Buscar

Apostila (Unigranrio) Evolução do Pensamento Administrativo - Unidade 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Antecedentes Filosóficos e 
Históricos da Administração
Vania Martins
2Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Sumário
Introdução .................................................................................................... 03
Objetivos ...................................................................................................... 04
Estrutura do Conteúdo ............................................................................... 04
Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Tópico 1: Influência dos Filósofos, das Civilizações e da Ciência ................ 05
Tópico 2: As Consequências da Revolução Industrial .................................. 09
Tópico 3: A Evolução dos Sistemas Produtivos e o Surgimento da
Administração ......................................................................................................... 17
Resumo ...................................................................................................... 24
25Referências Bibliográficas ....................................................................... 
3Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Embora desde os tempos mais remotos diversos líderes, estadistas e empreendedores 
tenham demonstrado habilidades administrativas para conduzir seus negócios, somente 
no século XX a administração se torna uma ciência.
Neste material buscaremos compreender o contexto histórico e filosófico que permitiu 
que a administração, antes limitada ao método da “tentativa e erro” – ao que se podia 
aprender com a própria experiência – se transformasse em um conhecimento sistematizado 
em princípios científicos.
Ao longo do século XX, a administração se difundiu pelos mais diversos tipos de 
organização, transformando-se em um instrumento decisivo para a obtenção de seus 
resultados. 
Estudar as teorias de administração significa acessar um rico conjunto de 
conhecimentos acumulados a respeito do funcionamento das organizações, sendo uma 
importante ferramenta de apoio à reflexão e à prática do administrador nos dias de hoje.
4
Estrutura do Conteúdo
Objetivo
s
Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Ao estudar este conteúdo, você se 
tornará capaz de:
1. Reconhecer as contribuições de al-
guns filósofos para o desenvolvimento 
das ideias administrativas;
2. Compreender as principais transfor-
mações trazidas pela Revolução Indus-
trial na economia e na sociedade;
3. Articular as consequências da Re-
volução Industrial com o surgimento da 
administração.
Para melhor orientar seus estudos, este 
conteúdo está dividido de acordo com os 
seguintes tópicos:
1. Influência dos Filósofos, das Civiliza-
ções e da Ciência
2. As Consequências da Revolução In-
dustrial
3. A Evolução do Sistema Produtivo e o 
Surgimento da administração
5Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
1. Influência dos Filósofos, das Civilizações e 
da Ciência
Vários foram os filósofos cujas ideias influenciaram o pensamento administrativo. 
Segundo Drosdek (2009), os pensadores que desenvolveram as teorias de administração 
“estavam enraizados na história do pensamento ocidental, conheciam a doutrina dos 
filósofos mais importantes e desenvolveram, como primeiro passo, juízos de valor filosófico 
antes de esboçarem suas teorias sobre administração”.
Desse modo, teremos um breve contato com as ideias de alguns filósofos destacados 
por Chiavenato (2003) como influências importantes sobre o pensamento administrativo.
Acesse o Recurso Multimídia e conheça alguns dos filósofos 
que influenciaram o pensamento administrativo.
Conteúdo On-line
Sócrates
(469 a 399 a.C.)
Platão
(429 a 346 a.C.) 
Aristóteles
(384 a.C. 322 a.C.)
Francis Bacon 
(1561-1626) 
Rene Descartes 
(1596-1650) 
Thomas Hobbes 
(1588-1679)
Nicolau Maquiavel 
(1469-1527)
Robert Owen 
(1771-1857)
(Socialista Utópico)
Saint-Simon 
(1760-1825)
(Socialista Utópico)
Charles Fourier 
(1772-1837)
(Socialista Utópico)
Morelly (século XVIII)
(Socialista Utópico)
6Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
A Experiência de Grandes Líderes
Além da influência dos filósofos, cabe destacar, ainda, outros fatores que, segundo 
Maximiano (2004), são também importantes para compreender o desenvolvimento da 
administração. 
