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Prática de Leitura e Escrita em Língua Portuguesa Pt.3

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ARQUMENTAÇÃO
Giseli Novais da Silva
1. Discutindo teoria
Os estudos linguísticos sobre argumentação não são re-
centes. Desde a Grécia Antiga já existia a preocupação com
o domínio da expressão verbal, afinal os gregos participa-
vam de um regime democrático em que suas ideias teriam
que ser expostas publicamente para serem aceitas ou não.
Isso fez com que as escolas da época criassem disciplinas
que ensinassem a arte da habilidade com as palavras: a elo-
quência, a gramática, e a que mais se destacou foi a retóri-
ca. Com isso, a questão já não era mais falar, mas falar de
forma elegante, com arte e espírito. Mas enquanto na Grécia
Antiga a retórica passou a ser apenas um método embeleza-
dor do discurso, a retórica moderna se dedica ao estudo das
figuras de linguagem e técnicas de argumentação.
No que diz respeito a essas técnicas, ou ao que pre-
ferimos chamar de estratégias, Citelli (2004) explica que,
em qualquer texto, busca-se o convencimento, objetiva-se
os efeitos pragmáticos da linguagem. Isto é, ressalta-se a
capacidade que as palavras têm de influenciar as pessoas
e suas atitudes. Seguindo esse raciocínio entendemos que
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
a argumentação está na língua não importando qual meio
as pessoas usem-na para se comunicar, pois em todo texto
há uma ideologia, mesmo que o locutor ainda não tenha
plena consciência disso.
Portanto, afirmamos que não se pode fugir da realida-
de de que, com menor ou maior grau de intencionalidade,
persuadir faz parte da linguagem humana. Ou seja, "Ge-
neralizando um pouco é possível afirmar que o elemento
persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo."
Citelli (1997, p. 6). Dessa forma, entendemos que embo-
ra discurso e persuasão não se encontrem nos dicionários
definidos como sinónimos, na prática fica impossível fazer
uma divisão entre os dois termos seja qual for a forma dis-
cursiva utilizada.
Por falar em significados e definições, é relevante acres-
centar que a palavra persuadir vem do latin persuadere, a
qual significa aconselhar e é sinónimo de submeter, ten-
do assim, segundo Citelli (1997), uma vertente autoritária,
ou seja, quem aconselha quer levar o outro a aceitação de
uma ideia, e podemos dizer ainda que, quem aconselha,
normalmente, tem maior "poder" em relação ao aconse-
lhado. Para tanto, afirmamos que quem persuade age atra-
vés da linguagem, pretendendo produzir efeitos de senti-
do, respostas, estabelecendo mecanismos argumentativos
capazes de causar esses efeitos. Esses mecanismos podem
variar conforme o público ou o receptor do enunciado,
como por exemplo, palavras mais simples, ou estruturas
frasais mais diretas. Toda essa preocupação com a forma
ou o estilo a ser usado já é uma estratégia argumentativa
que o locutor pode usar em seu discurso. Tratando-se des-
ses mecanismos, Citelli (1997) cita as figuras de linguagem,
1901
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
especificamente a metáfora e a metonímia, afirmando que
elas se fazem importantes em alguns textos para prender
a atenção do receptor, pois rompem a significação própria
da palavra criando novos efeitos.
Poderemos fazer aqui a distinção entre três discursos,
dividindo-os em modos organizacionais. Dessa forma, te-
mos por Citelli (1997) o discurso lúdico que toma forma
mais democrática com menor grau de persuasão, quase
sem a presença de imperativos e sem uma verdade única e
acabada; o discurso polémico, que atrai uma atmosfera de
instigação com argumentos que podem ser contestados; e
o discurso autoritário que não permite questionamentos.
Para chegar a essas caracterizações, o autor analisa quatro
quesitos, a saber: distância (atitude do sujeito falante face
ao seu enunciado); modalização (modo de construção do
enunciado); tensão (relação que se estabelece entre locu-
tor e interlocutor) e transparência (grau de opacidade e ou
transparência do enunciado).
Essas modalidades servirão mais tarde para a nossa
análise dos géneros textuais selecionados, nos quais iremos
apontar essas e outras características argumentativas.
No entanto, para não só fazermos a análise do tipo de
discurso utilizado faz-se necessário falar também da es-
trutura do texto argumentativo na qual se destaca o au-
tor Othon M. Garcia, que define assim a argumentação:
"Convencer ou tentar convencer mediante a apresentação
de razões em face da evidência das provas e à luz de um
raciocínio coerente e consistente. (2000, p.380)."
Para o autor, o ato de argumentar está intimamente re-
lacionado à consistência dos fatos. Desse modo, ele es-
tabelece condições para haver argumentação nos textos
191
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
a argumentação está na língua não importando qual meio
as pessoas usem-na para se comunicar, pois em todo texto
há uma ideologia, mesmo que o locutor ainda não tenha
plena consciência disso.
Portanto, afirmamos que não se pode fugir da realida-
de de que, com menor ou maior grau de intencionalidade,
persuadir faz parte da linguagem humana. Ou seja, "Ge-
neralizando um pouco é possível afirmar que o elemento
persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo."
Citelli (1997, p. 6). Dessa forma, entendemos que embo-
ra discurso e persuasão não se encontrem nos dicionários
definidos como sinónimos, na prática fica impossível fazer
uma divisão entre os dois termos seja qual for a forma dis-
cursiva utilizada.
Por falar em significados e definições, é relevante acres-
centar que a palavra persuadir vem do latin persuadere, a
qual significa aconselhar e é sinónimo de submeter, ten-
do assim, segundo Citelli (1997), uma vertente autoritária,
ou seja, quem aconselha quer levar o outro a aceitação de
uma ideia, e podemos dizer ainda que, quem aconselha,
normalmente, tem maior "poder" em relação ao aconse-
lhado. Para tanto, afirmamos que quem persuade age atra-
vés da linguagem, pretendendo produzir efeitos de senti-
do, respostas, estabelecendo mecanismos argumentativos
capazes de causar esses efeitos. Esses mecanismos podem
variar conforme o público ou o receptor do enunciado,
como por exemplo, palavras mais simples, ou estruturas
frasais mais diretas. Toda essa preocupação com a forma
ou o estilo a ser usado já é uma estratégia argumentativa
que o locutor pode usar em seu discurso. Tratando-se des-
ses mecanismos, Citelli (1997) cita as figuras de linguagem,
1 9 0 1
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
especificamente a metáfora e a metonímia, afirmando que
elas se fazem importantes em alguns textos para prender
a atenção do receptor, pois rompem a significação própria
da palavra criando novos efeitos.
