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FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Estereoquímica Trabalho de Investigação Tema: Novas abordagens da síntese assimétrica DISCENTES: Janeiro, Adalberto Jorge Dias DOCENTE: Prof. Doutor Francois Munyemana Maputo, Junho de 2015 1 Índice 1. Introdução ..................................................................................................................................... 2 1.1 Objectivo Geral .................................................................................................................... 3 1.2 Objectivos Específicos ...................................................................................................... 3 1.3 Metodologia .......................................................................................................................... 3 2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................................ 4 2.1 Síntese Assimétrica: Importância e Aplicações ...................................................... 4 2.1.1 Compostos quirais – a sua importância ............................................................ 4 2.1.2 Quiralidade e Síntese assimétrica ....................................................................... 6 2.2 Novas Abordagens da síntese assimétrica..............................................................11 2.2.1 Síntese Knowles-Monsanto para aminoácidos ............................................11 2.2.2 Uso de ligandos QuinoxP * ...................................................................................12 2.2.3 Uso de ligandos Carreira DOLEFIN ...................................................................14 2.2.4 Uso de auxiliares Oxazolidinetiona e Tiazolidinationa .............................15 2.2.5 Auxiliar quiral de Gleason ....................................................................................19 2.2.6 Shi Epoxidação dicetal Catalisador ...................................................................20 3. Conclusão ....................................................................................................................................23 4. Bibliografia..................................................................................................................................24 2 1. Introdução O estudo da relação entre quiralidade molecular e actividade biológica ocupou, nas duas últimas décadas, uma posição de destaque no panorama científico. Um apreciável conjunto de dados é disponível, envolvendo estudos farmacocinéticos, farmacodinâmicos e toxicológicos com substâncias quirais pertencentes a diversas classes terapêuticas. Em alguns caso têm sido relatados actividades biológicas idênticas para fármacos enantioméricos, observando-se apenas diferenças nas actividades intrínsecas em função da quiralidade da estrutura. Nestes casos o uso do racemato como medicamento é aceitável. Entretanto, em outros casos actividades particulares tem sido observadas para cada isômero óptico de fármacos enantioméricos, estas actividades são algumas vezes incompatíveis entre si para uso terapêutico. Tem sido relatado com alguma frequência actividades tóxicas relacionadas a um enantiômero específico. Nestes últimos casos, o uso de substâncias enantiomericamente puras (SEP) é tanto desejável quanto imprescindível no preparo do medicamento de forma a se observar uma prática terapêutica mais eficiente e segura. A Food and Drug Administration e outras agências reguladoras na Comunidade Comum Europeia e no Japão exigem actualmente que todos os estudos pré-clínicos sejam realizados com cada enantiômero isoladamente quando se trata de licenciar um novo fármaco de estrutura quiral. Na indústria de defensivos agrícolas e de alimentos o uso de SEP também vem sendo considerado como mais apropriado para a elaboração de produtos. O mercado atual de SEP gira em torno de X milhões de dólares, com expectativa de crescimento para Y milhões de dólares nos próximos cinco anos. Em resposta à crescente demanda por SEP, a síntese assimétrica experimentou um crescimento espetacular nos últimos anos. Quase todas as reações empregadas em síntese orgânica já foram desenvolvidas sem versões assimétricas, um certo número delas em versões catalíticas, com rendimentos ópticos comparáveis ao das reações enzimáticas. Inclusive vários processos de síntese assimétrica já foram desenvolvidos em versões assimétricas, um certo número deles em versões catalíticas, com rendimentos ópticos comparáveis ao das reações enzimáticas. Inclusive vários processos de síntese assimétrica já foram incorporadas em procedimentos industriais. 