cuneiforme medial, intermédio e lateral. Os cuneiformes se articulam com o 
osso navicular e com a base do 1º, 2º e 3º metatarsais. 
 
2.2- Ossos metatarsais (do grego – meta = depois) são em número de cinco ossos, 
numerados de medial para lateral (desta forma, o 1º está no hálux). São ossos longos e podemos 
identificar três regiões: base, corpo e cabeça. As bases dos ossos metatarsais se articulam com os ossos 
tarsais. As cabeças dos ossos metatarsais se articulam com a base das falanges proximais, constituindo a 
articulação metatarsofalangiana. Comumente, na cabeça dos 1º metatarsos estão localizados dois ossos 
supranumerários, os ossos sesamoides lateral e medial. Em alguns casos a tuberosidade do Vº 
metatarsal pode desenvolver-se separada, imersa no tendão do músculo fibular longo, formando um 
osso sesamoide, denominado de osso de Vesalius. 
 
2.3- As falanges (do grego – phalanx = tropa de soldados). A phalanx era uma formação de 
infantaria grega em fileiras. Aristóteles utilizou o termo para os ossos dos dedos, devido sua disposição 
em fileiras. São em número de 14 falanges em cada pé, formando o esqueleto dos dedos, divididas em 
proximais, médias e distais, com exceção no hálux (formado pelas falanges proximal e distal). As 
Tornozelo e Pé Página 2 
 
falanges possuem uma base (articulada com o osso metatarsal correspondente), um corpo e uma 
tróclea (articula-se com a base da próxima falange correspondente). As articulações entre as falanges 
são denominadas de articulações interfalangianas (proximal e distal, exceto no hálux). 
 
3. DIVISÃO CLÍNICA DO ESQUELETO DO PÉ 
Clinicamente o pé é dividido em três porções: 
3.1- O retropé ou região posterior: formado pelos ossos tálus e calcâneo, é o ápice do pé e 
parte da articulação do tornozelo. Ele basicamente sustenta o corpo por sua articulação com a tíbia, no 
encaixe do tornozelo. O calcâneo é a porção posterior do pé em contato direto com o solo. Na 
sustentação do peso, o retropé sustenta 2/3 do peso do corpo. 
3.2- O mediopé ou região média: formado pelos ossos navicular, cuboide e cuneiformes 
medial, intermédio e lateral. 
3.3- O antepé ou região anterior: constituído pelos metatarsos e falanges. A articulação entre 
o mediopé e antepé, articulação tarsometatarsal, também é conhecida como articulação de Lisfranc. O 
antepé sustenta cerca de 1/3 do peso. 
 
4. ARCOS DO PÉ 
Para se adaptar às irregularidades do solo, suportar o peso do 
corpo e a força de reação do solo, o pé é constituído por três arcos 
plantares que funcionam como amortecedores e que distribuem as 
cargas recebidas pelos pés em três regiões: calcâneo (60% da carga), 
mediopé (8%) e antepé, principalmente cabeça do quinto e primeiro 
metatarsos (32%). 
Considerada em conjunto, a arquitetura da planta do pé pode 
ser definida como uma abóbada sustentada por três arcos. Os arcos 
plantares tem como função receber o peso do corpo, amortecer os 
choques de deambulação, participar da adaptação do pé no solo e 
constituem alavancas de impulso na marcha. 
A maior parte da sustentação dos arcos é fornecida pelos 
ligamentos plantares, pela aponeurose plantar (ou fáscia plantar) e 
pelos músculos plantares curtos (quadrado plantar e flexor curto dos 
dedos), tibiais anterior e posterior. 
 
4.1- Arcos transversos 
Arco transverso tarsal - O segmento funcional médio consiste de cinco ossos tarsais: o 
navicular, o cuboide e os três ossos cuneiformes. Sua configuração e seus firmes ligamentos interósseos 
formam um arco rijo. Esses ossos no arco constituem articulações “lado a lado” sustentadas por 
ligamentos e pelos tendões dos músculos fibular longo, tibiais anterior e posterior. 
Arco transverso metatarsal posterior - criado pelas bases dos ossos metatarsais e também 
razoavelmente firme. 
Arco metatarsal anterior - é flexível e se achata nas fases de carga da marcha e na pronação e 
supinação. 
 
4.3- Arcos longitudinais – A fáscia plantar é formada por espessas faixas fibrosas interligadas 
de tecido conjuntivo que se estendem por sobre a superfície plantar do pé e ajuda o apoio do arco 
longitudinal. 
Arco longitudinal lateral - é formado pelo calcâneo, pelo cuboide e pelos quarto e quinto 
ossos metatarsais. Ele é pequeno e suporta o peso da passada na fase inicial, antes que o pé realize 
pronação para colocar o peso sobre o arco medial. É suportado pelos ligamentos plantar longo e plantar 
curto. 
Arco longitudinal medial - é maior que o lateral e formado pelo calcâneo, pelo tálus, pelo 
navicular, por três cuneiformes e por três metatarsais mediais. É mais alto que o lateral, tendo seu ápice 
na cabeça do tálus e do navicular. O tendão tibial posterior, que se insere nos segundo, terceiro e quarto 
Tornozelo e Pé Página 3 
 
ossos metatarsais, após passar sob o ligamento da base da mola, atua como suporte para o arco, 
juntamente com o flexor do hálux, do fibular longo e do adutor do hálux. Tem a função de amortecer a 
gravidade e os choques na marcha. 
 
 
 
5 – MOVIMENTOS DO PÉ 
Dorsiflexão é o movimento de aproximação do dorso do pé à parte anterior da perna. A 
amplitude desse movimento é em torno de 20°. É realizada principalmente pelos músculos tibial 
anterior, extensores longos dos dedos e do hálux. 
Plantiflexão ou flexão plantar consiste em abaixar o pé procurando alinhá-lo em maior eixo com a 
perna, elevando o calcanhar do chão. A amplitude média desse movimento é de 50°. Realizada 
principalmente pelos músculos solear e gastrocnêmio; auxiliada pelo tibial posterior, fibulares longo e 
curto, flexores longos dos dedos e do hálux. Quando em posição em pé, comdescarga de peso, em 
cadeia cinética fechada, o principal músculo é o sóleo. 
 
 
Tornozelo e Pé Página 4 
 
 
Abdução é o movimento que ocorre no plano transverso, com os artelhos apontando para fora. 
Enquanto a adução consiste no movimento oposto, de apontar os artelhos para dentro. Ocorrem nas 
articulações tarsais, com o movimento do antepé. 
 