Poderemos fazer aqui a distinção entre três discursos,
dividindo-os em modos organizacionais. Dessa forma, te-
mos por Citelli (1997) o discurso lúdico que toma forma
mais democrática com menor grau de persuasão, quase
sem a presença de imperativos e sem uma verdade única e
acabada; o discurso polémico, que atrai uma atmosfera de
instigação com argumentos que podem ser contestados; e
o discurso autoritário que não permite questionamentos.
Para chegar a essas caracterizações, o autor analisa quatro
quesitos, a saber: distância (atitude do sujeito falante face
ao seu enunciado); modalização (modo de construção do
enunciado); tensão (relação que se estabelece entre locu-
tor e interlocutor) e transparência (grau de opacidade e ou
transparência do enunciado).
Essas modalidades servirão mais tarde para a nossa
análise dos géneros textuais selecionados, nos quais iremos
apontar essas e outras características argumentativas.
No entanto, para não só fazermos a análise do tipo de
discurso utilizado faz-se necessário falar também da es-
trutura do texto argumentativo na qual se destaca o au-
tor Othon M. Garcia, que define assim a argumentação:
"Convencer ou tentar convencer mediante a apresentação
de razões em face da evidênciadas provas e à luz de um
raciocínio coerente e consistente. (2000, p.380)."
Para o autor, o ato de argumentar está intimamente re-
lacionado à consistência dos fatos. Desse modo, ele es-
tabelece condições para haver argumentação nos textos
191 l
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
a argumentação está na língua não importando qual meio
as pessoas usem-na para se comunicar, pois em todo texto
há uma ideologia, mesmo que o locutor ainda não tenha
plena consciência disso.
Portanto, afirmamos que não se pode fugir da realida-
de de que, com menor ou maior grau de intencionalidade,
persuadir faz parte da linguagem humana. Ou seja, "Ge-
neralizando um pouco é possível afirmar que o elemento
persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo."
Citelli (1997, p. 6). Dessa forma, entendemos que embo-
ra discurso e persuasão não se encontrem nos dicionários
definidos como sinónimos, na prática fica impossível fazer
uma divisão entre os dois termos seja qual for a forma dis-
cursiva utilizada.
Por falar em significados e definições, é relevante acres-
centar que a palavra persuadir vem do latin persuadere, a
qual significa aconselhar e é sinónimo de submeter, ten-
do assim, segundo Citelli (1997), uma vertente autoritária,
ou seja, quem aconselha quer levar o outro a aceitação de
uma ideia, e podemos dizer ainda que, quem aconselha,
normalmente, tem maior "poder" em relação ao aconse-
lhado. Para tanto, afirmamos que quem persuade age atra-
vés da linguagem, pretendendo produzir efeitos de senti-
do, respostas, estabelecendo mecanismos argumentativos
capazes de causar esses efeitos. Esses mecanismos podem
variar conforme o público ou o receptor do enunciado,
como por exemplo, palavras mais simples, ou estruturas
frasais mais diretas. Toda essa preocupação com a forma
ou o estilo a ser usado já é uma estratégia argumentativa
que o locutor pode usar em seu discurso. Tratando-se des-
ses mecanismos, Citelli (1997) cita as figuras de linguagem,
1901
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
especificamente a metáfora e a metonímia, afirmando que
elas se fazem importantes em alguns textos para prender
a atenção do receptor, pois rompem a significação própria
da palavra criando novos efeitos.
Poderemos fazer aqui a distinção entre três discursos,
dividindo-os em modos organizacionais. Dessa forma, te-
mos por Citelli (1997) o discurso lúdico que toma forma
mais democrática com menor grau de persuasão, quase
sem a presença de imperativos e sem uma verdade única e
acabada; o discurso polémico, que atrai uma atmosfera de
instigação com argumentos que podem ser contestados; e
o discurso autoritário que não permite questionamentos.
Para chegar a essas caracterizações, o autor analisa quatro
quesitos, a saber: distância (atitude do sujeito falante face
ao seu enunciado); modalização (modo de construção do
enunciado); tensão (relação que se estabelece entre locu-
tor e interlocutor) e transparência (grau de opacidade e ou
transparência do enunciado).
Essas modalidades servirão mais tarde para a nossa
análise dos géneros textuais selecionados, nos quais iremos
apontar essas e outras características argumentativas.
No entanto, para não só fazermos a análise do tipo de
discurso utilizado faz-se necessário falar também da es-
trutura do texto argumentativo na qual se destaca o au-
tor Othon M. Garcia, que define assim a argumentação:
"Convencer ou tentar convencer mediante a apresentação
de razões em face da evidência das provas e à luz de um
raciocínio coerente e consistente. (2000, p.380)."
Para o autor, o ato de argumentar está intimamente re-
lacionado à consistência dos fatos. Desse modo, ele es-
tabelece condições para haver argumentação nos textos
191 l
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
orais ou escritos, tendo ela que se basear na lógica e não
no que ele chama de "juízos de simples inspeção" que são
os preconceitos, superstições ou generalizações apressa-
das. Nesse caso, podemos ampliar a discussão, citando
o que Garcia define como Sofismas, que nos remete ao
"raciocínio vicioso ou falacioso", e mais: "raciocínio falso
elaborado com a intenção de enganar". (2000, p.316). No
entanto, segundo o autor, há duas maneiras de errar com
os argumentos: raciocinando mal com dados correios, ou
raciocinando bem com dados falsos.
