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CHEQUE 
 
CONCEITO: O Cheque corresponde a uma ordem de pagamento à vista emitida contra 
um banco, ou instituição financeira assemelhada, em razão de fundos disponíveis que o 
emitente/sacador possui naquele banco ou instituição financeira. 
 
NATUREZA: Título de crédito, embora alguns autores neguem tal natureza, afirmando 
tratar-se o cheque de ordem de pagamento à vista. Não obstante tratar-se de ordem de 
pagamento à vista, por expressa disposição da lei, o cheque incorpora institutos que são 
próprios dos títulos de crédito, como o endosso e o aval, permitindo o primeiro, a 
circulação do crédito documentado no título, e garantindo, o segundo, a assunção da 
obrigação documentada no título por um terceiro. 
 
SEMELHANÇA COM A LETRA DE CÂMBIO: Embora se assemelhe à Letra de 
Câmbio o cheque diferencia-se desta por conter uma ordem de pagamento à vista, ou seja, 
a diferença está em que no cheque não há data de vencimento, é sempre pagável à vista 
e, por outro lado, não comporta ACEITE. 
 
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: Lei 7.357/1985. 
 
SITUAÇÕES JURÍDICAS QUE EMERGEM DA EMISSÃO DE UM CHEQUE: 
 
DO EMITENTE: emitente é aquele que emite a ordem de pagamento contra o sacado 
para que efetue o pagamento da importância mencionada no titulo, em razão de fundos 
disponíveis em conta de depósito mantida junto a este (sacado). O emitente é o devedor 
principal do cheque. 
 
DO SACADO: O sacado é aquele contra quem a ordem de pagamento é dirigida e que 
mantém, em seu poder, fundos de titularidade do emitente. Um banco ou instituição 
financeira assemelhada. 
 
DO BENEFICIÁRIO: Beneficiário é aquele que receberá o valor mencionado no título, 
e que na condição de titular do direito mencionado neste título pode transmiti-lo a outro 
sujeito de direito. 
 
Cabe asseverar que o SACADO não integra a relação jurídica do cheque, ou seja, não se 
torna devedor cambiário do cheque, uma vez que não se admite aceite no cheque, 
considerando-se não escrita qualquer cláusula ou menção neste sentido. 
 Assim, o Sacador/Emitente será sempre o devedor principal do cheque e, 
devedores coobrigados, aqueles que lançarem no título declarações cambiais de endosso 
ou de aval. 
 
DECLARAÇÕES CAMBIAIS NO CHEQUE 
 
EMISSÃO OU SAQUE: É a declaração cambial necessária pela qual o 
signatário/emitente dá origem ao título. Pelo ato de emissão, ou saque, o sacador torna-
se o principal devedor do cheque. 
 
ENDOSSO: Declaração eventual e sucessiva pela qual o titular do crédito documentado 
no título transmite o cheque, e todos os direitos dele resultantes, a um terceiro, mantendo-
se vinculado ao título, salvaguardando o endossatário contra eventual inadimplemento do 
devedor principal ou contra vícios ocorridos na emissão ou circulação do título. 
 
O ENDOSSANTE obriga-se como devedor de regresso, respondendo pelo pagamento do 
cheque, desde que tenha sido apresentado ao Banco sacado em tempo hábil. 
 
LIMITAÇÃO DE ENDOSSOS: A Lei 9.311/1997 determina que no cheque só pode 
figurar um endosso. Entretanto, é certo que referida Lei teve prazo de vigência 
determinado e, deixando de vigorar, deixou de haver, também, qualquer restrição à 
quantidade de endossos no cheque. 
 
CLÁUSULA NÃO À ORDEM: Pela cláusula “Não à Ordem” o emitente impede que o 
cheque, ou o direito nele incorporado, seja transmitido por endosso. 
 
ENDOSSO PARCIAL: É nulo, ou inexistente, nos termos da lei, da mesma forma que 
o endosso do sacado. 
 
