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Disciplina Evolução do Pensamento Administrativo Professor Edson Ricardo Barbero São Paulo 2004 Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB2 Ementário O pensamento administrativo, as escolas de administração e o paradigma desenvolvimentista. Administração como Ciência. O Pensamento Administrativo e o Processo de Modernização da Sociedade. A escola Clássica de administração. Historia e Modernidade. Administração Científica. Escola de Relações Humanas. Teorias sobre motivação e liderança: da Administração de Recursos Humanos à Gestão de Pessoas. Processos decisórios nas organizações. O estruturalismo e a teoria da burocracia. A teoria dos sistemas abertos e as organizações. O sistema e a Contingência: Teoria das Organizações e Tecnologia. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB3 Habilidades e Atitudes 1. Adquirir uma visão global da história do pensamento administrativo. 2. Reconhecer na história do pensamento administrativo processos inerentes às transformações da sociedade. 3. Trabalhar com a perspectiva e o contexto histórico da evolução das ciências e técnicas organizacionais. Estabelecer relação entre técnicas organizacionais e a evolução das ciências na busca da solução de problemas do Homem. 4. Compreender as razões e as causas do nascimento e formação da teoria científica da administração, visando formular uma postura crítica e analítica diante dos problemas apresentados. 5. Distinguir e analisar as principais características das escolas de administração, estudando criticamente suas visões e analisando os impactos causados na sociedade a partir de suas ações. 6. Desenvolver senso critico, relacionando diferentes variáveis em relação às escolas de administração, como subsídio para reflexão diante da tomada de decisão. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB4 Sumário 01. Aula 01 - As Teorias Administrativas enquanto um produto da história 02. Aula 02 -Administração: Ciência ou Arte? 03. Aula 03 - Pré-Requisitos para o surgimento das teorias administrativas 04. Aula 04 - Taylor e a Escola Científica: As empresas vistas como máquinas 05. Aula 05 - Fayol e a Escola Clássica 06. Aula 06 - Teoria das Relações Humanas: As empresas vistas como grupos sociais 07. Aula 07 - Decorrências da Escola das Relações Humanas 08. Aula 08 - Weber e a Teoria da Burocracia 09. Aula 09 - Abordagem Sistêmica: As empresas entendidas como sistemas vivos. 10. Aula 10 - Decorrências da Abordagem Sistêmica 11 Aula 11 - Abordagem Contingencialista 12. Aula 12 - A Administração Japonesa: O Sistema de Produção Enxuta 13. Aula 13 - Administração Japonesa: Tudo pela Qualidade 14. Aula 14 - Abordagens modernas para a Administração 15. Aula 15 - Desafios para o futuro Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB5 Aula 01 As Teorias Administrativas enquanto um produto do contexto histórico Objetivos da Aula Ao final desta aula, espera-se que o aluno desenvolva habilidades e atitudes para: • Motivar-se ao estudo da Evolução do Pensamento Administrativo; • Desenvolver compreensão geral dos temas a serem debatidos na disciplina. Introdução: Desde os primórdios da humanidade, a História tem mostrado que o ser humano é fortemente impulsionado pelo desejo de incrementar o seu padrão de vida, através do controle das forças da Natureza e do seu meio-ambiente. Desde as comunidades primitivas, dedicadas a atividades extrativas, passando pelo pastoreio e pela a agricultura de subsistência, até os dias atuais, é neste sentido que as organizações humanas têm se desenvolvido. As organizações humanas têm evoluído em complexidade, sempre no sentido de proporcionar a seus membros melhores condições de subsistência e maior conforto material. Em resumo, os seres humanos se associam para conseguir, por meio do esforço conjunto, atingir determinados objetivos. A evolução das organizações e dos arranjos produtivos Para compreendermos a evolução das teorias administrativas, é fundamental uma referência, ainda que breve, à evolução das organizações humanas. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB6 Em que pese a enorme complexidade do assunto, é fundamental compreender que as organizações evoluem no sentido de lidar com grupos humanos cada vez numerosos e com necessidades crescentes em volume e complexidade, o que leva, necessariamente, ao estabelecimento de arranjos produtivos cada vez mais elaborados. À medida que as atividades humanas envolvem mais indivíduos e maiores volumes de recursos, a sua organização oferece novos e crescentes desafios, seja qual for a atividade ou conjunto de atividades em questão: caça, agricultura, comércio, guerra, etc. O processo de tentativa-e-erro de fornecer respostas a estes desafios constitui o cerne do processo de evolução das organizações. Podemos citar um exemplo interessante: no Antigo Testamento, o livro do Êxodo narra a história de Moisés conduzindo o seu povo através do deserto para a Terra Prometida. Moisés mostra temor diante da dificuldade da tarefa; Jetro, seu sogro, recomenda a Moisés que estabeleça “lideres sobre dez, líderes sobre cem e líderes sobre mil”. Em outras palavras, Jetro sugere a criação de uma cadeia de comando que permita que ele, Moisés, se ocupe apenas das grandes questões, deixando a estes chefes menores a solução das questões corriqueiras. Este exemplo mostra como as necessidades forçam as inovações que constituem a evolução das organizações; provavelmente, Jetro possa ser considerado o primeiro consultor organizacional da História. Os primeiros modelos: o Exército e a Igreja Sendo a guerra uma das atividades humanas mais antigas, as organizações militares foram das primeiras a adotar sistemas sofisticados de planejamento e comando. Os conceitos desenvolvidos e testados nas organizações militares constituem uma forte influência na construção do pensamento administrativo. Assim, também a estrutura organizacional da Igreja Católica ( que foi por séculos a maior e até a única grande organização do Ocidente) serviu como modelo para várias organizações. Vemos que alguns conceitos básicos foram percebidos e aplicados desde muito cedo na História: a hierarquia e a cadeia de comando constituem as primeiras bases do pensamento administrativo. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB7 Um breve passeio pela História Sem dúvida, espera-se do administrador a capacidade de identificar padrões e tendências e compreender as influências mútuas dos eventos que o cercam. Distinguir o fundamental do acessório e o duradouro do passageiro é o que possibilita lidar com o presente e preparar-se para o futuro. Assim, é nosso objetivo contextualizar a evolução das teorias sobre a administração de organizações humanas em relação ao processo histórico. Em outras palavras, questionar a Evolução do Pensamento Administrativo em relação à filosofia, à ciência, à tecnologia e ao pensamento econômico, vistos como os principais formadores da evolução das sociedades humanas. Ë também necessário manter em vista a grande influência dos grandes fatos históricos, em especial as guerras que têm exercido papel fundamental na História, condicionando fortemente a evolução das sociedades. Ë claro que os processos de evolução não ocorrem de forma isolada; ao contrário, cada evento influencia e é influenciado por todos os outros, formando uma “teia” intricada e fascinante. A compreensão deste processo, ainda que incompleta, é uma tarefa que vale a pena ser empreendida. O papel da Filosofia Ao longo da História, diversos filósofos se ocuparam das questõesinerentes ao desenvolvimento e da crescente complexidade das organizações, trazendo, mais ou menos diretamente, contribuições para as teorias administrativas. Sócrates, Platão e Aristóteles ocuparam-se com os problemas éticos, políticos e sociais na Grécia Antiga, incluindo aí a preocupação com os sistemas políticos (Monarquia, Aristocracia, Democracia) que ainda hoje formam as bases da vida em sociedade. Após o longo período da Idade Média (durante o qual a filosofia parece ter se dedicado exclusivamente às questões de teologia) os filósofos Iluministas do início da Era Moderna (sec. XVI e XVII), retomaram a preocupação com a compreensão racional e consequente domínio Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB8 dos fenômenos e do ambiente físico. Francis Bacon (1561-1626) e Renè Descartes (1596-1650) foram os grandes expoentes do Iluminismo. Suas obras lançaram as bases do pensamento analítico (cartesiano) e do método experimental e indutivo. Estas são as bases do que conhecemos como método científico. O método científico viria a fornecer a estrutura teórica e conceitual para a incrível onda de progresso científico e tecnológico que, começando pela obra de Isaac Newton, levaria à impressionante sucessão de inovações tecnológicas ocorrida ao longo do século XVIII. Estas inovações possibilitaram, em última análise, o advento da Revolução Industrial. Trataremos deste assunto em maior profundidade nas próximas aulas. O pensamento econômico; os economistas liberais A maioria dos autores considera que o pensamento administrativo moderno tem origem no pensamento econômico clássico. A partir do século XVII, o pensamento econômico começou a desenvolver-se de forma independente do pensamento filosófico da época. Já no