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Estresse Termico do ambiente em vacas de leite

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O constante aumento no nível de pro-
dução desejado dos rebanhos leiteiros, 
junto com os efeitos do aquecimento 
global, agravam muito a queda no de-
sempenho das vacas, ainda mais em 
fazendas leiteiras de produção intensi-
va localizadas em regiões quentes. Um 
grande número de estudos foi realiza-
do nas últimas cinco décadas, visando 
quantificar o efeito negativo do verão 
no desempenho das vacas, e sistemas 
eficientes de resfriamento foram de-
senvolvidos, permitindo que os produ-
tores localizados nas regiões quentes 
superassem esse impacto negativo do 
verão e alcançassem altos níveis de pro-
dução por vaca, bem como fertilidade 
aceitável e características de saúde. Es-
ses sistemas de resfriamento foram ra-
pidamente adotados pelos produtores 
em todo o mundo. Para alcançar o efei-
to ótimo, os sistemas de resfriamento 
precisam ser adequadamente instala-
dos e operados, bem como adaptados 
especificamente para a região de cada 
fazenda e para as condições especiais 
de manejo.
Sistemas de resfriamento
As ferramentas para combater o estres-
se calórico incluem o uso de aspersores 
de baixa pressão, nebulizadores de alta 
pressão ou placas de resfriamento eva-
porativo. Todos esses sistemas produ-
zem resfriamento evaporando água. A 
evaporação converte água líquida em 
vapor. Precisa de energia para evaporar 
a água e, à medida que a água evapora, 
a fonte de energia é resfriada. O siste-
ma de aspersor de baixa pressão obtém 
energia da pele da vaca. O sistema de 
nebulizadores de alta pressão e o siste-
ma de placas de resfriamento evapora-
tivo pegam a energia do ar. Todos esses 
sistemas de resfriamento evaporativos 
adicionam umidade ao ar e aumentam 
a umidade relativa. A troca de ar atra-
vés de uma boa ventilação é importan-
te para trazer um ar mais seco e evitar 
níveis excessivos de umidade relativa.
Os dois principais sistemas de resfria-
mento podem ser caracterizados tam-
bém como “resfriamento direto”, em 
que as vacas são resfriadas sem mudar 
a temperatura do galpão, e “resfriamen-
to indireto”, onde o resfriamento da 
vaca é alcançado reduzindo a tempe-
ratura do ar do galpão, onde as vacas 
ficam. Em vários estudos conduzidos 
por pesquisadores da Universidade do 
Estado do Kansas, foi claramente mos-
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Efeitos do resfriamento 
de vacas leiteiras
Texto: Dr. Israel Flamenbaum
Um grande número de estudos foi reali-
zado nas últimas cinco décadas, visando 
quantificar o efeito negativo do verão no 
desempenho das vacas, ao mesmo tem-
po em que sistemas eficientes de resfria-
mento foram desenvolvidos, permitindo 
superar os impactos negativos do verão 
e alcançar altos níveis de produção por 
vaca, bem como fertilidade aceitável e 
características de saúde. Neste artigo, 
conheça esses sistemas e seus resulta-
dos.
24 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
trado que sistemas baseados em eva-
poração intensiva de água da pele da 
vaca são mais eficazes do que sistemas 
de alta pressão que somente reduzem 
a temperatura do ar do galpão.
Até agora, a maioria das vacas no mun-
do são resfriadas por um sistema de res-
friamento direto, quando o sistema de 
resfriamento indireto está em uso em 
sua maioria em regiões secas de deser-
to ou em regiões com uma ampla gama 
de temperaturas diárias entre o inverno 
e o verão, obrigando os produtores a 
manter as vacas em ambientes fecha-
dos por alguns meses do ano, durante 
invernos muito frios. Baseado em estu-
dos realizados em estações experimen-
tais, foi mostrado que a evaporação da 
água dentro de galpões fechados tem 
potencial para reduzir a temperatura 
no interior do galpão em 14ºC (de 32ºC 
para 18ºC), quando a umidade relativa 
do ar no exterior está 20%; mas a tem-
peratura do galpão caiu somente 3ºC e 
1ºC, quando a umidade relativa externa 
estava 70% e 80%, respectivamente. O 
fato de normalmente a implementação 
de um sistema de resfriamento indire-
to tender a ser mais cara para instalar e 
operar (prédios fechados e a obrigação 
de operação durante todo o ano), tor-
na esse sistema de resfriamento viável 
somente nessas regiões, onde a umida-
de relativa no verão não excede 40%, 
a menos que prédios fechados sejam 
requeridos para proteger as vacas no 
inverno de sofrerem estresse térmico 
pelo frio.
O sistema de resfriamento direto mos-
trou ser eficaz em todos os tipos de 
clima (seco e úmido) e é normalmen-
te o método mais barato de operação. 
As vacas são diretamente resfriadas, 
evaporando água de sua superfície, 
normalmente por uma combinação de 
umidade e ventilação forçada intensiva. 
Essa forma de sistema de resfriamento 
foi desenvolvida e implementada pela 
primeira vez em fazendas leiteiras há 
quase 60 anos e, desde então, melho-
rou dramaticamente.
Todas as vacas no rebanho, incluindo 
as vacas no final da gestação, reque-
rem resfriamento no verão. Os requeri-
mentos de intensidade de resfriamen-
to (horas de resfriamento por dia) são 
proporcionais ao nível de produção e 
à intensidade do estresse calórico. Isso 
varia entre sete e três horas cumulati-
vas por dia para vacas de alta e baixa 
produção, ou vacas secas, respectiva-
mente. Resfriar as vacas consiste em 
sequências de ventilação forçada con-
tínua (velocidade do vento de três me-
tros por segundo) e sessões curtas de 
umidade (20-30 segundos), fornecidos 
a cada cinco minutos. A duração de 
cada “sessão de resfriamento” dura de 
30-45 minutos e é recomendada que 
seja fornecida a cada 2-3 horas durante 
o dia. Grandes gotas de aspersores de 
baixa pressão são requeridas para al-
cançar uma umidade rápida e eficaz da 
superfície da vaca.
As vacas mostram sinais de estresse au-
mentando a taxa de respiração (acima 
de 60 respirações/min) e temperatura 
corpórea (acima de 39ºC). Recente-
mente, começamos usando com suces-
so registradores de dados intravaginais 
para monitorar continuamente a tem-
peratura corpórea da vaca. O monito-
ramento frequente desses parâmetros 
nos dias de verão indicará ao produ-
tor quando começar e quando parar 
o tratamento de resfriamento, bem 
como avaliar a eficácia do sistema de 
resfriamento em uso. Vacas com estres-
se calórico reduzem o consumo de ali-
mentos, e vacas resfriadas aumentarão 
esse consumo. Há a necessidade de se 
certificar de que as vacas têm alimento 
fresco o suficiente durante todo o dia. 
Vacas com estresse calórico bebem 
mais água. Dessa forma, há a neces-
sidade de fornecer “espaço suficiente 
nos bebedouros” e evitar aglomeração, 
quando as vacas voltarem da ordenha 
ou da alimentação.
Isso mostrou que resfriar diretamente 
as vacas várias vezes por dia pode per-
mitir que elas mantenham a tempe-
ratura corpórea normal durante o dia 
inteiro, durante um dia típico de verão, 
onde a temperatura do ambiente exter-
no durante o dia excede 30ºC.
Aspectos produtivos e reprodutivos
Uma pesquisa avaliando o efeito do 
resfriamento direto das vacas sobre a 
produção de leite e a reprodução foi 
realizada em 15 fazendas leiteiras de 
grande escala em Israel. A proporção 
entre a produção de leite diária média 
no verão e no inverno foi de 98% em fa-
zendas intensivamente resfriadas (uma 
queda de 0,5 litro por dia do inverno 
para o verão), comparado com somen-
te 90% (uma queda de 3,5 litros por dia) 
naquelas que não resfriaram as vacas. 
A taxa de concepção nos meses de in-
verno ficou entre 40 e 45% e não diferiu 
entre os dois grupos de fazendas, en-
quanto no verão, a taxa de concepçãocaiu em 10 unidades percentuais (para 
30%) em fazendas intensivamente res-
friadas, comparada com uma queda de 
mais de 25 unidades percentuais (para 
somente 15%), nas fazendas que não 
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 25
resfriaram as vacas. Esses resultados 
indicam que vacas intensivamente res-
friadas durante o verão têm o potencial 
de quase eliminar o declínio na pro-
dução de leite no verão e reduzir pela 
metade a redução esperada na taxa de 
concepção neste período do ano.
Em outra pesquisa, tentamos deter-
minar se o resfriamento intensivo de 
vacas no verão pode evitar o declínio 
da produção de leite nessa estação, 
mesmo em rebanhos de rendimento 
extremamente alto (305 dias anuais de 
produção, >13.000 quilos). A produção 
diária no inverno e no verão por vaca 
ficou em média em 41,5 e 40,7 quilos 
por dia, respectivamente, em fazendas 
intensivamente resfriadas, uma queda 
de menos de 1 kg/dia, comparado com 
uma queda de mais de 5 kg/dia em 
fazendas que não resfriaram as vacas, 
indicando que o resfriamento intensivo 
pode ser eficaz mesmo com vacas com 
níveis extremamente altos de produ-
ção.