O fato é que as condições para se obter um texto ar-
gumentativo nos são apresentadas de uma forma tão cri-
teriosa por Garcia, que parece estarmos tratando de uma
linguagem judicial. Vemos isso quando ele explicita que
para que os argumentos sejam claros, necessitam de evi-
dência, uma vez considerada por Descartes como o critério
da verdade, ou "certeza manifesta que se chega pelo racio-
cínio ou pela apresentação de fatos". Essas evidências se
manifestam num texto argumentativo por meio de fatos,
exemplos, ilustrações, dados estatísticos e testemunhos,
os quais para o autor são de fundamental importância para
dar credibilidade a um discurso que se diz argumentativo,
elevando a consistência do texto.
Além das evidências, o texto argumentativo é também
composto de uma estrutura que o identifica como tal. Essa
estrutura nos é colocada por Garcia (2000) sob dois as-
pectos: o da argumentação informal e o da argumentação
formal, ambas compostas por quatro estágios.
Os estágios da argumentação informal que compõem a
estrutura do texto são: a proposição, a concordância parcial,
a contestação e a conclusão. Já na argumentação formal,
1 9 2 1
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
temos: a proposição, a análise da proposição, a formulação
dos argumentos e a conclusão. Assim, entendemos que o
que difere a argumentação formal da informal são, prin-
cipalmente, os estágios da concordância parcial e análise
da proposição. Enquanto esta aparece num texto de argu-
mentação formal conceituando elementos da proposição,
aquela aparece na argumentação informal apresentando
"os dois lados da moeda" em relação à proposição, opon-
do-se à argumentação formal na qual a tese deve ser bem
definida e inconfundível quanto ao que nega ou afirma.
Vimos então a estrutura básica de um texto argumenta-
tivo, mas convém lembrar que argumentar implica, segundo
Garcia (2000), divergência, portanto não se pode argumen-
tar sobre verdades universais, como por exemplo, o fato de o
homem ser um ser vivo; e ainda convém ressaltar que o as-
sunto a ser abordado deve ser específico, pois para o autor,
argumentar sobre generalidades seria quase impossível.
Podemos perceber então que existem condições favore-
cedoras de uma argumentação realmente clara e consisten-
te, porém sempre refutável já que só se argumenta sobre
temas divergentes. Contudo, salientamos que estamos sem-
pre colocando a linguagem à disposição dos nossos ideais,
da nossa cultura, do que achamos que é verdade, já que so-
mos seres dotados de vontades e formamos a todo instante
juízo de valor sobre as coisas. Como podemos ver:
É por esta razão que se pode afirmar que o ato de argu-
mentar, isto é, de orientar o discurso no sentido de deter-
minadas conclusões, constitui o ato linguístico fundamen-
tal, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia,
na acepção mais ampla do termo. (Koch, 2004: 17)
1931
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
orais ou escritos, tendo ela que se basear na lógica e não
no que ele chama de "juízos de simples inspeção" que são
os preconceitos, superstições ou generalizações apressa-
das. Nesse caso, podemos ampliar a discussão, citando
o que Garcia define como Sofismas, que nos remete ao
"raciocínio vicioso ou falacioso", e mais: "raciocínio falso
elaborado com a intenção de enganar". (2000, p.316). No
entanto, segundo o autor, há duas maneiras de errar com
os argumentos: raciocinando mal com dados correios, ou
raciocinando bem com dados falsos.
O fato é que as condições para se obter um texto ar-gumentativo nos são apresentadas de uma forma tão cri-
teriosa por Garcia, que parece estarmos tratando de uma
linguagem judicial. Vemos isso quando ele explicita que
para que os argumentos sejam claros, necessitam de evi-
dência, uma vez considerada por Descartes como o critério
da verdade, ou "certeza manifesta que se chega pelo racio-
cínio ou pela apresentação de fatos". Essas evidências se
manifestam num texto argumentativo por meio de fatos,
exemplos, ilustrações, dados estatísticos e testemunhos,
os quais para o autor são de fundamental importância para
dar credibilidade a um discurso que se diz argumentativo,
elevando a consistência do texto.
Além das evidências, o texto argumentativo é também
composto de uma estrutura que o identifica como tal. Essa
estrutura nos é colocada por Garcia (2000) sob dois as-
pectos: o da argumentação informal e o da argumentação
formal, ambas compostas por quatro estágios.
Os estágios da argumentação informal que compõem a
estrutura do texto são: a proposição, a concordância parcial,
a contestação e a conclusão. Já na argumentação formal,
192
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
temos: a proposição, a análise da proposição, a formulação
dos argumentos e a conclusão. Assim, entendemos que o
que difere a argumentação formal da informal são, prin-
cipalmente, os estágios da concordância parcial e análise
da proposição. Enquanto esta aparece num texto de argu-
mentação formal conceituando elementos da proposição,
aquela aparece na argumentação informal apresentando
"os dois lados da moeda" em relação à proposição, opon-
do-se à argumentação formal na qual a tese deve ser bem
definida e inconfundível quanto ao que nega ou afirma.
Vimos então a estrutura básica de um texto argumenta-
tivo, mas convém lembrar que argumentar implica, segundo
Garcia (2000), divergência, portanto não se pode argumen-
tar sobre verdades universais, como por exemplo, o fato de o
homem ser um ser vivo; e ainda convém ressaltar que o as-
sunto a ser abordado deve ser específico, pois para o autor,
argumentar sobre generalidades seria quase impossível.
Podemos perceber então que existem condições favore-
cedoras de uma argumentação realmente clara e consisten-
te, porém sempre refutável já que só se argumenta sobre
temas divergentes. Contudo, salientamos que estamos sem-
pre colocando a linguagem à disposição dos nossos ideais,
da nossa cultura, do que achamos que é verdade, já que so-
mos seres dotados de vontades e formamos a todo instante
juízo de valor sobre as coisas. Como podemos ver:
É por esta razão que se pode afirmar que o ato de argu-
mentar, isto é, de orientar o discurso no sentido de deter-
minadas conclusões, constitui o ato linguístico fundamen-
tal, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia,
na acepção mais ampla do termo. (Koch, 2004: 17)
1931
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
Koch (2004) ainda ressalta que, se admitimos essa te-
oria, nos permitimos pensar que a distinção feita tradicio-
nalmente entre argumentação e dissertação, tendo esta a
função de expor ideias alheias imparcialmente, desaparece
já que a própria seleção das ideias a serem reproduzidas
implica uma opção. Segundo a autora, nos textos descriti-
vos e narrativos também se faz presente a argumentação,
mesmo que em menor grau.
