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Collor. Aula de Corrupção (1)

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A Corrupção nos 
Governos Collor
Prof. Ricardo Caldas
Prof. Alexandre Gouveia
Critérios
Corrupção Cultural
Corrupção Histórica
Corrupção Sistêmica 
Corrupção Endêmica
A Corrupção no Governo Collor
Parte I:
Origens
Fernando Collor: uma “ponte” entre dois Brasis, o oligárquico e o desenvolvido.
Pertencente a uma família que estereotipava a oligarquia alagoana, representando um Brasil dominado pelos “coronéis”.
Ligações Políticas
Passa boa parte de sua vida no Rio de Janeiro e em Brasília. 
Sua família se associa a Rede Globo ao conseguir concessão de uma emissora de televisão em Alagoas.
Identidade Política
Identidade política conflitante: descendente de um antiquado clã político nordestino e em parte, ostentava a imagem de um político jovem e representante de um Brasil “moderno”.
É considerado com fruto do sistema político brasileiro, marcado por uma legislação eleitoral muito permissiva no que se refere à criação e troca de partidos.
Era muito telegênico, graças a sua aparência e seu gosto por espertes radicais.
Chegada ao Poder
Collor chega ao Planalto trocando casuisticamente de legenda (PMDB pelo PRN) e comprando o tempo de rádio e televisão dos pequenos partidos, o que permitiu sua grande ascensão.
Sucede um governo imerso em graves crises econômicas, o que permite a construção de sua imagem de salvador da pátria.
Chega à presidência com forte apoio popular e da mídia. 
O Declínio de Collor
 Adota uma postura de confronto com o Congresso, o que desgasta rapidamente a relação entre Executivo e Legislativo.
Visto como arrogante, o que dificulta seu relacionamento com parlamentares. Suas ações mais pareciam as de um “coronel” acostumado a mandar ao invés de negociar.
Os gastos excessivos dos estados, financiados pelos bancados estatais, iniciam uma crise fiscal.
Descrença popular aos planos de combate a inflação em conseqüência dos fracassos anteriores.
Imprensa
Com a liberdade de imprensa, muitos jornalistas passaram a atacar Collor, aumentando sua lista de problemas. Este fato só ocorreu devido à concorrência entre emissoras, já que a Rede Globo se calou ou minimizou os fatos até perceber o vivo interesse da população por eles.
Outro elemento que favoreceu a queda de Collor foi seu comportamento, definido por vezes como “politicamente suicida”.
Cercou-se de assessores alagoanos vistos como “provincianos”. 
Seu principal aliado torna-se o ‘empresário’ Paulo César Farias.
PC Farias
PC montou um complicado esquema de extorsão de propinas de empresas que tinham negócios com o Governo Federal.
Briga familiar resultando em declarações de seu irmão que ligava Collor ao dinheiro de PC, deflagrando assim o processo de impeachment. 
Collor tenta contornar a crise indo à televisão. Cada aparição sua era sucedida de novas denúncias, desgastando sua imagem de autoridade.
A aproximação do impeachment fez com que Collor tentasse negociar com parlamentares, oferecendo cargos e verbas públicas, prática muito utilizada por políticos brasileiros.
A Revista IstoÉ
A maior crise enfrentada pelo governo Collor tomou forma em junho de 1991 graças a uma disputa envolvendo o irmão Pedro Collor e o empresário Paulo César Farias a partir da aquisição, por este último, do jornal Tribuna de Alagoas visando montar uma rede de comunicação forte o bastante para eclipsar a Gazeta de Alagoas e as Organizações Arnon de Mello. 
Contornada em um primeiro instante, a crise tomou vulto ao longo do ano seguinte, possuindo como ápice reportagem da revista IstoÉ trazendo matéria bombástica com o motorista de Collor, Eriberto França. 
A situação de Collor estava cada vez mais insustentável. 
A Revista Veja
A revista Veja trouxe uma matéria na qual o caçula do clã acusava o empresário PC Farias de enriquecer às custas da amizade com o presidente, algo que teve desdobramentos nos meses vindouros; 
Em 10 de maio, Pedro Collor apresentou a Veja documentos que apontavam o ex-tesoureiro do irmão como o proprietário de empresas no exterior e como as denúncias atingiam um patamar cada vez mais elevado ;
A família interveio e desse modo o irmão denunciante foi removido do comando das empresas da família em 19 de maio por decisão da mãe, dona Leda Collor.
‘Perturbado’
Oficialmente afastado por conta de “perturbações psicológicas”, Pedro Collor não tardou a contra-atacar: primeiro apresentou um laudo que atestava a sanidade mental e a seguir concedeu nova entrevista a Veja em 23 de maio na qual acusou PC Farias de operar uma extensa rede de corrupção e tráfico de influência na qualidade de “testa-de-ferro” do presidente, o qual não reprimia tais condutas por ser um beneficiário direto daquilo que ficou conhecido como “esquema PC”. 
Quarenta e oito horas depois a Polícia Federal abriu um inquérito destinado a apurar as denúncias de Pedro Collor e no dia seguinte o Congresso Nacional instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a veracidade das acusações.
Presidida pelo deputado Benito Gama (PFL–BA) e relatada pelo senador Amir Lando (PMDB–RO), a CPI foi vista com certo desdém pelo governo, a ponto de Jorge Bornhausen, o então chefe da Casa Civil, ter declarado que a comissão “não levaria a lugar nenhum”.
Reação de Collor
Pouco tempo depois Fernando Collor foi à televisão e rechaçou as denúncias feitas contra a administração e com isso sentiu-se à vontade para conclamar a população a sair de casa vestida em verde e amarelo em protesto contra as “intenções golpistas” de determinados setores políticos e empresariais interessados em apeá-lo do poder. 