 
A pronação ocorre quando a borda lateral do pé dirige-se para a parte lateral da perna e sua 
amplitude máxima é de 5°. A supinação ocorre quando a borda medial do pé dirige-se para a parte 
medial da perna e sua amplitude máxima deste movimento é de 20°. Ambas ocorrem na articulação 
subtalar. 
Eversão é um movimento triplanar, que ocorre com uma combinação de movimentos sendo 
formada por uma pronação do calcâneo, abdução do antepé e dorsiflexão, sendo que o calcâneo move-
se em relação ao tálus. A amplitude máxima desse movimento é de 20° e os principais músculos 
responsáveis por ele são os fibulares longo e curto. 
Inversão é o oposto da eversão, ocorrendo uma supinação do calcâneo, adução do antepé e 
flexão plantar. A amplitude máxima desse movimento é de 40° e os principais músculos são tibial 
posterior e tibial anterior. 
A flexão dos artelhos ocorre quando eles se aproximam da região plantar do pé e é realizada 
pelos músculos flexores curto e longo dos dedos, quadrado plantar, lumbricais e interósseos. 
A extensão dos artelhos ocorre quando eles se aproximam da região dorsal do pé e é realizada 
pelos músculos extensor longo do hálux, extensores curto e longo dos dedos. 
 
6- ARTICULAÇÕES DO PÉ E TORNOZELO 
O pé é uma estrutura rígida, mas ao mesmo tempo é formada por inúmeras articulações que lhe 
permitem muitos movimentos. 
A articulação do tornozelo divide-se em articulação superior ou talocrural (entre a tíbia, fíbula e a 
face superior do tálus) e articulação inferior, subtalar ou talocalcânea (entre a face inferior do tálus e a 
face superior do calcâneo). 
O tálus e o calcâneo articulam-se de várias outras formas, sendo que a articulação subtalar 
também pode ser chamada de articulação talocalcânea posterior, enquanto a articulação talocalcânea 
anterior divide a cápsula articular com a articulação talonavicular, formando a articulação 
talocalcâneanavicular. 
Por sua vez, a articulação talonavicular forma junto com a articulação calcaneocuboidea a 
articulação transversa do tarso, mediotársica ou de Chopart. 
 
6.1- Articulação superior do tornozelo, tibiotársica ou talocrural 
Ocorre entre a tíbia, fíbula e o tálus. 
A articulação superior do tornozelo é uma juntura sinovial, do tipo gínglimo, que funciona como 
uma dobradiça, fazendo movimentos de dorsiflexão e flexão plantar. 
O corpo do tálus tem forma de cunha, convexa, chamado tróclea, e a parte articular da tíbia é 
côncava, encaixando-se na tróclea. A tíbia transfere o peso do corpo ao tálus. A fíbula não recebe carga, 
mas faz parte da pinça maleolar. 
Na pinça maleolar, os maléolos da tíbia e fíbula formam uma pinça onde se encaixa o tálus, 
permitindo flexão plantar e dorsiflexão, limitando os movimentos laterais. O maléolo lateral fica mais 
Tornozelo e Pé Página 5 
 
baixo que o medial, assim, na dorsiflexão, a fíbula 
sobe e na flexão plantar ela desce, em movimento de 
pistão, em virtude do ângulo oblíquo do ligamento 
tibiofibular, permitindo o movimento do tornozelo. 
Os movimentos da fíbula ocorrem da seguinte 
forma: 
Na dorsiflexão: o maléolo externo se afasta do 
interno; simultaneamente, ele se eleva levemente, 
enquanto que as fibras dos ligamentos fíbulo-tibiais e 
da membrana interóssea tornam-se horizontais; 
enfim, ela gira sobre si mesma internamente. Esse 
movimento de elevação da fíbula é provocado pelo 
músculo bíceps femoral. 
Na flexão plantar: aproximação do maléolo 
externo do interno (movimento ativo: o músculo tibial 
posterior, cujas fibras se inserem nos dois ossos, 
aperta a pinça maleolar); abaixamento do maléolo externo e leve rotação externa da fíbula. Esse 
movimento de depressão da fíbula é provocado pelo músculo fibular longo. 
 
 
O corpo do tálus tem a porção anterior mais alargada. Com a dorsiflexão do tornozelo no encaixe, 
a porção mais larga fica entre os dois maléolos e se acunha entre eles, dando estabilidade à articulação. 
A flexão plantar faz com que a menor porção posterior do tálus fique no encaixe, permitindo algum 
movimento lateral e menos estabilidade. Isso dá mais estabilidade durante o choque de calcanhar na 
marcha. 
O maléolo medial está anterior ao maléolo lateral no plano transverso, gerando uma angulação 
de 16° do tálus no encaixe. Os maléolos também funcionam como polias que irão orientar os tendões 
dos músculos que cruzam o tornozelo para um trajeto posterior ou anterior ao eixo de rotação. 
Como o músculo tríceps sural mobiliza duas articulações no tornozelo, na tíbiotársica ele realiza 
flexão plantar, enquanto na subtalar, a fíbula quando desce impede a pronação, ocorrendo então uma 
supinação do calcâneo. 
A cápsula articular é relativamente frouxa nas suas porções anterior e posterior para permitir os 
movimentos de flexão plantar e dorsiflexão, por isso, ela é reforçada por ligamentos colaterais: 
1. Ligamentos colaterais laterais – sustentam o aspecto lateral do tornozelo minimizando a 
inversão. 
a) Ligamento talofibular anterior 
b) Ligamento calcaneofibular 
c) Ligamento talofibular posterior 
Tornozelo e Pé Página 6 
 
Os dois primeiros são os mais frequentemente lesionados nas torções de inversão, pois com o pé 
em flexão plantar o tálus é mais instável no encaixe do tornozelo e, portanto, mais dependente do 
suporte ligamentar. Soma-se a isso o fato deles permanecerem retesados durante todos os 
movimentos, devido ao eixo de rotação estar sobre a ponta distal da fíbula e esta se elevar durante a 
flexão plantar. 
2. Ligamentos colaterais mediais – sustentam o aspecto medial do tornozelo, minimizando a 
eversão e são chamados de ligamento deltoide. É mais forte e resiste a lesões de eversão, pois não 
permanece sempre retesado. 
a) Ligamento tibionavicular; 
b) Ligamento talotibial anterior; 
c) Ligamento calcaneotibial; 
d) Ligamento talotibial posterior; 
Quanto à artrocinética do movimento, enquanto faz dorsiflexão, o tálus rola para frente e desliza 
pra trás. Na flexão plantar, o tálus rola para trás e desliza para frente. 
O movimento de dorsiflexão é limitado pela cápsula articular posterior, pelo tendão do calcâneo 
(músculo tríceps sural), pelo ligamento calcaneofibular e pelo contato ósseo anterior (tíbia e colo do 
tálus). 
O movimento de flexão plantar é limitado pela cápsula articular anterior, pela tensão dos 
músculos anteriores (tibial anterior, extensor longo dos dedos e extensor longo do hálux), pelo 
ligamento talofibular e pelo contato ósseo posterior (tíbia e tubérculos posteriores do tálus). 
 