Ao falarmos da estrutura do texto argumentativo e suas
condições, não usamos o termo persuadir e sim, conven-
cer, isso porque, para o autor que as descrevia, o conceito
de argumentação está relacionado aos princípios da lógi-
ca. Sobre isso Koch (2004) cita Perelman (1970), para fazer
certa distinção entre os termos persuadir e convencer. Diz
que a persuasão busca atingir o interlocutor por meio dos
sentimentos, da vontade, por meio de argumentos plausí-
veis ou verossímeis, estando, portanto, vinculada à emo-
ção; enquanto que convencer é estritamente ligado à razão,
por meio de provas objetivas e claras, no entanto ligado à
lógica. Supomos, por isso, que há maneiras distintas de ar-
gumentar: por meio da persuasão ou convencimento, que
provavelmente serão utilizadas conforme for a intenção do
locutor, seu público alvo e, especialmente, o género que
ele utilizará para expor seus argumentos.
2. Conhecendo os Textos
Visto que utilizaremos textos para nos servir de análise
e para pormos em prática os nossos conhecimentos sobre
as estratégias argumentativas, cabe-nos reconhecer esses
textos, primeiramente reconhecendo que são de diferentes
géneros, sendo eles a crónica, a coluna de opinião de revis-
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
ta e o artigo científico. Sendo que os três géneros citados,
embora distintos, podem ser encontrados num mesmo ve-
ículo de comunicação: a revista ou jornal, por exemplo,
mas assumem funções diferentes diante da sociedade.
A crónica, texto criado para circular exclusivamente na
imprensa, pode conter um teor informativo, mas tem uma
particularidade de envolver num mesmo texto fantasia, hu-
mor, certo teor de criticidade e ficção, dependendo do toque
pessoal que o cronista queira dar. Normalmente o leitor lê a
crónica considerando-a uma leitura leve e agradável, já que
se trata de temas relacionados ao seu cotidiano, podendo
passar despercebido o teor argumentativo que está presente.
A coluna de opinião já é mais voltada para o leitor que pre-
tende saber a opinião de alguém sobre determinado assunto.
Espera-se, então, que o leitor já saiba que irá encontrar nessa
leitura algo de persuasivo. Por sua vez, o artigo científico pre-
tende de início informar o leitor sobre algo voltado à saúde ou
descobertas científicas. No entanto, notamos que nesse tipo
de texto, especialmente quando se tratar de temas polémicos,
o cientista usará provavelmente estratégias de argumentação
para convencer o leitor de suas teses científicas.
3. Concluindo
Partindo do pressuposto teórico apresentado, podemos
comprovar que toda ação linguística contém traços argu-
mentativos e que toda forma de comunicação se dá através
de algum género textual.
Com a análise que faremos nos textos anexos, compro-
varemos esse processo nato da língua de argumentar, visto
que, até mesmo em textos que não são de predominân-
cia persuasiva, como é o caso da crónica, encontraremos
195
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
estratégias argumentativas que atestam a inexistência do
mito da neutralidade da língua.
Vale ressaltar que reconhecer que a língua, em qual-
quer situação discursiva, traz aspectos argumentativos, é
de suma importância, não apenas para os estudiosos da
área, mas para qualquer cidadão, já que, saber dos efeitos
de sentido os quais a linguagem produz torna o falante/
ouvinte apto a utilizá-la com criticidade e autonomia.
4. Textos para Atividade
TEXTO l
Professor não é coitado
Sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
O professor brasileiro é um herói. Batalha com afinco
contra tudo e todos em prol de uma educação de qualidade
em um país que não se importa com o tema, ensinando em
salas hiperlotadas de escolas em péssimo estado de con-
servação. Tem de trabalhar em dois ou três lugares, com
uma carga horária exaustiva. Ganha um salário de fome, é
constantemente acossado pela indisciplina e desinteresse
dos alunos e não conta com o apoio dos pais, da comuni-
dade, do governo e da sociedade em geral.
Se você tem lido a imprensa brasileira nos últimos vin-
te anos, provavelmente é assim que você pensa. Permita-
me gerar dúvidas.
Segundo a última Sinopse Estatística do Ensino Supe-
rior, em 2005 havia 904.000 alunos matriculados em cursos
da área de educação, ou o equivalente a 20% do total de
alunos do país. É a área de estudo mais popular, deixando
1 9 6 1
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
para trás gerenciamento e administração (704.000) e direi-
lo (565.000). Ademais, é uma área que só faz crescer: em
2001, eram 653.000alunos - um aumento de quase 40%
em apenas quatro anos.
No mercado profissional, os números do professora-
do também são mastodônticos. Segundo dados da última
Pnad tabulados por Simon Schwartzman, há 2,9 milhões
de professores em todo o país. É provavelmente a catego-
ria profissional mais numerosa.
Surge o questionamento: se a carreira de professor é
esse inferno que se pinta, por que tantas pessoas optam por
ela? Pior: por que esse interesse aumenta ano a ano? Seria
uma categoria que atrai masoquistas? Ou desinformados?
A resposta é mais simples: porque a realidade da carreira
de professor é bastante diferente da imagem difundida. A maio-
ria dos professores trabalha em apenas uma escola. Segundo
o Perfil dos Professores Brasileiros, ampla pesquisa realizada
pela Unesco, 58,5% têm apenas um local de trabalho. Os que
fazem dupla jornada são pouco menos de um terço: 32,2%. Só
9%, portanto, trabalham em três escolas ou mais. Sua carga
horária também não é das mais massacrantes: 31% trabalham
entre uma e vinte horas em sala de aula por semana, 54% fi-
cam entre 21 e quarenta horas e o restante trabalha mais de
quarenta horas. Os professores costumam argumentar que seu
trabalho se estende para fora da sala de aula, com correção de
tarefas, preparação de aulas etc. Nisso, não são diferentes de
todos os outros profissionais liberais - qual o médico que não
estuda fora do consultório ou o advogado que não pesquisa a
legislação nos horários fora do escritório?