Resfriar as vacas melhora sua fertilidade 
e influencia positivamente sua expec-
tativa de vida. Vacas intensivamente 
resfriadas, mantidas por dois verões 
consecutivos em Israel sob condições 
experimentais, obtiveram taxas de 
concepção significativamente maiores, 
comparadas com vacas não resfriadas 
(57% e 17%, respectivamente). As ta-
xas de gestação calculadas para 90, 
120 e 150 dias após o parto, diferiram 
significativamente entre os dois grupos 
(33, 59 e 73%, versus 5, 11 e 32%), em 
vacas resfriadas e não resfriadas, res-
pectivamente. As taxas de concepção 
e as taxas de gestação obtidas em va-
cas intensivamente resfriadas no verão, 
nesse experimento, foram similares às 
obtidas por inseminações no inverno 
em fazendas leiteiras comerciais em Is-
rael. O efeito de resfriar sobre as carac-
terísticas reprodutivas de vacas de alto 
rendimento (45-50 kg/dia) foi estudado 
em uma pesquisa de larga escala em 
Israel. A taxa de concepção nos meses 
de verão foi 34% em vacas resfriadas, 
mas somente 17% em vacas não res-
friadas. Esses resultados indicam que 
o resfriamento intensivo das vacas no 
verão tem o potencial de dobrar as ta-
xas de concepção de vacas de alto ren-
dimento, apesar delas não alcançarem 
os níveis do inverno. Em qualquer caso, 
a melhora na fertilidade da vaca no ve-
rão pode aumentar de forma significa-
tiva a longevidade das vacas, devido à 
melhora na produtividade relacionada 
a menores intervalos entre partos e 
também ao menor número de vacas 
que precisam ser abatidas devido à in-
fertilidade.
Aspectos nutricionais
Apesar de muita informação ter sido 
publicada descrevendo o efeito negati-
vo do estresse calórico no verão sobre 
a produção de leite, informações muito 
limitadas estão disponíveis com relação 
a seu efeito na “eficiência alimentar” 
(razão entre consumo de alimentos e 
produção leite). Pesquisadores da Uni-
versidade do Arizona fizeram um estu-
do em câmaras climáticas em Tucson, 
AZ, em que vacas de alto rendimento, 
sujeitas a condições climáticas normais 
e cuja ingestão de alimentos foi restrita 
de forma à igualar a ingestão das va-
cas com estresse calórico, tiveram uma 
queda de apenas metade da queda na 
produção de leite registrada em vacas 
com estresse calórico (30% e 15%, res-
pectivamente, em vacas com estresse 
calórico e vacas com restrição alimen-
tar mantidas em câmaras climáticas). 
Os pesquisadores, então, concluíram 
que a necessidade de canalizar a ener-
gia do alimento para a ativação dos 
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Efeitos do resfriamento de vacas leiteiras
As vacas mostram sinais de estresse aumentando a 
taxa de respiração (acima de 60 respirações/min)
26 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
mecanismos corpóreos de dissipação 
de calor e mudanças digestivas e me-
tabólicas são as principais causas para 
o declínio na eficiência alimentar das 
vacas. Com base nos resultados do “Es-
tudo Arizona” e usando procedimentos 
experimentais quase idênticos, o efeito 
do estresse calórico versus resfriamento 
intensivo das vacas na eficiência ali-
mentar foi estudado recentemente em 
Israel. Como foi observado no Arizona, 
a queda na produção de leite em vacas 
com estresse calórico quase dobrou 
com relação à obtida em vacas res-
friadas cujo consumo de alimentos foi 
restrito à quantidade consumida pelas 
vacas em condições de estresse calóri-
co. Resfriar vacas no verão não somente 
permite que elas alcancem uma pro-
dução anual de leite maior, mas tam-
bém, melhora a eficiência alimentar, 
reduzindo a quantidade de alimentos 
requerida para a produção de leite sob 
condições de estresse calórico, em 5 a 
10 unidades percentuais.
O custo-benefício de resfriar as vacas 
foi avaliado por um programa espe-
cialmente designado que calcula o au-
mento no rendimento líquido por vaca, 
após a dedução dos custos de resfria-
mento. Desde que esse programa foi 
desenvolvido, há quase dez anos, tem 
sido usado para avaliar o custo-benefí-
cio da implementação de soluções de 
resfriamento em diferentes condições 
climáticas e econômicas, incluindo Isra-
el, China, sul dos Estados Unidos, norte 
do México, costa do Peru, região central 
da Argentina, Uruguai e região central 
do Brasil. Os resultados desses cálcu-
los indicam que, apesar das diferenças 
existentes nas condições climáticas, 
nível de produção, práticas de mane-
jo, custos de resfriamento e preços do 
leite, o aumento no lucro líquido anual 
por vaca está diretamente relacionado 
ao resfriamento intensivo das vacas, e 
varia entre US$ 100 a US$ 300 por vaca 
por ano, dependendo da taxa de au-
mento na produção anual de leite por 
vaca e melhora na eficiência alimentar. 
É razoável assumir que, ao adicionar os 
benefícios esperados que surgiram de 
também melhorar a fertilidade no ve-
rão e as características de saúde, a ren-
tabilidade anual líquida por vaca pode 
aumentar em até 30-40% mais.
Os fatos não deixam dúvidas de que as 
vacas precisam de resfriamento intensi-
vo no verão, e que o resfriamento inten-
sivo pode ser altamente positivo sob 
condições climáticas. Muitas fazendas 
em regiões quentes estão preocupadas 
com a possibilidade de que esses pro-
cedimentos de resfriamento possam 
fazer com que as vacas “sofram” quan-
do obrigadas a mudar para locais mais 
resfriados, além do tempo adicional 
gasto durante o tratamento. O impacto 
no conforto das vacas e seu bem-estar 
quando precisam ser frequentemente 
“movidas” para locais resfriados, bem 
como o tempo que elas passam em pé, 
foi recentemente testado em Israel. As 
vacas foram divididas em dois grupos, 
baseados na intensidade do tratamen-
to de resfriamento, diferindo no tempo 
de resfriamento fornecido. As vacas 
em ambos os grupos foram resfriadas 
por uma combinação de umidade e 
ventilação forçada, fornecidos na sala 
de espera da ordenha. Vacas no Gru-
po A foram resfriadas por 5 “sessões de 
resfriamento”, totalizando 3,75 horas 
cumulativas por dia, enquanto vacas no 
Grupo B foram resfriadas por 8 “sessões 
de resfriamento”, totalizando 6 horas 
cumulativas por dia. Como previsto, o 
maior tempo de resfriamento aumen-
tou o consumo de alimentos em 2,1 kg/
dia (8,5%) e a produção diária de leite 
em 3,4 kg/dia (9,3%). A temperatura 
corpórea e a taxa de respiração foram 
significativamente menoresnas vacas 
com tratamento de resfriamento mais 
longos, comparado com os mais curtos 
(+0,8ºC e + 30 respirações por minuto 
ao meio-dia, respectivamente). Sur-
preendentemente, as vacas resfriadas, 
apesar de serem “obrigadas” a ficar por 
mais tempo sendo resfriadas, deitaram 
por mais tempo e seu tempo de descan-
so aumentou em quase 10% (480 e 430 
minutos/dia, nos grupos de tratamento 
de resfriamento longo e curto, respecti-
vamente). O tempo de ruminação tam-
bém aumentou em 6% no grupo mais 
intensivamente resfriado (445 e 415 mi-
nutos/dia, respectivamente). Dos resul-
tados desse estudo, aprendemos que o 
resfriamento intensivo de vacas de alto 
rendimento no verão, não somente 
melhora as características produtivas, 
reprodutivas e de saúde, mas também, 
melhora o conforto e o bem-estar das 
vacas. Vacas com estresse calórico 
normalmente tendem a ficar em pé e 
se aglomerar. Resfriar vacas mais fre-
quentemente nos dias extremamente 
quentes do verão facilita mantê-las nas 
temperaturas corpóreas normais por 
mais horas por dia. As vacas tendem a 
deitar e ruminar por períodos mais lon-
gos e, provavelmente, se sentem mais 
confortáveis. Dessa forma, os produto-
res devem entender que, ao resfriar as 
vacas, eles não estão as privando do 
tempo necessário de descanso, mas, ao 
contrário, estão melhorando muito seu 
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 27
bem-estar, um fator crítico durante os 
meses quentes de verão.
Avaliação do sistema
Um relatório computadorizado, cha-
mado relação de desempenho Verão 
e Inverno (V-I) foi desenvolvido por 
serviços de extensão em Israel e, mais 
tarde, também adotado por algumas 
universidades no sul dos Estados Uni-
dos. Esse relatório anual ajuda os pro-
dutores no monitoramento da eficácia 
do sistema de resfriamento instalado e 
operado em suas fazendas. O relatório 
é baseado em informações dos dados 
mensalmente registrados de cada fa-
zenda sobre produção de leite, teor do 
leite e características de fertilidade. As 
relações entre os dados no verão e no 
inverno próximas a 100% representam 
uma fazenda lidando adequadamente 
com o estresse calórico no verão. As re-
lações V-I de leite > de 96%, 90% - 96% 
e < 90%, foram registradas respectiva-
mente em 34%, 44% e 22% das fazen-
das leiteiras em Israel. Esses resultados 
indicam que a maioria das fazendas em 
Israel quase “fecharam a diferença” en-
tre o desempenho das vacas no verão 
e no inverno, mas ainda há quase 20% 
das fazendas que precisam melhorar 
seus métodos de resfriamento. A taxa 
de melhora na forma como os produ-
tores de leite israelenses lidam com o 
estresse calórico foi calculada e compa-
rada durante os anos de 1994 a 2010. 