Segundo esse autor, a experiência prática é uma das mais importantes fontes de 
conhecimento administrativo, de modo que é possível contar também com um acervo 
de ideias sobre gestão, que é parte de um patrimônio coletivo desenvolvido desde as 
primeiras experiências humanas com as organizações.
 Muitas contribuições teóricas foram construídas a partir do registro da própria 
experiência, como é o caso de Frederick Taylor e Henri Fayol, que não só desenvolveram 
estudos sobre as organizações como também participaram de sua gestão. Até os dias 
atuais, diversos líderes empresariais, empreendedores e outros executivos também 
compartilham suas experiências administrativas com leitores de todo o mundo.
No livro “Sonho Grande”, de Cristiane Correa, você pode 
encontrar um bom material a respeito de três líderes empresariais 
brasileiros bem-sucedidos em seus ramos de negócio. 
 Disponível na seção Leitura Complementar página 25.
Os métodos científicos representam os modos sistemáticos de aquisição e tratamento 
de informações a fim de desenvolver o conhecimento sobre determinado assunto. O uso 
de experimentos, questionários, entrevistas e observações diretas ocorreu em diversos 
momentos do desenvolvimento teórico administrativo. A Teoria das Relações Humanas, 
por exemplo, foi desenvolvida a partir da aplicação de vários desses métodos em um 
experimento realizado na fábrica da Western Eletric Company, na década de 1920.
7Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
O Intercâmbio com Outras Ciências
Junto à aplicação de métodos científicos, a administração utilizou 
também conhecimentos provenientes de diversas ciências – como 
a sociologia, a psicologia, a antropologia, a física, a matemática 
e a cibernética, dentre outras – aplicando-os à realidade das 
organizações para tentar resolver os problemas administrativos. 
O Patrimônio Cultural
Segundo Maximiano (2004) e Chiavenato (2003), as mais antigas civilizações humanas 
também deixaram diversos ensinamentos sobre a administração de negócios públicos e 
privados.
Os sumérios (3.000 a.C.) desenvolveram a administração pública, organizando uma 
complexa estrutura de funcionários por meio de mecanismos burocráticos, como anotações 
em arquivos (na época, em placas de argila), que registravam recebimento, armazenagem 
e desembolso de todos os produtos comerciados.
As pirâmides do Egito e a Grande Muralha da China são exemplos de empreendimentos 
de grande magnitude, que demandaram uma série de soluções administrativas para 
organizar a mão de obra e a distribuição de recursos. Questões de planejamento, 
organização e controle foram fundamentais para o funcionamento desses sistemas que, 
até os dias de hoje, nos parecem tão complexos.
8Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
No Egito, por volta de 3.100 (a. C.), as frequentes inundações do Nilo foram enfrentadas 
com estratégias engenhosas baseadas em um planejamento de longo prazo. O império 
romano, existente entre 27 a.C. e 476 d.C., demonstrou grande capacidade de coordenação, 
com base em uma estrutura militar e governamental bastante organizada. A organização 
do trabalho agrícola, por exemplo, contava com inspeção, registros e relatórios sobre as 
tarefas e os produtos comercializados. 
De forma semelhante, o êxodo dos Hebreus, liderado por Moisés entre 1270 a 1220 
a.C., também se baseou em uma grande capacidade de seleção, controle e organização 
de pessoas.
Da civilização chinesa, diversos ensinamentos úteis puderam ser 
extraídos. O general Sun-Tzu (século IV a.C.) escreveu A Arte da 
Guerra, considerado um dos mais importantestratados da história 
sobre estratégia militar. Alguns de seus ensinamentos a respeito de 
planejamento e comando foram adaptados para a administração 
das empresas. Confúcio (século VI a.C.), outro filósofo chinês, 
destacou que a importância das pessoas deveria basear-se no 
mérito. A excelência moral, segundo o filósofo, deveria ser o critério 
de escolha dos líderes e não o berço.
