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Resumo sobre Vulvovaginites As vulvovaginites são processos inflamatórios que afetam a vulva e a vagina, sendo uma das queixas mais frequentes em consultórios ginecológicos. Este tema é relevante não apenas na prática clínica, mas também nas provas de Residência Médica, onde representa cerca de 6% das questões. O conhecimento sobre as diferenças entre corrimentos vaginais normais e patológicos, bem como o diagnóstico e tratamento das principais vulvovaginites, é essencial para a formação de profissionais da saúde. Este resumo aborda as características da flora vaginal normal, as alterações que podem ocorrer, e as principais condições que levam a vulvovaginites, como vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase. Flora Vaginal Normal e Corrimento Fisiológico A flora vaginal normal é composta principalmente por lactobacilos, que desempenham um papel crucial na manutenção do pH vaginal ácido (entre 4,0 e 4,5) e na proteção contra infecções. O corrimento vaginal fisiológico é caracterizado por ser homogêneo, em pequena quantidade, e sem odor ou sinais de inflamação. Alterações na flora vaginal podem ocorrer devido a diversos fatores, como higiene inadequada, uso de roupas apertadas, e mudanças hormonais ao longo da vida da mulher. A disbiose vaginal, que é a alteração do equilíbrio da flora, pode levar ao desenvolvimento de vulvovaginites. Os lactobacilos utilizam o glicogênio das células epiteliais vaginais para produzir ácido lático, criando um ambiente que inibe o crescimento de microrganismos patogênicos. Quando há uma diminuição dos lactobacilos, o pH vaginal se torna mais alcalino, favorecendo a proliferação de organismos nocivos e resultando em condições como a vaginose bacteriana, que é a principal causa de corrimento vaginal infeccioso no menacme. Vaginose Bacteriana e Candidíase A vaginose bacteriana (VB) é caracterizada pelo aumento de anaeróbios, como Gardnerella vaginalis, em detrimento dos lactobacilos. Os principais fatores de risco incluem atividade sexual desprotegida, duchas vaginais, e tabagismo. O quadro clínico clássico da VB é um corrimento branco ou branco-acinzentado, homogêneo, com odor fétido e pH vaginal elevado. O diagnóstico pode ser feito utilizando os critérios de Amsel, que incluem a presença de corrimento característico, pH elevado, teste das aminas positivo e a observação de clue cells no exame bacterioscópico. A candidíase vulvovaginal, por sua vez, é a segunda causa mais comum de vulvovaginites, sendo causada principalmente por Candida albicans. Os fatores de risco incluem gravidez, diabetes, uso de antibióticos e estresse. O quadro clínico é marcado por prurido intenso e corrimento esbranquiçado com aspecto de "leite coalhado". O diagnóstico é confirmado por meio de exame físico e exames complementares, como a microscopia, que permite a visualização do fungo. O tratamento pode ser feito por via oral ou tópica, dependendo da gravidade da infecção. Tricomoníase e Outras Vulvovaginites A tricomoníase é a infecção sexualmente transmissível não viral mais comum e é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. A maioria das pacientes é assintomática, mas quando os sintomas aparecem, incluem corrimento amarelo-esverdeado, ardor e prurido. O diagnóstico é feito por meio de microscopia e pH vaginal elevado. O tratamento deve ser realizado por via oral, e é importante tratar todas as parcerias sexuais devido à natureza da infecção. Além dessas condições, existem outras vulvovaginites, como a vaginose citolítica, que se caracteriza pela proliferação excessiva de lactobacilos e diminuição do pH vaginal, e a vaginite inflamatória descamativa, que ocorre principalmente em mulheres na peri e pós-menopausa. A vaginite atrófica, que faz parte da síndrome geniturinária da menopausa, é causada pela deficiência estrogênica e resulta em sintomas como dispareunia e disúria. O tratamento padrão para a vaginite atrófica é a estrogenioterapia tópica. Destaques Vulvovaginites são inflamações comuns na vulva e vagina, com grande relevância clínica e acadêmica. A flora vaginal normal é dominada por lactobacilos, que mantêm o pH ácido e protegem contra infecções. A vaginose bacteriana é a principal causa de corrimento vaginal infeccioso, enquanto a candidíase é a segunda mais comum. A tricomoníase é a infecção sexualmente transmissível não viral mais prevalente, com tratamento oral necessário. Outras condições incluem vaginose citolítica , vaginite inflamatória descamativa e vaginite atrófica , cada uma com características e tratamentos específicos.