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Pós-graduação Neurociência e a Educação no Brasil A busca pelo conhecimento é o que nos abre para um diálogo mais próximo e com condições de igualdade, se concretizando por meio da Educação”. “ Convite ao estudo Olá estudante, O conjunto de capítulos que compõe está apostila foi elaborado por profissionais que objetivaram organizar os tópicos mais relevantes sobre a temática, apresentando ao estudante um repertório de conteúdos diversos, com uma linguagem acessível, ilustrações e tabelas que irão proporcionar a você uma experiência de aprendizagem diversificada. Os ícones apresentados no decorrer de cada apostila visam proporcionar ao estudante exercitar processos de meta-reflexão e autoavaliação, que irão lhe auxiliar em suas práticas profissionais, portanto, leia atentamente todo o conteúdo e abra todos os links indicados, para que sua experiência seja mais completa. Exerça a sua autonomia e complemente sempre seus estudos com fontes (confiáveis) de pesquisa diversas, compartilhe suas impressões com seus colegas nos fóruns e assista aos vídeos com aulas complementares, assim você estará se aprofundando nos estudos e garantindo futuras boas práticas. Elabore um diário de bordo com anotações pessoais de cada capítulo e acompanhe a evolução da sua aprendizagem no decorrer do curso. Desejamos bons estudos e lembre-se que a “persistência é o melhor caminho para o êxito!” (Chales Chaplin) Coordenação Pedagógica. CONTEÚDO DO LIVRO No que tange à Neurociência e sua relação com a Educação e, em especial, com a aprendizagem, sabemos que a emoção interfere no processo de retenção da informação. É preciso motivação para aprender. A atenção é fundamental na aprendizagem. O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida. A formação da memória é mais efetiva quando a nova informação é associada a um conhecimento prévio. Para você, essas afirmações podem não ser inovadoras, seja por causa da sua experiência em sala de aula, seja por ter estudado Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896- 1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel (1918-2008), a maioria da área da Psicologia Cognitiva. A novidade é que as conclusões são fruto de investigações neurológicas recentes sobre o funcionamento cerebral. A Neurociência e a Psicologia Cognitiva se ocupam de entender a aprendizagem, mas têm diferentes focos. A primeira faz isso por meio de experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância magnética e de tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro durante o seu funcionamento. “A Psicologia, sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os significados, se pautando em evidências indiretas para explicar como os indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido”, explica Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e especialista em aprendizagem significativa, campo de estudo de Ausubel. As duas áreas permitem entender de forma abrangente o desenvolvimento da criança. “Ela é um ser em que esses fatores são indissociáveis. Por isso, não pode ser vista por um único viés”, diz Claudia Lopes da Silva, psicóloga escolar da Secretaria de Educação de São Bernardo do Campo e estudiosa de Vygotsky. Autores como Bartoszeck e Bartoszeck (2009) relacionam e demonstram que existem princípios da Neurociência onde se estabelecem as relações entre como o cérebro aprende e as estratégias que podem ser criadas em sala de aula, a saber: Aprendizagem, memória e emoções ficam interligadas quando ativadas pelo processo de aprendizagem. A aprendizagem sendo atividade social, os alunos precisam de oportunidades para discutir tópicos. Ambiente tranquilo encoraja o estudante a expor seus sentimentos e ideias; O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como resultado da experiência. Aulas práticas/exercícios físicos com envolvimento ativo dos participantes fazem associações entre experiências prévias com o entendimento atual; O cérebro mostra períodos ótimos (períodos sensíveis) para certos tipos de aprendizagem, que não se esgotam mesmo na idade adulta. Assim fazem-se ajuste de expectativas e padrões de desempenho às características etárias específicas dos alunos, usando de unidades temáticas integradoras; O cérebro mostra plasticidade neuronal (sinaptogênese), mas maior densidade sináptica não prevê maior capacidade generalizada de aprender. Os estudantes precisam sentir-se “detentores” das atividades e temas que são relevantes para suas vidas. Atividades pré-selecionadas com possibilidade de escolha das tarefas aumentam a responsabilidade do aluno no seu aprendizado; Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no transcurso de nova experiência de aprendizagem. Valem as situações que reflitam o contexto da