Outras contribuições importantes, segundo Chiavenato 
(2003), vieram de modelos milenares de organização, construídos 
nas instituições militares e religiosas. Desse modo, algumas 
características do sistema hierárquico utilizado na Igreja Católica foram incorporadas 
pelas demais organizações, assim como princípios relativos à unidade de comando (cada 
subordinado só pode ter um superior) e à clareza de direção (cada um sabe exatamente 
qual é sua missão e como executá-la) foram extraídos das organizações militares, que 
também representaram uma rica fonte para os estudos sobre estratégia.
9Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
2. As Consequências da Revolução Industrial
Segundo Motta e Vasconcelos (2006), o surgimento da administração como ciência 
esteve ligado ao processo de modernização da sociedade, com a consolidação do sistema 
econômico capitalista e a gradativa substituição das formas tradicionais de autoridade 
pelas formas racionais-legais. 
A partir da Revolução Industrial, as organizações formais se consolidam como 
principais responsáveis pelas atividades econômicas e sociais, tornando-se fundamentais 
para a produção dos bens e serviços necessários à vida humana em sociedade.
Os estados modernos, por sua vez, passam a se sustentar em uma estrutura legal que 
se mostra bem mais adequada às atividades econômicas capitalistas. Essas atividades 
são principalmente baseadas em uma racionalidade calculada, que auxilia os indivíduos a 
medir os riscos ao investir seu capital em determinado negócio. Por isso, a continuidade e a 
estabilidade das regras, bem como a delimitação dos poderes, inclusive dos governantes, 
pelas normas, garantem um ambiente favorável para as atividades econômicas que exigem 
investimentos de longo prazo.
Portanto, para compreendermos melhor o processo de modernização da sociedade, 
iremos começar pelas transformações históricas que levaram ao fim da sociedade 
tradicional feudal e deram origem à moderna sociedade industrial capitalista, com destaque 
para a Revolução Industrial.
10Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Como se Organizava a Sociedade Feudal?
A tradicional sociedade feudal, de acordo com Huberman (1976), era organizada em 
torno da agricultura e do controle da terra. A estrutura do feudalismo dividia a sociedade 
em estamentos — camadas sociais rígidas, onde não existia praticamente nenhuma 
mobilidade social. 
A riqueza produzida nas atividades agrícolas era bastante improdutiva. O clero e a 
nobreza, estamentos superiores da sociedade, acumulavam grandes fortunas, porém 
tinham poucas oportunidades de negócio para investi-la. Os feudos eram autossuficientes 
e as atividades comerciais estavam limitadas pela ausência de um sistema monetário 
unificado e de uma infraestrutura de transportes e distribuição.
Porém, uma série de mudanças históricas gradativamente dissolvem esse sistema, 
dando lugar a uma nova ordem econômica e social. Dentre as principais transformações, 
podemos destacar as seguintes:
11Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
O crescimento das atividades 
comerciais, a partir do desenvolvimento 
das feiras de produtos e das evoluções 
tecnológicas no transporte. As cidades 
começaram a se organizar em torno 
desses pequenos centros comerciais, 
dando origem aos grandes centros 
urbanos e favorecendo o surgimento 
de uma nova camada social, composta 
de mercadores que mais tarde seriam 
chamados de burgueses.
A evolução do pensamento 
intelectual e científico, especialmente 
a partir do Iluminismo (século XVIII), 
que passa a questionar tanto o poder 
ilimitado dos reis quanto o domínio da 
Igreja sobre a política e o pensamento. A 
defesa da visão racional do mundo, feita 
pelo Iluminismo, foi muito importante 
para a criação de condições para uma 
abordagem científica da realidade social.
As transformações políticas — como 
a Revolução Francesa de 1789 — que 
derrubaram as monarquias absolutistas 
e colocaram no poder a classe detentora 
do capital aplicado no desenvolvimento 
das indústrias.