O que os representantes da categoria não costumam
mencionar são as vantagens da profissão: as férias longas,
a estabilidade no emprego e o regime especial de aposen-
1 9 7 1
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
tadoria (80% são funcionários públicos) e, sobretudo, a
regulamentação frouxa. No estado de São Paulo, 13% dos
professores da rede estadual faltam a cada dia, contra l %
daqueles da rede privada. Há um amontoado de proteções
jurídicas para que essa ausência não redunde em perda
salarial - infelizmente, não conseguimos blindar o apren-
dizado dos alunos contra as faltas docentes.
Não é correta, também, a ideia de que os professores
trabalham em estabelecimentos superlotados. Segundo os
dados oficiais, há 27 alunos por turma no ensino funda-
mental (de 1a a 8a série). A relação só sobe nos três anos
do ensino médio, para 37 alunos por turma - dentro da
normalidade, portanto.
Tampouco procede a ideia de que as escolas não tenham
as condições mínimas de infra-estrutura para a realização
de aulas. As histórias de escolas de lona ou de lata rendem
muito noticiário justamente por serem a exceção, a aberra-
ção. Mais de 90% de nossas escolas de ensino fundamental
têm banheiro, água encanada e esgoto, e 87% contam com
eletricidade. Quase um terço tem quadra esportiva, e 42%
dispõem de computadores. Certamente há muito que me-
lhorar, mas é igualmente certo que o nosso professorado
não trabalha em condições infra-estruturais sofríveis.
A ideia de um professor acuado pela violência também
não se confirma quando contrastada com a frieza dos dados.
Questionário respondido pelos professores quando da aplica-
ção do Saeb, o teste do ensino básico, revela que apenas 3%
deles haviam visto, em toda a sua carreira, alunos com armas
de fogo, que só 5,4% dos professores já foram ameaçados e
0,7% sofreu agressão de aluno. São incidentes lamentáveis e
que devem ser punidos com todo o rigor da lei. Essa quanti-
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
dade de problemas, porém, está longe de indicar uma epide-
mia de violência tomando conta das nossas escolas.
Finalmente, a questão crucial: o salário. Há uma ideia
encravada na mente do brasileiro de que professor ganha
pouco, uma mixaria. É verdade que o professor brasileiro
tem um salário absoluto baixo - o que se explica pelo fato
de ele ser brasileiro, não professor. Somos um país pobre,
com uma massa salarial baixa. O professor tem um contra-
cheque de valor baixo, assim como médicos, carteiros, ban-
cários, jornalistas e todas as demais categorias profissionais
do país, com exceção de congressistas (e suas amantes).
Quando estudos econométricos comparam o salário dos
professores com o das outras carreiras, levando em consi-
deração a jornada laborai e as características pessoais dos
trabalhadores, não há diferença para a categoria dos docen-
tes. Ou seja, os professores ganham aquilo que é compatível
com a sua formação e o seu trabalho, e ganhariam valor
semelhante se optassem por outra carreira. Quando se leva
em conta a diferença de férias e aposentadoria, o salário do
professor é mais alto do que o do restante. Estudo recente
de Samuel Pessoa e Fernando de Holanda, da FGy também
mostrou que o salário do professor de escola pública é mais
alto do que aquele recebido por seu colega de escola parti-
cular. Achados semelhantes emergem quando se compara o
professor brasileiro com aquele de outros países. Enquanto
aqui ele ganha o equivalente a l ,5 vez a renda média do país,
a média dos países da OCDE (que têm a melhor educação do
planeta) é de 1,3. Na América do Sul, os países com quali-
dade de ensino melhor que a brasileira têm professores que
recebem menos: 0,85 na Argentina, 0,75 no Uruguai e 1,25
no Chile. Esses são dados um pouco defasados, de 2005. É
1 9 9 1
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
provável que atualmente o quadro seja ainda melhor, pois
os estudos sobre o tema mostram que os rendimentos dos
professores vêm aumentando, à medida que mais deles têm
diploma universitário. Segundo os dados da última Pnad co-
lhidos por Schwartzman, houve um aumento de 20% nos
rendimentos dos professores da rede estadual e de 16% nos
da rede municipal apenas entre 2005 e 2006.
Apesar de todos esses dados estarem amplamente dis-
poníveis, perdura a visão de que o professor é um coitado
e/ou um herói, fazendo esforços hercúleos para carregar
o pobre aluno ladeira acima. Longe de ser uma questão
apenas semântica ou psicológica, essa caracterização do
professor é extremamente daninha para o progresso do
nosso ensino, porque ela emperra toda e qualquer agen-
da de mudança. A literatura empírica aponta que há mui-
to que professores, diretores e gestores públicos podem
fazer para obter melhorias substanciais no aprendizado
de nossos alunos, mas é quase impossível ter qualquer
discussão produtiva nesse sentido no Brasil, pois, antes
de mais nada, seria necessário "recuperar a dignidade do
magistério", "dar condições mínimas de trabalho aos pro-
fessores" etc. A mitificação do nosso professor impede que
o vejamos como ele é: um profissional, adulto, consciente
de suas decisões e potencialidades, inserido em uma cate-
goria profissional que, como todas as outras, abriga muita
gente competente, muita gente incompetente e muitos ou-
tros medíocres e que, portanto, deve receber não apenas
encorajamento e defesa condescendentes, mas também
cobranças e críticas construtivas e avaliações objetivas de
seus méritos e falhas. Só assim melhoraremos o desempe-
nho das nossas escolas e daremos um futuro ao país.
11001
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
TEXTO 2:
Super polémico: Ideias que desafiam o senso comum
por Fernando Travi
A) REMÉDIOS SÃO VENENOS
"A doença é um meio natural de o nosso organismo al-
cançar a cura" humanidade vem sendo enganada há milha-
res de anos por feiticeiros, curandeiros e charlatões com
suas poções, extratos, pílulas e outros métodos de "cura".
A ideia de que algo exterior ao organismo pode curar uma
"doença" revela todo o desconhecimento sobre a natureza
da saúde. Os remédios usados por curandeiros e pela me-
dicina tradicional não passam de ilusões. A razão é simples:
o princípio de que os remédios "curam" é falso. Remédios
não curam ninguém, só adoecem. E as doenças não deve-
riam ser curadas porque são a própria cura - já que a re-
cuperação da saúde é um processo fisiológico naturalque
não pode ser substituído por qualquer meio externo.
