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1. DOENÇA AUTOIMUNE DA TIREOIDE TIREOIDITES & SÍNDROME DO EUTIREOIDIANO DOENTE Tireoidite Aguda/Infecciosa • Imunodeprimidos/idosos/crianças com persistência do cisto tireoglosso • S.aureus/S.pyogenes/S.pneumoniae • Inicio súbito • Assimétrico, doloroso, sinais flogísticos, febre • Diagnostico PAAF (cultura + citologia) • Tratamento = Antibiótico Tireoidite Riedel • Fibrose extensa da tireoide • Indolor • Sintomas compressivos • Diagnostico com biopsia a céu aberto • Tratamento cirúrgico com bom prognóstico Tireoidite SubAguda de DeQuervain • Autolimitado e após IVAS • Mal-estar, mialgia, febre baixa → dor cervical • Hipertireoidismo → eutireoidismo → hipotireoidismo → eutireoidismo • VHS > 50 • Cintilografia hipocaptante • Tratamento com AINEs e Beta-bloqueador Tireoidite Linfocítica Indolor/Pós-parto • Autoimune e Indolor • Hipertireoidismo → eutireoidismo → hipotireoidismo → eutireoidismo • VHS normal • Cintilografia hipocaptante • Tratamento com Beta-bloqueador • LT4 se hipotireoidismo clínico 1.1 Fisiopatologia das doenças autoimunes da tireoide • Anticorpos – causam uma reação inflamatória na tireoide • Anti-TPO (age na tireoperoxidase); • Anti-TG (age na tireoglobulina); • TRAb (age no receptor de TSH). • Evolução das doenças • Hashimoto (predomínio de anti-TPO e anti- TG) Hashitoxicose (liberação de hormônios pré-formados) Hipertireoidismo inicial e após hipotireoidismo definitivo. • Subagudas (inflamação parcial – em um local da glândula – com liberação de hormônios pré-formados) hipertireoidismo inicial e eutireoidismo ou hipotireoidismo depois. • Doença de Graves TRAb Inibitório: Hipotireoidismo, pois inibe função do TSH na glândula OU TRAb Estimulatório (maioria das vezes): Hipertireoidismo, pois simula a ação do TSH na glândula. Fonte: Vilar, Lucio [et al] . Endocrinologia Clínica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. Medicina livre, venda proibida, twitter @livremedicina, bluesky @medicinalivre2 ENDÓCRINOLOGIA2 1.2 Classificação das tireoidites Classificação Tipos Etiologia Aguda Aguda Bacteriana/fúngica Subaguda Granulomatosa/DeQuervain Linfocítica Indolor Linfocítica Pós-parto Viral Autoimune Autoimune Crônica Hashimoto Riedel Autoimune Idiopática 2.1 Fatores de risco • Imunodeprimidos; • Doença tireoidiana prévia; • Idosos; • Crianças persistência do cisto tireoglosso/ fístula do seio piriforme. 2.2 Etiologias • 70% dos casos: S. aureus, pyogenes e S. pneumoniae; • Imunodeprimidos: Aspergillus, C. albicans e P. jiroveci. 2.3 Quadro clínico Fonte: Vilar, Lucio [et al] . Endocrinologia Clínica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • Início súbito, assimétrico e doloroso; • Sinais flogísticos locais importantes; • Linfadenopatia cervical; • Disfonia, disfagia; • Irradiação dolorosa para mandíbula ou ouvido; • Geralmente não vai ter acometimento da função, porém se acometimento muito extenso = hipertireoidismo por lesão de folículos e liberação de hormônios pré-formados. 2.4 Laboratorial • Leucocitose com desvio e elevação do VHS; • TSH e T4L em geral normais; • Anticorpos podem ou não ser detectáveis; • Cintilografia da tireoide normal (hipocaptação na região envolvida pode acontecer); • USG revela abscesso/ processo supurativo; • Confirmação = PAAF (citologia + bacterioscopia + cultura). 2.5 Tratamento • Antibioticoterapia 2. TIREOIDITE AGUDA/INFECCIOSA 3. TIREOIDITE DE DEQUERVAIN 3.1 Sinônimos: • Tireoidite subaguda dolorosa; • Tireoidite de células gigantes; • Tireoidite granulomatosa. 3.2 Clínica • Causa mais comum de dor na tireoide; • Autolimitado, após quadro de IVAS; • 3-4ª década de vida; • Maior incidência no verão (enterovírus); • Outras etiologias de tireoidite subaguda: caxumba, sarampo, doença da arranhadura do gato, encefalite de Saint Louis, adenovírus, ecovírus, coxsackie, EBV, H1N1, COVID-19. Medicina livre, venda proibida, twitter @livremedicina, bluesky @medicinalivre2 TIREOIDITES & SÍNDROME DO EUTIREOIDIANO DOENTE 3 • Diminuição do TSH; • Cintilografia com hipocaptação; • Anti-TPO e AAT (aumento); • VHS normal; • USG demonstra diminuição da vascularização. • #2 Eutireoidismo; • #3 Hipotireoidismo (8-12 semanas); • #4 Recuperação funcional. 4.3 Tratamento • Beta-bloqueador para aliviar os sintomas de hipertireoidismo; • Levotiroxina se hipotireoidismo clínico. 4.1 Informações • Doença espontânea de etiologia autoimune; • Mais comum em sexo feminino, 30-60 anos de idade; • Pode ser recidivante ou não (porém é menos recidivante do que outras tireoidites). 