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Direitos Humanos e 
CiDaDania
2016
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
323
P615d 
 Pieritz; Vera Lúcia Hoffmann
 Direitos humanos e cidadania / Vera Lúcia Hoffmann Peiritz; Joelma Crista 
Sandri Bonetti; Neusa Mendonça Franzmann: UNIASSELVI, 2016.
 213 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0042-2
 1.Direitos Humanos. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
ApresentAção
Caro acadêmico, tudo bem com você? Esperamos que sim.
Antes de iniciarmos os estudos da disciplina Direitos Humanos e 
Cidadania, primeiramente apresentamos um breve currículo das professoras 
autoras deste Caderno de Estudos.
A prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz é mestre em Desenvolvimento 
Regional, especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria; MBA 
Profissional em Gestão Administrativa e Marketing; Direito Empresarial e 
Direito Médico e Hospitalar . Tem graduação em Serviço Social e em Direito. 
Com experiência profissional em coordenação do Curso de Serviço Social e 
de estágios curriculares obrigatórios, além de docência no Ensino Superior 
e orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso. Assistente Social do 
Artigo 170/UNIASSELVI. Conselheira Municipal dos Direitos do Idoso e 
dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Indaial/SC, integrante do 
Núcleo de Educação Permanente do SUAS/SC. Advogada e Consultora 
Empresarial na área de gestão. Tem experiência na área de Serviço Social, 
estágio, consultoria e assessoria técnica de gestão, atuando principalmente 
nos seguintes temas: direito médico e hospitalar, economia solidária, redes, 
políticas públicas, gestão, autogestão, planejamento estratégico, organização 
empresarial, direito e serviço social.
A prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti é especialista em Gestão Pública, 
pelo Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC (2012), Gestão e Tutoria e 
Educação Especial Inclusiva (2012) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci 
– UNIASSELVI. É graduada em Serviço Social pela Fundação Universidade 
Regional de Blumenau – FURB (2005). Atua como assistente social na Prefeitura 
Municipal de Benedito Novo-SC. Tem experiência desde 2005 como assistente 
social da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Indaial, 
na qual responde atualmente pela assessoria e consultoria de projetos sociais. 
Desde agosto de 2011 possui a função de docente do Curso de Graduação em 
Serviço Social no Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
A Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann tem pós-graduação na 
área de Gestão e Tutoria pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
UNIASSELVI, e especialização em Políticas Públicas também pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. É graduada em Serviço 
Social pela Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB (1994). 
Tem experiência junto às políticas públicas municipais de Blumenau, por oito 
anos, sendo na gestão por quatro anos. Desde 2013 possui função de docente 
do Curso de Graduação em Serviço Social no Centro Universitário Leonardo 
da Vinci – UNIASSELVI. 
IV
Iniciaremos os estudos da disciplina Direitos Humanos e Cidadania, na 
qual trabalharemos primeiramente as questões relativas aos direitos humanos, 
buscando discutir o estudo e desenvolvimento da construção dos direitos do 
homem, além de perpassar por seus aspectos históricos e conceituais.
Após esta primeira etapa, traçaremos concepções relativas à 
compreensão da Constituição Federativa do Brasil de 1988, para assim desvelar 
seus fundamentos e princípios, além de compreender quais são as instituições 
de direito no Brasil, os direitos e garantias fundamentais da cidadania, além 
dos direitos individuais e coletivos e dos direitos fundamentais e sociais.
Por fim, estudaremos as formas de estruturação da cidadania, a 
organização do Estado, dos poderes e da ordem social, a cidadania na 
sociedade capitalista, o neoliberalismo e a cidadania e o pluralismo, tolerância 
e cidadania, para assim realizar o reconhecimento da cidadania como processo 
de participação na sociedade.
Na primeira unidade discutiremos questões em torno da construção 
ética nos direitos humanos, trabalhando aspectos relativos às novas 
reivindicações de direitos. Abordaremos uma breve história dos direitos 
humanos, perpassando pela Carta Magna de 1215, a declaração universal dos 
direitos humanos de 1948, a legalidade e a realidade, como também a questão 
dos direitos humanos universais, desvelando o surgimento do Estado na 
visão de Hobbes, Locke e Rousseau e as novas reivindicações de direitos.
Nesta unidade também trabalharemos a concepção de direitos 
humanos, estudando um pouco do contexto histórico dos direitos humanos, 
perpassando pelas evoluções e o conceito de direitos humanos, como também 
os direitos humanos e a interpretação da moral x ética e, por fim, estudaremos o 
contraponto entre trabalho x direito e como se dá a compreensão da mudança 
de concepção com a transição do feudalismo para o capitalismo.
E para finalizar esta unidade, veremos sobre a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, em que estudaremos a legislação e seu entendimento 
sobre os poderes do Estado; o surgimento da declaração dos direitos humanos; 
a história dos direitos humanos no Brasil e no mundo e as grandes conquistas. 
Na segunda unidade buscaremos desvelar os princípios fundamentais 
da Constituição de 1988, discutindo os fundamentos da Constituição, tais 
como a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político. Estudaremos 
também os objetivos fundamentais da Carta Magna brasileira. Salientando 
que trabalharemos também os direitos e deveres individuais e coletivos que 
estão estampados no art. 5° da CF/88, como também os direitos sociais.
Na terceira e última unidade você estudará a questão do reconhecimento 
da cidadania como processo de participação na sociedade, em que se buscará 
compreender a cidadania, a participação e a garantia de direitos.
V
Nesta unidade estudaremos também o processo participativo como 
estratégia do exercício da cidadania e os conselhos de direito, como também 
os obstáculos enfrentados pelos direitos humanos na contemporaneidade, 
buscando desvelar as situações de vulnerabilidade social, pobreza e extrema 
pobreza, compreendendo assim a pobreza cultural, além de poder reconhecer 
também as características da pobreza social e política no território brasileiro.
Pronto para começar a compreender o significado dos direitos 
humanos e cidadania? Então vamos à luta, e bons estudos!
Desejamos muito sucesso em sua vida profissional!
 Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
 Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
 Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
VI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta tambémeste livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VII
VIII
IX
Sumário
UNIDADE 1 – A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS ................................... 1
TÓPICO 1 – AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS ...................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................... 3
 2.1 A CARTA MAGNA (1215) ............................................................................................................. 5
 2.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) ................................... 8
 2.3 A LEGALIDADE E A REALIDADE ............................................................................................. 9
3 DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS ........................................................................................... 12
 3.1 O SURGIMENTO DO ESTADO NA VISÃO DE HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU ............. 13
 3.2 AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS ......................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21
TÓPICO 2 – A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS ........................................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................... 25
 2.1 EVOLUÇÕES E O CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS .................................................... 27
 2.2 DIREITOS HUMANOS E A INTERPRETAÇÃO DA MORAL X ÉTICA ............................... 29
 2.3 O CONTRAPONTO ENTRE O TRABALHO X DIREITO ........................................................ 31
 2.3.1 Compreendendo a mudança de concepção com a transição do feudalismo 
 para o capitalismo .................................................................................................................. 32
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 41
TÓPICO 3 – REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS .............................................................................................................................................. 43
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 43
2 A LEGISLAÇÃO E SEU ENTENDIMENTO SOBRE OS PODERES DO ESTADO ............... 43
 2.1 O SURGIMENTO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................... 44
3 A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E NO MUNDO ............................. 45
 3.1 GRANDES CONQUISTAS ............................................................................................................ 47
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 54
UNIDADE 2 – A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 .................................. 55
TÓPICO 1 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
 FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ............................................................................ 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57
2 CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 ......................................... 64
3 O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 .................................................. 67
X
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 69
4 FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 ............................................... 74
 4.1 SOBERANIA .................................................................................................................................... 74
 4.2 CIDADANIA ................................................................................................................................... 75
 4.3 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ....................................................................................... 78
 4.4 VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA .......................................... 83
 4.5 PLURALISMO POLÍTICO ............................................................................................................. 85
5 DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES FEDERATIVOS ................................................................. 87
6 OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA CARTA MAGNA BRASILEIRA .................................... 88
 6.1 CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA ........................................... 89
 6.2 GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL ................................................................ 92
 6.3 ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS 
 DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS ............................................................................. 93
 6.4 PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, 
 COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO .......................... 94
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 98
TÓPICO 2 – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS .............................. 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 99
2 DOS DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL ..............................................99
 2.1 DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES .............................................................. 102
 2.2 O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................... 103
 2.3 DA VEDAÇÃO DA TORTURA E DO TRATAMENTO DESUMANO OU DEGRADANTE ... 104
 2.4 DA LIBERDADE E INVIOLABILIDADE ................................................................................... 105
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 114
TÓPICO 3 – DOS DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................. 115
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115
2 OS DIREITOS SOCIAIS .................................................................................................................... 115
 2.1 DIREITO À EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 118
 2.2 DIREITO À SAÚDE ........................................................................................................................ 129
 2.3 DIREITO À ALIMENTAÇÃO ....................................................................................................... 134
 2.4 DIREITO AO TRABALHO ............................................................................................................ 138
 2.5 DIREITO À MORADIA .................................................................................................................. 141
 2.6 DIREITO AO LAZER ...................................................................................................................... 144
 2.7 DIREITO À SEGURANÇA ............................................................................................................ 145
 2.8 DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL .......................................................................................... 148
 2.9 DIREITO À PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA ............................................... 151
 2.10 DIREITO DE ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS ........................................................... 152
3 A “PEC DA FELICIDADE” — PEC Nº 513/2010 -CD E PEC Nº 19/2010 -SF ............................. 153
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 158
UNIDADE 3 – RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE 
 PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE ......................................................................... 159
TÓPICO 1 – A CIDADANIA, A PARTIPAÇÃO E A GARANTIA DE DIREITOS .................... 161
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 161
2 A CIDADANIA E A GARANTIA DE DIREITOS ......................................................................... 161
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 167
XI
TÓPICO 2 – O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO 
 DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS .................................................... 169
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 169
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHOS EM NÍVEL NACIONAL, 
 ESTADUAL E MUNICIPAL ............................................................................................................... 170
3 ATRIBUIÇÕES E PODERES DOS CONSELHOS NACIONAIS, ESTADUAIS E 
 MUNICIPAIS ........................................................................................................................................ 173
4 PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM OS CONSELHOS DE DIREITO ................................. 177
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 180
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 186
TÓPICO 3 – O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES ÉTICAS .................... 187
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 187
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES 
 ÉTICAS .................................................................................................................................................. 187
3 O PAPEL DOS CONSELHEIROS ..................................................................................................... 190
4 OS CONSELHOS E A INTERSETORIALIDADE ......................................................................... 194
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 196
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 206
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 207
XII
1
UNIDADE 1
A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS 
DIREITOS HUMANOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender as novas reivindicações de direitos;
• identificar e reconhecer a concepção de direitos humanos na 
contemporaneidade;
• reconhecer os principais fatos históricos que norteiam os direitos humanos 
no Brasil e no mundo.
A Unidade 1 está dividida em três tópicos distintos, porém complementares. 
Ao final de cada tópico você encontrará autoatividades que contribuirão 
para o seu aprendizado.
TÓPICO 1 – AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
TÓPICO 2 – A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
TÓPICO 3 – A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E 
 NO MUNDO
2
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
1 INTRODUÇÃO
O tema direitos humanos vem sendo uma discussão realizada praticamente 
em todas as áreas das ciências humanas, pois envolve, além de questões de 
dignidade humana, questões administrativas e legislativas. 
A historicidade dessa questão transforma o sujeito em autor e ator de sua 
própria história, na qual passa a ter visibilidade a partir de 1948 com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
Neste sentido, tenta-se interpretar a lógica da Revolução Francesa de 
igualdade, liberdade e fraternidade, dentro de uma lógica dos valores individuais. 
E a construção desses novos sujeitos não mais de maneira individual, mas de 
maneira coletiva, onde o sujeito não luta por necessidades isoladas e sim pela 
coletividade.
Outra questão refere-se à mudança de concepção, pois o que pode ser 
considerado certo em determinado períododa história é desconstruído em outro.
Por exemplo, há alguns anos a educação de crianças era feita de maneira 
agressiva como uma maneira de educar, na atualidade essa questão da educação 
punitiva foi desmistificada, a própria legislação impede que esse procedimento 
seja utilizado. 
2 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
Vamos iniciar esta unidade trazendo algumas informações históricas sobre 
os direitos humanos.
 
Os registros históricos mostram que o primeiro rei a se manifestar com 
um “ato humano” foi Ciro, o rei da Pérsia, que em 539 a.C. libertou os escravos da 
Babilônia, possibilitou às pessoas escolherem suas convicções religiosas e pregou 
a igualdade racial. Essas normativas foram registradas num cilindro de argila na 
língua acádia com a escritura cuneiforme.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
4
FIGURA 1 – CILINDRO DE ARGILA
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/
universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
Esse cilindro foi recentemente reconhecido como a primeira carta dos 
direitos humanos do mundo. Sua escritura foi traduzida em seis idiomas diferentes, 
porém a sua essência está presente nos quatro primeiros artigos da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos.
Após a primeira ação de reconhecimento de uma “ação humana” 
distinguida hoje como direitos humanos, a ideia foi sendo reproduzida na Índia, 
na Grécia e por fim chegou a Roma. 
Em Roma se nominou como “lei natural”, em que as pessoas seguiam 
algumas leis baseadas em ideias racionais extraídas da natureza das coisas.
Para essa comprovação surgem novos documentos, como:
• a Carta Magna (1215);
• a Petição de Direito (1628); 
• a Constituição dos Estados Unidos (1787); 
• a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); 
• a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (1791). 
Esses documentos eram na verdade direcionadores de condutas que 
afirmam os direitos individuais, como são os precursores escritos para muitos dos 
documentos de direitos humanos atuais.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
5
FONTE: Disponível em: <http://f.edgesuite.net/data/www.humanrights.org/
files/magna-carta_pt.jpg>. Acesso em: 25 maio 2016.
A Carta Magna de 1215 também ficou conhecida como a “Grande Carta”, 
foi assinada pelo rei da Inglaterra. Essa carta regulamentava algumas situações 
administrativas da época, que mais tarde foram denominadas de direitos humanos.
Um dos pontos principais desse documento referia-se a:
• A Igreja ser uma instituição que não depende da interferência do Estado.
• As pessoas podem herdar terras de seus ascendentes.
• Garantia de impostos condizentes. 
• As viúvas podiam decidir não voltar a casar-se.
• Estabeleceu os princípios de processos devidos e igualdade perante a lei. 
• Não aceitava a má conduta, punindo os responsáveis.
A Carta Magna foi reconhecida como um dos documentos legais mais 
importantes no desenvolvimento da democracia moderna, um ponto de mudança 
crucial na luta para estabelecer a liberdade.
Em 1628 o Parlamento Inglês enviou uma carta solicitando a declaração de 
liberdades dos civis, documento que se manifestava contrário às arbitrariedades 
de Carlos I. 
FIGURA 2 – A CARTA MAGNA DE 1215
2.1 A CARTA MAGNA (1215)
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
6
Essa petição se baseou em estatutos e cartas anteriores e afirmou quatro 
princípios: 
1. Nenhum tributo pode ser cobrado sem o consentimento do Parlamento;
2. Nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação 
do direito de habeas corpus); 
3. Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos; e
4. A Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz.
Esses princípios descreviam direitos referentes a questões acordadas 
anteriormente em outros documentos e desconsideradas por Carlos I.
Outro marco para a história dos Direitos Humanos foi quando Thomas 
Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 
em 1776. 
Seu precursor defendeu perante o Congresso dos Estados Unidos a ideia 
da declaração da independência da Grã-Bretanha e, por sua vez, as Treze Colônias 
americanas, com a ajuda militar e financeira tanto da França e também da Espanha, 
venceram definitivamente os britânicos. 
A Declaração desencadeou dois temas: os direitos individuais e o direito 
de revolução. Essas ideias foram apoiadas em nível internacional e reproduzidas 
interiormente na Revolução Francesa.
Seguindo a lógica das conquistas de 1978, destacamos a Constituição dos 
Estados Unidos da América, a qual é a lei fundamental do sistema federal do 
governo dos Estados Unidos e documento de referência do mundo ocidental. Ela 
define os órgãos principais de governo e sua jurisdição e os direitos básicos do 
cidadão, protegendo a liberdade fundamental.
Essa Constituição entrou em vigor por etapas, sendo que em 1987 
vigoraram as 10 primeiras emendas, para atender diretamente os cidadãos dos 
EUA, limitando assim o poder do governo. 
Essa declaração limitou os poderes do Congresso, de maneira a impedir 
situações inversas às que são estabelecidas em lei. 
Naquela época, o presidente Franklin D. Roosevelt, entendia que essa 
declaração tem por objetivo proteger a liberdade de expressão, a liberdade de 
religião, o direito de guardar e usar armas, a liberdade de assembleia e a liberdade 
de petição. O documento proíbe o castigo cruel e insólito e a autoinculpação forçada. 
Outro marco na história que precisa ser considerado é o período pós Revolução 
Francesa em 1789, quando a Declaração dos Direitos do Homem passa a reconhecer a 
liberdade específica da opressão como uma “expressão da vontade geral”.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
7
Esse documento estabelece que todo cidadão tenha garantido o direito à 
“liberdade, propriedade, segurança, e resistência à opressão”. Nessa linha entende-
se que todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres em uma sociedade que 
se diz justa.
Em 1864, alguns países que estavam vivenciando a guerra mostraram-se 
muito preocupados com a condição dos soldados e ex-soldados convocados para 
os combates, pois muitos desses retornavam com muitas sequelas.
 
Por essa razão, Genebra e alguns países europeus se reuniram para propor 
estratégias de atendimento a esses combatentes. 
Uma das estratégias pensadas e utilizadas nas convenções seguintes é a de 
ampliar os cuidados com todos os soldados, proporcionando atendimento digno, 
seja na doença ou em ferimentos, garantindo uma equipe de apoio. Essa equipe 
ficou designada como Cruz Vermelha, identificada inicialmente por uma cruz 
vermelha em um pano branco. 
 FIGURA 3 – AS NAÇÕES UNIDAS (1945)
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-
rights/universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
Novamente um grande marco na História influenciou a união de 50 nações, 
pois os traumas e as sequelas causadas pela Segunda Guerra Mundial refletiram 
mundialmente.
 
Pois, além dos mortos, pensava-se na situação dos feridos, dos familiares 
desses combatentes, as consequências econômicas e políticas já estavam instauradas, 
causando um grande caos social. 
A partir dessas consequências, 50 países reuniram-se em San Francisco 
em meados de 1945, com o objetivo de minimizar as guerras e tentar impedir 
movimentos revolucionários futuros de grandes proporções. 
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
8
Os ideais da organização foram declarados no preâmbulo da sua carta de 
proposta: “Nós, os povos das Nações Unidas, estamos determinados a salvar as 
gerações futuras do flagelo da guerra, que por duas vezes na nossa vida trouxe 
incalculável sofrimento à Humanidade” (BITTENCOURT, 2015).
Esse documento entrou em vigor no dia 24 de outubro de 1945, data essa 
que ficou caracterizada como o Dia das Nações Unidas.
2.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
(1948)FIGURA 4 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)
Desde 1945 existem movimentações internacionais que visam a organização 
intergovernamental com o propósito de salvar as gerações futuras da devastação 
do conflito internacional.
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-
rights/universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
9
Após a Organização das Nações Unidas, outras medidas de proteção foram 
sendo elaboradas e implantadas, uma delas é a Declaração Universal dos Direitos 
do Homem (1948), a qual normatiza uma série de leis que descrevem a questão da 
dignidade humana. 
Em seu artigo 1º, a Declaração proclama direitos inerentes de todos os seres 
humanos: “os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e 
da miséria... Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em 
direitos” (BOBBIO, 2003).
Após esse artigo, existem mais 29 que tratam sempre da questão da 
dignidade humana, onde foram discutidos, elaborados e normatizados em 
documento próprio. Essa primeira declaração influenciou significativamente a 
elaboração das leis constitucionais das nações democráticas.
Na contemporaneidade a Declaração ainda é um documento muito visitado, 
sendo compreendido como contrato entre governo e o povo em todo o mundo. De 
acordo com o Livro de Recordes Mundiais do Guinness, é o documento mais traduzido no 
mundo (BOBBIO, 2003).
2.3 A LEGALIDADE E A REALIDADE 
Apologia de crimes contra a vida é uma violação/crime contra os direitos 
humanos que consiste em discursos, textos ou imagens em que se defende, 
louva, enaltece, aprova, exalta, defende, justifica ou elogia alguma doutrina, 
ação e/ou obra considerados crime; e incitação ao crime consiste em estimular 
publicamente a prática de qualquer ato ilícito.
 
Portanto, qualquer tipo de conteúdo publicado na internet que promova, 
incite ou faça apologia à violência contra seres humanos é considerado apologia 
e/ou incitação contra a vida, merecendo, por isso, responsabilização dos 
responsáveis.
 
Só é punível a apologia ou a incitação se esta for feita a favor de atos 
tipificados na legislação brasileira, ou seja, definidos como crimes pelas leis 
penais do Brasil.
 
O autor do crime pode ser qualquer pessoa, tanto para apologia quanto 
para a incitação, inclusive o criminoso que se vangloria dos atos ao fazer 
apologia à violência. 
 
UNI
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
10
Por serem crimes contra a paz pública, a lei visa proteger a coletividade, 
e o crime é considerado cometido com a simples conduta do indivíduo 
direcionado a atingir um número indeterminado de pessoas, não sendo 
necessário que provoque qualquer resultado no mundo real, que perturbe a 
paz pública e muito menos que haja, de fato, distúrbios.
FONTE: Disponível em: <http://www.safernet.org.br/site/prevencao/glossarios/direitos-
humanos>. Acesso em: 15 set. 2016.
É necessário considerar que os direitos humanos travam grandes discussões 
com as diversidades culturais, em muitas regiões a cultura ainda dissemina hábitos 
considerados desumanos, como podemos visualizar no quadro a seguir.
QUADRO 1 – VIOLÊNCIA CONTRA A INTEGRIDADE DA PESSOA HUMANA
VIOLÊNCIA CONTRA A INTEGRIDADE DA PESSOA HUMANA
A LEGALIDADE 
DA MUTILAÇÃO 
DE MEMBROS
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no ritual da 
circuncisão feminina, que consiste na remoção de parte ou de todos os 
órgãos sexuais externos femininos. 
Essa situação acontece em 27 países da parte da África, Iêmen e no Curdistão 
iraquiano, ainda feita em vários locais na Ásia, no Médio Oriente e em 
comunidades expatriadas. 
É realizada em crianças e adolescentes entre o nascimento e a puberdade, a 
maior parte das jovens é mutilada antes dos cinco anos de idade.
CONTROLE DA 
NATALIDADE
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na política do 
“filho único”, acontece mais efetivamente na China, onde é realizada a partir 
de um rígido controle de natalidade, na qual se dá preferência para o sexo 
masculino, sendo que gestações de meninas são indesejadas, geralmente são 
abortados.
IMIGRAÇÃO 
ILEGAL / 
TRÁFICO DE 
PESSOAS
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos, consiste na imigração 
ilegal ou clandestina, acontece além das fronteiras nacionais e não observam 
as normas e leis do país. 
O tráfico de pessoas se caracteriza pelo transporte ou transferência, 
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao 
rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de 
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para 
obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para 
fins de exploração. 
Para a Organização das Nações Unidas, o tráfico humano é o pior desrespeito 
aos direitos inalienáveis da pessoa humana. Isso porque, por mais oprimido 
e ferido que qualquer pessoa esteja numa situação de abandono, assim 
mesmo ela continua a ter sua identidade pessoal. 
Já a vítima do tráfico humano é “coisificada”, passada de pessoa à condição 
de mercadoria. Ela tem sua identidade humana desconstruída.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
11
ACEITAÇÃO 
DA VIOLÊNCIA 
CONTRA A 
MULHER EM 
NOME DA 
HONRA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na violência 
delituosa que se pratica contra as mulheres: "crime de honra". 
Este tipo de crime na contemporaneidade se apresenta com muitas aceitações 
na sociedade, nas questões de adultério ou de vingança comprometendo os 
dois a honra.
No Iêmen, a mulher não pode sair de casa sem a autorização do marido. 
Também é obrigada a permitir que o marido tenha relações sexuais com ela, 
sempre que ela estiver “apta”.
Na Guiné, a mulher só pode ter uma profissão fora da casa caso o marido 
permita.
No Congo e nas Bahamas, se o estupro for cometido pelo marido da vítima, 
não é um crime.
No Irã, dois homens como testemunha equivalem a quatro mulheres em um 
caso de julgamento.
Em Malta e no Líbano é permitido ao marido sequestrar a mulher sem 
punições. Em Malta, se um sequestrador se casar com a mulher sequestrada 
depois do sequestro, ele também está livre de punição.
No Iêmen não existe idade mínima para a mulher se casar. Segundo dados 
de 2014 da ONG Human Rights Watch, 50% das meninas casadas têm menos 
de 18 anos, e 14%, menos de 15.
No Congo, a lei diz claramente que o marido é o chefe da casa e, portanto, a 
mulher deve sempre obedecê-lo.
Na Rússia há uma lista de empregos que mulheres não podem exercer.
Na Tunísia, um filho homem terá sempre direito ao dobro de sua(s) irmã(s).
Na Arábia Saudita, mulheres não podem dirigir.
TRABALHO 
INFANTIL
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no trabalho 
exercido por crianças e adolescentes em desacordo com a legislação do país. 
Esta prática é muito comum nos países subdesenvolvidos, como é caso do 
Brasil, principalmente nas regiões mais pobres. Isto ocorre pela necessidade 
que estes adolescentes e crianças têm em ajudar seus pais no orçamento 
familiar. 
A maioria das famílias é composta de indivíduos pobres com um número 
expressivo de filhos.
HOMOFOBIA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na 
intolerância, discriminação, ofensa ou qualquer manifestação de repúdio à 
homossexualidade e à homoafetividade. 
Homossexualidade representa a orientação sexual de um cidadão que 
escolhe como parceiro ou companheiro uma pessoa do mesmo sexo.
INTOLERÂNCIA 
RELIGIOSA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na discriminação 
praticada contra pessoas que possuem credo religioso divergente do credo 
estabelecido como “o correto” ou “o normal” em uma dada localidade. 
NEONAZISMO
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na prática com 
base no ideário nazista de superioridadee pureza de determinada raça que 
visa agredir, humilhar e discriminar pessoas por pertencerem a grupos 
minoritários ou tidos como inferiores. 
RACISMO
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no preconceito 
fundado com base na ideia de existência e superioridade de determinadas 
raças que leva alguém a odiar, ter aversão e a discriminar outros indivíduos 
que sejam de uma outra raça supostamente inferior.
XENOFOBIA
É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no ódio, aversão 
ou temor sem precedentes contra pessoas provindas de outras culturas ou 
regiões geográficas diferentes das do criminoso que as considera minoria ou 
indignas de pertencer à mesma aglomeração social que ele.
FONTE: Adaptado de Safenet Brasil (2008), Correio Brasiliense (2015) e Brasil (2013)
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
12
Essa temática é bastante importante, pois lida com preceitos morais e 
construções sócio-históricas. Porém, todas as situações acontecem de maneira 
naturalizada, dependendo da diversidade cultural que se está estudando. Por 
outro lado, essas situações representam a violação de direitos e a necessidade da 
interferência dos órgãos de defesa dos direitos humanos. 
 
3 DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS 
O Ocidente considera o ser humano um “ser concreto”, pois entende que as 
principais transformações econômicas e políticas ocorreram após a Idade Média.
Nessa linha, Dumont (1997) acrescenta que o ser humano está intrinsecamente 
ligado a questões religiosas, o que reflete na igualdade dos homens perante Deus. 
Sendo a espiritualidade a principal linha condutora do homem. 
As principais mudanças ocorreram quando o Estado e a Igreja se uniram e, 
desta forma, passaram a ter todo o controle político (DUMONT, 1997).
Já Weber esclarece que as principais mudanças na concepção social de 
mundo têm como referência a Reforma protestante, na qual se entendia que a 
solução passa a ser algo espiritual e torna-se uma salvação como consequência de 
atos e do trabalho em si. 
Este processo de discussão de desenvolvimento espiritual perpassa as 
questões jurídico-filosóficas, quando surge a ideia de direito universal, que está 
intrinsecamente ligado às questões do jusnaturalismo e do positivismo jurídico:
Jusnaturalismo - acreditava-se que as leis eram regidas através da justiça a 
partir da moralidade do sujeito, sendo algo natural.
Positivismo jurídico tinha por ideal não explicar as coisas a partir dos 
preceitos morais, mas sim a partir de leis que consigam explicar a questão do 
empírico.
Conceito de empírico: é todo e qualquer fato que passa a se apoiar em experiência 
vivenciada na observação.
Na metade do século XIX, o pensador Guilherme de Occam, identifica o 
direito universal e moderno como complemento, pois o ser humano é a junção de 
individualidades que formam a realidade social (VIEIRA, 1999).
 
NOTA
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
13
Sendo que a realidade é resultado de fatores políticos, econômicos e 
filosófico-jurídicos:
• Políticos: à medida que a Igreja passa a interferir na coroação de reis e na 
possibilidade de declarar guerras ou não. 
• Econômicos: identificados pela crença na espiritualidade onde o sucesso 
econômico garantiria a salvação eterna.
•	 Filosófico-jurídico: que começa a identificar o sujeito como indivíduo pertencendo 
a um mundo também com direitos. 
Esses fatores influenciaram a concepção de mundo da sociedade, de 
maneira a interferir diretamente no comportamento social dos sujeitos. O Estado 
moderno pressupõe a ideia de sujeito enquanto ser livre e igual, sendo essa a base 
de argumentação dos direitos universais do homem. 
3.1 O SURGIMENTO DO ESTADO NA VISÃO DE HOBBES, 
LOCKE E ROUSSEAU
Os autores Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau partem 
do mesmo princípio de direito natural e do contrato como configuração de 
regulação das relações entre governantes e governados. 
Para Norberto Bobbio (2003), esses três autores são imprescindíveis para 
reconhecer o processo de formação do Estado moderno e contemporâneo. Eles 
ousaram à medida que analisaram o Estado a partir de sua própria estrutura, 
sendo que cada um deles teve uma visão peculiar (vide quadro a seguir).
FONTE: Adaptado de: <http://www.efdeportes.com/efd186/estado-em-hobbes-locke-e-rousseau.
htm>. Acesso em: 6 set. 2016.
QUADRO 2 – PRINCIPAIS PENSADORES
Autor Teoria 
Hobbes 
• Estado Absoluto.
• Esta teoria é centrada na ideia do direito divino dos reis, a principal 
figura do poder do Antigo Regime.
Locke
• Monarquia Parlamentar é um modo de governo em que o Poder 
Legislativo (Parlamento) apresenta a conservação política para o Poder 
Executivo. Logo, o Poder Executivo necessita do poder do Parlamento 
para ser formado e também para governar. No Parlamentarismo, o 
Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
14
Rousseau
• Democracia. 
• É um regime de governo em que predominam as decisões políticas 
com o povo, ele é quem elege seus representantes por meio do voto. É 
um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, onde 
a figura do presidente é a mais importante. 
FONTE: Adaptado de: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2010/10/teoria-do-estado-
absolutista-foi-fruto.html>; <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/parlamentarismo.htm>; 
<http://www.significados.com.br/democracia/>. Acesso em: 6 set. 2016.
Nessa linha precisamos considerar que estamos evoluindo de uma 
sociedade feudal para uma sociedade capitalista, onde a liberdade individual é 
entendida como um direito natural do indivíduo. 
Porém, os três autores entendem que o processo de transformação do 
estado de natureza para o estado civil é natural, construído por indivíduos 
livres e iguais. Contudo, cada autor tem uma visão mais específica em relação às 
motivações que levam os indivíduos a se organizarem em torno de um aparato 
institucional.
Para Hobbes, o homem é um constante gerador de conflitos, ele necessita 
da intervenção do outro nas relações, a fim de evitar que os indivíduos se 
autodestruam. E o contrato social, através das leis, é uma necessidade de 
firmar esse acordo. Ou seja, ele confere ao soberano o poder pleno de legislar 
em seu nome.
Hobbes tenta justificar o ideal de estado absolutista, onde as ordens 
devem ser cumpridas e não questionadas. Ou seja, o contrato social pode ser 
entendido também como um acordo de submissão. Pois, ao contrário, abriria 
precedente para se guerrear em busca do poder, por isso o soberano deveria ter 
poder absoluto e ilimitado.
Na visão de Hobbes, o Estado é marcado pela guerra de todos contra 
todos, na qual devem se submeter ao poder absoluto para progredir.
Na visão de John Locke o contrato social funcionaria como um mediador 
da passagem do estado de natureza para o estado civil. Para Locke, o estado 
de natureza deveria ser de liberdade e igualdade, “o estado de natureza é 
um estado de paz, boa vontade, assistência mútua e preservação” (MELLO, 
1995, p. 93). Sendo que a liberdade natural é algo inerente à própria natureza 
humana, expressa na forma do direito à vida, à liberdade individual e o direito 
à propriedade.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
15
O estado de natureza recebe o status positivo de harmonia, esse status 
pode ser interrompido pela busca de poder que, consequentemente, pode gerar 
um conflito ou mesmo uma guerra. 
Nessa linha o contrato social é entendido como uma necessidade de 
gerenciamento com o consentimento do cidadão. Nesse governo a finalidade 
é garantir a liberdade para toda a defesa dos direitos naturais básicos. Para 
Locke, o estado civil deve ser limitado e regulado pelos indivíduosque 
pactuam o contrato. 
A comunidade tem o direito de resistência caso o interesse da maioria 
não esteja sendo expresso pelo governante. O liberalismo político em Locke 
conjugado com a ideia de poder limitado do soberano leva este autor a sustentar 
a supremacia do Parlamento como forma de restringir os desmandos de um 
governo. Cabe à maioria escolher quem legislará em seu nome, onde “ao 
Legislativo se subordinam tanto o Poder Executivo, confiado ao príncipe, como 
o poder federativo” (MELLO, 1995, p. 87).
Para Rousseau, o povo é que deve ser o verdadeiro soberano, para que 
um governo consiga manter sua legitimidade é necessário que responda aos 
anseios do povo. O governante, nesse caso, é o representante da soberania 
popular. Conseguindo manter a soberania, o povo conseguia manter sua 
liberdade civil, seu direito a ser cidadão.
Para ele, o Estado deve intervir a favor dos interesses gerais, garantindo as 
condições para que os indivíduos pleiteiem o direito à propriedade, a educação 
é tomada como instrumento para garantia da igualdade. 
Cabe ao Estado reduzir a desigualdade. Tanto para Locke como para 
Rousseau, a propriedade é resultado do trabalho, sendo este um dos principais 
fatores desencadeantes da desigualdade social. Para Locke, a propriedade é um 
direito natural, enquanto que para Rousseau e Hobbes ela é um direito civil. 
Na concepção de Rousseau, a formação da sociedade é uma estratégia 
empregada pelos afortunados para manter o domínio sobre os mais 
desfavorecidos, incluindo uma falsa ideia de igualdade. 
No estado de natureza o homem obedece ao instinto, a partir do contrato 
social o indivíduo transfere direitos naturais para que eles sejam convertidos em 
direitos civis; suas ações, antes guiadas por instintos, passam a ser orientadas por 
leis civis. A passagem para o estado civil é realizada sob o império da vontade 
geral da maioria.
FONTE: Adaptado de: <http://www.efdeportes.com/efd186/estado-em-hobbes-locke-e-rousseau.
htm>. Acesso em: 6 set. 2016.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
16
3.2 AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS 
Com o surgimento dos novos sujeitos sociais, se apresentam também novas 
necessidades, nesse sentido, as prioridades também tomam novas proporções, 
pois existem os anseios individuais e os coletivos, sendo que dependendo da 
necessidade a ação a ser executada tende a ser diferenciada. 
Desta forma recorremos a René Descartes (1596-1650), quando verbaliza 
a ideia de “penso, logo existo” e, assim, muitas das teorias hipotéticas passam a 
ser questionadas, sendo conferidas ou desconsideradas, principalmente com as 
descobertas das ciências humanas mais efetivas, no final do século XIX. 
Quando o sujeito passa a questionar as teorias socialmente construídas, 
ele se torna epistêmico, pois fortalece o movimento de um novo período, este 
impulsionado pelas descobertas científicas.
O que é sujeito epistêmico?
O sujeito epistêmico é composto por sua própria ação, no meio em que vive, buscando 
satisfazer suas necessidades, esse processo passa a transformar o meio em que vive, o 
sujeito epistêmico trava uma luta constante, é confrontado pelas oposições do meio. Ou 
seja, o sujeito epistêmico é um sujeito que pensa, trabalha, produtivo, e um sujeito crítico, 
com capacidade de pensar e repensar sua forma de atuar no meio em que está inserido.
Nesse cenário destacaremos cinco pontos básicos, segundo Stuart Hall 
(2003), que comprovam a evolução teórica das ciências humanas: 
a) Segundo o pensamento marxista, a vontade individual é subordinada pela 
estrutura social, econômica e política anterior ao indivíduo; 
b) Na teoria de Freud, o sujeito racional é incapaz de gerenciar de forma integral 
seus próprios conhecimentos; 
c) No entendimento de Ferdinand de Saussure, a língua é um sistema social e não 
individual; onde o indivíduo reproduz, não produz conceitos próprios.
d) Na explicação de Foucault existe um poder disciplinador emanado na sociedade 
a fim de desenvolver disciplinas a partir do ideal do ser humano passivo. 
e) O início da questionalização das coisas, quando o sujeito passa a compreender o 
seu redor a partir das divergências sociais (questões de gênero, importância dos 
movimentos contrários à hegemonia, movimento feminino, sociais, entre outros), 
enquanto minorias com déficit de cidadania.
A partir do que foi descrito acima, é possível observar que, conforme o 
período histórico, são atribuídos novos conceitos na sociedade. 
NOTA
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
17
Não podemos desconsiderar que os valores socioculturais são construídos 
e reconstruídos em cima de ideologias que impõem visões de mundo como única 
possibilidade que deveria ser seguida pelo ser humano. 
Já numa teoria mais à frente, denominada de pós-colonial, inicia-se de 
maneira tímida a reivindicação do direito das minorias – à diferença, a uma 
identidade cultural autêntica, à autodeterminação política etc. –, como uma 
tentativa de legitimar o direito destas minorias de criar estas novas significações, 
alterando “a posição de enunciação e as relações de interpelação em seu interior”, 
criando assim outros “espaços de significação” (BHABHA, 1998, p. 228).
Nessa linha é possível compreender que existe um impasse quando se fala 
em justiça, pois adentramos na ordem da legalidade e da ilegalidade, bem como 
na questão moral e da ética. 
Quando se fala em avanços e retrocessos em relação à contemporaneidade, 
não poderemos deixar de mencionar a questão da crise moderna. Essa nada mais é 
do que compreender o problema da legitimidade – ou ilegitimidade – de estruturas 
de direitos que regulam as noções de justiça e moral contemporâneas.
Quando reconhecemos que tal situação fracassou, é necessário desenvolver 
outras estratégias para ressignificar tal situação em determinada área e assim 
poder oferecer uma resposta no mínimo plausível. 
Nesse sentido, o direito à cultura e à autodeterminação, baseado no 
reconhecimento da autenticidade cultural e/ou fundado numa nova concepção de 
política cultural, forma um ponto importante de articulação entre a antropologia e 
o campo dos direitos humanos.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
18
Para aprofundar essa temática, sugerimos que assistam aos seguintes filmes:
Hotel Ruanda (Hotel Ruanda) 2004 
Sinopse: Estamos em 1994. Ruanda é palco de uma das maiores 
atrocidades da história da humanidade, onde, em apenas 100 dias, 
quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de 
etnia hutu. No cenário dessas indescritíveis ações, um homem promete 
proteger a família que ama, acabando por encontrar a coragem para 
salvar mais de um milhar de refugiados.
O Pianista (Le Pianiste) 2002 
Sinopse: Um belo e comovente filme premiado em 2002 com a Palma 
de Ouro em Cannes e com três Oscar da Academia de Hollywood. 
O filme foi inspirado na autobiografia do pianista polaco Wladyslaw 
Szpilman, que, por ser judeu, sofreu na pele os horrores do Holocausto 
nazista. Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) interpretava peças clássicas 
numa rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a 
cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, 
começaram também restrições aos judeus polacos pelos nazistas. O 
filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães 
construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e 
acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos 
de concentração. Sobrevivendo à guerra numa Varsóvia em escombros, Szpilman voltou por 
fim a tocar o seu amado piano, o que lhe garantiu a sanidade mental e a força necessária para 
que permanecesse vivo depois de tanto sofrimento. 
Um Grito de Liberdade (Cry Freedom) 1987 
Sinopse: Donald Woods é o editor-chefe do jornal Daily Dispatch, da 
África do Sul, onde critica severamente os pontos de vista de Steve 
Biko, um jovem ativista negro que luta contra o apartheid. Mas depois 
de conhecerBiko, muda de ideia e toma consciência da situação dos 
negros na África do Sul. Essa reviravolta vai atrair também sobre ele as 
atenções da polícia. Baseado em fatos reais, o filme inspira-se em dois 
livros de autoria do próprio Woods. 
FONTE: Disponível em: <http://www.cinemanasaladeaula.com/filmes-sobre-a-tematica-
dos-direitos-humanos/>. Acesso em: 6 set. 2016.
DICAS
19
Neste tópico vimos:
• Diferentemente da lógica da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e 
fraternidade, dentro de uma lógica dos valores individuais, os direitos humanos 
se posicionam em favor da coletividade.
• Construção e reconstrução de valores: o que pode ser considerado certo em 
determinado período da história é desconstruído em outro.
• Os registros históricos mostram que o primeiro “ato humano” acontece em 
539 a.C.
• Após a primeira ação de reconhecimento de uma “ação humana” reconhecida 
hoje como direitos humanos, a ideia foi sendo reproduzida na Índia, Grécia e por 
fim chegou a Roma. 
• A Carta Magna de 1215, da Inglaterra, regulamentava algumas situações 
administrativas da época, que mais tarde se denominou de direitos humanos.
• Outro marco para a história dos Direitos Humanos foi quando Thomas Jefferson 
redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 1776. 
• Em 1978 destacamos a Constituição dos Estados Unidos da América, a qual define 
os órgãos principais de governo e sua jurisdição e os direitos básicos do cidadão, 
protegendo a liberdade fundamental.
• Em 1864, alguns países que estavam vivenciando a guerra mostraram-se muito 
preocupados com a condição dos soldados e ex-soldados convocados para 
combate, pois muitos desses retornavam com muitas sequelas. Por essa razão, 
Genebra e alguns países europeus se reuniram para propor estratégias de 
atendimento a esses combatentes. 
• A união de 50 nações formou a Organização das Nações Unidas, como estratégia 
de enfrentamento das consequências econômicas e políticas, já que havia se 
instaurado um caos social, causado pela guerra.
• Após a Organização das Nações Unidas, outras medidas de proteção foram sendo 
elaboradas e implantadas, uma delas é a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem (1948), a qual normatiza uma série de leis que descrevem a questão da 
dignidade humana. 
• Os direitos humanos travam grandes discussões com as diversidades culturais, 
em muitas regiões a cultura ainda dissemina hábitos considerados desumanos.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
• O jusnaturalismo acreditava que as leis eram regidas através da justiça a partir 
da moralidade do sujeito, sendo algo natural.
• O positivismo jurídico tinha por ideal explicar as coisas a partir de leis que 
possibilitassem esclarecer a questão do empírico.
• Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau são imprescindíveis para 
reconhecer o processo de formação do Estado moderno e contemporâneo.
• Hobbes descreve sobre o Estado Absoluto, Locke sobre a Monarquia Parlamentar 
e Rousseau sobre a democracia. 
21
Preste bastante atenção nas autoatividades sugeridas, elas facilitarão 
a assimilação dos conteúdos, bem como sua compreensão em relação aos 
assuntos propostos nesse tópico.
1 O processo histórico de instituição dos direitos fundamentais 
consistiu primeiramente na conquista das liberdades políticas, 
o que foi denominado como direitos de primeira geração, tendo 
como subsídio os valores do liberalismo no período da Revolução 
Francesa. Nesse processo, considera-se que a luta travada no ambiente político 
da época consistia em uma luta de classes: (ENADE 2010)
I. Em busca da afirmação dos direitos individuais; 
II. Para impor freios aos poderes absolutistas. 
III. Pela afirmação dos direitos sociais.
IV. Pela afirmação ao direito à greve. 
V. Pela preservação do direito de propriedade. 
 É correto apenas o que se afirma em 
a) ( ) I, II e III. 
b) ( ) I, II e V. 
c) ( ) I, IV e V. 
d) ( ) II, III e IV. 
e) ( ) III, IV e V.
AUTOATIVIDADE
2 Para facilitar sua compreensão em relação a todo esse processo 
transitório, de construção e reconstrução de teorias, associe o 
autor à sua teoria: 
I – Hobbes 
II – Locke
III – Rousseau
( ) Monarquia Parlamentar.
( ) Estado Absoluto.
( ) Democracia.
 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) ( ) II, I e III. 
b) ( ) I, II e III. 
c) ( ) III, I e II.
d) ( ) I, III e II. 
22
23
TÓPICO 2
A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico desmistificaremos a questão do empoderamento do sujeito 
enquanto cidadão que de alguma forma infringiu determinada lei, pois se tem 
a ideia de que Direitos Humanos é uma linha de defesa em situações em que os 
indivíduos agem de maneira irregular, solicitando apoio aos direitos humanos, 
possibilitando identificar algumas alternativas no sentido de minimizar a pena. 
A terminologia ideológica se amplia à medida que direitos humanos 
significam:
 