Curar-se é tão natural quanto a reprodução, a digestão
e o crescimento. O que se convencionou chamar de "doen-
ça", tal como a febre, a dor, a inflamação e a infecção, é, na
maioria das vezes, um processo de eliminação de toxinas
e de reparação realizado pelo organismo para recuperar a
saúde. O processo de cura é sempre desagradável. E isso
é perfeito e natural. Não podemos ser recompensados pê-
los nossos erros. Quando alguém respira ar poluído, come
alimento impróprio, ingere álcool, remédios, fica irritado,
preocupado, ou seja, ataca sua saúde, certamente adoe-
cerá. Após semanas, meses ou anos, os resultados serão
1101
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
reumatismos, infecções, câncer etc. Ninguém adoece sem
motivo. Se há um efeito, há uma causa. E a causa é sem-
pre um ambiente inadequado à vida e maus hábitos. Ora,
quando se procura curar por meio de um remédio se está
tentando eliminaro sintoma sem eliminar a causa. É uma
tentativa charlatanesca de anular a "lei da causa e efeito".
Se alguém ingeriu álcool e está bêbado, somente parando
de ingerirálcool poderá curar-se. Os remédios apenas su-
primem o sintoma, a reação orgânica benéfica de autocu-
ra. Os remédios contêm princípios ativos que, na verdade,
são venenos ativos: provocam efeitos colaterais e reações
adversas que são sinais de envenenamento.
Tudo o que não é alimento é veneno. Se queremos sobre-
viver e ter saúde, devemos somente ingerir alimentos - e não
remédios. O que o organismo não pode digerir e assimilar
precisa ser eliminado. Quando algumas dessas substâncias
se combinam quimicamente com as células, essas terminam
morrendo. Todos os remédios, sem exceção, são venenos. A
grande maioria das doenças modernas são doenças iatrogê-
nicas, isto é, frutos da ingestão de remédios que aparecem
anos após o "tratamento" com essas substâncias.
Os remédios fazem tão mal às pessoas saudáveis quan-
to fazem aos doentes - já que as mesmas leis válidas para
uma pessoa saudável também valem para os doentes. Eles
não deixam de ser venenos simplesmente porque foram
receitados e sempre fazem mal, não importa a quantidade.
Quando alguém diz que o remédio atua sobre o organismo
não entende que, na verdade, ele não está curando nin-
guém. Esses efeitos são decorrentes da reação do corpo a
essas substâncias. Não é o remédio que é antiinflamató-
rio ou anticancerígeno. Quem inflama e desinflama, quem
l 1021
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
produz um tumor e reabsorve esse tumor é o organismo. O
corpo não é suicida. Ele faz o melhor para manter a vida e
a saúde. Tomar remédio para eliminar um sintoma é inter-
romper um processo natural e saudável de cura que, mais
tarde, o organismo precisará retomar.
As mortes com sofrimento decorrem da prática de dro-
gar o doente. A velha e conflável aspirina é um veneno
mortal e está proibida na Inglaterra para quem tem até 16
anos - já destruiu a saúde de milhares de crianças em todo
o mundo. O Interferon, que, na década de 8o, era anun-
ciado como a "cura do câncer", foi mais um fracasso; a
talidomida, testada por mais de três anos, aleijou milhares.
Isso para não falar dos antibióticos, que acabam com nos-
sa imunidade e, como diz o próprio nome, são "antivida".
A maioria dos remédios que estavam em uso há 20 anos
já não são usados porque são "ineficientes". Não há espe-
rança de que a cura de alguma doença apareça dos remé-
dios. A saúde não é fruto de remédios, vacinas ou qualquer
outra substância externa ao corpo. Ela é fruto de bons há-
bitos de vida e de um ambiente amigável. Os remédios ge-
ram muita riqueza para seus fabricantes, mas escravizam
e matam seus usuários. Nada substitui o poder curativo
exclusivo do organismo. Os remédios são a herança tardia
dos caldeirões dos feiticeiros e curandeiros disfarçada de
prática científica.
* Fernando Travi é biogenista e presidente da Socieda-
de Brasileira de Biogenia e Higienismo. e-ma\l:etravi@uol.
com.br
Os artigos publicados nesta seção não traduzem ne-
cessariamente a opinião da super.
l 103
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
TEXTO 3
Fazer 30 anos
Affonso Romano de SantAnna
Quatro pessoas, num mesmo dia, me dizem que vão fazer
30 anos. E me anunciam isto com uma certa gravidade. Ne-
nhuma está dizendo: vou tomar um sorvete na esquina, ou:
vou ali comprar um jornal. Na verdade estão proclamando:
vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cum-
plicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave.
Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há al-
gumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir
numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é
chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais
agudamente descortinar.
Fazer 40, 50 ou 60 é um outro ritual, uma outra crónica, e
um dia eu chego lá. Mas fazer 30 anos é mais que um rito de
passagem, é um rito de iniciação, um ato realmente inaugural.
Talvez haja quem faça 30 anos aos 25, outros aos 45, e alguns,
nunca. Sei que tem gente que não fará jamais 30 anos. Não há
como obrigá-los. Não sabem o que perdem os que não querem
celebrar os 30 anos. Fazer 30 anos é coisa fina, é começar a pro-
var do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternida-
de. O paladar, o tato, o olfato, a visão e todos os sentidos estão
começando a tirar prazeres indizíveis das coisas. Fazer 30 anos,
bem poderia dizer Clarice Lispector, é cair em área sagrada.
Até os 30, me dizia um amigo, a gente vai emitindo
promissórias. A partir daí é hora de começar a pagar. Mas
também se poderia dizer: até essa idade fez-se o aprendi-
zado básico. Cumpriu-se o longo ciclo escolar, que parecia
interminável, já se foi do primário ao doutorado. A profis-
I 1041
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
são já deve ter sido escolhida. Já se teve a primeira mesa
de irabalho, escritório ou negócio. Já se casou a primeira
vê/, já se teve o primeiro filho. A vida já se inaugurou em
fraldas, fotos, festas, viagens, todo tipo de viagens, até das
drogas já retornou quem tinha que retornar.