século XVIII, o pensamento econômico, dito liberal, passou a ser amplamente aceito na Europa. O liberalismo pregava o afastamento da economia da influência do Estado, a livre-iniciativa (o chamado laissez-faire) e a livre concorrência. A publicação, em 1776 de “A Riqueza das Nações” de Adam Smith, marca para muitos autores o início da Revolução Industrial ; de fato, neste livro, surgem pela primeira vez o “princípio da especialização” e o “princípio da divisão do trabalho”, que viriam a constituir as bases do pensamento administrativo por várias décadas. Outros economistas liberais influíram fortemente na formação do pensamento econômico e administrativo no início da Revolução Industrial. James Mill (1773-1826), com o livro “Elementos de Economia Política”, publicado em 1826; David Ricardo (1772-1823) e Thomas Malthus (1766-1834), que publicaram (respectivamente em 1817 e Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB9 1820) os seus Princípios da Economia Política. O liberalismo econômico foi um período de enorme crescimento da economia capitalista, baseada na livre concorrência. Esta, porém, conduziu a grandes conflitos sociais, causados pela forte acumulação de capitais e renda. A partir de meados do século XIX, a influência do liberalismo econômico diminuiu, dando lugar ao então chamado “novo capitalismo” dos grandes magnatas (Du Pont, Morgan, Krupp, Rockefeller) e baseado na produção em massa em grandes unidades industriais. É neste contexto que a Administração começa a tomar a forma e adquirir status de ciência. Invenções, inventores: a “Revolução Tecnológica” Da mesma forma que a maioria dos autores considera a publicação de “A riqueza da Nações” como o marco conceitual que inicia a Revolução Industrial, a invenção da máquina a vapor por James Watt em 1769 (a operação só começaria anos mais tarde, em 1775) foi o grande marco tecnológico que abriu caminho para esta mesma Revolução. Alguns outros inventos merecem destaque, bem como os seus inventores. Salvo raras exceções, todos são britânicos; daremos alguma atenção à explicação deste fato em uma próxima discussão. Em 1698, Thomas Savery colocou em operação uma bomba a vapor para drenagem de minas; foi a primeira aplicação comercial de um dispositivo a vapor. A partir daí, seguem algumas das principais inovações tecnológicas da época: - 1712 máquina a vapor atmosférica (Thomas Ncomen) - 1738 lançadeira para manufatura de tecidos (John Kay) - 1742 máquina de cardar (Lewis Paul) - 1760 máquina de fiar (James Hargreaves) - 1769 máquina a vapor com condensador separado ( J a m e s Watt) - 1784 tear mecânico (Edmund Cartwright) -1799 máquina a vapor de alta pressão locomotiva a vapor (Richard Trevthick) Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB10 Mais do que a lista de inventos e inventores, é importante lembrar que estas ( e centenas de outras) inovações tecnológicas possibilitaram o mais espantoso progresso material experimentado pela humanidade até então. O que entendemos hoje por sociedade industrial se formou a partir dos acontecimentos desencadeados por estes inventos, ou melhor, pela substituição sistemática e sem precedentes na História do trabalho humano e animal pela máquina. A Revolução Industrial foi, antes tudo, uma revolução tecnológica. A organização industrial que se formou a partir dos processos brevemente descritos acima é o campo no qual o pensamento e a prática administrativa se desenvolveram. Esta é a História que devemos compreender. Como as organizações se formam e se modificam para atender os anseios das sociedades que lhes dão origem? Qual o papel dos seus administradores? Compreendendo melhor o passado, lidamos melhor com o presente e nos preparamos para o futuro. É a esta tarefa que nos dedicaremos durante o nosso curso: Compreender a Evolução do Pensamento Administrativo. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB10 Aula 02 Administração: Ciência ou Arte? Objetivos da Aula Nesta aula vamos discutir a necessidade de uma abordagem sistemática à teoria administrativa. Pretende-se que ao término desta o aluno esteja habilitado para: - Compreender a inserção do profissional de administração nas empresas; - Estabelecer a importância da compreensão teórica dos modelos administrativos. Conceitos básicos: afinal, o que é administrar? A administração trata, desde seus primórdios, de organizar o trabalho de forma racional. A partir desta premissa, surgem várias definições para esta atividade. Maximiano (1997), por exemplo, sugere que “a administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos”. Esta e outras definições mostram a administração como uma atividade- meio; administrar diz respeito ao desempenho de uma organização em um certo contexto. Desempenho, por sua vez, está relacionado aos conceitos de eficácia, eficiência e efetividade. Eficácia é a capacidade de realizar objetivos, Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB11 eficiência é utilizar produtivamente os recursos, efetividade é realizar a coisa certa para transformar a situação existente. Portanto, administração pode ser entendida como o conjunto de conceitos e técnicas que permitem que as organizações alcancem o desempenho que desejam. Neste contexto, podemos conceituar os processos básicos da administração – planejamento, direção, organização e controle. Existem diversos tipos de organizações. Assim, as noções de eficiência, eficácia e efetividade - bem como os processos básicos da administração - vão assumir características específicas em cada tipo de organização. O que devemos ter em mente é que estas funções gerais são inerentes a qualquer uma delas. Tipos de organizações De forma bastante sintética, podemos classificar as organizações em três grandes tipos: governamentais, privadas sem fins lucrativos (o chamado3o setor) e privadas com fins de lucro, ou seja, as empresas. As organizações governamentais têm o objetivo de atender as necessidades públicas e de gerir o funcionamento do Estado. As necessidades e prioridades são definidas a partir do jogo político de forças da sociedade, e decorrem em grande parte do regime político (democrático, autoritário, socialista, etc) de cada país. Não nos deteremos no estudo destas organizações, deixando também de lado as chamadas empresas estatais. As organizações sem fins lucrativos atuam no âmbito da sociedade civil e são pautadas por interesses que podem variar, desde um conjunto de membros (um sindicato, por exemplo) até propostas mais amplas de transformação social (o caso das ONGs), passando pelas propostas de assistência aos carentes (entidades beneficentes). Sua atuação Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB12 diz respeito a atingir fins públicos, a partir da utilização de recursos privados e públicos. Já as empresas privadas são caracterizadas por atender as necessidades de grupos de consumidores (clientes); são estas o foco de nossos estudos, em particular aquelas que atuam em um contexto de competição em mercados livres. Para estas organizações, desempenho está ligado a conquistar um lugar no mercado em meio a outras empresas que oferecem produtos ou serviços semelhantes, em regime de livre concorrência. Administração de empresas A tarefa de administrar uma empresa - planejar seus objetivos, mobilizar os meios necessários para atingi-los e controlar os resultados obtidos - tem sido considerada tradicionalmente mais uma arte ou uma qualificação adquirida pela experiência, do que um conjunto de técnicas baseadas no conhecimento científico. Nas fases iniciais de uma empresa, é comum a figura do empreendedor solitário, individualista, auto-encarregado de todas as decisões, normalmente baseadas mais em suas percepções individuais (intuição) do que em análises racionais. Entretanto, à medida que as empresas crescem, passam a ser compostas por um grupo de pessoas, entre as quais, algumas responsáveis pelas tomadas de decisões. As contribuições das diversas pessoas que compõem a empresa não são iguais, até porque algumas contribuem, por exemplo, com capital e outras com trabalho. Uma empresa é constituída pela associação de elementos heterogêneos, cujos interesses podem mostrar-se bastante divergentes. No processo de crescimento, a empresa eventualmente alcança dimensões tais, que seus dirigentes perdem o controle sobre Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB13 os seus processos. Em conseqüência disso, surge a figura do diretor ou administrador de empresas, que pode ou não ser a pessoa que detém a maior parte do capital. Funções de direção A direção da empresa tem a função de determinar as políticas empresariais de promover a coordenação dos diferentes setores. Uma empresa pode ser comparada a uma máquina, cujas peças devem se ajustar de modo a atingir o melhor funcionamento geral. Para obter este resultado, a direção da empresa dispõe de diferentes procedimentos que, conforme já citado, podem ser classificados em: Planejamento - tomar decisões sobre objetivos, ações futuras e recursos; Organização - compreende as decisões sobre a divisão de poder; autoridade, tarefas e responsabilidades , divisão de recursos; Coordenação - mobilizar pessoas para atingir os objetivos propostos; Controle - verificar a compatibilidade entre os objetivos e resultados. Planejamento Pode-se considerar o planejamento como um conjunto de decisões antecipadas com o objetivo de conduzir a empresa a atingir seus objetivos. O planejamento global da empresa, a curto prazo, deve considerar principalmente as limitações impostas pelos seus componentes mais fracos. Por exemplo: se a empresa tem diante de si um mercado de grandes possibilidades, mas sua capacidade de produção é insuficiente, o planejamento a curto prazo deverá tomar como referência essa capacidade limitada de produção. A longo prazo, ao contrário, o objetivo do planejamento deverá ser a redução da distância entre os setores mais fracos e aqueles mais fortes. Neste exemplo, seria necessário planejar a compra de novas máquinas, a contratação de pessoal , etc, para atingir no prazo previsto a plena realização do potencial da empresa. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB14 Organização A finalidade da organização é maximizar a eficácia no conjunto de atividades da empresa. Para isso, a direção deve definir funções, obrigações e responsabilidades. Além disso, é preciso elaborar um sistema de informações, que possibilite que as ordens e diretrizes circulem da maneira mais fluente possível. Com a devida organização, as operações de caráter repetitivo se mecanizam, de forma que sua execução se faça automaticamente , com ganho de tempo e rendimento. A organização bem planejada e executada permite que a direção da empresa se ocupe exclusivamente das questões mais importantes. Os problemas menos relevantes se solucionam em níveis inferiores da estrutura. O planejamento e a organização são complementares: sem planejamento, uma empresa, mesmo perfeitamente organizada, não poderá funcionar adequadamente. Do mesmo modo, a melhor idéia permanecerá parada na fase de planejamento se não houver uma organização adequada para realizá-la. A estrutura organizacional geralmente obedece a um dos modelos básicos: Na organização linear, rigidamente fundamentada na hierarquia e unidade de comando, cada subordinado obedece seu chefe imediato, e a coordenação se faz exclusivamente por meio da escala hierárquica. A organização funcional se propõe a estabelecer a departamentalização por funções em todos os níveis da empresa. A organização matricial surge nos casos em que se combinam, numa mesma estrutura, a organização funcional e a organização orientada Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB15 para a realização de projetos concretos. Ocorre assim uma interação dos fluxos de autoridade: um vertical, que corresponde à organização funcional, e o horizontal, que emana da autoridade técnica. Coordenação Para o bom funcionamento da estrutura organizacional de uma empresa, é necessário considerar certos princípios referentes à coordenação das atividades de seus colaboradores: 1- Princípio da unidade de objetivos: facilitar a contribuição de cada indivíduo, departamento ou órgão para atingir os objetivos; 2- Princípio da eficiência: conseguir os objetivos com o mínimo de custos; 3- Amplitude da autoridade: encontrar um ponto de equilíbrio em que a amplitude de autoridade seja suficientemente pequena para permitir o controle, e aberta o bastante para não bloquear o fluxo de informações; 4- Divisão e especialização do trabalho: centralizar a atenção em um número menor de operações ou problemas, trazendo maior rendimento com o mesmo esforço. Ainda que se reconheça a conveniência da divisão do trabalho e a conseqüente especialização dos membros da empresa, deve-se considerar que, levada essa prática além de certo limite, os resultados podem ser contraproducentes; 5- Unidade de comando: a organização deve ser disposta de tal modo que, em caso de conflito entre ordens emanadas de autoridades diferentes, a precedência seja clara; 6-Autoridade e hierarquia. A autoridade consiste no “direito de mandar e no poder de fazer-se obedecer”. A par da autoridade se situa a responsabilidade; quem exerce a autoridade deve assumir a responsabilidade conseqüente. Evolução do Pensamento Administrativo - UVBFaculdade On-line UVB16 Controle A função de controle busca avaliar em que medida os objetivos da empresa são atingidos, localizar possíveis desvios e atuar mecanismos de correção. Existem muitos tipos de controle nas empresas. Por exemplo, o controle de qualidade determina se um produto preenche certos requisitos. O controle integrado de gestão consiste no emprego de um conjunto de subsistemas de controle, que fiscalizam todos os aspectos da atividade empresarial e produzem um conjunto de relatórios que refletem o estado da empresa em certo momento. A principal função dos controles é fornecer subsídios para os processos de decisão na empresa. A partir dos dados fornecidos pelos sistemas de controle, a empresa: (1) orienta o seu processo de planejamento, (2) redimensiona sua organização e (3) redefine a coordenação das suas atividades. Deste modo, a função de direção pode ser vista como um processo em contínua renovação em função dos desafios propostos pela própria organização, e pelo ambiente em que ela atua em contínua interação. Muitas atividades, que são hoje objeto de tratamento científico, foram tidas como arte ou como conjunto de conhecimentos empíricos adquiridos pela experiência. A atividade empresarial não escapou a essa regra. Até o início do século XX essa atividade era vista como uma habilidade especial, fruto da intuição e exclusividade de certas pessoas. Ã medida que o Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB17 conhecimento administrativo evoluiu, multiplicaram-se em todo o mundo as instituições de ensino da administração como disciplina de caráter científico. A análise operacional, a psicologia industrial, a mercadologia, a estatística, a informática e a organização administrativa, entre outras, são disciplinas científicas, cujo domínio é obrigatório para dirigentes de empresas. Entre estas disciplinas fundamentais, destaca-se o estudo da Evolução do Pensamento Administrativo. O dirigente empresarial deve tentar compreender de que maneira as organizações evoluíram para responder às solicitações do ambiente em que atuavam. Estudando os casos de sucesso, poderemos tentar repeti-los. E, ao compreender as razões que conduziram aos grandes fracassos, teremos melhores chances de evitá-los. Prosseguiremos a nossa discussão, portanto, iniciando o estudo de um período fascinante da História empresarial; a chamada Revolução Industrial. Começaremos analisando os fatos históricos, econômicos e tecnológicos que criaram as condições que nos conduziram ao que, provavelmente, tenha sido o período de mudanças mais radicais e intensas vividas pela humanidade, desde seus primórdios. Até o próximo encontro! Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB18 Aula 03 Métodos de Pesquisa Científica 1ª parte Objetivos da aula: Ao final desta, aula espera-se que o aluno tenha desenvolvido habilidades suficientes para: • Identificar os fatores que conduziram à Revolução Industrial; • Discutir as transformações ocorridas neste período e as influências ainda presentes; • Localizar o surgimento da Teorias Administrativas no contexto dos eventos históricos relevantes da época. Os primórdios da Administração de Empresas Sempre existiram empresas rudimentares, que remontam à época dos assírios, babilônios, fenícios etc. Durante toda a Antiguidade e a Idade Média, as pequenas empresas de base familiar constituíram a quase totalidade dos empreendimentos comerciais. Mesmo nos nossos dias, as empresas familiares de pequeno porte constituem uma grande parcela da “população”. De forma geral, estas empresas raramente adotaram modelos sofisticados de administração. Sempre houve, porém, exceções; desde a Antiguidade existiram grandes organizações comerciais e bancárias, pertencentes às grandes famílias da nobreza européia. O comércio de longa distância sempre foi um negócio complexo e arriscado, exigindo organizações bem estruturadas e demandando complexas estruturas financeiras para o Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB19 seu financiamento. A História registra a existência de grandes corporações comerciais e bancárias na Europa desde o século XIII. Alternando períodos de crescimento e estagnação, o comércio europeu desenvolveu-se conjuntamente com a evolução dos meios de pagamento e crédito ( a cunhagem de moedas de alto valor, a invenção das cartas de crédito, etc), o aperfeiçoamento dos controles contábeis ( a invenção na ália da contabilidade por partidas duplas) e as inovações técnicas (como a bússola, por exemplo) que tornaram possíveis as viagens marítimas de longo curso dos séculos XV e XVI. A evolução do comércio da Europa com o Oriente e depois com o Novo Mundo proporcionou o surgimento das grandes Companhias mercantis (a Companhia das Índias Orientais, por exemplo), que constituíram um capítulo à parte na História do capitalismo, levando a Europa pós-feudal a adotar o sistema mercantilista. O Mercantilismo Europeu O Mercantilismo foi a política econômica adotada na Europa nos séculos XVI e XVII, baseada no absolutismo estatal e na empresa privada. A fase de desenvolvimento do mercantilismo corresponde à transição do feudalismo para o capitalismo e à formação das monarquias nacionais , apoiadas pela burguesia e desejosas de se tornarem potências. Nessa época, a riqueza de uma nação era determinada pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que