Os direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Seu 
conceito também está ligado com a ideia de liberdade de pensamento, de 
expressão, e a igualdade perante a lei. A ONU proclamou a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, que é respeitada mundialmente 
(FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/direitos-
humanos>. Acesso em: 6 set. 2016.).
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
24
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, 
independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra 
condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, a liberdade de opinião e 
de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes 
direitos, sem discriminação. 
FONTE: Disponível em: <http://www.dudh.org.br/definicao/>. Acesso em: 4 maio 2016.
Assim, os direitos humanos são o direito próprio que está intrínseco na 
vida do cidadão. Nessa linha é possível compreendermos que cada ser humano 
pode usufruir de seus direitos, independentemente de raça, cor, religião, sexo, 
etnia, opinião política, se é rico ou pobre, entre outros.
Sendo assim, os direitos humanos são garantias previstas em lei, contidas 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual protege o cidadão de 
toda e qualquer possibilidade de transgressão de sua liberdade e sua dignidade 
humana. 
Nessa linha estamos propondo ampliar a discussão acerca do tema, 
recuperando um pouco do entendimento a partir dos genes e do entendimento 
de diretos humanos e sua conjuntura na contemporaneidade, a fim de traçar um 
caminho e compreender o processo histórico. 
Na visão de Silva e Pereira (2007), “é preciso entender que cada sociedade, 
em sua época, experimenta e dimensiona as relações sociais [...], como se 
estabelecem essas relações na sociedade”. 
Sempre que refletimos sobre a temática direitos humanos e cidadania, 
é imprescindível considerar que a sociedade brasileira é um campo vasto 
UNI
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
25
de contradições das expressões sociais, pois identificamos as mais variadas 
vulnerabilidades, políticas, econômicas e sociais.
Contudo, essas fragilidades tendem a ser banalizadas, já que elas são 
consideradas secundárias, sua prioridade é estabelecida a partir da notoriedade 
perante a situação que recebe, seja pela sociedade ou através dos meios de 
comunicação.
A ocorrência de vulnerabilidade depende das condições de cada sujeito e 
as condições dependem de escolhas e de oportunidades que são ou não ofertadas. 
O sujeito necessita ser flexível e tentar se adaptar às diversidades 
encontradas, já que ele por si só e as políticas públicas não conseguem responder e 
oportunizar a mesma equidade de acesso a toda sociedade. 
Entende-se que a sociedade vem compreendendo esse novo processo de 
acesso à cidadania, essa geralmente conquistada através dos movimentos sociais, 
mas esse processo depende da repercussão e do apoio, pois movimentos isolados 
tendem a ser estagnados, enquanto que os movimentosmais amplos tem maior 
disseminação de suas propostas. 
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS 
O contexto histórico dos direitos humanos é identificado a partir de um 
grande marco histórico, que pode ser identificado como período que antecede a 1ª 
Guerra Mundial, período transitório entreguerras e a 2ª Guerra Mundial, onde os 
homens foram obrigados a deixar seus lares para defender a ideologia política da 
época de sua nação.
 FIGURA 5 – REFLEXOS DA GUERRA
Período transitório
entreguerras
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/primeira-guerra-
mundial/>. Acesso em: 11 maio 2016. 
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
26
Esse período mais tenso da história é marcado pela pressão política 
administrativa, principalmente no período entreguerras, no qual se vivenciava 
uma instabilidade, momento em que surgem iniciativas referentes aos direitos 
humanos de amplitude internacional.
QUADRO 3 - CONCEPÇÕES
O DIREITO INTERNACIONAL 
HUMANITÁRIO
• Refere-se ao direito de guerra, que estabelece garantias 
individuais mesmo em períodos de guerra, tais como: 
o a PROTEÇÃO DE CIVIS e 
o o TRATAMENTO DE PRISIONEIROS. 
• Essa garantia foi estabelecida nas quatro Convenções de 
Genebra, de 1949.
A LIGA OU SOCIEDADE DAS 
NAÇÕES
• Foi designada após a 1ª Guerra Mundial, tinha como 
preferência a promoção da colaboração, como:
o ACORDO DE PAZ E DE SEGURANÇA, ampliadas 
internacionalmente. 
• Referia-se principalmente ao direito da minoria e do acesso 
ao trabalho.
• Obs.: Esse movimento da Liga foi substituído pela 
Organização das Nações Unidas (ONU).
ORGANIZAÇÃO 
INTERNACIONAL DO 
TRABALHO – OIT
• Criada após a 1ª Guerra Mundial, continua na ativa e tem 
como objetivos estabelecer padrões mínimos de condição 
para o trabalho decente.
FONTE: Adaptado de Safernet Brasil (2008), Correio Brasiliense (2015) e Brasil (2013)
A criação desses órgãos de organização, orientação e fiscalização ligados 
diretamente ao Direito Internacional Humanitário intervém na proteção dos 
direitos individuais e estatais.
Seguindo a lógica, a 2ª Guerra representou uma ruptura no processo de 
humanização internacional, devido ao extermínio em massa de milhões de pessoas, 
tornando a figura do sujeito descartável e ignorando a questão da dignidade e da 
igualdade entre a humanidade.
Esse processo representou uma quebra, já que os pequenos avanços 
conseguidos após a 1ª Guerra Mundial foram massacrados e desconsiderados 
após a 2ª Guerra. Nessa fase iniciam-se as declarações humanitárias internacionais 
e os tratados internacionais, que nada mais foram do que acordos de paz.
As primeiras manifestações ocorridas nesse período pós-guerra foram 
impulsionadas pela:
• instituição dos Tribunais de Nuremberg e de Tóquio;
• instituição da Organização das Nações Unidas – ONU (1945);
• adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
27
Nesse período destacamos que os tribunais de Nuremberg e de Tóquio foram 
decisivos na história dos Direitos Humanos, nesse momento foram estabelecidas 
normas de responsabilização criminal em situações que comprovassem situações 
degradantes sobre a dignidade do ser humano. 
 FIGURA 6 – DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <http://images.livrariasaraiva.
com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_
id=158589&qld=90&l=430&a=-1>. Acesso em: 22 set. 2016.
Na trajetória da sociedade a constituição exige o respeito aos direitos 
humanos. Neste sentido, na contemporaneidade está sendo observado o quanto 
é importante e indispensável esta valorização, até mesmo por entidades que não 
reconheciam esse valor, e que os aspectos econômicos eram mais importantes que 
as relações sociais. 
Sendo assim, ficou evidente que não é o fato de ter poder, seja este 
econômico, político ou poder militar, que fará com que haja paz na sociedade, sem 
haver o devido respeito aos direitos humanos.
Desta forma, é importante e necessário que todos tenham o pleno 
conhecimento da seriedade da efetivação dos direitos humanos para a humanidade 
e sua responsabilidade enquanto efetivação e proteção. 
2.1 EVOLUÇÕES E O CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
A facilidade que a sociedade tem em mandar e receber notícias atualizadas 
faz com que esse processo se torne um turbilhão de informações, pois os meios de 
comunicação disparam continuamente. Essas informações podem ou não ser verídicas, 
porém, são entendidas e interpretadas conforme a realidade de cada sujeito. 
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
28
Todas as informações ou notícias tendem a sofrer algum tipo de juízo 
de valor, isso faz com que se identifique sua notoriedade, porém percebe-
se que os meios de comunicação vêm explorando principalmente as questões 
sensacionalistas, fazendo com que a notícia por vezes seja desvinculada de sua 
verdadeira realidade. 
É comum encontrarmos notícias com os seguintes focos: violência contra 
a mulher, criança, idoso, entre outras; corrupção, dificuldade de acesso a políticas 
sociais de saúde e educação, entre outras. O que amplia a discussão, à medida 
que se compreende que muitas legislações foram desenvolvidas justamente para 
garantir a proteção que por diversas vezes é desrespeitada, tem-se a ideia de 
desvalorização, ineficiência dos direitos humanos. 
Nessa linha encontramos o contraponto:
Esses mecanismos de controle já existem, mas nos deparamos com a 
incapacidade da legislação de conter essas situações, pois entende-se que os 
direitos sociais foram garantidos legislativamente, porém eles não conseguem ser 
efetivados. 
Para aprofundamento dos temas deste tópico, sugerimos que 
você leia o seguinte livro: Direitos humanos: de onde vêm, o 
que são e para que servem, de Raquel Tavares. A obra contém 
um resumo da evolução histórica dos direitos humanos e da sua 
definição e principais características, assim como o enunciado 
dos principais instrumentos existentes para promover e proteger 
estes direitos, em nível universal e regional.
FONTE: Disponível em: <https://www.incm.pt/portal/loja_
detalhe.jsp?codigo=102286>. Acesso em: 8 set. 2016.
A necessidade de 
criar mecanismos 
de controle
A normatização 
(que são as leis) 
X
DICAS
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
29
2.2 DIREITOS HUMANOS E A INTERPRETAÇÃO DA MORAL X 
ÉTICA
Nesse cenário é possível compreender que os direitos humanos são 
conquistados quando são implementados na sua integralidade, no entanto, esses 
direitos podem até ser garantidos por lei, porém com dificuldades de serem 
reconhecidos na prática.
Essa dificuldade de reconhecimento pode ser explicada na medida em 
que reconhecemos as raízes da concepção dos direitos humanos. Por essa razão 
nos reportamos a Bobbio (1992), quando nos explica que o que foi considerado 
evidente em determinado período da história não é mais considerado em outro. 
Um exemplo prático dessa explicação pode ser a questão dos maus tratos 
físicos a crianças, que em determinado período da história eram considerados na 
sociedade como uma maneira educativa, e na atualidade passam a ser considerados 
práticas de violência.
Portanto, essa questão de contextualizar o que é permitido ou não na 
sociedade depende do período histórico e da maneira que a situação é interpretada. 
Essa nova maneira de interpretar a situação na sociedade é reforçada a 
partir das legislações em vigor, pois estas norteiam e padronizam comportamentos 
sociais que deveriam ser seguidos. 
Nessa linha fazemos um recorte lembrando que, segundo padrões morais, 
a violência contra as crianças era uma prática aceitável, enquanto que a ética indica 
que essa é uma prática imprópria, pois reflete diretamente no seu processo de 
desenvolvimento. 
Nesse sentido, na visão de Pieritz (2015, p. 80), é possível compreender que 
moral e ética são:
palavras que parecem mensurar e ter o mesmo sentido, porém em 
nenhum momento elas são sinônimas.Pois, quando referenciamos 
a moral, precisamos ter claro que ela sempre existiu, pois os seres 
humanos são dotados de consciência moral, a qual se justifica pela 
escolha do bem ou do mal, e esta escolha é resultado do meio em que se 
vive. No entanto, a ética pode ser compreendida como uma teoria que 
busca compreender através da investigação científica o comportamento 
moral dos seres humanos. O agir não é regido pela tradição, pelos 
hábitos e costumes, mas sim pela consciência lógica e pela articulação 
passível de ser comprovada.
Sendo assim, as leis passam a representar o marco legal, já que esse é um 
processo de construção e reconstrução histórica, pautado em valores morais e 
normatizado com as leis que passam a representar a ética. 
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
30
Pode-se dizer que os direitos humanos são visões do senso comum que 
tomam forma a partir da reivindicação, essas geralmente são acometidas de 
preconceitos que podem ser contra certos padrões estabelecidos na sociedade:
• Relações homoafetivas;
• A mulher no mercado de trabalho;
• O processo emigratório;
• A opção profissional;
• As mais variadas formas de exploração (profissional, sexual, entre outras);
• Ideologias (políticas, religiosas, entre outras).
Sugestão de filme: Gandhi (aborda a discriminação racial).
Sinopse: O filme conta a história de Mohandas K. Gandhi, desde o início 
da sua carreira como advogado na África do Sul, protestando contra a 
discriminação racial, até a sua morte. Ressalta a questão da ideologia 
religiosa, política, situações que ocasionam muitas vezes violência e 
morte, bem como a sua prolongada prisão. 
Os direitos humanos surgem para reforçar a ideia de direito à liberdade de 
expressão e ao pensamento livre. 
Conforme José Afonso da Silva (2003, p. 103), o conceito de liberdade 
humana pode ser definido da seguinte forma: 
deve ser expresso no sentido de um poder de atuação do homem em 
busca de sua realização pessoal, de sua felicidade. (...) Vamos um 
pouco além, e propomos o conceito seguinte: liberdade consiste na 
possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à 
realização da felicidade pessoal. Nessa noção, encontramos todos os 
elementos objetivos e subjetivos necessários à ideia de liberdade; é poder 
de atuação sem deixar de ser resistência à opressão; não se dirige contra, 
mas em busca, em perseguição de alguma coisa, que é a felicidade 
pessoal, que é subjetiva e circunstancial, pondo a liberdade, pelo seu 
fim, em harmonia com a consciência de cada um, com o interesse do 
agente. Tudo que impedir aquela possibilidade de coordenação dos 
meios é contrário à liberdade.
DICAS
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
31
Enquanto que a ideia da liberdade de pensamento é embasada na própria 
Constituição Federal, promovendo a todos os cidadãos o direito à livre manifestação 
do pensamento. 
O pensamento é, na verdade, um juízo de valor, é uma reflexão interna de 
quem está pensando, e no momento em que é exteriorizado aparece também a 
opinião de seu emitente. (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, 2008).
Segundo Tavares (2009), na sociedade atual tem-se o entendimento de que 
a possibilidade de pensar está contida em todas as pessoas que gozam de saúde 
mental e possuem o mínimo de discernimento.
Diante desse contexto, precisamos considerar que pessoas foram 
perseguidas e mortas por motivo desses direitos mencionados acima, pois estavam 
em busca da reivindicação de direitos ou se manifestavam claramente contrárias à 
situação vigente naquele determinado momento. 
A questão da liberdade de expressão é compreendida como um direito 
humano, protegido e reforçado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
de 1948, e pelas constituições de vários países democráticos, porém esse assunto 
será melhor debatido nos próximos tópicos. 
2.3 O CONTRAPONTO ENTRE O TRABALHO X DIREITO
Na história é preciso compreender que os direitos civis só foram efetivados 
porque a luta pelos direitos sociais desencadeava a necessidade de uma coletividade. 
Que pode ser:
• Acesso ao mercado de trabalho;
• Acesso a condições mínimas de saúde e educação, entre outras;
• Reforma agrária.
 
Todas essas necessidades representam um avanço à questão de acesso 
que dificulta essa lógica, já que todos têm direitos, porém nem todos conseguem 
acessar, isso reflete nas expressões da questão social. 
Os registros históricos identificam que na Grécia a população teve a 
oportunidade de participar pela primeira vez do processo de discussão e decisão 
na esfera pública. Essa situação pode ser identificada como um sinônimo da 
expressão do início da democracia, ideia que reforça a questão de cidadania e 
direitos humanos. 
Esse processo de participação na Grécia ocorria a partir das assembleias 
que discutiam sobre assuntos de interesse geral da coletividade. Ou seja, este foi 
o eixo da cidadania enquanto processo de participação, e mais tarde passa a ser 
interpretado como uma conquista de direitos.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
32
Porém, esse processo era incompleto e seletivo, pois os escravos, as 
mulheres e os estrangeiros eram excluídos e ignorados, portanto, impedidos de 
exercer sua cidadania. 
Essa repercussão deu origem ao movimento de jusnaturalismo, que 
significa o início da doutrina dos direitos do homem, a qual compreendia esse 
processo como natural. 
 
Na visão de Teixeira (2012, p. 24), esse processo pode ser entendido da 
seguinte maneira: 
O Direito Natural clássico dos gregos compreende uma concepção 
essencialista ou substancialista do Direito Natural: a natureza contém 
em si a sua própria lei, fonte da ordem, em que se processam os 
movimentos dos corpos, ou em que se articulam os seus elementos 
constitutivos essenciais. A ordem da natureza é permanente, constante 
e imutável.
Ou seja, para eles esse processo era ocasionado por forças superiores: 
imutáveis, estáveis e permanentes, sendo de maneira natural, a qual desconsiderava 
a vontade humana.
Este processo representou um avanço para a população, a qual vinha de 
um método feudal em que não se tinha direito a nada. Nesse período a terra era 
a única fonte de sobrevivência e riqueza. 
O controle das propriedades estava de maneira exclusiva na mão dos 
nobres, os quais disponibilizam suas terras para serem cultivadas, desde que a 
eles fosse passado um terço da produção, o restante era utilizado para subsistência 
e para as trocas realizadas entre os próprios camponeses.
Outra questão que precisa ser considerada é que, além de disponibilizarem 
um terço da produção aos nobres, os camponeses também eram obrigados 
a trabalhar gratuitamente nas terras dos nobres durante pelo menos três dias 
por semana e manter em dia suas obrigações com os tributos do rei e com as 
responsabilidades com a igreja. Ou seja, os camponeses representavam ganhos, 
já que sua mão de obra era explorada continuamente. 
2.3.1 Compreendendo a mudança de concepção com a 
transição do feudalismo para o capitalismo
A fase de transição entre o sistema econômico feudal, o feudalismo, para o 
sistema econômico capitalista, o capitalismo, teve seu início no século XIV. Na qual 
não houve ruptura, pois esse processo foi lento e gradual, de maneira mais intensa 
no campo e mais superficial no início das áreas urbanas. 
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
33
Na visão de Faria (2016), o feudalismo é um sistema econômico, político 
e social fundamentado na propriedade sobre a terra. Esta terra pertence 
ao senhor feudal, que cede uma porção dessa terra ao vassalo em troca de 
serviços, ocasionando uma relação de dependência. Feudalismo foi um modo 
de organização social, político e cultural baseado no regime de servidão, onde 
o trabalhador rural era o servo do grande proprietário de terras, o senhor feudal. 
O feudalismo predominou na Europa durante toda a Idade Média, entre os 
séculos V e XV.
 FIGURA 7 – PIRÂMIDE SOCIAL DA ÉPOCA
FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/marcelolillyanmontes/idade-media-38072345>. Acesso em: 4 maio 2016.
Essa transição do feudalismo para o capitalismo deu origem a várias 
correntes filosóficas, bem como potencializou a questão do egocentrismo e do 
individualismo, pois o poder continua centrado nas mãos de poucas pessoas.
Não há consenso sobre a definição exata do capitalismo, nem como o 
termo deve ser utilizado como categoria analítica. O problema de se definir o 
capitalismo é apontado, por exemplo, por Gian Enrico Rusconi no Dicionário 
de Política:
Na cultura corrente, ao termo capitalismo se atribuem conotações 
e conteúdos frequentemente muito diferentes, reconduzíveis 
todavia a duas grandes acepções. Uma primeira acepção restrita de 
capitalismo designa uma forma particular, historicamente específica, 
de agir econômico, ou um modo de produção em sentido estrito, ou 
subsistema econômico [...] Uma segunda acepção de capitalismo, 
ao invés, atinge a sociedade no seu todo como formação social, 
historicamente qualificada, de forma determinante, pelo seu modo de 
produção (apud BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 141).
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
34
Alguns autores veem a origem do capitalismo em uma certa tendência 
natural do ser humano para estabelecer relações de troca, permuta e, 
consequentemente, o comércio. As relações de troca existem desde os tempos 
mais remotos, sendo o capitalismo o “estágio mais elevado” do progresso da 
humanidade, representando o amadurecimento de tais práticas comerciais e 
relações econômicas de troca desde a mais alta antiguidade. “Esses atos tornaram-
se cada vez mais especializados com a evolução da divisão do trabalho, que 
também foi acompanhado de aperfeiçoamentos técnicos nos instrumentos da 
produção” (WOOD, 2001, p. 22).
FONTE: Disponível em: <http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-
politica/capitalismo/>. Acesso em: 8 set. 2016.
Nesse cenário é possível afirmar que o sistema feudal inicia sua 
decadência no século XIV, quando os chamados burgueses intensificaram suas 
atividades comerciais, e de certa forma o comércio passa a ser considerado 
mais importante que a posse de terras. Isso enfraqueceu o poder dos nobres 
e possibilitou aos camponeses realizar negociações de seus produtos e assim 
fortalecer o novo sistema.
É importante considerar que a passagem do feudalismo para o capitalismo 
compreendeu movimentos simultâneos, em que surgem as movimentações 
monetárias, o desenvolvimento do comércio e a origem da industrialização.
A partir desta lógica, o feudalismo e a agricultura passam a ter mais 
valor, enquanto que no capitalismo os centros urbanos vêm ampliando e tendo 
maior destaque. 
Essa nova fase do capitalismo ampliou as estratégias e as possibilidades de 
negociação, porém mantém a mesma lógica, ou seja, o sujeito se apropria da mão 
de obra do outro em busca de satisfações pessoais.
 FIGURA 8 – CAPITALISMO
FONTE: Disponível em: <https://search?q=correntes+filosoficas+feudalismo+ca
pitalismo&espv=2&biw=1024&bih=639&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0a
hUKEwjFxOrq_MDMAhXFDJAKHfYbCZ0Q_AUIBygC#tbm=isch&q=capitalismo&
imgrc=LZXLG6NU9HawrM%3ª>. Acesso em: 4 maio 2016.
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
35
Transição do Feudalismo para o Capitalismo
Sinopse: A constituição do capitalismo foi um processo 
longo, durante o qual conviveram estruturas características 
do feudalismo com novas formas de exploração econômica. 
Os autores discutem, neste livro, as questões que marcaram e 
definiram a transição do feudalismo para o capitalismo: o papel 
do comércio na Idade Média, a evolução das rendas no período, 
as origens econômicas das cidades medievais, o fim da escravidão 
na Europa Ocidental e a relação entre campo e cidade.
LEITURA COMPLEMENTAR
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO
Processo histórico é o conjunto de transformações que ocorrem na vida 
humana desde o início de sua existência.
Dá-se através do relacionamento que os homens mantêm entre si e com a 
natureza, através do qual ocorrem as transformações qualitativas e quantitativas.
As transformações qualitativas envolvem o aparecimento de condições 
inteiramente diferentes das anteriores; são mudanças essenciais na vida humana, 
que se refletem imediatamente na totalidade do corpo social.
Porém, não devemos entender aqui a palavra qualitativa com um conteúdo 
valorativo, isto é, que a mudança foi para melhor ou para pior; é simplesmente 
uma mudança, algo muito diferente que ocorreu e que promoveu repercussões 
profundas sobre a sociedade em questão. Podemos citar, como exemplo, a 
Revolução Industrial, que causou profundo impacto sobre a sociedade ao promover 
o aparecimento do proletariado, alterando as relações sociais.
As transformações quantitativas são mudanças que envolvem volume e 
proporção, os quais podem ser quantificados ou medidos, como o aumento de 
exportações de um país ou o seu crescimento demográfico.
O processo histórico deve ser compreendido a partir da sequência dos 
sistemas e nos períodos de transição entre eles.
DICAS
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
36
O SISTEMA ASIÁTICO
Uma análise das civilizações orientais - destacando-se Egito, Mesopotâmia, 
Pérsia, Fenícia, Palestina - demonstra que os povos do Oriente Próximo, do Oriente 
Médio e do Extremo Oriente desconheciam a noção de propriedade privada.
Por isso, a terra e os escravos pertenciam ao Estado e aos templos. Assim, a 
economia era estática, a sociedade do tipo estamental, o poder político despótico-
teocrático, a religião politeísta e a cultura pragmática.
Nesse sistema os hebreus e os fenícios são exceções do ponto de vista 
econômico, político e religioso.
O SISTEMA ESCRAVISTA
No escravismo antigo, a noção de propriedade privada já se notabiliza e o 
escravo era considerado uma "coisa", um "instrumento vocal".
A Grécia antiga e a Roma imperial inseriam-se no escravismo. No 
quadro da crise geral do escravismo romano, podemos localizar o nascimento 
do sistema feudal.
O SISTEMA FEUDAL
Caracterizado pelas relações servis de produção, o feudalismo europeu 
marcou a história medieval por mais de mil anos. Nesse sistema a economia era 
fechada, autossuficiente, com produção para o consumo, e a sociedade estamental, 
imóvel, polarizada entre senhores e servos.
O poder político descentralizado e a cultura religiosa são decorrências da 
própria estrutura de produção.
O imobilismo feudal levou-o à destruição a partir das fugas dos servos e do 
nascimento de uma estrutura dinâmica, comercial, pré-capitalista.
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
37
“Por volta do século Xll, com a desintegração do feudalismo, começa a 
surgir um novo sistema econômico, social e político: o capitalismo”. A característica 
essencial do novo sistema é o fato de nele o trabalho ser assalariado e não mais 
servil como no feudalismo.
Outros elementos típicos do capitalismo: economia de mercado, trocas 
monetárias, grandes empresas e preocupação com o lucro. O capitalismo nasce 
da crise do sistema feudal e cresce com o desenvolvimento comercial, depois das 
Primeiras Cruzadas.
Foi formando-se aos poucos durante o período final da Idade Média, para 
finalmente dominar toda a Europa ocidental a partir do século XVl.
Mas foi somente após a Revolução Industrial, iniciada no século XVlll na 
Inglaterra, que se estabeleceu o verdadeiro capitalismo.
O SISTEMA CAPITALISTA
A história do capitalismo começa a partir da crise do feudalismo, no final 
da Idade Média europeia.
Ao longo de muitos séculos, as estruturas capitalistas foram se organizando 
e a sociedade burguesa se afirmando como tal.
No século XVIII o capital acumulado primitivamente foi investido na 
produção, consolidando o sistema, através da Revolução Industrial.
Nesta ocasião, as antigas colônias libertaram-se dos pactos coloniais e um 
novo colonialismo constituiu-se para atender as necessidades e superar as crises 
típicas do sistema.As disputas coloniais levaram o mundo capitalista às grandes guerras, ao 
mesmo tempo em que no interior do capitalismo se multiplicavam as células do 
socialismo.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
38
O SISTEMA SOCIALISTA
Em meio às crises do capitalismo e as críticas dos ideólogos socialistas, 
particularmente Karl Marx e Friedrich Engels, foram surgindo os elementos que 
levaram à criação do primeiro Estado socialista da história, através da Revolução 
Bolchevista de outubro de 1917.
Na atualidade, com o fim do socialismo soviético e de outros estados 
socialistas, as "esquerdas" estão repensando o socialismo como ideologia.
Enquanto isso, as democracias sociais procuram reduzir as distâncias entre 
os ricos e os pobres, num processo de redistribuição da riqueza capaz de minimizar 
as distorções geradas pelas contradições entre o capital e o trabalho.
FONTE: Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/251/1/A-TRANSICAO-DO-
FEUDALISMO-PARA-O-CAPITALISMO/Paacutegina1.html>. Acesso em: 16 maio 2016.
39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, 
independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou 
qualquer outra condição.
• A sociedade brasileira é um vasto campo de contradições das expressões sociais, 
a partir das vulnerabilidades: políticas, econômicas e sociais.
• Os direitos sociais foram conquistados em sua maioria a partir dos movimentos 
sociais. 
• A história dos direitos humanos está intrínseca a Primeira Guerra Mundial, 
momento que surgem as primeiras iniciativas sobre os direitos humanos.
• Houve movimentos internacionais de defesa que se caracterizavam como 
movimentos de direitos humanos. Sendo que a ONU é resultado desse movimento 
de acordo internacional de paz.
• Várias legislações foram desenvolvidas para reforçar e garantir a proteção de 
determinada parcela populacional, pelo motivo de os direitos estarem sendo 
desconsiderados. 
• Os direitos humanos são conquistados quando são implementados na sua 
integralidade, são garantidos por lei, porém com dificuldades de reconhecimento 
na prática.
• A evolução também compreende que o que foi considerado evidente em 
determinado período da história, não é mais considerado em outro. 
• Consciência moral é uma escolha individual, a qual se justifica pela escolha do 
bem ou do mal, e esta escolha é resultado do meio em que se vive. O agir é regido 
pela tradição, pelos hábitos e costumes.
• Consciência ética é uma teoria que busca compreender através da investigação 
científica o comportamento moral dos seres humanos. O “agir norteia-se pela 
legislação e pela articulação passível de ser comprovada”.
• As leis passam a representar o marco legal, pautadas em valores morais e 
normatizados com as leis que passam a representar a ética. 
40
• Os direitos humanos vêm atender aos anseios de fim da opressão e discriminação 
contra certos padrões estabelecidos na sociedade.
• Os direitos humanos reforçam a ideia de direito à liberdade de expressão e ao 
pensamento livre. 
• Na história os direitos civis só foram efetivados porque a luta pelos direitos sociais 
desencadeava a necessidade de uma coletividade.
• A fase de transição entre o feudalismo e o capitalismo foi um processo lento e 
gradual, de maneira mais intensa no campo e mais superficial no início das áreas 
urbanas. 
• No feudalismo as áreas agrícolas e pecuárias tinham maior valorização, enquanto 
que no capitalismo os centros urbanos vêm recebendo maior destaque. 
• O capitalismo mantém a mesma lógica do feudalismo, na qual o sujeito se apropria 
da mão de obra do outro em busca de satisfações pessoais.
41
Chegamos ao fim do segundo tópico da Unidade 1. Acreditamos que você 
tenha ampliado seu conhecimento, por isso é hora de colocar em prática.
1 A humanidade vem se transformando à medida que acompanha 
os períodos históricos e suas diversas manifestações. A partir 
disso, a construção sócio-histórica apresenta mudança de 
conhecimento e reconhecimento das expressões da questão 
social. Nesse sentido, descreva a mudança de conceito histórico com relação 
à expressão Direitos Humanos e Cidadania.
2 Todo movimento social foi idealizado a partir de alguma demanda 
coletiva, que não estava sendo respondida adequadamente pelas 
políticas públicas. Nesse sentido, surge a Constituição Federal 
com a primazia de organizar e orientar direitos e deveres, bem 
como mostra competências que deveriam ser respondidas adequadamente 
pelos respectivos órgãos. A partir desse pressuposto, o direito ao trabalho deve 
ser compreendido como a necessidade de criar condições justas e adequadas 
para sua execução. Neste contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras 
e F para as falsas:
 
( ) O trabalho permite que a pessoa se desenvolva física e intelectualmente. 
( ) O ser humano é obrigado a trabalhar por imposição da sociedade. 
( ) O trabalho que a Constituição garante é aquele realizado sem remuneração. 
( ) A Constituição garante trabalho aos que possuem profissões regulamentadas. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.
AUTOATIVIDADE
42
43
TÓPICO 3
REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO 
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Todo processo transitório tende a causar transformações em sua base 
social, política, econômica ou administrativa, sendo que todas essas mudanças 
repercutem na maneira de construir e reconstruir teorias sociais.
Em determinado período histórico é possível identificar situações que se 
transformaram radicalmente, havendo inversão total de valores, pois a evolução 
tende a trazer inovações e, por sua vez, vem para acrescentar ou confrontar 
ideologias. 
2 A LEGISLAÇÃO E SEU ENTENDIMENTO SOBRE OS 
PODERES DO ESTADO
A lei dos direitos humanos não difere de outras leis, que surgem a partir de 
fragilidades complexas na coletividade. Ela identifica que as pessoas, desde sua 
concepção, deveriam ter acesso às mesmas possibilidades e aos mesmos direitos. 
Porém, se de fato as pessoas são possuidoras das mesmas possibilidades, 
por que existem tantas vulnerabilidades e tantas leis que buscam garantir essa 
equidade? Porque a questão de possibilidade e acesso é restrita, o que impede o 
tripé da eficiência, eficácia e efetividade, tornando o sujeito vulnerável e dependente 
de sua própria sorte.
Os direitos garantidos legislativamente possibilitam que os sujeitos se 
insiram de maneira gradativa e universal a todas as possibilidades das políticas 
públicas. Novamente existe um filtro chamado de condicionalidades de acesso, 
que garante a maior ou menor prioridade de atendimento. Esse, por sua vez, pode 
ser denominado como tratamento desigual. 
Para compreender educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988). Reafirmada e explicada no Art. 206 
da Constituição do Brasil de 1988, quando esclarece que o ensino será ministrado 
com base nos seguintes princípios:
44
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
V - valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na forma 
da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial 
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas 
e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições 
mantidas pelaUnião; 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII - garantia de padrão de qualidade (BRASIL, 1988).
Porém, essa redação não garante de maneira equânime o acesso e a 
permanência de crianças e adolescentes na educação, já que muitos vivenciam 
várias expressões da questão social voltadas à ineficiência das políticas públicas e 
à negligência da corresponsabilidade que as famílias/Estado têm com o processo 
de ensino e aprendizagem dos alunos. 
Para Klein (2008, p. 19), “O reconhecimento dos direitos sociais e sua 
proteção requerem uma intervenção ativa do Estado”. Como ele não possibilita 
o acesso ele se torna o principal infrator, já que esse não consegue atender suas 
responsabilidades previstas em lei. 
Nessa linha existe uma inversão de valores que é importante ser destacada: 
o direito à liberdade é de certa forma uma reação contra o mandato de poder do 
Estado, enquanto que os direitos sociais são de certa forma uma necessidade de 
ampliação dos poderes do Estado.
2.1 O SURGIMENTO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS
O primeiro indício de exploração vem da época da colonização, quando os 
europeus conquistaram as terras brasileiras e tentaram domesticar os indígenas 
que já viviam nessas terras.
Outro marco histórico foi a escravidão, em que a exploração da força de 
trabalho seria a vontade de seus “senhores”.
Logo depois surgem os coronéis, que de certa forma são os senhores 
de escravos com uma nova roupagem, pois continuam vivenciando o ciclo de 
exploração e apropriação da força do trabalho do outro em benefícios próprios. 
A transição do feudalismo para o capitalismo mantém a mesma lógica de 
submissão, porém agora surge a ideia de acesso e possibilidades de negociação. 
Mas no fundo existe sempre a mesma lógica de acúmulo e ampliação do capital.
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
45
FIGURA 9 – O PROCESSO EVOLUTIVO DA EXPLORAÇÃO
´
 FONTE: As autoras 
Os períodos históricos são marcados de diferentes formas, seja pelo 
trabalho em prol da subsistência, seja para manter ou aumentar seu capital, e esses 
pressupostos acompanham a lógica cronológica.
Partindo dessa linha de mudança de concepção, nos reportaremos a Klein 
(2008, p. 20), quando nos diz que “com o tempo, parte daqueles sujeitos que vêm do 
regime feudal para o capitalista começaram a acumular algum capital, e passaram 
a emprestar dinheiro e explorar a força de trabalho alheia”.
Essa atitude fortalece o comércio e fragiliza o trabalho no campo, pois o 
capital tende a ficar restrito nas mãos de alguns, enquanto a grande massa trabalha 
para aumentar o poder econômico da minoria denominada de elite.
Essa elite ou burgueses aos poucos vão ampliando seus negócios e passam 
a interferir também na questão estatal. Naquele determinado momento histórico 
a sociedade era convencida da importância de expandir a industrialização, porém 
a lógica capitalista era intrínseca, já que os burgueses reprimiam cada vez mais os 
camponeses em nome do desenvolvimento. 
Nesse momento a divisão de classes novamente se evidencia entre os que 
detêm o capital e os que produzem esse capital.
3 A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E NO 
MUNDO
Quando pensamos na história do Brasil, o que nos vem em mente é que 
durante o Período Colonial era apenas um território a ser explorado, de maneira 
legítima e legal, já que os colonizadores desconsideraram a presença e os direitos 
dos povos indígenas. 
46
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Os períodos históricos comprovam que no Brasil sempre houve violação de 
direitos humanos, desde o Período Imperial (1822-1889) até a Primeira República 
(1889-1930). Entre as principais violações é possível considerar:
• extermínio e a exploração dos indígenas;
• a escravidão e a submissão dos negros;
• a desvalorização da mulher;
• desconsideração da fase da infância.
Uma alternativa dos negros era fugir de seus senhores e se refugiar nos 
quilombos, como uma tentativa de se livrar da brutalidade dos senhores. Caso 
a fuga era impedida, eles eram agredidos fisicamente e muitos não resistiam, 
ocasionando óbitos, como uma maneira de disciplinar os demais.
Os quilombos que ainda existem estão localizados em locais bem afastados da 
civilização, permanecendo bem ativos mesmo depois de 1888, após a abolição da escravatura. 
A Fundação Palmares registra aproximadamente 1.500 comunidades quilombolas, mas 
acredita-se que pode haver cerca de 3.000. A grande maioria está localizada nas regiões Norte 
e Nordeste. Os integrantes das comunidades quilombolas possuem fortes laços culturais, 
mantendo suas tradições, práticas religiosas, relação com o trabalho na terra e sistemas de 
organização social próprios.
Contudo, os quilombos foram de certa forma uma maneira de resistência 
e luta contra a escravidão, buscavam de forma incansável a liberdade e sua vida 
digna como pessoas com direitos civis igualmente. 
 FIGURA 10 – QUILOMBOS
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=História+dos+quilombos&espv>. Acesso em: 16 maio 2016.
UNI
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
47
3.1 GRANDES CONQUISTAS 
Nem tudo foi ruim, houve a conquista dos negros com a questão da abolição 
da escravatura (1888), que de certa forma libertou parcialmente os negros, porém 
o próprio sistema os obrigava a trabalhar de maneira sub-humana para sustentar 
suas famílias.
No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira 
metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos 
de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava 
nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos 
portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui 
no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais 
fracos ou velhos. O transporte era feito da África para o Brasil nos 
porões dos navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, 
muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram 
lançados ao mar. (SUAPESQUISA.COM, 2016). 
Com o final do regime escravocrata, os negros deixaram de ser propriedade 
dos “senhores” para se tornarem empregados e assim acessar seus primeiros 
direitos civis. O momento em que mais de seis milhões de negros foram trazidos à 
força da África para o Brasil, sem o cuidado e respeito com sua dignidade, marcou 
de maneira desumana a vida dessas pessoas.
Essa prática era imposta pela lógica dos senhores e tinha o aval do Estado, 
sendo compreendida como uma prática necessária para o desenvolvimento, sendo 
ignorada qualquer lógica de direito, apenas reforçada a lógica de deveres. 
Nesse cenário os direitos políticos eram prioridade de uns poucos que 
faziam parte da elite, e os direitos sociais eram considerados utopias. A trajetória 
dos negros foi acompanhada também pelos movimentos sociais tímidos da: Revolta 
dos Alfaiates, Revolta Farroupilha, Revolta Praieira, Revolta Cabana, Revolta de 
Canudos, entre outros. 
Outro marco na história do Brasil é o coronelismo, que além de negar 
qualquer direito civil, negligenciava a presença do povo e considerava apenas a 
elite dos coronéis. 
48
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
QUADRO 4 – IDENTIFICANDO E COMPREENDENDO MELHOR AS REVOLTAS DA ÉPOCA
REVOLTA Contextualização 
REVOLTA DOS ALFAIATES 
• Esta rebelião se deu por motivo de descontentamento 
das atitudes do governo da época, que aumentava os 
preços de algumas mercadorias, isso causava grande 
descontentamento na população, dando origem a um 
grupo, movimento formado por alfaiates. 
• Esta revolta teve início no século XVIII na capitania da 
Bahia.
REVOLTA FARROUPILHA
• Conhecida também como Guerra dos Farrapos, de 1835 
até 1845, aconteceu no Rio Grande de Sul, conhecida como 
a mais longa revolta do Brasil. 
• Esta revolta foi comandada pelos ricos da época, 
pela classe que dominava a sociedade gaúcha,a classe 
dominante liderada pelos fazendeiros ricos se aproveitou 
dos pobres da época para escudo da revolução. 
• Este conflito se desencadeou por motivo dos altos 
impostos cobrados e taxas pesadas em alguns produtos. 
REVOLTA PRAIEIRA
• A Revolução Praieira de característica liberal e federalista 
teve seus acontecimentos na Província de Pernambuco 
durante o período de 1848 e 1850. 
• Entre as diversas revoltas que aconteceram no período 
do Brasil Império, esta foi a última. Ganhou o nome de 
praieira, pois a sede do jornal comandado pelos liberais 
revoltosos (chamados de praieiros) localizava-se 
na rua da Praia.
REVOLTA CABANA
• Esta revolta aconteceu entre os anos de 1835 e 1840. 
• Teve a participação principal da população, na Província 
do Grão-Pará, no Norte do Brasil. 
• Esta revolta teve esse nome por ter sido formada pelos 
pobres que residiam em cabanas próximas dos rios da 
região. 
REVOLTA DE CANUDOS 
• Neste período de 1896 a 1897 houve o conflito que foi 
denominado de Guerra de Canudos, com a participação 
da população e o exército da República, teve como fator 
preponderante causas sociais e religiosas, período da 
queda na Monarquia e a implantação da República. 
• Recebeu esse nome porque os conflitos aconteceram na 
localidade de Canudos, interior da Bahia.
FONTE: Adaptado de: <http://www.estudopratico.com.br/resumo-sobre-a-guerra-dos-canudos/>; 
<http://www.sohistoria.com.br/ef2/revolucaofarroupilha/>; <http://www.infoescola.com/historia/
revolta-dos-alfaiates/>. Acesso em: 16 maio 2016.
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
49
O coronelismo foi uma experiência típica dos primeiros anos da República 
brasileira. De fato, essa experiência faz parte de um processo de longa duração que envolve 
aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais do Brasil. A construção de uma sociedade 
vinculada com bases na produção agrícola latifundiária, desde os tempos da colônia, poderia 
contar como um dos fatos históricos responsáveis pelo aparecimento do chamado “coronel”. 
(SOUSA, 2016).
A Revolução de 1930 possibilitou que alguns direitos civis e políticos fossem 
de fato efetivados. Os operários conseguiram se articular solicitando melhorias nas 
condições de trabalho e alguns direitos passam a ser questionados e solicitados 
(descanso semanal, jornada de trabalho, férias e aposentadoria), onde surge a 
figura dos sindicatos e a ideia das reivindicações quanto aos direitos trabalhistas. 
Na visão de Carvalho (2001, p. 83), esse movimento foi reforçado pela 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, quando iniciativas tímidas 
passam a ser estabelecidas. Porém, essas garantias só se efetivaram em 1943 com a 
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
A CLT proporcionou a efetivação de alguns direitos que foram sendo 
ampliados de acordo com a conjuntura social, sendo mais restritos no período 
militar e mais expressivos na atualidade.
Em 1964 as conquistas políticas e sociais foram substituídas pela opressão 
fixada pelo período militar, que se utilizou de Atos Institucionais, cancelando 
os direitos políticos das principais lideranças da época: sindicatos, partidária de 
artistas e intelectuais, grêmios estudantis e representantes de trabalhadores, entre 
outros.
Os meios de comunicação foram censurados e impedidos de informar a 
população, eram obrigados a transferir as informações que lhes eram impostas. 
Todo esse processo de desrespeito à vida, à dignidade humana, era justiçado 
pela lógica da “segurança nacional”, que legitimava a autonomização do aparato 
policial, inclusive sobre o Estado.
Dentre tantas restrições do período militar houve uma ação que fortaleceu 
o direito dos trabalhadores, ou seja, nesse período (1964-1985) houve unificação e 
universalização da Previdência.
Mesmo durante o regime militar (1975), alguns segmentos da sociedade 
tentam se organizar, como o movimento dos operários, das mulheres, dos negros, 
entre outros. Nesse período é importante destacar que os movimentos religiosos 
defendiam a ideia de direitos humanos.
UNI
50
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Com o final do período militar foi possível identificar alguns avanços significativos 
para a vida dos sujeitos, pois se acessou direitos políticos, civis e sociais. Com a promulgação 
da Constituição Federal (1988), esses direitos, apesar de serem regulamentados, não são 
efetivos, causando instabilidade e, consequentemente, a insegurança coletiva.
Após a Constituição Federal surgem leis que complementam e consolidam 
os diretos sociais já previstos, como:
• Estatuto da Criança e do Adolescente;
• Estatuto do Idoso;
• Estatuto da Pessoa com Deficiência;
• Lei de Defesa do Consumidor, entre outros. 
 
