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G E N É T IC A A P L IC A D A À P S IC O L O G IA CURSO DE PSICOLOGIA Me. DANIELLA MACHADO RIBEIRO GOEDERT PROFESSORA: Ma. DANIELLA MACHADO RIBEIRO GOEDERT Email: daniella.goedert@uniavan.edu.br AULA 15 ACONSELHAMENTO GENÉTICO G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A A utilização do termo aconselhamento genético é atribuída, pioneiramente, a Sheldon C. Reed, em 1947, autor do primeiro livro publicado sobre o assunto. • Especialista em zoologia genética, priorizava o estudo das probabilidades de ocorrência de efeitos deletérios e estratégias de enfrentamento para as diferentes situações identificadas. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Aconselhamento Genético, para a genética humana, é definido como um processo de comunicação, sobre os riscos de ocorrência ou recorrência familiar de anomalias genéticas. (Bertollo et al, 2013) O processo envolve um ou mais profissionais, treinados para auxiliar indivíduos ou famílias a: compreender amplamente as implicações relacionadas às doenças genéticas em discussão; G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A conhecer as opções que a medicina atual oferece para a terapêutica ou para a diminuição dos riscos de ocorrência ou recorrência da doença genética em questão, isto é, para sua profilaxia; e fornecer eventual apoio psicoterápico. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Um bom consultor genético necessita tanto de uma forte base em ciências biológicas e genética quanto de um treinamento na teoria e na prática de técnicas psicossociais (ex.: sistemas familiares, aconselhamento nas crises e técnicas de entrevista). Também deve aprender a lidar com situações que envolvam dilemas éticos. (Bertollo et al, 2013, p. 31) O aconselhamento genético visa aumentar as informações para as tomadas de decisões. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A As principais causas que motivam a busca do Aconselhamento Genético são: anomalias que seguem um padrão simples e bem estabelecido de herança, permitindo cálculo fácil do risco de repetição; anomalias não relacionadas a mecanismos genéticos simples, visto que em sua etiologia intervêm fatores genéticos e ambientais ainda não totalmente esclarecidos. (De Lima, 1984) G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A “O Aconselhamento Genético é um campo em expansão na era da medicina genômica, que fornece cuidados clínicos, educação e suporte emocional aos indivíduos e familiares que enfrentam doenças genéticas e herdadas”. (Bertollo et al, 2013, p. 31) G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Principais indicações para encaminhamento ao AG , segundo Jorde et al. (2010) G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Indicações comuns para encaminhamento ao AG: 1. Avaliação de pessoa com deficiência intelectual ou atraso de crescimento; 2. Avaliação de pessoa com defeitos morfológicos congênitos únicos ou múltiplos, questionamento sobre uma síndrome dismórfica; 3. Avaliação de pessoa com uma possível doença metabólica herdada; 4. Presença de possível doença monogênica; 5. Presença de doença cromossômica, incluindo rearranjos cromossômicos equilibrados; 6. Pessoas em risco de uma condição genética, incluindo questões de diagnóstico pré-sintomático ou risco de câncer; G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A 7. Pessoa ou família com dúvidas sobre aspectos genéticos de qualquer condição médica; 8. Casais com histórico de abortos recorrentes; 9. Consanguinidade em um casal; 10. Doenças típicas de grupos étnicos específicos; 11. Uso de teratógenos; 12. Aconselhamento pré-concepção e sobre fatores de risco, incluindo idade materna avançada e outras. (Bertollo et al, 2013, p. 31) G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A “Os consultores genéticos, como membros de uma equipe de profissionais de saúde, fornecem serviços aos pacientes em todas as etapas da vida; avalia o ambiente e a história familiar para determinar o risco para condições herdadas; oferece assistência em testes genéticos, diagnóstico, prevenção e administração de doenças; e orientação psicológica e ética para auxiliar os pacientes nas tomadas de decisões, nos cuidados autônomos à saúde e decisões reprodutivas”. (Bertollo et al, 2013, p. 31) G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Etapas do Aconselhamento Genético O processo de AG envolve as seguintes etapas: • definição e/ou confirmação do diagnóstico; • estimativa de risco; • comunicação; e • tomada de decisão. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Atualmente existem diversos exames que permitem diagnosticar a presença de doenças genéticas e hereditárias. Para isso, o médico geneticista é o melhor profissional para avaliar a correta indicação dos exames. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A • A entrevista e a avaliação de uma pessoa ou de uma família para uma condição genética em potencial requer uma anamnese detalhada, exame minucioso físico e histórico. • O histórico inclui informação sobre as preocupações da família, o período pré-natal, a ocupação do trabalho, o parto, a documentação dos parentes da família e o estudo da genealogia (heredrograma). G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A A informação de histórico familiar pode guiar a estimativa de risco de recorrência, determinando se uma doença foi transmitida por um dos genitores ou se é decorrente de mutação nova. O exame físico deve focalizar variações físicas ou pequenas anomalias que forneçam informações para o diagnóstico. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Alguns exames genéticos: Mapeamento genético: tem como função analisar o genoma humano como um todo, sem focar em um gene específico. Cada exame existente possui uma técnica específica capaz de realizar o estudo do DNA individualmente de acordo com cada caso. Cariótipo: permite avaliar as alterações estruturais dos cromossomos como as translocações. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A CGH array: É um exame que avalia o genoma como um todo e sua análise é guiada pelo quadro clínico do paciente; SNP array: podem avaliar diversos SNPs (Single Nucleotide Polymorphism) ou marcadores no DNA que estão associados com risco para determinadas condições. Também podem ser aplicados na identificação de ancestralidade; rastreia o genoma humano para detectar CNVs (variações de número de cópias) em milhares de genes. Este exame pode ser solicitado para paciente com quadro clínico de causa desconhecida, pois não há necessidade de suspeita a priori de alteração em um determinado gene(s). G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A MLPA: O MLPA (Multiplex Ligation-dependent Probe Amplification) é uma técnica de biologia molecular utilizada no diagnóstico genético de doenças ou síndromes genéticas causadas por variações no número de cópias (CNVs-copy number variations) em éxons do gene de interesse. As CNVs abrangem as deleções (perda de material genético) e duplicações (ganho de material genético). G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Sequenciamento de DNA: analisa os 3 bilhões de pares de bases que constituem o nosso DNA. Exoma: analisa cada base das regiões codificadoras (éxons) e sua análise também é guiada pelo quadro clínico do paciente. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Recomenda-se a realização do aconselhamento genético para verificar a probabilidade de uma doença genética ocorrer em uma família, e na adequação de qual exame deve ser realizado para cada caso. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Através de testes genéticos, é possível se identificar portadores de alterações (ex.: Painel de Triagem de Portador de Mutações de doenças recessivas), sendo possível que futuros pais saibamqual o risco de terem filhos afetados por uma doença genética e possam fazer um planejamento familiar mais adequado. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A No contexto da triagem neonatal, o Teste da Bochechinha, é um teste que investiga mais de 340 doenças genéticas raras e tratáveis que se manifestam, na sua maioria, ainda na primeira infância. A partir de uma amostra de saliva, coletada de forma simples, rápida e indolor, é possível analisar o DNA do recém-nascido, em busca de alterações genéticas. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A O Teste da Bochechinha é um teste de triagem, que usa a tecnologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS), e que complementa o Teste do Pezinho, auxiliando na detecção das doenças genéticas, possibilitando melhor tratamento e maior qualidade de vida aos pacientes. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Atualmente, com o avanço da biologia molecular e o conhecimento de vários genes responsáveis por afecções de etiologia gênica, muitos exames são realizados para concluir uma hipótese diagnóstica. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Após estabelecimento e/ou confirmação do diagnóstico clínico e etiológico e da determinação dos riscos, entra-se na fase de interagir com a família para que ela entenda o que ocorreu, ou seja, comunicar os fatos médicos (diagnósticos, tratamento, prognóstico, causas da doença) sobre o paciente e os riscos genéticos. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A A família terá que tomar muitas decisões a partir deste ponto, mas essas irão ocorrer ao longo da vida em resposta a dinâmica da família, e assim o AG deve ser contínuo. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Aplicações do Aconselhamento Genético O AG tem aplicações em várias áreas diferentes, mas as mais estabelecidas e caracterizadas são: diagnóstico pré-natal e pré-implantação de condições genéticas; doenças que exibem padrões de herança mendelianas com início na idade adulta e na infância; síndromes genéticas; doenças multifatoriais; e anomalias de origem materno-fetal. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Entre os fatores que podem dificultar o aconselhamento genético, está o fato da herança genética não seguir uma regra geral; por exemplo, uma anomalia que geralmente segue um padrão autossômico recessivo, pode, em certas famílias, transmitir-se de acordo com um padrão autossômico dominante ou ligado ao sexo, o que, no mínimo, demandaria maior tempo para a análise técnica do risco genético. Neste caso, como na maioria dos casos, é indispensável o reconhecimento da análise individual de cada caso para o levantamento dos riscos (Freire-Maia, 1976). G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A O AG em doenças de etiologia multifatorial, que envolve as áreas de oncologia, neurologia, cardiologia e psiquiatria apresentam objetivos adicionais. Neste subgrupo, são avaliados os riscos para doenças comuns, também denominadas complexas (câncer, doença de Alzheimer, Parkinson, hipertensão, diabetes, doenças comportamentais, cardiopatias, etc) e incluem testes genéticos preditivos ainda não estabelecidos na rotina clínica. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A O objetivo do AG para doenças comuns assemelha-se aos programas educacionais de saúde: compreensão dos riscos personalizados e a intensificação de comportamentos promotores da saúde. A promoção da tomada de decisões sobre o uso dos testes preditivos e discussões sobre opções reprodutivas podem também desempenhar um papel importante no AG para doenças comuns. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Os avanços da genética molecular estão fornecendo novos métodos de detecção de genes mutantes em indivíduos e os exames diagnósticos com base na análise do DNA estão prontamente disponíveis. Por exemplo, um laboratório hospitalar pode pesquisar, em amostra de sangue ou material colhido da bochecha com swab, um alelo mutante do gene. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Como objetivo primário do AG, considera-se a promoção de saúde e qualidade de vida. Objetivos específicos do aconselhamento: promover comportamentos que intensifiquem a saúde; intensificar a percepção da utilidade e precisão dos riscos; facilitar a compreensão dos riscos genéticos; prevenir doenças. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A A evolução tecnológica e a variabilidade de problemáticas envolvidas em casos clínicos de genética, observada em diferentes estudos, confirmam uma tendência crescente à interdisciplinaridade e ao reconhecimento do profissional psicólogo como um membro efetivo de um serviço de aconselhamento genético. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Por exemplo: questões relacionadas à gestação, tais como, malformações fetais, interrupção de gestação e aspectos éticos; aspectos psiquiátricos e comportamentais de diferentes síndromes e anomalias genéticas; manejo de crenças, atitudes e outras variáveis psicossociais envolvidas no processo de aconselhamento genético. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A Motta (1993) enfatiza que o trabalho do psicólogo não se esgota com a explicação da causa da doença e de seu risco de recorrência, ou ocorrência. Acredita-se ser necessário a execução de um processo assistencial, com entrevistas e sessões terapêuticas, para tratar toda a problemática associada à ansiedade, culpa, depressão, fantasias e outras manifestações mórbidas do psiquismo do paciente e de seus familiares. G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A A utilização do termo aconselhamento implica que o serviço possui respaldo no domínio da saúde mental, trabalho social ou psicoterapia, por isso existe um alto grau de responsabilidade envolvido nos aspectos dos cuidados com o paciente, e os conselheiros devem saber lidar com o estresse das situações difíceis dos familiares com que trabalham. (Bertollo et al, 2013, p. 35). G E N É T I C A A P L I C A D A À P S I C O L O G I A REFERÊNCIAS BERTOLLO, Eny Maria Goloni; CASTRO, Rodrigo; CINTRA, Mariangela Torreglosa Ruiz; PAVARINO, Érika Cristina. O processo de Aconselhamento Genético. Arq. Ciência e Saúde. jan-mar 2013. DE LIMA, C. Piedemonte, C. Genética Humana. São Paulo: Harper & Row, 1984. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética Médica. Rio de Janeiro: Editora Elsevier; 2010. Motta, P.A. Genética em Psicologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.