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Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção DISCIPLINA: Módulo de Processo Civil PROFESSOR: Daniel Assumpção MATÉRIA: Da Gratuidade de Justiça (continuação). Litisconsórcio. Intervenção de Terceiros. Atos Processuais Leis e artigos importantes: Arts. 119 ao 124 do NCPC; Arts. 682 ao 686 do NCPC; Art. 340 do NCPC; Arts. 125 ao 129 do NCPC; Arts. 130 ao 132 do NCPC; Arts. 133 ao 137 do NCPC; Arts. 138 do NCPC. Palavras-chave: DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PROCEDIMENTO. LITISCONSÓRCIO. MULTITUDINÁRIO. ESPÉCIES. AUSÊNCIA DO LITISCONSORTES NECESSÁRIO. RELAÇÃO ENTRE OS LITISCONSORTES. INTERVENÇÃO DE TERCEIRO. ASSISTÊNCIA. OPOSIÇÃO. NOMEAÇÃO À AUTORIA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. CHAMAMENTO AO PROCESSO. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. “AMICUS CURIAE”. ATOS PROCESSUAIS. TUTELA DIFERENCIADA. TEMA: DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA (CONTINUAÇÃO). LITISCONSÓRCIO. INTERVENÇÃO DE TERCEIRO. ATOS PROCESSUAIS PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO VII. Da Gratuidade de Justiça e. Procedimento (arts. 99 ao 102 do NCPC) Não há preclusão temporal para o pedido de concessão de benefício de assistência judiciária gratuita, ou seja, em qualquer momento do processo a pessoa pode fazer o seu pedido. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Há uma novidade: é possível fazer o pedido de assistência judiciária no recurso. O interessante é que nesse recurso que se requer o benefício de assistência judiciária não será necessário realizar o recolhimento do preparo. E, diante disso, o relator do recurso terá a competência de decidir monocraticamente a respeito do seu pedido. Se essa decisão monocrática for de acolhimento do pedido não haverá nenhuma consequência prática, pois o recurso terá o seu prosseguimento natural. Porém, se tiver uma decisão de rejeição para que parte não seja surpreendida por uma deserção, haverá uma concessão de prazo para o recorrente realizar o recolhimento do preparo. Dessa decisão monocrática que rejeita será cabível um agravo interno, porém este não tem efeito suspensivo, ou seja, é importante que a pessoa obtenha um efeito suspensivo!!!!! De qualquer maneira já é muito melhor que hoje, pois atualmente o STJ diz que a concessão da gratuidade não pode ter efeito “ex-tunc”, isto é, não pode retroagir. Outrossim, mantém-se a declaração de pobreza, a qual mantém uma presunção relativa da parte. Porém, se o juiz verificar indícios de abuso nesse pedido, o mesmo pode tanto de ofício, como por provocação da parte contrária, requerer a intimação do requerente para comprovar a sua real necessidade, vale dizer, se a pessoa perceber que há abuso no pedido, afastar-se-á a presunção de veracidade no caso concreto. Portanto, quando se afasta a presunção exige o ônus da prova para o requerente. Observação: a presença de um advogado particular na defesa da parte não é um desses indícios de abuso!!!!! Como também, não há mais dentro do nosso sistema o incidente de impugnação à concessão dos benefícios, ou seja, não haverá mais necessidade de formar autos em apenso. O que ocorrerá na prática do Novo CPC será o seguinte: da decisão que concede, sendo esta interlocutória, haverá o cabimento do Agravo de Instrumento. É possível também que o juiz deixe para conceder a concessão na sentença, sendo assim, caberá apelação. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Quanto à revogação desses benefícios, a consequência prática deste ato é a exigência de pagamento das despesas processuais (incluindo as custas, as taxas) que a parte tinha sido dispensado de adiantar. Destarte, haverá um aspecto mais sério: caso a pessoa esteja no processo de má-fé, a pessoa além desse pagamento, receberá uma sanção que compreende o pagamento de até dez vezes o valor das despesas. O valor da sanção, cumpre aduzir, terá como credor o Estado e não a parte, isto é, a União quando tramitar na justiça federal e o Estado quando tramitar na justiça estadual. VIII. Litisconsórcio A primeira mudança pontual ocorreu no litisconsórcio multitudinário (art. 113, §§ 1º e 2º do NCPC), no qual se caracteriza por formar uma verdadeira multidão de litisconsortes. Há casos que em que o número de litisconsortes facultativos1 em um determinado processo é assaz excessivo que compromete a rápida solução do litígio (isto é, impede a rápida entrega da prestação jurisdicional) ou, então, criar uma dificuldade no exercício de defesa, bem como criar dificuldade no cumprimento de sentença (NOVIDADE DO NOVO CPC). Este