Cidade Medieval
 Voltaire. Se empenhou na defesa da 
liberdade civil, religiosa e livre comércio.
Revolução Francesa
12Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Mas foi a Revolução Industrial, a partir do século XVIII, o grande fator que alterou 
profundamente o panorama econômico, social e cultural da Europa, inaugurando a 
produção fabril em larga escala, com base na utilização crescente de máquinas.
Segundo Henderson (1979), a Revolução Industrial teve basicamente duas fases, 
marcadas principalmente a partir da evolução das tecnologias: 
Primeira Revolução Industrial (1780 a 
1860) – representou a fase de transição das 
oficinas para as fábricas e da empresa individual 
para a companhia por ações. Com a utilização 
da energia a vapor, do carvão e do ferro, bem 
como a invenção do telégrafo, houve 
um grande desenvolvimento nos 
transportes e nas comunicações, 
além de um grande salto de 
produtividade para a indústria, 
com destaque para o setor têxtil.
Segunda Revolução Industrial (1860 a 1914) — entram em cena o aço, o petróleo, a 
eletricidade e o motor de combustão, marcando a ascensão da indústria automobilística. 
Uma nova fase no desenvolvimento das comunicações tem início, com o advento do 
telefone, do rádio e da televisão. Houve a difusão definitiva do sistema fabril por toda a 
Europa e também nos Estados Unidos. É, nesse momento, que aparecem as grandes 
firmas monopolistas e a administração ganha um grande impulso para se estabelecer 
como a ciência das organizações.
13Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Os Inovadores Têxteis
“As máquinas britânicas que mais impressionaram os 
contemporâneos foram as que estimularam a expansão da indústria 
algodoeira. Em 1840, uma fábrica de algodão, empregando 750 
operários e usando uma máquina a vapor de 100 h.p. podia 
produzir tanto fio quanto duzentos mil operários que usassem 
fiadeiras manuais. Uma máquina de estampar tecido de algodão dirigida por um único 
homem podia produzir tantos metros de estampado por hora quanto duzentos homens 
produziam imprimindo à mão. Tais máquinas não só aumentavam a produção em 
relação ao número de operários empregados como também proporcionavam reduções 
substanciais de preços: o fio do algodão custava apenas dois xelins por libra em 1832, 
contra os 38 xelins por libra em 1786 (...). Invenções como essas proclamaram o fim do 
sistema doméstico tradicional da manufatura e introdução do sistema fabril.”
HENDERSON, William. A Revolução Industrial. São Paulo: Verbo, 1979.
Contudo, os avanços da sociedade industrial não ocorreram sem problemas. Aliás, 
é importante saber que os problemas sociais se agravaram muito nas primeiras fases da 
Revolução Industrial. As condições de trabalho nas fábricas eram péssimas. O parcelamento 
das tarefas no novo sistema fabril distanciava totalmente o operário do produto final de 
seu trabalho. As leis de proteção ao trabalhador eram precárias e, em muitos casos, 
inexistentes, permitindo altos níveis de exploração. A rotina básica do operário consistia em 
longas jornadas de trabalho em troca de salários baixíssimos, não sendo rara a utilização 
de crianças sob as mesmas condições. 
Por outro lado, por causa dos problemas sociais, as cidades cresciam de modo 
desordenado, sem estrutura adequada para atender às grandes levas de imigrantes 
vindos do campo. Em resumo: a grande massa da população não desfrutava de nenhuma 
qualidade de vida, nem de trabalho, a despeito de toda a riqueza gerada a partir de seu 
própriotrabalho.
Você pode imaginar como os trabalhadores reagiram a essa situação?
As revoltas operárias começam a ocorrer, primeiramente direcionadas contra as 
máquinas, depois, organizadas em associações e, posteriormente, em sindicatos.
14Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
A evolução da organização dos trabalhadores foi um fator bastante importante 
na melhoria de suas condições de vida. Por meio dos sindicatos, os trabalhadores se 
organizaram como um grupo consciente na defesa de seus interesses e adquiriram 
importância política, estimulando avanços na legislação trabalhista e social.
