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ConJur Gustavo Garcia O ser humano como sujeito de Direito Internacional

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13/03/2015 ConJur ­ Gustavo Garcia: O ser humano como sujeito de Direito Internacional
http://www.conjur.com.br/2014­jul­10/gustavo­garcia­humano­sujeito­direito­internacional?imprimir=1 1/4
DIREITOS HUMANOS
10 de julho de 2014, 8h14
Por Gustavo Filipe Barbosa Garcia
Discute-se, na atualidade, quem são os sujeitos de Direito Internacional, bem
como a posição do indivíduo, ou pessoa natural, nessa temática.
O artigo 40 do Código Civil de 2002 prevê que as pessoas jurídicas podem ser
de Direito Público, interno ou externo, e de Direito Privado.
O artigo 42 do mesmo diploma legal dispõe, ainda, que as pessoas jurídicas de
Direito Público externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas que
forem regidas pelo Direito Internacional Público.
A respeito do tema, como ressalta José Francisco Rezek, os sujeitos de Direito
Internacional Público, ou pessoas jurídicas de Direito Internacional Público,
são “os Estados soberanos (aos quais se equipara, por razões similares, a Santa
Sé) e as organizações internacionais”[1].
As organizações internacionais podem ser de alcance universal ou regional,
podendo ter vocação mais genérica (política), voltada à preservação da paz e
da segurança, ou técnica específica, como um objetivo econômico, social,
financeiro ou cultural.
Nessa classificação, a Organização das Nações Unidas (ONU) é exemplo de
organização internacional de âmbito universal e finalidade política. A
Organização dos Estados Americanos (OEA) é de alcance regional e vocação
política, enquanto a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é de alcance
universal e finalidade técnica específica.
Apesar do acima exposto, deve-se fazer referência ao importante
entendimento de que os indivíduos também são sujeitos de Direito
Internacional Público, sabendo-se que certas normas atribuem-lhes direitos e
deveres[2].
O ser humano como sujeito de Direito
Internacional
13/03/2015 ConJur ­ Gustavo Garcia: O ser humano como sujeito de Direito Internacional
http://www.conjur.com.br/2014­jul­10/gustavo­garcia­humano­sujeito­direito­internacional?imprimir=1 2/4
Essa questão, entretanto, ainda não é totalmente pacífica na doutrina[3].
Para a corrente mais conservadora, o indivíduo não possuiria personalidade
jurídica de Direito Internacional, mas sim apenas no Direito interno, por não
ter ampla prerrogativa de postular, no âmbito internacional, a garantia de
seus direitos.
Além disso, os deveres fixados pelo Direito Internacional Público normalmente
levam em conta o indivíduo como alguém vinculado a certo Estado[4].
Em consonância com o atual Direito Internacional dos Direitos Humanos,
defende-se que o ser humano é sujeito de Direito interno, bem como de Direito
internacional, uma vez que titular de personalidade e capacidade jurídica em
ambas as esferas[5].
Conforme destacam Hildebrando Accioly, G. E. do Nascimento e Silva e Paulo
Borba Casella:
“No Direito Internacional clássico, o sujeito por excelência do Direito
Internacional, embora não mais se possa sustentar ser o único, era o Estado,
tal como se definia a partir de seu ordenamento interno. São também sujeitos
de Direito Internacional as organizações internacionais enquanto associações
de estados, ao lado do reconhecimento progressivo da condição internacional do
ser humano”[6].
Efetivamente, na atualidade, observa-se a presença de sistemas de proteção dos
direitos humanos e fundamentais, não apenas na esfera interna de cada Estado,
mas também internacional, tanto de alcance global, no âmbito da ONU, como
regional, com atuação complementar, com destaque aos sistemas
interamericano, europeu e africano, além do ainda incipiente sistema árabe e
da proposta de criação de um sistema asiático[7].
Desse modo, o indivíduo também deve ser reconhecido como sujeito de Direito
Internacional, “com capacidade de possuir e exercer direitos e obrigações de
cunho internacional”[8].
Consequentemente, o Estado, ao violar direitos dos seres humanos, deve
responder não apenas internamente, mas na esfera internacional, por se tratar
de matéria de relevância e interesse de toda a comunidade.
Nessa linha, os tratados e normas internacionais, além de assegurarem direitos
humanos, afirmam a “personalidade internacional dos indivíduos”[9].
13/03/2015 ConJur ­ Gustavo Garcia: O ser humano como sujeito de Direito Internacional
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Confirma-se, portanto, que os indivíduos ou pessoas naturais, no presente,
também são sujeitos de Direito Internacional, ao lado dos Estados e
organizações internacionais (entes de Direito Público externo).
[1] REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 5. ed.
São Paulo: Saraiva, 1995. p. 157, destaques do original.
[2] Cf. SOARES, Orlando. Curso de direito internacional público. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1990. p. 216.
[3] Cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Competência da Justiça do Trabalho.
Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 182-184.
[4] Cf. REZEK, José Francisco. Direito internacional público, cit., p. 159: “Os
raríssimos foros internacionais acessíveis a indivíduos – ou mesmo a empresas
– são-no em virtude de um compromisso estatal tópico, e esse quadro
pressupõe a existência, entre o particular e o Estado co-patrocinador do foro,
de um vínculo jurídico de sujeição, em regra o vínculo de nacionalidade. [...]
Por outro lado, é ilusória a ideia de que o indivíduo tenha deveres diretamente
impostos pelo direito internacional público, independentemente de qualquer
compromisso que vincule seu Estado patrial, ou seu Estado de residência”
(destaque do original).
[5] Cf. CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Apresentação. In: PIOVESAN,
Flávia. Direitos humanos e direito constitucional internacional. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. XLI.
[6] ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento e; CASELLA, Paulo
Borba. Manual de direito internacional público. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
p. 245,destaquei.
[7] Cf. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e justiça internacional: um estudo
comparativo dos sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 1. ed.,
2. tir. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 33-59.
[8] PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucional internacional.
11. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 7-9.
[9] PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucional internacional,
cit., p. 9.
Gustavo Filipe Barbosa Garcia é livre-Docente pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da
13/03/2015 ConJur ­ Gustavo Garcia: O ser humano como sujeito de Direito Internacional
http://www.conjur.com.br/2014­jul­10/gustavo­garcia­humano­sujeito­direito­internacional?imprimir=1 4/4
Universidade de São Paulo. Especialista em Direito pela Universidad de Sevilla.
Pós-Doutorado em Direito. Membro da Academia Brasileira de Direito do
Trabalho, Titular da Cadeira nº 27. Membro Pesquisador do IBDSCJ. Professor
Universitário em Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Direito. Advogado
e Consultor Jurídico. Foi Juiz do Trabalho das 2ª, 8ª e 24ª Regiões, Procurador
do Trabalho do Ministério Público da União e Auditor Fiscal do Trabalho.
Revista Consultor Jurídico, 10 de julho de 2014, 8h14

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