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Sólidos Cristalinos Prof. Marcello Moreira Santos 2015/2 Introdução a Sólidos Inorgânicos - Sólidos inorgânicos encarados como rede tridimensional de íons (simplificação - descrição puramente iônica). 1) Energia da rede de íons é proveniente da soma de: 1a) Energia coulombiana (eletrostática) de atração e de repulsão; 1b) Energia de repulsão extra, proveniente da superposição das densidades eletrônicas externas dos íons vizinhos; 1c) Várias parcelas menores, energias de van der Waals e energias vibracionais do ponto zero. 2) Agrupamento eficiente de íons. Os íons de sinais opostos devem ter o maior número de contatos possíveis e os de mesmos sinais devem estar o mais afastado possível. - Célula Unitária: é a menor unidade do cristal que possui toda a sua simetria, isso é, todo cristal pode ser gerado pela repetição de uma célula unitária. - Número de Coordenação (NC): é definido como o número de vizinhos mais próximos de um determinado átomo. r E= e 2 4 πε0 r Energia da Rede Cristalina A energia da rede é aquela liberada quando íons gasosos são reunidos para formar um sólido iônico, a 0 K. Para um par de íons de cargas opostas, a energia eletrostática é: Para um quadrado iônico o número de interações é 6, 4 atrativas (cátion-ânion) e 2 repulsivas (cátion-cátion e ânion-ânion). A energia de interação eletrostática total; é a soma das 6 parcelas: E= e 2 4 πε0 ( 1 r + 1 r + 1 r + 1 r − 1 r √2 − 1 r √2 ) r r2 1/2 E= e 2 4 πε0 r ( 4 − 2 √2 ) E= e 2 4 πε0 r xM ou sendo M = constante de Madelung A constante de Madelung (M) depende apenas da geometria do arranjo. Estrutura Constate de Madelung (M) CsCl 1,76262 NaCl 1,74756 ZnS - blenda 1,63806 ZnS - wurzita 1,64132 CaF2 2,51939 TiO2 - rutilo 2,40800 Al2O3 - corindo 4,17190 Generalização e Refinamento dos Cálculos da Energia da Rede A energia da rede não é determinada usando somente a constante de Madelung (geometria da estrutura cristalina). Para se calcular com mais precisão a energia da rede deve- se introduzir alguns refinamentos: 1) Uma expressão melhor, mais precisa e quântica da energia de repulsão; 2) Uma correção para a energia de van der Waals; 3) Uma correção para a ”energia do ponto zero”, a energia vibracional a 0 K. Ciclo de Born-Haber (kJ/mol) Na +1/2Cl(s) (g) (g)(g) Cl1/2+Na (g)(g) Cl+Na Na+ Cl(g) (g) + - Na Cl(g)(g) + + NaCl(s) formação vaporização dissociação ionização afinidade eletrônica rede = U ⦁ Sólidos Iônicos: Ciclo de Born- Haber Em 1919, Born e Haber propuseram um ciclo termodinâmico que relaciona a energia reticular de um cristal com outros dados termoquímicos. Os termos energéticos envolvidos na formação de um retículo cristalino, como do cloreto de sódio, podem ser subdivididos em várias etapas. Os elementos, nos seus estados padrão, são inicialmente convertidos a átomos gasosos, em seguida a íons, e finalmente combinados e ordenados segundo um retículo cristalino. As entalpias de sublimação e dissociação e a energia de ionização são positivas (absorção de energia) enquanto a afinidade eletrônica e a energia reticular geralmente são negativas (liberação de energia). Para os compostos iônicos, a quantidade chamada de energia do retículo cristalino, ou energia reticular, é uma medida da energia da ligação iônica, ΔEret, é a energia associada ao processo de formação de 1 mol de um composto iônico sólido a partir da combinação de seus íons em fase gasosa. Infelizmente a energia reticular e a afinidade eletrônica não podem ser obtidas experimentalmente. Elas podem apenas ser estimadas, através do Ciclo de Born-Haber A energia reticular indica a solubilidade de um cristal. Quando um sólido é dissolvido, o retículo cristalino deve ser rompido (requer fornecimento de energia) e os íons formados são solvatados (desprendendo energia). Quando a energia reticular é elevada, é necessária uma grande quantidade de energia para romper o retículo; assim, é pouco provável que a entalpia