A legislação vigente garante uma série de proteções e relações de direito, 
havendo uma série de documentos nacionais e acordos internacionais que 
garantem essa proteção em relação aos direitos humanos.
Outra grande conquista para os direitos humanos foi a criação de mecanismos 
específicos destinados à promoção, defesa, reparação e monitoramento, tais como:
• Juizados Especiais Civis e Criminais;
• Secretarias de Direitos Humanos;
• Conselhos de Direitos Humanos;
• Comissões de Direitos Humanos.
Foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos (1996), além de 
vários órgãos de apoio, como o “Disque denúncia”.
Havendo dificuldade de realizar a denúncia, existe um canal de atendimento 
e monitoramento nacional realizado a partir de um serviço de proteção a crianças e 
adolescentes com foco em violência sexual, o Disque 100, que encaminha em, no máximo, 
três dias úteis, a denúncia para os órgãos competentes averiguarem a situação. 
FONTE: Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=3>. Acesso em: 9 mar. 2016.
ATENCAO
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
51
Na atualidade se trabalha a proposta de implementação do Sistema 
Nacional dos Direitos Humanos. Essa ideia de ampliar a discussão vem sendo 
desenvolvida dentro dos conselhos de direito, bem como pela sociedade civil. 
Já que a esfera pública não consegue suprir todas as demandas, necessitando de 
ações desenvolvidas pelas organizações não governamentais. 
Para aprofundar seus conhecimentos sugerimos os filmes:
A Lista de Schindler (The Schindler's List) 1993 
Sinopse: A história verdadeira de Oskar Schindler, um industrial que 
tenta fazer fortuna durante a II Guerra Mundial, e que acaba por salvar 
mais de mil judeus polacos do extermínio ao empregá-los na sua fábrica 
de panelas. Spielberg filma a preto e branco uma magnífica e emotiva 
reconstituição da vida de um homem vulgar que as circunstâncias da 
história transformaram em herói. 
FONTE: Disponível em: <http://www.cinemanasaladeaula.com/filmes-
sobre-a-tematica-dos-direitos-humanos/>. Acesso em: 9 set. 2016.
 
Tempos Modernos (Modern Times) 1936 
Embora se trate de uma comédia, esta pequena obra-prima de Chaplin, 
o último dos seus grandes filmes mudos, enfatiza alguns problemas 
sociais importantes da primeira metade do século. A intolerância 
política, industrialização selvagem, a tirania da máquina, as greves 
e os fura-greves, os problemas do operariado, o desemprego e a 
miséria resultantes da Depressão dos anos 30. A capacidade de espiar 
os empregados no seu local de trabalho era ficção em 1936, quando 
o filme foi feito, mas é hoje uma realidade. 
FONTE: Disponível em: <http://www.cinemanasaladeaula.com/filmes-
sobre-a-tematica-dos-direitos-humanos/>. Acesso em: 9 set. 2016.
DICAS
52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
• Todo processo transitório tende a construir e reconstruir teorias sociais, pois 
a evolução tende a trazer inovações que, por sua vez, vêm para acrescentar ou 
confrontar ideologias. 
• A lei dos direitos humanos surge a partir das fragilidades complexas na 
coletividade. 
• Os direitos garantidos legislativamente possibilitam que os sujeitos se insiramde maneira gradativa e universal a todas as possibilidades das políticas públicas, 
dentro das condicionalidades de acesso. 
• As expressões da questão social surgem pela dificuldade que as políticas públicas 
apresentam em atender todas as demandas impostas. 
• A exploração se iniciou quando os europeus conquistaram as terras brasileiras e 
tentaram domesticar os indígenas.
• Os períodos históricos marcam as diferentes formas de compreender a sociedade, 
pois esse processo segue uma lógica cronológica.
• Um marco decisório do entendimento de capital refere-se à categorização, 
quando a grande massa trabalha para aumentar o poder econômico da minoria 
denominada de elite.
• Nessa fase a divisão de classes novamente se evidencia entre os que detêm o 
capital e os que produzem esse capital.
• Os registros históricos comprovam que no Brasil sempre houve violação de 
direitos humanos, pois nossa história mostra: a desvalorização dos indígenas, 
dos negros, da mulher e das crianças, entre outras.
• Houve avanços, por exemplo, a abolição da escravatura (1888).
• Para demarcar e mostrar o descontentamento de grupos minoritários, houve 
movimentos para reivindicar, como: Revolta dos Alfaiates, Revolta Farroupilha, 
Revolta Praieira, Revolta de Canudos, além de outros movimentos.
• Outro grande marco refere-se à aprovação da CLT, que proporcionou a efetivação 
de alguns direitos que foram sendo ampliados de acordo com a conjuntura social.
53
• O Brasil é resultado de uma história marcada por revoluções, opressões e o 
fortalecimento dos movimentos sociais.
• Setores e categorias se fortaleceram com a formulação de legislações de cunho 
protetor, por exemplo: Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso 
e, recentemente, a aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
• A legislação vigente garante uma série de proteções e relações de direito, havendo 
documentos nacionais e acordos internacionais que garantem essa proteção em 
relação aos direitos humanos.
54
1 O assistente social que atua nos diferentes espaços sócio-
ocupacionais enfrenta situações desafiadoras, que envolvem a 
cultura política conservadora. Esse tipo de situação interfere 
direta ou indiretamente em seu cotidiano profissional. Nesse 
contexto, assinale a alternativa que contém apenas fenômenos que facilitam 
o acesso aos direitos sociais. 
a) ( ) Clientelismo político, desfiliação e cidadania.
b) ( ) Democracia, participação social e cidadania.
c) ( ) Clientelismo político, coronelismo e populismo.
d) ( ) Assistência social, clientelismo político e saúde.
e) ( ) Desigualdade social, participação social e desfiliação
2 O Estado, como produto histórico das relações entre classes 
sociais antagônicas, congrega em si a totalidade das relações 
sociais entre essas classes, constituindo-se como um fenômeno 
contraditório e dialético. Nesse sentido, embora o Estado assuma 
com maior afinco as funções coercitivas e repressivas, que respondem aos 
interesses da classe dominante para a manutenção da ordem e da propriedade 
privada, ele também desenvolve ações integradoras e protetivas, respondendo 
às demandas e reivindicações das classes trabalhadoras. Aí localiza-se seu 
caráter contraditório e dialético (ENADE 2010).
Com base no texto acima, é correto afirmar que o caráter contraditório e 
dialético do Estado se evidencia em:
a) ( ) um conjunto de instituições e prerrogativas, entre as quais, o poder 
coercitivo, que só o Estado possui por delegação da própria sociedade. 
b) ( ) um conjunto de instituições e prerrogativas, que tem o poder de regular 
a sociedade e aplicar regras para servir ao bem comum. 
c) ( ) um conjunto de instituições e prerrogativas de caráter primordialmente 
repressivo, atendendo somente aos interesses da classe dominante. 
d) ( ) um conjunto de instituições e prerrogativas constituído historicamente 
e socialmente para atender às demandas da classe trabalhadora. 
e) ( ) um conjunto de instituições e prerrogativas, que assume diferentes 
responsabilidades, inclusive de atender às demandas e reivindicações da 
sociedade, antagônicas aos interesses do capital.
AUTOATIVIDADE
55
UNIDADE 2
A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA 
DO BRASIL DE 1988
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• compreender os princípios fundamentais da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988;
• compreender os direitos e deveres individuais e coletivos;
• compreender os direitos sociais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você 
terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades 
propostas.
TÓPICO 1 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA 
 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
TÓPICO 2 – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
TÓPICO 3 – DOS DIREITOS SOCIAIS
56
57
TÓPICO 1
OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL DE 1988
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, para que você possa compreender de fato os direitos 
humanos e a cidadania, vale compreendermos primeiramente os princípios 
fundamentais que estão estampados na Constituição da República Federativa 
do Brasil, que foi promulgada em 1988, além de compreender alguns aspectos 
relativos à terminologia “Constituição” e suas características principais.
Uma vez que são estes preceitos legais que norteiam todo o nosso agir 
profissional, nossa vida particular e todas as relações políticas, econômicas e 
sociais brasileiras.
Você sabe o que é uma Constituição?
Cunha (2011, p. 82) expõe que a Constituição pode ser compreendida 
como a “lei fundamental de uma sociedade soberana, elaborada pelo povo ou 
seus legítimos representantes, que organiza o governo, declara direitos e garantias 
fundamentais e estabelece os preceitos superiores do ordenamento”. Em outros 
termos, a Constituição é a carta de normas, regulamentos e princípios que regem 
toda uma sociedade.
A Constituição pode ser compreendida de outras formas. Nesse sentido, 
o quadro a seguir apresenta esta diversidade de concepções dos significados do 
termo “Constituição”, vejamos:
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
58
QUADRO 5 – CONCEPÇÕES E ACEPÇÕES DO TERMO “CONSTITUIÇÃO”
CONCEPÇÕES E ACEPÇÕES DO TERMO “CONSTITUIÇÃO”
Sentido 
SOCIOLÓGICO 
• Uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo PODER 
SOCIAL, refletindo as forças sociais que constituem o poder. 
o Caso isso não ocorresse, ela seria ilegítima, caracterizando-se como uma 
simples “folha de papel”. 
• A Constituição seria, então, a somatória dos fatores reais do poder dentro 
de uma sociedade.
Sentido POLÍTICO
• Aqui se deve distinguir a CONSTITUIÇÃO de LEI CONSTITUCIONAL. 
• A CONSTITUIÇÃO só se refere à decisão política fundamental, tais 
como:
o Estrutura e órgãos do Estado; 
o Direitos individuais; 
o Vida democrática etc.
• AS LEIS CONSTITUCIONAIS seriam os demais dispositivos inseridos 
no texto do documento constitucional. 
o Mas, não contém matéria de decisão política fundamental.
• A Constituição é produto de certa decisão política, que é a decisão política 
do titular do PODER CONSTITUINTE.
Sentido MATERIAL 
E FORMAL
• Do ponto de vista MATERIAL, o que vai importar para definirmos se 
uma norma tem caráter constitucional ou não SERÁ O SEU CONTEÚDO, 
pouco importando a forma pela qual foi aquela norma introduzida no 
ordenamento jurídico. 
• Assim, constitucional será aquela norma que:
o Definir e tratar:
 Das regras estruturais da sociedade; 
 De seus alicerces fundamentais, tais como:
• formas de Estado, governo, seus órgãos etc.
• Do ponto de vista FORMAL, não mais nos interessará o conteúdo da 
norma, mas sim a FORMA como ela foi introduzida no ordenamento 
jurídico. 
o Nesse sentido, as normas constitucionais serão aquelas introduzidas pelo 
poder soberano, por meio de um processo legislativo mais dificultoso, 
diferenciado emais solene do que o processo legislativo de formação das 
demais normas do ordenamento. 
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
59
Sentido JURÍDICO
• A Constituição é considerada NORMA PURA, puro dever-ser, sem 
qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. 
• A palavra Constituição possui dois sentidos: no lógico-jurídico e no 
jurídico-positivo. 
o No LÓGICO-JURÍDICO: a Constituição significa norma fundamental 
hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da 
validade da Constituição.
o Situa-se em nível do suposto, do hipotético. 
o São as normas supostas.
o No JURÍDICO-POSITIVO: que equivale à norma positiva suprema, 
conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional 
no seu mais alto grau.
o São as normas postas e positivadas. 
• IMPORTANTE: 
o No direito percebe-se um verdadeiro escalonamento de normas, uma 
constituindo o fundamento de validade de outra, numa verticalidade 
hierárquica. 
o Uma norma, de hierarquia inferior, busca o seu fundamento de validade 
na norma superior e esta, na seguinte, até chegar à Constituição, que é o 
fundamento de validade de todo o sistema infraconstitucional. 
• A Constituição, por seu turno, tem o seu fundamento de validade 
na norma hipotética fundamental, situada no plano lógico, e não no 
jurídico, caracterizando-se como fundamento de validade de todo o 
sistema, determinando-se a obediência a tudo o que for posto pelo Poder 
Constituinte Originário. 
• Para facilitar a fixação da matéria, destacamos a teoria de Kelsen no quadro 
a seguir:
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
60
• E, por fim, como visto, a Constituição Nacional encontrará o seu 
FUNDAMENTO DE VALIDADE na norma hipotética fundamental, 
esta, o fundamento de validade de todo o sistema. 
• Trata-se de norma suposta, e não posta, uma vez que não editada por 
nenhum ato de autoridade. 
• A norma fundamental, hipoteticamente suposta, prescreve a observância 
da primeira Constituição histórica. 
• Assim, estabelecemos graficamente a ideia da “pirâmide” de Kelsen, 
consagrando a verticalidade hierárquica das normas e a Constituição 
positivada como norma de validade de todo o sistema e, assim, o 
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO:
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
61
Sentido 
CULTURALISTA
• A Constituição é produto de um FATO CULTURAL, produzido pela 
sociedade e que sobre ela pode influir. 
• É uma formação objetiva de cultura que contém, ao mesmo tempo, 
elementos históricos, sociais e racionais. 
o Intervindo, portanto, não apenas nos FATORES REAIS, tais como:
 Na natureza humana; 
 Nas necessidades individuais e sociais concretas; 
 Na raça de seu povo; 
 Na geografia e território; 
 No seu uso; 
 Nos costumes de seu povo;
 Nas tradições; 
 Na economia; 
 Nas técnicas. 
Mas também nos FATORES ESPIRITUAIS, como: 
• Nos sentimentos; 
• Nas ideias e princípios morais; 
• Nas políticas; 
• Nas questões religiosas; 
• Nos valores.
Ou ainda ELEMENTOS PURAMENTE RACIONAIS:
• Nas técnicas jurídicas; 
• Nas formas políticas; 
• Nas instituições. 
• Nas formas e conceitos jurídicos a priori. 
E, finalmente, ELEMENTOS VOLUNTARISTAS, pois não é possível 
negar-se:
 
• O papel de vontade humana; 
• Da livre adesão; 
• Da vontade política das 
comunidades sociais. 
Na adoção desta ou daquela 
forma de convivência política 
e social, e de organização do 
Direito e do Estado.
FONTE: Adaptado de Lenza (2014, p. 85-90)
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
62
Assim, podemos compreender que a Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988 possui diversas concepções, sejam elas sociológicas, políticas, 
jurídicas, culturalistas, materiais ou formais, e que é muito importante compreendê-
las, pois só assim poder-se-á desmistificar o real sentido da Carta Magna brasileira.
Prezado acadêmico, também se faz necessário compreender, neste instante, 
alguns elementos ou componentes que integram a Constituição do Estado 
Brasileiro. Veja no quadro a seguir.
QUADRO 6 – ELEMENTOS INTEGRANTES (COMPONENTES OU CONSTITUTIVOS) DO ESTADO 
ELEMENTOS INTEGRANTES (COMPONENTES OU CONSTITUTIVOS) DO ESTADO
ELEMENTOS 
INTEGRANTES 
(componentes ou 
constitutivos) DO 
ESTADO
• A Constituição deve trazer em si os ELEMENTOS INTEGRANTES 
(componentes ou constitutivos) do Estado, quais sejam: 
o SOBERANIA; 
o FINALIDADE; 
o POVO; 
o TERRITÓRIO. 
• A CF/88, nesse sentido, define tais elementos estruturais, devendo 
ser lembrado que o Brasil adotou, em um primeiro momento: 
o O SENTIDO FORMAL, ou seja, só é constitucional o que estiver 
inserido na Carta Maior.
 Seja em razão do trabalho do poder constituinte originário; 
 Seja pela introdução de novos elementos através de emendas.
FONTE: Adaptado de Lenza (2014, p. 90)
Assim, prezado acadêmico, podemos observar que o Estado possui 
soberania nacional e finalidades intrínsecas para a sua constituição e funções, 
sejam elas políticas, econômicas ou sociais, mas também é composto por seu povo 
dentro de um determinado território. E todas as normativas infraconstitucionais 
deverão ter seu norte na Constituição, que é a nossa lei maior.
Nesse sentido, todas as demais normativas nacionais, estaduais ou 
municipais deverão levar em consideração o que está descrito e positivado pela 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Assim, se tiver alguma 
normativa que não leve em consideração os preceitos constitucionais, denominamos 
de lei ou normativa inconstitucional, que são passíveis de anulação dos seus efeitos 
perante a sociedade.
Por fim, traçaremos agora breves considerações gerais da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988, principalmente no que tange aos seus 
elementos constitutivos, que podem ser visualizados no quadro a seguir.
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
63
QUADRO 7 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988
Entendendo melhor!!!
QUANTO À ORIGEM:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o OUTORGADA, PROMULGADA, PACTUADA (dualista)
QUANTO À FORMA:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o ESCRITA (instrumental)
QUANTO À EXTENSÃO:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o SINTÉTICA (concisa, breve, sumária, sucinta, básica), 
o ANALÍTICA (ampla, extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida, 
volumosa, inchada).
QUANTO AO 
CONTEÚDO:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o FORMAL OU MATERIAL
QUANTO AO MODO DE 
ELABORAÇÃO:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o DOGMÁTICA (sistemática) ou 
o HISTÓRICA. 
QUANTO À 
ALTERABILIDADE:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o RÍGIDA, FLEXÍVEL, SEMIRRÍGIDA (semiflexível), 
o FIXA (silenciosa), 
o TRANSITORIAMENTE FLEXÍVEL, IMUTÁVEL (permanente, 
granítica, intocável), 
o SUPER-RÍGIDA
QUANTO À 
SISTEMÁTICA: 
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o REDUZIDA (unitária) ou 
o VARIADA
QUANTO À 
DOGMÁTICA: 
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o ORTODOXA OU ECLÉTICA (destaque para o caráter 
compromissório do texto de 1988)
A Constituição 
brasileira de 1988 
singulariza-se POR 
SER: 
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
64
QUANTO À 
CORRESPONDÊNCIA 
COM A REALIDADE 
(CRITÉRIO 
ONTOLÓGICO — 
ESSÊNCIA): 
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o NORMATIVA (pretende ser), 
o NOMINALISTA ou SEMÂNTICA; 
QUANTO AO SISTEMA:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o PRINCIPIOLÓGICA ou PRECEITUAL
QUANTO À FUNÇÃO:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o pré-Constituição, 
o Constituição provisória, ou 
o Constituição revolucionária, e 
o Constituição definitiva, ou de duração indefinida para o futuro;
QUANTO À ORIGEM DE 
SUA DECRETAÇÃO:
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o heterônoma (“heteroconstituição”) ou autônoma(“autoconstituição” 
ou “homoconstituição”);
CONTEÚDO 
IDEOLÓGICO DAS 
CONSTITUIÇÕES
• A Constituição brasileira de 1988 é:
o LIBERAL (negativas) e 
o SOCIAL (dirigentes);
FONTE: Adaptado de Lenza (2014, p. 110-111)
Assim, prezado acadêmico, podemos expor que a Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988 possui muitos elementos integrantes e 
constitutivos, além de características, componentes, concepções e acepções que 
a consagram como a Lei Maior do Brasil, e as demais legislações e normativas 
infraconstitucionais deverão estar pautadas nos liames desta Carta Magna 
brasileira, para assim estarem em consonância com a referida Constituição e serem 
declaradas como leis e normativas constitucionais.
2 CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
Acadêmico, após as considerações preliminares sobre a diversidade 
de concepções dos significados da expressão “constituição” e os elementos ou 
componentes que integram a Constituição do Estado brasileiro e das considerações 
gerais da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, principalmente no 
que tange aos seus elementos constitutivos, deveremos neste momento apresentar 
mais algumas características importantes, para que assim você possa desmistificar 
as diversas nuances relativas à nossa Constituição.
Entretanto, de acordo com Lenza (2014, p. 142, grifos nossos), a CF/88 vem 
sendo compreendida como “democrática e liberal, [pois] a Constituição de 1988, 
que sofreu forte influência da Constituição portuguesa de 1976, foi a que apresentou 
maior legitimidade popular”, a qual apresenta as seguintes características:
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
65
QUADRO 8 – CARACTERÍSTICAS DA CF DE 1988
CARACTERÍSTICAS DA CF DE 1988
Forma de Governo • REPÚBLICA
Sistema de 
Governo • PRESIDENCIALISTA
Forma de Estado
• FEDERAÇÃO 
• Percebe-se sensível ampliação da autonomia administrativa e financeira 
dos Estados da Federação, bem como do Distrito Federal e municípios. 
• Contudo, inegavelmente, a União continua fortalecida, caracterizando-se 
o texto como centralizador.
Capital Federal:
• BRASÍLIA é a Capital Federal. 
• Assim, o Distrito Federal passou a ser considerado ente federativo 
autônomo, apesar de sua autonomia parcialmente tutelada pela União.
Inexistência de 
religião oficial:
• O Brasil é um país LEIGO, LAICO OU NÃO CONFESSIONAL, muito 
embora haja a previsão de “Deus” no preâmbulo.
Organização dos 
“Poderes”:
• Foi retomada a teoria clássica da TRIPARTIÇÃO DE “PODERES” de 
Montesquieu. 
• Diferentemente do regime anterior, buscou-se um maior equilíbrio, 
especialmente pela técnica dos “freios e contrapesos”, abrandando a 
supremacia do Executivo, que imperava.
Poder Executivo
• Exercido pelo PRESIDENTE DA REPÚBLICA, que é eleito junto com o 
Vice e auxiliado pelos Ministros de Estado. 
• Atualmente, após a Emenda Constitucional (EC) n° 16/97, o mandato é de 
quatro anos, permitindo-se uma única reeleição subsequente. 
Poder Judiciário
• Nos termos do art. 92, SÃO ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO: 
o o Supremo Tribunal Federal; 
o o Conselho Nacional de Justiça (EC n. 45/2004); 
o o Superior Tribunal de Justiça; 
o os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
o os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
o os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
o os Tribunais e Juízes Militares; 
o os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
• A CF/88 criou o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Corte responsável pela 
uniformização da interpretação da lei federal em todo o Brasil, sendo órgão 
de convergência da Justiça comum. 
o Nesse sentido, o STF passou a cuidar de temas predominantemente 
constitucionais. 
Constituição rígida:
• Existe um PROCESSO DE ALTERAÇÃO MAIS ÁRDUO, MAIS SOLENE 
E MAIS DIFICULTOSO do que o processo de alteração das demais espécies 
normativas, daí a rigidez constitucional.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
66
Declaração de 
direitos
• OS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS E A DEFESA DOS DIREITOS 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS DOS CIDADÃOS estão consolidados no 
texto, consagrando direitos fundamentais de maneira inédita, por exemplo, 
ter tornado o racismo e a tortura (que já havia sido abolida nos termos do 
art. 179, XIX, da Constituição de 1824) crimes inafiançáveis.
• Os DIREITOS DOS TRABALHADORES foram ampliados.
• Pela primeira vez se estabeleceu o CONTROLE DAS OMISSÕES 
LEGISLATIVAS, seja pelo mandado de injunção (controle difuso), seja pela 
Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão (controle concentrado).
• Outros remédios também foram previstos pela primeira vez no texto, 
quais sejam, o mandado de segurança coletivo e o habeas data.
•) Há previsão específica, pela primeira vez, de um capítulo sobre o “MEIO 
AMBIENTE” (art. 225).
• Nesse sentido, destacam-se, dentre as funções institucionais do Ministério 
Público (MP), a de PROMOVER O INQUÉRITO CIVIL E A AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente 
e de outros interesses difusos e coletivos (arts. 127, caput, e 129, III).
• Outra importante função institucional do MP é a de defender judicialmente 
os direitos e interesses das POPULAÇÕES INDÍGENAS (art. 129, V). 
• Importante previsão da DEFENSORIA PÚBLICA enquanto instituição 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação 
jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 
5º, LXXIV. Por força das alterações promovidas pela Lei n. 11.448/2007, a 
Defensoria tornou-se parte legítima para a propositura de ação civil pública. 
Separação da 
Ordem Econômica e 
da Ordem Social
• A primeira constituição brasileira a SEPARAR a ORDEM ECONÔMICA 
da ORDEM SOCIAL foi a de 1988.
FONTE: Adaptado de Lenza (2014, p. 142-144)
Assim, prezado acadêmico, podemos observar no quadro anterior muitas 
características importantíssimas do nosso ordenamento constitucional, e que 
norteiam toda a vida dos cidadãos que vivem e convivem no território brasileiro.
Mas, também devemos compreender que o Brasil já teve diversas 
constituições no decorrer de sua história, e que elas sempre foram elaboradas 
e promulgadas no sentido da busca da coerência e do bem maior. Assim, vale 
salientar que a primeira grande constituição brasileira vigorou por 65 anos, mas 
tivemos outras constituições que vigoraram mais de 20 anos, que foram as de 1891 
e de 1946, além da nossa atual que já está em vigor há mais de 28 anos, conforme 
você poderá ver no quadro a seguir.
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
67
QUADRO 9 – HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
CONSTITUIÇÃO SURGIMENTO VIGÊNCIA EM ANOS
1824 25.03.1824 65 ANOS
1891 24.02.1891 39 ANOS
1934 16.07.1934 03 ANOS
1937 10.11.1937 08 ANOS
1946 18.09.1946 20 ANOS
1967 24.01.1967 02 ANOS
Emenda Constitucional n. 
1/1969 17.10.1969 18 ANOS
1988
(atual) 05.10.1988
28 ANOS 
(Em outubro de 2016)
FONTE: Adaptado de Lenza (2014, p. 112)
Assim, como podemos ver, já tivemos sete constituições, além da Emenda 
Constitucional de 1969, e a nossa atual Carta Magna completa, em 2016, 28 anos de 
sua promulgação. Fato este a comemorar, pois esta é a Constituição mais cidadã 
que já existiu no Brasil.
Prezado acadêmico, para que você possa compreender melhor os dados 
históricos e as características históricas das constituições brasileiras, sugiro que leia as 
páginas 112 a 145 do livro de LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2014.
3 O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
Prezado acadêmico, antes de adentrarmos nos artigos constitucionais 
propriamente ditos, deveremos compreender o que está descrito e sedimentado 
na introdução da nossa Carta Magna brasileira de 1988, pois são estes princípios 
e concepções estampadas no referido preâmbulo que nortearão e fundamentarão 
todos os demais artigos da Constituição de 1988.
Nestesentido, prezado acadêmico, a partir deste momento, convido-lhe a 
refletir sobre o que está descrito e fundamentado no preâmbulo da Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, conforme o quadro a seguir.
IMPORTANT
E
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
68
QUADRO 10 – PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia 
Nacional Constituinte para instituir um ESTADO DEMOCRÁTICO, 
destinado a assegurar o exercício:
• DOS DIREITOS SOCIAIS E INDIVIDUAIS; 
• A LIBERDADE; 
• A SEGURANÇA; 
• O BEM-ESTAR; 
• O DESENVOLVIMENTO; 
• A IGUALDADE; E 
• A JUSTIÇA. 
Esta Constituição foi fundada com VALORES supremos de uma sociedade:
• FRATERNA; 
• PLURALISTA; E 
• SEM PRECONCEITOS.
FUNDADA na:
• HARMONIA SOCIAL. 
COMPROMETIDA:
• Na ORDEM INTERNA E INTERNACIONAL; 
• Com a SOLUÇÃO PACÍFICA das controvérsias.
FONTE: Adaptado de Brasil (2012, p. 10) 
Deste modo, a Constituição do Brasil de 1988 surgiu no sentido preliminar de 
instituir ao povo brasileiro um Estado Democrático de Direito, em que pretendeu 
assim assegurar o exercício pleno tanto dos direitos sociais e individuais da 
população brasileira, como também garantir que haja maior liberdade, igualdade, 
justiça, segurança, desenvolvimento e bem-estar, no sentido de proporcionar 
maior qualidade de vida aos cidadãos brasileiros.
Mascarenhas (2008, p. 31) complementa expondo que o preâmbulo da 
CF/88 
revela o anseio do legislador constituinte brasileiro na construção de 
valores democráticos e pluralistas do liberalismo político e a vontade 
de que o Estado venha promover o bem-estar geral, numa perspectiva 
que seria mais propriamente a do intervencionismo estatal de natureza 
social-democrática.
Por conseguinte, a Carta Magna brasileira também se preocupou com 
alguns valores éticos e morais relativos à convivência humana em sociedade, na 
qual instituiu como valores supremos a fraternidade, o pluralismo e uma sociedade 
sem preconceitos.
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
69
Em outros termos, “o preâmbulo da nossa Constituição Federal revela 
e consagra os princípios do Estado Democrático de Direito dentro de uma 
visão de governo representativo, da consagração dos direitos individuais, 
e dos mecanismos jurídicos de aumento dos direitos e garantias sociais” 
(MASCARENHAS, 2008, p. 31).
Vale salientar ainda que a Constituição Brasileira de 1988 está intrinsecamente 
fundada sobre os pilares da harmonia social e altamente comprometida com o 
ordenamento interno e externo, na qual se compromete a buscar solucionar os 
conflitos de forma pacífica.
Assim, se torna necessário registrar que a CF/88 “não pode ser interpretada 
ou aplicada de forma contrária ao seu espírito, de forma contrária ao texto expresso 
no seu preâmbulo” (MASCARENHAS, 2008, p. 31), ou seja, quando interpretamos 
a Carta Magna brasileira, devemos ter esta visão estampada no preâmbulo 
incorporada em todos os seus preceitos constitucionais.
Por fim, podemos expor que esta Constituição de 1988 foi denominada 
como a primeira Constituição Cidadã do povo brasileiro, pois procurou garantir 
todos os direitos individuais, coletivos e sociais de sua população.
Prezado acadêmico, convido você agora a fazer uma leitura do que é a 
democracia, pois, como você já viu, nossa Constituição brasileira é uma Constituição 
Cidadã, portanto irrigada pelos preceitos da democracia.
Boa leitura!
LEITURA COMPLEMENTAR
A DEMOCRACIA EM PAUTA
Por Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será 
que todos nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na 
sociedade brasileira? Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático 
de Direito em que vivemos?
Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual 
da democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de 
escolha de governos através de eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida 
habitualmente somente como um processo de escolha dos nossos representantes 
legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual e federal, no qual a 
população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu representante 
para legislar em nome desta mesma população.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
70
Assim, “podemos considerar que a democracia nada mais é do que um 
sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade” (PIERITZ, 
2013, p. 133). Deste modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de 
duas formas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta.
QUADRO 11 – FORMAS DE DEMOCRACIA 
FORMAS DE DEMOCRACIA
Democracia 
direta
Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se aceita 
ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua localidade, 
Estado ou país.
Democracia 
indireta
Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo seu 
representante político, ou seja, uma pessoa que os represente nas diversas esferas 
governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome do povo que os elegeu.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)
Este conceito de democracia é notoriamente o entendimento de toda 
massa populacional brasileira nos dias de hoje, pois quando se indaga as pessoas 
com relação ao conceito de democracia, é este conceito de escolha de nossos 
representantes legais, por intermédio do voto popular, que aparece nos discursos 
da população de nosso país.
Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como 
“método de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e 
da igualdade. É um Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, 
no interesse de todos”.
Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, 
também falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), 
o “Estado de direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa 
Carta Magna de 1988, já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de 
Direito, ou seja, a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e 
definiu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia 
deverá ser a base fundamental da República Federativa do Brasil.
Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo 
democrático possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada 
uma existem regras e normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição 
dos princípios ético-morais de cada localidade”. 
Resumidamente, a figura a seguir apresenta o primeiro entendimento da 
definição e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito:
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
71
FIGURA 11 – DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
FONTE: A autora
Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de 
representação e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:
existem outras perspectivas que ampliam a compreensão do conceito, 
incluindo tanto as dimensões que se referem aos conteúdos da 
democracia, como também os seus resultados práticos esperados no 
terreno da economia e da sociedade. Por uma parte, acompanhando 
a abordagem minimalista de Schumpeter (1950) e a procedimentalista 
de Dahl (1971), vários autores definiram a democracia em termos de 
competição,	participação	e	contestação	pacífica	do	poder. 
Neste sentido, no que tange a esta conotação que a democracia tem de 
competição, participação e contestação pacífica do poder, pode-se expor que falar de 
democracia também está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente 
a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não, 
além da competição entre partidos políticos eoutros grupos econômicos, políticos, 
culturais e sociais. 
Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da 
democracia, que é a questão da “participação do povo”, no qual cada cidadão 
brasileiro é elemento fundamental no processo democrático do Brasil, pois direta 
ou indiretamente é parte do processo democrático instaurado neste país. Ao 
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
72
preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha fora feita, 
torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao 
sistema vigente de democracia daquele determinado Estado.
Maciel (2012, p. 73) complementa expondo que a democracia “tornou-se 
uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir 
os direitos individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, 
sendo que o direito à participação tornou-se uma atividade importante diante da 
constituição da cidadania”.
Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta 
ou indireta da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo 
em prol de objetivos comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 
73, grifos nossos) complementa expondo que:
o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em 
sua forma reativa, a participação consiste na articulação coletiva de 
respostas a políticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca 
a responsabilidade popular no desencadeamento da articulação de 
políticas de desenvolvimento. No primeiro caso, os governos propõem 
e os cidadãos reagem; no segundo, os cidadãos propõem e os governos 
reagem. Em ambas as formas, o direito de participação assume a lógica 
de colaborar com o desenvolvimento. No coração da democracia 
repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos assuntos públicos e 
de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade com os demais.
Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a 
articulação coletiva do povo em prol de uma determinada demanda social, política, 
cultural ou econômica. Para que possam debater coletivamente os prós e contras, 
no que tange aos assuntos pertinentes ao interesse coletivo, dando assim respostas 
a esta mesma demanda.
Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de 
participação, pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu 
descontentamento com relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer 
que aquele cidadão que se omitiu ou apenas não quis participar não fez parte do 
processo democrático de um país, bem pelo contrário, pois todo cidadão tem o 
direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório, pois ao 
votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo.
Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de 
forma proativa, demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da 
decisão coletiva.
Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa 
instaurar um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no 
quadro a seguir, disposto a seguir.
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
73
QUADRO 12 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO
http://rafaelsilva.over-blog.es/article-
objetivo-democracia-iv-124370354.html
1. Direito dos cidadãos de ESCOLHEREM GOVERNOS por meio 
de eleições com a participação de todos os membros adultos da 
comunidade política.
2. ELEIÇÕES regulares, livres, competitivas, abertas e significativas. 
3. GARANTIA DE DIREITOS de expressão, reunião e organização, 
em especial, de partidos políticos para competir pelo poder.
4. Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre a ação de 
governos e a política em geral. 
FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277) 
Estas quatro condições mínimas para implantar um regime democrático 
são de fundamental importância para que haja a participação democrática de um 
povo em prol dos objetivos comuns do próprio povo, uma vez que a democracia 
vai muito além da simples representação e de voto, ela se efetiva e concretiza-se 
com a participação, com a competição e a contestação dos processos pacíficos da 
busca do poder no Estado Democrático de Direito.
Sucintamente, a figura a seguir apresenta a ampliação da compreensão do 
entendimento do significado da democracia, ou seja, o seu conceito ampliado:
 FIGURA 12 – CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA 
FONTE: A autora
FONTE: PIERITZ, Vera Lúcia Hoffmann et al. Tópicos Especiais. Indaial: Uniasselvi, 
2015. p. 3-8.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
74
4 FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
Prezado acadêmico, no que tange aos fundamentos essenciais da 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, devemos analisar o art. 
1° da Constituição, pois é neste artigo que estão contemplados os fundamentos 
constitucionais brasileiros. 
Art. 1° - A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I – a soberania; 
II – a cidadania; 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V– o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição 
(BRASIL, 2012, p. 11, grifo nosso).
Nesse sentido, o art. 1° da CF/88 apresenta para a população brasileira 
em que fundamentos o Estado Democrático de Direito está pautado, além de 
demonstrar que o Brasil possui sua concepção regulada na união indissolúvel 
entre os entes federativos do território brasileiro, tais como: estados, município e 
o Distrito Federal.
4.1 SOBERANIA
No que tange ao fundamento constitucional da soberania, podemos 
compreender que a soberania “significa a inexistência de qualquer poder acima 
do poder soberano. Na ordem jurídica internacional, isto revela a absoluta 
independência política do Estado dentro do seu território, com o reconhecimento 
desta sua soberania por todas as outras nações” (MASCARENHAS, 2008, p. 48-49). 
Em outros termos, podemos expor que as leis estampadas na Constituição 
do Brasil possuem a denotação de lei maior, em que as demais legislações e 
normativas deverão estar pautadas nestes preceitos constitucionais. Além do 
mais, a Constituição de um país são as normas gerais que o regem e assim é 
reconhecido pelos demais Estados, pois molda e sedimenta o comportamento 
de seu povo, além de contribuir para a formação histórico-cultural, política, 
econômica e social do país.
Nesse sentido, Cunha (2011, p. 270) reafirma que a soberania é o “atributo 
do poder supremo. Poder, superior a todos, de impor normas de comportamento. 
Atributo estatal de ditar o espaço físico de eficácia do seu ordenamento jurídico”. 
Ou seja, a nossa Carta Magna é soberana, pois impera sobre as demais normas 
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
75
e leis, tanto nacionais, estaduais ou municipais. Por conta disso, os preceitos 
constitucionais devem ser respeitados na elaboração e aplicação das legislações 
infraconstitucionais.
Mascarenhas (2008, p. 49) complementa, expondo que
essa soberania não pode ser vista em termos absolutos porque a ordem 
internacional externa vem, cada vez mais, trazendo limitações para a 
ordem interna, em todos os países do mundo civilizado, através de 
tratados e convenções, com vistas ao bem comum, a boa convivência 
entre os povos e o respeito aos direitos humanos. São exemplos disso os 
tratados de não proliferação de armas nucleares, e o de respeito ao meio 
ambiente (Tratado de Kyoto), dentre outros.
Assim, pode-se expor que a Constituição do Brasil também deverá levar 
em consideração as normativasem nível mundial, principalmente os tratados e 
convenções internacionais, pois existe uma preocupação em manter a ordem 
econômica, política e social em prol de um bem maior, que é o bem comum entre os 
povos e o respeito à dignidade da pessoa humana, como os direitos supranacionais, 
que vão além do território brasileiro, tais como os direitos humanos, a diversidade 
cultural e o respeito incondicional ao meio ambiente.
Segundo Lenza (2014, p. 1.399), a soberania denota um “conjunto formado 
pela União, estados, Distrito Federal e municípios. Discute-se, na atualidade, a amplitude da 
soberania de determinado Estado, especialmente diante da ideia de um poder constituinte 
transnacional ou supranacional. Esse parece ser o grande desafio, qual seja, encontrarmos um 
equilíbrio entre a soberania do Estado e a necessidade de adequação ao conjunto dentro da 
ideia de um constitucionalismo globalizado”.
4.2 CIDADANIA
Prezado acadêmico, outro dos fundamentos da Constituição do Brasil de 
1988 é a cidadania. Cunha (2011, p. 62) expõe que a cidadania é o “atributo do 
cidadão. Conjunto de atributos do cidadão. Relação entre a pessoa e a sociedade 
política a que pertence”. Ou seja, 
podemos entender que cidadania é um conjunto de direitos e deveres 
que denotam e fundamentam as condições do comportamento de cada 
indivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania designa normas 
de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e 
direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade (PIERITZ, 
2013, p. 132, grifo nosso).
IMPORTANT
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UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
76
Cunha (2011, p. 62) expõe que o cidadão é o “membro da sociedade política”.
Assim sendo, vale salientar que devemos compreender melhor o que 
é ser cidadão, e no que consiste a cidadania, para assim compreender melhor 
este preceito constitucional. Nesse sentido, vejamos no quadro a seguir algumas 
considerações de cidadão e cidadania.
QUADRO 13 – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DE CIDADÃO E CIDADANIA
O que é SER 
CIDADÃO?
Ser cidadão:
• é RESPEITAR e PARTICIPAR das decisões da sociedade, para melhorar 
suas vidas e a de outras pessoas. 
• é NUNCA ESQUECER DAS PESSOAS que mais necessitam. 
A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação, para o 
bem-estar e desenvolvimento da nação.
No que CONSISTE 
a cidadania?
A cidadania consiste:
• Desde o gesto de não jogar papel na rua; 
• Não pichar os muros; 
• Respeitar os sinais e placas; 
• Respeitar os mais velhos (assim como todas as outras pessoas); 
• Não destruir telefones públicos; 
• Saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário [...]; 
• Até saber lidar com:
o o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas; 
o o direito das crianças carentes; e 
o outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país. 
‘A REVOLTA é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: 
mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos’. 
Juarez Távora - Militar e político brasileiro.
FONTE: Adaptado de WEB CIÊNCIA (2009 apud PIERITZ, 2013, p. 132)
Neste sentido, segundo Mascarenhas (2008, p. 49, grifo nosso), a cidadania 
“é atributo ou qualidade do indivíduo que possui direitos políticos e civis. 
Essa cidadania pode ser ativa e passiva”. Assim, vejamos no quadro a seguir as 
características da cidadania ativa e passiva.
UNI
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
77
QUADRO 14 – CARACTERÍSTICAS DA CIDADANIA ATIVA E PASSIVA
CARACTERÍSTICAS DA CIDADANIA ATIVA E PASSIVA
Cidadania 
ATIVA
• Consiste na existência de direitos civis e políticos ativos. 
• Referente à CAPACIDADE DE SER ELEITOR.
Cidadania 
PASSIVA
• Consubstancia-se na capacidade que tem o cidadão de:
o SER VOTADO;
o SER ELEITO. 
Todo cidadão passivo é, também, cidadão ativo, mas nem todo cidadão ativo é, também, passivo. 
Exemplo: o analfabeto.
FONTE: Adaptado de Mascarenhas (2008, p. 49)
Mas, vale salientar que “a concepção de cidadania persistida pelo Estado 
ainda se baseia nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade, onde a 
própria organização política, histórica e social brasileira torna-a impossível, pelas 
grandes desigualdades e mazelas sociais existentes” (MADJAROF, 2011 apud 
PIERITZ, 2012, p. 22).
Podemos observar três dimensões da cidadania:
QUADRO 15 – TRÊS DIMENSÕES DA CIDADANIA
TRÊS DIMENSÕES DA CIDADANIA
Cidadania 
CIVIL:
• São aqueles direitos advindos da liberdade de cada indivíduo, por exemplo: 
o o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos; 
o o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, um bem ou 
 serviço); 
o entre outros.
Cidadania 
POLÍTICA:
• Podemos considerar que a cidadania política se legitima quando os homens 
exercem seu poder político de eleger e ser eleitos para o exercício do poder 
político, independentemente da instituição pública ou privada na qual venham 
a exercer suas atribuições.
Cidadania 
SOCIAL:
• Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao conforto de cada 
cidadão, no que tange à sua vida econômica e social, ou seja, do seu bem-estar 
social.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133)
Por conseguinte, Pieritz et al. (2015, p. 16, grifo nosso) expõem que a 
cidadania “expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e 
convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange ao 
respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado”. 
Vale salientar também que a cidadania é “participação nos espaços 
públicos de discussão, a qual permeia as questões de democracia e ética de toda a 
população daquele determinado grupo social, político ou econômico” (PIERITZ et 
al., 2015, p. 16, grifo nosso).
 Assim, podemos expor que este preceito constitucional é um princípio 
fundamental para a convivência humana em sociedade.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
78
Logo, de acordo com Maciel (2012, p. 29), nos dias de hoje a cidadania 
é considerada “sinônimo de participação que remete ao exercício da democracia 
para além das eleições. Somos ‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, 
das ações do Estado como um todo”. Em outros termos, “cada cidadão tem o 
dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do seu município, 
Estado ou Federação” (PIERITZ et al., 2015, p. 16).
Assim, a participação dos cidadãos nos espaços democráticos denota 
diretamente o exercício real da cidadania, em outros termos, “o conceito 
contemporâneo de cidadania transcende à simples lógica da garantia de direitos 
legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto 
de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de 
seu povo” (MACIEL, 2012, p. 31). Deste modo, a expressão “participar” denota 
o sentido de fazer parte do processo democrático do seu país ou demais entes 
federativos, uma vez que, segundo Maciel (2012, p. 32), quem deixa de exercer a 
sua cidadania “está excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania 
não significa apenas uma conquista legal de alguns direitos, mas sim a realização 
destes direitos. Ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de 
organização, participação e intervenção social”.
Assim, segundo Pieritz et al. (2015, p. 17, grifo nosso), “vale salientar que 
a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos das discussões 
e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de nossa 
vida em sociedade e na vida pública”.
Em outros termos, pode-se expor que a cidadania estampada na Carta 
Magna brasileira denota prioritariamente como o cidadão brasileiro participa dos 
momentos democráticos do seu país, estados e municípios, enquanto cidadão de 
direitos e deveres.
Segundo Lenza (2014, p. 1.399), a cidadania está “materializada tanto na ideia de 
capacidade eleitoral ativa (ser eleitor) e passiva(ser eleito), como na previsão de instrumentos 
de participação do indivíduo nos negócios do Estado. Assim, o conceito de cidadania não se 
restringe a direitos políticos, mas nessa visão muito mais abrangente e que engloba, também, 
os direitos e deveres fundamentais”.
4.3 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Prezado acadêmico, a dignidade da pessoa humana é mais um dos 
fundamentos da Constituição do Brasil de 1988, na qual devemos compreender 
primeiramente algumas questões relativas ao próprio ser humano para depois 
desvelar o significado da dignidade da pessoa humana em si, pois de acordo com 
IMPORTANT
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TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
79
Pieritz (2012, p. 69, grifos nossos),
 