Porém, o movimento não se limitou a lutar 
pela melhoria imediata da condição de vida 
operária e, inspirado pela ideologia socialista, 
começou a visualizar mudanças mais profundas 
na sociedade.
O principal nome da corrente socialista 
foi o filósofo e sociólogo alemão Karl Marx 
(1818-1883), criador do socialismo científico, 
assim chamado para marcar a diferença 
com os socialistas utópicos, que não 
apresentaram propostas concretas para 
superar o capitalismo.
“Proletários do mundo todo, 
uni-vos!” Essa é uma das citações 
mais famosas de Marx em seu livro 
“Manifesto Comunista”, de 1848, 
conclamando os operários para a 
revolução contra o capitalismo.
Karl Marx
Para os socialistas, o capitalismo era considerado um sistema injusto, no qual os 
trabalhadores, principais geradores da riqueza social, ficavam com a menor parte dessas 
riquezas, enquanto aqueles que se apropriavam da maior parte dela, acumulando a 
chamada mais-valia, nada faziam pelo bem-estar da sociedade.
15Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
O principal alvo da crítica socialista foi a propriedade privada dos meios de produção 
— máquinas, equipamentos, terras, minas etc. — considerada a fonte da dominação dos 
capitalistas sobre os trabalhadores. Desse modo, os socialistas pregavam a revolução 
da sociedade pela classe trabalhadora, abolindo a propriedade privada e derrubando os 
governos que representavam a classe capitalista. 
Segundo a ideologia socialista, após a revolução, o Estado proletário (isto é, o governo 
dos operários) seria o principal meio de administrar a sociedade e as organizações até a 
chegada da fase mais evoluída em termos de igualdade social, na qual o próprio Estado 
não seria mais necessário. O Estado, para Marx, é uma forma de uma classe dominar as 
outras. Logo, se não existissem diferenças sociais, não deveria mais existir o Estado e a 
sociedade se organizaria de modo livre. A essa fase de desenvolvimento Marx chamou de 
comunismo. 
Por outro lado, a classe burguesa industrial encontrou na ideologia do liberalismo uma 
visão de mundo que muito lhe agradou.
Os liberais, em primeiro lugar, eram radicalmente contra as políticas de assistência 
aos pobres, pois as consideravam “um modo de alimentar vadios que preferiam viver às 
custas dos vizinhos industriosos.” (HUNT; SHERMAN, 1997). 
Como você pode perceber, o liberalismo seguia a filosofia individualista, segundo a 
qual o indivíduo e suas liberdades deveriam ter prioridade sobre a coletividade. O mercado 
deveria ser um espaço de livre competição entre os indivíduos que, mesmo buscando 
interesses egoístas, acabariam promovendo o bem comum. 
Segundo essa lógica, os empresários, motivados pelo interesse egoísta de obter mais 
lucros, concorreriam entre si para atrair mais consumidores e acabariam melhorando a 
qualidade de seus produtos, buscando formas de reduzir os custos de produção. Como 
resultado, surgiriam produtos melhores e mais baratos para os consumidores. Por outro 
lado, quanto mais acessíveis os preços dos produtos, maior seria o volume de compras e 
os lucros dos empresários, desencadeando, assim, um círculo de relações benéficas que 
promoveria o progresso econômico contínuo.
Esse é o mecanismo que os liberais chamavam de “mão 
invisível do mercado”, que traria o equilíbrio entre os diferentes 
interesses econômicos.
Importante
16Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
A ideia de que os interesses das diferentes classes sociais podem ser perfeitamente 
harmonizados aparece diversas vezes nas teorias da administração, como veremos.
Mas para que esse mecanismo funcionasse perfeitamente, seria necessário que o 
mercado estivesse livre das restrições impostas pelos governos, devendo contar apenas 
com o “jogo da oferta e da procura”, que por si só harmoniza as ações econômicas. 