6.2- Articulação inferior do tornozelo, subtalar ou talocalcânea posterior 
As funções dessa articulação são absorver a rotação da tíbia e do fêmur em cadeia fechada, 
através da pronação ou supinação e realizar o choque de calcanhar durante a marcha. 
A articulação talocalcânea contém várias articulações em diferentes planos, para permitir o 
movimento simultâneo em diferentes direções. Um sulco profundo, o seio do tarso, separa as facetas 
posteriores das facetas anteriores. No interior do seio fica o ligamento interósseo calcâneo. 
A articulação talocalcânea posterior tem cavidade sinovial, sendo conhecida como articulação 
subtalar. A articulação talocalcânea anterior divide a cavidade sinovial com a articulação talonavicular, 
formando a articulação talocalcaneonavicular. 
A articulação posterior sobre a superfície superior do calcâneo é convexa, ao passo que a 
superfície articular no aspecto inferior do tálus é côncava. Essa relação permite a inversão ea eversão. A 
maior parte da inversão e da eversão do tornozelo se processa na articulação talocalcânea quando o 
tálus é “bloqueado” no encaixe do tornozelo. 
Há quatro ligamentos conectando o tálus ao calcâneo: talocalcâneo interósseo; talocalcâneo 
lateral; talocalcâneo posterior e talocalcâneo medial. 
Por serem ligamentos fracos, a articulação talocalcânea é 
mais habilmente reforçada pela porção calcaneofibular do 
ligamento lateral do tornozelo e pela porção calcaneotibial do 
ligamento medial (deltóide) da articulação do tornozelo. O suporte 
é também provido pelos tendões dos músculos fibular longo, 
fibular curto, flexor longo do hálux, tibial posterior e flexor longo 
dos dedos. 
 
6.3- Articulação talocalcaneonavicular 
A articulação talocalcaneonavicular é do tipo esferoide, formada inferiormente pela superfície 
posterior do navicular (N) e pelas facetas média (FM) e anterior (FA) do tálus. A cabeça do tálus encaixa-
se num receptáculo formado por essas facetas articulares (dos ossos navicular e calcâneo). 
Entre o navicular e o sustentáculo do calcâneo existe um firme ligamento, o calcaneonavicular 
plantar, chamado de “ligamento de mola” (LM). Assim, essa articulação pode ser dividida didaticamente 
em outras duas, a talocalcânea e a talonavicular. 
Tornozelo e Pé Página 7 
 
A cápsula articular é reforçada, medialmente, pela porção 
tibionavicular do ligamento deltoide e, lateralmente, pelo ligamento 
calcâneonavicular que faz parte do ligamento bifurcado. Faz parte 
ainda desta articulação o ligamento calcaneonavicular plantar. 
As facetas anteriores do calcâneo são côncavas, enquanto as 
facetas anteriores do tálus são convexas, permitindo movimentos de 
pronação e supinação nessa articulação. 
 
6.4- Articulação transversa do tarso, mediotársica ou 
articulação de Chopart 
A articulação transversa do tarso consiste das articulações 
talonavicular e calcaneocuboidea. Ela tem um papel importante no 
antepé e mediopé, abaixando o arco longitudinal durante a pronação 
do pé e elevando o arco durante a supinação, além de ligar o antepé 
interno ao externo. 
Ela é dominada pela dupla navicular-
cuboide e resume a adaptação do pé à 
gravidade, às desigualdades do terreno, 
sobretudo trazendo a interdependência do 
antepé em relação ao retropé. Todos os 
movimentos do navicular sobre o tálus levam o 
antepé interno no mesmo sentido. Todos os 
movimentos do cuboide sobre o calcâneo 
levam o antepé externo no mesmo sentido. No 
centro, o ligamento Y de Chopart faz a junção 
entre os dois movimentos. 
 
6.4.1- Articulação Talonavicular 
A cabeça arredondada do tálus encaixa-
se na superfície abobadada do navicular. O movimento é a rotação em um eixo através do tálus, que 
corre para frente, para baixo e medialmente. A superfície articular do tálus é mais larga do que a 
superfície articular do navicular, por isso permite um deslizamento significativo na articulação 
talonavicular, promovendo inversão e eversão. A articulação é reforçada pelo ligamento talonavicular 
dorsal. 
 
6.4.2- Articulação Calcaneocuboidea 
Essa articulação é acessória na inversão e na eversão. A superfície anterior do calcâneo é 
arredondada (convexa) medialmente e a superfície posterior do cuboide é côncava. As duas unem-se 
por dois ligamentos: os plantares longo e curto, e são reforçadas pelo ligamento bifurcado, formado por 
uma parte calcaneocuboidea e outra calcaneonavicular, e pelos ligamentos calcaneocuboide dorsal e 
calcaneonavicular plantar. 
O plantar longo estende-se da superfície plantar do calcâneo até a crista do cuboide. Suas fibras 
mais superficiais inserem-se nas bases do segundo, terceiro, quarto e, ocasionalmente, quinto 
metatarsais. Essas fibras convertem o sulco do cuboide em um túnel com o tendão do músculo fibular 
longo. O ligamento plantar curto estende-se do tubérculo anterior do calcâneo até o cuboide. 
 
6.4.3- O Ligamento Y de Chopart 
O ligamento em Y insere-se atrás, sobre a face dorsal da grande apófise do calcâneo, depois, 
divide-se em dois feixes. O feixe externo é horizontal e liga-se na frente sobre a face dorsal do cuboide. 
O feixe interno é vertical e fixa-se na porção externa do navicular. Como uma dobradiça em livro aberto, 
liga os dois ossos por suas porções centrais. É fácil entender que nas rotações, um leva o outro em 
sentido inverso. 
Tornozelo e Pé Página 8 
 
Quando o navicular gira com o antepé interno em rotação interna, ele leva o cuboide e o antepé 
externo em rotação externa. O ligamento Y se abre. A porção central do pé sobe e a abóboda aumenta. 
Como o navicular gira mais do que o cuboide, a porção interna do pé sobe ligeiramente. 
A inversão resulta da tensão tônica do tibial posterior. O navicular puxado para dentro, para trás e 
para baixo, escorrega sobre a cabeça do tálus. O antepé é levado em uma adução e flexão. A 
tuberosidade do navicular sobre a qual se liga o tibial posterior é puxada para baixo: o navicular gira em 
rotação interna e leva o cuboide em rotação externa. Isto estimula o aumento da abóbada. 
No impulso lateral da marcha, o fibular longo lateral dobra-se sobre o bordo externo do cuboide. 
Ele leva primeiro todo o pé em valgo (abdução), faz girar o cuboide em rotação interna e por isso 
mesmo o navicular em rotação externa, depois everte o pé para trazê-lo em um apoio sobre a cabeça do 
primeiro metatarsiano. Aqui o movimento é bastante amplo. A abóbada central se achata. 
A eversão do antepé é o movimento do impulso lateral da marcha. Como os dois ossos se 
encontram livres para suas rotações inversas, ele é bastante amplo. Trata-se de uma função dinâmica. 
 