O apelo pareceu ter dado certo: no dia 12 de agosto, quando completou 43 anos, foi homenageado por empresários, políticos, cantores, artistas e admiradores, parecendo até que tudo seria esquecido, havendo ampla cobertura midiática desse apoio. 
Entretanto, teve na verdade um efeito inverso ao que originalmente se propunha, pois o que se viu às ruas foram as manifestações de jovens estudantes denominados caras-pintadas, em referência às pinturas dos rostos que, capitaneados pela União Nacional dos Estudantes exigiam o impeachment do presidente numa cabala resumida no slogan “Fora Collor!” repetida à exaustão em passeatas por todo o país a partir de 16 de agosto. 
A Mobilização Estudantil
Segundo a opinião de diversos sociólogos e cientistas políticos, foi essa mobilização estudantil, reforçada pela participação da sociedade civil organizada, o que aos poucos fez com que os meios de comunicação fossem abandonando Collor), o fator decisivo para que as investigações da CPI avançassem e não fossem turvadas pela interferência governamental,
Ou seja, sem essa cobrança por parte da sociedade o afastamento de Collor provavelmente não teria ocorrido, ainda que o “embrião estudantil” da mesma tenha sido taxado inicialmente por setores da imprensa como algo “desprovido de idealismo e coerência política” à mercê da manipulação de grupos políticos de esquerda. 
Enquanto isso as apurações na CPI colhiam, paulatinamente, uma série de depoimentos e também de documentos escritos que corroboravam os indícios da atuação de Paulo César Farias nos bastidores do poder.
A CPI do PC
Em 26 de agosto o relatório final da “CPI do PC” foi aprovado e nele constava a informação de que o presidente e os familiares tiveram despesas pessoais pagas pelo dinheiro recolhido ilegalmente pelo “esquema PC” que distribuía tais recursos por meio de uma intrincada rede de “laranjas” e de “contas fantasmas”. 
Como exemplos materiais desse favorecimento foram citadas a reforma na “Casa da Dinda” (residência de Fernando Collor em Brasília) e a compra de um automóvel Fiat Elba. 
Cópias do relatório foram entregues para a Câmara dos Deputados e para a Procuradoria-Geral da República, e um pedido de impeachment foi formulado tendo como signatários o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, e o advogado Marcelo
Lavenére, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Entregue ao deputado Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara dos Deputados, o pedido de abertura do processo de impeachment foi aprovado em 29 de setembro por 441 votos a favor e 38 votos contra, com uma abstenção e 23 ausências.
O Dia da Votação
Sobre o dia da votação (transmitida para todo o país pelos meios de comunicação, que já haviam abandonado definitivamente Collor) vale registrar que a mesma transcorreu sob a égide do voto aberto 
Isso fez com que os deputados pensassem na sobrevivência política dada a proximidade das eleições municipais de 1992 e o desejo de reeleição em 1994, assim muitos parlamentares optaram pelo “sim” no momento decisivo apesar de promessas em sentido contrário, 
Ou seja, votos que eram contabilizados para o governo migraram para o bloco do impeachment, dois dos quais merecem destaque o caso do deputado Onaireves Moura (PTB–PR), que dias antes organizara um jantar de desagravo ao presidente e a seguir o voto do alagoano Cleto Falcão, ex-líder do PRN na Câmara dos Deputados e amigo íntimo de Collor, demonstrando assim o total isolamento do presidente. 
Para aprovar a abertura do processo de impeachment seriam necessários 336 votos e o sufrágio decisivo ficou a cargo do deputado Paulo Romano do (PFL–MG).
O Afastamento
Afastado da presidência em 2 de outubro, foi julgado pelo Senado em 29 de dezembro de 1992. 
Como último recurso para preservar os direitos políticos, Collor renunciou ao mandato antes do início do julgamento, mas a sessão teve continuidade. 
O julgamento foi polêmico e alguns juristas consideraram que o julgamento, após a renúncia, não deveria ter acontecido. 
Foi condenado à perda do cargo e a uma inabilitação política de oito anos pelo placar de 76 votos a 5 numa sessão presidida pelo ministro Sydney Sanches, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Suicídio ?
Retificando o resultado do julgamento, foi publicada a Resolução nº 101 do Senado, no DCN (Diário do Congresso Nacional), Seção 11, do dia 30 de dezembro de 1992, Art. 1º, que considerou prejudicado o pedido de aplicação da sanção de perda do cargo de presidente, em virtude da renúncia ao mandato.
O desgosto com o afastamento foi tamanho que Collor chegou a pensar em suicídio, conforme entrevista dada ao programa Fantástico' da Rede Globo em 2005.
Resultados do 
Governo Collor
Desta experiência, percebe-se que o Brasil, devido a sua não tradição partidária e a fragmentação proporcionada pela legislação eleitoral, é um país de difícil governabilidade.
Outro motivo que inviabiliza o sistema é a distorção no número de cadeiras na Câmara, onde se super-representa os pequenos estados (onde práticas oligárquicas ocorrem mais facilmente) e sub-representa os grandes
Por esses dois fatores, Skidmore diz que mesmo que a postura de Collor fosse outra, ele dificilmente teria conseguido fazer um bom governo.
Aspectos Positivos do Governo Collor
Foi dado o primeiro passo para a mudança de centro da nossa economia que era “voltada para dentro” em uma economia competitiva em termos internacionais, através de ações tais como:
Diminuição consideravelmente das tarifas; 
Abolição dos subsídios governamentais as indústrias;
Promoção da competição entre as empresas que produzem para o mercado interno;
Redução da folha de pagamentos do governo e
Privatização das estatais notoriamente ineficientes.
Aspectos Negativos
Corrupção Sistêmica
Impunidade
Desgoverno
Perda de Credibilidade da Classe Política

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