Nenhuma autoridade ou lei, portanto, deveria determinar as regras de mercado além do 
mínimo necessário para ordenar as relações econômicas e proteger o direito natural do 
indivíduo à propriedade. 
Adam Smith (1723-1790) foi o principal representante do 
liberalismo. Criticou duramente o Estado, a quem considerava 
corrupto, autoritário e incompetente para conduzir os 
negócios na sociedade. Defendia, assim, o predomínio do 
livre mercado sobre o controle estatal da economia. Adam 
Smith também contribuiu para o desenvolvimento da divisão 
e da racionalização do trabalho. Para esse autor, a riqueza 
das nações originava-se de uma eficiente divisão do trabalho, 
com a especialização do trabalhador em uma única tarefa.
Ideias básicas 
do liberalismo
Contra políticas públicas 
assistencialistas.
A favor da livre competição 
no mercado.
Ideias básicas 
do socialismo
Critica à exploração do trabalho.
Defende a revolução operária 
e o fim do capitalismo
17Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Como você pode ver, os campos de oposição estavam fortemente marcados na 
sociedade industrial do século XIX: a burguesia industrial capitalista lucrava muito com 
o aumento da produção, enquanto os operários eram explorados, trabalhando e vivendo 
em condições degradantes. Cada uma dessas classes se aproximou de uma ideologia 
que defendia seus interesses. Desse modo, o liberalismo e o socialismo se tornaram as 
principais ideologias em conflito nesse cenário.
Como você vai perceber ao longo deste material, a Revolução Industrial também 
provocou grandes transformações nos sistemas produtivos, gerando a demanda por 
conhecimentos administrativos que pudessem manter sob controle esses novos sistemas.
Vamos entender melhor como aconteceu essa evolução?
3. A Evolução dos Sistemas Produtivos e o 
Surgimento da Administração
Segundo Huberman (1976), uma 
das formas mais antigas de organização 
da produção é representada pelas 
oficinas artesanais independentes. 
Nesse sistema, que começa a declinar 
no século XVII, a produção é realizada 
pelo mestre, ajudado por aprendizes, 
geralmente de seu núcleo familiar. A 
produção é doméstica, feita na casa do 
mestre artesão e está voltada para suprir 
as necessidades de sua comunidade 
próxima. Todos os bens e todo o 
conhecimento técnico pertencem aos artesãos, que organizavam o sistema produtivo. 
É dentro desse sistema que padeiros, ourives, carpinteiros e tecelões, dentre outros 
profissionais, viviam, produziam e abasteciam o comércio local, sempre com base em 
sua reputação profissional. Todos os artesãos que trabalhavam em um mesmo ofício na 
cidade estavam reunidos em uma mesma corporação, que protegia o bem-estar de seus 
membros e garantia o controle comercial da região, procurando impedir qualquer ameaça 
de concorrência externa.
18Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Segundo Motta e Vasconcelos (2006), o termo “espírito 
corporativista”, usado atualmente para se referir à solidariedade 
e ao excesso de protecionismo entre os membros de uma 
mesma organização, origina-se dessas corporações de ofício.
Importante
Com o desenvolvimento das cidades e o aumento do consumo, esse tipo de produção 
tornou-se incapaz de atender às demandas, obrigando os artesãos a vincular suas 
atividades a um emergente grupo de comerciantes, com grande poder financeiro, que 
fornecia a matéria-prima e vendia os produtos acabados em outros mercados. Segundo 
Motta e Vasconcelos (2006), essa burguesia mercantil contou com um importanteapoio 
político central, representado pelos reis absolutistas, cujo poder centralizado permitiu 
combater as forças regionais (inclusive as corporações de ofício) e facilitou a criação 
de sistemas legais e financeiros de nível nacional — mecanismos indispensáveis para o 
desenvolvimento do capitalismo.