6.5- Articulações entre o cuboide, o navicular e os cuneiformes 
Estas são articulações com pouca importância clínica. Elas são reforçadas pelos ligamentos 
cuboidenaviculares dorsal e plantar; cuneonaviculares dorsais e plantares; cuneocuboide dorsal; 
plantares longo e curto; e intercuneiformes plantares e dorsais. Elas apresentam movimentos muito 
limitados. 
 
6.6- Articulações tarsometatársicas e intermetatársicas 
Ocorrem entre os ossos cuneiformes e o cuboide com as bases dos ossos metatársicos e destes 
últimos entre si. São junturas sinoviais planas, permitindo apenas pequenos movimentos, sendo que o 
segundo metatarso é o que apresenta menor mobilidade, e a maior amplitude de movimento ocorre 
entre o 4º e o 5º metatarsos. São reforçadas pelos ligamentos tarsometatársicos dorsais e plantares e 
intermetatársicos dorsais e plantares e seus movimentos mudam a forma do arco. 
 
6.7- Articulações metatarsofalângicas e interfalângicas 
São articulações sinoviais do tipo condilar, que ocorrem entre os metatarsos e as falanges, e 
destas entre si. 
As falanges articulam-se sobre as amplas superfícies articulares convexas dos metatarsais com 
característica deslizante. A cobertura cartilagínea das cabeças metatarsais estende-se a partir da 
superfície plantar destas até os seus dorsos, permitindo a dorsiflexão excessiva dos dedos. Na marcha 
normal, o dedo maior “hiperestende” a cada passo, o que permite estimar que realiza esse movimento 
900 vezes durante uma caminhada de 1,6 quilômetros. 
A extensão ativa dos dedos é de 50-60°, enquanto a flexão ativa de 30-40°. Isso é muito 
importante na fase propulsora na marcha. 
Enquanto as articulações metatarsofalangiana são biaxiais, realizando movimentos de flexão, 
extensão, adução e abdução, as articulações interfalângicas só permitem movimentos no plano sagital: 
flexão e extensão, sendo maior a flexão. Esses movimentos têm importante papel na fase de propulsão 
da marcha. 
Dois ligamentos colaterais, em leque, reforçados inferiormente pelo ligamento plantar (que forma 
uma pequena glena) reforçam essa articulação. 
 
7- MÚSCULOS 
Os movimentos do pé são realizados pelos músculos, que são classificados em extrínsecos e 
intrínsecos.Eles formam também um amortecedor ativo das alterações 
de pressão e das desigualdades do solo. 
Os músculos extrínsecos possuem origem abaixo do joelho e 
inserção no pé, e realizam os movimentos do tornozelo como 
dorsiflexão, a plantiflexão, a inversão e eversão, além de atuarem na 
movimentação dos artelhos (dedos). São eles: gastrocnêmio, solear, 
tibial posterior, flexor longo dos dedos, flexor longo do hálux, tibial 
Tornozelo e Pé Página 9 
 
anterior, extensor longo dos dedos, extensor longo do hálux, fibular longo e fibular curto. 
Os músculos intrínsecos são representados pelos que se originam abaixo da articulação do 
tornozelo, podendo situar-se no dorso ou na planta do pé, estes músculos realizam a movimentação dos 
artelhos. São eles: extensor curto dos dedos, abdutor do hálux, flexor curto dos dedos, abdutor do dedo 
mínimo, quadrado plantar, lumbricais, flexor curto do hálux, adutor do hálux, flexor do dedo mínimo, 
interósseos dorsais e plantares. 
 
8- RETINÁCULOS DO PÉ 
Retináculos são espessamentos da fáscia no tornozelo e no dorso do pé. À medida que os tendões 
dos músculos se aproximam ou cruzam a articulação talocrural para o pé, eles são retidos por 
retináculos que os mantém no lugar. 
1- Retináculo superior dos extensores – se estende entre as bordas anteriores da tíbia e fíbula, 
logo acima do tornozelo. Retém os tendões do tibial anterior, dos extensores longos do hálux e dos 
dedos e do fibular terceiro, além de conter os vasos tibiais anteriores e o nervo fibular profundo. Sua 
borda distal se une ao retináculo inferior dos músculos extensores. 
2- Retináculo inferior dos extensores – é uma faixa em forma de Y, localizada anteriormente à 
articulação talocrural. Seu tronco está fixado na face superior do calcâneo, lateralmente. Medialmente, 
ele forma alças em torno dos tendões do fibular terceiro e do extensor longo dos dedos. A partir da 
extremidade medial da alça, continuam duas faixas divergentes, uma proximal e outra distal. A proximal 
está sob os tendões do extensor longo do hálux e do tibial anterior e superficial aos vasos tibiais 
anteriores e ao nervo fibular profundo, alcançando o maléolo medial. A distal estende-se ínfero-
lateralmente até a face medial do pé; ela é superficial aos tendões do extensor longo do hálux e do tibial 
anterior, à artéria dorsal do pé e aos ramos terminais do nervo fibular profundo. 
3- Retináculo dos flexores – se estende entre o maléolo medial e a face medial do calcâneo. Apoia 
os tendões do tibial posterior e dos flexores longos dos dedos e do hálux, além dos vasos tibiais 
posteriores (artéria e veia tibial posterior) e do nervo tibial. 
4- Retináculo dos fibulares – ligamento anular lateral, divide-se em superior, na altura do maléolo 
lateral e inferior, alguns centímetros abaixo, apoia os tendões dos fibulares longo e curto à medida que 
eles se curvam laterais ao tornozelo. 
 
9- CIRCULAÇÃO 
A artéria poplítea é a continuação direta da artéria 
femoral. Esta última passa para o interior do quadrante poplíteo 
posterior e se divide em artérias tibiais anterior e posterior ao 
descer o joelho. 
A artéria tibial posterior segue o mesmo curso do nervo 
tibial, suprindo os músculos posteriores da perna. Ao alcançar o 
maléolo medial, ela passa para a superfície plantar do pé, 
dividindo-se em artérias plantares medial e lateral. Abaixo da 
bifurcação, a artéria poplítea ramifica-se lateralmente, passando 
pela membrana interóssea, descendo o aspecto lateral da perna 
e suprindo os músculos laterais. Ela termina como a artéria 
calcânea lateral. 
Abaixo do quadrante poplíteo, a artéria poplítea se 
bifurca, originando a artéria tibial anterior. Esta última passa 
anteriormente entre a tíbia e a fíbula pela margem superior da 
membrana interóssea, dirigindo-se para a superfície anterior da 
membrana, onde supre os músculos do compartimento anterior. 
Ao alcançar o dorso do pé, ela se transforma em artéria dorsal 
do pé, cujos ramos terminais são as artérias metatarsal dorsal e 
digital dorsal. Elas se comunicam com os ramos distais das 
artérias plantares. 
 
