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NOÇÕES GERAIS DE DIREITO CIVIL

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AULA 01 E 02: NOÇÕES GERAIS DE DIREITO CIVIL – TEORIA GERAL. 
 
1. Conceito de Direito Civil. 
Etimologicamente, “civil” refere-se ao “cidadão”. Assim, o Direito Civil pode ser 
traduzido como “o direito do cidadão”. 
 
Direito Civil é o ramo do direito privado, que disciplina todas as relações 
jurídicas da pessoa (física e jurídica) nas suas relações entre si, seja uma com 
as outras, envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja nas suas 
relações com as coisas (posse e propriedade). 
 
2. Código Civil de 2002 
– Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, publicada no Diário Oficial da União 
em 11/01/2002, entrando em vigor em 10/01/2003. Antes vigorava a Lei n. 
3.071/16, conhecida como Código Civil de 1916. 
 
2.1. Conteúdo do Código Civil. 
Como o Direito Civil tem por finalidade regular os direitos e obrigações de 
ordem privada concernentes às pessoas, aos bens e às suas relações, fez-se a 
divisão do Código Civil em duas partes: 
A) Parte Geral: estabelece regras sobre pessoas, bens e fatos jurídicos. 
B) Parte Especial: composta dos seguintes livros: 
- Direito das Obrigações; 
 
- Direito de Empresa; 
- Direito das Coisas; 
- Direito de Família; 
- Direito das Sucessões. 
 
2.2. Princípios Norteadores. 
O novo Código Civil está fundado em três princípios: eticidade, socialidade e 
operabilidade. 
* PRINCÍPIO DA ETICIDADE: consiste na compatibilização dos valores 
técnicos contidos na norma, com os valores éticos no ordenamento jurídico. Ex: 
art. 113. Valorização da ética e da boa-fé, conduta de lealdade das partes. 
* PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE: busca preservar o sentido de coletividade, em 
contraposição à ideologia individualista e patrimonialista do código de 1916. Ex: 
art. 421, art. 1.239. Valorização do “NÓS” em detrimento do “eu”, afastando o 
caráter individualista da lei anterior (Código Civil de 1916). O direito civil passa 
a ter função social. 
*PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE: consiste na concessão de maiores poderes 
hermenêuticos (de interpretação) ao magistrado, que deverá verificar no caso 
concreto as efetivas medidas e tutelas jurisdicionais para atender as 
necessidades das partes. Ex: art. 927. O novo legislador deixou “janelas” 
abertas (clausulas gerais) para preenchimento do aplicador do direito 
(magistrado) caso a caso. 
 
3. Pessoa Natural e Personalidade Jurídica. 
 
3.1. Conceito de Pessoa: é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e 
obrigações, ou seja, sujeito de direito. 
*Ente físico: é a pessoa natural, o ser humano – sujeito e destinatário de 
direitos e obrigações. 
*Ente coletivo: é a pessoa jurídica, formada por agrupamentos humanos ou 
coletividade de bens – sujeito e destinatário de direitos e obrigações. 
 
3.2. Conceito de Personalidade Jurídica: é a aptidão genérica para adquirir 
direitos e contrair obrigações. É o atributo necessário para ser sujeito de 
direitos. 
Na forma do art. 1°, do CC, “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil”. A expressão “toda pessoa” engloba a pessoa natural e a pessoa 
jurídica. Dessa forma, a personalidade é atributo de toda e qualquer pessoa, 
seja natural ou jurídica. 
 
3.2. Aquisição da Personalidade Jurídica: nos termos do art. 2°, do CC, 
“adquire-se a personalidade jurídica a partir do nascimento como vida [...]”, no 
instante em que inicia o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório. Assim, 
o recém-nascido adquire personalidade jurídica, ou seja, torna-se sujeito de 
direito, mesmo que venha a falecer minutos depois, e clinicamente poderá se 
aferir se respirou ou não, por meio do exame de docimasia hidrostática de 
Galeno. Se respirou e veio a falecer instantes depois, adquiriu personalidade 
jurídica; se não respirou não tornou-se sujeito de direito. Por que essa 
investigação faz-se necessária? Há importantes efeitos jurídicos e reflexos 
sociais, se o recém-nascido – cujo pai já tenha morrido – falece minutos após o 
parto. Por exemplo, estabelece o vinculo de filiação (paterno-filial), o recém-
nascido terá adquirido a herança deixada por seu pai, transferindo, por ocasião 
de sua morte, todos os direitos sucessórios recebidos para a sua mãe. 
 
*Prevalece o entendimento na doutrina de que não se exige forma humana e a 
viabilidade da vida para se conceder ao recém-nascido a qualidade de pessoa. 
* Pela Resolução n. 1/88 do Conselho Nacional de Saúde, o nascimento com 
vida é a “expulsão ou extração completa do produto da concepção quando, 
após a separação, respire e tenha batimentos cardíacos, tendo sido ou não 
cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta”. 
 
* A Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) determina em seu art. 50, que 
“todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro, 
no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, 
dentro do prazo de 15 (quinze) dias, e será ampliado em até 3 (três) meses 
para os lugares distantes mais de 30 (trinta) quilômetros da sede do cartório’. 
 