possuía. Para isso, os Estados- Nações da Europa buscaram sua expansão marítima e comercial, conquistando e explorando novos territórios, utilizando tanto o comércio quanto a força das armas. Particularmente na Inglaterra, a burguesia mercantil se destacava Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB20 como força econômica e política. Gozando de ampla liberdade. Foi enormemente beneficiada pelo comércio exterior, sustentado pelo poderio militar e náutico do Reino. Estima-se que metade do ouro extraído de Minas Gerais (além de grande parte dos lucros advindos do comércio internacional de escravos) no século XVIII tenha ido parar nos cofres do Banco da Inglaterra. Os recursos advindos do comércio durante este período financiaram as obras de infra-estrutura (estradas, canais), o que reduziu os custos de transação de mercadorias. Além disso, dada a sua abundância, garantiram baixas taxas de juros, estimulando os investimentos em produção de bens destinados principalmente à exportação, fechando assim o circuito. Os lucros acumulados nas mãos da burguesia inglesa criaram simultâneamente a disponibilidade de capitais e a disposição para o investimento; essa foi uma das molas mestras da Revolução Industrial. A influência do Liberalismo O Liberalismo foi a doutrina política e econômica surgida na Europa, no século XVIII, associada ao crescimento da classe média. Desafiando o Estado absolutista, aristocrático e religioso, os liberais lutaram para implantar governos parlamentares e constitucionais, separados do clero e da monarquia. O Liberalismo político defendia as liberdades individuais frente ao poder do Estado, oportunidades iguais para todos e o direito do indivíduo de seguir a própria determinação, dentro dos limites impostos pelas normas, como fundamento das relações sociais. O liberalismo econômico propunha o fim da intervenção do Estado na economia por acreditar que a dinâmica de produção, distribuição Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB21 e consumo de bens seria regida por leis próprias, como a lei da oferta e da procura. Seu principal teóricofoi o economista escocês Adam Smith (1723- 1790), autor do livro “Uma Investigação sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações”. Ele propunha uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura, (o chamado laissez-faire, “deixai fazer”), em contraposição ao Estado absoluto e intervencionista, que até então protagonizara o Mercantilismo europeu. Para Adam Smith, a verdadeira riqueza das nações estaria no trabalho, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. O liberalismo econômico recebeu, posteriormente, as contribuições dos economistas ingleses Thomas Malthus (1766-1834) e David Ricardo (1772-1823). Na obra de Adam Smith, encontram-se as primeira referências à divisão do trabalho e à especialização (no seu clássico estudo da produção em uma fábrica de agulhas). Ele preconizou a importância do planejamento e do controle, do estudo de tempos e movimentos e da adequada remuneração dos trabalhadores, que viriam a constituir o cerne das teorias da administração moderna. Revolução Industrial; afinal, o que aconteceu? Nenhum período da História foi tão esmiuçado e dabatido pelos historiadores quanto a Revolução Industrial. Todos concordam que em nenhuma outra fase da História a Humanidade viveu transformações tão extraordinárias. Para a maioria dos autores, a Revolução Industrial teve início com a invenção da máquina a vapor, por James Watt, em 1776. O trabalho do homem, do animal e da roda d’água foi substituído pela máquina, surgindo o sistema fabril. O antigo artesão transformou-se em Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB22 operário, a oficina em fábrica . A aplicação da máquina no processo de produção provocou enormes mudanças sociais. As novas oportunidades de trabalho provocaram migrações e consequente urbanização ao redor de centros industriais. A revolução estendeu-se aos meios de transportes e comunicações, com o surgimento da navegação a vapor, da locomotiva a vapor, do telégrafo, etc. Entre o fim do século XVIII e meados do século XIX, o mundo mudou como nunca antes havia mudado. Não existe, porém, consenso em torno de duas questões centrais: O que, exatamente, provocou as radicais mudanças ocorridas entre o final do sec.XVIII e a primeira metade do sec.XIX? E por que elas começaram exatamente no Reino Unido? Revolução Industrial; afinal, o que aconteceu? Algumas respostas... De maneira geral, a maioria dos autores concorda sobre a importância da influência conjunta dos seguintes fatores: • a acumulação de capitais, a partir do comércio marítimo e da colonização dos novos territórios (principalmente a América), além dos ganhos advindos do comércio de escravos; • a liberalização da sociedade inglesa, com a adoção do parlamentarismo monárquico a partir de 1688 (a chamada Revolução Gloriosa, com a coroação de Guilherme de Orange), que veio a favorecer a burguesia mercantil e a nobreza rural progressista; • a legislação inglesa da época (Declaração dos Direitos, em 1689), que limitou o poder do Estado de estabelecer monopólios e criar ou aumentar impostos, aumentando assim a atratividade das operações comerciais; • a abundância de carvão, que proporcionou uma fonte de Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB23 energia muito mais adequada aos processos industriais do que a lenha, conferindo à Inglaterra uma enorme vantagem competitiva em relação a outros Estados; • os ganhos de produtividade na agricultura, somados à facilidade de importar grãos do Novo Mundo, liberaram um enorme contingente de trabalhadores da agricultura para a indústria, sem comprometer a oferta de alimentos; • a existência na Inglaterra, já desde o início do sec. XVIII, de um sistema muito consolidado de produção domiciliar voltado à comercialização (o putting-out sistem). Neste sistema, os artesão trabalhavam por encomenda dos comerciantes, que lhes forneciam as matérias primas. O putting-out sistem forneceu as bases para o sugimento do modelo de produção fabril; • a liberdade política e a efervescência cultural e acadêmica na sociedade abastada da época levaram a progressos científicos sem precedentes, com destaque para a obra de Isaac Newton e outros; • a combinação de disponibilidade de capitais, progresso científico e livre iniciativa com mercados em expansão conduziu a uma incrível onda de inovações tecnológicas, baseadas na tecnologia do vapor. Revolução Industrial; o “marco zero”: A história da administração moderna surge com o aparecimento da grande empresa industrial. Foi a Revolução Industrial que provocou o aparecimento da grande empresa e da moderna administração. A Revolução Industrial desenvolveu-se em duas fases distintas: A primeira fase, de 1780 a 1860, foi a revolução do carvão (como principal fonte de energia) e do ferro (como principal matéria-prima). A introdução da máquina de fiar, do tear hidráulico e posteriormente Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB24 do tear mecânico e do descaroçador de algodão provocaram a mecanização das oficinas e da agricultura. A segunda fase, de 1860 a 1914, foi baseada na adoção da eletricidade e derivados do petróleo (como as novas fontes de energia) e do aço (como a principal matéria-prima). Com a introdução definitiva da automação e da especialização, ocorreu uma intensa transformação dos meios produção , que se estendeu aos transportes e comunicações; vieram a estrada de ferro, o automóvel, o avião, o telégrafo sem fio, o rádio. O capitalismo financeiro consolidou- se com o surgimento das grandes organizações multinacionais (Standard Oil, General Electric, Westinghouse, Siemens, Dupont, United States Steel etc.) A moderna administração surgiu em resposta ao crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que forçou a adoção sistemas de administração capazes de substituir o empirismo e aumentar produtividade das empresas, para fazer face à intensa concorrência e à competição entre países que levaria, finalmente, à Primeira Grande Guerra, em 1914. A Moderna Administração A moderna administração surgiu no início do século XX, com a publicação dos trabalhos de Taylor e Fayol. Esses precursores da administração jamais se comunicaram entre si e seus pontos de vista são diferentes, até mesmo opostos. As suas idéias se complementam e suas teorias dominaram o panorama da administração das empresas até meados do século XX. O americano Frederick Winslow Taylor (1856- 1915) desenvolveu a chamada Escola da Administração Científica, com a preocupação de aumentar a eficiência da industria por meio da racionalização do Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB25 trabalho dos operários. Henri Fayol, engenheiro de minas francês, (1841- 1925) elaborou a Escola Clássica da Administração, com a preocupação de aumentar a eficiência da empresa por meio de sua organização e da aplicação de princípios gerais de administração. A partir desses dois pioneiros, a história da administração moderna pode ser assim resumida : - Teoria da Administração Científica: desenvolvida por engenheiros americanos, seguidores de Taylor. Preocupavam-se principalmente com a organização das tarefas, isto é, com a racionalização do trabalho dos operários. - Teoria Clássica da Administração: desenvolvida por seguidores de Fayol, enfoca a estrutura organizacional da empresa e o processo administrativo. - Teoria das Relações Humanas: desenvolvida a partir de 1940, nos Estados Unidos. Preocupada principalmente com as pessoas, com os grupos sociais e com a organização informal.