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DUPLICATA ORIGEM DA DUPLICATA A Duplicata Mercantil é um título de crédito tipicamente brasileiro que tem sua origem ligada no artigo 219 do revogado Código Comercial de 1850. Determinava o citado art 219 do Código Comercial que, nas vendas por atacado, entre comerciantes, o vendedor estaria obrigado a apresentar ao comprador “por duplicado” a “fatura,” que seria por ambos assinada. Se a fatura não fosse paga, no prazo especificado, seria possível ao credor a propositura de ação para que o devedor pagasse ou pudesse alegar e provar os fatos que tivesse. Em 1936 foi sancionada a Lei n. 187 que regulou a emissão de duplicatas com as características de “título causal”, “criado em razão de uma compra e venda mercantil a prazo, de emissão e aceite obrigatórios, protestável por falta de aceite, pagamento e devolução.” Aperfeiçoando o título, sua emissão e circulação, foi sancionada em 18 de julho de 1968 a Lei 5474 que passou a regulamentar a duplicata mercantil e, também, a duplicata de prestação de serviços. Regulamentando a duplicata, portanto, determina a Lei 5474/1968 que “em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dais, contado da data da entrega ou do despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador” (art. 1º). CONCEITO “DUPLICATA é título de crédito causal, que pode ser criada no ato da extração da fatura, para circulação como efeito comercial, decorrente da compra e venda mercantil ou da prestação de serviços, não sendo admitida outra espécie de título para documentar o saque do vendedor ou prestador de serviços pela importância faturada ao comprador ou ao beneficiário dos serviços.” “DUPLICATA: é um título de crédito que emerge de uma compra e venda mercantil ou prestação de serviço a prazo, negócio que gerou uma fatura. Nela o vendedor (sacador) determina ao comprador (sacado) que pague o valor da compra e venda realizada a um beneficiário ... na data fixada para o vencimento.” FATURA: é um documento emitido pelo vendedor contendo a descrição das mercadorias vendidas ou serviço prestado, com discriminação de quantidade, qualidade, valor unitário e valor total e que, atualmente, corresponde à Nota Fiscal de compra e venda ou de prestação de serviços. DUPLICATA MERCANTIL é aquela que tem por base um contrato de compra e venda mercantil a prazo. Com a emissão da duplicata seu criador é o vendedor das mercadorias, pois é ele quem se beneficia do saque e o comprador (sacado) o devedor da importância documentada no título. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS é aquela que tem origem num contrato de prestação de serviços cujo pagamento foi diferido para o futuro. Com a emissão da duplicata de prestação de serviços seu criador (sacador) é o prestador dos serviços e o tomador dos serviços (sacado) é o devedor da importância documentada no título. SITUAÇÕES JURÍDICAS QUE EMERGEM DO SAQUE DA DUPLICATA DO VENDEDOR: Que é o sacador da duplicata, empresário ou sociedade empresária que efetua a venda das mercadorias e concede prazo para pagamento. DO COMPRADOR: Que é o sacado da duplicata, aquele que adquiriu as mercadorias e pode ser, tanto pessoa física quanto pessoa jurídica. É a pessoa indicada para aceitar e pagar o título. REQUISITOS DO SAQUE DA DUPLICATA SENDO TÍTULO CAUSAL, PARA SUA EXISTÊNCIA, OU SEJA, PARA QUE OCORRA O SAQUE DA DUPLICATA É NECESSÁRIO QUE SEJAM OBSERVADOS OS SEGUINTES REQUISITOS: a) Que a emissão (saque) do título se dê por quem seja comerciante (empresário); b) A celebração de um contrato de compra e venda pelo comerciante como vendedor; c) A entrega das mercadorias respectivas com a fatura e/ou nota fiscal, ficando o comprovante de entrega em poder do vendedor comerciante; d) Escrituração em livro próprio de registro de duplicatas. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS IDÊNTICA à duplicata mercantil, com a única diferença de que a relação causal que lhe dá origem há de ser a prestação de serviços. REQUISITOS ESSENCIAIS DE VALIDADE DA DUPLICATA MERCANTIL Assim como os demais títulos de crédito, para que surta efeitos como duplicata, o título deve conter todos os requisitos de validade, que estão relacionados no artigo 2º da Lei 5474/68 e que são os seguintes: I – a denominação “duplicata”: tal indicação, como ocorre com os demais títulos de crédito, serve para caracterizá-la como título de crédito e diferenciá-la dos demais títulos. II – a data da emissão: sua importância refere-se ao termo inicial para a contagem do prazo de 30 dias para sua remessa ao comprador (LD, art. 6º, § 1º). III – o número de ordem: referido número serve para diferenciar as diversas duplicatas emitidas pelo empresário, bem como dar maior confiabilidade aos documentos emitidos pelo empresário em decorrência da operação causal que originou a emissão da duplicata, especialmente o Livro de Registro de Duplicata. IV – o número da fatura: como a duplicata necessariamente deverá ser extraída de uma fatura, determina o legislador que o número da fatura conste da duplicata justamente para que se possa relacionar esta com aquela. V – o vencimento: a duplicata somente poderá ter vencimento à vista ou então em data certa. Nesse caso não tem aplicação a regra segundo a qual, na falta de vencimento, presume-se vencível à vista, como ocorre com a letra de câmbio e a nota promissória. Na falta de indicação do seu vencimento, o documento deixará de ser um título de crédito, não sendo possível, portanto, aparelhar um processo de execução. VI – nome e domicílio do comprador e do vendedor: é fundamental que se indiquem o comprador e o vendedor, bem como seus domicílios, pois trata-se aquele de seu principal obrigado, e este de seu legítimo portador ou endossante. VII – a importância a pagar em algarismos e por extenso: a duplicata sempre deverá indicar o valor total da fatura, ainda que o comprador tenha direito a um desconto do preço, situação em que o vendedor deverá mencionar o valor líquido que o comprador deverá pagar. VIII – a praça de pagamento: em regra, o lugar de pagamento é o do domicílio do comprador, podendo as partes convencionar outro. Seja como for, o local de pagamento é necessário para que o portador do título tenha condições de encontrar o comprador e exigir o pagamento. IX – a cláusula à ordem: significa dizer que a duplicata pode circular por meio de endosso, fazendo com que cada um que tenha aposto sua assinatura no título se coobrigue pelo seu pagamento perante o seu portador. X – a declaração de reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial: por este requisito o aceite na duplicata pelo sacado é obrigatório para que ele, a partir desse momento, se torne seu principal devedor. É com o aceite que o comprador (devedor principal) reconhece a exatidão do título, obrigando-se a pagá-lo. XI – Assinatura do emitente: que deverá provir do próprio punho do vendedor ou seu procurador com poderes especiais. Sem assinatura o titulo não existirá como duplicata . CAUSALIDADE DA DUPLICATA MERCANTIL A duplicata mercantil é título causal no sentido de que a sua emissão somente pode ocorrer na hipótese autorizada pela lei: a documentação de crédito nascido da compra e venda mercantil. Se endossado a terceiro de boa-fé, em razão do regime cambiário aplicável à circulação do título, a falta de causa legítima não poderá ser oposta pelo sacado perante o endossatário. A ineficácia do título como duplicata, em função da irregularidade do saque, somente pode ser invocada contra o sacador, o endossatário-mandatário ou terceiros de má-fé. EMISSÃO E ACEITE DA DUPLICATA MERCANTIL Ao realizar qualquer venda de mercadorias, o comerciante deve extrair a fatura ou nota fiscal-fatura, elaborando