vida real, de forma que a informação nova se “ancore” na compreensão anterior; O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões quando testa hipóteses. Deve-se promover situações em que se aceite tentativas e aproximações ao gerar hipóteses e apresentação de evidências. Pode-se fazer uso de resolução de “casos” e simulações; O cérebro responde, devido a herança primitiva, às gravuras, imagens e símbolos. Vale propiciar ocasiões para alunos expressarem conhecimento através das artes visuais, música e dramatizações (BARTOSZECK; BARTOSZECK, 2009). Nesse sentido, os pesquisadores acima acreditam que mesmo usando rotineiramente tais estratégias, as quais atuam nas transformações neurobiológicas que produzem a aprendizagem e fixação do conhecimento na estrutura cognitiva da mente, os professores em geral desconhecem como o cérebro e o sistema nervoso funcionam como um todo na esfera educacional, daí a importância em conhecer mais profundamente o seu funcionamento. NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE Diante das inúmeras mudanças na sociedade atual, geradas principalmente pelos avanços tecnológicos que nos disponibilizam informações, faz-se necessária uma cultura de aprendizado que gere conhecimento. Para tanto, há que se buscar um sistema educacional democrático o qual assume o compromisso de promover situações de aprendizagem nas quais as exigências da sociedade moderna sejam atendidas, para que todos possam desenvolver suas capacidades, mediante uma educação que aceite a diversidade. Para isso, é imprescindível explorar e estimular o potencial de aprender de todos os cidadãos. Torna-se obrigatório, então, promover a reconfiguração pedagógica nos ambientes educativos, pois o estímulo do potencial dos estudantes oportunizará um melhor desempenho individual, diminuindo a exclusão social. Assim, assumir a necessidade de estratégias metodológicas que garantam o desenvolvimento do potencial cognitivo de cada aluno é uma condição para assegurarmos a participação efetiva do mesmo na sociedade. Emerge desse panorama um questionamento: se a sociedade está em constante transformação e se a educação, nela inserida, também passa por mudanças, como o professor, ponto extremo da realização dessas alterações no meio educacional, está enfrentando a complexidade dos novos saberes necessários ao aprimoramento do ensinar? Considerando que muitas pesquisas no campo educativo afirmam ser o professor um dos principais protagonistas da educação (DEMO, 2001; ASSMANN, 2001; MORIN, 2002), cabe ao educador adotar um trabalho de parceria, instaurando as condições indispensáveis para que o aprendiz desenvolva a inteligência, e não a simples memorização. Conforme Fonseca: “O professor tem o dever de preparar os estudantes para pensar, para aprender a serem flexíveis,ou seja, para serem aptos a sobreviver na nossa aldeia de informação acelerada (FONSECA, 1998, p. 315)”. Por isso, é preciso que se abandonem os métodos pedagógicos instrucionais os quais não permitem dar a devida atenção à individualidade, e que se passe a compreender melhor como podemos lidar com certas características pessoais de nossos alunos. Esse constituirá o primeiro passo para o professor ser um participante ativo no processo de aprendizagem do aluno, pois orientará o docente na identificação, mobilização e utilização de métodos e recursos variados. O cérebro e a aprendizagem O homem percebe o mundo por meio de seu aparelho perceptual, num processo interpretativo dos fenômenos que envolve seus sentidos e sua memória. Nas palavras de Izquierdo: Memória é a aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informação. A aquisição é também chamada de aprendizagem: só se ‘grava’ aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido (IZQUIERDO, 2002, p. 9). Complementando, Lent preconiza que “percepção é a capacidade de associar as informações sensoriais à memória e à cognição, de modo a formar conceitos sobre o mundo, sobre nós mesmos e orientar nosso comportamento” (LENT, 2001, p. 557). De acordo com a neurociência cognitiva, cujo foco de atenção é a compreensão das atividades cerebrais e dos processos de cognição, a aprendizagem humana não decorre de um simples armazenamento de dados perceptuais, e sim do processamento e elaboração das informações oriundas das percepções no cérebro. Segundo Posner e Raichle (2001), os sistemas cognitivos são aqueles sistemas mentais que regem as atividades diárias do ser humano - como ler, escrever, conversar, planejar, reconhecer rostos. Alguns sistemas comportam outros sistemas, agregando complexidade na geração de um comportamento. O sistema cognitivo da linguagem, por exemplo, envolve falar, ler e escrever, ativando diferentes estruturas cerebrais. Esses diferentes sistemas cognitivos têm como base distintas