CLÁUSULA SEM GARANTIA: Salvo estipulação em contrário o endossante garante 
o pagamento do cheque. Assim para se desvincular, ou se exonerar da obrigação de 
pagamento, o endossante deve inserir no cheque a cláusula “SEM GARANTIA”. 
 
AVAL: Declaração eventual e sucessiva, prestada por um terceiro ou até mesmo por um 
dos obrigados ao pagamento do título, pela qual o signatário garante o pagamento do 
cheque. 
 
DISCIPLINA JURÍDICA DO AVAL: O AVAL NO CHEQUE segue a mesma 
disciplina jurídica do aval na letra de câmbio ou na nota promissória. 
 
ACEITE: O cheque não comporta declaração cambial de aceite. O Banco não responde, 
perante o terceiro, portador do cheque, pelo pagamento, como obrigado principal ou de 
regresso. Por isso, se por qualquer razão não for pago o cheque ao possuidor, este só tem 
ação contra o emitente e demais garantidores, mas nunca contra o Banco sacado. 
 
CARACTERÍSTICAS DO CHEQUE 
 
 Acolhendo a lição de Edilson Enedino das Chagas pode-se dizer que o cheque tem 
as seguintes características: 
 
É ato de natureza comercial; 
É bem móvel; 
É pro solvendo; 
É documento formal (vinculado); 
É documento abstrato; 
É documento de apresentação; 
Pode ser nominal ou ao portador; 
Submete-se aos princípios cambiários; 
É sempre pagável à vista. 
 
 
REQUISITOS DE VALIDADE 
Assim como os demais títulos de crédito, para surtir efeitos como cheque o 
documento deve observância a requisitos de validade, que, neste caso, estão relacionados 
no artigo 1º da Lei 7.357/1985, que dispõe: 
 
Art. 1º O cheque contém: 
I – a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na 
língua em que este é redigido; 
A expressão cheque, inserida no contexto do título traduz a “cláusula cambiária” 
e identifica o título, de forma a que todo aquele que lançar nele sua assinatura já conheça, 
de antemão, a natureza e a extensão da obrigação que assume. 
Assim, o sacador/emitente, ao assinar o cheque já tem conhecimento de que se 
torna o devedor principal da importância mencionada no título. O endossante, a seu turno, 
ao fazer a declaração cambial de endosso, já tem pleno conhecimento de que, embora 
esteja transmitindo o título e o direito nele mencionado, se vincula a seu pagamento, em 
caso de inadimplemento do devedor principal. E, por fim, o avalista, já sabe, ao lançar 
sua assinatura no anverso do título, que se obriga da mesma maneira que seu avalizado. 
 
II – a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
 Este segundo requisito exprime a ideia de que o pagamento do cheque não pode e 
não se vincula a qualquer condição. Não pode o emitente do cheque exigir do sacado que 
o pagamento seja feito mediante a comprovação de determinada condição. Por isso que a 
ordem de pagamento é incondicional. 
A quantia a pagar deve estar mencionada em algarismos e por extenso e havendo 
divergência entre uma e outra prevalece o valor discriminado por extenso. 
 
III – o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
 O cheque deve indicar o nome do banco ou instituição financeira ao qual deve ser 
apresentado para pagamento. O sacado será, então, banco ou instituição financeira 
assemelhada (Caixa Econômica, Cooperativa de Crédito) na qual o emitente mantém 
conta de depósito, possuindo fundos disponíveis e sobre eles estar autorizado a emitir 
cheque. 
 
IV – a indicação do lugar de pagamento; 
O cheque deve indicar o lugar do pagamento, ou seja, a sede (agência) do banco 
ou instituição financeira na qual o emitente mantém conta de depósito e em que o título 
deve ser apresentado para pagamento. 
 