documento escrito e numerado, em que discrimina as mercadorias vendidas, informando quantidade, preço unitário e total. A duplicata será emitida com base nesse instrumento. DUPLICATA: é título vinculado, portanto deve obedecer o padrão fixado pelo Banco Central do Brasil. Emitida a fatura, no mesmo ato poderá ser extraída a duplicata. PRAZO PARA REMESSA DA DUPLICATA: Nos 30 dias seguintes à emissão, o sacador deve remeter a duplicata ao sacado. PRAZO PARA DEVOLUCÃO DA DUPLICATA: Se o título é a prazo, ele deve assinar a duplicata, no campo próprio para o aceite, e restituí-lo ao sacador, em 10 dias. Se o título é emitido à vista, o comprador, ao recebê-lo deve pagar a importância devida. RECUSA DO ACEITE: não pode ocorrer por simples vontade do sacado. A lei circunscreve hipóteses únicas em que a recusa do aceite é admissível. Fora delas a vinculação do sacado ao título de crédito independe de sua vontade, posto que, se adquiriu as mercadorias incumbe-lhe o dever de pagá-las, sob pena de enriquecimento ilícito. O ACEITE DA DUPLICATA É OBRIGATÓRIO PORQUE, SE NÃO HÁ MOTIVOS PARA A RECUSA DAS MERCADORIAS ENVIADAS PELO SACADOR, O SACADO SE ENCONTRA VINCULADO AO PAGAMENTO DO TÍTULO, MESMO QUE NÃO O ASSINE. HIPÓTESES ÚNICAS EM QUE A RECUSA DO ACEITE É ADMISSÍVEL a) avaria ou não recebimento das mercadorias, quando transportadas por conta e risco do vendedor; b) vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade; c) divergência nos prazos ou preços combinados. EM SUMA, E DIVERSAMENTE DOS OUTROS TÍTULOS, SE O COMPRADOR DAS MERCADORIAS É DEVEDOR DO PREÇO – PORQUE O VENDEDOR CUMPRIU COM SUAS OBRIGAÇÕES, NA EXECUÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA – ENTÃO ELE NÃO PODE SE RECUSAR A VER SUA DÍVIDA DOCUMENTADA POR UM TÍTULO DE EFEITOS CAMBIÁRIOS, A DUPLICATA. MODALIDADES DE ACEITE: em virtude da obrigatoriedade do ato de vinculação do sacado à duplicata podem-se divisar três modalidades de aceite: ACEITE ORDINÁRIO: resulta da assinatura do devedor no campo próprio do documento, isto é, no canto esquerdo inferior do título. À duplicata com aceite ordinário aplicam-se integralmente as regras do direito cambiário, inclusive no tocante à facultatividade do protesto contra o devedor principal, ou seja, é título executivo extrajudicial contra o sacado e seu avalista, independentemente de protesto. ACEITE POR PRESUNÇÃO: decorre do recebimento das mercadorias pelo comprador, quando inexistente recusa formal. Caracteriza-se o aceite presumido, mesmo que o comprador tenha retido ou inutilizado a duplicata, ou a tenha restituído sem assinatura. ACEITE POR COMUNICAÇÃO: opera-se – desde que a instituição financeira descontadora, mandatária ou caucionada o autorize – mediante a retenção da duplicata pelo comprador e envio de comunicação escrita ao vendedor, transmitindo seu aceite. PROTESTO DA DUPLICATA MERCANTIL Em vista das possibilidades de aceite por presunção e por comunicação e considerando-se que o protesto é obrigatório, como prova de apresentação do título ao devedor, a lei prevê três causas de protesto da duplicata, a saber: MODALIDADES DE PROTESTO DA DUPLICATA PROTESTO POR FALTA DE ACEITE: opera-se quando remetida a duplicata ao sacado este a devolve sem que tenha feito a declaração cambial de aceite. Se dará pelo encaminhamento ao cartório da duplicata sem a assinatura do devedor, antes do vencimento. PROTESTO POR FALTA DE DEVOLUÇÃO: opera-se pelo encaminhamento ao cartório da triplicata não assinada ou as indicações relativas à duplicata retida, também antes do vencimento. PROTESTO POR FALTA DE PAGAMENTO: opera-se pelo encaminhamento ao cartório da duplicata ou triplicata, assinadas ou não, ou apresenta indicações da duplicata, depois de vencido o título. LUGAR DO PROTESTO: o mesmo do pagamento. PRAZO DO PROTESTO: 30 dias seguintes ao vencimento da duplicata, sob pena de perda do direito