OBS. Docimasia hidrostática de Galeno é um exame médico baseado na 
diferença de peso específico entre o pulmão que respirou e o que não 
respirou, mergulhados na água. 
 
4. Nascituro: é o ser concebido, embora ainda não nascido. É o que está por 
nascer, mas já concebido no ventre materno. 
O nascituro tem personalidade jurídica? Várias teorias procuram explicar a 
personalidade jurídica do nascituro, destacamos as três principais: 
 
a) Teoria da Concepção ou Concepcionista: defende a idéia de que o 
nascituro adquire personalidade jurídica desde a concepção, sendo, 
assim, considerado pessoa, como sujeito de direito, desde a concepção. 
Conforme observa Maria Helena Diniz, “que, na vida intra-uterina, tem o 
nascituro personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos 
personalíssimos e aos da personalidade, passando a ter a 
personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que 
permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com 
vida. Se nascer com vida, adquire personalidade jurídica material, mas 
se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá”. Concluindo esse 
pensamento, pela teoria concepcionista, ao nascituro é conferida aptidão 
apenas para a titularidade de direitos da personalidade (sem conteúdo 
patrimonial), como por exemplo, o direito à vida ou a uma gestação 
saudável, uma vez que os direitos patrimoniais (herança, doação) 
estariam sujeitos ao nascimento com vida. 
 
b) Teoria da Natalidade ou Natalista: segundo a qual a aquisição da 
personalidade opera-se a partir do nascimento com vida e, assim, não 
se atribui ao nascituro a condição de pessoa, possuindo mera 
expectativa de direito. Adotada pelo CC, no art. 2°. 
 
c) Teoria da Personalidade Condicional: seus adeptos sustentam que o 
nascituro possui direitos sob condição suspensiva, ou seja, considera o 
nascituro como pessoa, sujeito de direito, mas a depender do 
nascimento com vida para adquirir os seus direitos efetivamente. De tal 
sorte que, com o nascimento com vida, os direitos do nascituro são a ele 
transmitidos em sua plenitude, e se extingue no caso de não chegar o 
feto a viver. 
 
OBS. A despeito da corrente adotada pelo Código Civil em vigor, não 
há como negar o resguardo dos direitos da pessoa desde o 
surgimento da vida intra-uterina. Caso contrário, se não se autorizasse 
a proteção desse nascituro – o direito à vida – não haveria sentido 
proteger os demais direitos. Mesmo existindo controvérsias sobre a 
personalidade jurídica do nascituro, o fato é que, a própria legislação, 
embora não considere o nascituro como pessoa, atribui a proteção 
legal dos seus direitos desde a concepção. Neste sentido, 
apresentamos um quadro esquemático de alguns dos direitos do 
nascituro: 
1. o nascituro é titular de direitos personalíssimos, como à vida (art. 5°, 
CF/88), à proteção pré-natal,etc; 
2. pode receber doação (art. 542, CC); 
3. pode ser beneficiado por herança ou legado (art. 1.798, art. 1.799, I, 
CC); 
4. por ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus interesses (art. 
1.779, CC); 
5. o Código Penal tipifica o crime de aborto (art. 124 a 127); 
6. tem direito à realização do exame DNA, para efeito de aferição da 
paternidade; 
7. tem direito à filiação (arts. 1.596 e 1.597, CC); 
8. a Lei n. 11.804/2008 (Lei dos “Alimentos Gravídicos”), confere alimentos 
ao nascituro, para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez 
e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as 
referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, 
exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais 
prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do 
médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Os alimentos 
de que trata esta lei referem-se à parte das despesas que deverá ser 
custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também 
deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de 
ambos. 
 
5. Capacidade. 
Adquirida a personalidade jurídica (com o nascimento com vida, art. 2°, 
CC), toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações (art. 1°, CC), 
portanto, passa a ter capacidade, mas capacidade de direito ou de gozo. 
Todo ser humano tem capacidade de direito porque tem personalidade 
jurídica. No entanto, nem toda pessoa possui aptidão para exercer 
pessoalmente os seus direitos, praticar atos jurídicos, em razão de 
limitações orgânicas ou psicológicas, limitações essas impostas por lei. Se 
podem atuar pessoalmente nos atos da vida civil, possuem capacidade de 
fato ou de exercício. Assim, reunidos os dois atributos, capacidade de 
direito e capacidade de fato, fala-se em capacidade civil plena (art. 5°, CC). 
 
CAPACIDADE: é a aptidão, oriunda da personalidade, para receber e 
exercer direitos e obrigações. 
 
OBS. Não confundir capacidade com legitimidade. Legitimidade trata-
se de uma capacidade específica para praticar determinados atos. 
Nem toda pessoa capaz pode estar legitimada para a prática de 
determinado ato jurídico, isso em virtude de um interesse que se quer 
preservar, ou em razão de especial situação de determinada pessoa 
que se quer proteger, a lei cria impedimentos circunstanciais. Ex: o 
tutor, embora capaz, não pode adquirir bens móveis e imóveis do 
tutelado; dois irmãos, embora maiores e capazes, não podem se casar 
entre si; o pai não pode vender bem imóvel ao filho sem autorização 
dos demais filhos e do cônjuge, etc.

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