Durante o período testado, a produção 
média diária de leite aumentou em 2,3 
kg/dia (6%) nos meses de inverno, com-
parado com um aumento de 7,3 kg/dia 
nos meses de verão (23%). Nesse perío-
do, a relação V-I aumentou de 82% para 
96%, uma melhora significativa, obtida 
mensalmente através da melhor imple-
mentação de métodos de resfriamento 
no setor de lácteos de Israel durante 
esses anos.
Aspectos ambientais
Não há dúvidas de que o resfriamento 
de vacas também teve um impacto no 
ambiente, mas a questão é se o resfria-
mento teve um efeito positivo ou nega-
tivo, especialmente em relação às emis-
sões de gases de efeito estufa (GEE) e 
aquecimento global. Sabe-se que os 
sistemas produtivos de leite no mundo 
serão avaliados no futuro, não somente 
por sua eficácia econômica e pela for-
ma como os animais são manejados 
e tratados, mas também, por sua con-
tribuição com o aquecimento global. 
Novos dados de estudos recentes que 
fizemos indicam que a obtenção de 
maior produção de leite por vaca tem 
potencial de reduzir a emissão de GEE 
por litro de leite produzido, durante o 
processo de síntese do leite. A emissão 
de gás metano por vaca e por litro de 
leite produzido por vacas de alto rendi-
mento, produzindo 11.000 kg de leite 
anualmente, alcança somente 40% dos 
gases emitidos pelas vacas de baixa 
produção (4.000 kg anualmente) e so-
mente 80% dos gases emitidos por va-
cas produzindo 8.000 kg por ano. Nós 
recentemente calculamos o “balanço 
de emissão de GEE” para o processo 
de resfriamento fornecido às vacas no 
verão, comparando as maiores emis-
sões de CO2 na atmosfera, pelo uso de 
eletricidade para operar ventiladores, 
à redução esperada na emissão de CO2 
para a atmosfera, devido à redução no 
número de vacas requerida para pro-
duzir uma certa quantidade de leite e 
sua emissão de metano (CH4) (30 vezes 
mais contaminante do que o CO2), para 
manutenção, bem como pela melhora 
na taxa de conversão de alimentos em 
leite, devido ao fato das vacas serem 
resfriadas. Os resultados desse estudo 
mostram que a melhora na eficácia de 
produção e a redução no tamanho do 
rebanho em 5%, como resultado do 
resfriamento de vacas no verão, reduzi-
ram a emissão de CO2 em 320 kg/vaca/
ano, mais do que o dobro da qualidade 
de CO2 emitido pela geração de energia 
elétrica requerida para operar os venti-
ladores para resfriamento. No caso do 
aumento na produção anual de leite 
devido ao resfriamento, esse alcançará 
10% (um resultado comum em muitos 
setores de lácteos em regiões quentes), 
então, a redução nas emissões de CO2 
deverá ser quatro vezes a quantidade 
emitida pelo processo de resfriamen-
to. É, dessa forma, muito óbvio que o 
resfriamento de vacas no verão (além 
dos muitos benefícios à vaca e ao pro-
dutor) é de fato mais amigável com o 
meio-ambiente, à medida que reduz a 
contribuição da produção de leite para 
a emissão de GEE e, dessa forma, para 
o aquecimento global. O aumento na 
produção de leite obtido pelo resfria-
mento de vacas permite que a mesma 
quantidade de leite seja produzida por 
menos vacas, o que reduz a emissão de 
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Efeitos do resfriamento de vacas leiteiras
28 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
GEE para a atmosfera. O CO2 emitido 
pela operação dos ventiladores para 
o processo de resfriamento foi calcu-
lado como sendo de apenas um terço 
da quantidade economizada quando a 
produção de leite aumentou devido ao 
resfriamento.
Considerações
Vacas de alta produção em climas 
quentes sofrem severamente com o es-
tresse calórico por alguns meses duran-
te todos os anos, o que leva à redução 
na produção anual de leite e na eficiên-
cia alimentar. A taxa de fertilidade é re-
duzida e mais problemas de saúde pós-
-parto aparecem, aumentando, dessa 
forma, o intervalo entre partos e a taxa 
de descarte devido aos baixos desem-
penhos produtivos e reprodutivos. O 
objetivo do resfriamento de vacas é im-
pactar positivamente o setor moderno 
global de lácteos, estendendo de forma 
significativa o tempo de vida das vacas 
leiteiras e aumentando sua produtivi-
dade, enquanto garante que elas man-
tenham uma boa saúde e fertilidade. 
Durante as últimas décadas, sistemas 
eficientes de resfriamento de vacas fo-
ram desenvolvidos em todo o mundo 
e implementados de forma bem-su-
cedida em fazendas leiteiras. As vacas 
podem ser resfriadas diretamente ou 
indiretamente reduzindo a temperatu-
ra do galpão. O sistema mais comum, 
eficaz e barato para resfriar as vacas é 
o “resfriamento direto”, que é baseado 
na evaporação da água da superfície 
da vaca por uma combinação de tra-
tamentos curtos de umidade seguidos 
de ventilação intensiva forçada. O res-
friamento intensivo de vacasno verão 
aumenta a produção anual de leite em 
10% e o teor de gordura e proteína do 
leite em 0,4 e 0,2%, respectivamente. A 
taxa de concepção de vacas resfriadas 
no verão aumentou, enquanto a taxa 
de descarte causada por problemas de 
saúde e menor fertilidade caiu, todos 
fatores que levam à melhora marcada 
na expectativa de vida do rebanho, e 
grande melhora de seu bem-estar ge-
ral. Além disso, resfriar vacas durante os 
meses de verão aumenta a ruminação e 
o tempo de descanso em comparação 
com os animais não resfriados. Todas 
as vacas no rebanho, incluindo aquelas 
no final da gestação, vacas secas e no-
vilhas, requerem resfriamento no verão.
Os cálculos de custo-benefício para a 
implementação de sistemas de resfria-
mento de vacas em rebanhos leiteiros 
localizados em regiões quentes indi-
cam que, apesar das diferenças exis-
tentes em condições climáticas, nível 
de produção, práticas de manejo, cus-
to de resfriamento e preços do leite, o 
aumento no lucro líquido anual por 
vaca está diretamente relacionado ao 
resfriamento intensivo das vacas e varia 
entre US$ 100 a US$ 300/vaca/ano, de-
pendendo da taxa de aumento na pro-
dução anual de leite por vaca e melhora 
na eficiência alimentar.
Resfriar as vacas no verão (além dos 
muitos benefícios para a vaca e para o 
produtor), é realmente mais amigável 
com o meio-ambiente, à medida que 
reduz a contribuição da produção de 
leite nas emissões de GEE e, dessa for-
ma, com o aquecimento global. 
Dr. Israel Flamenbaum
Cow Cooling Solutions Ltd, Israel
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 29
As vacas leiteiras são extremamente susceptíveis ao estres-
se térmico, pois seu mecanismo de dissipação de calor não 
está entre os mais eficientes entre as espécies de mamíferos 
domésticos (Gráfico 1). Os seres humanos têm a sua zona 
de conforto em temperaturas mais altas que as vacas leitei-
ras, muito embora haja diferenças na percepção individual, 
bem como entre sexos. Basta fazer um pequeno inquérito 
em qualquer escritório que tenha um ar condicionado para 
perceber que a maioria das pessoas não consegue chegar 
a um acordo sobre qual a temperatura ideal que ele deve 
funcionar. Portanto, basear o raciocínio se as vacas estão ou 
não passando calor unicamente na nossa sensação térmica 
não é uma boa escolha. A maneira mais eficiente ainda é 
usando o bom e velho termômetro. Outro fator que afeta 
grandemente a capacidade das vacas em lidar com o calor 
do ambiente é a umidade relativa do ar. Quanto maior a 
umidade relativa do ar, menor a capacidade das vacas troca-
rem calor com o meio, portanto acabam mais “estressadas”.
Na tabela 1 temos o THI (índice temperatura umidade). Esta 
tabela traz a correlação entre a temperatura ambiente e a 
umidade relativa do ar e várias faixas de conforto. Somente 
a título de curiosidade, os seres humanos entram em estres-
se térmico quando o THI ultrapassa 80. O valor de THI aceito 
mundialmente como limite para a zona de conforto de va-
cas leiteiras é 72. Porém, hoje se sabe que esse valor pode 
variar de acordo com a produção de leite ou com o status 
fisiológico do animal. Para vacas que produzem acima de 35 
litros de leite por dia, o THI cai para 68, e que valores acima 
de 65 são capazes de afetar negativamente a capacidade 
desses animais em emprenhar. Baseado nesta tabela, pode-
mos ver que a 22°C e com uma umidade de 100% as vacas 
já estão em estresse térmico, enquanto no outro extremo, 
quando a umidade relativa do ar estiver ao redor de 20%, 
basta uma temperatura de 28,5°C para entrarmos na zona 
de estresse térmico.
É muito comum escutarmos produtores de leite dizendo: 
“aqui não faz calor”, ou “as minhas vacas não sofrem com 
isso”. Entretanto, basta dar uma olhada em alguns números 
da fazenda para acessarmos a realidade. Um deles é compa-
rar a média de produção entre o verão e o inverno. Se a di-
ferença for maior que 10%, há estresse térmico. Se a queda 
no consumo de matéria seca for maior que 10%, há estresse 
térmico. Se a reprodução for pior no verão, há estresse tér-
mico.