- Teoria da burocracia de Max Weber: desenvolvida a partir de 1950, preocupada em integrar todas as teorias das diferentes escolas acima. O conjunto destas escolas forma um corpo teórico conhecido como a Perspectiva Clássica da Administração. Vamos estudá-las individualmente e em detalhe ao longo das próximas aulas. Referência Bibliografica BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997 Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB26 Aula 04 A Administração Científica de Taylor a Ford Objetivos da Aula Ao final da aula, é esperado que o aluno tenha desenvolvido habilidades e competências para compreender: - Os acontecimentos que, durante o século XIX, culminaram com o surgimento das escolas modernas de administração; - Os aspectos fundamentais da primeira das grandes escolas: a Administração Científica; Também é esperado que o aluno desenvolva habilidades para analisar o caso mais clássico de aplicação dos princípios da Administração Científica: o fordismo. O século XIX No final do século XVIII, a introdução do uso intensivo das máquinas a vapor na manufatura, combinada à influência do liberalismo econômico, inaugurou um período de profundas mudanças na economia e na sociedade: a Revolução Industrial. Durante a primeira fase da Revolução Industrial (que ficou conhecida como a revolução do vapor), começou o desenvolvimento do pensamento administrativo, com as obras dos economistas liberais: Adam Smith, Robert Malthus, David Ricardo, John Stuart Mill, Samuel P. Newman, entre outros. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB27 Os economistas liberais abordaram questões que viriam a constituir a base teórica do pensamento administrativo. Adam Smith introduziu os conceitos da especialização e divisão do trabalho; Malthus e Ricardo teorizaram sobre sistemas produtivos; Mill enfatizou as funções de controle e Newman abordou as funções do empreendedor. Embora genérica e pouco técnica, a contribuição dos economistas liberais estabeleceu as bases da teoria administrativa como campo de conhecimento independente. A obra de Charles Babbage (mais conhecido com o precursor do computador digital) também influenciou autores posteriores ao enfatizar a importância da especialização e divisão do trabalho, da padronização dos processos e controles e outros conceitos básicos de administração. A obra do general prussiano Carl Von Clausevitz (1780-1831) também merece citação. Em seus tratados “Sobre a Guerra” e ‘Princípios da Guerra”, ele estabeleceu alguns princípios fundamentais sobre a administração de grandes organizações: o conceito de estratégia, a aceitação da incerteza (e a importância do planejamento como forma de reduzi-la), o predomínio da razão e do cálculo sobre a intuição no processo decisório. Os conceitos de Clausevitz foram muito utilizados nas grandes ferrovias construídas no início do século XIX. Depois dos exércitos, as ferrovias foram as primeiras corporações espalhadas em grandes áreas e que exigiam a coordenação precisa de esforços e recursos. Particularmente, Henry V. Poor (1812-1905), engenheiro ferroviário admirador e estudioso de Clausevitz, empregou e divulgou seus conceitos. Poor é considerado o primeiro consultor industrial e precursor do pensamento administrativo moderno. De maneira geral, porém, o século XIX foi caracterizado por um grau até então desconhecido de inovação tecnológica e expansão da economia mundial. As economias industrializadas (Europa Ocidental, Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB28 principalmente Inglaterra, os Estados Unidos e posteriormente o Japão) experimentaram neste período taxas de expansão sem precedentes. A renda nestes países aumentou rapidamente para níveis inimágináveis em 1750, e imensamente superiores aos dos países mais “atrasados”, como Índia e China. Este crescimento assombroso foi em grande parte sustentado pela adoção quase universal da cartilha liberal; o comércio internacional, impulsionado pelos transportes a vapor e pelos avanços nas comunicações (o telégrafo e posteriormente o telefone) foi tremendamente estimulado por uma política quase uniforme de baixas tarifas, pouco protecionismo e até pela aceitação quase universal do padrão-ouro, que forneceu uma conveniente base monetária para as transações internacionais. Ao final do século XIX, iniciou-se uma reversão gradual desta tendência de liberalização. Gradualmente, os governos passaram a ver o domínio de mercados e a acumulação de reservas como de importância bélica. O crescimento explosivo e desordenado das grandes corporações internacionais européias e americanas levou à intensificação da concorrência. O crescente peso político destas corporações fez com que os governos adotassem políticas de restrição ao livre comércio, que fariam aumentar ainda mais as tensões internacionais, culminando com a eclosão da 1a Grande Guerra, em 1914. A crescente hostilidade dos mercados a partir do final do século XIX parece ter sido a causa da preocupação com a eficácia das empresas da época. Os conhecidos conceitos assumiram a importância de questões vitais para a sobrevivência das empresas e passaram a ser adotados de forma ampla. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB29 Cronologia das Origens do Pensamento Administrativo: (extraído de LODI, 2003; origem: Claude S. George Jr.) Taylor e a Administração Científica Frederick W. Taylor (1856 - 1915), foi uma das figuras de maior destaque na história do pensamento administrativo. Nascido de uma família de classe média superior da Nova Inglaterra, teve uma educação primária privilegiada, porém, só aos 29 anos concluiu o curso de Engenharia. Começou a trabalhar como aprendiz e operário de oficina mecânica. Em 1878 entrou na Siderúrgica Midvale Steel Co. Em seis anos, foi de torneiro a engenheiro-chefe, tendo iniciado seus estudos de tempos e processos já em 1881. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB30 Em 1896, foi para a Bethlehem Steel Works. Seus estudos de racionalização do trabalho levaram à redução de uma equipe de 600 para 140 homens, e diminuição (“de 7/8 para 3/4 de cêntimo”...) nos custos de manipulação de materiais. Taylor publicou diversos trabalhos e registrou várias patentes ao longo de sua carreira. A sua principal obra, “Princípios de Administração Científica”, é de 1911. Taylor declarou que o principal objetivo da Administração Científica consistia em “assegurar a máxima prosperidade para o empregador junto com a máxima prosperidade para o empregado”. Máxima prosperidade significa para o empregador lucros a curto e a longo prazo, e para o empregado, remuneração gradualmente maior e pleno desenvolvimento de suas capacidades. Taylor dizia que a “eficiência administrativa aumenta com a especialização do trabalho”. Assim, no início, Taylor preocupou-se apenas com processos. Mais tarde, chegaria à caracterização dos seus princípios de administração: 1 - Atribuir a cada operário a tarefa mais elevada possível; 2 - Solicitar de cada operário o máximo de produção possível; 3 - Oferecer a cada operário uma remuneração adequada à sua produtividade e acima dos padrões normais da época. A partir de 1911, Taylor passou a ocupar-se, principalmente, da identificação dos problemas das empresas, do estudo de suas causas e soluções. Ele identificou a “vadiagem” do operário como o grande problema da indústria da época, conceituando, assim, as suas causas: 1 - a idéia dos trabalhadores de que o maior rendimento do homem e da máquina terácomo resultado o desemprego de grande número de operários; 2 - sistemas defeituosos de gerência, que praticamente obrigavam os empregados a “fazer cera” (soldering) no trabalho; Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB31 3 - métodos empíricos antiquados e ineficientes, com os quais o operário desperdiçava grande parte de seu esforço. Em seus estudos, Taylor colocou as seguintes condições para a solução: 1 - Desenvolver novos métodos científicos de trabalho, em lugar dos velhos métodos rotineiros; 2 - Selecionar o melhor trabalhador para cada tarefa; em seguida, treiná-lo, formá-lo e motivá-lo, criando um “homem de primeira classe” (first class man); 3 - Criar um espírito de cooperação entre a direção e os trabalhadores; 4 - Aperfeiçoar a divisão do trabalho, combinando “seleção científica” e a ciência o trabalho. Taylor também expôs regras e normas para o trabalho de usina ou oficina: 1 - Para cada indústria e processo, estudar e determinar a técnica mais conveniente; 2 - Analisar metodicamente o trabalho do operário, estudar e cronometrar os movimentos elementares; 3 - Transmitir instruções técnicas ao operário de forma sistemática; 4 - Selecionar os operários com base em critérios científicos; 5 - Separar as funções de preparação e execução; 6 - Especializar o operário; 7 - Predeterminar tarefas individuais e conceder prêmios pela boa execução; 8 - Padronizar ferramentas e utensílios; 9 - Distribuir eqüitativamente, por todo o pessoal, os ganhos decorrentes do aumento de produção; 10 - Controlar a execução do trabalho; 11 - Classificar as