todos os homens fazem parte de uma sociedade, de um grupo social, 
de uma estrutura social, portanto, podemos dizer que os homens em 
sociedade convivem em grupo. Cada grupo social possui diferentes 
características culturais e morais, por exemplo: os povos indígenas, 
os orientais, os africanos, os alemães, os franceses, os italianos, os 
americanos, os brasileiros, entre muitos outros. Cada sociedade possui 
suas normas de conduta comportamental e seus princípios morais, ou 
seja, cada grupo social ou cada sistema social constituiu o que é certo e 
errado, o que é o bem e o mal para o seu povo. Portanto, nem sempre o 
que é certo para nós pode ser certo para outro grupo social, e vice-versa.
Pieritz (2012, p. 70) complementa expondo que
o ser humano nunca conseguirá ser homem sem interagir diretamente 
com os outros homens, e que neste convívio ele deverá procurar o 
equilíbrio em seus comportamentos perante os outros, procurando 
constantemente se adaptar ao meio em que está inserido. Ou seja, o 
ser humano necessita respeitar as diferenças para assim melhorar sua 
condição de vida e angariar sua dignidade humana.
Deste modo, podemos expor que, quando falamos da dignidade do ser 
humano, estamos nos referindo diretamente ao seu bem mais precioso, além da 
própria vida em si, pois a dignidade humana está intrínseca aos seus valores éticos 
e morais enquanto ser humano que vive e convive em sociedade.
Nesse sentido, Cunha (2011, p. 112) expõe que a dignidade pode ser 
compreendida como a “característica do que é digno”. E, portanto, digno é “o 
que é valoroso, merecedor de consideração e respeito. Aquele que age segundo a 
moral. Aquilo que é normalmente adequado. O que está acima de qualquer preço, 
e, por conseguinte, não admite equivalente” (CUNHA, 2011, p. 112).
Podemos compreender que ser digno é estar de bem consigo mesmo, 
honrando e agindo conforme seus próprios princípios éticos e morais, ou seja, 
ser honesto e correto com seus valores e princípios, o que reflete diretamente no 
respeito e consideração dos demais integrantes do seu convívio social.
[Pois] quando se fala, por exemplo, em dignidade, em sentimento, 
amor, ódio, conhecimento, intelectualidade, desejo, indiferença, está 
se falando em valores intrínsecos do ser humano, em valores que 
constituem um patrimônio subjetivo, visualizado no mundo exterior 
apenas nas manifestações que cada pessoa, em determinados momentos, 
deixa livremente exalar de seu corpo, de seu espírito, de sua alma, 
mostrando-se como verdadeiramente é, mostrando-se exclusivamente 
“ser” (MADJAROF, 2011 apud PIERITZ, 2012, p. 20).
A respeito da dignidade da pessoa humana, Mascarenhas (2008, p. 49) expõe 
que “a ninguém é dado o direito de violar os direitos do homem, e cabe ao Estado 
a proteção desses direitos e a garantia do exercício das liberdades individuais”. 
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
80
Em outros termos, podemos expor que a dignidade do ser humano não pode ser 
violada por ninguém e nem pelo próprio homem, e deve ser protegida pelo Estado.
E, portanto, a Carta Magna brasileira possui como um de seus fundamentos 
constitucionais a dignidade da pessoa humana, justamente no intuito de possibilitar 
a proteção incondicional de sua população.
Segundo Moraes (2001, p. 48):
A dignidade, no dizer de Alexandre de Moraes, é um valor espiritual 
e moral atinente à pessoa, que se manifesta singularmente na 
autodeterminação consciente e responsável da própria vida, e que 
traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, 
constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico 
deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser 
feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre 
sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas 
enquanto seres humanos. 
Vale salientar ainda, prezado acadêmico, que esta questão da dignidade da 
pessoa humana não surgiu no Brasil, e sim adveio de uma preocupação mundial 
sobre o respeito e a valorização humana, ou seja, internacionalmente, “o Direito 
Internacional dos Direitos Humanos ergue-se no sentido de resguardar o valor da 
dignidade humana” (PIOVESAN, 2009, p. 112).
Prezado acadêmico, não deixe de ler estes dois documentos que tratam da 
questão da Dignidade da Pessoa Humana:
• A Carta das Nações Unidas (1945): <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/
D19841.htm>.
• A Declaração Universal dos Direitos Humanos: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_
intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. 
Agora, veremos no quadro a seguir o que significa a dignidade da pessoa 
humana.
IMPORTANT
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TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
81
QUADRO 16 – O QUE SIGNIFICA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA?
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O QUE SIGNIFICA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA?
→ A dignidade é essencialmente um atributo da pessoa humana pelo simples fato 
de "SER" HUMANA.
A PESSOA MERECE TODO O RESPEITO, independentemente de sua origem, 
raça, sexo, idade, estado civil ou condição social e econômica.
→ Muito se tem usado a expressão "dignidade da pessoa humana" para defender 
direitos humanos fundamentais, mas sem se chegar ao âmago do conceito. 
→ Daí a invocação da expressão em contextos diametralmente opostos, para 
justificar seja o direito à vida do nascituro, seja o direito ao aborto. 
→ Diante de tal paradoxo, é necessário trazer alguns elementos de reflexão sobre 
realidades e sofismas na fixação de um conceito de "dignidade da pessoa humana" 
que sirva de base sólida à defesa dos direitos essenciais do ser humano, sob pena 
de deixá-los sem qualquer amparo efetivo e, por conseguinte, sem garantia de 
respeito.
→ Nesse sentido, o CONCEITO de dignidade da pessoa humana NÃO PODE 
SER RELATIVIZADO: 
A PESSOA HUMANA, enquanto tal, NÃO PERDE SUA DIGNIDADE, quer 
por	suas	deficiências	físicas,	quer	mesmo	por	seus	desvios	morais.	
→ Deve-se, nesse último caso, distinguir entre o crime e a pessoa do criminoso. 
 o O crime deve ser punido, mas a PESSOA do criminoso deve ser tratada 
com respeito, até no cumprimento da pena a que estiver sujeito. 
Se o PRÓPRIO CRIMINOSO deve ser tratado com respeito, 
quanto mais a VIDA INOCENTE.
→ Com efeito, a IDEIA de dignidade da pessoa humana está na BASE DO 
RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS. 
→ Os DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS são o "mínimo existencial" 
para que possa se desenvolver e se realizar. 
→ Há, ademais, uma hierarquia natural entre os direitos humanos, de modo 
que uns são mais existenciais do que outros. 
→ E sua lista vai crescendo, à medida que a humanidade vai tomando consciência 
das implicações do conceito de dignidade da vida humana. 
→ Por isso, as sucessivas declarações dos direitos humanos fundamentais (a 
francesa de 1789 e a da ONU de 1948), desenvolvendo-se a ideia de diferentes 
"gerações" de direitos fundamentais: 
o Os DIREITOS FUNDAMENTAIS de 1ª GERAÇÃO, como:
 A VIDA; 
 A LIBERDADE; 
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
82
 A IGUALDADE; 
 A PROPRIEDADE. 
o Os DIREITOS FUNDAMENTAIS de 2ª GERAÇÃO, como:
 A SAÚDE; 
 A EDUCAÇÃO; 
 O TRABALHO. 
o Os DIREITOS FUNDAMENTAISde 3ª GERAÇÃO, como:
 A PAZ; 
 A SEGURANÇA;
 O RESGUARDO DO MEIO AMBIENTE.
→ Ora, só se torna direito humano fundamental a garantia de um meio 
ambiente saudável quando se TOMA CONSCIÊNCIA de que o descuido 
da natureza pode comprometer a existência do homem sobre o planeta. 
→ Assim, os direitos humanos de 3ª geração dependem necessária e 
inexoravelmente dos direitos de 1ª geração. 
→ Daí que, sendo o DIREITO À VIDA o mais básico e fundamental dos direitos 
humanos, não pode ser relativizado, em prol de outros valores e direitos. 
→ Assim, a defesa do aborto, em nome da dignidade da pessoa humana, ao 
fundamento de que uma vida só é digna de ser vivida se for em "condições 
ótimas de temperatura e pressão", é dos maiores sofismas que já surgiram, 
desde os tempos de Sócrates.
→ Uma coisa é o SACRIFÍCIO VOLUNTÁRIO do titular do direito à vida, 
para salvar outra vida. 
→ Outra coisa bem diferente é a IMPOSIÇÃO DO SACRIFÍCIO por parte do 
mais forte em relação ao mais fraco, que não tem sequer como se defender, 
dependendo de que outros o façam por ele, por puro altruísmo.
FONTE: Adaptado de Martins Filho e Vieira (2008)
Assim, podemos expor que realmente este fundamento constitucional 
brasileiro, da dignidade da pessoa humana, é de suma importância na elaboração 
das demais normas de conduta do cidadão brasileiro.
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
83
Segundo Lenza (2014, p. 1.399), a dignidade da pessoa humana é considerada a 
“regra matriz dos direitos fundamentais, tema [...] que pode ser bem definido como o núcleo 
essencial do constitucionalismo moderno. Assim, diante de colisões, a dignidade servirá para 
orientar as necessárias soluções de conflitos”.
4.4 VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA
Prezado acadêmico, outro fundamento constitucional brasileiro são os 
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Segundo Cunha (2011, p. 284), o 
trabalho é “atividade que produz bens ou serviços. Toda operação de transformação 
da realidade, efetuada pelo homem”. E o trabalho é o norte fundamental das relações 
sociais, políticas, econômicas e do ordenamento jurídico, pois por intermédio do 
trabalho o ser humano vem conquistando ao longo de sua vida sua dignidade 
enquanto cidadão de direitos e deveres.
Nesse sentido, “podemos concluir que é por meio do trabalho que os seres 
humanos colocam em prática suas capacidades humanas. Assim, o trabalho é a 
base fundamental na formação da consciência moral de todos os seres humanos” 
(PIERITZ, 2012, p. 117).
Prezado acadêmico, “é por meio do trabalho que os homens desenvolvem seus 
princípios e sua cultura, consequentemente, seus valores sociais e éticos” (PIERITZ, 2012, p. 117).
No que tange às relações humanas no mundo do trabalho, Pieritz (2012, 
p. 139) expõe que “é por meio das relações de trabalho que se forma a sociedade. 
Sendo assim, é o trabalho que organiza as relações políticas, econômicas e sociais de 
um determinado grupo social”. Por conseguinte, Herweg (1998, p. 157, grifo nosso) 
coloca-nos que “[...] desde que o homem se conhece enquanto homem, ou seja, 
não somente como ser individual, mas como ser coletivo, sua vida é mediatizada 
pelo trabalho. O trabalho, portanto, é constituinte de sua essência enquanto ser 
social”. Nesse sentido, esses preceitos do mundo do trabalho que constituem os 
valores sociais do trabalho do ser humano estão estampados na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988.
IMPORTANT
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UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
84
Complementando, Gonçalves e Wyse (1997, p. 61-62) expõem que:
...] o trabalho pode ser visto como lugar de autorrealização do homem, 
extensão de sua personalidade, espaço de criatividade, onde ele fala de 
si, mostra-se diante do seu grupo social, expressa sua identidade, presta 
um serviço social e contribui para o bem comum. Mas também pode 
ser encarado como uma maldição, lugar de tortura, suportado pela 
necessidade do salário ao final do mês.
Assim, “[...] através do trabalho o homem se diferenciou dos outros 
animais, produzindo bens e transformando a natureza. Pelo trabalho, o homem 
fundamentou a sua vida cultural e a civilização. Para os outros animais, o trabalho 
visa satisfação imediata e instintiva, sem acúmulo de saberes” (TOMELIN; 
TOMELIN, 2002, p. 118).
Nesta perspectiva, Aranha e Martins (2003, p. 24) complementam que:
O trabalho humano é uma ação transformadora da realidade, dirigida 
por finalidades conscientes. Ao reproduzir técnicas já usadas e ao 
inventar outras novas, a ação humana se torna fonte de ideias e, portanto, 
experiência propriamente dita. Por isso, dizemos que o animal não 
trabalha – mesmo quando cria resultados materiais com essa atividade 
–, pois sua ação não é deliberada, intencional. Dessa forma, o animal 
não produz propriamente sua existência, apenas a conserva agindo 
instintivamente ou, quando se trata de animal de maior complexidade 
orgânica, resolvendo problemas por meio da inteligência concreta. [...] 
Esses atos visam à defesa, à procura de alimentos e de abrigo. Assim, 
não devemos pensar que o castor, ao construir o dique, e o joão-de-
barro, a sua casinha, estejam “trabalhando”.
Pieritz (2012, p. 139) complementa expondo que
o homem se transforma ao transformar a natureza por meio do 
trabalho, e que suas relações sociais estão intrínsecas a este ambiente, e 
acabam somando em suas características individuais de sua identidade 
enquanto ser humano. E em cada lugar que estamos nos comportamos 
conforme a ocasião e o espaço social em que vivemos e nos relacionamos 
com os outros homens.
Prezado acadêmico, na disciplina de Trabalho e Contemporaneidade você terá 
a oportunidade de compreender melhor as questões pertinentes ao mundo do trabalho. Não 
deixe de compreender estas questões pertinentes ao trabalho do ser humano. Bons estudos!
UNI
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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Prezado acadêmico, com relação à questão da livre-iniciativa, Cunha 
(2011, p. 188) expõe que a livre iniciativa é a “liberdade de exercer atividade 
econômica”, pois
é graças a essa norma constitucional que é vedada toda e qualquer opção 
ideológica que redunde, por um lado, na estatização da economia, em 
dano da livre-iniciativa, e, por outro, vise a dar à nossa sociedade civil 
configuração outra que não resultante dos valores sociais do trabalho, 
gerando privilégios parasitários nocivos ao bem público. Para esse 
grande mestre, o valor social do trabalho e a livre iniciativa conferem 
um efetivo sentido ideológico à nossa Constituição, que nitidamente 
faria consagrar o social-liberalismo, segundo o qual o Estado também 
atua como agente normativo e regulador da atividade econômica, muito 
embora sem se tornar empresário, a não ser em casos excepcionalíssimos, 
por imperativos de segurança nacional ou relevante interesse coletivo 
definido em lei. (REALE, 1999, p. 44-45)
Deste modo, podemos expor que os cidadãos brasileiros possuem 
a segurança de possuírem a liberdade de poderem realizar suas atividades 
econômicas relativas às atividades do seu trabalho, desde que respeitem as 
normativas e legislações.
Segundo Lenza (2014, p. 1.399-1.400), “nos termos do art. 170, caput, da CF/88, a 
ordem econômica, tendo por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social, funda-se em dois grandes pilares, quais sejam, a valorização do trabalho 
humano e a livre-iniciativa. Assim, o constituinte, além de privilegiar o modelo capitalista, 
estabelece, como finalidade da ordem econômica, assegurar a todos a existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, afastando-se, assim, de um Estado absenteísta nos 
moldes do liberalismo”.
4.5 PLURALISMO POLÍTICO
Prezado acadêmico, o pluralismo político também está garantido na Carta 
Magna brasileira como um de seus fundamentos, pois segundo Cunha (2011, p. 
219), o pluralismoé a “coexistência da diversidade. Inexistência de monopólio 
organizacional”.
Nesse sentido, Pieritz (2013, p. 136) expõe que o “pluralismo é reconhecer 
a existência da diversidade humana. Diversidade que pode ser cultural, religiosa, 
política, econômica, ambiental e social”.
O pluralismo denota que não existe somente uma concepção conceitual, 
ou seja, existem várias referências e doutrinas conceituais, pois, como 
abordamos anteriormente, todos os seres humanos são diferentes, 
IMPORTANT
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UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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possuem diversas subjetividades, que denotam visões de mundo 
diferenciadas, ou seja, sobre um mesmo fato, uma mesma realidade 
poderá suscitar diversas opiniões, diversos conceitos, porque cada 
homem analisa um fato conforme sua constituição moral (PIERITZ, 
2013, p. 137).
Assim, Mascarenhas (2008, p. 49) complementa expondo que o pluralismo 
político 
demonstra os anseios básicos da democracia pelo legislador constituinte 
originário, de forma a eliminar toda e qualquer tentativa de autoritarismo 
e a afirmar a ampla e livre participação do povo nos destinos do país, 
garantindo a possibilidade de organização e participação de partidos 
políticos no processo democrático. 
Pois o povo deve participar ativamente dos processos democráticos de seu 
país, seja direta ou indiretamente.
Prezado acadêmico, não existe uma realidade única e absoluta.
Mascarenhas (2008, p. 49) salienta que “o parágrafo único do artigo 1° da 
Constituição Federal do Brasil de 1988 consagra o princípio democrático, ínsito 
do Estado Democrático de Direito, que consagra o povo como a única origem de 
poder, e determina através de quem esse poder é exercido”. 
E que o mesmo poder humano seja pautado no pluralismo político, para 
que assim haja diversidade de pensamentos sobre a realidade, além de sedimentar 
a diversidade conceitual sobre os fatos, pois sabe-se que tudo e todos podem e 
devem ter duas visões diferentes, demonstrando assim a diversidade de visões de 
mundo que temos sobre a realidade que vivemos.
Lenza (2014, p. 1.400), referindo-se ao pluralismo político, afirma que “a partir dessa 
ideia, enaltece-se uma sociedade plural, na qual se consagra o respeito à pessoa humana e sua 
liberdade”.
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IMPORTANT
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TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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5 DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES FEDERATIVOS
Prezado acadêmico, agora iremos estudar a questão relativa à função 
dos poderes da União Federativa do Brasil, que estão descritos na Carta Magna 
brasileira.
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 2012, p. 11, grifos nossos).
Deste modo, Mascarenhas (2008, p. 50) expõe que
O artigo 2° da Constituição Federal do Brasil consagra o princípio da 
tripartição dos poderes, consistente em distinguir as três funções que são 
atribuídas a três órgãos autônomos, harmônicos e independentes entre 
si, que são, exatamente, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. 
Esse tema será abordado oportunamente, quando do estudo da Teoria 
da Separação dos Poderes, e de cada um dos Poderes da República 
individualmente.
Veja no quadro a seguir as características e entendimentos dos Poderes da 
União, conforme os preceitos constitucionais de 1988.
QUADRO 17 – CARACTERÍSTICAS E ENTENDIMENTOS DOS PODERES DA UNIÃO
CARACTERÍSTICAS E ENTENDIMENTOS DOS PODERES DA UNIÃO
Poder 
LEGISLATIVO
 O LEGISLATIVO é relativo à legislação (agente criador das normas e leis). 
O PODER LEGISLATIVO é o ramo do poder público cuja função é representar 
politicamente a sociedade, discutir os assuntos de interesse público, elaborar 
as leis e controlar o Poder Executivo.
Poder 
EXECUTIVO
 O EXECUTIVO é relativo à execução (agente executor das normas e leis).
 O PODER EXECUTIVO é o ramo do poder público ao qual costumam caber 
a representação do Estado, e residualmente todas as funções de governo, salvo 
as expressamente excetuadas.
IMPORTANTE 
Art. 44 da CF/88 – O Poder Legislativo é exercido pelo CONGRESSO 
NACIONAL, compõe a CÂMARA DOS DEPUTADOS e o SENADO 
FEDERAL.
IMPORTANTE 
Art. 76 da CF/88 – O Poder Executivo é exercido pelo PRESIDENTE 
DA REPÚBLICA, auxiliado pelos Ministros de Estado.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
88
Poder 
JUDICIÁRIO
 O JUDICIÁRIO é relativo ao Poder Judiciário (agende fiscalizador das 
normas e leis).
 O PODER JUDICIÁRIO é o ramo do poder público cuja função é prestar 
jurisdição.
IMPORTANTE 
Art. 92 da CF/88 – São órgãos do Poder Judiciário:
I) o Supremo Tribunal Federal;
I a) o Conselho Nacional de Justiça; 
II) o Superior Tribunal de Justiça;
II a) o Tribunal Superior do Trabalho; 
III) os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV) os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V) os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI) os Tribunais e Juízes Militares;
VII) os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011) e Brasil (2012)
Vale salientar que estes três órgãos de poder são autônomos, mas possuem 
uma harmonia entre eles, além de serem independentes, pois cada um destes 
poderes possui suas atribuições e funções perante o Estado Democrático brasileiro. 
Prezado acadêmico, procure pesquisar mais e se aprofundar nas questões 
pertinentes aos três poderes da União, pois é de fundamental importância compreendê-las 
para poder exercer a democracia enquanto cidadão brasileiro.
6 OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA CARTA MAGNA 
BRASILEIRA
Prezado acadêmico, adentraremos neste instante na discussão dos objetivos 
que fundamentam a Constituição do Brasil de 1988, na qual, segundo Lenza (2014, 
p. 1.400), “os objetivos fundamentais estão estabelecidos no art. 3º da CF/88. Uma 
vez estruturada a República Federativa do Brasil, ela terá metas a serem atingidas, 
orientadoras das políticas governamentais”. A Carta Magna brasileira possui uma 
série de objetivos que fundamentam todo o seu texto constitucional.
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TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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Nesse sentido, Hack (2011, p. 65) expõe que “os objetivos, entretanto, 
têm um caráter de busca contínua do Estado pela sua realização. Mesmo que 
já sejam razoavelmente atingidos, traduzem em questões que sempre podem 
ser aperfeiçoadas pelo Estado, de maneira que a Constituição determina sua 
contínua busca”. Em outros termos, a nossa Lei Maior não é estanque e sim pode 
ter um melhoramento contínuo, pois vivemos em constantes transformações, 
principalmente no que tange aos objetivos e metas constitucionais.
Estas metas do governo brasileiro estão assim estampadas na Carta Magna 
de 1988:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil: 
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II. garantir o desenvolvimento nacional; 
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 2012, 
p. 11, grifo nosso).
Assim, segundo Mascarenhas (2008, p. 50), “trata-se de norma de forte 
conteúdo programático, e que podemos classificar, no que respeita à estrutura 
normativa, como elemento normativo sócio-ideológico”. Ou seja, existe uma 
ideologia social intrínseca nos objetivos da Constituição de 1988, pois esta Carta 
Magna está muito mais preocupada com o bem social de sua população do que 
com outros aspectos, e isto fica muito claro neste artigo terceiro, que expõe seus 
fundamentos, fundamentos esses de caráter social. 
6.1 CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA
Prezado acadêmico, no que tange ao objetivo fundamental de 
construir uma sociedade livre, justa e solidária, podemos observar que neste 
objetivo constitucional estão intrínsecos três valores importantíssimos para o 
desenvolvimento social de um povo,que são a liberdade, a justiça e a solidariedade.
No que diz respeito à liberdade, Pieritz (2013, p. 128-129) expõe que 
a liberdade é constituída no relacionamento direto entre os homens em 
sociedade, por meio de suas atividades humanas. Podemos considerar 
que o ser humano é um ser livre e tem o poder de escolha, desde que 
seja sempre consciente. Portanto, por meio do trabalho, o ser humano se 
constitui um homem consciente e livre.
Em outros termos, pode-se dizer que o princípio constitucional da liberdade 
nos traz as seguintes características:
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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QUADRO 18 – LIBERDADE
LI
BE
RD
A
D
E
→ É a capacidade de se determinar.
→ É a posse das próprias faculdades.
→ É o poder de agir segundo o próprio discernimento.
→ É o direito de fazer tudo que as leis permitem.
→ É a obediência à lei que nós mesmos nos prescrevermos.
→ É a faculdade de só obedecer às leis externas as quais pude dar o meu assentimento.
→ É a segurança tranquila no exercício do direito.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 185)
Nesse sentido, Hack (2011, p. 65) complementa expondo que “a liberdade 
se assemelha à democracia: preza-se a liberdade de expressão, de iniciativa, de 
locomoção etc., a regra, no Estado brasileiro, é que aquilo que não é proibido”. 
Assim, “possibilitam-se o livre-arbítrio e a autodeterminação de cada cidadão, que 
pode escolher como quer viver sua vida” (HACK, 2011, p. 66). 
Assim, pode-se expor que a liberdade denota também o livre-arbítrio e o 
poder de escolha que temos sobre nossos atos, sejam individuais ou coletivos, sejam 
pessoais ou profissionais, mas sempre respeitando as normativas institucionais e 
legislações municipais, estaduais ou federais. 
Deste modo, segundo Tomelin e Tomelin (2002, p. 127), “você, por muitas 
vezes, deve ter se sentido preso, sem liberdade para sair de casa ou fazer o que 
quer. Ou, muitas vezes, ao ser livre para querer, acaba-se querendo o que os 
outros querem que se queira”. Então, “podemos compreender que a liberdade 
é um poder de escolhas” (PIERITZ, 2013, p. 129). E escolhas estas que muitas 
vezes não refletem o que realmente desejamos ter ou fazer, e sim o que podemos 
ter e fazer. Assim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 127) expõem que “a liberdade 
sempre foi uma questão fundamental na história da humanidade. [Pois] todos 
nós queremos ser livres”.
Já que, segundo Pieritz (2013, p. 129), 
a existência do ser humano, nas suas relações cotidianas, acaba 
revelando escolhas, ou seja, todos os dias escolhemos entre inúmeras 
possibilidades postas pela sociedade, o que é bom ou mau para nós e 
para os outros. Assim, podemos considerar que todo homem é livre para 
escolher, por si só, uma determinada possibilidade e renunciar outras. 
E é assim que a humanidade vem registrando sua história no decorrer de 
sua existência, ou seja, nossa história é o reflexo direto de nossas escolhas. Pois, 
através da história, percebemos que muitas pessoas tiveram que pagar 
um preço alto pela sua liberdade. Muitos queimados em fogueiras, 
outros presos, perseguidos e torturados. Todos necessitam de liberdade. 
TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
91
Até os animais. Você já reparou como o cachorro fica feliz quando o 
soltamos para correr? (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 127). 
Não é diferente com os seres humanos, pois quando temos mais liberdade 
de escolha e de ações, somos muito mais felizes e realizados. Contudo, segundo 
Pieritz (2013, p. 129), “não podemos esquecer que vivemos em sociedade, portanto, 
todas as nossas escolhas, direta ou indiretamente, influenciarão os demais membros 
da comunidade em que estamos inseridos”. E, portanto, “as nossas decisões 
refletem também diretamente sobre nós, ou seja, se porventura eu decidir não 
mais estudar e trabalhar, isso influenciará diretamente a minha vida e a da minha 
família e dos amigos” (PIERITZ, 2013, p. 129), pois, “quando escolho, torno-me 
humano, e escolho não apenas a mim, mas a toda humanidade. Nossas escolhas é 
que determinarão o nosso existir”. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 128)
Vale salientar que esta liberdade está presente no nosso agir profissional, e, 
portanto, nossas escolhas devem estar coerentes com as normativas e legislações, 
para que possamos assim desenvolver nossas atividades laborais de forma digna e 
ética, sempre respeitando o outro que vive e convive conosco.
“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que 
explique, e ninguém que a entenda” (MEIRELES, 1965, p. 70).
Com relação à justiça, devemos observar que “o valor da justiça nada tem 
a ver com o direito. Normalmente, a aplicação do direito é a forma de o Estado 
aplicar a justiça, já que a lei traduz aquilo que se entende como justo em um Estado” 
(HACK, 2011, p. 66). Segundo Cunha (2011, p. 176), a justiça nada mais é do que 
o “valor concernente ao justo”. Já o justo é “a medida do bem. O que é adequado, 
justificado” (CUNHA, 2011, p. 177).
Mas, segundo Hack (2011, p. 66), “é possível haver direito injusto, ou seja, 
aquilo que está de acordo com o direito, mas contrário ao senso de justiça da 
maioria”. 
Então, pode-se expor que a aplicação do direito dos cidadãos é que denota 
a justiça, pois deve levar em consideração o que é justo para o cidadão no que 
tange a seus direitos e deveres.
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UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
92
“Dessa forma, a Constituição aponta que a sociedade a ser buscada não é só 
aquela que observa o direito, mas também aquela que tem a sensação de justiça, que é 
diferente do mero comprometimento do direito” (HACK, 2011, p. 66).
Por fim, a solidariedade é mais um elemento estampado nos objetivos 
constitucionais de 1988, pois de acordo com Hack (2011, p. 66), “a solidariedade 
é um valor que se fundamenta na cooperação entre os membros da sociedade”. E 
Cunha (2011, p. 273) expõe que a solidariedade pode ser compreendida como uma 
“característica do que é solidário”. 
Portanto, solidário é “aquele que se põe junto do outro, para ajudá-lo” 
(CUNHA, 2011, p. 273). E a cooperação, por sua vez, denota “ato ou efeito de agir 
com outrem pelo mesmo objetivo” (CUNHA, 2011, p. 90).
 