Identificando o problema
Para provar para os mais incrédulos que o estresse térmico 
existe e que ele pode trazer grandes prejuízos para a ativi-
dade, foram utilizados termômetros intravaginais e ambien-
tais que medem a temperatura corporal e do local onde as 
vacas ficam a cada 5 minutos. Desta maneira, podemos 
correlacionar as condições do meio ambiente com a tempe-
ratura das vacas. A seguir serão apresentados alguns exem-
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Como avaliar o
estresse térmico?
Texto: Wagner Mitsuo Nagao de Abreu
As vacas leiteiras são extremamente susceptíveis ao estresse 
térmico, o qual gera prejuízos que vão além das perdas em 
produção e reprodução. Reconhecer que o problema existe e 
saber avalia-lo é extremamente importante. Neste artigo, co-
nheça algumas formas para identificar e aferir o estrese térmi-
co dentro da fazenda.
30 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
plos deste trabalho (Gráficos Fazendas 
1 a 4: no eixo vertical da esquerda lê-se 
a temperatura corporal das vacas e o 
limite de temperatura corporal, que é 
de 39,1°C. No eixo vertical da direita 
lê-se a temperatura ambiente. No eixo 
horizontal lê-se as horas do dia).
Fazenda 1: fazenda com 3 ordenhas 
por dia e sistema de resfriamento so-
mente na sala de espera. Produção 
média do lote estudado de 40 litros/
vaca/dia. O free stall no qual as vacas fi-
cam alojadas tem um pé direito de 3,5 
metros de altura, telhado com pouca 
inclinação e não há abertura na cume-
eira, o que dificulta a circulação de ar. 
A temperatura dentro do barracão va-
riou de 15,5°C a 47,8°C. A ordenha das 
13 horas contribuiu com a acentuação 
do estresse térmico através da movi-
mentação dos animais e da aglomera-
ção na sala de espera. A temperatura 
corporal das vacas variou de acordo 
com a temperatura ambiente. O fato 
de ter feito frio a noite não ajudou a 
diminuir o estresse térmico durante 
o dia. As vacas só saíram do estresse 
térmico após a meia noite em todos os 
dias avaliados.
Fazenda 2: fazenda com 3 ordenhas, 
com sistema de resfriamento na sala 
de espera e somente ventiladores no 
barracão. Produção média do lote es-
tudado de 51 litros/vaca/dia e dias em 
lactação médio de 83 dias. A tempe-
ratura do barracão variou de 17,2°C a 
35,0°C. As vacas desta fazenda, duran-
te o período estudado, passaram mais 
de 90% do tempo com estresse térmi-
co. Este lote, passando tanto tempo 
sob os efeitos dos estresse térmico, 
terá resultados reprodutivos aquém 
do esperado. A pergunta que fica é: 
Gráfico 1. Zona de conforto térmico
LCT
LCT
LCT
LCT
LCT
LCT
LCT = Limite Crítico Inferior
UCT
UCT
UCT
UCT
UCT
UCT
UCT = Limite Crítico Superior
= Performance Ótima
Temperatura, ºC
Temperatura, ºF
Categoria
Seca ou < 10kg leite/dia
Bezero até 2 semanas de vida
Bezerro 1 mês de vida
Bezerro desmamado 0,8kg GPD
Taken in part and modi�ed from Bucklin, et. al., 1992
Bezerro desmamado
1,4kg GPD
= Performance Nominal
-34 -23 -12 -1 10 21 32
-30 -10 10 30 50 70 90
60 dias após o parto ou
>22kg leite/dia
°C 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100%
15,0 58 58 58 58 58 58 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59
15,5 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 59 60 60 60 60 60 60 60
16,0 59 59 59 59 59 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 61 61 61 61
16,5 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 61 61 61 61 61 61 61 61 61 62 62
17,0 60 60 60 60 60 61 61 61 61 61 61 61 62 62 62 62 6262 62 62 63
17,5 60 60 61 61 61 61 61 61 62 62 62 62 62 62 63 63 63 63 63 63 64
18,0 61 61 61 61 61 62 62 62 62 62 63 63 63 63 63 63 64 64 64 64 64
18,5 58 58 58 59 59 60 60 60 61 61 61 62 62 63 63 63 64 64 65 65 65
19,0 62 62 62 62 62 63 63 63 63 64 64 64 64 65 65 65 65 65 66 66 66
19,5 62 62 62 63 63 63 63 64 64 64 65 65 65 65 66 66 66 66 67 67 67
20,0 62 63 63 63 63 64 64 64 65 65 65 65 66 66 66 67 67 67 67 68 68
20,5 63 63 63 64 64 64 65 65 65 65 66 66 66 67 67 67 68 68 68 69 69
21,0 63 63 64 64 64 65 65 65 66 66 66 67 67 67 68 68 68 69 69 69 70
21,5 64 64 64 65 65 65 66 66 66 67 67 67 68 68 69 69 69 70 70 70 71
22,0 64 64 65 65 65 66 66 67 67 67 68 68 69 69 69 70 70 70 71 71 72
23,0 65 65 66 66 66 67 67 68 68 69 69 69 70 70 71 71 72 72 73 73 73
23,5 65 66 66 66 67 67 68 68 69 69 70 70 71 71 72 72 72 73 73 74 74
24,0 66 66 66 67 67 68 68 69 69 70 70 71 71 72 72 73 73 74 74 74 74
24,5 66 66 67 67 68 68 69 69 70 70 71 72 72 73 73 74 74 75 75 75 75
25,0 66 67 67 68 68 69 70 70 71 71 72 72 73 73 74 74 75 75 76 76 76
25,5 67 67 68 68 69 70 70 71 71 72 72 73 73 74 75 75 76 76 77 77 77
26,0 67 68 68 69 69 70 71 71 72 72 73 74 74 75 75 76 76 77 78 78 78
26,5 68 68 69 69 70 71 71 72 72 73 74 74 75 75 76 77 77 78 78 78 78
27,0 68 69 69 70 70 71 72 72 73 74 74 75 76 76 77 77 78 79 79 79 79
27,5 68 69 70 70 71 72 72 73 74 74 75 76 76 77 78 78 79 80 80 80 80
28,0 69 69 70 71 71 72 73 73 74 75 76 76 77 78 78 79 80 80 81 81 81
28,5 69 70 71 71 72 73 73 74 75 75 76 77 78 78 79 80 80 81 82 82 82
29,0 70 70 71 72 72 73 74 75 75 76 77 78 78 79 80 81 81 82 83 83 83
29,5 70 71 71 72 73 74 74 75 76 77 78 78 79 80 81 81 82 83 84 84 84
30,0 70 71 72 73 73 74 75 76 77 77 78 79 80 81 81 82 83 84 84 84 84
30,5 71 72 72 73 74 75 76 76 77 78 79 80 80 81 82 83 84 84 85 85 85
31,0 71 72 73 74 74 75 76 77 78 79 79 80 81 82 83 84 84 85 86 86 86
31,5 72 72 73 74 75 76 77 78 78 79 80 81 82 83 84 84 85 86 87 87 87
32,0 72 73 74 75 75 76 77 78 79 80 81 82 83 83 84 85 86 87 88 88 88
32,5 72 73 74 75 76 77 78 79 80 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 89 89
33,0 73 74 75 76 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 90 90
33,5 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 88 89 90 90 90
34,0 74 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 91 91
34,5 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 92 92
35,0 74 75 76 77 78 79 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 93 93
35,5 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 90 91 92 93 94 94 94
36,0 75 76 77 78 79 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 94 95 95 95
36,5 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 87 88 89 90 91 92 93 94 95 95 95
37,0 76 77 78 79 80 82 83 84 85 86 87 88 90 91 92 93 94 95 96 96 96
37,5 76 77 79 80 81 82 83 84 86 87 88 89 90 91 93 94 95 96 97 97 97
38,0 77 78 79 80 81 83 84 85 86 87 89 90 91 92 93 94 96 97 98 98 98
38,5 77 78 80 81 82 83 84 86 87 88 89 90 92 93 94 95 96 98 99 99 99
39,0 78 79 80 81 82 84 85 86 87 89 90 91 92 94 95 96 97 98 100 100 100
39,5 78 79 80 82 83 84 85 87 88 89 91 92 93 94 96 97 98 99 101 101 101
40,0 78 80 81 82 83 85 86 87 89 90 91 92 94 95 96 98 99 100 101 101 101
Umidade Relativa
Tabela 1. Tabela de THI (Índice Temperatura Umidade)
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 31
quanto de leite estas vacas poderiam 
produzir se não estivessem sob os efei-
tos negativos do estresse térmico?
Fazenda 3: fazenda com 3 ordenhas 
diárias, sem sistema de resfriamen-
to. Produção média do lote estudado 
de 38 litros/vaca/dia. Temperatura 
ambiente mínima 18,66°C e máxima 
28,96°C. Como a fazenda não tem sis-
tema de resfriamento, mesmo com 
temperatura ambiental “relativamen-
te baixa”, as vacas passaram a maior 
parte do tempo em estresse térmico. 
Mesmo em regiões que não têm um 
“verão tão forte” ou em épocas do ano 
de temperaturas mais amenas, ainda 
se faz necessário o uso de métodos de 
combate ao estresse térmico.