3 1.1 Objectivo Geral Dar a conhecer as novas abordagens da síntese assimétrica. 1.2 Objectivos Específicos Falar da síntese assimétrica suas importâncias e aplicações; Descrever as novas abordagens da síntese assimétrica para aminoácidos; Falar das novas abordagens usando ligandos; Mencionar as novas abordagens usando auxiliares; Mostrar as novas abordagens usando catalisadores. 1.3 Metodologia A metodologia usada consistiu na pesquisa bibliográfica onde consultou-se diversos manuais electrónicos como foi o caso de algumas revistas cientificas, jornais, artigos, endereços eletrónicos que abordam o tema de novas abordagens da síntese assimétrica, de seguida fez se análise e posterior interpretação dos dados, finalmente a elaboração do presente trabalho e apresentação em forma de PowerPoint. 4 2. Revisão Bibliográfica 2.1 Síntese Assimétrica: Importância e Aplicações 2.1.1 Compostos quirais – a sua importância Muitos dos compostos que compõem os organismos vivos são quirais, incluindo componentes vitais como o DNA, enzimas, proteínas, hormonas e anticorpos. Neste caso cada enantiómero interage de uma maneira distinta com outros sistemas quirais ou aquirais como ocorre, por exemplo, com o (R)- limoneno e seu enantiómero (S)-limoneno, Figura 1. O limoneno é constituído por dois enantiômeros, em que um deles tem odor a limão e o outro é o responsável pela fragrância característica das laranjas. A carvona é outro exemplo em que cada um dos enantiômeros tem uma resposta diferente. Utilizada como essência de perfumes, cada um dos enantiômeros apresenta odores diferentes: um cheira a hortelã verde e o outro a cariz. É óbvio que as respectivas misturas racémicas terão ainda um cheiro diferente do dos dois enantiômeros constituintes. Um facto curioso é como somos nós capazes de distinguir através do sentido do olfacto, odores diferentes num par de enantiômeros, uma vez que estes apresentam estruturas tão semelhantes. Pensa-se que este fenómeno é devido ao facto de os sensores olfactivos existentes no nariz também serem quirais, pelo que um dado enantiómero só se adapta a um receptor, tendo o outro que se adaptar a um receptor diferente. Sendo assim, a informação referente às interacções químicas, que é transferida pelo sistema nervoso até ao cérebro por cada um dos sistemas, é obviamente distinta. Figura 1 - Fórmulas estereoquímicas e cheiros característicos dos pares de enantiômeros do limoneno e da carvona. A resposta a diferentes enantiômeros assume uma importância vital no que respeita à área de fármacos. Estima-se que cerca de 1/3 dos fármacos comercializados sejam compostos orgânicos de origem natural ou sejam obtidos por modificações químicasa partir de produtos naturais. A maioria deles é quiral e são obtidos de fontes naturais sob a forma de um único enantiómero, são opticamente puras e de forma exclusiva, ou seja, um dos enantiômeros predomina sobre o outro, onde apenas o 5 predominante produz a “resposta correcta” num organismo vivo. Este fenómeno acontece com muita frequência em fármacos, originando duas situações distintas: 1) Um dos enantiômeros apresenta o efeito farmacológico desejado e o outro não exibe actividade biológica, sendo excretado sem efeito nocivo à saúde do paciente. Mesmo neste caso, não é aconselhável o uso da forma racémica do medicamento uma vez que isso traria duplicação da dosagem com implicações económicas e ambientais no que se refere à sua produção e com a possibilidade de riscos de longo prazo na saúde do paciente. Mesmo assim, vários medicamentos ainda são comercializados sob forma racémica. Um deles é o ibuprofeno, agente anti- inflamatório não-esteroidal para o qual apenas o isómero (S) é responsável pela sua propriedade analgésica. No entanto, o enantiómero R presente na formulação pode ser parcialmente convertido no enantiómero (S) através de reacções enzimáticas do nosso metabolismo. 