último aspecto é interessante, pois há questões que a matéria é efetivamente de direito, sendo a matéria fática homogênea, porém quando chega na sentença condenada o réu. Contudo, no momento de execução da sentença, percebe que mantê-los juntos criará embaraço ao processo, não sendo recomendado mantê-los. Assim, é crucial que se faça o pedido de desmembramento do litisconsórcio multitudinário, a qual a sua decisão é passível de Agravo de Instrumento. Quanto às espécies de litisconsórcios, conforme art. 114 do NCPC, percebe-se uma purificação do conceito de litisconsórcio necessário, sendo aquele por disposição de lei ou quando o objeto da demanda for uma relação jurídica material incindível. 1 É de se notar, desde logo, que não há uma fixação prévia de quantos litisconsortes formam uma multidão, pois caberá ao juiz, diante do caso concreto, dizer o que é ou não excessivo para o processo em que se formou a coligação de partes. Assim, nada impede que em um dado processo se admita um litisconsórcio formado por centenas de pessoas, enquanto que outro se considere excessiva a coligação de dez pessoas, ou outro número qualquer. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Esse conceito já é o atual, apenas há uma purificação legislativa ... Quanto à ausência no processo do litisconsortes necessário (art. 115 do NCPC), caso seja um litisconsórcio necessário unitário (isto é, o litisconsortes necessário em que a decisão deverá ser a mesma para todos os litisconsortes), haverá uma sentença nula em virtude de sua ausência no processo [plano da validade]; o que significa que após o transito em julgado terá o momento para a Ação Rescisória. Porém, no caso de um litisconsórcio simples haverá uma sentença parcialmente ineficaz, que se opera apenas para os terceiros que deveriam ter sido citados como litisconsórcio necessário, mas não foram [plano da eficácia]. Quanto à relação entre os litisconsortes (art. 117 do NCPC), na atualidade, têm- se uma regra que estabelece a autonomia da relação do litisconsortes (art. 48 do CPC/1973, no qual os atos de um não prejudicam ou beneficiam os demais (isto é, cada um por si); contudo o Novo CPC estabelece uma regra fechada não passível de exceção, a qual dispõe que se o litisconsortes for simples (decisões diferentes) há a autonomia entre os litisconsortes, o que significa que os atos ou omissões dos litisconsortes não prejudicam/beneficiam os demais. Contudo, caso seja litisconsórcio unitário a ideia é que os atos e omissões não prejudicam, contudo beneficiam. Quanto à desistência do recurso pelo litisconsorte unitário, tanto no Novo CPC, quanto ao de 1973, há a expressa disposição que diz que o litisconsorte unitário não depende de anuência do litisconsorte para desistir. Quid iures, esse recurso do litisconsorte unitário não beneficiaria o outro litisconsorte quedeixou de recorrer? Nessa perspectiva, deixa de beneficiar prejudica. A análise realizada pelo Prof. Daniel Assumpção prejudica o litisconsortes recorrente, vez que não permitir uma possibilidade de melhora estaria criando prejuízo para aquele que não recorreu. De qualquer maneira, como se está a falar de um benefício hipotético, a perda de uma chance não consubstancia um prejuízo. Quanto ao princípio da comunhão das provas estabelece que a prova produzida passa a ser prova do processo. É irrelevante saber quem foi o responsável pela produção da prova. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção E, portanto, a partir do momento que passa a ser uma prova do processo, é natural que ela vincula todos os sujeitos processuais, pois não se trata da prova de A ou B, mas sim do processo. Em resumo, a prova produzida por um litisconsorte unitário ou simples prejudica/beneficia litisconsorte. IX. Intervenção de Terceiros a. Assistência (art. 119 ao art. 124 do NCPC) A primeira espécie de intervenção de terceiro previsto pelo Código de Processo Atual é a ASSISTÊNCIA. A partir do novo CPC não haverá mais autuação em Apenso quando a resistência do pedido de assistência. Essa forma de autuação deixou de existir. Trata-se mais de uma novidade cartorial do que processual. Mais uma novidade: previsão de Agravo de Instrumento quanto à decisão que defere/indefere o pedido do terceiro interveniente. Ademais, cumpre apresentar mais uma novidade: na assistência simples (assistência tradicional), o assistente simples não pode contrariar a vontade do assistido, vez que este é o titular do direito. A grande questão é a seguinte: na omissão do assistido, o assistente poderá atuar???? Se você entender que a omissão do assistido representa uma vontade