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LABORATÓRIO DE PRÁTICA PEDAGÓGICA III - AULA 04 Abertura O CURRÍCULO E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO Olá! O currículo educacional desempenha um papel fundamental no cenário educativo, pois delineia o que será ensinado e aprendido ao longo de um determinado período de estudos. Além disso, a avaliação é um componente intrínseco desse processo, atuando como uma ferramenta essencial para medir o progresso e o alcance dos objetivos de aprendizagem estabelecidos no currículo. A interação entre o currículo e a avaliação desempenha um papel crucial na garantia da qualidade da educação, pois permite que sejam identificados tanto os avanços quanto os desafios na jornada educacional dos alunos. Nesta abordagem, exploraremos a relação intrincada entre o currículo e o processo de avaliação, destacando como ambos se complementam para promover uma educação eficaz e significativa. Bons estudos! 4. O CURRÍCULO E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO Concomitantemente às transformações essenciais para implementar um currículo centrado na aprendizagem dos alunos, é crucial considerar a avaliação como uma atividade correlata e inseparável. Portanto, à medida que a ênfase do ensino se desloca para a aprendizagem, é imperativo reestruturar a maneira pela qual o progresso dos estudantes é acompanhado e monitorado. Nessa perspectiva, o ensino continua sendo um elemento vital, mas agora harmonizado com o progresso da aprendizagem do aluno como foco primordial. A avaliação escolar encontra respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O artigo 24, inciso V, dessa lei estabelece que a verificação do rendimento escolar observará o critério de que a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais" (BRASIL, 1996). Portanto, a avaliação não deve se restringir à abordagem quantitativa, que ainda predomina nas instituições de ensino brasileiras. Ela deve incorporar aspectos qualitativos e se estender por todo o processo de aprendizagem, transcendendo a realização de provas e testes pontuais. Ao ponderar sobre a relevância da avaliação escolar e sua integração ao projeto pedagógico das instituições de ensino, Luckesi (2011) aponta que a avaliação da aprendizagem escolar ganha significado quando se enlaça com um projeto pedagógico e o subsequente projeto de ensino. A avaliação, tanto em seu contexto geral como no específico da aprendizagem, não possui uma finalidade intrínseca; ao invés disso, ela embasa um percurso de ação destinado a alcançar um resultado predefinido. A avaliação desempenha um papel essencial ao garantir a contínua monitorização e avaliação dos objetivos delineados no projeto político-pedagógico da escola. Dessa forma, ela oferece pistas aos administradores para ajustar o rumo que a aprendizagem escolar está tomando. Adicionalmente, a avaliação desempenha um papel crucial ao permitir que os educadores verifiquem se seus planos de aula efetivamente promovem as aprendizagens estipuladas. Segundo Haydt (2008), a avaliação assume três funções fundamentais: diagnóstica, de controle e classificatória. Vale a pena comentar novamente o que já estudamos na aula anterior, que nas instituições de ensino básico, a avaliação geralmente se insere em três modelos específicos: avaliação diagnóstica, somativa e formativa. A baixo há uma compreensão mais detalhada desses modelos. Diagnóstica: Função: Diagnosticar Propósito: Conhecer os saberes prévios dos alunos para preparar ações que favoreçam novas aprendizagens. Detectar dificuldades específicas de aprendizagem, tentando identificar as suas causas. Quando aplicar: Início do ano ou semestre letivo, ou no início de uma nova unidade de ensino. Formativa: Função: Controlar. Propósito: Constatar se os objetivos foram alcançados pelos alunos. Fornecer dados para aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. Quando aplicar: Durante o ano letivo, isto é, ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Somativa ou classificatória: Função: Classificar. Propósito: Classificar os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos de acordo com os níveis preestabelecidos. Quando aplicar: Ao final de um ano ou semestre letivo, ou ao final de uma unidade de ensino. A definição das abordagens avaliativas a serem empregadas nas escolas deve ser parte integrante das deliberações em torno da criação do projeto político- pedagógico da instituição. Isso ocorre porque essas escolhas se alinham às orientações pedagógicas e às teorias curriculares que os educadores frequentemente adotam em suas práticas. Caso o professor valorize a aprendizagem com significado, ele a conduzirá de maneira interativa e colaborativa, reconhecendo que ela deve ser: ➢ Diagnóstica, a fim de aproveitar os conhecimentos que os estudantes já possuem; ➢ Formativa, para acompanhar o progresso dos estudantes durante todo o processo de ensino e aprendizagem; ➢ Eventualmente somativa ou classificatória, para quantificar o desempenho alcançado. Portanto, os três tipos de avaliação podem ser empregados pelos professores com o intuito de avaliar a aprendizagem, uma vez que uma não é superior nem inferior à outra, elas simplesmente têm objetivos distintos" (FERNANDES et al., 2007). O que necessita ser transformado na avaliação na educação básica é a predominância da avaliação somativa ou classificatória em detrimento das demais, o que empobrece o processo avaliativo e limita-o apenas a aspectos quantitativos e classificatórios. Ao considerarem a relevância da avaliação no contexto curricular da escola, Fernandes et al. (2007), ressaltam que aqueles que realizam a avaliação, sejam professores, coordenadores, diretores, entre