2) Um dos enantiômeros apresenta a propriedade farmacológica desejada e o outro causa danos à saúde do paciente, ou seja, um dos enantiômeros produz um efeito eficiente para terapêutica e o outro pode ser ineficiente ou mesmo tóxico [5,6]. Neste caso, a comercialização do fármaco na sua forma enantiomericamente pura torna- se absolutamente necessária. Um exemplo da diferença de actividade de dois enantiômeros é o (L)–DOPA (Esquema 1) que é usado no tratamento da doença de Parkinson. A forma activa deste medicamento é formada no próprio organismo a partir de (L)- DOPA, através de um processo de descarboxilação. No entanto a enzima responsável por este processo descrimina os enantiómeros do DOPA e apenas descarboxila o (L)-DOPA, acumulando (D)- DOPA no organismo, que pode ser perigoso. Actualmente o medicamento é preparado por hidrogenação catalítica assimétrica e administrado na sua forma (L). Esquema 1 A talidomida é outro exemplo, passou a ser comercializada na Europa no final dos anos 50 e início dos anos 60, sob a forma de mistura racémica, como sedativo leve e para aliviar os sintomas de náuseas em mulheres grávidas. O aumento na incidência de má formação em fetos a partir da sua entrada no mercado foi associado ao uso da talidomida e, posteriormente, verificou-se que apenas o enantiómero (R) tinha as propriedades analgésicas e anti-nauseante enquanto o enantiómero (S) apresentava efeitos teratogénicos. Embora seja certo que a comercialização apenas da (R)- talidomida teria reduzido significativamente o número de casos de má formação de fetos, sabe-se hoje que o problema ainda não estaria totalmente resolvido pois, à 6 semelhança do caso do ibuprofeno, os enantiómeros da talidomida interconvertem- se pela acção de enzimas. Na Tabela 1.1 está evidenciado os efeitos benéficos bem como os adversos de alguns enantiómeros de certas moléculas quirais. Tabela 1.1- Efeitos adversos dos enantiômeros de vários fármacos 2.1.2 Quiralidade e Síntese assimétrica A Quiralidade é um atributo geométrico, e diz-se que um objecto que não pode ser sobreposto à sua imagem especular é quiral, por outro lado um objecto aquiral é aquele na qual a sua imagem especular pode ser sobreposta ao objecto original. Existem vários objectos quirais, como por exemplo as próprias mãos, as conchas marinhas etc. Esta propriedade também é exibida por moléculas orgânicas. Uma molécula é quiral quando a sua imagem especular não poder ser sobreposta à molécula original. Na Figura 1.2 apresentam-se as fórmulas estereoquímicas de dois aminoácidos constituintes de proteínas, a glicina – A – e a alanina – B. 7 Figura 1.2: A: Fórmula estereoquímica da glicina. B: Fórmulas estereoquímicas dos dois enantiômeros da alanina. A imagem especular da glicina é sobreponível com a molécula inicial, a glicina é só uma molécula [(1) = (2)], enquanto que a imagem no espelho da molécula de alanina (3), como se pode observar na Figura 1.2B, não é sobreponível com a mesma – [(4) é diferente de (3)], logo a alanina pode aparecer sob a forma de dois compostos diferentes, designados por enantiômeros. Normalmente para que um composto orgânico seja quiral, é necessário que tenha pelo menos um átomo de carbono com quatro substituintes diferentes, pois só assim há possibilidade de assimetria na molécula; no entanto, o facto de ter dois ou mais átomos de carbono com quatro substituintes diferentes por vezes não implica necessariamente que o composto seja quiral. Veja-se, por exemplo, o caso do ácido tartárico, Figura 1.3. O composto (3) com plano de simetria é denominado composto meso, uma vez que ele e a sua imagem no espelho são sobreponíveis. 