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FARMACOTÉCNICA 
E TECNOLOGIA DE 
MEDICAMENTOS 
LÍQUIDOS E 
SEMISSÓLIDOS
João Fhilype Andrade Souto Maior
Excipientes e 
adjuvantes na 
produção de 
medicamentos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 > Identificar os excipientes e adjuvantes empregados na produção de me-
dicamentos.
 > Relacionar excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos.
 > Discutir a importância de excipientes e adjuvantes na composição de 
medicamentos.
Introdução
Muitos princípios ativos com potencial terapêutico precisam ser veiculados 
ao organismo humano com certas associações para que possam exercer suas 
atividades biológicas de forma segura e eficaz. Nesse sentido, para garantir 
o sucesso terapêutico de moléculas tão promissoras, é necessário que o far-
macêutico utilize outras substâncias auxiliares, também conhecidas como 
excipientes farmacotécnicos (polímeros naturais ou sintéticos), para obter a 
forma farmacêutica mais apropriada e segura, de acordo com a via de admi-
nistração que se deseja utilizar. 
Neste capítulo, você vai estudar os principais excipientes e adjuvantes farma-
cêuticos utilizados em farmácias de manipulação e indústrias para a produção 
de medicamentos. Além disso, vai conhecer as principais características físico-
-químicas e funções de tais substâncias na composição de diferentes medica-
mentos, seja em formulações sólidas, líquidas ou semissólidas. 
Excipientes farmacêuticos
Em geral, todo medicamento ou formulação farmacêutica é constituído por 
um ou mais fármacos (ingredientes principais, responsáveis pelo efeito tera-
pêutico) e por uma ou mais substâncias auxiliares não medicinais, conhecidas 
como excipientes ou adjuvantes farmacêuticos. Raramente os fármacos são 
administrados de forma isolada ao organismo. Por isso, a grande maioria 
dos medicamentos comporta um princípio ativo, independentemente de 
sua produção, da sua forma farmacêutica, do seu fornecimento ou de sua 
finalidade terapêutica (SILVA, 2013).
Por definição, os excipientes farmacêuticos são substâncias desti-
tuídas de poder terapêutico, usadas para assegurar a estabilidade, 
a eficácia e as propriedades físico-químicas, farmacológicas e organolépticas 
dos produtos farmacêuticos. Em outras palavras, os excipientes têm a função 
de converter um fármaco em uma forma farmacêutica estável, funcional e 
atraente, com um perfil de liberação e absorção adequado (SENA et al., 2014; 
BALBANI et al., 2006).
Os excipientes e adjuvantes farmacêuticos são dotados de propriedades 
específicas e possuem diversas funções, como conservar, solubilizar, sus-
pender, espessar, diluir, emulsificar, lubrificar, promover o fluxo, aglutinar, 
desintegrar, estabilizar, colorir, flavorizar, entre outras. Assim, além de pro-
teger ou melhorar a estabilidade das formulações, podem garantir a precisão 
e exatidão da dose. Em outros casos, podem ser usados para manter os 
medicamentos livres de microrganismos e adequados ao consumo por mais 
tempo (ABRANTES, 2015; BALBANI et al., 2006).
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos2
Ao melhorar as características organolépticas dos medicamentos, alguns 
excipientes facilitam sua administração tornando-os mais palatáveis e ga-
rantindo a adesão dos pacientes à terapia farmacológica. Muitas vezes, tais 
ingredientes também são usados para completar o volume necessário do 
produto final e melhorar a biodisponibilidade e a absorção do fármaco no 
organismo (ABRANTES, 2015).
Do ponto de vista químico, os excipientes farmacêuticos possuem ca-
racterísticas orgânicas e inorgânicas, podendo ser obtidos de diferentes 
fontes, seja de origem animal, vegetal ou mineral, ou mesmo sintetizados 
quimicamente. Vejamos algumas dessas fontes por categoria (ABRANTES, 
2015; ARAUJO; BORIN, 2012):
 � animal — lactose, gelatina, lanolina, cera de abelha, etc.;
 � vegetal — amidos, celulose, alginatos, pectinas, goma arábica, etc.;
 � mineral — sílica, fosfato de cálcio, parafina, caulino, etc.;
 � sintética — ácido bórico, ácido láctico, polissorbato, povidona, etc.