ferramentas, processos e produtos; Um dos pontos principais do trabalho de Taylor é a separação entre as funções de preparação e as de execução. A finalidade do planejamento é estabelecer qual trabalho deve ser feito, como, Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB32 onde, por quem e, finalmente, quando será executado. Para isso, Taylor propunha o emprego de quatro encarregados de preparação e quatro encarregados de execução. Os resultados obtidos por Taylor foram consequência de um estudo sistemático de fatores que afetam a produção. Sua contribuição para a indústria foi o enfoque científico, substituindo processos rotineiros por outros deduzidos de análises prévias. Taylor abordou aspectos humanos e psicológicos, assim como os materiais e mecânicos, em suas investigações sobre produtividade. Através da análise do trabalho e estudo de tempos e movimentos, ele viu a possibilidade de decompor cada tarefa em uma série ordenada de movimentos simples. Assim, procurou eliminar os movimentos inúteis, visando a economia de tempos e esforços. Determinando o tempo médio que um operário médio levaria para executar determinada tarefa (cronoanálise), e adicionando a esse tempo os tempos elementares e mortos ( espera, necessidades,...), resulta o TEMPO PADRÃO, conceito central na teoria de Taylor. Vantagens da “Administração Científica” - otimização dos movimentos, redução dos tempos de produção; - racionalização da seleção e do treinamento; - melhoria da eficiência do operário, mais rendimento da produção; - distribuição uniforme do trabalho; - estabelecimento de base uniforme para salários e prêmios; - definição mais precisa do custo unitário; Taylor estabeleceu o conceito de que o ser humano agiria de acordo com o seu interesse material (“homo economicus”), ignorando outras fontes de motivação e simplificando excessivamente os aspectos psicológicos do comportamento. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB33 Os princípios de Taylor, apesar de criticados, ainda hoje servem como “critérios” gerais para o treinamento da supervisão. A obra de Taylor ainda constitui um marco e uma contribuição inestimável à Teoria Administrativa. O fordismo Para alguns autores, fordismo é sinônimo de taylorismo; produção em massa, linha de montagem automatizada. A Ford representou, por décadas, um modelo quase perfeito de aplicação sistemática e maciça dos conceitos tayloristas de organização da produção. Mais do que isso, Ford soube compreender as características da sociedade americana da época e, desta forma, construiu uma história de enorme sucesso empresarial. O modelo fordista reconheceu o modo de organização e atuação dos sindicatos dos trabalhadores, utilizando políticas salariais ousadas como um elemento da sua estratégia. O método administrativo de fordista apresenta os seguintes traços fundamentais: 1 - racionalização taylorista do trabalho, alto grau de especialização; 2 - desenvolvimento da mecanização utilizando equipamentos especializados; 3 - produção em massa com elevado grau de padronização; 4 - salários elevados e crescentes, incorporando ganhos de produtividade. Ford levou às últimas conseqüências o emprego da racionalização taylorista da produção em série, empregando a linha de montagem e a padronização das peças num grau inédito. A divisão do trabalho em segmentos de tarefas repetitivas exigia uma direção bastante autoritária e a imposição de Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB34 disciplina ao operário e, portanto, requeria uma pesada estrutura de controle/supervisão da produção. Os anos de crescimento Em 1902, Ford alugou uma oficina e fundou a Ford Motor. As pessoas na época tratavam os carros como brinquedos velozes e não vislumbravam o futuro como Henry Ford. Seu valor como empreendedor revela-se nestas frases: “...a indústria dos automóveis não repousava no que chamaríamos uma base honesta...”, numa dura crítica aos empresários da época. E “...até ali por 1910 e 1911, o dono de um carro passava por um homem rico que devia ser espoliado. Desde o primeiro momento enfrentamos com firmeza tal situação. Não queríamos que o nosso êxito comercial se entorpecesse graças à cupidez estúpida de alguns indivíduos....”. Ford sempre acreditou na utilidade do automóvel; ele devia ser robusto, simples, confiável. Baseado nestes princípios, criou o Modelo T (que venderia um total de 15 milhões de unidades). Em 1911, Ford terminou de construir uma fábrica imensa, ocupando um terreno de 32 acres e que chegou a empregar dezenas de milhares de pessoas nos ano 20. O Milagre Americano da década de 20 foi um período de prosperidade. De 1919 a 1929, a produção de automóveis cresceu 255% nos EUA. As indústrias expandiam-se impulsionadas pela inovação tecnológica. A linha de montagem em série revolucionou a produção industrial. A produção em massa proporcionou massificação do consumo. A combinação destes fatores leva à compreensão do modelo fordista: 1 - Organização do processo de produção com intensa divisão/especialização do trabalho, estruturas empresariais altamente hierarquizadas, ênfase na mecanização para a solução de problemas técnicos; Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB35 2 - Acentuada estratificação das qualificações; 3 - Elevada mobilidade dos trabalhadores entre firmas e regiões; 4 - Indexação parcial dos salários aos preços e total indexação dos salários à produtividade (não explícita), influência moderada do desemprego em relação ao salário e baixa incidência de benefícios previdenciários em relação aos salários; 5 - Estilo de vida dos assalariados caracterizado pelo consumo de massa. A crise do Fordismo A crise do fordismo foi estrutural. A fadiga do modelo de produção em massa levou à queda dos ganhos de produtividade (escala), o que representou o esgotamento do fordismo taylorista como modo de organização deprodução. Os principais fatores que levaram à crise fordista foram: 1 - Aumento do poder dos sindicatos, questionando alguns aspectos básicos de organização e gestão de produção, tais como o tempo-padrão, os ritmos de linha de montagem, os horários de trabalho, etc; 2- Recusa dos operários de determinadas formas de organização do trabalho, especialmente aquelas com forte pressão de tempo; 3 - Elevação do nível de instrução, fazendo com que cada vez menos pessoas se sujeitassem ao trabalho desqualificado das linhas de montagem; 4 - Discrepância entre a administração científica e a tendência de avaliar a qualidade e a iniciativa no trabalho; 5 - Excessiva rigidez do sistema baseado na produção maciça, face à necessidade de soluções de maior flexibilidade para atender a crescente diversificação e sofisticação da demanda. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB36 Comparado aos sistemas mais antigos, o fordismo mostrou-se tremendamente eficiente na tarefa de expandir mercados. O fordismo possuía uma estratégia de crescimento muito explícita: “qualquer cor, desde que seja preta”. Esta é frase emblemática do sistema de produção em massa voltado ao processo que representou a essência do industrialismo do início do século XX. A indústria de massa atende às demandas de operários e consumidores pouco exigentes. O fordismo taylorista foi vítima da prosperidade que ele próprio ajudou a criar. A evolução, sofisticação e diversificação das demandas do mercado e da concorrência viriam a transformar a indústria e, consequentemente, o pensamento administrativo contemporâneo. O foco passaria do processo para o cliente, das máquinas para as pessoas. Trataremos destes assuntos nas próximas aulas. Referência Bibliográfica: BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997. CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São Paulo: McGraw Hill, 1987. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração : Abordagens Prescritivas e Normativas da Administração. São Paulo: Makron Books, 1997. MOTA, Fernando C. Prestes & VASCONCELLOS, Isabella F. Gouveia de. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson, 2002. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB26 Aula 05 Fayol e a Escola Clássica Objetivos da aula: A aula de hoje tem como objetivo promover o estudo dos aspectos fundamentais da chamada Escola Clássica de Administração. Introdução: Enquanto Frederick Taylor e outros engenheiros americanos desenvolviam nos Estados Unidos a Administração Científica, por volta de 1916, surgia na França o movimento conhecido como a Teoria Clássica da Administração, que logo se espalharia pela Europa. As duas escolas, Cientifica e Clássica, tinham por objetivo maximizar a eficiência da organização, que se tornava questão de sobrevivência, à medida que as empresas expandiam-se, levando a concorrência a níveis desconhecidos até então. A grande diferença entre as duas é que, enquanto Taylor e seus seguidores colocavam toda a ênfase nas tarefas (ou seja, no trabalho do operário), os devotos da Teoria Clássica da Administração, encabeçado por Fayol, enfocaram a estrutura da organização. Na Escola da Administração Científica, desenvolvida por Taylor, a preocupação básica era aumentar a produtividade da empresa por meio do aumento de eficiência no nível operacional. Nesse Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB27 sentido, essa abordagem trata a organização “de baixo para cima” (do operário para supervisor e gerente). Essa análise constituiu a chamada “Organização Racional do Trabalho”. Já a Teoria Clássica tinha como preocupação básica aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos competentes da organização e das suas inter-relações estruturais. Nesse sentido, essa corrente é inversa à abordagem da Administração Científica: de cima para baixo (da direção aos departamentos) e a sua principal característica é a ênfase na estrutura. Partindo da análise do todo organizacional, a Escola Clássica busca a eficiência, a partir da otimização da estrutura da organização, que levaria naturalmente à máxima eficácia de cada uma das suas partes. Taylor enfoca o operário e a sua supervisão, Fayol dá mais importância à chefia em si, bem como aos cargos mais elevados dentro da empresa. Vida e obra de Fayol Henri Fayol (1841 - 1925), nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris. Formou-se em engenharia de minas aos 19 anos, ingressando, então, na empresa metalúrgica e carbonífera, na qual desenvolveu toda sua carreira. Aos 25 anos, tornou-se gerente de minas e em 1888, aos 47 anos, assumiu a gerência geral da Commanbault, que estava em grave crise desde 1943. Segundo o seu próprio relato: ”...houve apenas uma mudança na forma de exercer a função administrativa...., os negócios voltaram a prosperar...Com as mesmas minas,..máquinas... e recursos...idênticos mercados,..a Sociedade começa um movimento ascendente.(..) A aplicação do método de administração positiva é a única razão da mudança que se operou a Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB28 partir de 1888 na vida da Sociedade Commanbault.” (Fayol apud PARK ,1997). Durante muitos anos, Fayol não escreveu nem divulgou suas idéias, a não ser em sua própria indústria. Seu livro Administração Geral e Industrial (1916) só veio a ser publicado quando Fayol já tinha 70 anos; o trecho entre aspas acima foi extraído da tradução brasileira. Como engenheiro, Fayol acostumou-se a trabalhar baseado em princípios e técnicas. Ele levou esse hábito de trabalho para o seu cargo de gerente e depois para o diretor, formulando um conjunto de “princípios de administração geral” que ele considerava úteis para toda situação administrativa, qualquer que fosse o tipo ou ramo da empresa. Fayol sempre afirmou que seu êxito devia-se não só às suas qualidades pessoais mas aos métodos que empregava. Fayol empregou seus últimos anos de vida à tarefa de demonstrar que, com previsão científica e métodos adequados de gerência, resultados satisfatórios, eram inevitáveis, deixando uma influência na administração francesa conhecida como “fayolismo”. Princípios da Administração Fayolista A ciência da administração, como toda ciência deve basear-se em leis ou em princípios. Dessa forma, como a função administrativa restringe-se somente ao pessoal, isto é, ao corpo social, é necessário um certo número de condições e de regras, as quais poderia-se dar o nome de princípios, para assegurar o seu bom funcionamento. No livro Administração Geral e Industrial, Fayol elaborou os seus princípios gerais da administração, alguns dos quais contrastam com os de Taylor. Por exemplo, Taylor propunha o emprego de diversos supervisores, cada um especializado em um aspecto da tarefa Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB29 do operário, enquanto Fayol defendia o princípio de unidade de comando, segundo o qual uma pessoa deve ter apenas um chefe no seu trabalho. A fim de delinear a capacidade administrativa, Fayol apresenta 14 princípios: • Divisão do Trabalho – especialização das tarefas e pessoas para a máxima eficiência; • Autoridade e Responsabilidade - Uma pessoa responsável pelo resultado de uma operação deve ter autoridade para tomar as medidas necessárias para o sucesso dessa operação; • Disciplina – obediência, respeito aos acordos; • Unidade de Comando - um empregado deve receber ordens de apenas um superior; • Unidade de Direção - deve haver “uma cabeça e umplano” para um grupo de atividades que cumpre o mesmo objetivo; • Interesses Gerais – sobrepostos aos interesses particulares • Remuneração do Pessoal – retribuição justa para a organização e para seus colaboradores; • Centralização – concentração da autoridade no topo da pirâmide hierárquica; • Cadeia de Comando – linha única de autoridade, do topo à base; • Ordem – “um lugar para cada coisa, cada coisa (ou pessoa) em seu lugar”; • Eqüidade – amabilidade e justiça para obter lealdade • Estabilidade – quanto mais tempo em um cargo, melhor; • Iniciativa – visualizar um plano e garantir seu sucesso; • Espírito e Equipe – união e harmonia entre as pessoas. O caráter universal desses princípios os tornava muito vagos e pouco indicativos para decisões específicas, ainda mais que eles podem Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB30 colidir e auto eliminar-se em um dado momento. Os chamados “princípios” de Fayol, como os de Taylor, devem ser tomados como critérios genéricos. As funções Básicas da Empresa Como a Teoria Clássica da Administração de Fayol enfatiza a estrutura da organização, fez-se necessário ao teórico distinguir as funções essenciais de uma empresaria. São elas: • Técnicas – relacionadas à produção; • Comerciais – compra e venda; • Financeiras – captação e gerenciamento de capitais; • Segurança – proteção do patrimônio e das pessoas; • Contábeis – inventários, balanços, etc; • Administrativas – integram as outras funções. Partindo dessas funções, Fayol procurou estabelecer a importância relativa dessas diversas funções/capacidades em cada nível da empresa (diretor, chefe de serviço técnico, chefe de divisão, chefe de oficina, contramestre e operário). Ele sugeriu tabelas de avaliação que, embora elaboradas sem rigor estatístico, apresentam uma proposição muito útil ainda hoje: “A capacidade técnica é a principal capacidade dos chefes inferiores da grande empresa e dos chefes da pequena empresa industrial; a capacidade administrativa é a principal capacidade dos grandes chefes. A capacidade técnica domina a base da escala hierárquica, a capacidade administrativa, o topo.” Quanto à função administrativa: “nenhuma das outras cinco funções tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, constituir seu corpo social, coordenar os esforços e harmonizar os atos. Essas atribuições constituem uma função designada, habitualmente, pelo nome de Administração”. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB31 Os Elementos da Administração Como você estudou, a administração é a principal função do gerente, pois imagine uma empresa que tecnicamente é excelente, mas que não consegue gerenciar a sua produção. Seria uma loucura, não é mesmo?!?! Seguindo essa afirmativa, Fayol destacou as funções administrativas ou elementos da administração, como sendo as seguinte: • Previsão – avaliação do futuro e aprovisionamento de acordo com essa avaliação em plano de ação que deve ter unidade, continuidade, flexibilidade e precisão; • Organização – provisão do necessário ao funcionamento da empresa; dividida em organização material e social; • Comando – obtenção do máximo empenho dos funcionários na consecução dos objetivos da empresa; • Coordenação – harmonização das atividades da empresa; • Controle – verificação da conformidade do andamento das ações com o planejamento, instruções e princípios. O diretor, o gerente, o chefe, o supervisor, o encarregado - cada qual em seu nível – devem assim exercer todas as atividades acima para uma boa gestão; essas atividades são chamadas de processo administrativo. Lembrando que, independente do ponto hierárquico onde o funcionário encontra-se, ele sempre fará parte do processo administrativo, entretanto, a medida que se desce na escala hierárquica, mais será aumentada a proporção das outras funções da empresa e, a medida que sobe na escala hierárquica, mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB32 Comando: Autoridade e Responsabilidade Mesmo não tendo preocupado-se, excessivamente, em estudar a previsão, a coordenação e o controle; Fayol foi bastante específico quanto à analise da organização e comando. Quanto organização, ele preocupou-se em estudar os tipos de funcionários que comporiam os quadros da média e baixa administração, além de determinar suas características. E o qual seria o perfil do chefe? No tocante ao comando, Fayol enfatizou o conceito da autoridade como sendo inseparável da responsabilidade. Assim sendo, o elemento que exerça um cargo de chefia deve: • Ter um conhecimento profundo de seu pessoal; • Excluir os incapazes; • Conhecer os contratos de trabalho entre a empresa e seus agentes; • Dar o exemplo; • Fazer inspeções periódicas; • Reunir seus principais colaboradores em conferências, para obter unidade de direção e convergência de esforços; • Não se deixar absorver pelos detalhes; • Incentivar no pessoal a atividade, a iniciativa e o devotamento. Fayol dizia que a “autoridade é o direito de dar ordens e o poder de exigir obediência”. Da mesma forma que a autoridade, a responsabilidade é um dos termos mais mal compreendidos na literatura administrativa. O termo responsabilidade é usado como sentido de dever, de atividade, de atribuição. Diz-se que a responsabilidade é delegada a subordinados, embora, na realidade, o que se delegue seja autoridade. A essência da responsabilidade é a obrigação de utilizar a autoridade para exigir que sejam executadas as tarefas. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB33 Síntese: A Abordagem Clássica A abordagem Clássica da Administração tem origem no ambiente econômico da época da 2ª Revolução Industrial, a partir de meados do século XIX. O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, característica desse período, veio a exigir abordagens estruturadas das questões de administração. Tornava-se imperativo aumentar a eficiência e a competência das organizações, no sentido de obter-se o melhor rendimento possível dos seu recursos e fazer face à concorrência e à competição que se avolumavam entre as empresas. O panorama industrial, no início deste século, tinha todas as características e elementos para poder inspirar uma Ciência da Administração: variedade de empresas, tamanhos diferenciados, problemas de baixo rendimento da maquinaria utilizadas, etc. As soluções basearam-se, normalmente, no princípio de especialização e divisão de trabalho, particularmente entre as funções de planejamento e as operacionais, com grande valorização daquelas. As teorias propostas por Taylor e Fayol deram ênfase à organização formal e à racionalização dos métodos de trabalho. A organização cientifica do trabalho trouxe uma abordagem rígida, que considera o homem quase um acessório da máquina. Na organização fayolista, o ser humano é um elemento da estrutura. A aplicação combinada dos conceitos de ambas levou a indústria a novos níveis de eficiência, porém viria a mostrar-se incapaz de resolver todas as questões organizacionais. Mesmo assim, a contribuição de Fayol foi imensa e poderia talvez ser resumida neste parágrafo: “Até agora, o empirismo tem reinado na administração dos negócios. Cada chefe dirigia à sua maneira, sem se preocupar em saber se há leis Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB34 que regem a matéria. É necessário introduzir o método experimental, como Claude Bernard introduziu na Medicina . Isto é, observar,recolher, classificar e interpretar os fatos. Instituir experiências. Impor regras”. Referência Bibliográfica: BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997. CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São Paulo: McGraw Hill, 1987. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração: Abordagens Prescritivas e Normativas da Administração. São Paulo: Makron Books, 1997. MOTA, Fernando C. Prestes & VASCONCELLOS, Isabella F. Gouveia de. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson, 2002. Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB35 Aula 06 A Teoria das Relações Humanas Objetivos da aula: Nesta aula espera-se que o aluno desenvolva habilidades e competências para: • Estabelecer as condicionantes históricas e sociais do surgimento da Teoria das Relações Humanas; • Descrever a sua evolução; • Expor seus princípios; • Discutir a sua atualidade e aplicabilidade. Introdução: A Escola das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos como conseqüência imediata das conclusões obtidas na Experiência em Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi basicamente um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração. A Escola das Relações Humanas é o grande contraponto às teorias de Taylor e Fayol, por afirmar que o trabalho é uma atividade grupal e que os indivíduos têm motivações não econômicas (psicológicas) para o trabalho. A teoria das Relações Humanas só ganhou expressão após a morte de Taylor, a partir do início da década de 30. A partir da Abordagem Humanística, a Teoria Administrativa sofreu Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB36 uma verdadeira revolução conceitual, transferindo a ênfase do pensamento administrativo dos processos (Taylor) e da estrutura (Fayol) para as pessoas que trabalhavam na organização. Seu surgimento deve-se em grande parte ao desenvolvimento da Psicologia, bem como às modificações ocorridas no panorama social, econômico e político da época, com destaque para o advento da Grande Recessão dos anos 30, que forçou as empresas a redefinirem seus conceitos de produtividade. A Teoria das Relações Humanas surge a partir dos seguintes fatores: • A necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano; • O desenvolvimento da psicologia e da sociologia no início do século XX; • As conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo. A Transição: Follet e Barnard Já a partir do início do século, diversos autores questionaram os conceitos da abordagem clássica de Taylor e Fayol, sendo que os mais expressivos foram Mary Parker Follet e Chester Barnard. Suas obras representam a transição entre a escola Clássica e Científica e a escola das Relações Humanas. Para muitos estudiosos, a visão de Mary Parker Follet (1868-1933) é até mais profunda do que a de Mayo e seus colaboradores. O seu trabalho baseia-se na sua crença em soluções positivas para os conflitos. Para ela, o conflito é algo inerente às relações humanas e representa a diferença que habita a individualidade humana. Cada indivíduo tem Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB37 propósitos, desejos e vontades próprios, que muitas vezes conflitam com os de outros. Assim, também, as organizações têm objetivos que conflitam com os de outras organizações e/ou dos indivíduos que dela fazem parte. O conflito, portanto, é algo do qual não podemos fugir. Podemos, porém, tratá-lo de diversas formas. Podemos buscar soluções de dominação, do tipo um “ganha e outro perde” ou ainda encontrar uma conciliação que adie o confronto. Nestas duas formas de tratar os conflitos, os desejos de pelo menos uma das partes não foram satisfeitos, o que fatalmente fará com que o conflito se manifeste novamente, potencializado. Follet propõe uma terceira solução, a integração. Na integração, o conflito seria resolvido de forma a atender ambas as partes, buscando- se uma solução criativa que não estaria em nenhuma das alternativas em conflito. A solução integrativa, portanto, exigiria criatividade; a busca de uma terceira alternativa que contemplasse o desejo de ambas as partes em conflito. É claro que nem sempre é possível uma solução integrativa, mas na maioria dos casos que resultam em dominação ou conciliação, em tese seria possível uma solução integrativa. Mary Parker Follet e Chester Barnard (1886-1961) compartilham a visão de que a organização é um sistema social e que a produção é um processo cooperativo que depende da participação integrada de seus diferentes componentes. Esta visão da organização como um sistema cooperativo é a base de todo o trabalho de Barnard sobre as funções do executivo. O executivo, para ele, deveria manter o sistema de esforços cooperativos, dando propósito organizacional e convergindo a atenção aos interesses individuais (eficiência) e aos da organização (efetividade). A Teoria das Relações Humanas surgiu do amadurecimento destes questionamentos. Ela foi desenvolvida principalmente por George Elton Mayo, considerado o fundador da escola graças às conclusões Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB38 obtidas na Experiência de Hawthorne. Hawthorne: os Estudos de Elton George Mayo A Western Eletric era uma companhia norte-americana que fabricava equipamentos para empresas telefônicas. A empresa sempre se caracterizara pela preocupação com o bem estar de seus funcionários e por cerca 20 anos não se constatara nenhuma greve ou manifestação. No período entre 1927 e 1932 foram realizadas pesquisas em uma das fábricas da Western Electric Company, localizada em Hawthorne, distrito de Chicago. A fábrica contava com cerca de 40 mil empregados e as experiências realizadas visavam detectar de que modo fatores ambientais - como a iluminação do ambiente de trabalho - influenciavam a produtividade dos trabalhadores. Estas experiências foram coordenadas por Elton Mayo e se estenderam ao estudo da fadiga, dos acidentes no trabalho, da rotação de pessoal e do efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade dos empregados. O principal resultado do experimento de Hawthorne foi seu fracasso inicial. Os pesquisadores não conseguiram provar a existência de qualquer relação simples entre a intensidade de iluminação e o ritmo de produção. Reduzia-se e aumentava-se a iluminação na sala experimental. Esperava-se queda na produção quando as condições eram pioradas; o resultado foi o oposto. A produção na verdade aumentou quase sempre, independente das variáveis ambientais. Os pesquisadores verificaram que os resultados da experiência eram “prejudicados” por variáveis de natureza psicológica. Tentaram eliminar ou neutralizar o fator psicológico, então estranho e impertinente. A experiência prolongou-se até 1932, quando foi suspensa em razão da Evolução do Pensamento Administrativo - UVB Faculdade On-line UVB39 crise dos anos 30. Descrição da Experiência de Hawthorne Os estudos básicos efetuados por Mayo e seu grupo tiveram três fases: - Sala de Provas de Montagem de Relés Teve inicio em 1927 e a sua finalidade era realizar um estudo da fadiga no trabalho e dos efeitos gerados por mudanças de horários ou introdução de intervalos de descanso no período de trabalho. Foram selecionadas para a experiência seis operárias. A ênfase dada pelos pesquisadores estava em se
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