8 Figura 1.3: Estrutura estereoquímica do ácido tartárico Os compostos opticamente activos podem formar-se por três vias principais. A primeira via é a resolução de uma mistura de enantiômeros, consistindo na transformação dos enantiômeros em diastereóisomeros, separação e posterior regeneração dos enantiômeros livres. A segunda via que se traduz na construção de uma estrutura sobre uma base quiral, consta na utilização de vários precursores que podem ser obtidos a partir de fontes naturais, o chamado “chiral pool”. Na terceira e última via, uma unidade aquiral numa molécula é convertida numa unidade quiral de tal modo que os enantiômeros ou diastereóisomeros se formam em quantidades diferentes. Este processo chama-se síntese assimétrica. A síntese assimétrica envolve a formação de um novo centro quiral num substrato sob a influência de um outro grupo quiral. Existem vários métodos pelos quais se pode gerar um centro quiral, estes dividem-se em quatro classes principais. 1) Métodos controlados pelo substrato 𝑆∗ 𝑅 → 𝑃∗ Ex: 9 2) Métodos controlados por um auxiliar 𝑆 + 𝐴∗ → 𝑆 − 𝐴∗ 𝑅 → 𝑃∗ Ex: 3) Métodos controlados pelo reagente 𝑆 𝑅∗ → 𝑃∗ Ex: 4) Métodos controlados pelo catalisador 𝑆 𝐶𝑎𝑡∗ → 𝑃∗ 𝑆 𝐶𝑎𝑡/𝐿∗ → 𝑃∗ Ex: No caso do primeiro e segundo método, conhecidos por métodos de síntese assimétrica de primeira e segunda geração, respectivamente, a indução de quiralidade no produto é obtida através da reacção de um reagente aquiral com um substrato quiral, ou com um substrato aquiral ao qual foi acoplado um reagente quiral. A formação do novo centro quiral ocorre, nos dois casos, por reacção do substrato com um reagente aquiral num local diastereotópico, onde a indução de quiralidade pode ser controlada pelo centro quiral pré existente. No segundo método é utilizado um auxiliar quiral sendo necessário a sua remoção no final da 10 transformação enantiosselectiva, o que torna este método de síntese menos atractivo. O terceiro método, também conhecido como de terceira geração, é controlado pelo reagente. Neste método um substrato aquiral é directamente convertido num produto quiral por reacção com um reagente quiral. Este método é diferente dos referidos anteriormente pelo facto que no método de primeira e segunda geração a indução de quiralidade é intramolecular, já no caso de 3ª geração, o controlo estéreo é conseguido intermolecularmente. O problema dos três métodos referidos anteriormente é que em todos eles são necessárias quantidades estequiométricasde compostos enantiomericamente puros, o que de um modo geral torna-o produto final dispendioso e os métodos pouco viáveis. O método de quarta geração foi precedido de significativos avanços nos últimos anos, na aplicação de catalisadores quirais que induzem a conversão de substratos proquirais em produtos quirais. A utilização de um ligando quiral pode mesmo aumentar a velocidade de uma transformação catalítica já existente. A natureza do ligando e a sua interacção com outros componentes, usualmente um complexo metálico, afectam sempre a selectividade e a velocidade da reacção por eles catalisada. Nos métodos de quarta geração, um substrato proquiral é directamente convertido num produto quiral através da utilização de um reagente aquiral e na presença de um catalisador quiral. Estes catalisadores podem ser sintéticos (compostos organometálicos) ou biológicos (microrganismos e enzimas). A vantagem da síntese catalítica assimétrica é bastante clara, pois apenas são necessárias pequenas quantidades de catalisador quiral para que se formem grandes quantidades de produto quiral. Figura 1.4 – Representação esquemática da catálise enantiosselectiva A escolha de um ligando para a síntese catalítica assimétrica é muito importante. Em muitos dos trabalhos publicados nesta área, a síntese de novos ligandos quirais é feita usando como matéria-prima compostos quirais que são posteriormente modificados. 11 A síntese assimétrica catalítica com metais de transição é um dos processos mais importantes para a produção de compostos quirais. São várias as reacções de síntese assimétrica que são catalisadas por complexos organometálicos e o metal usado deve ser o que origina complexos que apresentam conversões mais elevadas e melhor indução de quiralidade. Os compostos quirais de ocorrência natural representam uma vasta fonte de matérias de partida. À escala industrial o uso de síntese assimétrica abrange áreas da Química Fina, com aplicação na indústria farmacêutica, na agroquímica, perfumaria e indústria alimentar. 