Mercado mundial de excipientes
De acordo com relatório elaborado pela Coherent Market Insights, o mercado 
global de excipientes farmacêuticos foi avaliado em cerca de US$ 6,5 bilhões 
em 2008, com previsão de crescimento anual de 6,9% até 2027, podendo atingir 
um valor de quase US$ 12 bilhões. A seguir são listadas as fatias percentuais 
que cada tipo de excipiente perfaz no mercado global (PESSANHA, 2012):
 � diluentes — 28,8%;
 � emolientes — 19,7%;
 � veículos — 18,1%;
 � materiais para revestimento — 11,8%;
 � desintegrantes — 7,5%;
 � flavorizantes — 3,4%;
 � corantes — 0,9%;
 � agentes osmóticos — 0,9%;
 � outros — 8,9%.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e 
de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), apesar do Brasil produzir e exportar 
insumos farmacêuticos de qualidade, ainda está longe de alcançar condição 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos 3
de independência em relação às importações de medicamentos, excipientes 
e adjuvantes de outros países (PESSANHA, 2012).
Outra pesquisa mostra que 50% das importações brasileiras de excipientes 
farmacotécnicos são provenientes sobretudo de quatro países: Alemanha, 
China, Índia e Estados Unidos. Embora China e Índia enviem grande quantidade 
de produtos farmacêuticos para o Brasil, a participação conjunta de ambos 
não chega a 25% das importações brasileiras. Por outro lado, os Estados 
Unidos são o principal destino dos insumos farmacêuticos produzidos no 
Brasil, respondendo a 16% desse mercado. Em seguida, aparece a Argentina 
como segundo maior parceiro comercial brasileiro, respondendo por 11% 
das nossas exportações nesse ramo. Outros 52% das exportações brasilei-
ras destinam-se a países da Europa, Ásia, África, Oceania e principalmente 
América Latina (PESSANHA, 2012).
Classes e funções dos excipientes 
Como já mencionado, os excipientes são usados em praticamente todos os 
medicamentos e têm um papel fundamental no desempenho dos fármacos 
no organismo. Sendo assim, a produção de um medicamento é realizada 
com sucesso quando excipientes específicos são associados a determinado 
fármaco por meio de procedimentos farmacotécnicos bem definidos, que 
originam um medicamento final seguro e eficaz (ABRANTES, 2015).
De modo geral, o desenvolvimento, a produção e o efeito de uma fórmula 
farmacêutica dependem, na maioria das vezes, das propriedades físicas e 
químicas dos excipientes. Assim, cada excipiente deve apresentar funções e 
características adequadas para atender às necessidades específicas de um 
determinado fármaco de interesse, de acordo com sua finalidade terapêutica.
A seguir, serão apresentadas as principais categorias funcionais dos 
excipientes farmacêuticos, organizadas de acordo com as formas farma-
cêuticas mais comumente utilizadas no mercado, seguindo definições de 
Abrantes (2015). 
Formulações orais sólidas 
Diluentes
São substâncias de enchimento inerte utilizado para criar quantidades de 
volume desejado, propriedades de fluxo, força de compressão, formação 
de grânulos secos ou úmidos, homogeneidade do produto, desagregação 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos4
e dissolução do fármaco, friabilidade e estabilidades dos medicamentos. 
Exemplos: fosfato de cálcio, caulim, lactose, manitol, celulose microcristalina, 
carbonato de cálcio, sorbitol, amido.
Aglutinantes
São incorporados às formulações para facilitar a aglomeração do pó em 
grânulos durante a mistura com o líquido de granulação (água, misturas 
hidroalcoólicas ou outros solventes). O aglutinante pode ser dissolvido no 
líquido de granulação ou misturado no estado sólido. Exemplos: acácia, ácido 
algínico, etilcelulose, gelatina, glucose líquida, metilcelulose, povidona, amido 
pré-gelatinizado. 
Desagregantes
São adicionados às formulações para impulsionar a desagregação rápida 
dos comprimidos nos fluídos intestinais em pequenas partículas,permitindo 
que o fármaco se dissolva mais rapidamente para sua posterior absorção. 