Fazenda 4: fazenda com 3 ordenhas 
diárias, com sistema de resfriamento 
na sala de espera e as vacas são le-
vadas para banhos de meia hora de 
duração entre as ordenhas. Produção 
média do lote estudado de 45 litros/
vaca/dia. Temperatura ambiental mí-
nima de 12,8°C e máxima de 24,5°C. 
Mesmo com temperaturas “de inver-
no”, em 3 momentos as vacas entraram 
em estresse térmico e em vários outros 
momentos chegaram bem perto. Isto 
demonstra a necessidade de se ter ins-
talado e funcionando um bom sistema 
de resfriamento.
Outros formas de aferição
Estes trabalhos realizados com termô-
metros intravaginais, apesar de forne-
cerem informações bem completas 
sobre o que está acontecendo com 
as vacas, são demorados, têm um alto 
custo (cada termômetro custa 150 dó-
lares e são necessários no mínimo 8 
deles em cada local estudado) e, como 
são de uso intravaginal, só utilizamos 
em animais prenhes, para não interfe-
rir com os protocolos reprodutivos da 
fazenda. Porém, há duas alternativas 
bem simples e baratas que qualquer 
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Como avaliar o estresse térmico?
Gráficos “Fazendas 1 a 4”. Monitoramento da temperatura corporal e
local, utilizando termômetros intravaginais e ambientais
Quanto maior a umidade relativa do ar, menor a capa-
cidade das vacas trocarem calor com o meio, portanto 
acabam mais “estressadas”
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
38,0
38,5
39,0
39,5
40,0
40,5
13 15 17 19 21 23 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 1 3 5 7 9 11 13 15
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
m
bi
en
te
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
ni
m
al
Horas
Fazenda 1
ordenha vacas limite 39,1°C ambiente
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
38
38,5
39
39,5
40
40,5
11 13 15 17 19 21 23 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 1 3 5 7
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
m
bi
en
te
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
ni
m
al
Horas
Fazenda 2
ordenha vaca limite 39,1°C ambiente
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
38,00
38,50
39,00
39,50
40,00
40,50
12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 10 12
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
m
bi
en
te
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
ni
m
al
Horas
Fazenda 3
ordenha vaca limite 39,1 ambiente
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
38
38,5
39
39,5
40
40,5
15 13 14 16 15 12 12 11 11 18 19 20 9 19 18 20 22 23 9 20 19 8 1 7 8 1 3 8 2 2 7 3 6 5
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
m
bi
en
te
Te
m
pe
ra
tu
ra
 A
ni
m
al
Horas
Fazenda 4
ordenha média vacas limite media temp
32 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
produtor pode colocar em prática na 
sua propriedade, independente do 
número de vacas em lactação ou do 
sistema de exploração utilizado (free 
stall, compost barn, semi-confinado ou 
a pasto).
Basta um termômetro de mercúrio 
ou digital, aquele mesmo usado para 
aferir a temperatura de animais ou um 
cronômetro. Se for usar um termôme-
tro, basta escolher 20% dos animais 
(para rebanhos acima de 50 animais 
em lactação, ou todas as vacas para 
rebanhos pequenos), de preferência 
os de maior produção leiteira (são 
mais susceptíveis ao estresse térmico) 
e medir e anotar a temperatura corpo-
ral das vacas 3 vezes por dia: no início 
da manhã, logo após o almoço e no 
final da tarde, de preferência após as 
18 horas. Se pelo menos um terço dos 
animais estiver com temperatura cor-
poral acima de 39,1°C, a fazenda está 
enfrentando um problema de estresse 
térmico e com certeza a produção de 
leite e a reprodução estarão prejudica-
das.
A outra maneira de se fazer essa aferi-
ção é através da medição da frequên-cia respiratória. Os bovinos respiram 
em média 40 vezes por minuto e há 
uma correlação muito estreita entre 
a frequência respiratória e a tempe-
ratura corporal. Quanto maior a tem-
peratura corporal, maior a frequência 
respiratória (Gráfico 2). Isso se dá por-
que um dos principais mecanismos 
que os bovinos usam (principalmente 
as raças europeias, mas não somente 
limitadas a elas, os zebuínos também 
utilizam esta estratégia) é aumentar a 
frequência respiratória para aumen-
tar a dissipação de calor. Toda vez que 
uma vaca estiver com uma frequência 
respiratória maior que 60 movimentos 
por minuto ela estará com estresse 
térmico (fazer diagnóstico diferencial 
com patologias respiratórias). Utiliza-
-se o mesmo processo de amostragem 
e anotação de dados explicados acima 
para o uso dos termômetros.
Como dizia o poeta: “Vivemos em um 
país tropical, abençoado por Deus e 
bonito por natureza.” Infelizmente, 
esse mesmo clima tropical que torna 
as praias brasileiras o destino de mi-
lhões de turistas do mundo todo é o 
mesmo país tropical que tem um ve-
rão inclemente para a pecuária leiteira. 
Se o objetivo for continuar a evoluir na 
pecuária leiteira, procurando produ-
ções acima dos 10 mil quilos de leite 
por vaca por ano, altas produções de 
gordura e proteína, intervalos entre 
partos cada vez mais curtos, baixos ín-
dices de doenças e maior longevidade, 
temos que começar a encarar o pro-
blema de frente. O estresse térmico é, 
provavelmente, o maior vilão da nossa 
atividade e, enquanto continuarmos 
fazendo de conta que isso é história da 
carochinha, ou que com meio sistema 
de resfriamento o problema está solu-
cionado, vamos continuar nadando e 
morrendo na praia.
*Nota do autor: “em 2014 tive a opor-
tunidade de guiar um grupo de 24 ve-
terinários, zootecnistas e produtores 
de leite em uma série de visitas a pro-
priedades produtoras de leite no Esta-
do do Wisconsin, EUA. Na divisa com o 
Canadá, Wisconsin é um dos estados 
mais frios de lá. Nos 3 dias de visita, a 
temperatura ambiente estava por volta 
dos 12°C a 15°C e em todas as fazendas 
os sistemas de resfriamento estavam 
funcionando (aspersão sobre linha de 
cocho e ventiladores sobre as camas). 
Quando questionados o porquê disto, 
todos os proprietários foram unânimes: 
“não queremos resfriar as vacas, quere-
mos evitar que elas esquentem e vacas 
sem estresse térmico produzem muito 
mais leite.” 
Wagner Mitsuo Nagao de Abreu
Médico Veterinário, Pós-Graduação em 
Nutrição Animal, cursando MBA em
Gerenciamento de Projetos pela FGV
Gráfico 2. Correlação entre frequência respiratória e temperatura corporal
Fonte: Brouk, et al. 2003
120
M
ov
im
en
to
s 
re
sp
ir
at
ór
io
s 
po
r
m
in
ut
o
Temperatura Retal
100
80
60
40
20
38,3ºC 38,8ºC 39,4ºC
r=0.73 , P<0.001
40,0ºC 40,5ºC
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 33
O estresse térmico reduz a produção 
de bovinos de leite, reduzindo acentu-
adamente a rentabilidade de fazendas 
localizadas em locais de clima quente 
e úmido (West, 2003). Estudos reali-
zados nos Estados Unidos mostram 
que há impacto financeiro significati-
vo causado pelo estresse térmico em 
vacas de leite, chegando quase a 1 
bilhão de dólares por ano (St. Pierre et 
al., 2003).
O estresse térmico é o desequilíbrio 
que ocorre no organismo do animal 
em resposta às condições ambien-
tais adversas tais como temperatura 
ambiente, umidade relativa do ar e 
radiação solar. As condições do am-
biente, associadas à produção de ca-
lor metabólico, resultam em acúmulo 
de calor corporal. O estresse térmico 
ocorre quando a carga térmica recebi-
da do ambiente pela vaca mais o calor 
proveniente de seu metabolismo são 
maiores do que a sua capacidade em 
dissipar calor para o ambiente. O ín-
dice de temperatura e umidade (ITU) 
sugere valores nos quais podemos 
identificar um ambiente de estresse 
térmico para vacas de leite. O valor de 
ITU para caracterizar estresse térmico 
varia entre pesquisadores: 68 (Boh-
manova et al., 2007), 70 (Mader et al., 
2006), 72 (Armstrong et al., 1994) e 77 
(Johnson et al., 1963).
Ingestão de MS e reprodução
A geração de calor decorrente da ma-
nutenção das funções vitais e produ-
ção de leite representa aproximada-
mente 31% do consumo de energia de 
uma vaca de 600 kg de peso vivo, pro-
duzindo 40 kg de leite contendo 4% 
de gordura (Coppock, 1985). Gastos de 
manutenção quando a temperatura 
ambiente chega aos 35°C aumentam 
em 20% comparadas com condições 
de termoneutralidade (NRC, 1981). O 
incremento calórico causado pelo au-
mento da frequência respiratória e ou-
tros mecanismos fisiológicos usados 
pela vaca para dissipar calor, explica 
em parte a diminuição do aporte de 
energia para produção de leite. A dimi-
nuição da ingestão de alimentos, cau-
sada pelo estresse calórico, também 
contribui para a queda na produção 
de leite e fertilidade.