2.2 Novas Abordagens da síntese assimétrica. Síntese assimétrica permanece um desafio para os químicos sintéticos como a demanda por compostos enantiomericamente puros continua a aumentar. Muitos cientistas que trabalham em síntese química e descoberta de drogas estão determinados a encontrar novos métodos para síntese assimétrica que iria levar ao desenvolvimento de novos e excitantes auxiliares quirais. Em compensação, a catálise assimétrica está explodir, como novos métodos para a obtenção compostos enantiomericamente puros que tem alimentado um rápido campo de crescimento em síntese química. 2.2.1 Síntese Knowles-Monsanto para aminoácidos William S. Knowles ganhou o premio Nobel em 2001, juntamente com Noyori e Sharpless, por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento da hidrogenação assimétrica da didehidroaminoacidos. Knowles e seu parceiro começaram este projecto enquanto tentavam desenvolver um processo industrial para sintetizar L- DOPA que não envolvia resoluções consumo-tempo e reciclagem. Isto levou ao desenvolvimento da DiPAMP, um ligando quiral fosfina para hidrogenações assimétricas com metal Ródio. Esta nova fosfina quiral catalisada por Ródio foi usada na síntese de Monsanto de L-DOPA (um derivado fenilalanina que é usado no tratamento da doença de Parkinson) e desde então o seu uso tem-se espalhado fora do laboratório que foi desenvolvido. Este catalisador dá-nos rendimentos elevados e excesso enantiômerico, e a disponibilidade dos dois enantiômeros de DiPAMP(R,R e S,S) proporciona ambos enantiômeros do aminoácido. Esquema 1: Substancias usadas na síntese Knowles-Monsanto 12 2.2.2 Uso de ligandos QuinoxP * Vários ligantes de fosfinas opticamente activas, incorporam um centro quiral em fósforo que exibe enantioselectividade excepcional em síntese assimétrica catalisada por metais. Por exemplo, classes conhecidas de ligantes de fosfina P- quiral oferecem um bom a excelente enantiocontrolo em reacções de hidrogenação catalisadas por Ru- e Rh-. A única limitação associada a estes ligandos é a sua sensibilidade para o ar, o que tem impedido aplicabilidade generalizada na bancada química. Imamoto e colegas de trabalho têm abordado esta deficiência através do desenvolvimento de QuinoxP *, que se baseia numa arquitetura de remoção de electrões quinoxalino. Sigma-Aldrich ofereceram ambos enantiômeros de QuinoxP * para o mercado de pesquisa. O perfil de reatividade destes inovadores, ligantes quirais é coberto abaixo e destaca a impressionante amplitude de transformações mediadas por valiosas QuinoxP *. Estes poderosos e eficientes ligandos exibem níveis elevados de enantiocontrolo em transformações sintéticas que variam a partir de adições assimétricas 1,4- catalisadas por metais de ácidos arilborónicos para abertura enantiosselectiva do anel de alquilativo para hidrogenações assimétricas. É interessante notar que QuinoxP* não é oxidado no centro estereogénico de fósforo em repouso à temperatura ambiente ao ar durante mais de 9 meses. Imamoto também tem feito grandes esforços para desenvolver ligandos P-quirais enantiomericamente puros para transformações uteis industrialmente, tais como a hidrogenação assimétrica. Impressionantemente, uma matriz diversificada de substratos proquirais de aminoácidos e aminas foram hidrogenados com grande eficiência para produzir derivados de amina altamente enantiopura. Estes experimentos foram realizados à temperatura ambiente em metanol sob baixas pressões de hidrogénio (3 atm). Todas reacções de hidrogenação foram completadas em 6 horas e com excessos enantioméricos que variam de 96 a 99,9%. Uma dramática inversão estereoquímica, consistente com os resultados observados com o correspondente ligando (S,S)-terc-Bu-Bisp*, foi obtido quando 1-acetilamino- 1-adamantileteno foi hidrogenado para se obter a amina com a configuração S com mais de 96% de enantiosselectividade. Esquema 2: Reacção dos substratos proquirais de aminoácidos com ligando QuinoxP* Tabela 2: Correspondência dos radicais do 1-acetilamino-1-adamantileteno 13 Imamoto e seus colegas de trabalho também têm explorado a alta actividade