Os comprimidos devem apresentar um tempo limite para total desagregação 
(tempo de desagregação), que varia de acordo com os fármacos ou com a 
velocidade de absorção desejada. Exemplos: ácido algínico, polacrilato de 
potássio, alginato de sódio, amidoglicolato de sódio e amido. 
Lubrificantes
São usados especificamente para reduzir as forças de atrito entre as partículas 
do granulado e as superfícies de contacto do metal (punções e matrizes) do 
equipamento de compressão dos comprimidos. O lubrificante facilita o des-
lizamento do granulado e evita sua adesão às superfícies do equipamento. 
Além disso, os lubrificantes conferem aos comprimidos um aspecto brilhante 
e não pulverulento. Exemplos: estearato de cálcio, estearato de magnésio, 
óleo mineral, ácido esteárico estearato de zinco. 
Deslizantes e antiaderentes
São usados em formulações de comprimidos e cápsulas para melhorar as 
propriedades de fluxo da mistura dos pós ou reduzir a aglomeração que 
pode ocorrer quando os pós são armazenados em grandes quantidades. 
Os deslizantes atuam reduzindo a adesão partícula–partícula devido às 
forças coesivas. Os agentes antiaderentes podem absorver a umidade 
livre e impedir a agregação de partículas. Exemplos: sílica coloidal, amido 
de milho e talco. 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos 5
Corantes
Além de melhorar a aparência dos medicamentos, diferentes tipos de corantes 
são adicionados aos medicamentos com o objetivo de facilitar a distinção 
entre uma determinada formulação e outras com aparência semelhante. Os 
corantes são classificados de acordo com sua origem:
 � orgânicos sintéticos — obtidos por síntese orgânica; 
 � orgânicos naturais — obtidos por extração de fontes vegetais ou 
animais;
 � inorgânicos — obtidos de minerais. 
Exemplos: caramelo, óxido férrico, amarelo de tartrazina, amarelo cre-
púsculo, eritrosina, carmim. 
Revestimento para cápsulas
As cápsulas são úteis para mascarar o sabor desagradável de alguns fármacos 
e excipientes. Além disso, elas permitem veicular uma quantidade precisa de 
uma formulação (pó ou líquido), além de facilitar seu transporte. Basicamente 
consistem em duas partes, ambas cilíndricas (corpo e tampa). Exemplos: 
gelatina ou derivado de celulose. A esses materiais também podem ser adi-
cionados outros excipientes, como plastificantes, corantes e conservantes. 
Revestimento
A função de um revestimento é mascarar sabores ou odores desagradáveis, 
facilitar a administração, melhorar o aspecto, proteger os princípios ativos 
do meio ambiente (oxigênio ou umidade) e/ou modificar sua liberação (libe-
ração modificada). São formados por polímeros naturais, semissintéticos ou 
sintéticos, que permitem a formação de uma fina película de revestimento 
sobre o comprimido. Os revestimentos entéricos, por exemplo, são insolúveis 
em pH baixo (estômago), mas dissolvem-se facilmente em condições de pH 
neutro (intestino). Exemplos: hidroxietil celulose, hidroxipropil celulose, me-
tilcelulose e etilcelulose. Revestimento entérico: acetato ftalato de celulose, 
Eudragit e polissacarídeos reticulados. A esses materiais também podem ser 
adicionados outros excipientes, como plastificantes e corantes. 
Plastificante
Um plastificante é uma substância de baixo peso molecular que é adicionada 
a um material de revestimento (para comprimidos ou cápsulas), geralmente 
um polímero, para torná-lo flexível, resiliente e mais fácil de manusear. Nesse 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos6
caso, o plastificante atua aumentando a mobilidade intermolecular e intramo-
lecular de macromoléculas dos polímeros. Os plastificantes também podem 
ser usados em formulações semissólidas para melhorar as propriedades reo-
lógicas de cremes e pomadas. Exemplos: citratos, ftalatos, glicerina, sorbitol. 