tácita do ato não ser praticado, você, obviamente, não permite a prática do ato pelo assistente (esse entendimento já vigorou no STJ). Porém, atualmente o STJ compreende que a omissão do assistido não impede a prática de ato pelo assistente, porque o art. 121, §ú do NCPC prevê que sendo revel ou de qualquer outro modo omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual, isto é, aquele que pratica atos processuais, não dependendo de outro sujeito para praticá-los. Não sendo possível tirar da omissão do assistente uma vontade tácita de não praticar o ato!!! Sendo importante que o assistido diga, posteriormente, se aceita ou não o recurso realizado pelo assistente ... b. Oposição (art. 682 ao art. 686 do NCPC) Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Nesta, um terceiro em relação à demanda originária, vai a juízo manifestando pretensão de ver reconhecido como seu o direito (pessoal e real) sobre que convertem autor e réu. A oposição deixa de ser uma espécie de intervenção de terceiro, porém isso não significa que ela não continuará entre nós, apenas alterará a sua natureza jurídica, estando presente nos procedimentos especiais. Sabe-se que, doutrinariamente, sempre houve uma grande dissidência quanto a oposição se encontrar no rol de intervenção de terceiros, vez que, para alguns, a exemplo de Alexandre Câmara, a oposição não se tratava de verdadeira intervenção de terceiro, mas sim de uma demanda autônoma, em que o oponente é o autor, e serão réus, em litisconsórcio necessário, as partes da demanda original. c. Nomeação à Autoria Assim como a Oposição, a Nomeação à Autoria, também sairá do rol das Intervenções de Terceiros. A Nomeação à Autoria, como se sabe, depende de uma ilegitimidade do polo passivo. Em regra, a ilegitimidade passiva gera a consequência da extinção do processo por carência de ação. Portanto, o sistema, atualmente, cria duas exceções presentes no art. 62 e 63 do CPC/1973, nos quais se tira o réu que nunca deveria estar no polo passivo e coloca o terceiro que lá deveria estar (fenômeno da extromissão de parte). Atualmente, para se ter a nomeação à autora é necessário ter a dupla concordância ou dupla nomeação, no qual o autor deverá concordar, assim como o terceiro. Isto é, a nomeação à autoria só provocará a alteração do polo passivo da relação processual, com a saída do réu original, e sua substituição pelo nomeado, se tanto o autor como o nomeado concordarem com tal alteração. Não havendo, portanto, a dupla concordância, permanecerá o réu original no polo passivo. É óbvio, pensando numa ótica de normalidade, que ninguém quer ser réu!!! Diante disso, trata-se de uma intervenção que não deu certo, apesar de possuir um espírito nobre. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Com o advento do Novo CPC, no art. 340, permite agora que seja na contestação, qualquer delas, em que se alegue a ilegitimidade passiva pelo réu, haverá a intimação do autor e, havendo a concordância do mesmo, imediatamente, haverá a sucessão processual, ou seja, imediatamente o terceiro indicado pelo réu tornar-se-á réu em seu lugar. Buscou-se, assim, evitar a sentença terminativa!! d. Denunciação da Lide (art. 125 ao art. 129 do NCPC) Gusmão Carneiro, em sua obra “Internveção de Terceiros”, define a denunciação da lide “como uma ação regressiva, „in simultameus processus’, proponível pelo autor como pelo réu, sendo citada como denunciada aquela pessoa contra quem o denunciante terá uma pretensão indenizatória, pretensão „de reembolso‟, caso ele, denunciante, vier a sucumbir na ação principal”. A primeira novidade está presente no art. 125, caput, que diz que “é admissível” a denunciação da lide, que deixa de ser obrigatória, conforme se prescrevia no art. 70, caput, do CPC/1973. Quando se diz que a denunciação da lide é obrigatória significa que a parte que não denunciar perderia o direito material de regresso contra terceiro, o qual não mais poderá ser exercido, nem mesmo por demanda autônoma. Sendo assaz pernicioso para a proteção do direito material. Portanto, com o escopo de por um fim nessa questão, consagrou-se a facultatividade da denunciação da lide. Uma outra novidade, também decorre do art. 125 do NCPC, porém se trata de uma supressão, apenas passível de observação quando realizado um paralelo com o art. 70, II, do CPC/1973, o qual se tratava de denunciação da lide que envolvia possuidor direto e possuidor indireto. Situação esta bastante rara, que no limite entra como direito regressivo àquele que estiver obrigado por contrato. Outra novidade está no inciso I do art. 125 do NCPC: é admissível a denunciação