Tornozelo e Pé Página 10 
 
 
10- INERVAÇÃO 
Os principais nervos da extremidade inferior são os ramos do nervo isquiático, que se divide no 
ângulo poplíteo para formar os nervos tibial e fibular comum. O nervo isquiático origina-se dos ramos 
primários não-divididos de L4, L5, S1, S2 e S3. 
 
 
É um tronco único dividido em dois componentes: o nervo tibial e o nervo fibular comum. Estes, 
por sua vez, dividem-se em ramos com nomes variados. 
O nervo tibial, essencialmente uma continuação do nervo isquiático, deriva de todos os ramos 
primários anteriores não-divididos do plexo sacral. Após separar-se do nervo fibular comum, ele penetra 
na perna entre a origem das duas cabeças do músculo gastrocnêmio e passa profundamente ao músculo 
sóleo para entrar no compartimento posterior da perna. 
No trajeto, o nervo tibial supre ambas as cabeças do músculo gastrocnêmio, o sóleo, o plantar e o 
músculo tibial posterior. Ele contribui para a formação do nervo sural, que perfura a fáscia profunda do 
terço médio da perna e, então, continua para trás, formando o nervo do calcâneo lateral, que supre o 
calcanhar. 
O nervo tibial posterior é uma continuação do nervo tibial. Ele inicia ao nível do arco fibroso do 
sóleo, cruza por baixo da tíbia e, então, termina (sob o retináculo flexor, atrás e inferiormente ao 
maléolo medial) nas divisões medial e lateral do nervo plantar. 
O nervo fibular comum é comparativamente curto e contém segmentos das raízes de L4, L5, S1 e 
S2. Ele cruza por baixo junto à borda lateral da fossa poplítea para 
alcançar posteriormente a cabeça da fíbula. Enrola-se ao redor do 
colo da fíbula, onde se divide em nervos fibulares profundo e 
superficial. 
O nervo fibular superficial desce na perna em frente à 
fíbula. Após descer por dois terços, ele perfura a fáscia e penetra 
na pele da frente, na área lateral da perna e no dorso do pé. 
O nervo fibular profundo começa logo abaixo da cabeça da 
fíbula. Após enrolar-se ao redor do colo da fíbula, desce pela 
perna em frente à membrana interóssea. Ao alcançar o tornozelo, 
passa sob o retináculo extensor superior, onde se divide em dois 
ramos, medial e lateral, indo à superfície cutânea da área lateral 
do hálux e ao segundo dedo. Sua função motora é para o extensor 
Tornozelo e Pé Página 11 
 
curto dos dedos, tibial anterior, extensor longo do hálux, fibular acessório e primeiro interósseo dorsal. 
Os nervos plantares são divisões do nervo tibial posterior. O nervo plantar medial envia ramos 
sensitivos cutâneos para a superfície plantar dos três dedos mais mediais e para o aspecto medial do 
quarto dedo. Seus ramos motores suprem o abdutor e o flexor curto do hálux, o flexor curto dos dedos 
e os primeiros dois lumbricais. 
O nervo plantar lateral passa pela superfície plantar do pé. Após dividir-se em ramos profundo e 
superficial, supre a sensibilidade da superfície plantar dos dedos remanescentes do aspecto lateral do 
pé. Ele confere inervação motora ao quadrado plantar, ao flexor curto do quinto dedo, ao abdutor do 
quinto dedo e aos músculos plantares interósseos e lumbricais remanescentes. 
 
11- DEFORMIDADES DO PÉ 
Aproximadamente 60 por cento de qualquer grupo de pessoas possui algum tipo de incapacidade 
no pé. As mais frequentes deformidades do pé são: 
Pé calcâneo: a fraqueza do tríceps sural ou do fibular longo, ou ambos, permite que os músculos 
anteriores elevem a parte anterior do pé de modo que o peso gravite sobre o calcanhar. 
Pé equino: a fraqueza dos dorsiflexores permite a contratura do tríceps sural de modo que o 
calcanhar seja elevado e o peso gravite sobre os artelhos. É comum em mulheres que usam saltos muito 
altos com frequência e pode gerar calos e dedos em martelo. 
Pé varo:a fraqueza dos fibulares longo e curto pode permitir que os tibiais anterior e posterior 
tracionem o pé para uma inversão. 
Pé valgo: a fraqueza do tibial posterior ou dos plantares intrínsecos, ou a contratura do fibular 
longo podem produzir a eversão da planta do pé. 
Pé cavo: fraqueza do tríceps sural permite que os flexores desloquem o calcâneo para frente, a 
fáscia plantar se contrai formando um arco muito acentuado. (pé supinado, maior apoio no 5º meta) 
Pé plano: os músculos tibiais anterior e posterior e os plantares intrínsecos distendidos permitem 
que o pé ceda, diminuindo o arco plantar, principalmente o arco longitudinal medial, que desaba. (pé 
pronado, maior apoio no 1º meta) 
 
11.1- HÁLUX VALGO 
É um desvio lateral do grande artelho, causado frequentemente pelo uso de calçados com bicos 
finos por mulheres. (JOANETE) 
 
11.2- PÉ PLANO 
Caracterizado por pronação subtalar, calcâneo valgo e ausência do arco longitudinal medial do pé. 
O pé plano ou pé chato é normal em crianças até 2 ou 3 anos. Depois desta idade a camada de 
gordura da planta do pé é absorvida e o arco do pé começa a formar-se pelo próprio exercício de andar. 
Os pés planos das crianças podem ser corrigidos com tratamentos simples, tendo como base a 
realização de exercícios que favoreçam o fortalecimento da musculatura da planta dos pés, como 
caminhar descalço na areia, caminhar na ponta dos pés e pelo calcanhar, fazer movimentos circulares 
com as pontas dos pés, tentar pegar objetos com os dedos dos pés. 
Quando o pé chato é muito acentuado e flexível, pode provocar dores nas crianças. Além das 
dores, as crianças com pés planos podem sentir câimbras musculares, assim como outros incômodos, 
por isso a necessidade de se levar a criança a um ortopedista infantil. 
Enquanto os ossos da criança continuam crescendo, pode-se curar o pé plano. A idade máxima 
para reverter esse quadro é aos 15 anos. 
É importante definir se o tipo de deformidade da criança é móvel ou rígida, se é funcionalmente 
aceitável ou não e quais são as possíveis consequências para o futuro. 
Se a deformidade for rígida é mais preocupante e seu tratamento é muitas vezes cirúrgico. 
Se a deformidade for móvel ou fisiológica, normalmente tem caráter involutivo e vai diminuindo 
sem a intervenção de nenhum artefato externo. 
Classificação: 
Grau I – facilmente corrigível. Esse tipo de deformidade é passível de correção espontânea ou 
passa muitas vezes despercebida. 
Tornozelo e Pé Página 12 
 