Formulações orais líquidas
Modificador de pH (solução-tampão)
Uma solução-tampão é um ácido fraco ou uma base fraca com o seu sal. Assim, 
deve ser utilizada para reagir às alterações de pH após a diluição ou a adição 
de agentes ácidos ou alcalinos nas formulações, o que pode contribuir para: 
 � manter um pH próximo do pH dos fluidos corporais; 
 � melhorar a estabilidade de fármacos dependentes do pH; 
 � melhorar a solubilidade de equilíbrio do controle de ácidos fracos 
ou bases; 
 � manter um estado de ionização de moléculas durante análise química, 
como a cromatografia líquida de alta resolução (HPLC), por exemplo. 
Exemplos: metafosfato de potássio, fosfato de potássio, acetato de sódio 
e citrato de sódio. 
Umectante/solubilizante
São excipientes usados para dissolver moléculas insolúveis. Funcionam por 
facilitar a transferência de uma fase espontânea para produzir uma solução 
termodinamicamente estável. Alguns polímeros atuam como solubilizantes 
ao interagir com moléculas hidrófobas, aumentando a solubilidade por 
dissolução do agente insolúvel nas cadeias poliméricas. Tais agentes podem 
ser sólidos, líquidos ou materiais serosos. Exemplos: glicerina, propileno-
glicol e sorbitol. 
Conservante antimicrobiano
São usados para eliminar ou evitar o crescimento de bactérias, fungos e 
leveduras nos medicamentos. A maioria atua causando lesões na membrana e 
lise celular. Outros mecanismos de ação incluem a inibição do transporte ou a 
precipitação de proteínas. Devido ao risco de irritações ou reações alérgicas, 
é preciso ter muito cuidado com o uso de alguns conservantes, os quais não 
são indicados em soluções parenterais. Exemplos: cloreto de benzalcônio, 
ácido benzoico, álcool benzílico, parabenos. 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos 7
Quelantes e/ou complexantes
Usados para estabilizar soluções, esses excipientes formam moléculas com-
plexas solúveis com alguns íons metálicos ou removem tais íons de uma 
solução, evitando reações indesejáveis com outras moléculas da formulação. 
Os quelantes também podem melhorar a ação antimicrobiana por meio da 
remoção de íons que favorecem o crescimento de bactérias. Exemplos: ácido 
edético e edetato dissódico. 
Antioxidantes
São usados para estabilizar formulações farmacêuticas, já que podem ate-
nuar os processos oxidativos, retardando o aparecimento e/ou reduzindo 
significativamente a taxa de reações oxidativas que podem prejudicar a ação 
do fármaco. Naturais ou sintéticos, os antioxidantes também podem inibir os 
radicais livres e os hidroperóxidos, responsáveis por processos oxidativos em 
cascata (reações em cadeia). Assim, os antioxidantes podem proteger tanto 
os excipientes quanto os princípios ativos dos medicamentos. Exemplos: 
ácido ascórbico, taninos, flavonoides, ácido hipofosforoso, monotioglicerol, 
galato de propilo, ascorbato de sódio, bissulfito de sódio. 
Adoçantes (edulcorantes)
São substâncias que servem para adoçar as formulações orais, principalmente 
mascarando sabores desagradáveis. Em geral, esses excipientes são solúveis 
em água e podem ser divididos em três grupos principais: açúcares, álcoois 
de açúcar e edulcorantes artificiais. Mudanças no pH da formulação podem 
afetar a estabilidade desses excipientes. Alguns edulcorantes podem degradar 
certos fármacos, sobretudo quando o processo de produção do medicamento 
envolve aquecimento. Exemplos: aspartame, dextrose, glicerina, manitol, 
sacarina sódica, sorbitol, sucralose. 
Aromatizantes (flavorizantes)
Esses ingredientes complementam a ação dos edulcorantes, ou seja, podem 
ser usados para conferir um sabor, e às vezes um odor, agradável à formula-
ção. Algumas vezes, são segredos industriais e, portanto, não vêm descritos 
nas bulas. Os flavorizantes podem ser naturais (óleos essenciais extraídos 
de plantas e sabores naturais de frutas) ou artificiais (álcoois aromáticos, 
aldeídos, bálsamos, fenóis, terpenos, etc.). Exemplos: acetato de benzila 
(sabor artificial de cereja, abricó, pêssego e morango), óleo de anis, óleo de 
canela, mentol, óleo de laranja, óleo de hortelã-pimentae baunilha (BALBANI 
et al., 2006).