Nesse sentido, deve-se buscar uma forma em que os diversos setores 
da sociedade se ajudem, de maneira a evitar privações por parte 
de um setor que possa estar prejudicado. Esse valor contrapõe-se ao 
individualismo, em que cada indivíduo resolve seus problemas sem se 
preocupar com o próximo (HACK, 2011, p. 66).
Em outros termos, pode-se dizer que o trabalho e as ações colaborativas, 
cooperativas e a reciprocidade entre os seres humanos deveriam ser solidárias e 
não individualistas, no intuito de estar junto, de auxiliar, apoiar e amparar, de ter 
o mesmo propósito, de dividir as tarefas, de complementação das atividades do 
outro, pois possuímos, por vezes, um objetivo em comum.
6.2 GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL
Prezado acadêmico, o objetivo fundamental de garantir o desenvolvimento 
nacional preconiza que “é dever do Estado o desenvolvimento nacional, e esse 
objetivo vem justificando os diversos programas governamentais” (LENZA, 2014, 
p. 1.400). Uma vez que “o objetivo de garantir o desenvolvimento nacional refere-
se principalmente à economia, de modo que se deve buscar o desenvolvimento 
como forma de fazer o Estado crescer e prover todos os meios necessários ao seu 
sustento” (HACK, 2011, p. 66). 
Deste modo, devemos compreender que o desenvolvimento é “atividade ou 
efeito de desenvolver, que é implementar, aperfeiçoar, realizar as potencialidades, 
buscar o melhor” (CUNHA, 2011, p. 108). 
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TÓPICO 1 | OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
93
Hack (2011, p. 66) complementa expondo que “a Constituição não 
especifica que o desenvolvimento a ser buscado seja só o econômico, de maneira 
que podemos entender que o desenvolvimento deva ser buscado como um todo”. 
Assim,“o Estado, então, deve continuamente buscar a melhora do país, não só na 
economia, mas também em outros setores” (HACK, 2011, p. 66).
Segundo este preceito constitucional, o Estado deveria, por intermédio 
de suas políticas, planos e programas, garantir à população brasileira o 
desenvolvimento econômico, político, social, entre outros, para que assim possa 
prover o seu sustento e melhorar sua condição de vida.
6.3 ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E 
REDUZIR AS DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS
Prezado acadêmico, a respeito do objetivo fundamental de erradicar a 
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, Hack 
(2011, p. 66-67) coloca que “aqui temos o objetivo de promover o desenvolvimento 
econômico de forma a reduzir a pobreza, ao mesmo tempo que as pessoas que 
vivem nessa condição são inseridas na sociedade (erradicando a marginalização)”.
Vale destacar que estamos falando aqui de extirpar ou de acabar com a 
pobreza do povo brasileiro, além de abolir a sua marginalização, para que possamos 
assim obter um desenvolvimento econômico, político, social, entre outros, e poder 
proporcionar aos cidadãos brasileiros melhor qualidade de vida. Segundo Hack 
(2011, p. 67), “isso não ocorre apenas em relação ao desenvolvimento econômico, 
mas também na educação, saúde, moradia digna, alimentação, entre outros 
elementos necessários a uma boa existência”.
Este preceito constitucional fala também em redução das desigualdades 
sociais e regionais, pois 
deve-se observar que a erradicação da pobreza e da marginalização 
deve ocorrer também com a redução das desigualdades sociais, ou seja, 
a redução da diferença entre os mais ricos e os mais pobres, e a redução 
das desigualdades regionais, aproximando o desenvolvimento das 
diversas regiões brasileiras (HACK, 2011, p. 67).
Sendo visível, aqui, que a diminuição das desigualdades sociais só será 
possível quando houver respeito à dignidade da pessoa humana, quando não 
houver mais discriminação e diferenças sociais, políticas e econômicas entre a 
população brasileira, e quando não houver diferenças de tratamentos na aplicação 
das leis e normativas, e sim, quando houver equidade e justiça, pois só assim haverá 
a real diminuição das desigualdades sociais e regionais no território nacional.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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6.4 PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE 
ORIGEM, RAÇA, SEXO, COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS 
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
Prezado acadêmico, com relação ao objetivo fundamental de promover o 
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação, pode-se observar que este preceito constitucional 
denota, sem sombra de dúvidas, a igualdade entre as pessoas, indiferentemente de 
suas características individuais e subjetivas, pois perante a lei somos todos iguais. 
Segundo Hack (2011, p. 67), “o Estado brasileiro destina-se, basicamente, a 
promover o bem de sua população”. E este bem para a população brasileira deve 
sempre estar pautado no sentido de que possa haver um desenvolvimento digno e 
igualitário, sem diferenciar seus cidadãos por conta de sua origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras características.
Por fim, o âmago da questão é a promoção do bem comum, sem 
discriminação e preconceitos em todas as esferas e segmentos.
Como leitura complementar, sugerimos o livro: LENZA, Pedro. 
Direito Constitucional. 19. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: 
Saraiva, 2015.
DICAS
95
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos acerca dos princípios fundamentais da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988, além de suas concepções, elementos, 
características, fundamentos e objetivos, no qual foram abordados os seguintes itens:
• A Constituição é a carta de normas, regulamentos e princípios que regem toda 
uma sociedade.
• A Constituição do Brasil de 1988 possui diversas concepções, sejam elas 
sociológicas, políticas, jurídicas, culturalistas, materiais ou formais.
• O Estado possui soberania nacional e finalidades intrínsecas para a sua constituição 
e funções, sejam elas políticas, econômicas ou sociais, mas também é composto 
por seu povo dentro de um determinado território. 
• Todas as normativas nacionais, estaduais ou municipais devem levar em 
consideração o que está descrito e positivado na Constituição do Brasil de 1988. 
• O Brasil já teve diversas constituições no decorrer de sua história, e que sempre 
foram elaboradas e promulgadas no sentido da busca da coerência e do bem 
maior. 
• A primeira grande Constituição brasileira vigorou por 65 anos, mas tivemos 
outras constituições que vigoraram mais de 20 anos, que foram as de 1891 e de 
1946, além da nossa atual que já está em vigor há mais de 28 anos. 
• Tivemos sete constituições, além da Emenda Constitucional de 1969.
• A Constituição do Brasil de 1988 surgiu no sentido preliminar de instituir ao 
povo brasileiro um Estado Democrático de Direito.
• A Carta Magna brasileira também se preocupou com alguns valores éticos e 
morais relativos à convivência humana em sociedade, instituindo como valores 
supremos do povo brasileiro a fraternidade, o pluralismo e a indiscriminação de 
qualquer tipo.
• Esta Constituição de 1988 foi denominada como a primeira Constituição Cidadã 
do povo brasileiro, pois procurou garantir todos os direitos individuais, coletivos 
e sociais de sua população.
• O art. 1° da CF/88 apresenta para a população brasileira em quais fundamentos 
o Estado Democrático de Direito está pautado.
96
• As leis estampadas na Constituição do Brasil possuem a denotação de Lei Maior, 
em que as demais legislações deverão estar pautadas.
• A nossa Carta Magna é soberana, pois impera sobre as demais normas e 
leis, tanto nacionais, estaduais ou municipais. Por conta disso, os preceitos 
constitucionais devem ser respeitados na elaboração e aplicação das legislações 
infraconstitucionais.
• A Constituição também deve levar em consideração as normativas em nível 
mundial, principalmente os tratados e convenções internacionais.
• A cidadania estampada na Carta Magna brasileira denota prioritariamente como 
o cidadão brasileiro participa dos momentos democráticos do seu país, estados 
e municípios, enquanto cidadão de direitos e deveres.
• Quando falamos da dignidade do ser humano, estamos nos referindo diretamente 
ao seu bem mais precioso, além da própria vida em si, pois a dignidade humana 
está intrínseca aos seus valores éticos e morais enquanto ser humano que vive e 
convive em sociedade.
• Ser digno é estar de bem consigo mesmo, honrando e agindo conforme seus 
próprios princípios éticos e morais, ou seja, ser honesto e correto com seus valores 
e princípios, em que reflete diretamente no respeito e consideração dos demais 
integrantes do seu convívio social.
• A dignidade do ser humano não pode ser violada por ninguém e nem pelo próprio 
homem, e deve ser protegida pelo Estado.
• O trabalho é o norte fundamental das relações sociais, políticas, econômicas e do 
ordenamento jurídico, pois por intermédio do trabalho o ser humano conquista 
ao longo de sua vida sua dignidade enquanto cidadão de direitos e deveres.
• O poder humano deve ser pautado no pluralismo político, para que assim haja 
diversidade de pensamentos sobre a realidade, além de sedimentar a diversidade 
conceitual sobre os fatos, pois sabe-se que tudo e todos podem e devem ter duas 
visões diferentes, demonstrando assim a diversidade de visões de mundo que 
temos sobre a realidade que vivemos.
• A Carta Magna brasileira possui uma série de objetivos que fundamentam todo 
o seu texto constitucional.
• A nossa Lei Maior não é estanque e, sim, pode ter um melhoramento contínuo, 
pois vivemos em constantes transformações, principalmente no que tange aos 
objetivos e metas constitucionais.
97
• Existe uma ideologia social intrínseca nos objetivos da Constituição de 1988, pois 
esta Carta Magna está muito mais preocupada com obem social de sua população 
do que com outros aspectos, e isto fica muito claro no artigo terceiro, o qual expõe 
seus fundamentos, fundamentos estes de caráter social. 
• No objetivo fundamental de construir uma sociedade livre, justa e solidária, estão 
intrínsecos três valores importantíssimos para o desenvolvimento social de um 
povo, que são a liberdade, justiça e solidariedade.
• O objetivo fundamental de garantir o desenvolvimento nacional preconiza que 
o Estado deve, por intermédio de suas políticas, planos e programas, garantir à 
população brasileira o desenvolvimento econômico, político, social, entre outros, 
para que assim possa prover o seu sustento e melhorar sua condição de vida.
98
AUTOATIVIDADE
1 A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 
1988, é considerada rígida. Nesse sentido, identifique a assertiva 
que apresenta o porquê de a nossa Constituição ser considerada 
rígida:
a) ( ) Não admite a ocorrência do fenômeno da mutação e transformação 
constitucional.
b) ( ) Classifica como inafiançáveis os crimes de racismo e tortura, entre outros.
c) ( ) Prevê, para sua reforma, a adoção de procedimento mais complexo, em 
tese, do que o adotado para a modificação das leis.
d) ( ) Estabelece penalidades severas e irrevogáveis para os crimes de 
responsabilidade.
2 A Constituição brasileira de 1988 nos apresenta diversos 
princípios constitucionais, e dentre eles temos o princípio da 
supremacia constitucional. Assinale a alternativa que apresenta 
o significado deste princípio constitucional brasileiro:
a) ( ) O princípio Constitucional da supremacia decorre da possibilidade de a 
União intervir nos Estados e Municípios.
b) ( ) O princípio da supremacia constitucional estampado na Carta Magna 
brasileira de 1988 requer a conformidade à Constituição apenas dos atos 
legislativos, visto que os atos administrativos devem ser conformes apenas 
à lei infraconstitucional.
c) ( ) O princípio da supremacia constitucional requer a conformidade de todas 
as situações jurídicas aos princípios e preceitos da Constituição.
d) ( ) O princípio da supremacia constitucional brasileira não se impõe se houver 
omissão na prática de ato administrativo.
99
TÓPICO 2
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, adentraremos num dos artigos mais importantes 
da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que está descrito no 
“Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, no “Capítulo I”, que é o 
art. 5° e seus 78 incisos, que aborda as questões relativas aos direitos e deveres 
individuais e coletivos dos cidadãos brasileiros.
Assim, poderemos compreender melhor nossos direitos, como também 
nossos deveres perante a sociedade na qual vivemos e convivemos com os demais 
cidadãos brasileiros.
Trabalharemos com você cada inciso do art. 5° da Carta Magna brasileira, 
para possibilitar sua maior compreensão.
Pronto para conhecer melhor o art. 5° e seus 78 incisos? Então vamos lá! 
Bons estudos!
2 DOS DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
Prezado acadêmico, o caput do art. 5° da Constituição do Brasil de 1988 
trata de quem irá ter a proteção constitucional, ou seja, quem estará assegurado 
por esta Lei Maior, além de garantir que sejam invioláveis alguns direitos.
Vejamos o que está descrito no caput do art. 5° da Carta Magna brasileira: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]” 
(BRASIL, 2012, p. 13, grifos nossos).
Segundo o supracitado artigo, todos os cidadãos brasileiros e todos os 
estrangeiros que residem no Brasil estarão assegurados e protegidos pelas 
normativas da Constituição. E seus direitos estampados nesta Carta Magna 
brasileira deverão ser garantidos por todas as esferas de poder, seja nos âmbitos 
federal, estadual ou municipal.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
100
Vale salientar que “isto não quer dizer que os estrangeiros em trânsito 
pelo território nacional não gozem dos mesmos direitos, mas, sim, que os direitos 
constitucionais somente podem ser assegurados dentro dos limites do território 
brasileiro” (MASCARENHAS, 2008, p. 51). Ou seja, todos os estrangeiros que estão 
transitando ou passando pelo Brasil também estão assegurados pela Constituição 
Brasileira de 1988.
Prezado acadêmico, veremos agora um pouco mais sobre cada uma destas 
garantias constitucionais, vejamos o quadro a seguir:
QUADRO 19 – GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
DIREITO À VIDA 
• Aqui estamos falando do DIREITO DE CONTINUAR VIVO.
o Que é o mais fundamental de todos os direitos.
o Pois é pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos.
• O direito à vida abrange:
o O DIREITO DE NÃO SER MORTO, PRIVADO DA VIDA; 
o O DIREITO DE CONTINUAR VIVO; 
o O DIREITO DE TER UMA VIDA DIGNA.
• O direito de NÃO SE VER PRIVADO DA VIDA: encontramos a proibição 
da pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, 
XIX da Constituição do Brasil de 1988. 
• O direito a uma VIDA DIGNA: garantindo-se as necessidades vitais 
básicas do ser humano e proibindo qualquer tratamento indigno, como a 
tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis etc.
• É dever do Estado ASSEGURAR O DIREITO À VIDA em seu duplo sentido: 
o O primeiro, o de continuar vivo; 
o O segundo, o de ter uma vida digna no que se refere à subsistência 
(moradia, salário digno, saúde, educação etc.).
• Obs.: a vida se inicia, para efeitos da Lei, desde o útero materno, daí é crime 
no Brasil a prática do aborto.
TÓPICO 2 | DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
101
DIREITO À 
LIBERDADE 
• O Direito à Liberdade denota que o SER HUMANO É UM SER LIVRE E 
TEM O PODER DE ESCOLHA, desde que seja sempre consciente. 
• É por meio do trabalho que o ser humano se constitui um homem consciente 
e livre.
• LIBERDADE é:
o A capacidade de se determinar.
o A posse das próprias faculdades.
o O poder de agir segundo o próprio discernimento.
o O direito de fazer tudo quanto as leis permitem.
o A obediência à lei que nós mesmos nos prescrevermos.
o A faculdade de só obedecer às leis externas às quais pude dar o meu 
assentimento.
o A segurança tranquila no exercício do direito.
• A liberdade denota também o LIVRE-ARBÍTRIO e o PODER DE ESCOLHA 
que temos sobre nossos atos, sejam individuais ou coletivos, sejam pessoais 
ou profissionais, mas sempre respeitando as normativas institucionais e 
legislações municipais, estaduais ou federais.
DIREITO À 
IGUALDADE
• SOMOS TODOS IGUAIS PERANTE A LEI, sem distinção de qualquer 
natureza.
• A igualdade é o mais vasto dos princípios constitucionais. 
o Ela garante o indivíduo contra toda má utilização que se possa fazer da 
ordem jurídica.
• A FUNÇÃO do princípio constitucional da igualdade é a de INFORMAR e 
CONDICIONAR todo o resto do direito. 
o É por intermédio dele que o ordenamento jurídico pátrio assegura a 
todos, indistintamente, os direitos e prerrogativas constitucionais.
• A igualdade é um DIREITO SUBJETIVO.
• Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal, 
mas, principalmente, a IGUALDADE MATERIAL, uma vez que a lei deverá 
tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas 
desigualdades.
DIREITO À 
SEGURANÇA 
• SEGURANÇA É:
o PROTEÇÃO contra riscos ou agressões.
o CERTEZA DO RESULTADO.
o GARANTIA DO NECESSÁRIO.
o É GARANTIA INDIVIDUAL.
• O direito à segurança é o DIREITO AO EXERCÍCIO SEGURO DOS 
DIREITOS, SEM AMEAÇAS OU AGRESSÕES.
DIREITO À 
PROPRIEDADE
• O direito de PROPRIEDADE é o poder jurídico de USAR, FRUIR e DISPOR 
de uma coisa, e de REAVÊ-LA de quem a possua injustamente.
• É o direito fundamental de ter a coisa própria (todo o direito patrimonial, 
industrial, intelectual, de produção, rural, social, urbano,público, privado 
etc.).
FONTE: Adaptado de Lenza (2014), Mascarenhas (2008), Pieritz (2013) e Cunha (2011)
Prezado acadêmico, estas garantias constitucionais perpassam por todos os 
demais artigos da Carta Magna brasileira de 1988, que devem ser aplicadas para 
todos os cidadãos brasileiros e todos os estrangeiros que residem ou estejam em 
território nacional.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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2.1 DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES
Como você já estudou, a igualdade é uma das garantias constitucionais 
descritas no caput do art. 5° da Constituição do Brasil de 1988, no qual o inciso I 
trata em específico da igualdade entre homens e mulheres: “Homens e mulheres 
são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 
2012, p. 13, grifo nosso).
Assim, pode-se expor que este preceito constitucional nos traz referência 
a uma igualdade irrestrita, integral, incondicional e absoluta entre homens e 
mulheres, sejam brasileiros ou estrangeiros, pois ambos possuem direitos e deveres 
perante a sociedade em que vivem e convivem. 
QUADRO 20 – CONCEITOS RELEVANTES REFERENTES À IGUALDADE
CONCEITOS RELEVANTES REFERENTES À IGUALDADE
IGUAL
• É o que é IDÊNTICO.
o Principalmente com relação ao outro.
o O que dele se distingue apenas pela singularidade.
IGUALDADE
• Pode ser compreendida como uma característica do que é IGUAL.
• Também é o critério segundo o qual se atribuem ou reconhecem, às pessoas, 
bens ou direitos iguais (isonomia, equidade).
ISONOMIA • É a IGUALDADE DE TRATAMENTO perante a lei.
EQUIDADE
• É o critério básico da justiça, que por intermédio das diferenças busca a 
igualdade.
• É o critério de julgamento em que, no interesse da justiça, há liberdade para 
aplicar ou não a norma legal.
• É a justiça do caso concreto.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011)
Mas, sabe-se que na prática a realidade brasileira não se apresenta bem 
assim como exposto neste preceito constitucional. Segundo Mascarenhas (2008, p. 
52), devemos reconhecer “que o avanço jurídico conquistado pelas mulheres não 
corresponde muitas vezes, na prática, no que diz respeito aos vários campos da 
atividade social, profissional, política etc.”. Pois ainda existem muitas desigualdades 
e tratamentos diferenciados entre homens e mulheres, principalmente no ambiente 
profissional. 
Vale ressaltar aqui que, historicamente falando, as mulheres conquistaram 
um avanço muito significativo no que tange à questão de gênero e no seu papel 
perante a sociedade brasileira e alguns outros países, mas têm muito caminho 
ainda a ser trilhado e conquistado.
TÓPICO 2 | DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
103
Prezado acadêmico, recomendo a você que pesquise e faça leituras sobre a 
questão de gênero, para assim compreender melhor este preceito constitucional.
Como bem afirma Mascarenhas (2008, p. 52), “é necessária uma profunda 
mudança cultural para que esta disposição constitucional se torne verdadeiramente 
eficaz”. Pois nota-se que a cultura do povo brasileiro está permeada por preceitos 
e princípios culturais em que o homem possui mais “competência” e “habilidade” 
profissional que a mulher, mas, na contemporaneidade, não podemos mais 
pensar desta forma, porque ambos possuem os mesmos direitos e deveres 
perante a sociedade em que vivem e convivem, só cabe a cada um angariar essas 
habilidades e competências, pois os dois possuem as mesmas oportunidades 
educacionais, sociais, políticas e econômicas e as mesmas obrigações na sociedade 
a qual pertencem.
Ressalta-se ainda que “é a própria Constituição brasileira que, a pretexto de 
adequar os direitos a desigualdades, estabelece vantagens em favor das mulheres, 
por exemplo, na aposentadoria por tempo de serviço, nas relações de trabalho 
etc.” (MASCARENHAS, 2010, p. 52). Ou seja, a Carta Magna brasileira de 1988 
estabelece em suas normativas alguns direitos à mulher em relação ao homem, por 
conta de sua estrutura física e biológica, mas não por questões de competências 
e habilidades. E, portanto, segundo a Constituição, deverão ser somente essas as 
diferenças entre homens e mulheres, nos demais direitos e deveres deverão ser 
tratados de forma igual.
2.2 O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Prezado acadêmico, o princípio da legalidade pode ser considerado o 
princípio constitucional mais relevante no ordenamento jurídico brasileiro, pois 
esse preceito denota que o cidadão não pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer 
uma determinada coisa fora dos preceitos legais, ou seja, fora das leis e normativas 
federais, estaduais e municipais.
Neste sentido, Silva (2002, p. 368) complementa expondo que o princípio 
da legalidade denota “a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro da esfera 
estabelecida pelo legislador”, pois, segundo o inciso II do art. 5° da Constituição 
do Brasil de 1988, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei” (BRASIL, 2012, p. 13) e, segundo o inciso XXXV do artigo 
supracitado, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça 
a direito” (BRASIL, 2012, p. 13). Deste modo, segundo esse preceito, todos os 
cidadãos brasileiros e os estrangeiros que estiverem residindo ou passando pelo 
território brasileiro deverão respeitar, honrar e se submeter às normativas em todas 
UNI
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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as esferas legais do Brasil, como também o Poder Judiciário possui a prerrogativa 
de apreciar e julgar os casos concretos de lesão, violência e ameaças aos direitos. 
De acordo com Lenza (2014, p. 1.078), “esse princípio [da legalidade] já 
estava previsto no art. 4º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. No 
direito brasileiro vem contemplado nos arts. 5º, II; 37; e 84, IV, da CF/88”. Portanto, 
esse preceito já vem sendo aplicado desde os primórdios de 1789 na França, e há 
muito tempo se preza pelo respeito à legislação e normas legais.
QUADRO 21 – CONCEITOS RELEVANTES SOBRE O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
CONCEITOS RELEVANTES SOBRE O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
LEGAL • É tudo o que é RELATIVO À LEI.• É o que está em CONFORMIDADE com a lei.
LEGALIDADE • É a característica ou estado do que é conforme a lei.• É um sistema caracterizado pela conformidade à lei.
JURÍDICO • Relativo ao direito.• O que é conforme ao direito.
LEI
• É a proposição geral e abstrata que expressa uma necessidade.
o COMANDO – MANDAMENTO – ORDEM.
• É uma disposição legal
o DECRETO – REGULAMENTO.
• É uma disposição normativa.
o LEI – NORMA – REGRA.
• É um diploma legal e normativo.
o CÓDIGO – CONSOLIDAÇÃO – CONSTITUIÇÃO – ESTATUTO.
DIREITO • É o poder legítimo de fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
LEGÍTIMO • É o que é VERDADEIRO, AUTÊNTICO, GENUÍNO, JUSTIFICADO, PRÓPRIO, ou seja, adequado a seus fins.
PRINCÍPIO DA 
LEGALIDADE
• Princípio segundo o qual ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude da lei.
• Princípio segundo o qual todas as pessoas são subordinadas à lei.
• Princípio segundo o qual não há crime sem lei que o defina.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011)
2.3 DA VEDAÇÃO DA TORTURA E DO TRATAMENTO 
DESUMANO OU DEGRADANTE
Prezado acadêmico, outro preceito constitucional brasileiro está atrelado 
à questão da tortura e do tratamento desumano e degradante do ser humano. 
Segundo o inciso III do art. 5° da Constituição do Brasil de 1988, “ninguém será 
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante” (BRASIL, 2012, 
p. 13). Deste modo, segundo Mascarenhas (2008, p. 54), “a Constituição Federal 
de 1988 condena, e, mais do que isto, veda a prática da tortura e o tratamento 
desumano ou degradante aos indivíduos”. Portanto, devemos combater e censurar 
toda e qualquer forma de tormento ou martírio físico ou moral aos seres humanos, 
pois a Constituição brasileira é muito clara quando afirma que levar o ser humano 
a tratamento degradante ou desumano se caracteriza em um crime contra a 
humanidade.
TÓPICO 2 | DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAISE COLETIVOS
105
Mascarenhas (2008, p. 54) complementa expondo que a tortura sedimentada 
pela Constituição deve ser entendida como “toda a prática de medidas de cunho 
físico ou moral – violência ou grave ameaça – que tenha potencial de ofender a 
integridade humana nos seus aspectos físico e/ou mental”. 
QUADRO 22 – CONCEITOS RELEVANTES SOBRE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA TORTURA E A 
TRATAMENTO DESUMANO OU DEGRADANTE
CONCEITOS RELEVANTES SOBRE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA TORTURA E A 
TRATAMENTO DESUMANO OU DEGRADANTE
TORTURA • É o ato voluntário de VIOLÊNCIA com que alguém IMPÕE SOFRIMENTO CONTINUADO a outrem, submetido ao seu poder.
VIOLÊNCIA
• É o EMPREGO DE FORÇA FÍSICA ou meio material para infligir dano, 
castigar ou constranger alguém.
• É o abuso do próprio poder com relação a coisa, animal ou pessoa.
AMEAÇA • É A PALAVRA OU GESTO INTIMIDATIVO.• Pode ser também a promessa que alguém faz de causar dano a outrem.
DANO
• É o RESULTADO MATERIAL OU PESSOAL DE UMA OFENSA OU 
AGRESSÃO, da perda, diminuição ou desvalorização de um bem.
• É crime consistente em destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
o LESÃO – PREJUÍZO – VÍTIMA.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011)
2.4 DA LIBERDADE E INVIOLABILIDADE
Prezado acadêmico, neste item iremos conhecer melhor dois princípios 
constitucionais importantíssimos, que são a liberdade e inviolabilidade de alguns 
direitos dos cidadãos brasileiros, como também daqueles estrangeiros que 
estiverem no território nacional.
No que tange à liberdade, devemos compreender que desde o preâmbulo 
da Constituição do Brasil de 1988 temos a liberdade como um atributo da pessoa 
humana, pois ela é tratada como um fundamento constitucional e, portanto, um 
dos objetivos fundamentais da Constituição do Brasil de 1988.
Prezado acadêmico, relativo à liberdade, convido você a reler o item 6.1 (Construir 
uma sociedade livre, justa e solidária) do Tópico 1, que nos traz toda uma discussão relativa ao 
conceito e às características da liberdade em si. Boa releitura!
UNI
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
106
Vale salientar que, pautados neste objetivo constitucional, podemos 
identificar uma diversidade de direitos em que a liberdade é norteadora de suas 
ações, e essas estão previstas na Carta Magna de 1988, como se pode observar no 
quadro a seguir.
QUADRO 23 – PRINCÍPIO DA LIBERDADE NA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
PRINCÍPIO DA LIBERDADE NA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
A LIBERDADE DE 
MANIFESTAÇÃO 
DO PENSAMENTO
• O Art. 5°, inciso IV da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• A liberdade de expressão e de pensamento é um dos DIREITOS DO 
HOMEM. 
• A liberdade de expressão, em razão das muitas e variadas formas e meios 
de comunicação que são utilizados, assume múltiplas formas: 
o Liberdade de OPINIÃO; 
o Liberdade de RELIGIÃO; 
o Liberdade de INFORMAÇÃO; 
o Liberdade de IMPRENSA; 
o Liberdade de TELECOMUNICAÇÕES etc. 
• Pode assumir, ainda, a forma de direito derivado que protege o 
SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA.
• Quando a exteriorização pode ser feita por intermédio de:
o LIVROS; 
o JORNAIS; 
o RÁDIO;
o TELEVISÃO; E 
o INTERNET. 
• IMPORTANTE: O direito de liberdade de manifestação do pensamento, 
ou de opinião, exercido de forma impensada, leviana ou irresponsável, é 
uma fonte de problemas para os indivíduos em sociedade. 
o Daí a Constituição estabelecer um sistema de responsabilidade vedando 
o anonimato.
o Assim, a pessoa que exprime o seu pensamento, a sua opinião, deve 
assumir a responsabilidade pelos danos que vier a causar. 
o O ANONIMATO, além de ilegal – vedado expressamente –, fere o senso 
ético, configurando-se na mais torpe via de expressão do pensamento, pois 
revela o terrível vício moral da falta de coragem. 
A LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO
• O Art. 5°, inciso IX da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• Aqui denota a LIBERDADE DE EXTERIORIZAR OS PRÓPRIOS 
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS.
• Este inciso cuida da vedação a qualquer tipo de censura prévia:
o De natureza POLÍTICA, IDEOLÓGICA ou ARTÍSTICA. 
• Por censura prévia deve-se entender o controle, o exame e até mesmo a 
necessidade de permissão, prévia e vinculada, para divulgação ao público 
de textos, programas, músicas etc., que serão exibidos ou veiculados em 
público. 
É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença.
TÓPICO 2 | DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
107
DO LIVRE 
EXERCÍCIO DE 
QUALQUER 
TRABALHO
• O Art. 5°, inciso XIII da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• É LIVRE NÃO SÓ A ESCOLHA DE UMA PROFISSÃO, COMO, 
TAMBÉM, O TRABALHAR OU NÃO. 
• Embora o ócio seja condenável socialmente, e o é, desde que o indivíduo 
disponha dos meios dignos de sobrevivência. 
DA LIBERDADE DE 
LOCOMOÇÃO (de 
ir e vir)
• O Art. 5°, inciso XV da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• É a LIBERDADE DE DESLOCAR-SE EM TERRITÓRIO NACIONAL, 
DELE SAIR E PARA ELE VOLTAR.
• Este inciso assegura a todos o direito de ir e vir dentro da circunscrição 
territorial brasileira, em tempos de paz e na forma da lei. 
DA LIBERDADE DE 
ASSOCIAÇÃO
Art. 5°, inciso XVII:
• O Art. 5°, incisos XVII a XXI da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• É a LIBERDADE DE CRIAR E DE INTEGRAR ASSOCIAÇÃO DE FINS 
LÍCITOS.
• A Constituição brasileira assegura, a todos, democraticamente, o direito 
de criar associações para fins lícitos, de associar-se e delas desligar-
se, livremente e a qualquer tempo, independentemente de autorização 
administrativa ou judicial. 
• As associações têm que ter FINALIDADE LÍCITA, isto é, não podem ter 
como objetivo nada que possa ser reprovável do ponto de vista da ordem 
jurídica, de caráter penal ou cível, e NÃO PODEM TER FIM PARAMILITAR, 
vale dizer, não podem ter como objetivo o treinamento de seus membros 
com finalidades bélicas. 
É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo 
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele 
sair com seus bens.
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a 
de caráter militar; 
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas 
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal 
em seu funcionamento; 
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas 
ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, 
no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer 
associado; 
XXI – as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seu filiado judicial 
ou extrajudicialmente.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
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FONTE: Adaptado de Brasil (2012), Mascarenhas (2008) e Cunha (2011)
Deste modo, prezado acadêmico, o princípio constitucional da liberdade 
denota que somos livres para expor nossos pensamentos, independentemente da 
forma de sua manifestação, como também possuímos a liberdade de exteriorizar as 
nossas emoções e compreensões da realidade social na qual vivemos e convivemos.
Vale salientar também que todo cidadão brasileiro ou estrangeiro, que estiver 
no território nacional, possui o livre-arbítrio em relação à escolha de sua profissão, 
e se deseja exercer a profissão escolhida, ou seja, se quer trabalhar ou não, portanto, 
ninguém é obrigado a trabalhar se assim não desejar.
Outro fator a ser considerado na questão da liberdade é o livre-arbítrio do ser 
humano de ir e vir, ou seja, nós podemos nos deslocar em todo o território nacional 
se assim desejarmos, mas sempre respeitando os ditames legais da propriedade, seja 
ela pública ou privada, além de possuirmos a liberdade de nos associarmos com 
as demais pessoas, seja para fins econômicos,sociais ou esportivos, desde que o 
objetivo da criação da associação seja de caráter legal e lícito.
E, por fim, temos a total liberdade de escolha da religião que queremos 
seguir, ou se queremos seguir algum tipo de religião, como também de mudar de 
credo religioso ou divulgar a qualquer tempo a religião à qual demonstramos nossos 
sentimentos de fé e crença.
Prezado acadêmico, a respeito da inviolabilidade, podemos observar que 
a Carta Magna de 1988 nos traz alguns direitos que não podem ser violados por 
alguém ou a qualquer tempo, sem que a lei o permita.
Neste sentido, têm-se algumas questões que não podem ser infringidas 
ou sofrer qualquer tipo de infração ou contravenção, senão em virtude da lei ou 
mandado judicial, as quais estão sintetizadas no quadro a seguir, vejamos:
LIBERDADE 
DE RELIGIÃO 
E CRENÇA 
RELIGIOSA
• O Art. 5°, inciso XIII da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• É a LIBERDADE DE PROFESSAR E DIVULGAR RELIGIÃO, DE 
CONSERVÁ-LA OU MUDÁ-LA.
Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou 
de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se 
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei.
TÓPICO 2 | DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
109
PRINCÍPIO DA INVIOLABILIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
DA INVIOLABILIDADE À 
LIBERDADE DE CREDO
• O Art. 5°, inciso VI da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• A Constituição do Brasil consagra A INVIOLABILIDADE DE 
CRENÇA RELIGIOSA e, também, A PROTEÇÃO À LIBERDADE DE 
CULTO E SUAS LITURGIAS. 
• Esta liberdade deve ser entendida, também, como o direito de não 
acreditar ou professar nenhuma fé.
DA INVIOLABILIDADE 
DA INTIMIDADE, DA 
VIDA PRIVADA, DA 
HONRA E DA IMAGEM
• O Art. 5°, inciso X da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• Os direitos assegurados neste inciso formam A PROTEÇÃO 
CONSTITUCIONAL À VIDA PRIVADA, e referem-se tanto às pessoas 
físicas quanto a pessoas jurídicas, e abrange, inclusive, a proteção à 
própria imagem em face dos meios de comunicação (TV, rádio, jornais, 
revistas). 
• Esta inviolabilidade consiste na faculdade que tem cada indivíduo de 
obstar a intromissão de estranhos na sua vida privada e familiar, assim 
como de impedir-lhes o acesso a informações sobre a privacidade de 
cada um, e também impedir que sejam divulgadas informações sobre 
esta área da manifestação existencial do ser humano. 
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto 
e a suas liturgias.
São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação.
QUADRO 24 – PRINCÍPIO DA INVIOLABILIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
110
DA INVIOLABILIDADE 
DA CASA 
(violação de domicílio)
• O Art. 5°, inciso XI da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• É o crime consistente em ENTRAR OU PERMANECER, 
CLANDESTINAMENTE OU ASTUCIOSAMENTE, OU CONTRA 
A VONTADE EXPRESSA OU TÁCITA DE QUEM DE DIREITO, EM 
CASA ALHEIA OU EM SUAS DEPENDÊNCIAS.
• Há que se observar que o dispositivo consagra dois níveis de garantia: 
o a) o que explicita as hipóteses que dão ensejo ao ingresso na casa sem 
a anuência do morador, quais sejam, no caso de FLAGRANTE DELITO, 
DESASTRE ou para PRESTAÇÃO DE SOCORRO; 
o b) mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, e, tão somente, durante o 
dia. 
• Por FLAGRANTE DELITO entende-se a prática atual de um crime ou 
contravenção. 
o Assim, se dentro da casa estiver acontecendo um delito, é lícita a 
invasão. 
o É lícita, também, quando um indivíduo pratica o delito fora da casa e 
nela adentra para se refugiar. 
 Neste caso, é de se observar a ocorrência do flagrante, vale dizer, é 
necessário que a autoridade policial esteja na perseguição do criminoso 
logo em seguida à prática do delito. 
o Caso tenha ocorrido a quebra do flagrante desaparece a permissão 
constitucional para a invasão.
• Por DESASTRE deve-se entender qualquer evento de caráter 
catastrófico, o que significa dizer: um acidente de grandes proporções. 
o Exemplos: um incêndio, uma inundação, que ponham em risco a vida 
dos moradores. 
• A terceira hipótese que dá ensejo ao ingresso sem a autorização do 
morador e sem determinação judicial é a que trata da PRESTAÇÃO DE 
SOCORRO. 
o Este permissivo legal deve ser interpretado de forma restritiva, com 
muito rigor, do contrário, teremos invasões domiciliares sob uma 
infundada alegação de prestação de socorro. 
o Com efeito, inicialmente deve ser verificado se há uma efetiva 
necessidade de socorro, vale dizer, se há alguém correndo sério risco 
de morte. 
o E mais, se a pessoa que necessita da ajuda está impossibilitada de, por 
seus próprios meios, fazer um apelo. 
o Somente na ocorrência cumulativa dessas duas situações a Lei autoriza 
o ingresso sem anuência do morador para prestação de socorro. 
•No que diz respeito ao ingresso por DETERMINAÇÃO JUDICIAL, e 
apenas durante o dia, este dispositivo traz em si uma sensível alteração 
em relação ao direito anterior, que reservava à lei ordinária a definição 
sobre as hipóteses de intrusão domiciliar diurna. 
A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
TÓPICO 2 | DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
111
DA INVIOLABILIDADE 
DAS 
CORRESPONDÊNCIAS E 
DAS COMUNICAÇÕES 
TELEGRÁFICAS, 
DE DADOS E 
TELEFÔNICAS
(violação de 
correspondência)
• O Art. 5°, inciso XII da Constituição do Brasil de 1988 expõe que: 
• É um crime consistente em DEVASSAR INDEVIDAMENTE O 
CONTEÚDO DE CORRESPONDÊNCIA FECHADA, DIRIGIDA A 
OUTREM.
• Por inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações 
deve-se entender que a ninguém é dado o direito de romper o seu 
sigilo, isto é, penetrar-lhe o conteúdo. 
• E mais, implica por parte daqueles que em função do seu trabalho 
tenham de travar contato com o conteúdo da mensagem, um dever de 
sigilo profissional. 
• Assim, atenta contra o sigilo da correspondência, todo aquele 
que a viola, quer rompendo o seu invólucro, quer se valendo da 
interceptação, ou, ainda, revelando aquilo de que teve conhecimento 
em razão de seu ofício. 
• Por correspondência entende-se toda a forma de cartas, encomendas 
e postais, ainda quando incluam meros impressos. 
• Por inviolabilidade de dados deve-se entender a de uma modalidade 
tecnológica que consiste na possibilidade das empresas, sobretudo 
financeiras, fazerem uso de satélites artificiais para comunicação de 
dados contábeis, financeiros, e, ainda, a internet. 
• A única ressalva de quebra do sigilo que o texto constitucional faz 
é aquela que diz respeito à comunicação telefônica, mas, ainda assim, 
sujeita à satisfação prévia de três requisitos: 
o existência de ordem judicial – há, portanto, uma reserva jurisdicional 
quanto à expedição da ordem autorizadora da violação; 
o hipóteses e forma descritas em lei – há uma reserva legislativa 
quanto à definição dos casos e das situações que poderão dar ensejo à 
quebra do sigilo, e também do seu modus operandi; 
o investigação criminal e instrução – é necessária ao menos uma 
medida policial de cunho investigatório.
É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no 
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que 
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
processual penal.
FONTE: Adaptado de Brasil (2012), Mascarenhas (2008) e Cunha (2011)
Assim, prezado acadêmico, com relação ao princípio constitucional da 
inviolabilidade à liberdade de credo, não se pode violar de forma alguma a crença 
religiosa,seus cultos e liturgias, pois a Constituição de 1988 é clara ao expressar que 
todos possuem a prerrogativa do livre-arbítrio na sua escolha de crença religiosa, 
e ela deverá ser respeitada pelos demais integrantes da sociedade na qual vivemos 
e convivemos.
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
112
Outra questão que está amplamente protegida pela Carta Constitucional de 
1988 diz respeito ao amparo legal de proteção à vida privada, em que não se pode 
violar, expor, infringir ou exibir para a coletividade social as questões pertinentes 
às subjetividades pessoais ou profissionais dos cidadãos, para que assim não seja 
exposta ou ferida a imagem e a dignidade da pessoa humana. Como também, 
não se pode violar o domicílio e a propriedade alheia, sem a devida permissão do 
proprietário ou do Poder Judiciário.
Além disso, outra contravenção legal estampada na Constituição de 1988 
é a violação de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e 
telefônicas, ou seja, ninguém pode violar, expor, ler ou divulgar indevidamente os 
dados subjetivos de outrem, sem ordem judicial ou vontade do próprio cidadão 
para tal ato.
Como leitura complementar, sugerimos o livro: HACK, Érico. Direito 
constitucional: conceitos, fundamentos e princípios básicos. 
2. ed. Curitiba: Ibpex, 2011.
DICAS
113
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico observamos uma discussão acerca dos direitos e deveres 
individuais e coletivos, além de suas concepções, elementos, características, 
fundamentos e objetivos, no qual foram abordados os seguintes itens:
• Vimos que todos os cidadãos brasileiros e todos os estrangeiros que residem no 
Brasil estão assegurados e protegidos pelas normativas da Constituição do Brasil 
de 1988. 
• Vimos que os direitos estampados nesta Carta Magna brasileira deverão ser 
garantidos por todas as esferas de poder, seja federal, estadual ou municipal.
• Estudamos cada uma das garantias constitucionais, que são: direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
• Verificamos que a igualdade é uma das garantias constitucionais, e também 
estudamos a questão da igualdade entre homens e mulheres.
• Vimos que o princípio da legalidade pode ser considerado o princípio 
constitucional mais relevante no ordenamento jurídico brasileiro, pois esse 
preceito denota que o cidadão não pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer 
uma determinada coisa fora dos preceitos legais, ou seja, fora das leis e normativas 
federais, estaduais e municipais.
• Outro preceito constitucional brasileiro que estudamos é a questão da tortura e do 
tratamento desumano e degradante ao ser humano, ou seja, devemos combater 
e censurar toda e qualquer forma de tormento ou martírio físico ou moral dos 
seres humanos, pois a Constituição brasileira é muito clara quando afirma que 
levar o ser humano a tratamento degradante ou desumano se caracteriza em um 
crime contra a humanidade.
• Conhecemos também dois princípios constitucionais importantíssimos, que são 
a liberdade e inviolabilidade de alguns direitos dos cidadãos brasileiros, como 
também daqueles estrangeiros que estiverem no território nacional.
114
AUTOATIVIDADE
1 A Carta Magna Brasileira, promulgada em 1988, no seu art. 5° 
nos assegura expressamente:
I. o direito de herança;
II. a impenhorabilidade do bem de família; 
III. ao preso, o direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial.
 Pode-se afirmar que estão corretos os itens
a) ( ) I e II, apenas;
b) ( ) I e III, apenas;
c) ( ) II e III, apenas;
d) ( ) I, II e III.
2 O art. 5° da Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988 possui inúmeros incisos que nos apresentam uma série de 
direitos ao cidadão brasileiro. Nesse sentido, assinale o enunciado 
que não está em consonância com um dos incisos do art. 5º, da 
Constituição Federal:
a) ( ) Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária.
b) ( ) Não intentada a ação penal pública dentro do prazo legal, será admitida 
ação penal privada.
c) ( ) O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso 
Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por 
Ato Complementar, em estado de sítio ou fora dele, só voltando os mesmos 
a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.
d) ( ) O estrangeiro não será extraditado em razão de prática de crime político 
ou de opinião;
115
TÓPICO 3
DOS DIREITOS SOCIAIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, neste tópico iremos desenvolver uma análise dos 
direitos sociais que estão estampados no art. 6° da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, em que abordaremos os seguintes direitos sociais: 
educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência 
social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados.
Assim, desvelaremos as principais características da ordem social brasileira, 
pois devemos partir da premissa de que os direitos sociais proporcionaram aos 
seres humanos melhores condições de vida para si e sua família, e reforçarão a sua 
própria dignidade enquanto cidadão de direitos e deveres.
Convido você, então, a trilhar por esta discussão tão importante! Até porque 
também somos cidadãos brasileiros, e assim possuímos todos estes direitos.
2 OS DIREITOS SOCIAIS
Prezado acadêmico, antes de adentrarmos especificamente na discussão 
conceitual dos direitos sociais, devemos compreender que “os Direitos Sociais têm 
por finalidade permitir que as pessoas disponham de serviços que garantam uma 
mínima qualidade de vida” (GASPARETTO JUNIOR, 2016), mas isso nem sempre 
foi assim, pois tivemos um longo período histórico de conquistas, para que os 
direitos sociais obtivessem essa finalidade social.
Nesse sentido, convido você a conhecer um pouco dessa história.
116
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
QUADRO 25 – ASPECTOS HISTÓRICOS DOS DIREITOS SOCIAIS
ASPECTOS HISTÓRICOS DOS DIREITOS SOCIAIS
A REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL 
→ A Revolução Industrial é um evento marcante não só para o avanço da 
tecnologia e consolidação do capitalismo, mas também para o SURGIMENTO 
de direitos dos cidadãos. 
→ O grande impacto das alterações que proporcionou ao mundo e a substituição 
de trabalhadores por máquinas geraram uma onda de desemprego, o que 
deixou grande parte da mão de obra desocupada. 
→ Essa onda de desemprego que se formou ao longo do processo RESULTOU 
em um grande número de indivíduos vivendo na linha da miséria. 
→ Por outro lado, a parte extremamente beneficiada pela Revolução 
Industrial vivia em condições radicalmente diferenciadas, ou seja, houve um 
aguçamento da desigualdade social. 
→ O Estado se deparou com uma situação preocupante, O VOLUMOSO 
NÚMERO DE PESSOAS NA EXTREMA POBREZA, O PAUPERISMO. 
→ Esses indivíduos deixavam, inclusive, de compor o exército de mão de 
obra capitalista que, para o funcionamento do sistema, é necessário que esteja 
desempregado. 
→ Como essas pessoas estavam abaixo da condição mínima de sustentar o 
sistema, a situação gerou um grande ônus ao Estado.
→ Para contornar esse problema na sociedade, O PAUPERISMO, o Estado precisou intervir e 
proporcionar um mínimo de proteção aos trabalhadores, garantindo que eles tivessem condições 
de, pelo menos, integrar o sistema. 
→ Entretanto, nessa fase inicial, o Estado caminhou junto com MOVIMENTOS SOCIAIS DE 
ASSISTENCIALISMO AOS DESVALIDOS. 
→ O oferecimento e a prática de serviços que garantissem seguridade social seriam conquistas 
posteriores. 
→ O sociólogo alemão T. H. Marshall argumenta que, na Europa Ocidental, houve uma conquista 
gradual e consecutiva de direitos. 
→ O primeiro deles teria sido o Direito Civil, conquista do século XVIII. 
→ O Direito Político teria sido o próximo, pertinente ao século XIX. 
→ E o Direito Social teria sido o último deles a ser alcançado, durante o século XX. 
→ O somatório dessas trêsconquistas (Direitos Civil, Político e Social) resultaria no que 
consideramos como CIDADANIA.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
117
O DIREITO 
SOCIAL
→ O DIREITO SOCIAL, de fato, é fortemente relacionado com o século XX muito 
em função dos impactos do marxismo e do socialismo. 
→ Essas correntes ideológicas incentivaram movimentos sociais no mundo 
ocidental criando um cenário no qual os trabalhadores buscavam por seus direitos 
questionando as questões da divisão do trabalho e do capital. 
→ O Estado reagiu ao chamado MOVIMENTO OPERÁRIO do século XX ofertando 
proteção social.
→ Mas pesquisas atuais estão demonstrando que a população, antes disso, já se 
organizava autonomamente em associações para o preenchimento de tais lacunas. 
→ Foi prática muito comum nas décadas finais do século XIX e na primeira 
metade do século XX a participação dos trabalhadores em associações de caráter 
mutualista, as quais eram provedoras de certas seguridades sociais em um cenário 
deficiente de políticas públicas por parte do Estado. 
→ As MUTUAIS proporcionavam, em geral, assistência em caso de doenças, 
acidentes, aposentadoria e falecimento, concedendo, neste caso, pensão à família, 
além de educação, amparo jurídico e ambientes de lazer. 
→ Sendo assim, tais instituições eram provedoras de elementos que viriam a fazer 
parte dos Direitos Sociais que o Estado tentaria garantir. 
→ Não só o movimento operário tido como de resistência, ou seja, o sindicalismo, 
mas o movimento mais ameno, que é o mutualismo, influenciaram para que o poder 
público assumisse uma posição mais presente no que diz respeito à concessão de 
Direitos Sociais.
→ Os DIREITOS SOCIAIS são uma grande conquista dos trabalhadores no século XX, que embora 
tenham repercutido com mais notoriedade em tal momento, fazem parte de um processo de longo 
prazo e que exige alto investimento. 
→ Para proporcionar uma vida digna ao cidadão ou, como diz T. H. Marshall, permitir que ele 
tenha uma vida de ser civilizado, o ESTADO deve garantir o direito à vida, o direito à igualdade, o 
direito à educação, o direito de imigração e emigração e o direito de associação. 
→ A atual Constituição Brasileira, de 1988, por exemplo, estabelece que são Direitos Sociais o 
acesso à educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social e a 
proteção à maternidade, à infância e aos desamparados.
FONTE: Adaptado de Gasparetto Junior (2016)
Assim, depois dessa conquista histórica, a Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, consagrada como uma “Constituição Cidadã”, 
traz em seu âmago os direitos sociais brasileiros, expondo no seu art. 6° que “são 
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência 
aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 2012, p. 18, grifo nosso). 
E esses direitos sociais são considerados direitos fundamentais brasileiros 
e estão assegurados no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, do 
Capítulo II, artigos 6º ao 11º, da Carta Magna brasileira de 1988. 
Assim, de acordo com Lenza (2014, p. 1.181), estes direitos sociais podem 
ser considerados um “desdobramento da perspectiva de um Estado Social de 
Direito, tendo como documentos marcantes a Constituição mexicana de 1917, 
a de Weimar, na Alemanha, de 1919, e, no Brasil, a de 1934”. Mas, efetivamente 
conquistados na Constituição do Brasil de 1988.
Neste sentido, segundo Silva (1999, p. 289-290, grifos nossos), os direitos 
sociais podem ser compreendidos como
118
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
dimensão dos direitos fundamentais do homem, [que] são prestações 
positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, 
enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores 
condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a 
igualização de situações sociais desiguais. Valem como pressupostos 
do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições 
materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que, por 
sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo 
da liberdade. 
Vale salientar ainda que, segundo Lafer (2006, p. 127, grifos nossos), “o 
titular dos direitos sociais continua sendo, como nos direitos civis e políticos, o 
homem na sua individualidade”.
Complementando, Mascarenhas (2008, p. 101, grifos nossos) expõe que os 
direitos sociais “objetivam a melhoria das condições de vida a todos os cidadãos, 
e, em especial, dos	hipossuficientes, com vistas à concretização da igualdade social 
em prol da dignidade da pessoa humana”. E que “os direitos sociais são normas de 
ordem pública, dotadas de imperatividade, inviolabilidade, autoaplicabilidade” 
(MASCARENHAS, 2010, p. 101). 
Prezado acadêmico, agora iremos compreender melhor cada um dos 
direitos sociais, os quais foram consagrados pela Constituição do Brasil de 1988.
2.1 DIREITO À EDUCAÇÃO 
No que tange ao direito à educação, que está estampado no art. 6° da 
Constituição do Brasil de 1988, podemos observar que a educação é um “direito 
de todos e dever do Estado e da família, [que] será promovido e incentivado com 
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (LENZA, 
2014, p. 1.182, grifos nossos).
Segundo Cunha (2011, p. 112), a educação é considerada um “direito 
fundamental, cujo conteúdo é receber instrução básica, profissional e humanística”.
Mascarenhas (2008, p. 101) salienta ainda que o art. 205 da Constituição 
do Brasil de 1988 expõe que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho”. 
Vejamos agora como a Constituição trata da questão da educação em seus 
artigos.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
119
QUADRO 26 – CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO: SEÇÃO I – DA 
EDUCAÇÃO (ARTS. 205 A 214)
Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto
Seção I – Da Educação (arts. 205 a 214)
Art. 205
→ A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206
→ O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
 I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
 II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte 
e o saber;
 III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino;
 IV. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
 V. valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da 
lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e 
títulos, aos das redes públicas;
 VI. gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
 VII. garantia de padrão de qualidade;
 VIII. piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação 
escolar pública, nos termos de lei federal.
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados 
profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou 
adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios.
Art. 207
→ As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de 
gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre 
ensino, pesquisa e extensão. 
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, 
na forma da lei.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituiçõesde pesquisa científica e tecnológica.
120
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Art. 208
→ O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
 I. educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não 
tiveram acesso na idade própria;
 II. progressiva universalização do Ensino Médio gratuito;
 III. atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino;
 IV. educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de 
idade;
 V. acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um;
 VI. oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
 VII. atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, 
por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta 
irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no Ensino Fundamental, fazer-
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
Art. 209
→ O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:
 I. cumprimento das normas gerais da educação nacional;
 II. autorização e avaliação de qualidade pelo poder público.
Art. 210
→ Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a 
assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, 
nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários 
normais das escolas públicas de Ensino Fundamental.
§ 2º O Ensino Fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurados 
às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos 
próprios de aprendizagem.
Art. 211
→ A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de 
colaboração seus sistemas de ensino. 
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará 
as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, 
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades 
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e 
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação 
Infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental 
e Médio.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização 
do ensino obrigatório.
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
121
Art. 212
→ A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante 
de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não 
é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a 
transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste artigo, serão considerados 
os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma 
do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das 
necessidades do ensino obrigatório, no que se refere à universalização, garantia de 
padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação.
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no 
art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e 
outros recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a 
contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-
educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na 
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.
Art. 213
→ Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a 
escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
 I. comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros 
em educação;
 II. assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, 
filantrópica ou confessional, ou ao poder público, no caso de encerramento de suas 
atividades.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo 
para o Ensino Fundamental e Médio, na forma da lei, para os que demonstrarem 
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede 
pública na localidade da residência do educando, ficando o poder público obrigado a 
investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio 
financeiro do poder público.
122
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Art. 214
→ A lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração decenal, com o 
objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e 
definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar 
a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e 
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas 
federativas que conduzam a: 
 I. erradicação do analfabetismo;
 II. universalização do atendimento escolar;
 III. melhoria da qualidade do ensino;
 IV. formação para o trabalho;
 V. promoção humanística, científica e tecnológica do país;
 VI. estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação 
como proporção do Produto Interno Bruto.
FONTE: Brasil (2012)
Prezado acadêmico, “além da Constituição Federal de 1988, existem ainda duas 
leis que regulamentam e complementam a do direito à Educação: o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA), de 1990; e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 
1996. Juntos, estes mecanismos abrem as portas da escola pública fundamental a todos os 
brasileiros, já que nenhuma criança, jovem ou adulto pode deixar de estudar por falta de vaga”. 
FONTE: Disponível em: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=9&Itemid=9>. Acesso em: 12 jun. 2016.
Nesse sentido, vejamos no quadro a seguir algumas das características do 
direito à educação:
QUADRO 27 – CARACTERÍSTICAS DO DIREITO À EDUCAÇÃO
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO À EDUCAÇÃO
→ Cada país tem autonomia para definir como oferecerá à população o acesso à educação e ao 
ensino. Entretanto, as normas internacionais determinam que a educação, em todas as suas formas 
e níveis, deve ser sempre: disponível, acessível, aceitável e adaptável. 
→ Vejamos o que cada uma dessas características significa:
DISPONIBILIDADE
→ Significa que a EDUCAÇÃO GRATUITA deve estar à disposição de 
todas as pessoas. 
→ A primeira obrigação do Estado brasileiro é assegurar que existam 
creches e escolas para todas as pessoas, garantindo para isso as condições 
necessárias (como instalações físicas, professores qualificados, materiais 
didáticos etc.). 
→ Deve haver VAGAS DISPONÍVEIS para todos os que manifestem 
interesse naeducação escolar.
→ O Estado não é necessariamente o único responsável pela realização 
do direito à educação, mas as normas internacionais de direitos humanos 
obrigam-no a ser o principal responsável e o maior investidor, assegurando 
a universalização das oportunidades.
IMPORTANT
E
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
123
ACESSIBILIDADE
→ É a garantia de ACESSO À EDUCAÇÃO PÚBLICA, disponível sem 
qualquer tipo de discriminação. 
→ Possui três dimensões que se complementam: 
1) NÃO DISCRIMINAÇÃO; 
2) ACESSIBILIDADE MATERIAL (possibilidade efetiva de frequentar a 
escola graças à proximidade da moradia ou à adaptação das vias e prédios 
escolares às pessoas com dificuldade de locomoção, por exemplo); e 
3) ACESSIBILIDADE ECONÔMICA – a educação deve estar ao alcance de 
todas as pessoas, independentemente de sua condição econômica, portanto, 
deve ser gratuita. 
ACEITABILIDADE
→ Garante a QUALIDADE DA EDUCAÇÃO, relacionada aos programas 
de estudos, aos métodos pedagógicos, à qualificação do corpo docente e à 
adequação ao contexto cultural. 
→ O Estado está obrigado a ASSEGURAR que todas as escolas se ajustem 
aos critérios qualitativos elaborados e a certificar-se de que a educação seja 
aceitável tanto para as famílias como para os estudantes. 
→ A qualidade educacional envolve tanto os resultados do ensino como 
as condições materiais de funcionamento das escolas e a adequação dos 
processos pedagógicos.
ADAPTABILIDADE
→ Requer que a escola se ADAPTE A SEU GRUPO DE ESTUDANTES.
→ Que a educação corresponda à realidade das pessoas, respeitando 
sua cultura, costumes, religião e diferenças; assim como possibilite o 
conhecimento das realidades mundiais em rápida evolução. 
→ Ao mesmo tempo, exige que a educação se adéque à função social de 
enfrentamento das discriminações e desigualdades que estruturam a 
sociedade. 
→ A adaptação dos processos educativos às diferentes expectativas 
presentes na sociedade pressupõe a abertura do Estado à gestão democrática 
das escolas e dos sistemas de ensino. 
→ Por isso a legislação do ensino determina que os currículos devem ser 
compostos por uma base nacional comum, sendo complementada, em 
cada estado ou município, e em cada escola, por uma parte diversificada, 
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da 
economia e dos estudantes.
FONTE: Adaptado de Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011)
Complementando nossos estudos, agora que você já observou que a 
educação deve estar disponível para toda a população, e que deve ter um padrão 
de qualidade aceito por todos e se adaptar aos mais variados grupos de estudantes, 
convido você a refletir sobre as dimensões do direito à educação, conforme 
apresentado no quadro a seguir, vejamos:
124
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
QUADRO 28 – DIMENSÕES DO DIREITO À EDUCAÇÃO
DIMENSÕES DO DIREITO À EDUCAÇÃO
→ Agora veremos que três dimensões desse direito chamam a atenção para como ele deve ser 
exercido, pois não há sentido em falar em direito à educação se outros direitos humanos são 
violados na escola.
DIREITO 
HUMANO À 
EDUCAÇÃO
→ Como vimos, o direito à educação NÃO SE RESUME AO DIREITO DE IR À 
ESCOLA. 
→ A educação deve ter qualidade, ser capaz de promover o pleno desenvolvimento 
da pessoa, responder aos interesses de quem estuda e de sua comunidade.
DIREITOS 
HUMANOS 
NA 
EDUCAÇÃO
→ O EXERCÍCIO DO DIREITO À EDUCAÇÃO NÃO PODE ESTAR DISSOCIADO 
DO RESPEITO A OUTROS DIREITOS HUMANOS. 
→ Não se pode permitir, por exemplo, que a creche ou a escola, seus conteúdos e 
materiais didáticos reforcem preconceitos. 
→ Tampouco se deve aceitar que o espaço escolar coloque em risco a saúde e 
a segurança de estudantes, ou ainda que a educação e a escola sejam geridas 
de forma autoritária, impossibilitando a livre manifestação do pensamento de 
professores e estudantes, bem como sua participação na gestão da escola.
EDUCAÇÃO 
EM DIREITOS 
HUMANOS
→ OS DIREITOS HUMANOS DEVEM FAZER PARTE DO PROCESSO 
EDUCATIVO DAS PESSOAS. 
→ Para defender seus direitos, todas as pessoas precisam conhecê-los e saber 
como reivindicá-los na sua vida cotidiana. 
→ Além disso, a educação em direitos humanos promove o respeito à diversidade 
(étnico-racial, religiosa, cultural, geracional, territorial, de gênero, de orientação 
sexual, de nacionalidade, de opção política, dentre outras), a solidariedade entre 
povos e nações e, como consequência, o fortalecimento da tolerância e da paz.
→ No caso da EDUCAÇÃO BÁSICA, esses princípios, características e dimensões precisam estar 
presentes na formação dos profissionais da educação, nos materiais didáticos, no conteúdo das 
aulas e até na gestão da escola e na sua relação com a comunidade. 
→ Tanto o que se ensina como o modo como se ensina precisam estar de acordo com os direitos 
humanos e estimular a participação e o respeito. 
→ Isso é o que propõe o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, cuja segunda versão 
foi concluída em 2006.
FONTE: Adaptado de Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011)
No que tange a estas três dimensões do direito à educação, podemos expor 
que o direito à educação não pode ser compreendido como o mero fato de poder 
ir estudar e de estar frequentando a escola, mas sim a educação é muito mais 
do que isso, ela denota um ensino de qualidade, e que possa assim promover a 
ampliação e o desenvolvimento do conhecimento, como também das habilidades 
e competências do ser humano.
Além do mais, o direito à educação está conectado com os demais direitos 
humanos, por exemplo, o direito à saúde, ao lazer e à segurança.
Prezado acadêmico, agora convido você a refletir sobre mais alguns 
aspectos atinentes ao direito à educação, que é a questão do dever de respeitar, 
proteger e promover o direito à educação. 
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
125
QUADRO 29 – DEVER DE RESPEITAR, PROTEGER E PROMOVER O DIREITO À EDUCAÇÃO
DEVER DE RESPEITAR, PROTEGER E PROMOVER O DIREITO À EDUCAÇÃO
→ O Brasil, como signatário dos tratados internacionais, ESTÁ OBRIGADO A RESPEITAR, 
PROTEGER E PROMOVER OS DIREITOS HUMANOS. 
→ Vejamos no caso da educação como cada uma dessas obrigações deve acontecer na prática.
DEVER DE 
RESPEITAR
→ O dever de respeitar SIGNIFICA QUE O ESTADO NÃO PODE CRIAR 
OBSTÁCULOS OU IMPEDIR O EXERCÍCIO DO DIREITO HUMANO À 
EDUCAÇÃO. 
→ Isso implica obrigações de abstenção, pois trata daquilo que os Estados não 
deveriam fazer: por exemplo, impedir que as pessoas se eduquem, que organizem 
cursos livres em suas comunidades ou pela internet, ou que abram escolas, desde 
que respeitem as condições estabelecidas nas normas sobre o tema. 
→ Envolve, portanto, a liberdade de ensinar e aprender, desde que respeitadas as 
normas gerais que regulamentam o ensino formal.
DEVER DE 
PROTEGER
→ O dever de proteger EXIGE QUE O ESTADO ATUE (OBRIGAÇÃO ATIVA). 
→ É necessário tomar medidas para evitar que terceiros (pessoas, grupos ou 
empresas, por exemplo) impeçam o exercício do direito à educação. 
→ Por exemplo, no Brasil, o ensino é obrigatório entre 4 e 17 anos; nem mesmo 
pais, mães ou responsáveis de uma criança ou adolescente podem impedir seu 
acesso à escola, cabendo ao Estado atuar na proteção de seu direito, garantindo-
lhe o acesso à escola.
DEVER DE 
PROMOVER
→ O dever de promover É A PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ATIVA DO ESTADO. 
→ Refere-se às ações públicas que devem ser adotadas para a realização e o 
exercício pleno dos direitos humanos. 
→ São AS LEIS que definem como deve ser a educação e o ensino no país, as 
políticas públicas que concretizam o direito à educação, o investimento em 
educação e nas escolas etc. 
→ Essas são as obrigações diretas do Estado em garantir o direito humano 
à educação, por intermédio, por exemplo, da construção de escolas, do 
financiamento adequado e da contratação de professores.
FONTE: Adaptado de Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011)
Prezado acadêmico, como deve ser a educação escolar no Brasil?
Vejamos:
QUADRO 30 – COMO DEVE SER A EDUCAÇÃO ESCOLAR?
COMO DEVE SER AEDUCAÇÃO ESCOLAR?
→ É muito importante saber como o Estado deve garantir esse direito. 
→ A Constituição (art. 206) fala em princípios a serem seguidos:
Igualdade de condições para o 
acesso e permanência na escola
→ Ou seja, NÃO PODE HAVER DISCRIMINAÇÕES E O 
ESTADO DEVE GARANTIR AS CONDIÇÕES PARA QUE 
TODOS POSSAM ESTUDAR, oferecendo, por exemplo, 
transporte escolar a quem mora longe da escola. 
→ Esse princípio também reforça a necessidade de assegurar 
um padrão nacional de qualidade em todas as escolas do 
país.
126
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Liberdade de aprender, ensinar, 
pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber
→ GARANTE AO CORPO DOCENTE E A ESTUDANTES A 
LIBERDADE DE MANIFESTAR IDEIAS E PENSAMENTOS 
NO AMBIENTE ESCOLAR, tanto nas escolas públicas como 
nas privadas.
Pluralismo de ideias e de concepções 
pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de 
ensino
→ Os sistemas de ensino DEVEM RESPEITAR 
AS DIFERENÇAS FILOSÓFICAS, TEÓRICAS E 
PEDAGÓGICAS que o professorado, estudantes, pais e 
escolas podem ter. 
→ Além disso, o Estado não pode proibir a abertura de 
escolas privadas, mas deve estabelecer regras para sua 
criação e funcionamento de acordo com o direito humano 
à educação.
Gratuidade do ensino público em 
estabelecimentos oficiais
→ Em TODOS OS NÍVEIS E MODALIDADES O ENSINO 
PÚBLICO deve ser GRATUITO, sendo proibida a cobrança 
de qualquer taxa ou mesmo qualquer pagamento relacionado 
às atividades escolares (por exemplo, é ilegal a organização 
de atividades escolares que dependam de “contribuição” 
dos pais, a cobrança de taxas para a realização de provas, a 
venda de uniformes etc.).
Valorização dos profissionais da 
educação escolar
→ EXIGE DEFINIÇÃO DE PLANOS DE CARREIRA 
ESPECÍFICOS E A GARANTIA DE FORMAÇÃO (inicial e 
em serviço), CONDIÇÕES ADEQUADAS DE TRABALHO E 
SALÁRIO DIGNO, além do reconhecimento da importância 
social da profissão docente e dos demais trabalhadores da 
educação.
Gestão democrática do ensino 
público
→ A legislação (LDB e ECA) diz que os profissionais da 
educação, os pais, mães e responsáveis legais, além dos 
estudantes, devem participar da elaboração do projeto 
político-pedagógico da escola e que a comunidade tem o 
direito de participar nos conselhos escolares. 
→ Além da escola, o sistema de ensino deve contar com 
espaços de participação social para a gestão democrática, 
como conselhos e conferências periódicas.
Garantia de padrão de qualidade
→ A EDUCAÇÃO PÚBLICA PRECISA RESPEITAR 
UM PADRÃO DE QUALIDADE DEFINIDO 
NACIONALMENTE. 
→ Esse padrão deve assegurar a todos os estudantes 
condições semelhantes de aprendizado adequado, 
respeitada a diversidade de expectativas educacionais. 
→ Uma das formas de se estabelecer tal padrão é determinar 
quais os insumos mínimos que devem ser assegurados 
a todas as escolas, por exemplo: infraestrutura escolar, 
quadras esportivas, número de estudantes por sala, material 
didático-escolar, formação e remuneração dos professores e 
funcionários etc. 
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
127
Piso salarial profissional nacional 
para os profissionais da educação 
escolar pública
→ Esse princípio foi incluído na Constituição recentemente, 
em 2006. 
→ Em 2008, foi aprovada a Lei 11.738, que estabeleceu o 
valor do piso salarial do magistério, valor abaixo do qual 
nenhum(a) professor(a) pode receber, e os prazos de sua 
implementação nacional. 
→ Pela lei, o piso deve estar vinculado à carreira dos 
profissionais do magistério, que deve prever uma valorização 
efetiva da profissão. 
→ Essa garantia precisa ser ampliada aos demais 
trabalhadores da educação, como prevê a Constituição. 
→ Além disso, a Lei do Piso determina que as carreiras devem 
reservar no mínimo 1/3 da jornada semanal de trabalho para 
atividades fora de sala de aula, de planejamento e preparação 
pedagógica, o que é muito importante para a realização dos 
princípios da gestão democrática e da garantia de qualidade 
do ensino.
→ Além de dizer quase com as mesmas palavras os princípios que a Constituição dita para a 
educação nacional, a LDB (art. 3º) acrescenta alguns outros:
Valorização da experiência 
extraescolar
→ Isso porque cada estudante possui vivências fora da escola 
(por exemplo, trabalha ou participa de um grupo cultural, 
político ou religioso) que devem ser levadas em conta pelos 
profissionais da educação como forma de enriquecer o 
trabalho pedagógico.
Vinculação entre a educação 
escolar, o trabalho e as práticas 
sociais
→ Esse princípio também se refere ao mundo fora da escola. 
Significa que o ensino precisa estar relacionado com o 
trabalho e atividades sociais, que são aspectos importantes 
na vida de qualquer pessoa.
→ Vale destacar ainda o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/90) 
sobre o direito à educação. 
→ Essa lei, que determina prioridade absoluta à garantia dos direitos de crianças e adolescentes, 
garante, por exemplo, o direito de ser respeitado por educadores, o direito de organização e 
participação em entidades estudantis, o direito de tomar conhecimento dos critérios para a 
atribuição de notas e de pedir reavaliação e o acesso à unidade de ensino próxima à sua residência 
(art. 53 do ECA).
FONTE: Adaptado de Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011)
Assim, sob esses aspectos conceituais e essas indagações, encerramos esta 
discussão relativa ao direito à educação, e esperamos que você tenha compreendido 
como esse direito é importante para o desenvolvimento humano e para o exercício 
da cidadania.
Prezado acadêmico, veja no quadro a seguir alguns direitos relativos à 
educação:
128
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
QUADRO 31 – DIREITOS À EDUCAÇÃO
DIREITOS À EDUCAÇÃO
É direito da criança e do adolescente:
→ ter acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência;
→ ser respeitado por seus educadores;
→ ter igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
→ direito de contestar os critérios de avaliação, podendo recorrer às instâncias escolares 
superiores.
São deveres dos pais:
→ matricular seus filhos na escola;
→ acompanhar a frequência e aproveitamento de suas crianças e adolescentes na escola.
Obs.: o descumprimento destes deveres pode ser identificado como crime de abandono 
intelectual (quando a criança não é matriculada na escola), ou infração administrativa (quando 
os pais não acompanham o desenvolvimento no aluno na escola).
É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
→ ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na 
idade própria;
→ ampliar gradativamente a oferta do Ensino Médio (colegial); atendimento educacional 
especializado aos portadores de deficiência (de preferência na rede regular de ensino);
→ atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
→ acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística;
→ oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
→ atendimento no Ensino Fundamental, através de programas que garantam material didático-
escolar,
→ transporte, alimentação e assistência à saúde.
Obs.: caso a garantia do ensino público obrigatório e oferecido de maneira regular seja 
descumprida, o poder público pode ser responsabilizado (artigo 209, §2º da Constituição 
Federal), e o chefe do Executivo (prefeito, governador) pode até mesmo ser deposto.
FONTE: Adaptado de: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=9&Itemid=9>. Acesso em: 12 jun. 2016.
Vale salientar que na disciplina de Políticas Sociais em Educação será 
estudada mais detalhadamente a questão deste direito social da Educação.
Prezado acadêmico, para se aprofundar mais nesta discussão, convido você a 
ler o Volume 7 da “Coleção Manual de Direitos Humanos”, relativa aos direitos humanos à 
educação, de 2011. Disponível em: 
<ht tp : / /www.d i re i toaeducacao.org .b r/wp-content /uploads /2011 /12 /manua l_
dhaaeducacao_2011.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2016. 
DICAS
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
129
2.2 DIREITO À SAÚDE 
Prezado acadêmico, outro direito social consagrado pela Constituição da 
República do Brasil de 1988 é o direito à saúde, que também é um dos direitos 
fundamentais de todos os seres humanos, pois o Estado tem a obrigação de 
desenvolver ações que possibilitem promover, proteger e recuperar a saúde de sua 
população. Conforme expõe Cunha (2011, p. 113), o direito à saúde é um “direito 
fundamental [no sentido de desenvolver] às ações e serviços para promoção, 
proteção e recuperação da saúde”. Ou seja, esse direito se dá “mediante políticas 
sociais e econômicas [...] e ao acesso universal e igualitário às ações e servi ços para 
a promoção, proteção e recuperação da saúde” (FERRAZ; VIEIRA, 2009, p. 26).
Neste sentido, Lima, Pereira e Pachú (2015, p. 91) expõem que:
A saúde, portanto, possui inúmeros e complexos fatores que rogam 
do Estado a formulação de políticas públicas para sua real efetivação. 
Políticas públicas que ultrapassem a garantia de acesso a serviços e 
produtos médicos. Tais direitos devem enaltecer e reforçar o disposto 
no artigo 200 da CF, que estabelece, de forma não exaustiva, as 
competências do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo as ações de 
vigilância sanitária e epidemiológica, de saúde do trabalhador (inciso 
II); ações de saneamento básico (inciso IV); pesquisa (inciso V); controle 
de qualidade de alimentos e bebidas (inciso VI); e proteção do meio 
ambiente (VIII).
Vamos conhecer agora como a Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 trata a questão da saúde em seus artigos. 
QUADRO 32 – CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL: SEÇÃO II – DA SAÚDE (ARTS. 196 A 200)
Capítulo II – Da Seguridade Social
Seção II – Da Saúde (arts. 196 a 200)
Art. 196
→ A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197
→ São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público 
dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo 
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física 
ou jurídica de direito privado.
130
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Art. 198
→ As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes 
diretrizes: (EC no 29/2000, EC no 51/2006 e EC no 63/2010)
 I. descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
 II. atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo 
dos serviços assistenciais;
 III. participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos 
do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, 
em ações e serviços públicos de saúde, recursos mínimos derivados da aplicação de 
percentuais calculados sobre:
 I. no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 
3º;
 II. no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos 
a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea 
“a”, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
 III. no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos 
a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea 
“b” e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
 I. os percentuais de que trata o § 2º;
 II. os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos 
Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
 III. as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas 
federal, estadual, distrital e municipal;
 IV. as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários 
de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de 
acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para 
sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, 
as diretrizes para os planos de carreira e a regulamentação das atividades de agente 
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos 
da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição 
Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde 
ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento 
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
131
Art. 199
→ A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema 
único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou 
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às 
instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na 
assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, 
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem 
como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado 
todo tipo de comercialização.
Art. 200
→ Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I. controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a 
saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, 
hemoderivados e outros insumos;
II. executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde 
do trabalhador;
III. ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV. participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V. incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI. fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, 
bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII. participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização 
de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII. colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
FONTE: Adaptado de Brasil (2012)
Nesse sentido, segundo Lima, Pereira e Pachú (2015, p. 101), “entende-se 
que o direito à saúde está explicitado nas diversas políticas nacionais e mundiais, 
sendo dever das autarquias existen tes em concretizá-lo e que este ganha uma 
melhor resolutibilidade quando recebe reconhecimento da sociedade e quando ela 
o faz ter como garantia de cidadania”.
Assim, cabe expor que nos cinco artigos supracitados da Carta Magna 
brasileira de 1988, estão consagrados toda a base normativa em relação à saúde no 
Brasil, e que as demais normas, diretrizes e leis municipais, estaduais e federaisdeverão ter como seu fundamento esses artigos. “No entanto, muitos entraves 
são expostos e dificultam que a saúde seja garantida de forma homogênea para 
todos, principal mente os entraves de garantia da saúde dos trabalhadores. Fato 
que comprova que sem o esforço para que esse direito seja posto em prática, não 
há ganho e conquistas” (LIMA; PEREIRA; PACHÚ, 2015, p. 101).
Vale salientar que na disciplina de Políticas Sociais da Saúde e Previdência 
Social será estudada mais detalhadamente a questão do direito social da saúde.
Prezado acadêmico, veja a seguir alguns direitos relativos à saúde do povo 
brasileiro:
132
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
QUADRO 33 – DIREITOS À SAÚDE
DIREITOS À SAÚDE
→ Ter acesso ao conjunto de ações e serviços necessários para a promoção, a proteção e a 
recuperação da sua saúde.
→ Ter acesso gratuito aos medicamentos necessários para tratar e restabelecer sua saúde.
→ Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoável para não prejudicar sua saúde. Ter 
à disposição mecanismos ágeis que facilitem a marcação de consultas ambulatoriais e exames, 
seja por telefone, meios eletrônicos ou pessoalmente.
→ Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a internação hospitalar, 
sempre que houver indicação, evitando que, no caso de doença ou gravidez, você tenha que 
percorrer os estabelecimentos de saúde à procura de um leito.
→ Ter direito, em caso de risco de vida ou lesão grave, a transporte e atendimento adequado 
em qualquer estabelecimento de saúde capaz de receber o caso, independente de seus recursos 
financeiros. Se necessária, a transferência somente poderá ocorrer quando seu quadro de saúde 
tiver estabilizado e houver segurança para você.
→ Ser atendido, com atenção e respeito, de forma personalizada e com continuidade, em local e 
ambiente digno, limpo, seguro e adequado para o atendimento.
→ Ser identificado e tratado pelo nome ou sobrenome e não por números, códigos ou de modo 
genérico, desrespeitoso ou preconceituoso.
→ Ser acompanhado por pessoa indicada por você, se assim desejar, nas consultas, internações, 
exames pré-natais, durante trabalho de parto e no parto. No caso das crianças, elas devem ter no 
prontuário a relação de pessoas que poderão acompanhá-las integralmente durante o período 
de internação.
→ Identificar as pessoas responsáveis direta e indiretamente por sua assistência, por meio de 
crachás visíveis, legíveis e que contenham o nome completo, a profissão e o cargo do profissional, 
assim como o nome da instituição.
→ Ter autonomia e liberdade para tomar as decisões relacionadas à sua saúde e à sua 
vida; consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e com adequada informação prévia, 
procedimentos diagnósticos, terapêuticos ou outros atos médicos a serem realizados.
→ Se você não estiver em condição de expressar sua vontade, apenas as intervenções de 
urgência, necessárias para a preservação da vida ou prevenção de lesões irreparáveis, poderão 
ser realizadas sem que seja consultada sua família ou pessoa próxima de confiança. Se, antes, 
você tiver manifestado por escrito sua vontade de aceitar ou recusar tratamento médico, essa 
decisão deverá ser respeitada.
→ Ter liberdade de escolha do serviço ou profissional que prestará o atendimento em cada 
nível do sistema de saúde, respeitada a capacidade de atendimento de cada estabelecimento ou 
profissional.
→ Ter, se desejar, uma segunda opinião ou parecer de outro profissional ou serviço sobre seu 
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
133
estado de saúde ou sobre procedimentos recomendados, em qualquer fase do tratamento, 
podendo, inclusive, trocar de médico, hospital ou instituição de saúde.
→ Participar das reuniões dos conselhos de saúde; das plenárias das conferências de saúde; dos 
conselhos gestores das unidades e serviços de saúde e outras instâncias de controle social que 
discutem ou deliberam sobre diretrizes e políticas de saúde gerais e específicas.
→ Ter acesso a informações claras e completas sobre os serviços de saúde existentes no 
seu município. Os dados devem incluir endereços, telefones, horários de funcionamento, 
mecanismos de marcação de consultas, exames, cirurgias, profissionais, especialidades médicas, 
equipamentos e ações disponíveis, bem como as limitações de cada serviço.
→ Ter garantida a proteção de sua vida privada, o sigilo e a confidencialidade de todas as 
informações sobre seu estado de saúde, inclusive diagnóstico, prognóstico e tratamento, assim 
como todos os dados pessoais que o identifiquem, seja no armazenamento, registro e transmissão 
de informações, inclusive sangue, tecidos e outras substâncias que possam fornecer dados 
identificáveis. O sigilo deve ser mantido até mesmo depois da morte. Excepcionalmente, poderá 
ser quebrado após sua expressa autorização, por decisão judicial, ou diante de risco à saúde dos 
seus descendentes ou de terceiros.
→ Ser informado claramente sobre os critérios de escolha e seleção ou programação de pacientes, 
quando houver limitação de capacidade de atendimento do serviço de saúde. A prioridade deve 
ser baseada em critérios médicos e de estado de saúde, sendo vetado o privilégio, nas unidades 
do SUS, a usuários particulares ou conveniados de planos e seguros saúde.
→ Receber informações claras, objetivas, completas e compreensíveis sobre seu estado de 
saúde, hipóteses diagnósticas, exames solicitados e realizados, tratamentos ou procedimentos 
propostos, inclusive seus benefícios e riscos, urgência, duração e alternativas de solução. Devem 
ser detalhados os possíveis efeitos colaterais de medicamentos, exames e tratamentos a que será 
submetido. Suas dúvidas devem ser prontamente esclarecidas.
→ Ter anotadas no prontuário, em qualquer circunstância, todas as informações relevantes sobre 
sua saúde, de forma legível, clara e precisa, incluindo medicações com horários e dosagens 
utilizadas, risco de alergias e outros efeitos colaterais, registro de quantidade e procedência do 
sangue recebido, exames e procedimentos efetuados. Cópia do prontuário e quaisquer outras 
informações sobre o tratamento devem estar disponíveis, caso você solicite.
→ Receber as receitas com o nome genérico dos medicamentos prescritos, datilografadas, 
digitadas ou escritas em letra legível, sem a utilização de códigos ou abreviaturas, com o nome, 
assinatura do profissional e número de registro no órgão de controle e regulamentação da 
profissão.
→ Conhecer a procedência do sangue e dos hemoderivados e poder verificar, antes de recebê-los, 
o atestado de origem, sorologias efetuadas e prazo de validade.
→ Ser prévia e expressamente informado quando o tratamento proposto for experimental 
ou fizer parte de pesquisa, o que deve seguir rigorosamente as normas de experimentos com 
seres humanos no país e ser aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do hospital ou 
instituição.
134
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
→ Não ser discriminado nem sofrer restrição ou negação de atendimento, nas ações e serviços de 
saúde, em função da idade, raça, gênero, orientação sexual, características genéticas, condições 
sociais ou econômicas, convicções culturais, políticas ou religiosas, do estado de saúde ou da 
condição de portador de patologia, deficiência ou lesão preexistente.
→ Ter um mecanismo eficaz de apresentar sugestões, reclamações e denúncias sobre prestação de 
serviços de saúde inadequados e cobranças ilegais, por meio de instrumentos apropriados, seja no 
sistema público, conveniado ou privado.
→ Recorrer aos órgãos de classe e conselhos de fiscalização profissional visando a denúncia e 
posterior instauração de processo ético-disciplinar diante de possível erro, omissão ou negligência 
de médicos e demais profissionais de saúde durante qualquer etapa do atendimento ou tratamento.
FONTE: Adaptado de: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=10&Itemid=31>. Acesso em: 12 jun. 2016.
Prezadoacadêmico, para se aprofundar mais nesta 
discussão, convido você a ler O Guia do Direito à Saúde, 
disponível no link: <http://www.guiadedireitos.org/
downloads/guia_direito_saude.pdf>. 
2.3 DIREITO À ALIMENTAÇÃO
Prezado acadêmico, adentraremos agora no direito à alimentação, que 
seja adequada, pois é necessária para a sobrevivência dos seres humanos. Nesse 
sentido, devemos observar que 
o direito humano à alimentação adequada está contemplado no 
artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Sua 
definição foi ampliada em outros dispositivos do Direito Internacional, 
como o artigo 11 do Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e 
o Comentário Geral nº 12 da ONU (CONSEA, 2015). 
Ou seja, a Carta Magna brasileira apenas aderiu a este direito, pois ele já 
está consagrado mundialmente.
Segundo Lenza (2014, p. 1.183, grifos nossos),
DICAS
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
135
De acordo com a justificação da PEC n. 21/2001 -SF, “o direito à 
alimentação foi reconhecido pela Comissão de Direitos Humanos da 
ONU, em 1993, em reunião realizada na cidade de Viena. Integrada 
por 52 países, e contando com o voto favorável do Brasil, registrando 
apenas um voto contra (EUA), a referida Comissão da ONU com essa 
decisão histórica enriqueceu a Carta dos Direitos de 1948, colocando em 
primeiro lugar, entre os direitos do cidadão, a alimentação” (cf. art. XXV 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948).
Assim, vale salientar que, de acordo com o Conselho Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional, 
no Brasil, resultante de amplo processo de mobilização social, em 2010 
foi aprovada a Emenda Constitucional nº 64, que inclui a alimentação no 
artigo 6º da Constituição Federal. No entanto, isso não necessariamente 
significa a garantia da realização desse direito na prática, o que 
permanece como um desafio a ser enfrentado (CONSEA, 2015). 
As esferas municipais, estaduais e federais possuem a prerrogativa de 
desenvolver políticas públicas e sociais que possam garantir a efetivação deste 
direito na prática, ou seja, fazer com que a população menos favorecida possa 
usufruir plenamente do direito de ter uma alimentação digna e adequada para a 
sua própria subsistência.
Nesse sentido, Lisboa (2013) complementa expondo que a nossa Carta 
Magna de 1988 “possui um dos textos mais avançados no que se refere à proteção e 
à promoção dos direitos humanos”, pois colocou o direito à alimentação adequada 
como um direito fundamental para todos os seus cidadãos brasileiros, como 
também os estrangeiros que estiverem no território nacional.
Mas, vale salientar ainda que “antes mesmo da EC n. 64/2010, que introduziu 
o direito à alimentação como direito social, a Lei n. 11.346/2006, regulamentada 
pelo Dec. n. 7.272/2010, já havia criado o Sistema Nacional de Segurança Alimentar 
e Nutricional — SISAN com vistas a assegurar o direito humano à alimentação 
adequada” (LENZA, 2014, p. 1.183, grifos do autor).
Prezado acadêmico, vejamos agora mais algumas características do direito 
humano à alimentação adequada.
QUADRO 34 – CARACTERÍSTICAS DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA
PREMISSAS do 
Direito Humano 
à Alimentação 
Adequada
→ Devemos compreender o direito humano à alimentação adequada sob duas 
premissas: 
1) A DISPONIBILIDADE DO ALIMENTO EM QUANTIDADE E QUALIDADE 
SUFICIENTE para satisfazer as necessidades dietéticas das pessoas, livre de 
substâncias adversas e aceitáveis para uma dada cultura; e 
2) A ACESSIBILIDADE AO ALIMENTO DE FORMA SUSTENTÁVEL e que 
não interfira com a fruição de outros direitos humanos.
136
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
PONTO 
Fundamental
→ Um ponto fundamental para que o direito humano à alimentação adequada 
seja uma premissa verdadeira é que o ser humano esteja “LIVRE DA FOME”. 
→ NÃO PASSAR FOME.
O que significa a 
FOME?
→ FOME é o termo utilizado para expressar a sensação fisiológica manifestada 
pelo corpo quando este percebe a necessidade de alimentos para manter suas 
atividades e continuidade à vida. 
→ Também pode significar estados de mal nutrição ou privação de comida 
entre as populações, comumente associados à pobreza, conflitos armados, 
instabilidade política, catástrofes ambientais ou condições agrícolas adversas.
FONTE: Adaptado de Lisboa (2013)
Mas, no que consiste o direito à alimentação adequada?
 