outros, devem fazê-lo com a competência técnica conferida por sua formação profissional. No entanto, é fundamental que o professor estabeleça e respeite princípios e critérios que sejam fruto de reflexão coletiva, embasados no projeto político-pedagógico, na proposta curricular e em suas próprias convicções sobre o papel social da educação escolar. Esse é o aspecto de legitimação política do processo de avaliação, que também envolve toda a comunidade escolar. Os autores ressaltam a importância crucial da avaliação e da sua intrínseca conexão com os princípios e critérios que emanam das deliberações coletivas que originaram o projeto político-pedagógico da escola. Eles também enfatizam a necessidade de considerar o que está estipulado na proposta curricular oficial. Assim, a Base Nacional Comum Curricular desempenha um papel fundamental, pois "indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. Ao especificar de maneira clara o que os alunos devem 'saber' (abrangendo a construção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, acima de tudo, o que devem 'saber fazer' (envolvendo a aplicação desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para abordar demandas complexas da vida cotidiana, para exercer plenamente a cidadania e enfrentar desafios no mundo do trabalho), as instituições educacionais devem avaliar como essas competências estão sendo cultivadas nos alunos" (BRASIL, 2018). Nesse contexto, a avaliação de uma competência requer metodologias que permitam determinar se os conhecimentos foram efetivamente assimilados, sendo esse discernimento alcançado por meio das ações e atitudes evidenciadas pelos alunos. Quanto mais a aprendizagem for aplicada em prática, maiores serão as habilidades adquiridas pelos estudantes. Portanto, para que as instituições de ensino na educação básica atendam às diretrizes curriculares da BNCC, é necessário fomentar uma aprendizagem ativa e continuamente avaliada, incorporando aspectos qualitativos e dando ênfase à avaliação formativa. Para aprofundar o entendimentosobre como a avaliação é um elemento crucial para que o currículo escolar cumpra suas finalidades, a seguir são apresentadas algumas orientações da BNCC (BRASIL, 2018) voltadas para as escolas. ➢ Conferir contexto aos conteúdos dos componentes curriculares, delineando abordagens para sua exposição, representação, ilustração, conexão e aplicação com relevância - tudo isso com base no ambiente em que o aprendizado está inserido. ➢ Decidir a respeito da organização interdisciplinar dos componentes curriculares e encorajar as equipes escolares a adotar estratégias de ensino e aprendizagem mais dinâmicas, colaborativas e interativas. ➢ Empregar uma ampla gama de metodologias e abordagens didático- pedagógicas, personalizadas conforme os ritmos de aprendizado e suplementadas por conteúdos adicionais, quando necessário. Isso envolve a identificação das necessidades de diferentes grupos de alunos, levando em consideração suas famílias, culturas de origem, comunidades e círculos sociais. ➢ Desenvolver e implementar procedimentos para estimular o engajamento e motivação dos alunos. ➢ Empregar avaliações formativas tanto do processo quanto dos resultados, considerando os contextos e condições de aprendizagem. Utilizar os registros resultantes dessas avaliações para aprimorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos. ➢ Selecionar, criar, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos que complementem o ensino e a aprendizagem. ➢ Disponibilizar orientações aos professores, além de manter iniciativas contínuas de desenvolvimento profissional, buscando o constante aprimoramento dos processos educacionais. ➢ Manter um fluxo contínuo de aprendizado relacionado à gestão pedagógica e curricular para todos os educadores da instituição. Como mencionado, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estipula as competências e habilidades que devem ser adquiridas nas escolas de educação básica em todo o sistema educacional do Brasil. No entanto, ela também encoraja as instituições de ensino a personalizar seus currículos através da participação local e do engajamento de toda a comunidade escolar nas discussões sobre práticas pedagógicas que moldarão a formação dos alunos. Essas discussões encontram espaço na construção do projeto político- pedagógico da escola, permitindo que as competências de aprendizado propostas se conectem com as realidades locais, suas necessidades e características específicas. Para efetivamente organizar, planejar e implementar um currículo inovador e abrangente, a avaliação formativa desempenha um papel crucial. Através dela, os gestores escolares podem ajustar a direção tomada, introduzindo novas abordagens e adaptações metodológicas conforme necessário. Isso garante a constante melhoria do processo educacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei n°. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 25 ago. 2023. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Executiva. Secretaria da Educação Básica. Conselho Nacional de Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasil: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec. gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 25 ago. 2023. FERNANDES, C. O. et al. Indagações sobre currículo: currículo e avaliação. Brasília: Ministério da Educação, 2007. HAYDT, R. C. Avaliação do processo ensino aprendizagem. 6. ed. São Paulo: Editora Ática, 2008. LUCKESI, C. C. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? In: LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011. CAPA FUTURA.pdf V7 - 011 - 01 - 15203 - O inicio da escolarização no Brasil e a educação jesuítica.pdf máscara pronta.pdf