V – a indicação da data e do lugar de emissão; 
 A data e lugar da emissão são de importância fundamental para as relações 
jurídicas decorrentes das declarações cambiais lançadas no cheque. É a partir da data de 
emissão que se conta o prazo para apresentação do cheque ao sacado e, via de 
consequência, o prazo de prescrição da ação cambial. 
 O cheque deve ser apresentado para pagamento no prazo de 30 (trinta) dias, 
contados de sua emissão, se a praça de pagamento for a mesma da de emissão; e, em 60 
(sessenta) dias se não houver coincidência entre a praça de pagamento e o lugar de 
emissão do título. 
 A data deve estar completa, com indicação de dia, mês e ano, sendo a grafia do 
mês por extenso. É inválido o cheque que contenha data incompleta ou inexistente. 
 
VI – a assinatura do emitente (sacador) ou de seu mandatário com
poderes especiais. 
 A assinatura do emitente é que faz surgir o título e nele incorpora um direito para 
o beneficiário. É requisito essencial e indispensável de validade do título. O cheque pode 
ser assinado pelo próprio emitente ou por procurador com poderes especiais para tanto. 
 
EMISSÃO DO CHEQUE 
EMISSÃO: como já enfatizado, é a manifestação de vontade do signatário, pela 
qual ele cria o cheque, lançando no papel os requisitos necessários à validade do título, 
entregando-o ao beneficiário, se este não for o próprio emitente. 
Nos termos do art. 4º da Lei 7.357/85, o emitente/sacador deve possuir fundos 
disponíveis em poder do sacado e estar sobre eles, por contrato expresso, autorizado a 
emitir cheques. É dizer, para que possa emitir cheques o sacador/emitente deve manter 
contrato de conta corrente com Banco ou instituição financeira assemelhada, manter 
fundos disponíveis e sobre eles estar autorizado a emitir cheque. 
Os fundos disponíveis podem ser provenientes de: 
 
CRÉDITOS EXISTENTES EM CONTA BANCÁRIA NÃO SUBORDINADA A 
TERMO: Periódica ou aleatoriamente o correntista efetua depósitos de valores junto ao 
banco ou instituição financeira assemelhada, em conta corrente não subordinada a termo, 
e sobre esses valores emite cheque. 
 
SALDO EXIGÍVEL DE CONTA CORRENTE CONTRATUAL: O saldo exigível de 
conta corrente contratual reflete “operação casada” em que o correntista transfere ao 
banco títulos ou recebíveis para cobrança e os valores, assim que recebidos pelo Banco 
de terceiros, são creditados em conta corrente, no valor estipulado, e sobre esses valores 
estará o correntista autorizado a emitir cheques. 
 
SOMA PROVENIENTE DE ABERTURA DE CRÉDITO: O Banco ou instituição 
financeira assemelhada disponibiliza ao correntista, em virtude de contrato de abertura de 
crédito, determinado limite de crédito que poderá ser utilizado pelo correntista. Desta 
forma, ainda que não haja saldo disponível na conta do correntista o Banco acata os 
cheques emitidos até o limite posto á disposição daquele. 
 
MODALIDADES DE CHEQUES 
 
 Além do cheque ao portador, que é aquele que não identifica seu beneficiário, e 
do cheque nominativo, que é aquele em que há menção expressa daquele a quem deve ser 
pago, a Lei 7.357/85 prevê a existência de outras modalidades de cheque, a saber, cheque 
visado, cheque cruzado, cheque para ser creditado em conta e cheque administrativo. 
Vejamos cada uma destas modalidades. 
 