Quando alguém faz 30 anos, não creiam que seja uma
coisa fácil. Não é simplesmente, como num jogo de amare-
l inha , pular da casa dos 29 para a dos 30 saltitantemente.
Fazer 30 anos é cair numa epifania. Fazer 30 anos é como
ir à Europa pela primeira vez. Fazer 30 anos é como o mi-
neiro vê pela primeira vez o mar.
Um dia eu fiz 30 anos. Estava ali no estrangeiro, es-
tranho em toda a estranheza do ser, à beira-mar, na Cali-
fórnia. Era um homem e seus trinta anos. Mais que isto:
um homem e seus trinta amos. Um homem e seus trinta
corpos, como os anéis de um tronco, cheio de eus e nós,
arborizado, arborizando, ao sol e a sós.
Na verdade, fazer 30 anos não é para qualquer um. Fazer
30 anos é, de repente, descobrir-se no tempo. Antes, vive-se
no espaço. Viver no espaço é mais fácil e deslizante. É mais
corporal e objetivo. Pode-se patinar e esquiar amplamente.
Mas fazer 30 anos é como sair do espaço e penetrar no
tempo. E penetrar no tempo é mister de grande responsabi-
lidade. É descobrir outra dimensão além dos dedos da mão.
É como se algo mais denso se tivesse criado sob a couraça
da casca. Algo, no entanto, mais ténue que uma membrana.
Algo como um centro, às vezes móvel, é verdade, mas um
centro de dor colorido. Algo mais que uma nebulosa, algo
assim pulsante que se entreabrisse em sementes.
Aos 30 já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde
sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de
se autocartografar. Já se sabe que um tempo em nós destila,
1051
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
que no tempo nos deslocamos, que no tempo a gente se dilui e
se dilema. Fazer 30 anos é como uma pedra que já não precisa
exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. É como a
ave que canta, não parase denunciar, senão para amanhecer.
Fazer 30 anos é passar da reta à curva. Fazer 30 anos
é passar da quantidade à qualidade. Fazer 30 anos é pas-
sar do espaço ao tempo. É quando se operam maravilhas
como a um cego em Jericó.
Fazer 30 anos é mais do que chegar ao primeiro grande
patamar. É mais que poder olhar pra trás. Chegar aos 30 é
hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre
o abismo voar.
O texto acima foi extraído do livro "A Mulher Madura",
Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1986, pág. 36.
Analisando
1. Com base nas informações do texto lido, encontre
nos texto anexos, as evidências citadas por Othon Garcia.
2. Vimos que, segundo Citelli, as figuras de linguagem
também funcionam como mecanismos da língua que aju-
dam a prender a atenção do ouvinte/leitor ao discurso, co-
laborando para o teor persuasivo do texto. Você concorda
com essa afirmação? Justifique-se e verifique se há nos
textos algum desses mecanismos.
3. Identifique qual a estrutura dos textos, formal ou in-
formal (Garcia). Justifique sua resposta.
4. Indique em qual tipo de discurso (Citelli) cada texto
se encaixa: Autoritário, lúdico ou polémico? Aponte as res-
pectivas características.
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
Atividade complementar
Leia com atenção o texto anexo de Frei Betto intitulado
"Privatiza-se a soberania nacional" e faça o que se pede:
1) Qual a tese/proposição do autor? Localize-a no pri-
meiro parágrafo.
2) Retire do texto as evidências que comprovam a refe-
rida tese. Como, por exemplo, testemunhos, acontecimen-
tos, dados estatísticos etc.
3) Para refutar o argumento "a América para os ameri-
canos", o autor utiliza a fala do General Colin Powell para
refutação. Como Frei Betto faz isso?
4) No quinto parágrafo, o uso do pronome "nós" deixa
bem claro quem é o público-alvo do texto. Para quem fala
Frei Betto?
5) "Noiva deslumbrada, a América Latina se entrega ao
charme de Tio Sam, disposta a se casar. Esposa submissa
está disposta a fazer concessões, inclusive perder sua au-
tonomia, para salvar a harmonia da união". A imagem da
esposa submissa como metáfora suscita que sentimentos
no leitor?
6) Por que o texto do Frei Betto é um texto argumentativo?
7) Pesquise quem foi George Orwell e que relação ele
tem com o fenómeno atual dos Big Brothers.
Privatiza-se a soberania nacional
FREI BETTO
A Alça é um caso de sedução. Noiva deslumbrada, a América
Latina se entrega ao charme de Tio Sam
1071
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
George Orwell poderia escrever hoje o"2084", um novo
exercício de futurologia crítica, consideradas as tendências
atuais. Mas não é preciso recorrer a ele ou a Arthur Clarke
para prever que a globocolonização nos conduz à redução
do mundo a um só país e um só governo.
O comunismo deixa de ameaçar, o neoliberalismo impera,
a internet põe abaixo as fronteiras da comunicação. Senhores
de todas as terras, ares e mares, os EUA mantêm o planeta
sob vigilância (vide a espionagem sobre a China) e intervêm
em qualquer ponto, ainda que sob o disfarce de boina azul
da ONU (como em Iraque e Timor Leste). O inglês torna-se o
idioma internacional. Os países afunilam-se em blocos regio-
nais: União Europeia, Comunidade dos Estados Independen-
tes, Associação das Nações do Sudeste Asiático, Cooperação
Económica da Ásia e do Pacífico, Comunidade da África Meri-
dional para o Desenvolvimento e, em breve, a Alça.
"A América para os americanos", eis em resumo a doutrina
Monroe, vigente desde 1823, e a Alça vista pela ótica da Casa
Branca. Prova disso é o artigo publicado na Folha (22/4/01)
pelo general Colin Powell, secretário de Estado dos EUA. Entre
729 palavras, o verbo "comprar" não figura nenhuma vez. Mas
ele não hesita em afirmar: "Nós poderemos vender mercado-
rias, tecnologia e serviços americanos sem obstáculos ou res-
trições dentro de um mercado único de mais de 800 milhões
de pessoas, com uma renda total superior a US$ 11 trilhões,
abrangendo uma área que vai do Ártico ao cabo Horn".