Grau II – o tratamento por meio de palmilhas simples é muito demorado, sendo frequentemente 
impossível a correção completa. Há necessidade de utilizar-se botas especiais associadas às palmilhas 
feitas sob medida. 
Grau III – a deformidade é muito evidente, associando-se frequentemente à hipermobilidade 
articular ou frouxidão ligamentar. 
Pé valgo postural normal – até 2 anos é normal. Acima de 2 anos, avaliar: flexibilidade (apoio no 
antepé), retração (TFL, tríceps sural, MMII em geral), hipermobilidade articular. 
Pé plano funcional acentuado – de 4 a 7 anos com dor – palmilha. 
Pé plano flexível grave – tratamento cirúrgico após os 7 anos – osteotomia para medialização e 
distalização do calcâneo. 
Pé plano patológico – rígido, limitante, doloroso, progressivo. Causas: fraturas, doenças 
neuromusculares, barra óssea (união anormal entre calcâneo e navicular ou talo-navicular). Tratamento: 
artrodese. 
Pé plano flexível – apresenta o arco sem apoio, há mobilidade do retropé (calcâneo), avaliar 
relação com joelho valgo. 
Pé plano rígido – não apresenta arco nem retirando o apoio, sem mobilidade, é raro. 
 
11.3- PRONAÇÃO EXCESSIVA 
Os indivíduos com pé plano tem uma pronação excessiva durante a marcha, o que causa uma 
rotação medial compensatória da tíbia, podendo resultar em maior estresse na fáscia plantar, no tendão 
calcaneano e a membrana interóssea, podendo causar: canelites, condromalácia, fasciite plantar e 
tendinite do tendão calcaneano. 
 
11.4- PÉ CAVO 
Caracterizado por: Supinação subtalar, calcâneo varo e aumento do arco longitudinal medial. 
Apresenta elevação excessiva do arco longitudinal medial. O exagero dessa curvatura se 
caracteriza pela distribuição do peso em apenas dois pontos: o calcâneo e a cabeça dos metatarsos. 
Frequentemente ocorre um desequilíbrio na distribuição dos pontos de pressão, que pode ocasionar 
dores e calosidades na base dos dedos. 
Caracteriza-se por apresentar rigidez excessiva e inflexibilidade, dificultando o amortecimento das 
forças pelas arcadas plantares. Isso pode causar dificuldades de adaptação aos calçados, que, em geral, 
necessitam de suporte de arco, e dor ao realizar atividades como caminhar, correr e ficar longos 
períodos em pé. Em casos mais graves, pode causar incapacitação importante. 
Sua causa pode ser neurológica, ortopédica ou neuromuscular. 
Geralmente são observados desvios compensatórios ascendentes em joelhos, pelve e coluna, 
associados ao calcâneo varo. 
A melhor forma de compensar a rigidez e a falta de amortecimento de um pé cavo será com 
sapatos com características contrárias às do pé. Neste caso, o ideal é procurar sapatos que ofereçam 
mais flexibilidade e amortecimento de impactos. 
Outro fator é a acomodação de pé nos sapatos, além de uma boa folga no comprimento. O pé 
deve ajustar sem exceder a largura do sapato, promovendo a movimentação natural do pé. 
 
11.5- ENCURTAMENTO DO SOLEAR 
Deformidades provocadas pelo encurtamento do músculo solear: 
Limitação da dorsiflexão em cadeia cinética aberta ou pé equino varo em cadeia cinética fechada 
(varo por causa da pinça maleolar); 
Joelho recurvatum: o solear provoca a posteriorização da tíbia em cadeia cinética fechada; 
Joelho valgo (falso varo) 
Pé valgo e pé plano estáticos – o encurtamento do solear provoca fraqueza do tibial posterior, 
que não consegue manter o arco longitudinal medial, que desaba. 
Rotação externa da tíbia: aumenta o ângulo Q, aumentando também a resultante de forças sobre 
a patela, podendo provocar osteoartrose na articulação patelofemoral. 
 
Tornozelo e Pé Página 13 
 
11.6- FASCIITE PLANTAR 
Resultado do estiramento repetitivo da fáscia plantar, uma condição caracterizada por 
microlacerações e inflamação da fáscia plantar próximo de sua inserção no calcâneo. 
A fascite plantar é uma síndrome dolorosa muito frequente, mas sua exata etiologia ainda 
permanece obscura. O diagnóstico é essencialmente clínico e tem como base a história e o exame físico. 
Exames complementares laboratoriais e de imagem podem ser úteis no diagnóstico diferencial. O 
tratamento é essencialmente conservador, com elevada taxa de sucesso (ao redor de 90%). A essência 
do tratamento conservador é o programa domiciliar com exercícios para alongamento da fáscia plantar. 
A indicação do tratamento cirúrgico somente é feita quando os sintomas persistem sem melhoria 
significativa, após pelo menos seis meses de tratamento conservador supervisionado diretamente pelo 
médico ou fisioterapeuta. 
Sintomas: dor no calcanhar e/ou no arco do pé. Quarta causa mais comum de dor entre 
corredores e outros atletas, pode ser provocada pelos seguintes fatores anatômicos: pé plano, pé cavo 
rígido, tendão calcaneano tenso. 
Tratamento: palmilhas, eventuais modificações do treinamento, anti-inflamatórios, fisioterapia e 
repouso. 
Fisioterapia: Ultrassom, crioterapia, tratar a causa, reeducação postural, alongamento, orientação 
do calçado (distribuir peso), massagem na face plantar. 
 
11.7- CONTRATURA DE DUPUYTREN 
A contratura de Dupuytren resulta de afilamento, encurtamento e fibrose da fáscia palmar ou 
plantar. Normalmente, há presença de nódulos indolores ao longo da fáscia. Está presente em 16% a 
42% de todos os diabéticos. Leva a contratura em flexão dos dedos, em especial do quarto dedo da 
mão. Ocorre também dosegundo ao quinto dedos. 
 