CHEQUE VISADO: Cheque visado é aquele em que o Banco sacado, a pedido do 
emitente ou do beneficiário nominado no título, lança e assina no verso declaração 
certificando a existência de fundos suficientes para pagamento do cheque, os quais ficarão 
reservados para liquidação do título, durante o prazo de apresentação. A declaração 
lançada obriga o banco a debitar à conta do emitente a quantia mencionada no cheque e 
a reserva-la para pagamento do cheque ao beneficiário nele indicado, assegurando que 
tais valores somente serão utilizados para liquidação daquele cheque. 
Esgotado o prazo de apresentação e se o cheque não tiver sido apresentado para 
liquidação, os valores anteriormente debitados à conta do emitente serão novamente nela 
creditados, perdendo o portador a segurança de pagamento do cheque, perdendo-se a 
garantia do “visto” dado pelo banco sacado. 
O “visto” ou “visamento” do cheque exige que seja o titulo nominativo e que não 
tenha circulado por endosso. 
“Registre-se, por oportuno, que o banco que lança o visto não se torna um 
participante da relação cambiária, como devedor, garantidor ou avalista do cheque, de 
modo que se falhar no bloqueio da quantia mencionada no cheque poderá ser demandado 
por perdas e danos com base no direito comum, mas não poderá ser executado com base 
no título.” (Edilson Enedino das Chagas). 
 O visto do cheque não exonera o emitente, endossantes e demais devedores 
coobrigados, e não importa nenhuma obrigação cambial para o banco. Somente pode 
receber visamento o cheque nominativo. 
 
CHEQUE CRUZADO: Cheque cruzado é aquele que se caracteriza pela aposição, no 
anverso do título, de dois traços transversais e paralelos que indicam que o título somente 
poderá ser pago a um banco ou instituição financeira assemelhada. No caso de 
cruzamento o cheque somente será pago por meio de compensação bancária. “Em outras 
palavras, o cheque tem que ser depositado, porque o portador não pode simplesmente 
apresenta-lo ao caixa do banco e exigir a entrega do papel-moeda em valor 
correspondente à quantia sacada.” 
 O ato de cruzar o cheque pode ser praticado pelo emitente ou pelo portador e visa 
dar mais segurança tanto a um quanto a outro, nos casos de furto ou roubo ou injusto 
desapossamento, uma vez que aquele que indevidamente se apossou do cheque 
provavelmente não fará sua apresentação ao banco. 
 
CHEQUE COM CRUZAMENTO GERAL: O cheque com cruzamento geral, ou com 
cruzado em branco, somente pode ser pago a um banco, ou seja, a qualquer banco em que 
o título for depositado. O cruzamento geral, ou em branco, é caracterizado pela aposição 
de dois traços paralelos no anverso do título. 
 
CHEQUE COM CRUZAMENTO ESPECIAL: O cheque com cruzamento especial, 
ou cruzado em preto, é aquele que identifica, dentro dos traços paralelos do lançados no 
anverso do título o nome do Banco, ou seu número no sistema financeiro, e somente 
poderá ser pago a este Banco. Assim, quando o portador recebe o cheque com cruzamento 
especial deverá depositá-lo junto ao banco identificado no cruzamento para que este faça 
a apresentação do título ao banco sacado para liquidação, via compensação bancária. 
 
CHEQUE PARA SER CREDITADO EM CONTA: “A lei do cheque permite a 
emissão do cheque para ser creditado em conta, que não pode ser pago em dinheiro. O 
cheque grafado com esta cláusula deverá ser, obrigatoriamente, creditado em conta. Para 
caracterizar esta modalidade de cheque, basta que se lance em sua face (anverso) em 
posição transversal, a cláusula “para ser creditado em conta”, ou outra equivalente, como 
“para se levar em conta”. “A invalidação da cláusula reputa-se inexistente. Eis por 
que cheque dessa modalidade rejeita a cláusula à ordem e não pode ser endossado 
ou transferido, por qualquer meio, a terceiros.” 
 
CHEQUE ADMINISTRATIVO: Cheque administrativo é aquele emitido pelo próprio 
banco, por solicitação do correntista, para pagamento por uma de suas agências. Nessa 
modalidade ocorre uma espécie de “compra” do cheque administrativo que será entregue 
aos credores, dando-lhes mais segurança na realização de determinado negócio jurídico, 
pois será pouco provável que o banco não detenha fundos disponíveis para liquidação do 
cheque por ele mesmo emitido. 
O interessado comparece ao Banco e solicita a emissão do cheque administrativo 
pelo próprio banco, que ao emitir o cheque, transfere os valores da conta de titularidade 
do solicitante para conta de sua titularidade e emite o cheque, entregando-o ao solicitante. 
 Embora o cheque administrativo não esteja normatizado em lei é pressuposto para 
sua emissão a nominatividade, ou seja, o cheque deve identificar o beneficiário do crédito 
nele incorporado. 
 