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos8
Semissólidos, tópicos e supositórios
Base para supositórios
São usadas na produção de supositórios (via retal) ou óvulos (via vaginal), 
podendo ser hidrofóbicos ou hidrofílicos. Os supositórios devem fundir a uma 
temperatura pouco abaixo da temperatura corporal, permitindo que o fármaco 
presente na base seja libertado por meio de fusão, erosão ou dissolução. 
Existem muitos tipos de base, que se distinguem por temperatura de fusão, 
índice de hidroxilo, índice de ácido, valor de iodo, intervalo de solidificação 
e número de saponificação. Exemplos: manteiga de cacau, polietilenoglicol 
(PEG) e PEG 3350.
Estabilizadores de viscosidade
São utilizados em formulações farmacêuticas para estabilizar os sistemas dis-
persos, como suspensões ou emulsões. Existem mecanismos que estabilizam 
a dispersão ou aumentam a viscosidade, como a formação de gel por meio de 
uma rede tridimensional de moléculas ou de estabilização estereoquímica, 
em que o componente de macromoléculas no meio da dispersão é adsorvido 
à superfície das partículas ou gotículas da fase dispersa. Exemplos: ácido 
algínico, bentonite, carbómero, povidona, alginato de sódio. 
Base para pomadas
Servem como veículos para a aplicação tópica de substâncias medicamentosas 
e também como emolientes e agentes protetores da pele. As bases podem 
ser líquidas ou viscosas e são classificadas como: 
 � bases de pomadas oleaginosas — vaselina; 
 � bases de absorção de unguento — lanolina; 
 � bases de pomada para emulsões (A/O ou O/A) — óleos, ceras e parafinas; 
 � bases para pomadas solúveis em água — PEG. 
Agentes de rigidez
Trata-se de uma substância ou mistura de substâncias que aumenta a visco-
sidade ou a dureza de uma preparação, especialmente em pomadas e cremes. 
Esses agentes têm um ponto de fusão elevado, aumentando o ponto de fusão 
das pomadas e a consistência dos cremes. Em geral, são sólidos e podem 
ser hidrofóbicos ou hidrófilos. Exemplos: álcool cetílico, cera microcristalina, 
parafina, álcool estearílico, cera branca, cera de abelha.
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos 9
Emolientes
São excipientes usados em formulações tópicas para garantir a lubrificação 
e o espalhamento adequado, melhorar a textura e combater a potencial 
secagem ou o impacto irritante de surfactantes sobre a pele. Além disso, 
formam uma película de proteção que evita o ressecamento e a perda de 
água da pele. São compostos oleosos, podendo ser líquidos, semissólidos 
ou sólidos à temperatura ambiente. Exemplos: lanolina, pomada hidrofílica, 
vaselina, pomada branca, pomada amarela. 
Formulações parenterais
Água para medicamentos
A água destilada é usada como solvente, veículo, diluente ou para completar 
volumes de muitas formulações, sobretudo aquelas sob a forma líquida, 
como injetáveis, colírios, soluções orais, soluções para inalação, entre outras. 
Trata-se de um solvente usado como veículo relativamente seguro e barato. 
A água para injetáveis (estéril, não pirogênica, sem bacteriostáticos, agentes 
antimicrobianos ou adição de tampões) é uma preparação destinada apenas 
à administração parenteral, depois da adição de um ou mais fármacos que 
requerem diluição ou dissolução. 
Diluentes
São usados para dissolver determinada substância para a preparação de uma 
solução. As soluções podem ser aquosas ou não. Exemplos: água destilada, 
álcool, óleo de milho, glicerina, álcool isopropílico, óleo mineral. 
Os diluentes também são usados em produtos farmacêuticos que pre-
cisam ser liofilizados, como os antibióticos injetáveis, por exemplo. Nesse 
caso, esses excipientes fornecem um liofilizado com integridade estrutural, 
evitando seu colapso e a perda do fármaco por desfragmentação. Exemplos: 
oligossacarídeos (glicose ou frutose), aminoácidos, polímeros. 