da lide ao alienante imediato na hipótese de evicção. Porém, o Código Civil de 2002, em seu art. 456 dispõe que quando há uma cadeia de alienação do bem, têm a possibilidade da denunciação da Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção lide “per saltum”, isto é, significa que o adquirente evicto poderá denunciar a lide qualquer sujeito que tenha participado da cadeia de transmissão do bem. Contudo, o art. 1.072, II, do NCPC revoga expressamente o art. 456 do CC/02, pondo um fim na denunciação da lide “per saltum” ... Diante disso, apenas poderá realizar a denunciação da lide ao alienante imediato!!! Outrossim, há uma novidade no art. 125, §2º do NCPC, que fala da denunciação sucessiva, estabelecendo uma permissão legal para que o denunciado a lide também seja denunciante. A novidade é a limitação da denunciação sucessiva por apenas uma vez, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação. O art. 127 do NCPC estabelece uma novidadeinteressante, que trata da denunciação da lide pelo autor. Apesar de ser rara, permitirá que o denunciado se torne litisconsorte ativo no processo principal. Inobstante o CPC/1973 o permitir o aditamento da petição inicial, o Novo CPC permite acrescentar novos argumentos à petição inicial. Perceba-se que acrescentar significa que não pode modificar, muito menos suprimir, bem como não pode alterar causa de pedir e o pedido. Sendo assim, uma contribuição à petição inicial mais limitada e racional. O art. 128, §ú, do NCPC estabelece uma novidade bem significativa que vem consolidar o entendimento do STJ: permitir que a parte contrária execute diretamente o denunciado à lide, nos limites da condenação deste na ação regressiva. E claro, essa execução é por cumprimento de sentença. e. Chamamento ao Processo (arts. 130 ao 132 do NCPC) Quanto a este não há nenhuma mudança que exija uma análise. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Trata-se de intervenção de terceiro provocada pelo réu, que tem a faculdade (e não dever) de trazer ao processo os coobrigados, dando causa à instauração do litisconsórcio passivo. f. Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (arts. 133 ao 137 do NCPC) Trata-se de uma regulamentação procedimental da desconsideração da personalidade jurídica. Sabe-se que o legislador até então se limitava a prever o aspecto material (teoria menor e teoria maior), porém, atualmente, criou-se um procedimento por meio do qual se desconsiderar a personalidade jurídica. Percebe-se que estabelece a dispensa de ação autônoma para o fim da consideração da personalidade jurídica. Assim como, esta será feito por incidente processual, no qual, segundo art. 134 do NCPC, configura-se uma forma incidental cabível em todas as fases do conhecimento no cumprimento de sentença e no processo autônomo de execução. Observação: (i) Durante a fase de conhecimento não há ainda título executivo. Assim, se a pessoa não há título executivo não há possibilidade de constrição dos bens dos sócios. Quid iures, Qual o interesse jurídico de desconsiderar a personalidade jurídica neste momento, já que não pode atingir os bens dos sócios? O interesse jurídico é demonstrado pelo art. 134, §1º, do NCPC, que prevê que a instauração do incidente vai gerar uma anotação no distribuidor, vale dizer, se você puxar a certidão do processo irá se tomar conhecimento da existência da anotação. Caso esse incidente seja acolhido, os sócios passarão a constar como litisconsórcio passivo da sociedade empresarial. Significando que também neste momento caberá uma averbação no sentido de incluí-los no polo passivo da demanda para fins de fraude à execução. Outrossim, quando se diz que não há ainda título executivo é porque se imagina que neste processo de conhecimento não haja uma decisão interlocutória de tutela antecipada, já que na decisão interlocutória de tutela antecipada será cabível o “cumprimento” desta. Observação: (ii) no momento em que a lei diz que cabe a desconsideração no cumprimento de sentença e no processo de execução, esta busca informar que os sócios não precisam figurar no título executivo. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção Procedimentalmente, a desconsideração da personalidade jurídica tem um pedido, o qual pode ser da parte ou do Ministério Público como fiscal da Ordem Jurídica (art. 133, caput do NCPC), ou seja, não cabe de ofício. Conforme o art. 135 do NCPC quando se instaura o incidente haverá a citação dos sócios que possuirão um prazo de 15 dias para a manifestação a respeito do pedido. Diante disso, serão produzidas provas, caso venha a ser necessária - todos os meios de provas são admitidos. E depois de encerrada a instrução probatória, segundo o art. 136 do NCPC, terá uma decisão interlocutória resolvendo o incidente processual, passível de agravo de instrumento, bem como de Agravo Interno – quando julgado pelo relator (art. 932, VI, NCPC). A novidade é que esse dois últimos dispositivos consagram a exigência do contraditório tradicional para a desconsideração da personalidade jurídica, uma vez que o STJ possuem o entendimento do contraditório diferido (contraditório posterior) nesses casos. Contudo, não é eliminado o contraditório diferido, vez que este é permitido na tutela provisória – art. 9, NCPC -. g. Amicus Curiae (Art. 138 do NCPC) O STF já foi chamado para falar sobre a natureza jurídica do mesmo. O Supremo por motivos não muito nobres, diante disso, não podia reconhecer o amicus curiae como terceiro interveniente, mesmo atípico, pois se tornaria parte no processo, possuindo legitimidade para recorrer. Destarte, eles disseram que se tratava de um mero colaborar eventual do juízo. O Prof. Daniel Assumpção, assim como outros doutrinadores, defendem a ideia de que se trava de um terceiro interveniente atípico. Apesar do ato de coloca-lo em um título de intervenção de terceiro, dificilmente, o STF mudará a qualidade do mesmo. Infelizmente, o STF, fatalmente, manterá esse posicionamento. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção O art. 138, caput, do NCPC estabelece as hipóteses de cabimento do chamamento do “Amicus Curiae” no processo, sendo estas: (i) relevância da matéria (isto é, relevância econômica, social, política e jurídica – “repercussão geral”); (ii) especialidade do tema objeto da demanda; (iii) repercussão social da controvérsia2. Atenção: Não é necessário ter os três requisitos, apenas um deles já é suficiente. Essas causas de admissão podem se verificar em qualquer processo, em qualquer grau de jurisdição. Eis aí uma novidade significativa. Uma outra novidade no caput deste artigo, pois estabelece quem pode ser o “Amicus Curiae”, que podem ser: (i) pessoa humana/natural; (ii) pessoa jurídica; (iii) órgão e entidade, porém é necessário ter a representatividade adequada3). Quanto ao procedimento de admissão do “Amicus Curiae”, sabe-se que pode ter um pedido de terceiro, ou determinação de ofício pelo juízo, ou o acolhimento de pedido por terceiro. Caso o juízo venha acolher o pedido de terceiro ou acolher o pedido da parte, esta decisão interlocutória é irrecorrível por Agravo de Instrumento – art. 138, caput, do NCPC. O art. 138, §2º do NCPC estabelece que o juiz/relator deve definir o poder do “Amicus Curiae”, porém há algumas provisões que não devem ser afastadas: (i) o direito de manifestação escrita em 15 (quinze) dias – art. 138, caput do NCPC; (ii) Legitimidade recursal limitada, isto é, apenas possui legitimidade recursal para a oposição de embargos de declaração, bem como do Acórdão do IRDR (Incidente de Oposição de Demandas Repetitivas), o qual é formado pelo 2º grau de jurisdição, sendo permitido interposição de Recurso Especial e Recurso Extraordinário neste caso – art. 138, §§ 1º e 3º do NCPC. A última consideração quanto aos aspectos procedimentais encontra-se no §1º do art. 138 do NCPC, o qual dispõe que não há alteração de competência gerada pela 2 Essas hipóteses não se findam aqui, pois a repercussão social dá margem ao processo coletivo. 3 Quanto à representatividade adequada, deve-se entender como reconhecimento e notável saber jurídico na sua área de atuação que é objeto da demanda. Matéria: Módulo de Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção intervenção do “Amicus Curiae”. Assim, um processo que tramita na Justiça Estadual, mesmoque um ente federal adentre como “Amicus Curiae”, não há alterará a competência. X. Atos Processuais a. Tutela Diferenciada Esta está associada à flexibilização procedimental, posto que há uma adequação das exigências ao caso concreto. Não sendo possível fazer uso de todos os remédios para se curar uma doença. A flexibilização procedimental pode ser unilateral feita pelo juiz, tratando-se de uma técnica que se encontra no art. 139, VI do NCPC. Por outro lado, é possível ter uma flexibilização bilateral fruto de uma convenção resultante de um acordo entre autor e réu. É o que ocorre na hipótese do art. 190 do NCPC – “Cláusula Geral dos Negócios Processuais”. Há também a possibilidade de uma flexibilização procedimental plurilateral, sendo necessário a participação do autor, do réu e do juiz (“Saneamento Compartilhado”) – art. 357, §2º do NCPC -.
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