De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
do Brasil,
O direito humano à alimentação adequada consiste no acesso físico 
e econômico de todas as pessoas aos alimentos e aos recursos, como 
emprego ou terra, para garantir esse acesso de modo contínuo. Esse 
direito inclui a água e as diversas formas de acesso à água na sua 
compreensão e realização. Ao afirmar que a alimentação deve ser 
adequada, entende-se que ela seja adequada ao contexto e às condições 
culturais, sociais, econômicas, climáticas e ecológicas de cada pessoa, 
etnia, cultura ou grupo social (CONSEA, 2015).
Nesse sentido, Lenza (2014) complementa expondo que o art. 2º da Lei n. 
11.346/2006 determina que a alimentação adequada possa ser compreendida como 
sendo “direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa 
humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição 
Federal, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam 
necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da 
população” (LENZA, 2014, p. 1183-1184, grifos nossos).
Por conseguinte, segundo Lisboa (2013, grifos nossos),
a instituição da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional 
(LOSAN) – Lei nº 11.346/2006 e regulamentada pelo Decreto 7.272/2010 
– representa um marco fundamental na luta nacional contra a 
fome, pois através dela criou-se o Sistema de Segurança Alimentar e 
Nutricional (SISAN), que busca promover condições para a formulação 
da Política e do Plano Nacional nesta área de Segurança Alimentar, 
desenvolvendo diretrizes, metas, captando recursos e fomentando 
instrumentos de avaliação e monitoramento, compostos de ações e 
programas integrados envolvendo diferentes setores de governo e a 
sociedade, na busca pela alimentação suficiente e de qualidade para 
todos brasileiros. 
Assim, prezado acadêmico, de acordo com o Conselho Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional do Brasil – Consea (2014, grifo nosso), deve-
se levar em consideração que “para garantir a realização do direito humano à 
alimentação adequada, o Estado brasileiro tem as obrigações de respeitar, proteger, 
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
137
promover e prover a alimentação da população”. Pois todos os cidadãos brasileiros 
possuem esse direito social, que deve ser respeitado e garantido pelas instâncias 
federais, estaduais e municipais, como ora exposto. “Por sua vez, a população 
tem o direito de exigir que eles sejam cumpridos, por meio de mecanismos de 
exigibilidade” (CONSEA, 2014). 
Mas, que mecanismos são esses?
De acordo com o Consea (2014), a “exigibilidade é o empoderamento 
dos titulares de direitos para exigir o cumprimento dos preceitos consagrados 
nas leis internacionais e nacionais referentes ao direito humano à alimentação 
adequada no âmbito dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nas esferas 
federal, estaduais e municipais”. Ou seja, “esses meios de exigibilidade podem ser 
administrativos, políticos, quase judiciais e judiciais” (CONSEA, 2015). 
Prezado acadêmico, veja no quadro a seguir alguns desafios	para	garantir	
a efetividade do direito humano à alimentação adequada:
QUADRO 35 – DESAFIOS PARA GARANTIR A EFETIVIDADE DO DIREITO HUMANO À 
ALIMENTAÇÃO ADEQUADA  
DESAFIOS PARA GARANTIR A EFETIVIDADE DO DIREITO HUMANO À 
ALIMENTAÇÃO ADEQUADA
P R I N C I PA I S 
DESAFIOS
Os principais DESAFIOS para a promoção dos direitos humanos à alimentação 
adequada são:
→ a desinformação sobre direitos e a forma de exigi-los; 
→ a descrença nas instituiçõese instrumentos de proteção de direitos humanos; 
→ falta de aproximação com a linguagem e prática de direitos humanos por 
parte de entidades da sociedade civil;
→ falta de informação sobre as obrigações das instituições e de seus agentes que 
devem pôr em prática os direitos humanos; 
→ falta de garantia de acesso aos serviços e às instituições públicas; 
→ falta de planejamento, coerência e articulação entre as políticas de direitos 
humanos e segurança alimentar e nutricional; e 
→ a falta de instrumentos eficazes de exigibilidade de direitos humanos. 
PASSOS 
FUNDAMENTAIS 
para a Promoção dos 
Direitos Humanos 
à Alimentação 
Adequada
Para a realização efetiva dos direitos humanos à alimentação adequada 
e construção de competências para a promoção, alguns passos são 
fundamentais a serem seguidos, como: 
 
→ o Estado deve assumir compromissos para a realização dos direitos 
humanos; 
→ o Estado deve estabelecer e divulgar termos de referência com definição 
clara das atribuições e obrigações para a realização dos direitos humanos; 
→ devem ser divulgadas informações para os titulares sobre seus direitos 
e para os agentes públicos sobre suas obrigações em relação aos direitos 
humanos;
→ devem ser criadas condições para que os agentes públicos cumpram 
suas obrigações; 
→ deve haver mecanismos para que os agentes públicos sejam 
responsabilizados por violações dos direitos humanos à alimentação 
adequada.
138
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
IMPORTANTE: para a PROMOÇÃO dos direitos humanos à alimentação adequada é fundamental:
• aumentar a capacidade dos titulares de direitos de exigir;
• fortalecer os instrumentos e instituições de exigibilidade; 
• promover a construção de competência continuada da máquina estatal e dos servidores públicos.
E NO 
BRASIL?
O Brasil vem realizando vários esforços para garantir o direito humano à 
alimentação adequada, por intermédio das Políticas Públicas de Segurança 
Alimentar e Nutricional, conforme as seguintes dimensões: 
→ dimensão I e II: PRODUÇÃO E DISPONIBILIDADE DE ALIMENTOS – 
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), 
Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), Garantia de 
Preços Mínimos/Formação de Estoques, Programa Brasileiro de Modernização 
do Mercado Hortigranjeiro (PROHORT), Reforma Agrária, Programa da 
Agrobiodiversidade, Pesca e Agricultura; 
→ dimensão III: RENDA/ACESSO E GASTO COM ALIMENTOS – Bolsa Família, 
Benefício de Prestação Continuada, Previdência Social, política de reajuste do 
salário mínimo; 
→ dimensão IV: ACESSO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA – Programa Nacional 
de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Acesso à Alimentação, distribuição de 
alimentos a grupos específicos, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, 
banco de alimentos, cisternas, acesso à água para produção de alimentos para o 
autoconsumo, Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT); 
→ dimensão V: SAÚDE E ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE – suplementação 
de ferro e vitamina A, promoção de hábitos de vida e de alimentação saudável 
para prevenção da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis, saúde da 
família, agentes comunitários de saúde, cobertura vacinal no primeiro ano de vida 
e saneamento; 
→ dimensão VI: EDUCAÇÃO – combate ao analfabetismo e política de educação 
básica; 
→ dimensão VII: POPULAÇÕES TRADICIONAIS – Comunidades Tradicionais, 
Regularização das Terras Quilombolas, Carteira Indígena e Regularização 
Fundiária de Terras Indígenas.
→ Portanto, percebe-se que esforços estão sendo realizados para garantir o direito humano à 
alimentação adequada, mas ainda existe uma grande insegurança alimentar no país, e para 
que o Estado assuma de fato suas obrigações, uma série de mudanças deve ocorrer, como uma 
revolução cultural dentro da sociedade e do Estado para que a perspectiva dos direitos humanos 
seja efetivamente considerada e para que mudanças efetivas e profundas possam vir a acontecer.
FONTE: Adaptado de Lisboa (2013)
2.4 DIREITO AO TRABALHO 
Prezado acadêmico, no que tange ao direito ao trabalho devemos observar 
que, segundo Cunha (2011, p. 114), o direito ao trabalho pode ser considerado um 
“direito fundamental [de] exercer atividade profissional”, independente da área 
profissional escolhida. 
De acordo com Lenza (2014, p. 1184), o direito ao trabalho “trata-se, sem 
dúvida, de importante instrumento para implementar e assegurar a todos uma 
existência digna, conforme estabelece o art. 170, caput”. Vejamos: “Art. 170. A 
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
139
ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa 
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social [...]” (BRASIL, 2012, p. 106).
Cabe ao Estado 
fomentar uma política econômica não recessiva, tanto que, dentre os 
princípios da ordem econômica, destaca-se a busca do pleno emprego 
(art. 170, VIII). Aparece como fundamento da República (art. 1º, IV), e 
a ordem econômica, conforme os ditames da justiça social, funda-se na 
valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa (LENZA, 2014, p. 
1.184, grifos do autor).
São estes preceitos que proporcionam a base normativa do direito ao 
trabalho, pois historicamente os seres humanos vêm se constituindo por intermédio 
de suas relações de trabalho.
QUADRO 36 – ARTIGO 23º DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
“TODA PESSOA TEM DIREITO AO TRABALHO, À LIVRE ESCOLHA DE EMPREGO, 
A CONDIÇÕES JUSTAS E FAVORÁVEIS DE TRABALHO E À PROTEÇÃO CONTRA O 
DESEMPREGO”.
 
“Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho”. 
 
“Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que 
lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade 
humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social”. 
 
“Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus interesses”.
Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 23º
FONTE: ONU (2009, p. 12-13) 
Prezado acadêmico, o artigo 7° da Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988 nos apresenta os direitos dos trabalhadores, tanto urbanos como 
rurais, além de apresentar também outros direitos relativos ao trabalho para que 
assim possa proporcionar aos cidadãos brasileiros e aos estrangeiros que estiverem 
no território nacional uma melhoria significativa em suas condições de vida.
Nesse sentido, convido você agora a ler na íntegra estes preceitos 
constitucionais, os quais serão estudados mais detalhadamente na disciplina de 
Legislação Social e Prática Trabalhista, vejamos:
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem 
justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos;
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
140
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
IV – salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz 
de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim;
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou 
acordo coletivo;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no 
valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção 
dolosa;
XI –participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da 
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, 
conforme definido em lei;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de 
baixa renda nos termos da lei;
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 
cinquenta por cento à do normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a 
mais do que o salário normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias;
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei;
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo 
de trinta dias, nos termos da lei;
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres 
ou perigosas, na forma da lei;
XXIV – aposentadoria;
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento 
até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em 
dolo ou culpa;
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, 
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e 
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de 
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e 
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e 
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
141
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, 
XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social 
(BRASIL, 2012, p. 18).
E para finalizar estas discussões, apresentamos a você mais alguns aspectos 
fundamentais relativos ao direito ao trabalho, veja no quadro a seguir:
QUADRO 37 – ASPECTOS IMPORTANTES DO DIREITO AO TRABALHO
ASPECTOS IMPORTANTES DO DIREITO AO TRABALHO
→ O Direito ao Trabalho e Renda é parte dos chamados direitos econômicos e sociais. 
→ Por ter como base a igualdade, o direito ao trabalho prevê que todas as pessoas têm 
direito de ganhar a vida por meio de um trabalho livremente escolhido, de possuir 
condições equitativas e satisfatórias de trabalho e renda e de serem protegidas em caso 
de desemprego.
→ No Brasil, a Constituição de 1988, no artigo 6º, RECONHECE O 
TRABALHO ENQUANTO UM DIREITO. 
→ E do artigo 7º ao 11º estão prescritos os PRINCIPAIS DIREITOS PARA OS 
TRABALHADORES que atuam sob as leis brasileiras. 
→ Além da Constituição, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) 
regulamenta também as relações de trabalho no Brasil.
→ Pela Constituição brasileira, não só o direito ao trabalho, mas a um SALÁRIO 
que garanta a subsistência do trabalhador e de sua família é uma OBRIGAÇÃO que 
deve ser garantida pelo Estado. 
→ Contudo, apesar de ser constitucionalmente garantido, na prática, tanto o direito 
ao trabalho como o direito à renda são muitas vezes violados e não são raros os casos 
de desemprego, salários injustos, trabalho sem férias ou repouso, em condições 
inadequadas etc.
→ Diferente de alguns outros direitos, não existe nenhum mecanismo formal 
que garanta trabalho aos cidadãos brasileiros. 
→ O que existe são algumas medidas que, durante um período, buscam assistir 
ao desempregado, como: 
  seguro desemprego; 
  auxílio-transporte (Metrô); 
  isenção de taxas para retirar alguns documentos etc. 
→ Além disso, tanto governos como alguns sindicatos possuem serviços 
de cadastro de trabalhadores para recolocá-los no mercado de trabalho e 
requalificação profissional.
FONTE: Adaptado de: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=143&Itemid=45>. Acesso em: 12 jun. 2016.
2.5 DIREITO À MORADIA 
Prezado acadêmico, outro preceito fundamental é o direito à moradia. 
Segundo Cunha (2011, p. 113), esse preceito denota um “direito fundamental cujo 
142
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
conteúdo é a aquisição e uso de moradia”. Em outros termos, todos os cidadãos 
brasileiros, como também os estrangeiros que estejam residindo no Brasil, 
possuem o direito de adquirir ou utilizar imóvel para sua habitação e domicílio, 
seja individual ou coletivamente.
Podemos compreender moradia como: “Residência. Lugar utilizado 
permanentemente pelo morador, para proteção contra a intempérie e resguardo 
da intimidade” (CUNHA, 2011, p. 126). Ou seja, a moradia é compreendida como 
o prédio, o apartamento, a casa, a habitação ou o espaço territorial e habitacional 
que o ser humano utiliza para viver e conviver com seus familiares. 
E domicílio, portanto, pode ser considerado o “lugar onde a pessoa tem 
sede, reside, ou exerce atividade” (CUNHA, 2011, p. 196). É o lugar físico e 
subjetivo em que o homem possui a segurança para viver e exercer suas atividades 
com os seus familiares. 
E a residência, por sua vez, é compreendida como “Fato de residir. Moradia 
ou lugar de moradia” (CUNHA, 2011, p. 260), ou seja, é o espaço territorial no qual 
o homem vive e convive com sua família e amigos.
Nesse sentido, prezado acadêmico, convido você agora a compreender 
mais alguns aspectos importantes sobre a moradia, veja o quadro a seguir.
QUADRO 38 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A MORADIA
CONSIDERAÇÕES SOBRE A MORADIA
Direito 
historicamente 
aprimorado
→ A moradia é um direito historicamente aprimorado, visto que sempre se 
teve um instinto em relação à sua tamanha necessidade, mesmo que ainda não 
fosse discutida a sua adequação digna para o completo desenvolvimento do ser 
humano. 
Necessidade 
básica do 
homem
→ O direito à moradia estampa a necessidade básica do homem, sendo requisito 
imprescindível para uma vida plena. 
→ Como bem disserta Nolasco (2008, p. 87), “[...] A CASA É O ASILO 
INVIOLÁVEL DO CIDADÃO, A BASE DE SUA INDIVISIBILIDADE, é, 
acima de tudo, como apregoou Edwark Coke, no século XVI: ‘A CASA DE UM 
HOMEM É O SEU CASTELO’”.
TER UM LUGAR PARA PERMANECER E SE DESENVOLVER está ligado aos anseios do 
indivíduo, pois para alcançar as necessidades básicas da vida, como relaxar, trabalhar, se educar, 
é necessário um lugar fixo e amplamente reconhecido por todos.
Lugar/Abrigo
→ A princípio, QUALQUER LUGAR ERA LOCAL PARA SE ESTABELECER 
COMO ABRIGO: 
  uma possível caverna; 
  uma árvore; 
  e, por que não, na superfície do gelo. 
→ Contudo, o desenvolvimento da sociedade, a crescente globalização e o 
capitalismo desenfreado FORAM REDUZINDO OS ESPAÇOS LIVRES, e 
quando estes ainda são encontrados, não apresentam possibilidade para a plena 
desenvoltura desse direito, acarretando uma segregação social em relação aos 
menos favorecidos.TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
143
Desse modo, o direito à moradia passou de DIREITO DE TODOS 
para apenas DIREITO DOS MAIS FAVORECIDOS. 
E quando fornecido à minoria, 
na maioria dos casos, não abrange o perfeito desenvolvimento da dignidade da pessoa humana.
FONTE: Adaptado de Santos (2013)
Prezado acadêmico, vale salientar que já no art. XXV, nº 1 da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, aparece o direito à moradia digna, pois 
toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si 
e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, 
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e o 
direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, 
velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu 
controle (ONU, 2009, p. 13). 
Portanto, todos os cidadãos possuem o direito de ter um padrão de vida 
digna e respeitada, e nesse preceito se inclui a questão da moradia também, pois 
entende-se que os seres humanos, para poderem proporcionar para si e para sua 
família plenas condições de sobrevivência e bem-estar, se faz necessário, além de 
uma alimentação saudável, um lugar para residir com sua família, e que esse lugar 
possa ser digno de moradia humana.
Prezado acadêmico, no que tange ao direito à moradia, convido você agora a 
analisar mais alguns aspectos importantes nesta discussão. 
QUADRO 39 – DIREITO À MORADIA
DIREITO À MORADIA
DEFINIÇÃO
→ O direito à moradia é compreendido como sendo a POSSE EXCLUSIVA DE 
UM LUGAR onde se tenha um amparo, que se resguarde a intimidade e se tenha 
condições para desenvolver práticas básicas da vida. 
→ É um direito ERGA OMNES, um LUGAR DE SOBREVIVÊNCIA DO 
INDIVÌDUO. 
→ É O ABRIGO E O AMPARO PARA SI PRÓPRIO E SEUS FAMILIARES - daí 
nasce o direito à sua inviolabilidade e à constitucionalidade de sua proteção.
→ A moradia consiste em BEM IRRENUNCIÁVEL da pessoa natural, 
INDISSOCIÁVEL de sua vontade e INDISPONÍVEL, que permite a fixação em 
lugar determinado, não só físico, como também a fixação dos seus interesses 
naturais da vida cotidiana, exercendo-se de forma definitiva pelo indivíduo, e, 
secundariamente, recai o seu exercício em qualquer pouso ou local, mas sendo 
objeto de direito e protegido juridicamente. 
C
A
RA
C
TE
RÍ
ST
IC
A
S 
D
A
 
M
O
RA
D
IA
→ O BEM DA MORADIA é inerente à pessoa e independente de objeto físico para a sua 
existência e proteção jurídica. 
→ A moradia é elemento essencial do ser humano e um bem extrapatrimonial. 
→ Residência é o simples local onde se encontraria o indivíduo. 
→ E a habitação é o exercício efetivo da “moradia” sobre determinado bem imóvel. 
→ Assim, a “moradia” é uma situação de direito reconhecida pelo ordenamento jurídico. 
→ Dessa forma, O DIREITO À MORADIA É DIREITO DE IGUALDADE, em outras 
palavras, é direito social de acesso, consagrado pelo simples fato de o indivíduo existir. 
→ Por intermédio dele, faz-se a justiça distributiva, repassando bens à sociedade por meio 
do capital produzido por ela.
FONTE: Adaptado de Santos (2013) 
144
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
 Vale salientar que na disciplina de Políticas Sociais em Habitação será 
estudada mais detalhadamente a questão deste direito social da moradia.
2.6 DIREITO AO LAZER 
Prezado acadêmico, um dos direitos sociais consagrados na Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988 é o lazer ou momento de descanso de 
sua população. 
Nesse sentido, Sales e Pachú (2015, p. 39) expõem que 
segundo o § 3º do art. 217 da Carta Maior, o poder público incentivará 
o lazer, como forma de promoção social. Logo, o direito ao lazer, ao 
tempo livre para usufruir de forma prazerosa é direito de todos e se 
configura como modo de tornar a vida menos enfadonha e de recarregar 
as energias despendidas durante horas de trabalho.
Já Silva (2014, p. 186-187) assim expõe:
lazer e recreação são funções urbanísticas, daí porque são manifestações 
do direito urbanístico. Sua natureza social decorre do fato de que 
constituem prestações estatais que interferem com as condições de 
trabalho e com a qualidade de vida, donde sua relação com o direito 
ao meio ambiente sadio e equilibrado. ‘Lazer’ é entrega à ociosidade 
repousante. ‘Recreação’ é entrega ao divertimento, ao esporte, ao 
brinquedo. Ambos se destinam a refazer as forças depois da labuta 
diária e semanal. Ambos requerem lugares apropriados, tranquilos, 
repletos de folguedos e alegrias.
O direito ao lazer é compreendido como um elemento fundamental para a 
melhoria da qualidade de vida dos seres humanos, pois necessitamos de momentos 
de descanso, repouso ou folga de nossas atividades laborativas de tempos em 
tempos, para nos revigorar para o retorno ao trabalho.
Nesse sentido, Sales e Pachú (2015, p. 39) complementam expondo que 
o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA também prevê no artigo 
4º como dever da família, da comunidade, da socie dade em geral e do 
poder público a efetivação do direito ao lazer. No artigo 59 determina 
que os municípios, com apoio dos Estados e União, devem estimular e 
facilitar espaços e recursos para promoção do lazer. 
Ou seja, a família, a comunidade, os entes federativos, devem oferecer 
momentos e possibilidades de esporte, cultura e lazer à sua população, 
desenvolvendo projetos sociais que estimulem a promoção do lazer, principalmente 
os municípios deveriam elaborar um programa de oferta de momentos de lazer 
para a sua população. Sabe-se que muitos municípios brasileiros o fazem, como 
também há muitos municípios que estão longe dessa garantia constitucional.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
145
Assim sendo, segundo Sales e Pachú (2015, p. 39), 
o lazer requer do homem tempo livre de obrigações cotidianas, 
possibilitando usufruto de forma prazerosa do tempo. É direito que 
dignifica o homem, promove a socialização do indivíduo, fontes de 
criação artística e pensamento filosófico, devendo assim ser efeti vado 
e, para tanto, é necessário cooperação e incentivo do poder público e 
da sociedade.
Prezado acadêmico, para finalizar nossas discussões, convido você a 
verificar no quadro a seguir mais alguns aspectos importantes do direito ao lazer.
QUADRO 40 – ASPECTOS IMPORTANTES DO DIREITO AO LAZER
ASPECTOS IMPORTANTES DO DIREITO AO LAZER
→ Toda pessoa possui o direito de ter contato com a natureza e com as diferentes formas de 
expressão da cultura humana, como a arte, música, literatura, esportes etc.
→ Isto significa que, além de descanso, para recuperar a energia gasta com o trabalho, as 
pessoas também precisam de tempo para se dedicar a atividades culturais e de lazer. 
→ A participação nestas atividades contribui tanto para o desenvolvimento pessoal como para 
uma boa saúde física e mental.
FONTE: Adaptado de: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=574&Itemid=64>. Acesso em: 12 jun. 2016.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo XXVII, parágrafo 1, 
“todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de 
fruir das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios” (ONU, 2009, p. 14-15).
2.7 DIREITO À SEGURANÇA 
Prezado acadêmico, segundo Cunha (2011, p. 113), o direito à segurança 
denota “o direito ao exercício seguro dos direitos, sem ameaças ou agressões”, 
este direito é considerado mais um direito social dos seres humanos, pois assim 
possibilita aos cidadãos poderem exercer seus direitos plenamente.
Por conseguinte, vale salientar que:
O direito à segurança também aparece no caput do art. 5º. Porém, a 
previsão no art. 6º tem sentido diverso daquela no art. 5º. Enquanto lá 
está ligada à ideia de garantia individual, aqui, no art. 6º, aproxima-se 
IMPORTANT
E
146
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
do conceito de segurança pública, que, como dever do Estado, aparece 
como direito e responsabilidade de todos, sendo exercida, nos termos do 
art. 144,caput, para a preservação da ordem pública e da incolumidade 
das pessoas e do patrimônio (LENZA, 2014, p. 1.185). 
Aqui estamos falando, portanto, da segurança pública, a qual deve 
ser garantida por intermédio das políticas públicas e sociais, tanto no âmbito 
municipal, estadual ou federal.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, assim 
expõe: 
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade 
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal; 
III – polícia ferroviária federal; 
IV – polícias civis; 
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares (BRASIL, 2012, 
p. 88). 
Como expressa o supracitado artigo constitucional, a segurança pública 
também é de responsabilidade de toda a coletividade social, ou seja, do povo. 
Pois possuímos a prerrogativa de mantermos a ordem social e respeitarmos a 
propriedade e as relações sociais.
Artigo III: Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
 
Artigo V: Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano 
ou degradante. 
 
Artigo IX: Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
 
Artigo X: Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência 
por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres 
ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
FONTE: Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 2009)
Prezado acadêmico, vejamos agora mais alguns aspectos importantes 
referentes ao direito à segurança e justiça. 
IMPORTANT
E
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
147
QUADRO 41 – ASPECTOS IMPORTANTES DO DIREITO À SEGURANÇA E JUSTIÇA
ASPECTOS IMPORTANTES DO DIREITO À SEGURANÇA E JUSTIÇA
EXISTÊNCIA 
DE 
CONFLITOS
→ A existência de conflitos é fato comum e que acontece em todas as sociedades 
humanas. 
→ Para prevenir e mediar esses conflitos, praticamente todas as CULTURAS 
CRIAM REGRAS, NORMAS E LEIS QUE DETERMINAM O QUE É CERTO E 
ERRADO, além de qual será a sanção para aqueles que desobedecem. 
→ As regras existem para proteger as pessoas e garantir que uma sociedade 
funcione de maneira equilibrada.
DIREITO À 
SEGURANÇA
→ Segundo as leis brasileiras e tratados internacionais, TODAS AS PESSOAS 
DEVEM TER DIREITO À SEGURANÇA, o que significa que as pessoas devem 
ter o direito de se sentirem confortáveis, tranquilas, sem medos e ameaças 
constantes. 
→ A garantia do direito à segurança leva à proteção de outros direitos, por 
exemplo:
 o de ir e vir (sem medo de passar por determinados locais);
 direito de proteção da intimidade e da liberdade (sem monitoramentos 
constantes); e 
 o direito de proteção da integridade física e psicológica (sem ameaças e sem 
violência). 
INSTITUIÇÕES 
DE 
SEGURANÇA 
E JUSTIÇA
→ O direto à segurança NÃO SIGNIFICA O FIM DE TODOS OS CONFLITOS, 
AMEAÇAS E VIOLÊNCIA, mas sim a existência de instituições confiáveis e 
que busquem prevenir de maneira eficiente esses episódios e agir de forma 
equilibrada e justa quando algo acontece. 
→ AGIR COM JUSTIÇA significa reconhecer e respeitar os direitos de todos, 
agindo de maneira imparcial e equilibrada. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=830&Itemid=53>. Acesso em: 12 jun. 2016.
Para finalizar nossas discussões relativas ao direito à segurança, vale 
ressaltar aqui quais são as instituições brasileiras que estão à frente da garantia, 
desenvolvimento e aplicabilidade da segurança e justiça nacional, vejamos:
QUADRO 42 – INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA E JUSTIÇA
INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA E JUSTIÇA
No nosso país, a aplicação das regras e a proteção das pessoas são garantidas pelas instituições de 
segurança e justiça. Em linhas gerais, estas instituições são representadas pelas:
POLÍCIAS
→ São responsáveis por controlar o crime, prevenir a desordem e garantir que 
os direitos das pessoas sejam respeitados. 
→ As polícias atuam no que seria a “ponta” do sistema de segurança e justiça, 
trabalhando na prevenção e investigação de crimes, intermediando conflitos e 
agindo em casos de calamidade pública.
M I N I S T É R I O 
PÚBLICO
→ São responsáveis por acompanhar o trabalho da polícia e, quando 
consideram que houve um crime e que existem provas suficientes, denunciam 
o caso a um juiz. 
→ A partir da denúncia, o Ministério Público passa a agir como um “advogado 
de acusação”, trabalhando para que a lei seja aplicada e para que o responsável 
pelo crime seja punido.
148
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
JUSTIÇA ou o 
Poder Judiciário
→ São responsáveis por intermediar as disputas entre as pessoas, decidindo 
quem tem direito ou não a alguma coisa, quem deve cumprir uma obrigação e 
quem é culpado ou inocente. 
→ A função do Judiciário é garantir os direitos das pessoas e promover a justiça 
por meio da aplicação da lei.
DEFENSORIA 
PÚBLICA
→ É responsável por oferecer assistência jurídica a todos os cidadãos que não 
podem pagar por um advogado, acompanhando o caso do começo ao fim do 
processo, sem qualquer custo.
S I S T E M A 
PRISIONAL
→ As instituições que compõem o sistema prisional atuam nos casos em que 
a justiça determina a suspensão da liberdade de uma pessoa que cometeu um 
crime. 
→ A tarefa dessas instituições é garantir que as penas sejam cumpridas em 
estabelecimentos que separem os presos por idade, sexo e delito cometido, 
além de garantir sua dignidade e reintegração à sociedade.
FONTE: Adaptado de: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_
content&view=article&id=830&Itemid=53>. Acesso em: 12 jun. 2016.
2.8 DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL 
Prezado acadêmico, agora lhe apresentaremos um pouco do direito à 
previdência social que todos nós, cidadãos brasileiros, temos direito. Nesse 
sentido, Sales e Pachú (2015, p. 40) expõem que “o direito à previdência social 
previsto na Constituição brasileira como direito social, disciplinado nos artigos 
201 e 202 da Carta política, em conjunto com saúde e assistência social, constituem 
a Seguridade Social”, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir:
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
149
Capítulo II – Da Seguridade Social
Seção III – Da Previdência Social (arts. 201 e 202)
A r t . 
201
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo 
e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e 
atenderá, nos termos da lei, a: (EC nº 20/98, EC nº 41/2003 e EC nº 47/2005)
 I. cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
 II. proteção à maternidade, especialmente à gestante;
 III. proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
 IV. salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
 V. pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e 
dependentes, observado o disposto no § 2º.
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos 
beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob 
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados 
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do 
segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. 
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente 
atualizados, na forma da lei.
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o 
valor real, conforme critérios definidos em lei.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, 
de pessoaparticipante de regime próprio de previdência.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do 
mês de dezembro de cada ano.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas 
as seguintes condições:
 I. trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;
 II. sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido 
em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas 
atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o 
pescador artesanal.
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para 
o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na 
Educação Infantil e no Ensino Fundamental e Médio.
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na 
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes 
de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente 
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito 
de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de 
baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no 
âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso 
a benefícios de valor igual a um salário-mínimo.
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e 
carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social.
QUADRO 43 – CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL: SEÇÃO III – DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
(ARTS. 201 E 202)
150
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
A r t . 
202
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma 
autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na 
constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar 
(EC nº 20/98).
§ 1º A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de 
benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão 
de seus respectivos planos.
§ 2º As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos 
estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não 
integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios 
concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de 
economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na 
qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou 
Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas 
controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de 
previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência privada.
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às 
empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, 
quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada. 
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4º deste artigo estabelecerá os requisitos para a 
designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e 
disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus 
interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
FONTE: Adaptado de Brasil (2012)
Por conseguinte, a seguridade social é “um sistema de direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social, e as ações destinadas a assegurá-los” 
(CUNHA, 2011, p. 266).
Segundo Silva (2014, p. 187), a previdência social 
é um conjunto de direitos relativos à seguridade social. Como 
manifestação desta, a previdência tende a ultrapassar a mera concepção 
de instituição do Estado-providência (Welfare State), sem, no entanto, 
assumir características socializantes — até porque estas dependem mais 
do regime econômico do que do social. 
Deste modo, a previdência é compreendida como a “virtude daquele 
que previne”, (CUNHA, 2011, p. 227), assim, o Estado desenvolveu mecanismos 
de prevenção e garantia aos trabalhadores, pois a previdência social, segundo 
Cunha (2011, p. 228), pode ser compreendida como um “sistema que garante ao 
trabalhador benefícios substitutivos da remuneração em casos de inatividade ou 
incapacidade”.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
151
Sales e Pachú (2015, p. 40, grifo nosso) complementam esta discussão 
expondo que 
a previdência social como seguro social, mediante contribui-
ções previdenciárias, objetiva substituir a renda do trabalhador 
contribuinte quando este se encontrar incapacitado ao trabalho, 
por idade avançada ou por doença. Assim, auxilia na subsistência do 
trabalhador, concedendo direitos aos segurados.
Assim, segundo Sales e Pachú (2015, p. 40-41), 
dentre os benefícios oferecidos aos contribuintes e seus depen dentes, 
apresentam-se: aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, 
aposentadoria por tempo de contribuição, aposentado ria especial, 
auxílio doença, auxílio-reclusão, pensão por morte, salário-maternidade, 
salário-família e auxílio acidente. Como executor, o Instituto Nacional 
do Seguro Nacional (INSS), autarquia federal responsável pela aplicação 
das políticas da previdência social.
Prezado acadêmico, vale salientar que na disciplina de Políticas Sociais da Saúde 
e Previdência Social será estudada mais detalhadamente a questão deste direito social da 
Previdência Social.
2.9 DIREITO À PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA 
Prezado acadêmico, no que tange ao direito à proteção à maternidade e 
à infância, segundo o art. 227 da Constituição da República Federativa do Brasil, 
é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e 
ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 2012, p. 128-129). 
Ou seja, as crianças e adolescentes possuem a prerrogativa da proteção do 
Estado desde a sua concepção.
Este direito também é consagrado pelo art. XXV da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1948, o qual assim expõe: “A maternidade e a 
infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas 
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social” (ONU, 2009, p. 
13). Ou seja, a proteção à maternidade é indiscutivelmente consagrada como um 
direito social.
UNI
152
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Assim, segundo Sales e Pachú (2015, p. 41), “a proteção à maternidade e 
à infância são direitos previstos na Constituição Federal necessitando de ampla 
efetivação. Primeiro, por lidar efetivamentecom duas vidas: a da mãe, a qual já 
desempe nha um papel social, e a do filho, futuro cidadão”. 
Ainda segundo Sales e Pachú (2015, p. 41), “a proteção à maternidade 
está relacionada ao acesso às consul tas e tratamentos adequados para regular a 
manutenção da gravidez. Com isso, o sistema de saúde deve fornecer assistência 
às gestantes como também aos bebês. Nesse sentido, têm direito a parto digno, 
assegurando tanto a segurança da mãe, quanto a do filho”.
Vale ressaltar que, segundo Lenza (2014, p. 1.186), “a proteção à 
maternidade aparece tanto como natureza de direito previdenciário (art. 201, 
II) como de direito assistencial (art. 203, I)”. Esses conceitos serão estudados nas 
disciplinas de Políticas Sociais da Assistência Social e Políticas Sociais da Saúde 
e Previdência Social.
2.10 DIREITO DE ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS
Prezado acadêmico, agora estudaremos um pouco sobre o direito de 
assistência aos desamparados. Segundo Lenza (2014, p. 1.187), “o direito social de 
assistência aos desamparados é materializado nos termos do art. 203, que estabelece 
que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente 
de contribuição à seguridade social”.
De acordo com Lenza (2014, p. 1.187), “além disso, nos termos do art. 204, as 
ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos 
do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes”.
Vejamos agora como a Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988 trata da questão da assistência social em seus artigos.
QUADRO 44 – CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL: SEÇÃO IV – DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
(ARTS. 203 E 204)
Capítulo II – Da Seguridade Social
Seção IV – Da Assistência Social (arts. 203 e 204)
Art. 203
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente 
de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
 I. a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
 II. o amparo às crianças e adolescentes carentes;
 III. a promoção da integração ao mercado de trabalho;
 IV. a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária;
 V. a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora 
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
TÓPICO 3 | DOS DIREITOS SOCIAIS
153
Art. 204
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com 
recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras 
fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: (EC nº 42/2003)
 I. descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as 
normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas 
às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência 
social;
 II. participação da população, por meio de organizações representativas, na 
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de 
apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária 
líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
 I. despesas com pessoal e encargos sociais;
 II. serviço da dívida;
 III. qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos 
investimentos ou ações apoiados.
FONTE: Adaptado de Brasil (2012)
Enfim, segundo Sales e Pachú (2015, p. 43), “a assistência aos desamparados 
está relacionada à dignidade dos seres humanos. Para tanto, sua efetivação requer 
a assistência de outros direitos sociais, como saúde de qualidade, moradia digna, 
entre outros. É um direito fundamental e, portanto, indispensável sua concreta 
efetivação”.
Prezado acadêmico, vale salientar que na disciplina de Políticas Sociais da 
Assistência Social será estudada mais detalhadamente a questão deste direito social da 
assistência social.
3 A “PEC DA FELICIDADE” — PEC Nº 513/2010 -CD E 
PEC Nº 19/2010 -SF
Prezado acadêmico, para finalizar nossas discussões relativas aos direitos 
sociais, trabalharemos agora a questão da busca da felicidade.
Nesse sentido, os direitos sociais brasileiros estampados no art. 6° 
da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 vêm sedimentar 
alguns direitos que são essenciais à busca da felicidade de todos os cidadãos 
brasileiros ou estrangeiros que estiverem no território nacional, vejamos: “Art. 
6º São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição” (BRASIL, 2012, p. 18). Todos os direitos sociais supracitados e 
UNI
154
UNIDADE 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
abordados nos itens anteriores destes tópicos são essenciais para que o ser humano 
possa conquistar a sua felicidade e, assim, melhores de condições de vida, ou seja, 
a garantia de uma vida digna e feliz.
Este preceito constitucional da felicidade também é abordado em diversos 
documentos pelo mundo, conforme demonstrado no quadro a seguir.
QUADRO 45 – DOCUMENTOS IMPORTANTES QUE TRATAM DA FELICIDADE 
DOCUMENTOS IMPORTANTES QUE TRATAM DA FELICIDADE
Declaração de Direitos 
da Virgínia (EUA, 
1776):
→ Outorgava-se aos homens o direito de buscar e conquistar a felicidade.
Declaração dos 
Direitos do Homem e 
do Cidadão (França, 
1789):
→ Primeira noção coletiva de felicidade, determinando-se que as 
reivindicações dos indivíduos sempre se voltarão à felicidade geral.
Preâmbulo da Carta 
Francesa de 1958:
→ Consagra a adesão do povo francês aos Direitos Humanos consagrados 
na Declaração de 1789, dentre os quais se inclui, à toda a evidência, a 
felicidade geral ali preconizada.
Reino do Butão:
→ Estabelece, como indicador social, um Índice Nacional de Felicidade 
Bruta (INFB), mensurado de acordo com indicadores que envolvem bem-
estar, cultura, educação, ecologia, padrão de vida e qualidade de governo, 
determinando o artigo 9º daquela Constituição o dever do Estado de 
promover as condições necessárias para o fomento do INFB.
Constituição do Japão:
→ O art. 13 determina que todas as pessoas têm direito à busca pela 
felicidade, desde que isso não interfira no bem-estar público, devendo 
o Estado, por leis e atos administrativos, empenhar-se na garantia às 
condições por atingir a felicidade.
Carta da Coreia do 
Sul:
→ O art. 10 estabelece que todos têm direito a alcançar a felicidade, 
atrelando esse direito ao dever do Estado em confirmar e assegurar os 
direitos humanos dos indivíduos.
FONTE: Adaptado de Lenza (2014)
Como leitura complementar sugerimos os livros:
MENDONÇA, Ana Maria 
Ávila. Estado e direitos 
sociais no Brasil: entre 
a modernidade e o 
retrocesso. Maceió: 
EDUFAL, 2009. 
SPOSATI, Aldaíza; 
CARVALHO, Maria do 
Carmo Brant; FLEURY, 
Sônia Maria Teixeira. 
Os direitos dos 
desassistidos sociais. 
7. ed. São Paulo: Cortez, 
2012.
DICAS
155
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos acerca dos direitos sociais, suas concepções, 
elementos, características, fundamentos e objetivos, no qual foram abordados 
os seguintes itens:
• Os direitos sociais surgiram para garantir uma mínima qualidade de vida a todos 
os cidadãos.
• A Constituição do Brasil de 1988 foi consagrada como uma “Constituição 
Cidadã”, pois traz em seu âmago os direitos sociais brasileiros, expondo no seu 
art. 6° que “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” 
(BRASIL, 2012, p. 18).
• A educação deve estar disponível para toda a população, e deve ter um padrão dequalidade aceito por todos e se adaptar aos mais variados grupos de estudantes.
• O direito à educação não pode ser compreendido como o mero fato de poder ir 
estudar e de estar frequentando a escola, a educação é muito mais do que isso, 
ela denota um ensino de qualidade, e que possa assim promover a ampliação e o 
desenvolvimento do conhecimento, como também das habilidades e competências 
do ser humano.
• O direito à educação está conectado com os demais direitos humanos.
• O direito à saúde também é um dos direitos fundamentais de todos os seres 
humanos, o Estado tem o dever de desenvolver ações que possibilitem promover, 
proteger e recuperar a saúde de sua população.
• A alimentação deve ser adequada e necessária para a sobrevivência dos seres 
humanos.
• As esferas municipais, estaduais e federais possuem a prerrogativa de desenvolver 
políticas públicas e sociais que possam garantir a efetivação deste direito na 
prática, ou seja, fazer com que a população menos favorecida possa usufruir 
plenamente o direito de ter uma alimentação digna e adequada para a sua própria 
subsistência.
• O direito à alimentação adequada é um direito fundamental para todos os 
cidadãos brasileiros, como também para os estrangeiros que estiverem no 
território nacional.
156
• O direito ao trabalho é considerado um direito fundamental de exercer atividade 
profissional, independentemente da área profissional escolhida. 
• O artigo 7° da Constituição do Brasil de 1988 nos apresenta os direitos dos 
trabalhadores, tanto urbanos como rurais, além de apresentar também outros 
direitos relativos ao trabalho para que assim possa proporcionar aos cidadãos 
brasileiros e aos estrangeiros que estiverem no território nacional uma melhoria 
significativa em suas condições de vida.
• Todos os cidadãos brasileiros, como também os estrangeiros que estejam residindo 
no Brasil, possuem o direito de adquirir ou utilizar imóvel para sua habitação e 
domicílio, seja individual ou coletivamente.
• A moradia é compreendida como o prédio, o apartamento, a casa, a habitação ou 
o espaço territorial e habitacional que o ser humano utiliza para viver e conviver 
com seus familiares. 
• O domicílio é o lugar físico e subjetivo em que o homem possui a segurança para 
viver e exercer suas atividades com os seus familiares. 
• A residência, por sua vez, é compreendida como o espaço territorial no qual o 
homem vive e convive com sua família e amigos.
• Todos os cidadãos possuem o direito de ter um padrão de vida digna e respeitada, 
e nesse preceito se inclui a questão da moradia também, pois entende-se que 
os seres humanos, para poderem proporcionar para si e para sua família 
plenas condições de sobrevivência e bem-estar, se faz necessário, além de uma 
alimentação saudável, um lugar para residir com sua família, e que esse lugar 
possa ser digno de moradia humana.
• Um dos direitos sociais consagrados na Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 é o lazer ou momento de descanso de sua população. 
• O direito ao lazer é compreendido como um elemento fundamental para 
a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos, pois necessitamos de 
momentos de descanso, repouso e folga de nossas atividades laborativas de 
tempos em tempos, para nos revigorar para o retorno ao trabalho.
• A família, a comunidade, os entes federativos, devem oferecer momentos e 
possibilidades de esporte, cultura e lazer à sua população, desenvolvendo 
projetos sociais que estimulem a promoção do lazer, principalmente os municípios 
deveriam elaborar um programa de oferta de momentos de lazer para a sua 
população. Sabe-se que muitos municípios brasileiros o fazem, como também 
há muitos municípios que estão longe dessa garantia constitucional.
157
• O direito à segurança denota “o direito ao exercício seguro dos direitos, sem 
ameaças ou agressões” (CUNHA, 2011, p. 113), esse direito é considerado mais 
um direito social dos seres humanos, pois assim possibilita aos cidadãos poderem 
exercer seus direitos plenamente.
• A segurança pública deve ser garantida por intermédio das políticas públicas e 
sociais, tanto no âmbito municipal, estadual ou federal.
• A segurança pública também é de responsabilidade de toda a coletividade 
social, ou seja, do povo, pois possuímos o dever de mantermos a ordem social e 
respeitarmos a propriedade e as relações sociais.
• Todos nós, cidadãos brasileiros, temos direito à previdência social. 
• O direito à proteção à maternidade e à infância está garantido no art. 227 da 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
• As crianças e adolescentes possuem a prerrogativa da proteção do Estado desde 
a sua concepção.
• A Constituição do Brasil de 1988 trata da questão da assistência social em seus 
artigos 203 e 204.
• Os direitos sociais brasileiros estampados no art. 6° da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988 vêm sedimentar alguns direitos que são essenciais 
para a busca da felicidade de todos os cidadãos brasileiros ou estrangeiros que 
estiverem no território nacional.
• Todos os direitos sociais são essenciais para que o ser humano possa conquistar 
a sua felicidade e, assim, melhores de condições de vida, ou seja, a garantia de 
uma vida digna e feliz.
158
AUTOATIVIDADE
A seguridade social brasileira envolve tanto a saúde, como a 
previdência e a assistência social. Nesse sentido, a assistência social 
é designada para a realização do amparo social à população menos 
favorecida, possibilitando a melhoria de suas condições de vida, 
proporcionando a ampliação de direitos e a promoção da dignidade da pessoa 
humana. Assim, sob esta perspectiva, convido você a fazer uma reflexão crítica 
sobre a assistência social brasileira, realizando uma análise da prestação dos 
serviços socioassistenciais do Estado, no sentido de refletir até que ponto e por 
quanto tempo devemos prestar esses serviços à população mais necessitada, no 
intuito de compreendermos seus efeitos sociais e econômicos.
159
UNIDADE 3
RECONHECIMENTO DA 
CIDADANIA COMO PROCESSO DE 
PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• reconhecer que o processo de cidadania só é efetivo quando os direitos 
sociais são garantidos;
• comprender que todo cidadão tem direito de fazer parte das discussões 
políticas através dos conselhos de direito;
• demonstrar que todo cidadão é livre para fazer parte dos conselhos de 
direito, ressaltando que estes são constituídos por segmentos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encontra-
rá atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – A CIDADANIA, A PARTIPAÇÃO E A GARANTIA DE 
 DIREITOS 
TÓPICO 2 – O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA 
 DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS 
 CONSELHOS
 
TÓPICO 3 – O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES 
 ÉTICAS
160
161
TÓPICO 1
A CIDADANIA, A PARTICIPAÇÃO E A 
GARANTIA DE DIREITOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A conquista de direitos sociais é um processo lento e gradual, resultado 
dos movimentos sociais e da luta de classes. Por isso, quando se fala em cidadania, 
é possível identificar que se refere ao procedimento amplo, pois faz parte da 
diversidade sociocultural da sociedade.
Ao contrário do que se tinha em mente, no senso comum, esse processo se 
remete à ideia de benefício em que o acesso aos direitos era uma opção de escolha 
que pretendia ou não beneficiar alguém. 
Nas palavras de Nicola Matteucci (2004 apud RIBEIRO, 2016), o 
paternalismo “se trata de uma política autoritária e benévola, uma atividade 
assistencial em favor do povo, exercida desde o alto, com métodos meramente 
administrativos, que por outro lado servirão somente para acalmar os ânimos de 
uma pressão popular”.
 