Agentes isotônicos
A fim de evitar a hemólise dos glóbulos vermelhos do sangue e para atenuar 
a dor e o desconforto produzido por algumas soluções quando injetadas ou 
quando administradas em mucosas (olhos, nariz, etc.), elas devem ser isotôni-
cas, ou seja, devem ter a mesma pressão osmótica do sangue. Esses agentes 
podem se apresentar na forma iônica, como cloreto de potássio (KCl), cloreto 
de lítio (LiCl), iodeto de sódio (Nal), brometo de sódio (NaBr) e cloreto de sódio 
(NaCl), ou na forma não iônica, como glicerol, sorbitol, manitol ou dextrose. 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos10
Aerossóis
Gás propulsor
São compostos gasosos nas condições ambientais, utilizados em produtos 
farmacêuticos como sprays nasais, dispositivos inalatórios e cosméticos. 
Sua forma líquida apresenta baixo ponto de ebulição, sendo relativamente 
inertes para os fármacos e outros excipientes de uma formulação. Exemplos: 
dióxido de carbono, diclorofluoroetano, diclorotetrafluoroetano.
Avaliação dos excipientes
Para desenvolver uma formulação farmacêutica adequada, é fundamental 
considerar todas as características físico-químicas e biológicas de todos os 
componentes usados para sua produção. Por isso, um medicamento seguro 
e eficaz depende da seleção criteriosa dos excipientes a serem adicionados 
para facilitar a administração (oral, tópica, nasal, parenteral, etc.), garantir 
liberação e a biodisponibilidade desejada do fármaco, evitar efeitos adversos 
ou tóxicos, bem como protegê-lo de uma possível degradação (MATOS, 2013).
De fato, é de extrema importância avaliar cuidadosamente algumas carac-
terísticas dos excipientes, bem como fatores que podem interferir (positiva e 
negativamente) na qualidade final de um novo medicamento a ser produzido. 
Assim, as principais características ideais em um excipiente a ser usado em 
formulação farmacêutica são (SILVA, 2013):
 � química e fisicamente inerte;
 � toxicologicamente inativo;
 � compatível com outros excipientes e fármacos;
 � capaz de sofrer compressão;
 � elevada fluidez e escoamento (principalmente para formas sólidas);
 � fácil disponibilidade (várias fontes);
 � custos adequados;
 � fácil armazenamento;
 � características reproduzíveis (todos os lotes). 
Nesse sentido, o conhecido estudo de pré-formulação é uma das etapas 
mais importantes durante o desenvolvimento de novas formulações (me-
dicamentos de referência ou genéricos). Seu objetivo principal é avaliar os 
fatores que afetam a compatibilidade entre fármacos e excipientes, ou seja, 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos 11
identificar as interações físicas ou químicas que podem influenciar e provocar 
alterações significativas no desempenho farmacotécnico e/ou farmacológico 
do medicamento final (MATOS, 2013).
Como se sabe, os estudos de pré-formulação farmacêutica têm como 
objetivo avaliar e compreender melhor o comportamento de fármacos 
e excipientes durante o desenvolvimento de novas formulações. Contudo, algumas 
indústrias farmacêuticas negligenciam essa importante etapa. Em geral, com o intuito 
de economizar tempo e recursos financeiros, partem diretamente para a etapa de 
formulação, principalmente quando se trata da produção de medicamentos genéricos. 
Porém, um importante aspecto que pode ser identificado em estudos de 
pré-formulação é a ocorrência de polimorfismo, que é a capacidade de uma 
substância existir em mais de uma estrutura cristalina. Assim, diferentes formas 
cristalinas de um mesmo fármaco podem apresentar diferentes propriedades. 
Isso pode influenciar diretamente o processo de fabricação de um medicamento 
e, consequentemente, afetar diretamente suas características físico-químicas, 
dentre outros aspectos importantes a serem considerados para qualidade, 
eficácia e segurança de um medicamento (SILVEIRA et al., 2019; MATOS, 2013).