11.8- ESPORÃO DO CALCÂNEO 
É uma formação óssea com a forma de uma ponta que se desenvolve na parte plantar ou na 
tuberosidade superior do calcâneo. 
Trata-se de um processo degenerativo que está relacionado a esforços e cargas na região do 
calcanhar (Lei de Wolf). Ele é resultante de um estiramento que lesa a fixação perióstica da fáscia 
plantar ao osso do calcanhar. 
Nem sempre causa dor, podendo ser assintomático por muitos anos (dependendo da intensidade 
do processo inflamatório). A dor é experimentada somente com o apoio de carga ou com pressão digital 
no local, podendo irradiar-se para outras regiões do calcanhar e, algumas vezes, anteriormente ao pé. 
A radiografia é o único meio certo de diagnóstico. 
Quanto mais rígida ou obesa for a pessoa, maior o esforço local. 
Aumento súbito em atividades diárias ou uma mudança de sapatos porde gerar o esporão. 
Tratamento: Nos casos mais intensos, deve-se recorrer ao tratamento cirúrgico não só pela 
retirada do esporão, como o alívio das pressões nessas regiões do calcanhar. Porém, a cirurgia é 
raramente indicada porque produz uma queratose plantar que é como uma cicatriz, que produz mais 
dor que o próprio esporão. 
Conduta: Utilização de palmilhas, sapatos com salto mais elevado, medicação e, nos casos mais 
intensos, imobilização completa por botas rígidas (plásticas ou gessadas). 
Fisioterapia: Ultrassom, crioterapia, tratar a causa, reeducação postural, alongamento, orientação 
do calçado (distribuir peso), massagem na face plantar. 
 
11.9- TENDINITE DO AQUILEU 
Envolve inflamação e, às vezes, microrrupturas dos tecidos no tendão calcaneano, acompanhadas 
tipicamente por edema. 
Está associada habitualmente com a corrida e as atividades de salto. 
O tendão do calcâneo é circundado pelo paratendão, em locais de atrito, 2 a 6 cm acima da 
inserção (bolsa sinovial). O suprimento de sangue no tendão do calcâneo é reduzido devido ao 
paratendão. Tendinite = lesão com ruptura. Paratendinite = inflamação do paratendão. 
Tornozelo e Pé Página 14 
 
Causas: carga prolongada e repetitiva, mudança de superfície para treinamento, calçado, técnica 
ou clima. 
Sintomas e diagnóstico: dor intensa e constante com edema difuso, dor a movimentação com 
crepitação (estágio subagudo ou crônico). 
Medidas preventivas: escolher calçado apropriado, apoio de calcanhar de 1 cm aliaviará a tensão; 
aquecimento e exercícios de alongamento e fortalecimento. 
 
11.10- RUPTURAS DO TENDÃO DO CALCÂNEO 
A) Ruptura parcial – lesão, inflamação, cicatrizes, cronicidade. 
Sintomas e diagnóstico: dor súbita ao término da atividade; dor cede ao repouso e retoma com a 
atividade; rigidez matinal, antes e após o exercício; dor localizada e pequeno edema local. 
Tratamento: 
 Repouso + gelo 
 Muletas se a dor for intensa 
 Sapatos com apoio no calcanhar 
 Imobilização por 4-6 semanas 
 Cirurgia para retirar tecido cicatricial 
 Tratamento cirúrgico: 5-6 semanas de imobilização 
 Recuperação em 10-12 semanas e competir após 4-6 meses. 
 
B) Ruptura total – tendões sofrem alterações degenerativas a partir de 25-30 anos. 
Causa: carga aumentada. 
Sintomas e diagnóstico: dor intensa na área da rotura na fase aguda; impossibilidade de andar na 
ponta do pé; edema crescente com sangramento; teste de Thompson positivo (falha no tendão). 
Tratamento: Cirúrgico. 
Cicatrização e complicações: imobilização por 6-8 semanas, TVP, mobilidade articular 
(alongamento), cirurgia (afastamento de 6-8 meses da competição). 
 
11.11- ENTORSES 
Estão entre as mais comuns de todas as lesões de tornozelo. 
Entorse – termo frequente usado em referência específica à lesão de um ligamento. 
Lesão – estiramento ou laceração de tecidos moles como cápsula articular, ligamentos, tendões 
ou músculos. 
Mecanismo de lesão: são causadas por uma súbita aplicação de força que exceda a resistência dos 
ligamentos, rodando o pé em inversão ou eversão. 
Visto que a cápsula articular e os ligamentos são mais fortes na face medial do tornozelo, as 
entorses por inversão envolvendo estiramento ou ruptura dos ligamentos laterais são muito mais 
comuns que as entorses por eversão dos ligamentos mediais, principalmente o talofibular anterior e o 
calcâneofibular. De fato, os feixes do ligamento deltoide são tão resistentes que é mais provável que a 
eversão excessiva possa resultar em fratura da fíbula distal que em ruptura do ligamento deltoide. 
Esta condição clínica é caracterizada pelo estiramento ou ruptura de um ou mais ligamentos do 
tornozelo. As entorses são classificadas quanto a sua gravidade que pode evoluir com vários graus de 
limitação funcional. 
Grau 1: distensão ligamentar sem rotura macroscópica, pequeno aumento de volume e pouca 
dor, leve ou nenhuma incapacidade funcional e sem instabilidade articular (estiramento). 
 