O processo de adestramento ideológico é eficaz. O que
se subtende quando se fala em "americanos"? Os do sul ou
do centro? Óbvio, os do norte, como se o resto fosse mero
apêndice. O que se entende por norte-americano? A per-
gunta caiu num exame. Muitos candidatos perderam pon-
tos por responder segundo o "Aurélio": "Dos, ou pertencen-
I 108
Prática de leitura e escrita em Língua Portuguesa
te ou relativo aos Estados Unidos da América. O natural ou
habitante desse país". Poucos atinaram que os nascidos no
México e no Canadá também o são.
O paradigma estadunidense é-nos imposto, primeiro, pe-
las figuras de Walt Disney que nos passam, como bem anali-
sou Ariel Dorfman, os estereótipos de uma sociedade desigual
e excludente. Os filmes de Hollywood infundem-nos o "ame-
rican dream", a ponto de renegarmos o mais atávico dos há-
bitos, o culinário, trocando a variedade de nossos pratos por
sanduíches com gosto de isopor. Engordam e dão status.
A Alça, nos termos debatidos em Québec (que ninguém
sabe se a Casa Branca respeitará, após ter jogado na latrina
a Carta de Kyoto), assinala o fim de nossa soberania e auto-
determinação. A ianquização da América Latina faz com que
Panamá e Equador reneguem suas moedas nacionais em fa-
vor do dólar; a Argentina cavalga assustada na dolarização
do peso; a Colômbia entrega polícia e Justiça em mãos ian-
ques; poucos reagem ao bloqueio imposto pela Casa Branca
a Cuba e ninguém diz da anexação de Porto Rico aos EUA.
A elite de nossos países remete seus filhos para as mes-
mas escolas que formaram economistas na arte de estabilizar
moedas sem estabilizar a esfera social; a política económica
de nossos governos é monitorada em Washington pelo FMI
e pelo Banco Mundial; os índices da Bolsa de Nova York fi-
guram diariamente no noticiário televisivo, prova de que o
nosso parâmetro, eufemisticamente chamado de integração,
é o Big Brother. Por que o Brasil deve participar da Alça? Ela
ampliará o nosso comércio exterior, criará novos empregos,
atrairá mais investimentos diretos e fará com que os nossos
produtos tenham acesso ao robusto mercado dos EUA, dizem
os que têm a cabeça "alcalinizada" por Tio Sam. De fato, a
Alça pode significar a privatização da soberania nacional.
1091
ADRIANA MARIA DE ABREU BARBOSA (Org.)
O caso Embraer-carne bovina, com o Canadá, demonstrou
como, na prática, a teoria é outra. Canadá e EUA não parecem
dispostos a levantar suas barreiras alfandegárias e tarifárias,
mexer em sua legislação antidumping e suprimir os subsídios
agrícolas e comerciais. Nem perder o controle sobre a Organi-
zação Mundial do Comércio. Segundo o Ipea, iniciada a Alça,
as exportações brasileiras crescerão 10% ao ano. Seria ótimo
se a previsão não fosse de as importações saltarem para 30%.
Por enquanto, a Alça é um caso de sedução. Noiva des-
lumbrada, a América Latina se entrega ao charme de Tio
Sam, disposta a se casar. Esposa submissa, está disposta
a fazer concessões, inclusive perder sua autonomia, para
salvar a harmonia da união. Porá fim aos impostos destina-
dos à área social, mudará a legislação trabalhista para pre-
judicar ainda mais a faxineira, deixará que o marido decida
onde fazer compras, ainda que o concorrente venda mais
barato um produto melhor. Por que o Brasil não copia dos
EUA o que têm de melhor: o senso de soberania e autode-
terminação? Talvez a esperança de que as expectativas para
2084 sejam mera ficção resida na China, que sabe defender
sua soberania e não tem medo dos falcões do Tio Sam.
Dignidade não tem preço, como demonstrou o embaixa-
dor Samuel Pinheiro Guimarães, demitido, por discordar da
Alça, do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Rela-
ções Internacionais do Ministério das Relações Exteriores.
Foi punido por defender o Brasil. Enquanto o ministro Celso
Lafer deixa claro que o Itamaratynão admite o pluralismo
de opiniões, o barão deve estar com as barbas de molho.
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 56, frade do-
minicano e escritor, participa do Centro de Justiça Global e é
autor de, entre outros, "Batismo de Sangue" (Casa Amarela).
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DtwGWMyZPw&pli= l. Acesso em 06 de outubro de 2009.
AUTORAS
Giseli Novais d>,:
Graduada è| •• - -rsídade
doeste da Ba|l
Pesquisas •-,...• i , , j: ;os emT
rias do Discurso GETED
l>os-graduanda em Língua Portuguesa pela UESB.
jeane Borges dos santos
Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Su-
doeste da Bahia/ UESB
Pós-graduanda ern Uteratur
pela UESB
Escola aié-Ba
E m Teorias do Dis-
Professe
Pesquis
curso/ C
idad
| pela UESB.
l 1121
Sara Oliveira Rodrigues
Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Su-
doeste da Bahia/ UESB
Pós-graduanda em Língua Portuguesa pela Faculdade
do Noroeste de Minas FiNOM
Professora de Língua Portuguesa da Secretaria de
Educação da Prefeitura municipal de jequié/BA
Pesquisadora do Grupo de Estudos em Teorias do Dis-
curso/ GETED
Joseane Silva Santos Jardim (Revisão)
Graduada em Letras pela UESB/ Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia.
Especialista em Gestão Educacional e Planejamento
Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de
Ensino da cidade de Jequié-BA
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ADRIANA MARIA DE ABREU
BARBOSA é Doutora em
Semiologia pela UFRJ. Mestre
em Língua Portuguesa pela
PUC-Rio. Graduada em Letras
pela LJERj, Leciona a disci-
plina Português Instrumental
no Departamento de Ciên-
cias Humanas e Letras ;da
UESB-campus de jequié-BA
desde 2006. Foi professora
da cadeira de Comunicação
e Expressão na PUORio.de
1993 a 2005, período no qua!
participava da banca : de
correção de redações dessa
Instituição,
Coordena o Grupo de Estu-
dos em Teorias do Discurso
(GETED) no Centro de Estu-
dos da Leitura(CEL),

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