do ligando QuinoxP* em adições enantiosselectivas -1,4 catalisadas por Ródio de ácidos arilborónicos para substratos de carbonilo a,b-insaturados. Elevados rendimentos dos produtos de adição foram obtidos executando as reações entre 40 e 50 ºC. O enantiocontrolo excepcional exercida por este sistema catalisado por Rh(I), é evidente no desempenho robusto, quando comparado com o uso de BINAP como um ligando quiral. Esquema 3: Reacção enantiosselectiva -1,4 catalisadas por Ródio Além disso, Imamoto e seus colaboradores conseguiram o desenvolvimento de uma reacção catalisada por Pd de formação da ligação C-C, que exibe altas enantiosseletividades com ambos dimetil e dietil-zinco. Esta metodologia de abertura aquilactiva do anel benefícioa da simples pré-mistura PdCl2 e QuinoxP * durante 2 horas à temperatura ambiente, levando a um catalisador altamente activo. Este sistema de catalisador proporciona excelentes rendimentos dos produtos e seletividade de anel aberto que rivalizam com o mais alto relatado para esta transformação. Estes resultados, quando combinado com as metodologias pendentes apresentadas acima, indicam que QuinoxP * é de grande utilidade para uma variedade de transformações assimétricas catalisadas por metais. 14 Esquema 4: Reacção de formação da ligação C-C catalisada por Pd, que exibe altas enantiosseletividades com ambos dimetil e dietil-zinco. Tabela3: Correspondência dos radicais do produto da reacção 2.2.3 Uso de ligandos Carreira DOLEFIN Durante os últimos anos, o grupo Carreira foi empregando o quiral [2.2.2] biciclooctadienos derivado a partir de (R)- ou (S)–carvona em resolução cinética catalisada por Ir(I) de carbonatos alílico e as reacções de adição conjugada de acido borónico catalisadas por Rh(I). Mais recentemente, o grupo Carreira desenvolveu o ligando 1 (Figura 1), que exibiu enantiosselectividade substancialmente melhorada na adição 1,4- de ácidos arilborónicos para carbonilos a, b-insaturados. Este novo ligando facilita preparações selectivas de centros estereogénicos diarilmetino, mesmo quando há pouca diferenciação entre os dois grupos arilo. Até agora, a síntese estereosselectiva deste motivo tinha sido um desafio, com métodos bastante limitados para a sua preparação. Figura 2: Ligando 1 Em um relatório, terc-butilo cinamato foi convertido a (S)-terc-butil 3-(4- metoxifenil)-3-fenilpropanoato de metilo, na presença do complexo Rh(I)-1 com um excelente rendimento e selectividade. Além disso, a partir de um único enantiômero do ligando, o acesso a ambos os enantiômeros de um produto pode ser conseguido 15 simplesmente por comutação do arilo aceitador e dador. Deste modo, o isómero (R) foi preparado a partir do ácido fenilborónico e terc-butil-4-metoxicinamato. Da mesma forma, outros 3,3-diaril e 3-aril-3-heteroarilpropanoatos foram preparados em bons a excelentes rendimentos e com alta e consistente enantioselectividade (89-94% ee). Esquema 5: Preparação do isómero (R) de terc-butil 3-(4-metoxifenil)-3-fenilpropanoato de metilo a partir do ácido fenilborónico e terc-butil-4-metoxicinamato A preparação de 3,3-diarilpropanais quirais tem sido recentemente alcançada por outros investigadores através de uma adição catalisada por amina de nucleófilos aromáticos a derivados de acroleína 3-substituído. Infelizmente, este método não funciona bem com poucos eletrões aromáticos. No entanto, a adição conjugada catalisada por Rh(I)-1 oferece uma rota geral independente da natureza eletrônica dos grupos arilo. A adição de ácido 4-fluorofenilborónico a cinamaldeído forneceu aducto 1,4 em 90% de rendimento e 93% de ee. Mais uma vez, outros substratos mantiveram alta enantiosselectividade na adição conjugada (89-93% de ee). Esquema 6: adição de ácido 4-fluorofenilborónico a cinamaldeído 2.2.4 Uso de auxiliares Oxazolidinetiona e Tiazolidinationa A reacção assimétrica de aldol mediada por auxiliares quirais é considerada como sendo um dos métodos mais importantes para a formação da ligação assimétrica C- C. Oxazolidinetionas e thiazolidinetionas quirais, variantes estruturais do bem- conhecido Evans Oxazolidinonas, têm provado ser um auxiliar quiral altamente selectivo e