Esse entendimento nos faz refletir sobre a modalidade de troca, que vem 
sendo condenada na atualidade, porémainda acontece de maneira fragilizada em 
localidades menores.
Com a mudança de concepção, o processo de alcance da cidadania passa 
a reconhecer o cidadão como possuidor de direitos, não mais apenas detentor de 
deveres. 
2 A CIDADANIA E A GARANTIA DE DIREITOS
Prezado acadêmico, ao falarmos sobre o conceito de cidadania, identificamos 
a diminuição do poder do Estado e a fragilidade das políticas públicas. A sociedade 
civil passa a se organizar e a responder pelas necessidades sociais negligenciadas 
pelo Estado, mas necessárias para a qualidade de vida da população.
O conceito de cidadania vem se transformando, segundo Melo (2014, p. 4): 
O conceito de cidadania passou a ser vinculado não apenas à participação 
política, representando um direito do indivíduo, mas também o 
dever do Estado em ofertar condições mínimas para o exercício desse 
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
162
direito, incluindo, portanto, a proteção ao direito à vida, à educação, à 
informação, à participação nas decisões públicas.
A cidadania passa por uma perspectiva em que o cidadão não é apenas 
aquele que vota, mas que possui todos os meios para exercer o voto de forma 
consciente e participativa. A cidadania é a condição de acesso aos direitos sociais 
(educação, saúde, segurança e previdência) e econômicos (salário justo, emprego), 
possibilitando que o cidadão desenvolva suas potencialidades, buscando a 
construção de uma vida coletiva, ativa e democrática (BONAVIDES; MIRANDA; 
AGRA, 2009 apud MELO, 2013).
Prezado acadêmico, reveja a discussão relativa ao conceito e às características 
da cidadania que foram abordadas na Unidade 2 deste caderno de estudos, mais precisamente 
no Tópico 1: Os princípios fundamentais da Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988, item 4.2, que trata da cidadania.
Prezado acadêmico, a partir da Constituição de 1988 foi instituído o sufrágio 
universal, voto para escolher os ocupantes de cargos públicos. O sufrágio universal 
significa que todo o cidadão, dentro das normas legais, tem direito a votar e ser 
votado (PINTO, 2016).
 A possibilidade de participação política foi uma vitória na democracia 
representativa, já que todos os cidadãos com mais de 16 anos, homens ou mulheres, 
têm o direito e o dever legal de escolher seu representante através do voto.
Prezado acadêmico, releia a leitura complementar intitulada: A democracia em 
pauta, no Tópico 1 da Unidade 2 deste caderno de estudos, que trata da democracia em si.
A participação da sociedade no planejamento, execução e fiscalização das 
ações das políticas públicas torna os cidadãos corresponsáveis, portanto, parte 
importante para a continuidade da democracia. 
Em meio à ascensão de direitos, encontramos a chamada “cidadania 
regulada”, a qual teve seu auge durante o período militar de 1964. Sendo que a 
conquista de direitos é cerceada por uma lógica ditatorial, onde o principal direito 
à liberdade foi negado pelos governantes. E seu descumprimento era punido de 
maneira violenta. 
UNI
UNI
TÓPICO 1 | A CIDADANIA, A PARTIPAÇÃO E A GARANTIA DE DIREITOS
163
A Constituição Federal de 1988 foi outro marco na questão do acesso aos 
direitos, pois foi esse documento que normatizou e regulamentou todo o processo 
político e administrativo do Brasil. 
Com a impossibilidade do Estado em responder a todas as demandas 
sociais, a sociedade civil passa a responder por várias expressões da questão social, 
como uma estratégia de minimizar e superar algumas situações vivenciadas na 
sociedade. 
Nesse sentido é possível destacar que o funcionamento dos conselhos de 
políticas públicas em todas as suas esferas tem como primazia a defesa e a garantia 
de direitos (RAICHELIS, 2000).
Essa participação nos conselhos oportuniza à sociedade civil reconhecer 
os movimentos de formulação e reformulação das políticas públicas, bem como 
ampliar e estabelecer novos objetivos.
Prezado acadêmico, quando se fala em cidadania, se fala em acesso a 
direitos sociais e na satisfação das necessidades individuais e coletivas. Sendo 
assim, na sociedade criam-se instrumentos nos quais a sociedade civil, por meio de 
representações dos conselhos, monitora e fiscaliza as políticas públicas.
Conforme Raichelis (2006, p. 110), os conselhos são “arranjos institucionais 
inéditos, uma conquista da sociedade civil para imprimir níveis crescentes de 
democratização às políticas públicas e ao Estado que, em nosso país, têm forte 
trajetória de centralização e concentração de poder”. 
Situação reconhecida também por Gomes (2000, p. 166), o qual afirma que 
os conselhos são
Considerados condutos formais de participação social, 
institucionalmente reconhecidos, com competências definidas em 
estatuto legal, com o objetivo de realizar o controle social de políticas 
públicas setoriais ou de defesa de direitos de segmentos específicos. Sua 
função é garantir, portanto, os princípios da participação da sociedade 
no processo de decisão, definição e operacionalização das políticas 
públicas, emanados da Constituição. Ou seja: são instrumentos criados 
para atender e cumprir o dispositivo constitucional no que tange ao 
controle social dos atos e decisões governamentais. 
Nesse sentido, podemos compreender que cidadania não é apenas a 
conquista de forma legal dos direitos que um cidadão passará a ter, cidadania é a 
forma mais pura e concreta de realização dos seus direitos, essa cidadania passa a 
ser conquistada pela capacidade e o processo de organização da sociedade.
A ampliação dessa terminologia cidadania favoreceu a sociedade, na 
medida em que possibilitou o acesso aos direitos até então restritos a parcelas 
específicas da população.
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
164
Ampliação dos direitos:
• sociais; 
• civis;
• políticos.
Para exemplificar esse conteúdo nos reportaremos a Marshall (1967), que 
nos esclarece que o acesso à cidadania e a cada direito tem representação social 
diferente:
QUADRO 46 – O ENTENDIMENTO SOBRE O DIREITO E SUA REPRESENTATIVIDADE 
DIREITO REPRESENTAÇÃO
CIVIL Representa o direito de FAZER ESCOLHAS, como o direito de ir e vir. 
POLÍTICO 
A garantia desse direito está ligada diretamente à LIVRE EXPRESSÃO, 
seja:
• RELIGIOSA, 
• CULTURAL,
• POLÍTICA.
Oportunizando a todas as pessoas o direito de votar e ser votado, 
independentemente de sua escolha político-partidária ou não. 
SOCIOECONÔMICO 
Direitos sociais referem-se à possibilidade que o sujeito tem de ter 
suas necessidades básicas atendidas, seja de maneira parcial ou 
integral. 
FONTE: Adaptado de Marshall (1967)
Prezado acadêmico, sempre que um dos direitos não é cumprido, nos 
referimos a ele como um direito negado. Na visão de Covre (2006), “se considerarmos 
governos tirânicos e ditatoriais, por exemplo, o regime militar de 1964, quando 
tivemos nossos direitos civis negados, pode-se dizer que nestes períodos históricos 
estávamos proibidos de exercer nossa cidadania”.
Esse movimento limitou o poder de escolha e tornou o indivíduo totalmente 
vulnerável a seus governantes.
O sistema capitalista favorece a negligência e a insatisfação das necessidades 
básicas, pois segue a lógica econômica que identifica o sujeito a partir de suas 
condições de consumo. 
Essa lógica impede que o sujeito sane essas fragilidades sozinho, 
necessitando do apoio das políticas públicas e sua inserção em projetos sociais, 
implantados pelo Estado, que, por sua vez, não suprem a demanda e não oferecem 
nenhuma alternativa ou condição a essa situação de vulnerabilidade vivenciada. 
Deixando o cidadão à mercê de suas próprias escolhas e condições.
TÓPICO 1 | A CIDADANIA, A PARTIPAÇÃO E A GARANTIA DE DIREITOS
165
Sugestão de filme: Flor do deserto (Sherry Hormann, 2009). 
Sinopse: aos 13 anos, Waris Dirie fugiu de sua aldeia no interior da Somália 
para escapar de um casamento arranjado. Enviada a Londres, trabalha como 
empregada na embaixada daSomália. Quando adulta, vira modelo mas 
permanece nela uma marca da sua infância: a mutilação genital, uma das 
maiores agressões – ainda legal em muitos países – às mulheres no mundo.
FONTE: Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/reportagens/16-
filmes-para-debater-os-direitos-das-mulheres/>. Acesso em: 31 out. 2016.
DICAS
166
Neste tópico vimos que:
• A conquista de direitos sociais é, em parte, resultado dos movimentos sociais.
• Direitos eram compreendidos como benefício, por isso que a questão política 
ainda tem essa conotação em algumas localidades.
• No reconhecimento da cidadania entende-se o cidadão como possuidor de 
direitos, não mais apenas detentor de deveres. 
• O conceito de cidadania passou a ser vinculado não apenas à participação política, 
mas também o dever do Estado em ofertar condições mínimas para o exercício 
de direito.
• A Constituição Federal de 1988 normatizou e regulamentou todo o processo 
político e administrativo do Brasil. 
• A partir da Constituição de 1988, todo cidadão, dentro das normas legais, tem 
direito a votar e ser votado. 
• A participação da sociedade no planejamento, execução e fiscalização das ações 
das políticas públicas torna o cidadão corresponsável.
• Com a impossibilidade do Estado em responder a todas as demandas sociais, a 
sociedade civil passa a responder por várias expressões da questão social, por 
essa razão destacamos o funcionamento dos conselhos de políticas públicas em 
todas as suas esferas.
• A participação nos conselhos oportuniza à sociedade civil reconhecer os 
movimentos de formulação e reformulação das políticas públicas.
• O acesso à cidadania possibilitou a ampliação dos direitos sociais, civis e políticos.
• Na contemporaneidade o conceito de cidadania se amplia com a ideia de garantia 
de direitos sociais, onde estes se tornam conquistas da população. 
• Os direitos são efetivos quando respondidos na sua integralidade. 
• A cidadania é reconhecida como o acesso a direitos sociais e a satisfação de 
necessidades individuais e coletivas. 
RESUMO DO TÓPICO 1
167
Preste bastante atenção nas autoatividades sugeridas, elas facilitarão a 
assimilação dos conteúdos, bem como sua compreensão em relação aos 
assuntos propostos nesse tópico.
1 (ENADE 2004) A clássica concepção de cidadania social considera 
direito do cidadão e dever do Estado o trabalho, a moradia, a 
educação, a saúde, a cultura e a segurança social, bem como a 
garantia pública de condições mínimas de vida para todos. Com 
base nessa concepção, conclui-se que os direitos sociais:
a) ( ) São distintos dos direitos individuais, exigindo, à diferença destes, o 
compromisso social do Estado e a mediação de políticas públicas na satisfação 
de necessidades coletivas. 
b) ( ) São um desdobramento dos direitos civis, constituindo um reforço à 
autonomia do cidadão de ir e vir, de pensamento e fé, bem como de firmar 
contratos e exigir proteção social particular. 
c) ( ) São uma extensão dos direitos políticos, com vista a garantir ao cidadão 
a participação no poder político, na definição de políticas públicas e na 
escolha de seus governantes. 
d) ( ) Baseiam-se no princípio da liberdade, tendo em vista o fortalecimento da 
capacidade de escolha e de decisão do cidadão na provisão de seu bem-estar. 
e) ( ) Baseiam-se no princípio do empoderamento, que requer ausência de 
coações e, consequentemente, inexistência de domínio de uns sobre outros 
ou de um poder que constranja o cidadão.
2 (ENADE 2007) Considerando que a cidadania moderna compõe-
se, tradicionalmente, de três ordens de direitos, assinale aqueles 
que, no decurso do século XX, foram os que mais tardiamente 
ingressaram na agenda pública brasileira.
a) ( ) Direitos humanos.
b) ( ) Direitos civis.
c) ( ) Direitos sociais.
d) ( ) Direitos políticos.
e) ( ) Direitos de expressão.
AUTOATIVIDADE
168
169
TÓPICO 2
O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO 
ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO 
DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, na contemporaneidade o conceito de cidadania se 
amplia com a ideia de garantia de direitos sociais, onde estes se tornam conquistas 
da população. 
A lógica do mercado ainda resiste em aceitar a lógica do direito, pois 
entende que nem todas as conquistas são concretizadas e os direitos só são efetivos 
quando respondidos na sua integralidade. 
Segundo a visão da pesquisadora Sônia Fleury, em entrevista concedida 
à revista IHU On-Line (WOLFART; KLEY; MAGALHÃES, 2011, p. 1), 
a ideia da cidadania supõe uma inserção dos indivíduos na esfera 
pública através de um conjunto de direitos e deveres e de benefícios 
que se transformam na área social em benefícios sociais. [...] a cidadania 
é um princípio de igualdade. [...] na medida em que se criam sistemas 
libertários de política para que todos possam ter, de acordo com a sua 
situação, acesso a esses benefícios, há uma materialização da cidadania. 
A ideia da igualdade é quando, diante da lei, as pessoas terão direitos 
e deveres conformados e que isso se transformará em mecanismos de 
proteção social para as necessidades sociais, de acordo com as políticas 
públicas. Essas seriam, segundo Fleury, formas de materialização da 
cidadania. “É claro que ela envolve um componente físico, que é o 
componente da cidadania participativa em ação. No caso da sociedade 
brasileira, nós inovamos muito em relação à concepção de cidadania 
tradicional”, diz. 
A cidadania é reconhecida como o acesso à satisfação de necessidades 
individuais e coletivas, estas nem sempre são acessadas de maneira natural, 
existem situações onde é necessária uma intervenção profissional, por isso que se 
entende que o profissional de Serviço Social deve atuar em defesa e garantia de 
direitos. 
A participação da sociedade civil nas decisões políticas se efetivou com a 
instauração dos conselhos de direito, que são instâncias deliberativas de ações de 
fortalecimento e participação, seja na formulação, na execução e na fiscalização. 
Os conselhos são setorializados, sendo que a cada um deles existem ações e 
170
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
públicos-alvo específicos que precisam ser analisados. Outra grande conquista é a 
possibilidade de a sociedade civil participar das decisões, o que antes era atividade 
exclusiva dos gestores. 
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHOS EM NÍVEL 
NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Prezado acadêmico, os conselhos podem ser denominados como novos 
arranjos institucionais, determinados na legislação para concretizar a participação 
e controle social preconizados na Constituição Federal de 88. Podem também ser 
entendidos como organismos que articulam a participação, deliberação e controle 
do Estado.
Os conselhos de direitos, também denominados conselhos de políticas 
públicas ou conselhos gestores de políticas setoriais, são órgãos 
colegiados, permanentes e deliberativos, incumbidos, de modo geral, 
da formulação, supervisão e da avaliação das políticas públicas, em 
âmbito federal, estadual e municipal (DHNET, 1995c).
A própria Constituição de 1988 estabelece como princípio a participação 
da sociedade na gestão pública, pois esse espaço é destinado para o controle, 
fiscalização e deliberação sobre assuntos de interesse coletivo.
Nesse sentido, é possível identificar que os “conselhos são instâncias 
permanentes, sistemáticas, institucionais, formais e criadas por lei com 
competências claras" (RAICHELIS, 2000, p. 24). 
Além disso, devem ser órgãos:
• colegiados, 
• paritários e 
• deliberativos, com autonomia decisória.
Caso não sigam essa determinação, onde as decisões sejam de uma 
maioria, formado de maneira paritária entre órgãos colegiados e sociedade civil, 
os conselhos são considerados irregulares.
Após a instauração dos conselhos é possível perceber que os gestores das 
políticas públicas vêm prestando maior esclarecimento à sociedade civil sobre 
as ações. Porém, muitossão os desafios para a efetivação destes espaços, como 
instâncias deliberativas, pois muitos ainda existem de maneira fragilizada, o que 
faz com que o poder decisório seja único e exclusivo do Estado. 
Os conselhos de direitos podem ser:
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
171
FIGURA 13 – CONSELHOS DE DIREITOS
FONTE: As autoras
Prezado acadêmico, os conselhos são espaços de discussão, formulação e 
reformulação de políticas públicas de promoção e defesa dos direitos. 
Conforme nos explica Borges (2005, p. 28), “conselhos são órgãos colegiados, 
que têm, em nosso direito, regras próprias e bem definidas de funcionamento e 
estrutura”. E destaca que “o funcionamento de um órgão colegiado obedece, em 
nosso ordenamento jurídico, a coordenadas próprias, muito especiais”. 
Nessa linha, para que haja a efetivação das atribuições dos conselhos é 
necessário:
• A titularidade e a suplência dos membros.
• Nas decisões sugere-se a votação dos titulares e, na ausência, pelos suplentes.
• Que as decisões sejam a partir da maioria simples de votos.
• Que as decisões sejam descritas em ata ou resolução.
• Que todas as deliberações sejam com o consentimento dos interesses do conselho, 
discutidas em colegiado. 
• Todos os conselhos devem conter uma equipe diretiva: presidente, vice-presidente, 
secretaria, vice-secretário e demais membros de interesse do conselho. 
• O conselho deve ter um regimento interno que norteie suas ações.
• Para que as reuniões sejam consideradas válidas existe a questão do quórum, em 
que se necessita da presença de 50% + 1 para ter o poder de deliberação.
• Havendo questões específicas a serem analisadas, é possível estabelecer comissões 
que agilizam os trabalhos para apresentar e discutir no grande grupo. 
Nesse sentido, todas as deliberações do colegiado no conselho devem 
prever as causas e as consequências pensando sempre na coletividade. Todas essas 
infomações são comuns para praticamente todos os conselhos, havendo algumas 
particularidades, pois existem públicos e atribuições específicas que variam de 
acordo com cada conselho.
172
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
“Mas é fundamental que todos observem os princípios da participação e 
descentralização, estabelecidos na Constituição Cidadã de 1988, cujos dispositivos 
preveem a participação da sociedade na gestão e fiscalização da ‘coisa pública’” 
(DHNET, 1995c).
QUADRO 47 – DIFERENÇA DOS CONSELHOS
conselhos 
nacionais
Os conselhos nacionais são vinculados administrativamente aos 
MINISTÉRIOS. 
Deliberam sobre questões no âmbito na política nacional e suas decisões 
servem de parâmetro para:
• os órgãos nacionais; 
• estados; 
• municípios. 
conselhos 
estaduais
Criados por lei estadual, estão vinculados administrativamente às 
SECRETARIAS DE ESTADO das respectivas áreas temáticas ou de direitos e 
não devem estar sujeitos a nenhuma subordinação hierárquica. 
Deliberam sobre questões no âmbito da política estadual e suas decisões 
devem ser parâmetros tanto para:
• os órgãos estaduais,
• para os municípios.
CONSELHOS 
MUNICIPAIS
O conselho deve ser criado por lei municipal e, para o exercício de suas 
atribuições, não pode ficar sujeito a qualquer subordinação hierárquica. 
Deliberam sobre questões no âmbito na política municipal e suas decisões 
devem ser parâmetros para:
• os órgãos municipais e para a execução das ações públicas governamentais 
e não governamentais.
FONTE: Adaptado de Raichelis (2000)
Prezado acadêmico, independentemente da instância onde o conselho 
seja constituído, ele precisa seguir o princípio da paridade, onde a indicação da 
sociedade civil siga a lógica e segmentos de organizações representativas ligadas 
à área de atuação de cada conselho. 
“Assim, cabe ao governo escolher os representantes do Executivo e a 
sociedade civil deve escolher seus representantes em fóruns representativos do 
segmento respectivo” (DHNET, 1995c). 
Outra informação importante é que a composição dos conselhos tem em 
média duração de dois anos, podendo haver uma recondução, que deve estar 
definida nas respectivas leis de criação dos conselhos e em seus regimentos 
internos.
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
173
Sugestão de filme: O Sorriso de Mona Lisa (Mike Newell, 
2003). 
Sinopse: O filme conta a história de um grupo de mulheres brilhantes 
que estudavam em uma universidade dos anos 50 nos Estados 
Unidos, mas que, mesmo com os estudos, tinham como horizonte se 
tornarem boas e cultas esposas. É aí que entra uma professora de artes: 
ampliando as possibilidades e referências das meninas, a educadora 
convida as estudantes a desafiarem essa situação e fazer com que 
assumam seu protagonismo na sociedade.
FONTE: Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/reportagens/16-
filmes-para-debater-os-direitos-das-mulheres/>. Acesso em: 1 nov. 2016.
3 ATRIBUIÇÕES E PODERES DOS CONSELHOS NACIONAIS, 
ESTADUAIS E MUNICIPAIS
Prezado acadêmico, os conselhos podem ser comprendidos como órgãos 
diretos de defesa dos direitos humanos e de promoção e controle das políticas 
sociais públicas.
Nesse caso, os conselheiros representam os interesses da sociedade e a 
efetividade das políticas públicas, sendo atribuições inerentes ao cargo.
É importante ressaltar que a falta de informação sobre as atribuições 
de um conselheiro tende a ocasionar a omissão ou irregularidades nas ações 
desempenhadas pelo conselho. 
Fazer parte de um conselho requer o mínimo de conhecimento sobre a 
legislação, sendo que dessa atuação resulta a promoção e a garantia dos direitos 
humanos nas comunidades, pois ele pode ser propositivo ou mesmo fiscalizador 
da ações.
Em linhas gerais, prezado acadêmico, podemos destacar que os conselhos 
de direitos e de promoção de políticas sociais têm ou deveriam ter, pelo menos, três 
atribuições para concretizar os princípios e dispositivos definidos na Constituição 
Federal. 
DICAS
174
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
QUADRO 48 – ATRIBUIÇÕES DOS CONSELHOS DE DIREITOS
1ª ATRIBUIÇÃO • Deliberar políticas.
2ª ATRIBUIÇÃO • Controlar as ações e influir no orçamento.
3ª ATRIBUIÇÃO • Promoção e defesa dos direitos.
FONTE: As autoras
Prezado acadêmico, os conselhos em todas as suas instâncias, nacionais, 
estaduais e municipais, devem responder por atribuições específicas, criadas por 
leis, e diferenciadas de acordo com suas áreas de atuação.
Se analisarmos o exemplo do Conselho Nacional dos Direitos da 
Criança e do Adolescente (Conanda), criado pela Lei Federal nº 8.242/91, 
nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº 
8.069/90), tem por competência “elaborar as normas gerais da política 
nacional de atendimento dos direitos das crianças e adolescentes, 
fiscalizando as ações de execução, observadas as linhas de ação e as 
diretrizes estabelecidas nos artigos 87 e 88”, zelar pela aplicação desta 
política, além de avaliar as políticas estaduais e municipais e avaliar e 
dar apoio à atuação dos conselhos estaduais e municipais, respeitando o 
princípio da descentralização das atividades de formulação, fiscalização 
e avaliação das políticas (DHNET, 1995b). 
O trabalho dos conselhos pode ir além das ações administrativas, pode se 
amparar em ações de promoção de situações que envolvam ações socioeducativas 
de conhecimento e reconhecimento da situação, bem como a possibilidade de 
buscar mecanimos de análise, seja na aplicação de ações ou na busca de diagnóstico 
situacional.
Uma outra atribuição que a grande maioria dos conselhos tem é a de convocar 
conferências em suas respectivas esferas nacionais, estaduais e municipais, como 
uma estratégia de participação, deliberação e controle da política.
Conferências são processos participativos realizados com certa periodicidade, 
para interlocução entrerepresentantes do Estado e da sociedade, visando à formulação de 
propostas para determinada política pública. As conferências são convocadas por um período 
determinado e são precedidas de fases municipais e estaduais antes de se chegar à etapa 
nacional. Em geral, ocorrem debates sobre propostas e escolhas de delegados nas diferentes 
etapas até chegar à nacional. Mesmo que instituídas em um sistema de participação existente 
por lei, como no caso da Assistência Social, necessitam de convocação específica feita pelo 
Poder Executivo.
FONTE: Disponível em: <http://www.polis.org.br/uploads/1262/1262.pdf>. Acesso em: 8 ago. 
2016.
NOTA
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
175
QUADRO 49 – ALGUNS DOS CONSELHOS MAIS ATUANTES 
POLÍTICA 
PÚBLICA 
SETORIAL
CONSELHO FEDERAL CONSELHO ESTADUAL
CONSELHO 
MUNICIPAL
EDUCAÇÃO • Conselho Nacional de Educação 
• Conselho Estadual de 
Educação 
• Conselho Municipal de 
Educação 
SAÚDE
• Conselho Nacional de 
Saúde
• Conselho Nacional 
de Combate à 
Discriminação
• Conselho Estadual de 
Saúde
• Conselho Municipal de 
Saúde
HABITAÇÃO • Conselho Nacional da Habitação
• Conselho Estadual de 
Habitação
• Conselho Municipal da 
Habitação
ASSISTÊNCIA 
SOCIAL 
• Conselho Nacional de 
Assistência Social 
• Conselho dos Direitos 
do Idoso
• Conselho Nacional dos 
Direitos da Mulher 
• Conselho Nacional 
dos Direitos da Pessoa 
Portadora de Deficiência
• Conselho Nacional de 
Promoção da Igualdade 
Racial
• Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente
• Conselho Nacional de 
Defesa dos Direitos da 
Pessoa Humana
• Conselho Estadual de 
Assistência Social 
• Conselho Estadual do 
Idoso
• Conselho Estadual 
dos Direitos da Mulher 
• Conselho Estadual 
dos Direitos da 
Pessoa Portadora de 
Deficiência
• Conselho Estadual de 
Promoção da Igualdade 
Racial
• Conselho Estadual 
dos Direitos da Criança 
e do Adolescente
• Conselho Estadual de 
Defesa dos Direitos da 
Pessoa Humana
• Conselho Municipal de 
Assistência Social 
• Conselho Municipal dos 
Direitos do Idoso
• Conselho Municipal dos 
Direitos da Mulher 
• Conselho Municipal 
dos Direitos da Pessoa 
Portadora de Deficiência
• Conselho Municipal de 
Promoção da Igualdade 
Racial
• Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente
• Conselho Municipal de 
Defesa dos Direitos da 
Pessoa Humana
FONTE: As autoras
Prezado acadêmico, os conselhos podem variar conforme suas respectivas 
esferas. Sendo que eles devem atender às prerrogativas das legislações que os 
regulamentam. 
Os conselhos também têm a atribuição de formular, de coordenar, de 
supervisionar e de avaliar a política, no âmbito das respectivas instâncias nacionais, 
estaduais e municipais. Nesse sentido, “cabe aos conselhos atuar na fiscalização 
dos gastos das verbas públicas destinadas à execução das políticas públicas e às 
entidades públicas governamentais ou não governamentais que, eventualmente, 
sejam beneficiadas por verbas públicas dentro de planos de aplicação específicos” 
(DHNET, 1995b).
É importante destacar que os conselhos, mesmo respondendo por setores 
específicos, como saúde, educação, assistência e assim por diante, têm atribuições 
comuns em relação aos poderes deliberativos, sendo que essa configuração pode 
ocasionar conflitos.
176
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
Vamos exemplificar com a política de atendimento à criança e ao adolescente 
dependente de drogas ou com deficiência, que faz parte das atribuições dos 
conselhos de saúde, da criança e do adolescente, dos assuntos das pessoas com 
deficiência. 
Essa dificuldade aparece, pois as ações tendem a ser vistas de maneira 
fragmentada e o trabalho em rede, que deveria ser prioridade, torna-se isolado. Esse 
é o grande desafio, criar estratégias de ações conjuntas, que visem a minimização 
das situações e não a potencialização da fragmentação.
Vamos buscar comprender um pouco das atribuições dos conselhos 
segundo a nossa legislação: 
• Deliberar sobre formulação de estratégia e controle da execução da política 
nacional.
• Acompanhar a execução do plano nacional.
• Estabelecer diretrizes para o funcionamento da política pública e manifestar-se 
a respeito.
• Propor a convocação e organizar conferências nacionais, ordinariamente, e, 
extraordinariamente, quando o conselho assim deliberar.
• Assessorar o órgão legislativo no diagnóstico dos problemas, opinar e 
acompanhar a elaboração de leis federais, estaduais e municipais.
• Analisar e emitir parecer sobre questões relativas à aplicação da legislação 
correspondente.
• Zelar pela efetiva implantação, implementação, defesa e promoção dos direitos 
da pessoa.
• Receber e encaminhar aos órgãos competentes as petições, denúncias e 
reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade, quando ocorrer 
ameaça ou violação de direitos, assegurados nas leis e na Constituição Federal, 
exigindo a adoção de medidas efetivas de proteção e reparação.
• Criar comissões técnicas para discussão de temas específicos e apresentação de 
sugestões destinadas a subsidiar decisões das respectivas áreas.
• Convocar e organizar conferências.
• Propor políticas públicas, campanhas de sensibilização e de conscientização 
e/ou programas educativos, a serem desenvolvidos por órgãos estaduais e/ou 
em parceria com entidades da sociedade civil.
• Articular-se com outros Conselhos e órgãos colegiados afins.
• Participar ativamente da elaboração da Lei Orçamentária do município.
• Zelar para que o percentual de dotação orçamentária destinado à construção 
de uma Política seja compatível com as reais necessidades de atendimento.
• Controlar a execução das políticas, tomando providências administrativas 
quando o Município ou o Estado não oferecerem os programas de atendimento 
necessários, acionando o Ministério Público caso as providências administrativas 
não funcionem.
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
177
• Estabelecer normas, orientar e proceder ao registro das entidades governamentais 
e não governamentais de atendimento em suas áreas de atuação, comunicando 
o registro ao Conselho Tutelar (quando houver) e/ou à autoridade judiciária.
• Divulgar os direitos e os mecanismos de exigibilidade dos direitos.
• Fiscalizar os programas desenvolvidos com os recursos do Fundo.
Vê-se que algumas atribuições aqui elencadas não compõem o rol de 
funções de todos os conselhos. Mas, em verdade, demonstram, de maneira 
generalizada, o poder e as possibilidades de atuação, e que, fundamentalmente, 
por meio destas atividades, todos os conselhos de direitos e de promoção de 
políticas, em maior ou menor medida, têm papel importante não apenas na 
gestão de políticas públicas, mas também na sua formulação e no seu controle 
e avaliação.
FONTE: Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/cc/2/atribuicoes.htm>. 
Acesso em: 8 nov. 2016.
Prezado acadêmico, os Conselhos de Direitos são criados por determinação 
de legislação ordinária, com base em princípios e dispositivos constitucionais, que, no 
desempenho de suas atividades, devem ser por eles respeitados, para que não percam a 
razão de suas existências.
FONTE: Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/cc/2/atribuicoes.htm>. 
Acesso em: 3 ago. 2016. 
4 PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM OS CONSELHOS DE 
DIREITO
Prezado acadêmico, sempre que se identifica a existência de um conselho, 
este tem como primazia a defesa de direitos, seja por uma minoria ou maioria, pois 
sua constituição é determinada em favor de uma demanda.
UNI
178
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
QUADRO 50 – PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM OS CONSELHOS DE DIREITO
Descentralização
• A descentralização passa por um processo em que é defendida e 
usada para a redução do poder centralizado do Estado e passa a ser pré-requisito para a participação. Desta maneira, se faz importante o combate à 
formação de oligarquia onde o governo é formado por um pequeno grupo 
de pessoas, da mesma família, do mesmo partido. 
• A descentralização se concretiza a partir do surgimento de novas 
lideranças, conforme a necessidade e demandas identificadas pela 
população, quando o poder passa a fluir em dois sentidos: do Estado para 
a sociedade e da esfera federal para a estadual e municipal, conectando, 
assim, os processos de participação e descentralização.
• Este processo se viabiliza pelas modificações que acontecem nas funções 
de gestão no interior das instituições, aceitando que as políticas e as 
decisões sejam estabelecidas através da participação.
Ética
• Os conselhos devem seguir a lógica da autenticidade com os princípios 
constitucionais, sua atividade deve estar coerente com a defesa da 
democracia e com os direitos da população. Os princípios constitucionais 
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência para a 
gestão da coisa pública devem orientar também a prática conselheira e a 
afirmação de sua ética. 
• Algumas características que são necessárias aos conselheiros dos 
conselhos dos direitos em todas as esferas, federal, estadual e municipal. 
• Essas características e/ou requisitos devem ser estendidos aos diversos 
conselhos, destacamos alguns desses requisitos. 
• Disponibilidade. 
• Condições inteiramente legais para tomada de decisão. 
• Capacidade política e técnica, ter conhecimento dos direitos humanos, 
das políticas e programas de garantias de direitos e orçamento público. 
• Ressaltando que seu poder decisório deve garantir o interesse público e 
não pessoal.
Participação
• A participação é um dos pré-requisitos que faz valer o que preconiza a 
Constituição Federal de 1988. “Todo poder emana do povo, que o exerce 
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição” (BRASIL, 1988). 
• A participação é efetiva quando existe a integração e participação 
ampliada do cidadão por meio do voto e de sua representatividade, 
também em atividades de caráter público, nas ações e tomadas de decisão, 
avaliação.
Paridade e 
representatividade
• Este princípio especialmente caracteriza a composição dos conselhos de 
direitos, uma vez que somente fortalece a sua existência e eficiência o critério 
de sua formação ser por igual número de representantes do poder público 
e da sociedade civil e ser representado por pessoas com representatividade 
e legitimidade para defender as questões que representam.
Comando único
• Entre os conselhos nacionais, estaduais, municipais, e mesmo entre os 
conselhos intersetoriais, há atribuições similares. Esse comando exige 
ações integradas das organizações, este princípio se faz importante para 
que se evite conflitos ente as instituições. Nas palavras de Pereira (1997), 
esse princípio tem a finalidade de garantir, em cada esfera de governo, a 
coerência e a racionalidade das ações realizadas.
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
179
 Autonomia
• Os conselhos tendem a possuir autonomia e independência como 
representantes do Estado e da sociedade, e seus ocupantes possuem o dever 
de conhecer as informações a respeito dos poderes de que são acometidos 
e de suas funções no processo de trabalho. Os colegiados precisam ser 
compostos de forma mista e paritária, contemplando representantes do 
governo e sociedade civil organizada, a diretoria tem poder de fiscalizar as 
ações de serviços públicos e defender os direitos do cidadão.
Legalidade
• Para os conselhos o princípio da legalidade é a referência principal do 
Estado de Direito. Significa a obediência e o respeito à lei. 
• Com relação à administração pública, não existe liberdade e vontade 
pessoal. 
• Na administração privada é legal de direito realizar o que a lei não 
proíbe. Na administração pública apenas é permitido o que a lei autoriza. 
A lei para o particular significa “pode fazer assim"; para o representante 
público, significa "deve fazer assim". 
• O princípio de administração, e das atividades realizadas pelos conselhos, 
significa que estas devem estar sujeitas às normativas da lei, e às exigências 
do bem comum. O Conanda, por exemplo, em sua Resolução 106, define 
como princípio de legalidade que “a lei de criação dos Conselhos dos 
Direitos só poderá instituir instâncias estatais, isto é, organizações estatais, 
significando que os Conselhos têm a prerrogativa legal deliberativa para 
exercê-la, dentro da sua área de competência, na formulação, deliberação 
e controle da política dos direitos humanos da criança e do adolescente” 
(CONANDA, 2005).
Impessoalidade
• O princípio da impessoalidade estipula que os fins a serem alcançados 
pelo administrador público e pelo patrimônio que emprega não podem 
visar o benefício pessoal, ou diretamente dirigido para um certo grupo, 
senão quando tal signifique a consecução de objetivo genérico de interesse 
de todo o país.
Moralidade
• A moralidade significa ter boa-fé, ser leal, o contrário levaria a um desvio 
de poder, causando nulidade do ato. A moralidade está relacionada ao 
conceito de um bom administrador.
Publicidade
• A publicidade é um instrumento de participação democrático e também 
de controle social da gestão pública. O princípio da publicidade nasceu 
na Revolução Francesa. Conforme este princípio, toda atividade exercida 
pelo conselho deve ser previamente determinada, descrita e publicada, 
levada ao conhecimento geral, como forma de controle social e fiscalização 
popular.
FONTE: Raichelis (2000)
Prezado acadêmico, é importante que os membros dos conselhos observem 
os princípios que regulamentam a administração pública, que são: a legalidade, a 
impessoalidade, a moralidade e a publicidade (conforme art. 4º, da Lei nº 8.429/92). 
Se esses princípios não forem seguidos podem comprometer e invalidar suas 
deliberações.
180
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
LEITURA COMPLEMENTAR
CONSELHO TUTELAR
O Conselho Tutelar é um órgão municipal responsável pela garantia dos 
direitos da criança e do adolescente. De acordo com o que determina o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, tem a missão de orientar, analisar e encaminhar todas as 
situações referentes à violação de direito da criança e do adolescente.
O Conselho Tutelar deve ser capaz de ouvir, compreender e discernir as 
situações que chegam a este órgão. São habilidades importantíssimas para que 
se desenvolva um trabalho com competência no sentido de receber, estudar e 
encaminhar, além de acompanhar todos os casos.
O Conselho Tutelar deve cumprir as diretrizes do Artigo 227 da Constituição 
Brasileira de 1988. Sendo definido como órgão permanente e autônomo, ou seja, ele 
é quem decide, não jurisdicionalmente, mas é encarregado pela sociedade de zelar 
pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes, em seus artigos 
131 a 140 da Lei Federal 8.069/90. 
Jurisdição é o poder que o Estado detém para aplicar o direito a um determinado 
caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e com isso resguardar a ordem 
jurídica e a autoridade da lei. Disponível em: <http://www.significados.com.br/jurisdicao>.
Pergunta Resposta
Quem cria o Conselho Tutelar Art. 227 da Constituição Federal. Regulamentado por lei 
municipal cumprindo a norma geral federal e o Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
Quantidade de Conselhos por 
município
O ECA diz que haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar 
composto de cinco membros. Conforme o tamanho do 
município e suas necessidades, haverá tantos Conselhos 
Tutelares quantos forem julgados necessários. Estes devem 
ser de acordo com a área geográfica bem definida. Devem ser 
eleitos e empossados.
Vinculação Conselheiros tutelares são servidores públicos temporários, 
que são designados para cumprir um mandato, podendo ser 
reconduzidos para umanova gestão. São voluntários com 
requisitos preestabelecidos e submetem-se a uma votação da 
sociedade civil, na qual os mais votados assumem o cargo, 
sendo sempre os suplentes que assumem no impedimento 
do titular. O Conselho Tutelar vincula-se ao Poder Executivo 
(Prefeitura). Salários, dependências físicas e equipamentos, 
além das despesas básicas de água, luz, entre outros.
IMPORTANT
E
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
181
Subordinação No âmbito de suas decisões não se subordina a nenhum órgão. 
Vincula-se administrativamente e sua fiscalização é realizada 
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente – CMDCA e o Juizado da Infância e da Juventude. 
A natureza desse serviço Serviço público relevante cujo efetivo exercício estabelece 
presunção de idoneidade moral e assegura prisão especial, 
em caso de crime comum, até o julgamento definitivo de seus 
membros.
Atribuição do Conselho Tutelar Tem caráter essencial no campo da proteção à infância e à 
juventude.
Significado de órgão permanente 
e autônomo
É um órgão público que tem autonomia para desempenhar 
as atribuições que lhe são confiadas pelo Estatuto Federal 
que o instituiu. Não está subordinado hierarquicamente ao 
governo. Permanente porque, uma vez criado, o Conselho 
Tutelar não pode deixar de existir; apenas há a renovação de 
seus membros.
Significado de órgão não 
jurisdicional
É uma entidade pública que auxilia o Poder Judiciário, tem 
funções administrativas e executivas. Está ligada ao Poder 
Executivo municipal. Não tem poder de justiça. 
Conduta inadequada de 
Conselheiro
Deverá ser encaminhada formalmente denúncia junto ao 
CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente).
FONTE: Adaptado de ECA (1990)
O Conselho Tutelar não tem poder de polícia, tampouco de justiça, é um 
órgão que integra a rede de atendimento em favor da defesa e garantia dos direitos 
das crianças e dos adolescentes. 
Você sabe quais são as atribuições do Conselho Tutelar?
Os conselheiros tutelares devem pensar na questão do menor dano e a 
preservação da integridade da criança e do adolescente, sua atuação deve pautar-
se na ética e na legitimidade de proteção.
Destacamos, segundo o ECA, algumas atribuições do Conselho Tutelar: 
• Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de proteção.
• Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas pertinentes 
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar serviços públicos e 
entrar na Justiça quando alguém, injustificadamente, descumprir suas decisões.
• Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Estatuto tenha como 
infração administrativa ou penal.
• Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
• Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas socioeducativas 
aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
• Expedir notificações em casos de sua competência.
182
UNIDADE 3 | RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
• Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e adolescentes, quando 
necessário.
• Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamental para 
planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
• Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para que estas se defendam 
de programas de rádio e televisão que contrariem princípios constitucionais, bem 
como de propagandas de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à 
saúde e ao meio ambiente.
• Levar ao Ministério Público casos que demandam ações judiciais de perda ou 
suspensão do pátrio poder.
• Fiscalizar as entidades governamentais e não governamentais que executem 
programas de proteção e socioeducativos.
Sempre que houver suspeita ou violação de direitos contra crianças e 
adolescentes, o Conselho Tutelar deve observar qual é o tipo de violação.Segundo 
o art. 98 do ECA:
a - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
b - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
c - em razão da conduta da própria criança ou adolescente.
A violação relacionada à ação ou omissão da sociedade ou do Estado refere-
se à sociedade política e juridicamente organizada ou às unidades territoriais que 
reúnem os municípios que as compõem.
Nessa linha, o Estado refere-se ao Governo Federal, Estados e municípios, 
sendo esses responsáveis por ação ou omissão dos interesses das crianças e 
adolescentes. O Estado ameaça ou viola direito quando as políticas sociais não 
suprem as necessidades básicas da criança e do adolescente, como: educação, 
saúde, lazer, esporte, entre outros (ECA, 1990).
O Estado também se cerca de legislações que deveriam garantir o mínimo 
necessário para o desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes. Art. 
203 da Constituição Federal descreve que a assistência social será prestada a quem 
dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por 
objetivos: 
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice; 
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e 
a promoção de sua integração à vida comunitária; 
V - a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios 
de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, 
conforme dispuser a lei.
 TÓPICO 2 | O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS
183
A assistência social, política pública, responsável pela implementação e 
execução de programas e projetos sociais para o atendimento dos direitos da criança 
e do adolescente, que efetivem a proteção, o amparo e a promoção, considerando 
a fase de desenvolvimento.
FONTE: BONETTI, Joelma Crista Sandri; FRONZMANN, Neusa Mendonça. Políticas 
sociais – família, criança, adolescente, idoso e pessoa com deficiência. UNIASSELVI, 
2016. p. 103-106.
184
Neste tópico vimos que:
• Os conselhos podem ser entendidos como organismos que articulam a 
participação, deliberação e controle do Estado.
• Os conselhos são instâncias permanentes, sistemáticas, institucionais e formais 
criadas por lei.
• Os conselhos são órgãos: colegiados, paritários e deliberativos, com autonomia 
decisória.
• Com a instauração dos conselhos, os gestores das políticas públicas vêm prestando 
maior esclarecimento à sociedade civil, sobre suas ações. 
• Os conselhos de direitos podem ser: federais, estaduais e municipais.
• Os conselhos são espaços de discussão, formulação e reformulação de políticas 
públicas de promoção e defesa dos direitos. 
• As deliberações do colegiado no conselho devem prever as causas e as 
consequências, pensando sempre na coletividade. 
• O governo deve escolher os representantes do Executivo e a sociedade civil deve 
escolher seus representantes em fóruns representativos do segmento respectivo. 
• Os conselhos podem ser compreendidos como órgãos diretos de defesa dos 
direitos humanos e de promoção e controle das políticas sociais públicas.
• Os conselheiros representam os interesses da socieade e a efetividade das políticas 
públicas.
• Os conselhos, em todas as suas instâncias, devem responder por atribuições 
específicas, de acordo com suas áreas de atuação.
• Outra atribuição dos conselhos é convocar conferências em suas respectivas 
esferas, como estratégias de participação, deliberação e controle das políticas.
• Cabe aos conselhos atuar na fiscalização dos gastos das verbas públicas.
• Os membros dos conselhos devem observar os princípios que regulamentam a 
administração pública, que são: a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e 
a publicidade.
RESUMO DO TÓPICO 2
185
AUTOATIVIDADE
1 Caro acadêmico,

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