Assim como a maioria dos fármacos, os excipientes possuem proprieda-
des termodinâmicas próprias, podendo interagir com fármacos, com outros 
excipientes e inclusive com alguns fatores ambientais (luz, temperatura, 
umidade), como disposto no Quadro 1. Algumas interaçõesfísicas podem, 
por exemplo, modificar o tempo de dissolução de uma forma farmacêutica 
sólida ou a absorção de um determinado fármaco (MATOS, 2013).
Quadro 1. Principais fatores que afetam a compatibilidade entre fármacos 
e excipientes farmacêuticos
Propriedades 
do fármaco
Propriedades 
do excipiente
Propriedades 
da formulação
Fatores 
ambientais
 � Estrutura 
química
 � Forma física
 � Tamanho da 
partícula
 � Área superficial
 � Morfologia
 � Impurezas
 � Umidade
 � Estrutura 
química
 � Forma física
 � Tamanho da 
partícula
 � Área superficial
 � Morfologia
 � Impurezas
 � Umidade 
 � Relação fármaco– 
-excipiente
 � Granulação
 � Moagem/mistura
 � Compressibilidade
 � Luz
 � Umidade
 � Oxigênio
 � Temperatura
Fonte: Adaptado de Matos (2013). 
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos12
Já as interações químicas com os excipientes podem causar a degradação 
do fármaco ou o aparecimento de impurezas (metabólitos), principalmente 
por meio de reações como hidrólise, oxiredução, fotólise, isomerização e 
polimerização. Tais reações podem comprometer a integridade do princípio 
ativo e, como consequência, levar a medicamentos com doses subterapêuticas 
ou mesmo com a presença de substâncias tóxicas ao organismo do paciente.
Atualmente, a avaliação de compatibilidades e interações entre os princi-
pais componentes de uma formulação (fármaco e excipientes) envolve algumas 
técnicas instrumentais analíticas, com destaque para análises térmicas como 
a calorimetria exploratória diferencial (DSC) e a termogravimetria (TGA). 
Além das análises térmicas, outras técnicas complementares podem ser 
empregadas para essa finalidade, como a espectroscopia de infravermelho 
(IR), ressonância magnética nuclear (RMN), difração de raios por policristais 
(DRXP), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e cromatografia líquida 
de alta eficiência (CLAE) (MATOS, 2013).
Portanto, podemos concluir que os estudos de pré-formulação compreen-
dem uma etapa essencial para o desenvolvimento de novos medicamentos, 
inclusive genéricos, permitindo não apenas identificar as possíveis interações 
entre fármacos e determinados excipientes, mas também embasar estratégias 
para minimizá-las ou evitá-las corretamente. 
Referências
ABRANTES, C. F. G. Segurança dos excipientes utilizados pela indústria farmacêutica. 
2015. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas)- Universidade Lusófona de 
Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2015. Disponível em: https://core.ac.uk/download/
pdf/48583907.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020.
ARAUJO, A. C. F.; BORIN, M. F. Influência de excipientes farmacêuticos em reações 
adversas a medicamentos. Brasília Médica, v. 49, n. 4, p. 267–278, 2012. Disponível em: 
https://pdfs.semanticscholar.org/e5a3/9e36b11ae4dc9336d3bd033fe80cd45f2df1.pdf. 
Acesso em: 27 ago. 2020.
BALBANI, A. P. S. et al. Excipientes de medicamentos e as informações da bula. Revista 
Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 72, n. 3, p. 400–406, 2006. Disponível em: https://
www.scielo.br/pdf/rboto/v72n3/a18v72n3.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020.
MATOS, A. P. Estudos de compatibilidade fármaco-excipiente e sua importância no 
desenvolvimento de formulações farmacêuticas. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Especialização) — Instituto de Tecnologia em Fármaco/Farmanguinhos, Fundação 
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/
icict/7718. Acesso em: 27 ago. 2020.
PESSANHA, A. F. V. Influência dos excipientes multifuncionais no desempenho dos 
fármacos em formas farmacêuticas. Revista Brasileira de Farmácia, v. 93, n. 2, p. 136–145, 
2012. Disponível em: http://www.rbfarma.org.br/files/rbf-2012-93-2-2.pdf. Acesso em: 
27 ago. 2020.
Excipientes e adjuvantes na produção de medicamentos 13

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