4.2 Quatro fases • Similar à subaguda que acabamos de estudar – a diferença é que o paciente não vai ter dor, além disso, a etiologia é autoimune, diferente da tireoidite de De Quervain que é após quadro viral. • #1 Hipertireoidismo (6 semanas a 3-4 meses) – oligo/assintomática • Aumento de T3 e T4 livre e TG; 3.3 Quadro clínico • Sinais prodrômicos: • mal-estar; • artralgia; • mialgia; • faringite; • febre baixa; • Dor cervical com irradiação para mandíbula; • Tosse, dor à deglutição e à movimentação do pescoço; • Evolução com hipertireoidismo ou hipotireoidismo podem ocorrer; • História natural: hipertireoidismo inicial, hipotireoidismo transitório posterior em alguns casos. 0 Hipertireoidismo Eutireoidismo EutireoidismoHipotireoidismo 2 4 6 8 10 Meses T4 e T2 RAIU/24 h TSH Fonte: Vilar, Lucio [et al] . Endocrinologia Clínica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021 (modificado) 3.4 Laboratoriais • VHS aumentado (VHS > 50); • Anticorpos costumam ser normais; • PCR e transaminases aumentadas. • Fases de hipertireoidismo • TG, T3, T4 aumentados e TSH suprimido; • Cintilografia hipocaptante porque não é devido a excesso de produção de hormônio: é devido à destruição do folículo, inflamação do coloide com a liberação de hormônios pré-formados. • Fases de hipotireoidismo • T4 livre baixo e TSH aumentado; • Cintilografia normal. 3.5 Tratamento • Autolimitada; • AINEs e corticoterapia controle da dor; • Beta-bloqueadores sintomas adrenérgicos; • Não usar tionamidas (a fase de hipertireoidismo não é aumento de produção própria, e sim liberação de hormônios pré-fabricados pela destruição). 4. TIREOIDITE LINFOCÍTICA SUBAGUDA INDOLOR 5. TIREOIDITE LINFOCÍTICA SUBAGUDA PÓS-PARTO • Igual a indolor, porém é no pós-parto!; • Mulheres, anti-TPO aumentado no 1º trimestre ou imediatamente após o parto/abortamento; • Fatores de risco; • Outras doenças autoimunes; • História familiar de doença autoimune da tireoide. • Mesma fisiopatologia autoimune da doença anterior; • Recidiva comum e alto risco de hipotireoidismo definitivo; • Quadro clínico; • Função tireoidiana na mesma evolução em 4 fases; • Pode manifestar apenas uma das fases. Medicina livre, venda proibida, twitter @livremedicina, bluesky @medicinalivre2 ENDÓCRINOLOGIA4 • Tratamento • Beta-bloqueador para sintomas de hipertireoidismo; • Levotiroxina se hipotireoidismo clínico (tratar por 8-12 semanas → descontinuar medicação → reavaliar em 4-6 semanas. • Exames: • Função tireoidiana (HipoT ou HiperT); • Cintilografia → Hipocaptante; • Elevação anti-TPO e AAT; 6. TIREOIDITE DE RIEDEL 6.1 Clínica • Entre a 4ª e 6ª década de vida; • Sexo feminino; • Sintomas compressivos; • Sintomas respiratórios; • Dor é incomum; • Hipotireoidismo se acometimento extenso; • Tireoidite crônica. 6.2 Etiologia desconhecida • Ocorre uma fibrose extensa da glândula tireoide, com crescimento cervical indolor e progressão e evolução variáveis, com dimensão variável; • Muito semelhante ao carcinoma anaplásico. 6.3 Exames • Cintilografia normal; • PAAF não elucidativa; • Diagnóstico biópsia a céu aberto (diferencial principal é com carcinoma anaplásico de tireoide). 6.4 Tratamento • Cirúrgico; • Bom prognóstico. 7. SÍNDROME DO EUTIREOIDIANO DOENTE 7.1 Fisiopatologia• Paciente internado em UTI, crítico = adaptações fisiológicas no organismo para “poupar energias”; • Queda na Deiodinase tipo 1 e 2 (D1 e D2) na periferia e consequentemente queda na conversão periférica de T4 em T3. Consequentemente há uma queda nos níveis de T3; • Aumento da função da Deiodinase tipo 3 (D3) na periferia, com conversão periférica de T4 em T3 reverso – forma inativa do T3 (reduz valor de T3); • No SNC aumento da D2, com aumento da conversão periférica de T4 em T3 apenas no cérebro, diminuindo produção de TSH (que já estava inibido pelas citocinas inflamatórias); • Estado inflamatório crônico com diminuição das proteínas carreadoras de hormônio tireoidiano (o que diminui o T4 e o T3 totais). 7.2 Quadro é presente em 70-80% dos pacientes internados em UTI • Tudo diminuído; • TSH suprimido; • Diminuição do T4 e T3 totais; • Valores de T4 e T3 livres dependem do método laboratorial, mas estão aumentados. 7.3 Fase de recuperação • Aumento de TSH – 10-20; • Aumento de T4 e T3 totais; • E diminuição do T3 reverso. 7.4 Conduta • Em geral, expectante (aguardar 2 semanas) – acompanhar ambulatorialmente; • Benefício de tratamento medicamentoso em cardiopatias graves (controverso); • Não pedir função tireoidiana em pacientes internados em UTI, exceto se suspeita de coma mixedematoso ou de crise tireotóxica. 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