operações mentais: uma dada tarefa mental, como jogar xadrez, pode ativar diferentes operações mentais, as quais estão relacionadas a redes neurais de áreas cerebrais específicas. Acrescenta-se a essas proposições a visão de Moraes (2004), para quem a aprendizagem progride mediante fluxos dinâmicos de trocas, análises e sínteses autorreguladoras cada vez mais complexas, ultrapassando o acúmulo de informações e sendo reconstruída, via transformação, por meio de mudanças estruturais advindas de ações e interações provocadas por perturbações a serem superadas. A memória é responsável pelo armazenamento de informações, bem como pela evocação daquilo que está armazenado. E a aprendizagem requer competências para lidar de forma organizada com as informações novas, ou com aquelas já armazenadas no cérebro, a fim de realizar novas ações. Aprender envolve, assim, a execução de planos já formulados, resultando de ações mentais bem pensadas, ensaiadas mentalmente e que influenciam o planejamento de atos futuros. O cérebro está preparado para funcionar com o feedback interno e externo, pois é autorreferente, isto é, “o que é recebido em qualquer nível cerebral depende de tudo o mais que acontecer nesse nível, e o que é enviado para o nível seguinte depende do que já estiver acontecendo nesse nível” (RATEY, 2001, p. 202). Apesar da proximidade entre os conceitos de aprendizagem e memória, Lent (2001) os distingue de forma bastante clara: O processo de aquisição de novas informações que vão ser retidas na memória é chamado aprendizagem. Através dele nos tornamos capazes de orientar o comportamento e o pensamento. Memória, diferentemente, é o processo de arquivamento seletivo dessas informações, pelo qual podemos evocá-las sempre que desejarmos, consciente ou inconscientemente. De certo modo, a memória pode ser vista como o conjunto de processos neurobiológicos e neuropsicológicos que permitem a aprendizagem (LENT, 2001, p. 594). AVANÇOS NO CONHECIMENTO DO PROCESSAMENTO DA FLUÊNCIA EM LEITURA: DA PALAVRA AO TEXTO A competência em leitura influencia o desempenho de linguagem oral e a elaboração escrita, enriquece o vocabulário, aumenta o nível de informação e conhecimentos gerais, desenvolve o senso crítico, desperta a curiosidade, a sensibilidade e o raciocínio. Todas essas vantagens são suficientes para que haja um maior esforço em fazer dos educandos leitores críticos e, consequentemente, a tornarem-se, cada vez mais, eficientes usuários da língua em seus aspectos oral e escrito (1). Em um âmbito mais restrito, a leitura diz respeito à sua vinculação à alfabetização, à aprendizagem formal do ler e escrever. No sentido amplo, vincula-se à ideia de atribuição de sentido; como concepção, a leitura integra a noção de ideologia, uma maneira de ver o mundo. Crianças que se encontram nos estágios iniciais de aquisição de leitura decifram o texto de uma maneira lenta e não-automática, ignorando as marcas de pontuação e se expressando de modo monótono, com pouca variação da prosódia. Porém, com o desenvolvimento das habilidades de leitura, a maioria delas ultrapassa esse estágio e sua leitura tornam-se mais fluente, a não ser nos casos de crianças que apresentam dificuldades de leitura, nas quais o alcance dessa fluência é mais difícil (2). Apenas recentemente a fluência de leitura tem sido objeto de preocupação da escola e, especificamente, da clínica fonoaudiológica, devido à sua relação com a compreensão (3). À medida que a percepção das sequências de letras se torna mais automática, a atenção aos processos primários de decodificação visual diminui, permitindo que a atenção seja realocada para outros aspectos do processamento de leitura, como a semântica (4). Esta é uma dimensão vital da leitura, sendo, portanto, a fluência de leitura necessária para a formação de um leitor de sucesso (5). O interesse pelo papel da leitura no desempenho acadêmico foi suscitado pela constatação da difusão entre os educadores de “pseudoverdades”, as quais serviram para que se formulassem questões a investigar. Por exemplo, há uma assertiva comum entre os docentes de existir, por parte dos alunos, certa resistência em praticarem a leitura, quer por dever escolar, quer por espontânea atividade cultural ou por lazer (6). Assim como também, muitas vezes, essa resistência à leitura pode provir de uma dificuldade anterior, como na decodificação um texto e, sem auxílio profissional, acabam por criar uma barreira das letras (7). Atualmente, percebe-se que a leitura é uma das principais deficiências do estudante brasileiro. Dados publicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP (2004) apontam que 55% dos alunos cursando a quarta série do Ensino Fundamental apresentaram desempenho crítico ou muito crítico em Língua Portuguesa (8). Esse fenômeno