creditício contra os co-devedores e seus avalistas. PROTESTO OBRIGATÓRIO: somente no caso de aceite presumido o protesto será indispensável para surtir efeitos, também contra o devedor principal. PROTESTO POR INDICAÇÕES: opera-se quando o comprador retém a duplicata, impedindo sua apresentação pelo vendedor ao cartório. A lei admite que o credor indique ao cartório os elementos que identificam a duplicata, a partir dos lançamentos constantes do Livro de Registro de Duplicatas. “Com a desmaterialização do título de crédito, tornaram-se as indicações a forma mais comum de protesto. A duplicata, hoje em dia, não é documentada em meio papel. O registro dos elementos que a caracterizam é feito exclusivamente em meio magnético e assim são enviados ao banco, para fins de desconto, caução ou cobrança. O banco, por sua vez, expede um papel, denominado “guia de compensação”, que permite ao sacado honrar a obrigação em qualquer agência, de qualquer instituição no país. Se não ocorrer o pagamento, atendendo às instruções do sacador, o próprio banco remete, ainda em meio magnético, ao cartório, as indicações para o protesto. Com base nessas informações, opera-se a expedição da intimação do devedor. Se não for realizado o pagamento no prazo, emite-se o instrumento de protesto por indicações, em meio papel. De posse desse documento, e do comprovante da entrega das mercadorias, o credor poderá executar o devedor. Ou seja, a duplicata em suporte de papel é plenamente dispensável, para a documentação, circulação e cobrança do crédito, no direito brasileiro, em virtude exatamente do instituto do protesto por indicações.” TRIPLICATA A lei, no art. 23, admite a extração de segunda via da duplicata em caso de perda ou extravio. Embora a retenção da duplicata não corresponda a nenhuma das hipóteses, não existe prejuízo para as partes na emissão da triplicata no caso de retenção da duplicata. Se o vendedor pode remeter ao cartório de protesto o boleto com as indicações que individualizam a duplicata retida, também se admite que a triplicata veicule tais informações, tendo em vista inclusive que a fonte é a mesma: a escrituração mercantil do vendedor. NÃO SE TRATA DE OUTRO TÍTULO DE CRÉDITO, MAS DA SEGUNDA VIA DA DUPLICATA, EXTRAÍDA A PARTIR DOS DADOS ESCRITURADOS NO LIVRO PRÓPRIO. EXECUÇÃO DA DUPLICATA MERCANTIL EXECUÇÃO CONTRA O SACADO PARA COBRANÇA DO SACADO, O DEVEDOR PRINCIPAL DA DUPLICATA, importa identificar o tipo de aceite praticado. DUPLICATA COM ACEITE ORDINÁRIO A exibição do título é suficiente para o ajuizamento da ação de execução não se exigindo o protesto. O mesmo critério é adotado, na hipótese do aceite ordinário ter sido lançado na trplicata. DUPLICATA COM ACEITE PRESUMIDO O título executivo se constitui pela duplicata (ou triplicata) protestada (ou pelo instrumento de protesto por indicações) acompanhada do comprovante de recebimento das mercadorias. (art. 15, II). DUPLICATA PROTESTADA POR INDICAÇÕES O título executivo será composto pelo instrumento de protesto por indicações e o comprovante de entrega das mercadorias. EXECUÇÃO CONTRA O AVALISTA Na execução contra o avalista do sacado, o credor deve exibir o título (duplicata ou triplicata) de que consta o aval, sendo dispensável o protesto. EXECUÇÃO CONTRA O ENDOSSANTE OU SEU AVALISTA O título executivo também se constitui com a exibição do título (duplicata ou triplicata), em que foi praticado o ato cambiário de endosso ou aval, acompanhado do instrumento de protesto que ateste a protocolização no cartório, antes de transcorridos mais de 30 dias do vencimento. PRESCRIÇÃO PRESCREVE A AÇÃO DE EXECUÇÃO DA DUPLICATA: - em 03 anos, a contar do vencimento, contra o sacado e seu avalista; - em 01 ano, contado do protesto, contra os endossantes e seus avalistas; - em 01 ano, a partir do pagamento, para o exercício do direito de regresso contra co-devedor.