eficiente. A reacção acetato aldol de enolatos do titânio dos auxiliares N- acilados com aldeídos resulta em excelentes diastereosseletividades. Curiosamente, 16 o produto aldol syn foi obtido com elevada proporção diastereomérica quando usado 1 equivalente de esparteína, enquanto o produto de aldol anti obteve-se preferencialmente quando foram empregados 2 equivalentes da base. No entanto, as oxazolidinonas correspondentes são só capazes de alcançar diastereosseletividades pobres nessa particular transformação. Esquema 7: Reacção acetato aldol de enolatos do titânio dos auxiliares N-acilados com aldeídos Numa série de experimentos, Crimmins mostrou em detalhe que, por escolha das condições de reacção apropriadas, é possível para sintetizar selectivamente produtos de condensação aldol empregando a estereoquímica tanto "Evans-syn" ou "não-Evans-syn" começando com o mesmo auxiliar. Tanto N-propionil oxazolidinetionas e N-propionil thiazolidinetionas podem ser utilizado para este efeito. A mudança na selectividade facial nas adições aldólicas propõe-se ser um resultado de comutação entre os estados de transição quelado e não-quelado no caminho do mecanismo. Esquema 8: Sintese estereoquímica de "Evans-syn" e "não-Evans-syn" começando com o mesmo auxiliar 17 Sequências aldólicas iterativas com alta diastereosseletividade também podem ser realizadas. Crimmins demonstrou a utilidade desta metodologia em uma sequência aldol iterativa que dá acesso a qualquer o aducto de syn-syn-syn ou syn-anti-syn, dependendo do aducto condições de reacção. Esquema 9: Sequencia aldol iterativa Em contraste com os análogos de oxazolidinona, o N-acil thiazolidinethiona e N-acil oxazolidinethiona podem ser directamente reduzidas aos seus correspondentes aldeídos e o auxiliar quiral por clivagem redutiva com hidrido diisobutilalumínio. Alcoólise utilizando metanol e imidazole leva aos ésteres correspondentes, enquanto a transaminação para as amidas Weinreb pode ser realizada por tratamento com hidrocloridrato de N,O-dimetil-hidroxilamina na presença de imidazole ou compostos de organoalumínio. 18 Esquema 10: Tratamento com hidrocloridrato de N,O-dimetil-hidroxilamina na presença de imidazole ou compostos de organoalumínio Recentemente, o auxiliar tiazolidinationa foi aplicado com sucesso por Crimmins e DeBaillie em uma total síntese convergente enantiosselectiva de Bistramida A, um membro de uma nova classe de moléculas bioactivas isoladas a partir da ascídia marinha Lissoclinum bistratum com propriedades neuro e citotóxicos, bem como os efeitos sobre regulação do ciclo das células. O fragmento de anel de pirano foi construído diastereoselectivamente em um total de 10 passos a partir do aldeído TIPS protegido e do enolato clorotitânio de (4S) - N-propionil-4-benziltiazolidino-2- tiona. Este passo de estereoindução prosseguiu com um rendimento excelente (87%) e deu uma proporção diastereomérica de > 98: 2. 19 Esquema 11: Formação do fragmento do anel pirano a partir do aldeído TIPS protegido e do enolato clorotitânio de (4S) - N-propionil-4-benziltiazolidino-2-tiona 2.2.5 Auxiliar quiral de Gleason A síntese estereocontrolada de todos centros de carbonos quaternários é um desafio formidável em síntese assimétrica. A alquilação de um enolato é uma reacção fundamental que pode ser utilizada para esta tarefa. Enquanto o progresso tem sido feito usando métodos assimétricos catalíticos em alilação e arilação, a maioria dos métodos directos de alquilação continuam a exigir a utilização de auxiliares quirais. Professor James Gleason, da Universidade McGill desenvolveu um método elegante para a preparação de carbonos quaternários utilizando um auxiliar quiral lactama tioglicolato. Figura 3: Estrutura da lactama tioglicolato 20 A lactama pode ser alquilada três vezes; duas vezes utilizando enolização básica e uma vez utilizando enolização redutiva, para dar derivados de ácido carboxílico a- quaternários. Cada passo de alquilação ocorre com um rendimento excelente e com um elevado grau de diastereosseletividade. A clivagem do auxiliar por condições ácidas ou redutivas fornece o ácido carboxílico correspondente ou álcool primário, respectivamente. Esquema 