PRAZOS PARA APRESENTAÇÃO DO CHEQUE AO BANCO SACADO 
 
O cheque deve ser apresentado, pelo credor, ao banco sacado, para liquidação 
dentro do prazo assinalado pelo art. 33 da Lei 7.357/1985. São os seguintes os prazos de 
apresentação do cheque: 
 
CHEQUES DA MESMA PRAÇA: 30 (trinta) dias, contados da data de emissão; 
 
CHEQUES DE PRAÇAS DIFERENTES: 60 (sessenta) dias contados da data de 
emissão. 
 
O critério para aferição das “praças” é a comparação do local onde o título foi 
emitido e aquele onde deva ser pago. 
Assim, se um título foi emitido em Pará de Minas e a praça de pagamento é, 
também, Pará de Minas, deve ser apresentado ao banco sacado no prazo de até 30 (trinta) 
dias. 
Por outro lado, se o cheque
foi emitido em Pará de Minas e a praça de pagamento 
é Belo Horizonte, deve ser apresentado ao Banco sacado em até 60 (sessenta) dias. 
 
A INOBSERVÂNCIA DO PRAZO DE APRESENTAÇÃO ACARRETA A PERDA 
DO DIREITO DE EXECUTAR OS ENDOSSANTES DO CHEQUE E 
RESPECTIVOS AVALISTAS, SE O TÍTULO FOR DEVOLVIDO POR 
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS, NOS TERMOS DO ART. 47, II, DA LEI 7.357/85. 
 
Ressalte-se que o cheque poderá, mesmo transcorrido o prazo de apresentação, ser 
apresentado ao banco sacado para liquidação. Apenas depois de prescrita a execução, vale 
dizer, ultrapassados 06 (seis) meses do término daquele prazo, o sacado não poderá mais 
processar o cheque. 
 
CHEQUE PÓS DATADO 
 Vulgarmente conhecido nas relações comerciais como cheque pré-datado, o 
cheque pós-datado é aquele em que se insere data futura para apresentação do título ao 
banco sacado. Normalmente é emitido em garantia ou para documentar a celebração de 
negócio jurídico a prazo. 
 Entretanto, cabe enfatizar que a lei 7.357/85 não reconhece a existência do cheque 
“pré” ou “pós” datado. 
 Com efeito, o artigo 32 da Lei 7.357/85 dispõe que o cheque é pagável à vista e 
que considera-se não escrita qualquer menção em contrário. 
 Desta forma, ainda que o cheque contenha o aviso de “pré-datado”, se for 
apresentado ao banco para pagamento e havendo provisão de fundos disponíveis em 
poder do sacado, outra opção não lhe restará a não ser a de pagar o cheque. 
 O Banco sacado, portanto, não poderá negar-se ao pagamento do cheque se houver 
em conta do emitente fundos disponíveis para tanto. 
 Por outro lado, há de se registrar que o Superior Tribunal de Justiça, por 
intermédio da Súmula 370, firmou entendimento no sentido de que a apresentação 
antecipada de cheque pré-datado caracteriza dano moral. 
 
SÚMULA 370/STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque 
pré-datado. 
 Vale, também, registrar que o dano decorre do descumprimento de cláusula ou 
condição contratual em que o cheque documentou a concessão de crédito. 
 