Estresse térmico afeta negativamente 
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Prejuízos evidentes
na reprodução
Texto: Prof. Dr. José Luiz M. Vasconcelos
 Eraldo L. Drago Filho
 Marcos H Pereira
 Ronaldo Luis Aoki Cerri
Estresse térmico é um dos principais 
fatores que levam a baixa fertilidade, 
particularmente nas zonas tropicais e 
subtropicais. Vários componentes do 
sistema reprodutivo são susceptíveis ao 
calor excessivo, e o comprometimento 
de qualquer um deles impacta direta-
mente o sucesso de programas de repro-
dução em rebanhos de leite.
34 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
o desempenho reprodutivo de manei-
ra direta e indireta através de altera-
ções no balanço energético. Em vacas 
de leite há interação entre estresse 
térmico, ingestão de matéria seca, 
produção de leite e balanço energéti-
co negativo, que resulta na redução de 
secreção de LH (Jonsson et al., 1997) e 
diminui o diâmetro do folículo domi-
nante no período pós parto (Figura1).
A formação de gametas é sensível à 
temperatura. Espermatogênese re-
quer temperatura menor que a cor-
poral, e recentes evidências indicam 
que o desenvolvimento do ovócito 
também é sensível à temperatura (Ru-
tledge et al., 1999). O útero também 
pode ser afetado devido à diminui-
ção do fluxo sanguíneo e aumento 
da temperatura (Roman-Ponce et al., 
1978). Essas mudanças podem afetar o 
desenvolvimento do embrião (Rivera 
et al., 2001), fazendo com que ocorra 
perda precoce da gestação (Figura 1). 
Vasconcelos et al (1998) relataram que 
a maioria das perdas embrionária em 
vacas sob estresse térmico ocorre an-
tes dos 42 dias de gestação.
Fertilidade
Estresse térmico é um dos principais 
fatores que levam a baixa fertilidade, 
particularmente nas zonas tropicais e 
sub-tropicais. Vários componentes do 
sistema reprodutivo são susceptíveis 
ao calor excessivo, e o comprometi-
mento de qualquer um deles impacta 
diretamente o sucesso de programas 
de reprodução em rebanhos de leite.
O estresse térmico reduz a expressão 
de comportamento de cio (Hansen 
et al., 2001), altera o desenvolvimen-
to folicular (Wolfenson et al., 1995), o 
crescimento e a função do folículo do-
minante (Wilson et al., 1998a; 1998b) 
e as taxas de concepção (Ulberg and 
Burfening, 1967). Em estudo realizado 
em Israel, (Flamenbaum and Galon, 
2010) os autores compararam taxa 
de concepção e produção de leite no 
inverno e verão em grupos com dife-
rentes estratégias de resfriamento (30s 
molhando e 4,5 minutos sob ventila-
ção forçada): intensivo (7,5h/dia),mo-
derado (4,5h/dia) e não resfriado (0h/
dia). Vacas com resfriamento intensivo 
obtiveram uma relação na produção 
de leite verão/inverno de 98,5%, e taxa 
de concepção no inverno de 56% e 
verão 33,8%. Vacas com resfriamento 
moderado tiveram produção de leite 
verão/inverno de 96%, e taxa de con-
cepção no inverno de 53% e no verão 
34,5%. Vacas que não foram resfria-
das tiveram produção de leite verão/
inverno 90%, e taxa de concepção no 
inverno de 54% e no verão de 15%. Es-
ses resultados mostram a importância 
de se utilizar sistemas de resfriamento 
intensivos, que realmente mantêm a 
vaca sem estresse térmico. Particula-
ridades de cada sistema associado ao 
potencial produtivo do rebanho de-
vem ser avaliadas para determinar a 
melhor opção a ser utilizada (distância 
entre ventiladores, volume de água e 
aspersores, posicionamento dos equi-
pamentos, a partir de qual ITU ligar o 
sistema, etc.).
Temperatura Retal e Fertilidade
Ulberg and Burfening et al. (1967) rela-
taram que a taxa de concepção dimi-
nuiu 61 para 45% quando a tempera-
tura retal aumentou 1°C, 12 h após a 
inseminação. Vasconcelos et al. (2011) 
encontraram que vacas de alta produ-
Figura 1. Esquema do efeito do estresse
térmico na reprodução em vacas de leite. 
Baixo estradiol
• Diminuição de expressão de estro
• Baixa qualidade do oocito
InfertilidadePerda do embrião
Comprometimento
do ambiente
uterino
Estresse térmicoRedução de IMS
Balanço energético negativo
Redução
GnRH e LH
?
Gráfico 1. Manutenção de prenhez de vacas holandesas 
em lactação ranqueadas de acordo com a produção de 
leite (mediana = 35 Kg/d de leite; HPROD = acima da 
mediana; LPROD = abaixo da mediana) e temperatura 
retal (≤ 39,0 = LTEMP; > 39,0 = HTEMP) no momento da 
transferência de embrião. Vasconcelos et al., (2011).
100
L TEMP
HPROD LPROD
a
0.78 (95% CI = 0.42 to 1.45)
P = 0.44 3.10 (95% CI = 1.12 to 8.59)
P = 0.03
a
b
a
Pr
eg
na
nc
y 
ra
te
s,
 %
H TEMP
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 35
ção (>35kg/dia), com alta temperatura 
retal (>39ºC), tiveram menor taxa de 
prenhez em relação a vacas de alta 
produção com baixa (≤ 39ºC) tempe-
ratura retal (Gráfico 1). Nesse estudo 
foi utilizada transferência de embriões, 
de modo que os resultados sugerem 
que mesmo se utilizando dessa técni-
ca, muito usada no Brasil de maneira 
terapêutica durante o verão, os efeitos 
deletérios do estresse térmico são sig-
nificativos e impactam embriões que 
não foram expostos ao estresse nos 
primeiros dias de desenvolvimento.
Em estudo no Sudeste do Brasil, Vas-
concelos et al. (2011) detectaram que 
em 33 fazendas avaliadas durante o 
verão, mais de 60% das vacas avaliadas 
apresentavam temperatura acima de 
39,1ºC no período da tarde (Tabela 1).
Efeitos na fertilidade - estudos
realizados no Brasil
Em todos os estudos realizados, o 
estresse térmico impactou negativa-
mente nos resultados. O gráfico 2 e 
tabelas 2, 3 e 4 demonstram o quanto 
o conforto dos animais impactou na 
fertilidade. O gráfico 2 mostra o exem-
plo de uma fazenda, onde nos últimos 
três anos a taxa de concepção cai dras-
ticamente nos meses mais quentes do 
ano. As tabelas 2 e 3 demonstram que 
o impacto do estresse térmico não é 
apenas no momento da inseminação, 
pois vacas que estavam em estresse 
térmico antes da IA ou após a IA tam-
bém apresentaram menores taxas de 
concepção. Além disso, quanto maior 
o período de tempo em que as vacas 
estão em estresse térmico, menores 
são as taxas de concepção.
Em outro estudo (Pereira et al., 2014) 
avaliando diferentes protocolos de 
IATF, durante estação quente (n=617) 
e fria (857) do ano, a fertilidade duran-
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Prejuízos evidentes na reprodução
Tabela 1. ITU, temperatura corporal das vacas e % de vacas com ≥ 39,1°C às 8, 12, 16, 20 h.
São Paulo Minas Gerais Goiás Paraná
Número
fazendas//vacas 3//51 10//177 11//124 9//102
Horário
8 h Média ITU 69,8 ± 2,05 69,8 ± 2,85 71,2 ± 6,97 67,6 ± 2,23
Média TºC corporal 38,7 ± 0,33 38,6 ± 0,36 38,4 ± 0,52 38,4 ± 1,1
% Vacas ≥ 39.1ºC 19,5% 38,9% 3,5% 22,7%
12 h Média ITU 76,5 ± 2,16 76,2 ± 3,84 79,5 ± 3,75 73,6 ± 2,02
Média TºC corporal 38,7 ± 0,35 38,9 ± 0,43 38,8 ± 0,84 38,6 ± 0,75
% Vacas ≥ 39.1ºC 36,6% 58,3% 34,5% 36,4%
16 h Média ITU 78,9 ± 1,39 77,6 ± 3,20 78,3 ± 3,73 74,8 ± 2,61
Média TºC corporal 39,1 ± 0,42 39,3 ± 0,57 39,2 ± 0,89 38,9 ± 0,52
% Vacas ≥ 39.1ºC 73,20% 69,4% 72,4% 60,2%
20 h Média ITU 72,8 ± 2,56 72,7 ± 1,93 74,3 ± 2,31 71,3 ± 3,01
Média TºC corporal 38,9 ± 0,37 39,2 ± 0,51 39,1 ± 0,56 38,8 ± 0,94
% Vacas ≥ 39.1ºC 65,9% 66,7% 89,7% 68,2%
Vasconcelos et al., 2011.
70%
Ta
xa
 d
e 
co
nc
ep
çã
o 60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2009
2010
2011
29%
Jan
17%
16%
29%
Fev
13%
17%
13%
Mar
26%
14%
20%
Abr
8%
19%
42%
Mai
26%
31%
35%
Jun
32%
45%
45%
Jul
56%
60%
38%
Ago
28%
44%
32%
Set
37%
47%
32%
Out
36%
34%
24%
Nov
29%
40%
20%
Dez
24%
Gráfico 2. Taxas de concepção (nº de vacas gestantes/ nº
de vacas inseminadas) de vacas Holandesas, durante
3 anos, de uma fazenda localizada no sudoeste de MG.