11: Alquilação da lactama Além disso, a partir de um único auxiliar quiral, o acesso a ambos antípodas pode ser conseguido simplesmente através da alteração da ordem de alquilação de enolato. Por exemplo, ambos enantiômeros de ácido 2-etil-2- metilpentanóico foram sintetizados com um bom rendimento global e em excelente pureza óptica (conforme o esquema 18 e a Tabela 6). Importante, este exemplo ilustra que a terceira etapa prossegue alquilação redutiva diastereoselectivamente tanto para (Z)- ou (E) enolatos dissubstituído. Gleason e colaboradores demonstraram que grupos sinteticamente úteis, tais como: alilo, alquilo funcionalizado, e grupos benzilo podem ser introduzidos no centro quaternário, mantendo bons rendimentos e estereocontrolo. Figura 4: Exemplos dos grupos alilo, alquilo e benzilo. 2.2.6 Epoxidação Shi catalisada por dicetal Epoxidação assimétrica catalítica de alcenos tem sido o foco de muitos esforços de pesquisa nas últimas duas décadas, o mais conhecido provável método foram 21 desenvolvidos por Sharpless e Jacobsen-Katsuki. Shi também desenvolveu um método muito eficiente para epoxidação assimétrica, usando catalisador orgânico 2 derivado de cetona baseado em d-frutose. Este catalisador orgânico é capaz epoxidar alcenos trans e certos alcenos cis com bom a excelente rendimento e selectividade. Mais recentemente, Shi alcançou excelentes resultados usando peróxido de hidrogénio como um oxidante em vez de oxona, o que permite uma redução significativa na quantidade de sais adicionais introduzidos e do solvente utilizado na reacção. Figura 5: Catalisador orgânico 2 derivado da cetona Esquema 12: Epoxidação de Shi Outros grupos têm encontrado uso de metodologia de Shi em busca de várias porções únicas. Por exemplo, McDonald e colegas relataram recentemente a síntese do robusto e selectivo 2-amino-3,5- dióis que emprega a epoxidação Shi num passo chave. Estes 2-amino-3,5-dióis são análogos de 1-desoxi-5-hidroxisfingosino, que mostram a promessa como agentes anticancerígenos. 22 Esquema 13: síntese do 1-desoxi-5-hidroxisfingosino A epoxidação de Shi também tem aparecido em várias sínteses totais. Num exemplo, Morimoto e colaboradores têm utilizado a metodologia de Shi para conseguir a conformação cis do anel D na síntese total da (+) aurilol. Esquema 14: metodologia de Shi para a síntese da (+)- aurilol 23 3. Conclusão Chegados ao fim desta investigação científica, pode se concluir que a síntese assimétrica é muito importante para a síntese de substâncias enantiomericamente puras, mas esta em alguns pode ser difícil de alcançar, para isso leva-se a introdução de uma funcionalidade quiral que irá promover a formação de um enantiômero sobre outro através de interacções no estado de transição. É importante ressalvar que está síntese assimétrica tem-se mostrado permanecer um desafio para os químicos sintéticos visto que está demanda por compostos enantiomericamente puros continua a aumentar, daí criou-se a necessidade de criar novos e mais eficazes métodos de síntese destes enantiômeros puros visto que a maioria deles são usados na industria farmacêutica. Em compensação o método de catálise assimétrica tem estado em evidência como um dos novos métodos de obtenção destes compostos enantiomericamente puros e o seu campo de crescimento em síntese química cresce a cada dia. 24 4. Bibliografia Paiva, A. P. Boletim da Sociedade Portuguesa de Química, 103, 56-61, 2006 Serra, M.E.S. Tese de Doutoramento, Universidade de Coimbra, 1997 Murtinho, D. M. B. Tese de Doutoramento, Coimbra, 2006 Pilli, R. A. Química Nova na Escola, nº14, 16-24, 2001 Http://sigma-aldrich.com/chemfiles acessado em 20 de Maio de 2015 B. Holmstedt in "Chirality and Biological Activity", Ed. by H. Frank, B. Holmstedt and B. Testa, H.R. Liss Inc., New York 1990, pp 1-14. B.G. Main in "Problems and Wonders of Chiral Molecules", Ed. by M. Simonyi, Akadémiai Kiadó, Budapest 1990, p 329. R.R. Ruffolo Tetrahedron 1991, 47, 9953. G.M. Ramos Tombo, D. Belluš Angew. Chem. Int.Ed. Engl. 1991, 30, 1193. B.L. Feringa, W.F. Jager, B. de Lange, E.W. Meijer J. Am. Chem. 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