DEVOLUÇÃO DO CHEQUE SEM PAGAMENTO 
 O cheque, por expressa definição legal, é uma ordem de pagamento e pagável à 
vista de sua apresentação. Assim, sendo o cheque apresentado ao Banco sacado deve este, 
se não houver qualquer causa impeditiva do pagamento, liquidá-lo, entregando ao 
apresentante a quantia nele determinada, ou creditando o valor ao banco apresentante em 
câmara de compensação. 
 Entretanto, existem diversas situações em que o Banco não poderá realizar o 
pagamento do cheque e, ocorrendo uma destas situações deverá devolver o cheque ao 
apresentante informando o motivo da devolução. 
 São os seguintes, os principais, motivos para devolução do cheque: 
MOTIVO ALÍNEA 
Insuficiência de Fundos – 1ª Apresentação 11 
Insuficiência de Fundos – 2ª Apresentação 12 
Conta Encerrada 13 
Folha de Cheque cancelada por solicitação do correntista 20 
Contraordem ou oposição ao pagamento 21 
Divergência ou insuficiência de assinatura 22 
Bloqueio judicial por determinação do BACEN 24 
Cancelamento do talonário pelo banco sacado 25 
Contraordem ou oposição ao pagamento por motivada por roubo ou furto 28 
Falta de confirmação do recebimento do talonário 29 
Furto ou roubo de malotes 30 
Erro formal de preenchimento 31 
Moeda Inválida 40 
Cheque prescrito 44 
 
 Apresentando o cheque qualquer das irregularidades acima, além de outras, deverá 
ser devolvido pelo Banco ao apresentante com a declaração do motivo da devolução. 
 
IMPEDIMENTO AO PAGAMENTO DO CHEQUE 
 A lei 7.357/85 prevê três hipóteses de se impedir o pagamento do cheque: 
revogação, sustação e cancelamento. 
 
REVOGAÇÃO: A revogação ou contraordem está prevista no artigo 35 da Lei 7.357/85 
e possibilita ao EMITENTE do cheque se retratar da ordem de pagamento por ele emitida, 
ou seja, revogar a ordem que anteriormente dirigiu ao banco. 
 
EFEITOS DA REVOGAÇÃO: O parágrafo único do art. 35 prevê que a revogação ou 
contraordem só produz efeito após esgotado o prazo de apresentação. Assim, se 
apresentada pelo Emitente, contraordem de pagamento do cheque por ele emitido, ainda 
assim o cheque poderá ser pago, desde que apresentado ao banco dentro do prazo de 
apresentação. 
 A revogação ou contraordem, portanto, consiste na possibilidade do emitente do 
cheque restringir o período de seu pagamento ao prazo legalmente definido como sendo 
o de apresentação, impedindo que o beneficiário se utilize da faculdade de apresentá-lo 
no prazo de prescrição. 
 A revogação, ou contraordem, é ato privativo do EMITENTE e somente surte 
efeitos após o prazo de apresentação. 
 
SUSTAÇÃO: A sustação do pagamento pode ser feita pelo emitente ou pelo portador 
legitimado do cheque e surte efeitos desde que formalizada ao banco sacado, ou seja, 
mesmo durante o prazo de apresentação. 
 Prevê o art. 36, da Lei 7.357/85 que, “mesmo durante o prazo de apresentação, o 
emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao 
sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito.” 
 Nos termos da lei, portanto, a sustação do pagamento do cheque poderá ser feita 
tanto pelo emitente quanto pelo portador legitimado do título e surtirá efeitos mesmo 
durante o prazo de apresentação. 
 A relevante razão de direito, a que alude o art. 36, deverá ser informada pelo 
emitente ou pelo portador legitimado, entretanto, não caberá ao sacado questioná-la ou 
recusá-la. 
 Nos casos de ser alegado como razão para a sustação furto, roubo ou extravio 
deverá ser apresentado boletim de ocorrência policial. 
A SUSTAÇÃO INFUNDADA CARACTERIZA CRIME DE ESTELIONATO, na foram 
do art. 171, parágrafo 2º, VI, do Código Penal. 
 
CANCELAMENTO: Os cheques que ainda não foram emitidos, isto é, aqueles que 
foram remetidos ao correntista, mas ainda não foram utilizados podem ser cancelados 
pelo próprio banco. O cancelamento, normalmente, ocorre quando há extravio do 
talonário no percurso entre a agência e o domicílio do correntista, ou quando não há a 
comprovação de recebimento do talonário por este. 
 