36 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 37
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Prejuízos evidentes na reprodução
te a estação quente foi menos que a 
metade obtida durante a estação fria 
(tabela 4). Medidas fisiológicas asso-
ciadas à maior fertilidade foram de for-
ma geral reduzidas durante a estação 
quente, como por exemplo: porcenta-
gem de vacas com corpo lúteo no mo-
mento da PGF2α diminuiu em 6,7%, 
diâmetro do folículo ovulatório dimi-
nuiu em 0,9 mm, a expressão de estro 
diminuiu em 6,8% e a sincronização 
ao protocolo diminuiu em 5,4%. Estu-
dos anteriores também demonstram 
efeito negativo do estresse térmico na 
sincronização ao protocolo (Pereira et 
al., 2013). Estas alterações fisiológicas 
poderiam indicar a diminuição da fer-
tilidade em vacas sob estresse térmico. 
Por exemplo, falta de ovulação iria di-
minuir a fertilidade aproximadamente 
em 2,7% na taxa de prenhez geral. E o 
efeito do estresse térmico nas outras 
alterações fisiológicas mencionadas 
iria ter menos impacto que na falta de 
sincronização (expressão de estro = 
-0,72%; menor folículo = - 1,2%; sem 
CL no d – 4 = -0,90) sugerindo que 
apenas 5,5% da redução da fertilidade 
é explicada por alterações fisiológicas. 
Sendo assim os efeitos mais dramáti-
cos do estresse térmico na fertilidade 
neste estudo foram mais associados 
a qualidade do oócito, fertilização e a 
qualidade e desenvolvimento do em-
brião, do que efetivamente a resposta 
ao protocolo de IATF.
Devido à importância econômica do 
estresse térmico no Brasil, é necessária 
a conscientização dos técnicos e pro-
dutores para utilizarem intensamente 
estratégias que visam diminuir o es-
tresse térmico, visando maior produ-
tividade. 
Tabela 2. Taxas de concepção (nº de vacas gestantes/ nº de vacas insemi-
nadas) de vacas Holandesas inseminadas em tempo fixo, em relação à 
temperatura retal da vaca em diferentes momentos do protocolo de IATF, 
em fazendas localizadas no sudoeste de MG no verão de 2011.
Dia do protocolo Temperatura da vaca Concepção
Dia 07 – PGF ≤39ºC 25% (734)
≥39,1ºC 15% (455)
Dia 08 – Retirada do CIDR ≤39ºC 26% (716)
≥39,1ºC 14% (473)
Dia 10 – IATF ≤39ºC 25%(713) 
≥39,1ºC 16% (476)
Dia 17 – 7 dias após IATF ≤39ºC 26% (711)
≥39,1ºC 15% (530)
Tabela 3. Taxas de concepção (nº de vacas gestantes/ nº de vacas insemi-
nadas) de vacas Holandesas inseminadas em tempo fixo, em relação ao 
número de vezes em que os animais estavam em estresse térmico (tempe-
ratura retal ≥ 39,1ºC) em diferentes momentos do protocolo de IATF (dia 07 
[PGF2α], 08 [remoção CIDR], 10 [IATF] e 17 [7 dias após IATF]), em fazendas 
localizadas no sudoeste de MG no verão de 2011.
Momentos de estresse térmico (TºC ≥39,1) Concepção
0 31% (316)
1 24% (284)
2 20% (247)
3 10% (212)
4 11% (130)
Tabela 4. Efeitos da estação nas diferenças fisiológicas e fertilidade.
*Item
Estação
P=
Fria Quente
CL na PGF 62,9 (539/857) 56,2 (347/617) 0,01
Diâmetro do folículo (mm) 15,7 ± 0,1 14,8 ± 0,1 <0,01
Estro 86,7 (742/856) 79,9 (739/925) <0,01
Sincronização 89,7 (736/821) 84,3 (685/813) <0,01
P/AI 
32d 45,4 (389/857) 21,4 (203/951) <0,01
60d 37,0 (317/857) 18,0 (171/951) <0,01
Perda de gestação (32-60) 18,5 (72/389) 15,8 (32/203) 0,41
Prof. Dr. José Luiz
Moraes Vasconcelos
UNESP Botucatu
Marcos H Pereira
Unesp Botucatu 
Eraldo L. Drago Filho
Unesp Botucatu 
Ronaldo Luis Aoki Cerri
University of Britsh Columbia
Vancouver, Canada
38 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
Pesquisas de nosso grupo investiga-
ram os efeitos de resfriar ativamente 
vacas secas sobre seu desempenho e 
saúde na lactação subsequente. Nes-
ses trabalhos, as vacas foram secas 
aproximadamente 6 semanas antes da 
data prevista do parto e instaladas em 
galpão free stall, com os lados abertos 
e camas de areia. Para as vacas resfria-
das (VR) foram instalados aspersores 
na linha de alimentação e ventilado-
res, enquanto as vacas controle (VC) 
foram alojadas em locais sem esses 
equipamentos, tendo acesso apenas 
a sombra. Os estudos foram condu-
zidos entre maio e outubro na Flóri-
da, quando as temperaturas médias 
diárias excedem 30ºC e a umidade é 
consistentemente alta. Todas as outras 
práticas de manejo foram as mesmas 
para ambos os grupos durante o perí-
odo seco. Após o parto, todas as vacas 
foram instaladas e manejadas como 
um grupo, e resfriadas de acordo com 
os protocolos padrões da fazenda. 
Usando essa abordagem, isolamos os 
efeitos do estresse calórico no período 
seco sobre vários aspectos da produ-
ção e da saúde.
Nosso primeiro objetivo era determi-
nar se, e em que extensão, o estresse 
calórico no período seco afetava ad-
versamente a produção de leite. Como 
observado em estudos anteriores, 
constatamos uma redução na produ-
ção de leite após o estresse calórico no 
período seco, com as vacas VR produ-
zindo 5 a 7 quilos a mais de leite por 
dia em relação às VC. Essa diferença na 
produção foi aparente desde o início 
da lactação e persistiu por, pelo me-
nos, 40 semanas (Figura 1). Essa obser-
vação indica que a glândula mamária 
está programada para produzir mais 
leite por toda a lactação quando o es-
tresse calórico é evitado durante o fi-
nal da gestação. Uma série sequencial 
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Benefícios da redução 
do estresse calórico no 
período de transição
Texto: Geoffrey E. Dahl
Em contraste com as vacas em lacta-
ção, o menor consumo de matéria seca 
e, consequentemente, a menor produ-
ção de calor metabólico das vacas secas 
melhora sua capacidade de se adaptar 
ao estresse calórico. Ainda assim, ob-
servam-se impactos negativos do calor 
sobre esses animais, embora um núme-
ro limitado de estudos mostrem bene-
fícios de intervenções de manejo, como 
resfriamento passivo (sombra) e ativo 
(ventiladores e aspersores).
40 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
de biópsias mamárias revelou que a 
proliferação celular foi maior em vacas 
secas resfriadas com relação àquelas 
que sofreram estresse calórico. Nossa 
conclusão foi que a queda na produ-
ção em vacas com estresse calórico re-
sulta da redução do crescimento ma-
mário durante o período seco, fazendo 
com que as vacas entrem em lactação 
com uma menor capacidade de pro-
duzir leite com relação aos animais 
que são resfriados.
Quando as vacas sofrem estresse ca-
lórico no período seco, reduzem seu 
consumo de matéria seca com relação 
às vacas resfriadas, e há uma redução 
concomitante no ganho de peso e es-
core de condição corporal. 
O exame da função hepática indica 
que o resfriamento melhora o me-
tabolismo lipídico, de tal modo que 
maiores produções podem ser supor-
tadas com relação às vacas que sofre-
ram estresse calórico, mesmo quando 
todas as mesmas são resfriadas duran-
te a lactação. 
Estresse calórico e
função imunológica 
Uma ocorrência comum nas vacas em 
transição é o menor status imunoló-
gico, com consequente aumento na 
incidência de doenças entre o período 
seco e as 6 primeiras semanas de lac-
tação. 
Nossa abordagem inicial para exami-
nar os efeitos do estresse calórico no 
período seco sobre o status imunoló-
gico de vacas em transição foi a avalia-
ção das respostas das células brancas 
do sangue sob condições de cultura. 
As células brancas do sangue de vacas 
resfriadas tiveram maior capacidade 
de se proliferar com relação àquelas 
de vacas com estresse calórico, um in-
dicador de resposta imunológica mais 
forte. Além disso, as vacas resfriadas 
exibiram melhoras nos padrões de ex-
pressão de uma série de genes envol-
vidos na função dos leucócitos.
Embora a expressão do gene seja de 
interesse, é importante entender se o 
padrão resulta em melhor capacidade 
das células brancas do sangue de ata-
car e eliminar patógenos. Observamos 
que os neutrófilos de vacas resfriadas 
tiveram maior atividade no início da 
lactação com relação àqueles de va-
cas que passaram por estresse calórico 
no período seco. Isso é uma evidência 
de que o resfriamento tem efeitos re-
siduais no status imunológico após o 
parto.