de solvatação seja suficientemente elevada. Quando os elementos reagem para formar compostos, o valor de ∆G (energia livre de formação) deve ser negativo. Para que a reação ocorra espontaneamente, a energia livre dos produtos deve ser menor que a dos reagentes. Toda uma série de variações de energia estará envolvida nas transformações dos respectivos elementos até a formação de um cristal iônico. Observemos essas variações mostradas no Ciclo de Born-Haber para compostos do tipo MX e MX2: a) Para compostos do tipo MX (por exemplo: NaCl, KBr, CsI, etc.): b) Para compostos do tipo MX2 (por exemplo: CaF2, MgBr2, etc.): A Tabela abaixo apresenta a ΔEret para sais do tipo MX: Tabela . ΔEret para sais do tipo MX. Sal ΔEret (kJ/mol) Sal ΔEret (kJ/mol) LiF -1049 KF -826 LiCl -862 KCl -717 LiBr -819 KBr -689 LiI -763 KI -647 NaF -928 CsF -758 NaCl -787 CsCl -668 NaBr -752 CsBr -635 NaI -703 CsI -602 Raios-Iônicos A distância internuclear (d) entre dois íons numa rede cristalina é igual a soma dos raios iônicos: d = r+ + r-. Verifica-se que raios iônicos são praticamente constantes. Landé: estimou por métodos indiretos raios iônicos aplicando o teorema de Pitágoras; Pauling: propôs que dois íons teriam seus raios iônicos inversamente proporcionais às cargas nucleares efetivas (Z*). exemplo: NaF Z*Na = 11 - 4,15 = 6,85 e Z*F = 9 - 4,15 = 4,85 rNa 1+ rF1− = 4,85 6,85 =0,71 rNa + + rF - = 231 pm rNa + = 96 pm e rF - = 135 pm Estruturas Cristalinas Iônicas No arranjo dos íons as estruturas são feitas de modo a tornar máximo o contato entre os íons de cargas opostas e mínimo entre os íons de mesma carga. Entretanto o tamanho relativo dos íons faz com que compostos do mesmo tipo (NaCl e CsCl) tenham NC diferentes. O arranjo ótimo nos cristais deve permitir a máxima proximidade do maior número possível de íons de cargas opostas sem a compressão indevida de íons com a mesma carga. Então, a razão entre os raios dos íons deve determinar o NC ótimo do sólido cristalino: NC geometria r+/r- r-/r+ estrutura 4 tetraédrica 0,225 4,44 blenda, wurzita 6 octaédrica 0,41 2,44 NaCl 8 Cúbica 0,73 1,37 CsCl 12 dodecaédrica 1,00 1,00 *** Cálculos da razão ideal de sólidos cristalinos - NC = 4 (tetraedro) 1) diagonal da face = lado x (2)1/2 e 2) diagonal do cubo = lado x (3)1/2 a) 2x (r-) = lado x (2)1/2 (r-) = [lado x (2)1/2]/2 b) (r+) + (r-) = [lado x (3)1/2]/2 (r+) = [lado x (3)1/2]/2 - [lado x (2)1/2]/2 (r+) = [lado x (3)1/2 - (2)1/2]/2 (r+)/(r-) = {[lado x (3)1/2 - (2)1/2]/2}/{[lado x (2)1/2]/2} = [(3)1/2 - (2)1/2]/(2)1/2 = 0,225 ou (r-)/(r+) = 4,44 Estrutura de Ânions Agrupados Compactamente Estruturas baseadas no agrupamento compacto de ânions esféricos, com os cátions ocupando um, ou mais de um, conjunto de interstícios. - Agrupamento Compacto Bidimensional. É constituído por uma sequência de triângulos eqüiláteros - Agrupamentos Compactos: Hexagonal e Cúbico. Os agrupamentos compactos tridimensionais são construídos por uma superposição (empilhamento) de camadas do agrupamento compacto bidimensional. Quando a orientação das esferas da terceira camada coincide com aquela das esferas da primeira camada ABABABAB.... O conjunto resultante corresponde ao agrupamento compacto hexagonal (ach). Já quando a orientação das esferas da terceira camada difere num ângulo de 600 em relação àquela das esferas da primeira camada ABCABCABC.... O conjunto resultante corresponde ao agrupamentocompacto cúbico (acc). Nas estruturas compactas acima podem existem dois tipos de interstícios, aonde se alojariam os cátions, os octaédricos e os tetraédricos. - Cubo de face centrada. .... .. NC = 6 - Cubo de Corpo Centrado. . . . . . . . . . NC = 8 Óxidos Metálicos Mistos - Espinélio - MgAl2O4 acc com Mg2+ nos interstícios tetraédricos e Al3+ nos octaédricos - Ilmenita - FeTiO3 corindo: dodecaédrica - Perovskita - CaTiO3 acc misto de agrupamento cúbico de corpo centrado e face centrada.
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