ORDEM DE PAGAMENTO DO CHEQUE 
O banco sacado deve pagar o cheque observando a ordem de apresentação, 
entretanto, se dois ou mais cheques forem apresentados simultaneamente, e não havendo 
provisão de fundos para liquidação de todos, o sacado deve dar preferência aos de data 
de emissão mais antiga. Se tiverem sido emitidos na mesma data, deve ser pago o de 
número inferior. 
 
PROTESTO DO CHEQUE 
 
PROTESTO PARA EFEITO DE COBRANÇA: Apresentado o cheque ao banco e 
havendo, por parte deste recusa do pagamento, o título deverá ser devolvido ao 
apresentante com a informação do motivo da devolução. Desta forma, a declaração do 
banco do motivo da devolução comprova a apresentação e a data em que foi feita, sendo, 
portanto, dispensável o protesto para efeito de cobrança dos devedores coobrigados. 
 Entretanto, se o portador pretender protestar o cheque deverá fazê-lo dentro do 
prazo de apresentação e, caso não o faça, não sofrerá qualquer prejuízo, uma vez que a 
lei garante os mesmos direitos conservatórios do direito de ação em face dos devedores 
coobrigados se o cheque tiver sido apresentado ao banco dentro do prazo de apresentação 
fixado na lei. 
PROTESTO PARA INSTRUIR PEDIDO DE FALÊNCIA: Para fins de instrução de 
pedido de falência, com base na impontualidade injustificada do devedor, representada 
pela emissão de cheque sem fundos, É INDISPENSÁVEL O PROTESTO, uma vez 
que a Lei 11.101/2005, exige, em seu art. 94, que o título esteja protestado. 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) 
salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 
AÇÕES CAMBIAIS EM RELAÇÃO AO CHEQUE 
O pagamento do cheque pelo banco sacado
é a forma de extinção da obrigação 
incorporada no título. Entretanto, não havendo o pagamento, a lei assegura ao credor 
ações para satisfação de seu direito documentado no título. 
 
AÇÃO DE EXECUÇÃO: Nos termos do art. 784, I, do Código de Processo Civil o 
cheque constitui-se em título executivo extrajudicial e, desta forma, a ação para 
recebimento da importância nele mencionada é a ação de execução. 
A ação de execução poderá ser proposta contra o emitente do cheque e seu 
avalista, independentemente da observância do prazo de apresentação. 
Para a propositura da ação de execução em face de endossantes e respectivos 
avalistas é necessário comprovar que o cheque foi apresentado ao banco sacado em tempo 
hábil, ou seja, dentro do prazo de apresentação, que é de 30 (trinta) ou 60 (sessenta) dias, 
respectivamente, se da mesma praça ou de praças diferentes. 
 
PRESCRIÇÃO: O prazo para propositura da ação de execução é, sempre, de 06 (seis) 
meses, contados da expiração do prazo de apresentação. Assim, devolvido o cheque por 
insuficiência de fundos, ou por outro motivo, terá o credor o prazo de 06 (seis) meses, 
contados do vencimento do prazo de apresentação, para propositura da ação de execução. 
Esgotado o prazo de 06 (seis) meses, ocorrerá a perda do direito de ação, ou seja, 
a prescrição. 
 
AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO INDEVIDO: A ação de enriquecimento indevido, 
ou de locupletamento indevido poderá ser proposta pelo credor em face daqueles que se 
enriqueceram em virtude do não pagamento do cheque. Como é requisito para figurar no 
polo passivo da ação a comprovação do enriquecimento daqueles que se beneficiaram do 
não pagamento do cheque, provavelmente serão excluídos do polo passivo da ação os 
avalistas, uma vez que o aval, normalmente se constitui em obrigação de favor. 
 
PRESCRIÇÃO: A ação de enriquecimento indevido, ou de locupletamento ilícito, deve 
ser proposta no prazo de 02 (dois) anos contados da consumação da prescrição da ação 
de execução.

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