não acontece apenas no Brasil. Em um panorama internacional, na Bélgica, de 15 a 20% das crianças do Ensino Fundamental apresentam dificuldades importantes na aquisição da competência de leitura (9). Em um estudo realizado com 146 crianças e adolescentes norte-americanos entre sete e 18 anos de idade que, dentre outras variáveis, registrou diversas medidas de habilidade de leitura e escrita, foi encontrado que metade dos participantes (N=71) apresentou dificuldades de leitura (10). A leitura pode ser estudada sob vários aspectos: sociocultural, afetivo, pedagógico e cognitivo (11). Muitos estudos têm sido feitos sobre a aquisição e o desenvolvimento da leitura (12). Processamento da linguagem escrita A leitura consiste de dois componentes: a decodificação e a compreensão. A decodificação se refere aos processos de reconhecimento da palavra escrita, enquanto que a compreensão é definida comoo processo pelo qual as palavras, sentenças ou textos são interpretados (17). De acordo com uma proposição acerca da descrição do processamento da linguagem escrita, baseada em um modelo conexionista (18- 19), são descritos quatro processadores interligados, sendo eles o processador fonológico, o ortográfico, o semântico e o contextual. Neste modelo, os padrões de comportamento são arquivados pelo ajuste das conexões entre as redes de unidades simples de processamento, baseado no feedback sobre a adequação da resposta das unidades de processamento (13). Neste modelo, o processador fonológico e o ortográfico recebem informações do meio externo, dadas por meio da fala e, por vontade própria do leitor pode ativá-lo, utilizando a subvocalização para facilitar a decodificação das palavras (13). O processador fonológico possui duas grandes funções no processamento da leitura – a de prover um sistema alfabético de suporte, indispensável à manutenção da velocidade e a precisão do reconhecimento da palavra necessária para a leitura produtiva; e a de promover um meio de expandir a memória durante a leitura, para as palavras individualmente, o que é essencial para a compreensão do texto(18). Ainda, é possível dizer que, na realização de atividades como leitura de palavras isoladas ou texto, é necessário um processamento visual refinado dos sinais gráficos para que ocorra a realização de varredura textual na identificação das partes constituintes da palavra. Consequentemente, sua fixação, codificação e, em seguida, compreensão ocorrerão de forma que tal habilidade é requisitada assim que a criança inicia a alfabetização. No entanto, deve-se levar em consideração que, relacionado a este processamento visual, encontra-se o processamento linguístico da leitura, o qual realiza a identificação da palavra mediante o processo de decodificação fonológica, sendo este auxiliado pelo processamento auditivo e, dessa forma, tal processo permite a conversão dos sinais gráficos em representações fonológicas (20). A compreensão de leitura A leitura não envolve apenas o reconhecimento de palavras isoladas. Seu objetivo principal é a compreensão do material lido. Portanto, a identificação de palavras é uma condição necessária, porém não suficiente. A compreensão da leitura requer capacidades cognitivas, como a elaboração de inferências, e linguísticas, como conhecimento do vocabulário, da sintaxe, dentre outras (9). A literatura sugere uma relação entre automatismo (precisão e rapidez) no reconhecimento de palavras e compreensão de leitura (36). Além do automatismo na identificação de palavras, para compreender um texto é necessário empregar conhecimentos e estratégias que vão além da mera combinação de significados lexicais individuais, sendo necessário elaborar uma representação mental do conteúdo proposicional das mensagens. Proposições são unidades abstratas de significado e implicam, no mínimo, a predicação de algo (uma propriedade, ação, relação etc) acerca de algo (um objeto, argumento etc). QUEM SOMOS Temos orgulho em dizer que muito antes de sua fundação a FACIBE já começava a sua história por meio da trajetória dos seus fundadores, Cláudia e Jackson, que uniram a paixão por Educação e inovação para levar cursos de Ensino a Distância (EAD) Brasil afora, inspirando outras pessoas a buscarem o aprendizado ou, até mesmo, levando-as a retomar os estudos. Em 2009 essa experiência nos levou à criação do IBE que se tornou na Faculdade FACIBE, que tem o objetivo de proporcionar e flexibilizar o acesso à educação, promovendo mudanças por meio do Ensino a Distância, atuando como agente do conhecimento e despertando não só o interesse pela educação, mas também pelo desenvolvimento humano. Por meio das nossas opções de cursos, com avaliações excelentes e valores acessíveis, ajudamos a tornar sonhos em realidade e proporcionamos mais oportunidades de crescimento.