Tornozelo e Pé Página 15 
 
Grau 2: rotura parcial macroscópica do ligamento, com dor e aumento de volume moderados, 
perda da função e instabilidade articular leve a moderada. Porção maior do ligamento é danificada, que 
gera uma leve frouxidão da articulação. Presença de hematoma. 
Grau 3: Ruptura completa macroscópica do ligamento, considerável aumento de volume, 
hematoma e dor, perda de função e grave instabilidade articular. 
Cicatrização do ligamento: vascularização regular, cicatriza lentamente, reparo por tecido fibroso 
e colágeno, ruptura total deve ser suturada cirurgicamente. 
Diagnóstico: exames radiológicos, testes de instabilidade, ultrassonografia e RM. 
Objetivos do tratamento: melhorar o processo de cicatrização das estruturas envolvidas; 
estabilizar as articulações do pé e tornozelo, melhorando o equilíbrio e a coordenação; orientar AVDs e 
exercícios em casa. 
Tratamento: 
Grau I – crioterapia + compressão + elevação + fortalecimento muscular + propriocepção. 
Grau II – imobilização de 3 a 4 semanas, após 20 dias faz-se crioterapia + fortalecimento muscular 
+ propriocepção. 
Grau III – cirúrgico. 
A reabilitação tem por objetivo inicialmente, redução do edema, do sangramento, da dor e 
proteção do ligamento envolvido, que já se encontra em recuperação. Nesta fase realizar um controle 
do edema é crucial para o processo de recuperação. Diante disto, recomenda-se fazer uso do gelo por 
20-30 minutos a cada 3 horas para reduzir o metabolismo local e deter a hemorragia, elevação da perna 
para favorecer a ação da gravidade no sistema linfático de forma a permitir a redução do 
edema, repouso com intuito de aguardar que o processo inflamatório seja concluído. Porém vale 
ressaltar que repouso não significa não fazer nada. Podem ser feitos exercícios de baixa intensidade de 
dorsiflexão e flexão plantar e proteção da articulação com uso de imobilização que limite os 
movimentos de inversão e eversão do pé como o tipo “air cast” ou bota imobilizadora (robofoot), que 
irão auxiliar no controle do edema. Nesta fase estão contraindicados os exercícios vigorosos. 
Na segunda fase, após a retirada da imobilização, a fisioterapia motora composta por 
alongamento e fortalecimento já poderá ser aplicada com exercícios isométricos (contração sem 
movimento), evoluindo para isotônicos (com produção de movimento), agregando cargas progressivas 
com auxílio de faixas elásticas (thera band), tendo atenção ao grau de força aplicada. 
Pode-se aplicar o treino de descarga de peso gradativa sobre o pé acometido para iniciar o treino 
de marcha e adequar a propriocepção (consciência da posição do corpo). Podem ser introduzidos 
exercícios na bicicleta ergométrica, trabalhando a resistência muscular e a mobilização articular; 
técnicas como bandagens funcionais e kinesio taping (bandagem elástica) podem ser aplicadas também 
visando uma melhor estabilidade, controle de edema e redução do quadro álgico. 
Técnicas de eletroterapia são de fundamentalimportância, visto que aparelhos como o ultrassom, 
TENS, infravermelho e laser irão promover efeitos anti-inflamatórios, analgésicos, circulatórios e 
cicatriciais, respectivamente, que podem ser usados a partir do primeiro dia após a lesão, a depender do 
tipo de imobilização aplicada. 
Outra técnica muito interessante é a massagem transversa profunda de Cyriax, com o objetivo de 
quebrar as aderências promovidas pelas fibras de colágeno do tecido cicatricial formado após a lesão, 
que se tornarão fracas, sem flexibilidade e desalinhadas no período de reparação. Portanto a técnica irá 
promover uma melhor movimentação articular e muscular sem dores. 
À medida que o quadro álgico e o edema reduzem, o indivíduo ganha independência funcional 
com a realização de exercícios com cargas em ortostase (em pé), novos objetivos são importantes para 
adicionar à reabilitação da entorse. O ganho de força muscular aumenta gradativamente com exercícios 
cada vez mais complexos e se intensificam os exercícios de propriocepção, que irão promover uma 
melhor estabilidade articular e prevenir novas lesões com exercícios em tábuas de propriocepção, cama-
elástica, colchonetes, balancinho, giroplano, ortostase com apoio unipodal evoluindo para saltos, 
realização de treino pliométrico visando um aumento da ação neuromuscular, circuitos com treino de 
corrida associado a obstáculos e mudança de direção e terrenos estimulando todo o reequilíbrio e 
propriocepção das estruturas musculares, tendíneas e ligamentares. 
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O foco do tratamento não se baseia apenas na lesão ligamentar, seja ela lateral ou medial. Como 
dito anteriormente, nem sempre a entorse gera uma lesão no ligamento, ela pode promover uma lesão 
articular com subluxação antero-inferior da fíbula, sendo assim o tratamento mais indicado é a terapia 
manual, capaz de corrigir essa falha posicional com mobilizações articulares para reposicionar a fíbula 
distal posteriormente. Pode ser aplicada a técnica do Mulligan ou a técnica de Maitland, em que a 
mobilização é aplicada com movimentos ativos ou sem movimentos, respectivamente, promovendo 
aumento da amplitude articular para a inversão com redução do quadro álgico e edema. 
O objetivo da reabilitação é que o retorno do paciente ao esporte ou à atividade física, laboral ou 
social aconteça o mais breve e seguramente possível. Para isso é de fundamental importância que o 
paciente siga todas as etapas com supervisão do fisioterapeuta e que mantenha o ritmo de atividade 
para manter a estabilidade alcançada e se previna de novas lesões. Outro fator preventivo é a 
importância do aquecimento adequado e o uso correto dos calçados durante o dia-a-dia e nas práticas 
esportivas. 
 
11.11- NEUROMA DE MORTON 
Causa comum de metatarsalgia, desencadeada com maior frequência, pela compressão mecânica 
dos ramos digitais dos nervos plantares. Caracteriza-se por uma lesão não neoplásica, com formação de 
fibrose perineural do nervo plantar, com predileção pelo terceiro espaço digital, já que este é o sítio 
mais frequente da união dos ramos lateral e medial dos nervos digitais plantares, os quais espessados, 
ficam comprimidos dentro do terceiro espaço digital, potencializados pela maior mobilidade do quarto 
metatársico em relação ao terceiro metatársico, o que confere microtraumas de repetição. 
Há predileção pelo sexo feminino, com faixa etária a partir da quinta década de vida e relacionada 
ao uso de sapatos “antifisiológicos”, caracterizados por uma câmara anterior estreita, resultando em 
uma hiperextensão da articulação metatarsofalângica, a qual favorece a compressão do nervo contra o 
ligamento intermetatársico, potencializado por um compartimento posterior elevado, presente nestes 
sapatos. 
O neuroma de Morton, clinicamente, é apresentado pelos pacientes com uma sintomatologia de 
dor no antepé, a qual tem fator de melhora com a retirada do calçado e massagem dos dedos. Possui 
irradiação para os dedos, acompanhada ou não de fenômenos parestésicos nas áreas inervadas pelos 
ramos envolvidos, com dor tipo queimação, com piora a persistência ao uso dos calçados. 
Ao exame físico, durante a palpação, encontramos o Sinal de Mulder, caracterizado pela 
compressão látero-lateral das cabeças metatársicas com uma mão, enquanto a outra mão do 
examinador comprime o espaço acometido, na região plantar. Este teste pode produzir dor e um clique 
palpável (Mulder positivo), devido ao deslocamento do neuroma durante a compressão das cabeças 
metatársicas, sobre o nervo interdigital espessado, durante seu movimento pelo ligamento 
intermetatarsal transverso. 
Inicialmente, o tratamento institui-se a mudanças de hábitos, envolvendo o uso de calçados 
fisiológicos, associado ao uso de anti-inflamatórios não hormonais e fisioterapia, com o objetivo de 
alongamento da fáscia plantar e musculatura flexora dos dedos, associado ao ultrassom. Palmilhas para 
supressão da carga na região metatarsal acometida, com base retrocapital, pode ser usada como 
coadjuvante. 
Na falha do tratamento conservador, pode-se realizar a liberação cirúrgica do ligamento 
metatarsal transverso, para descompressão, ou a ressecção do neuroma e do segmento afetado do 
nervo.

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