Mas, o que esses indicadores in vitro 
do status imune impactam na saúde 
da vaca em início de lactação? Nosso 
modelo para testar essa questão foi 
um desafio à glândula mamária com o 
patógeno causador de mastite, Strep-
tococcus uberis. Como esperado, as 
vacas desenvolveram mastite, e houve 
um aumento correspondente na con-
tagem de células somáticas no quarto 
inoculado. As vacas resfriadas tiveram 
uma expressão maior de genes espe-
cíficos envolvidos no reconhecimento 
precoce do patógeno com relação às 
vacas que tinham sido submetidas ao 
estresse calórico, e também apresen-
taram maiores contagens de células 
brancas do sangue e números totais 
de neutrófilos. Portanto, parece que 
os indicadores in vitro de um melhor 
status imunológico, observados nas 
vacas secas resfriadas, se traduziram 
em uma resposta imunológica mais 
robusta à medida que elas entraram 
em lactação. Além disso, essa respos-
ta imunológica foi associada a uma 
maior produção de leite. 
Efeitos estacionais 
Para avaliar os impactos estacionais na 
produção de leite, nosso grupo revi-
sou, recentemente, registros de mais 
de 2.600 vacas multíparas que pariram 
durante um período de três anos na 
mesma fazenda comercial na Flórida. 
As vacas foram separadas por mês do 
Figura 1. Produção de leite em vacas expostas ao estresse calórico ou
resfriadas durante o período seco. Adaptado de Tao et al., 2011.
45
Pr
od
uç
ão
 d
e 
le
it
e,
 K
g/
d
Semanas em lactação
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 41
parto em dois grupos; 1)COOL (frio, 
em inglês - que pariram em dezembro, 
janeiro ou fevereiro) e 2) HOT (quente, 
em inglês - que pariram em junho, ju-
lho e agosto), e uma série de resulta-
dos de desempenho foram avaliados 
durante a lactação subsequente. É 
importante enfatizar que as condições 
de manejo, incluindo alimentação, 
protocolos de ordenha e reprodutivo, 
e instalações, foram similares na fazen-
da durante todo o período de estudo.
As vacas COOL produziram 550 kg a 
mais de leite do que as HOT e apre-
sentaram menor incidência de masti-
te nos primeiros 80 dias de lactação. 
Além disso, as vacas COOL tiveram 
menos casos de retenção de placen-
ta e problemas respiratórios gerais 
do que o grupo HOT, sugerindo uma 
resposta imunológica mais robusta 
em vacas que foram secas durante os 
meses frios do ano. 
Um resultado muito interessante foi o 
melhor desempenho reprodutivo das 
vacas COOL, apesar da maior produ-
ção de leite, refutando o dogma de 
que altas produções e estresse calóri-
co são, necessariamente, antagônicos 
para bom desempenho reprodutivo.
Temperatura, umidade e fotoperíodo 
são os principais fatores que afetam o 
desempenho das vacas. De fato, vários 
estudos evidenciam o papel da expo-
sição à luz durante o período seco na 
produção de leite e na saúde da vaca 
na próxima lactação. Porém, a duração 
média da luz do dia na Flórida, entre 
dezembro e janeiro (inverno), é de 
10,5 a 11,5 horas, bem mais do que as 
8 horas de exposição à luz que melho-
ra a produção de leite, quando impos-
tas durante o período seco. Além dis-
so, a duração da luz do dia entre junho 
e agosto (verão) é de apenas 13 a 14 
horas, muito mais curto do que as 16 
horas usadas para melhorar a produ-
ção durante a lactação. Em contraste, 
usando o índice temperatura-umida-
de (ITU) como um guia, está claro que 
as vacas que pariram nos meses frios 
[COOL] (média de ITU – 54,8+1,0) tive-
ram menos estresse calórico quando 
secas do que aquelas que pariram nos 
meses quentes [HOT] (ITU = 76,2+0,4). 
Dessa forma, os efeitos sazonais no de-
sempenho foram, provavelmente, de-
vidos ao impacto do estresse calórico, 
e não ao fotoperíodo.
Efeitos do estresse calórico e
desenvolvimento das bezerras
O estresse calórico gestacional impac-
ta de forma adversa a bezerra antes e 
depois do seu nascimento. Bezerras 
nascidas de vacas com estresse calóri-
co são menores ao nascimento e não 
conseguem recuperar esse peso per-
dido até um ano de idade. Estudos em 
andamento em nosso laboratório têm 
revelado uma série de alterações nos 
resultados imunológicos, metabólicos 
e de desempenho, que resultam de 
um breve período de estresse calórico 
no final da gestação. 
Nossos estudos têm mostrado que 
resfriar ativamente as vacas secas tem 
efeitos positivos profundos no peso 
ao nascimento das bezerras, sendo os 
mesmos mantidos no desmame.
Além das diferenças de peso, as bezer-
ras que passaram por estresse calórico 
no útero têm o metabolismo de ener-
gia alterado. Usando desafios de insu-
lina e glicose, observamos que as be-
zerras com estresse calórico desviam 
energia para os tecidos periféricos 
de uma maneira consistente com um 
maior acúmulo de gordura, ao invés 
de massa muscular. 
As bezerras nascidas de vacas que fo-
ram resfriadas também tiveram maio-
res concentrações circulantes e maior 
eficiência de absorção de IgG, com re-
lação àquelas que nasceram de vacas 
com estresse calórico. Essa melhora na 
transferência de IgG, entretanto, não é 
devida às diferenças na qualidade do 
colostro, uma vez que vacas secas com 
estresse calórico tiveram concentra-
ções numericamente maiores de IGg 
que as resfriadas. Dessa forma, o es-
tresse calórico no útero parece alterar 
a capacidade da bezerra de absorver 
IGg, extremamente importante para a 
sua sobrevivência e saúde. 
Os efeitos acima mencionados na saú-
de e no crescimento da bezerra estão, 
em última análise, associados com 
um melhor desempenho. Analisamos 
registros de 85 novilhas nascidas de 
vacas com estresse calórico ou vacas 
ESPECIAL ESTRESSE TÉRMICO
Benefícios da redução do estresse
calórico no período de transição
Bezerras que nascem de vacas resfriadas no período 
seco são maiores, têm um sistema imunológico mais 
robusto, e produzem mais leite em sua primeira lactação”
42 | REVISTA LEITE INTEGRAL | dezembro de 2015
resfriadas durante os últimos cinco 
anos, em nossa fazenda da Universida-
de, para avaliar o impacto do estresse 
calórico no útero sobre a saúde, repro-
dução e produção de leite. É importan-
te enfatizar que, após o nascimento, 
todas as bezerras foram manejadas de 
forma idêntica em nosso sistema, de 
forma que quaisquer efeitos observa-
dos são devidos às diferenças induzi-
das no útero, e não após o nascimento. 
Com relação às bezerras resfriadas no 
útero, aquelas nascidas de vacas com 
estresse calórico deixaram o rebanho 
com maior frequência antes da pu-
berdade, requereram mais serviços 
para conceber e produziram 5 kg/dia 
a menos de leite na primeira lactação. 
Assim, parece que a vaca é afetada de 
forma aguda pelo estresse calórico no 
final da gestação, enquanto a bezerra, 
no útero, se torna programada para 
ser menos produtiva. 
Implementação de um manejo
de redução do estresse calórico
Sempre que possível, as vacas secas 
devem ter acesso ao resfriamento ati-
vo para reduzir a carga de calor duran-
te os períodos mais quentes do ano. 
Isso significa que sombra e, se possí-
vel, aspersores ou outros métodos de 
resfriamento, devem estar presentes 
nos locais de alojamento das vacas 
secas, seja no pasto ou confinamento. 
Uma maneira eficiente de promover 
resfriamento em vacas mantidas em 
pastagens é o fornecimento de som-
bra no pasto e resfriamento ativo nos 
locais de alimentação.
Tão importante quanto o esquema 
de resfriamento é a duração do mes-
mo. Por exemplo, as vacas podem ser 
resfriadas somente durante as últimas 
três semanas antes do parto, e apre-
sentarem resultados positivos na pro-
dução e na saúde? Apesar de nenhu-
ma comparação direta ter sido feita, 
tendo como base os resultados de vá-
rios estudos, parece que o resfriamen-
to durante todo o período seco produz 
uma resposta melhor. Em nossas séries 
de estudos, durante um período de 6 
anos, observamos uma melhora de 5 a 
7 kg por dia na produção de leite com 
o resfriamento ativo iniciado no início 
do período seco. 
Conclusões
O resfriamento de vacas secas é uma 
intervenção de manejo relativamente 
simples de ser implementada, sen-
do capaz de melhorar o bem-estar 
animal, a produção e a saúde e, por 
conseguinte, trazer melhores retornos 
financeiros para as fazendas leiteiras.
Vários resultados de pesquisa eviden-
ciam os benefícios do resfriamento 
ativo durante todo o período seco, 
que se traduzem em aumento do cres-
cimento mamário, maior consumo de 
matéria seca, maior produção de leite, 
melhor desempenho reprodutivo e 
melhora do status imunológico du-
rante a transição para lactação. Além 
disso, bezerras que nascem de vacas 
resfriadas no período seco são maio-
res, têm um sistema imunológico mais 
robusto e, por fim, produzem mais lei-
te em sua primeira lactação, quando 
comparadas com aquelas nascidas de 
vacas com estresse calórico. 
Geoffrey E. Dahl
Departamento de Ciências Animais
Universidade da Flórida
dezembro de 2015 | REVISTA LEITE INTEGRAL | 43
PARA SILAGEM COM
ALTO TEOR DE MATÉRIA SECA.
EMPRESA GANHADORA
EM PRIMEIRO LUGAR
TAÇABRASIL DE SILAGEM
DE MILHO 2015
I N O C U L A N T E S
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