 Assim, no século XVII, tem origem o sistema de produção domiciliar, no qual os 
produtores ainda possuíam as ferramentas e o conhecimento necessários à produção, 
decidindo sobre a forma de realizar o trabalho, porém os mercadores determinavam as 
metas de produção (PARK, 1997).
Como você pode imaginar, isso criava uma série de problemas para os mercadores 
garantirem a produção desejada, e eles logo perceberam que precisavam ter o sistema 
de produção sob seu controle. Para isso, era necessário retirar a produção do ambiente 
doméstico e colocá-la em um ambiente onde fosse possível a imposição de regras e de 
vigilância. Assim, as fábricas vão se tornando o ambiente produtivo dominante no sistema 
capitalista.
19Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Segundo Park (1997), a introdução de máquinas cada vez mais complexas na atividade 
produtiva também torna necessária a transferência do ambiente de produção, que deixa, 
então, de ser domiciliar para se concentrar nas fábricas. Os artesãos vão gradativamente 
deixando as atividades em suas oficinas para se transformarem em operários, dentro de 
um sistema onde todos os meios de produzir e todas as decisões sobre a produção estão 
sob o controle dos capitalistas. 
Com seu poder econômico fortalecido, a classe capitalista irá se opor à centralização 
do poder político e ao excesso de intervenção dos reis absolutos na vida econômica. É 
nesse momento que a ideologia liberal ganha força até se tornar a forma dominante de 
pensamento no sistema capitalista.
Acesse o Recurso Multimídia e veja o infográfico com um 
resumo da evolução dos sistemas produtivos, da época 
artesanal à industrial.
Conteúdo On-line
E o que Acontecia no Campo?
Não podemos esquecer também das mudanças que ocorrem no campo ao longo da 
Revolução Industrial. As atividades agrícolas gradativamente foram sendo reorganizadas 
por meio dos cercamentos, que obrigavam a substituição de grande parte da produção 
de alimentos pela produção de lã para abastecer as fábricas nascentes. A evolução da 
tecnologia, levando à mecanização das atividades no campo, também contribui para esse 
processo. Diversos inventos passaram a auxiliar e, em muitos casos, substituir o trabalho 
humano.
Desse modo, segundo Huberman (1976), camponeses expulsos das plantações 
vão engrossar as fileiras operárias nas cidades, junto com trabalhadores artesanais que 
perdiam a concorrência com a produção baseada em máquinas.
Veja, a seguir, um infográfico representando quais foram essas mudanças.
20Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
21Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Agora é Hora de Entender como Surge a Gestão Profissional nas Fábricas
De volta ao sistema fabril de produção, podemos perceber que ele combina dois fatores 
muito importantes para garantir o melhor desempenho dos trabalhadores: a utilização das 
máquinas e a possibilidade de supervisão das tarefas que, aliás, se dava de modo rígido 
e autoritário, na tentativa de impor à força uma nova disciplina de trabalho (PARK, 1997).
Você pode imaginar que tipo de problema existiu na adaptação dos operários ao 
ambiente de trabalho fabril? O ritmo de trabalho passou a ser determinado pelas máquinas, 
a disciplina de horários era muito rígida, fixando o início, os intervalos e o término da 
jornada de trabalho. A consciência quanto à necessidade de treinamento dos operários 
era ainda muito fraca, sendo frequentes os acidentes de trabalho, sobretudo no manuseio 
das máquinas. Vários problemas se manifestaram nesse cenário, como o absenteísmo, a 
rotatividade, a embriaguez no ambiente de trabalho e as atitudes de revolta por parte dos 
operários. As máquinas não ajudaram em nada a superar esses problemas.
Estavam faltando princípios básicos de gestão, não é mesmo? 
A verdade é que, durante dois séculos de industrialização, a preocupação com a 
eficiência da gestão permaneceu muito rudimentar. Os capitalistas pareciam apostar muito 
mais na tecnologia como a grande ferramenta para aumentar a produtividade e ampliar 
seus lucros. 
De fato, a evolução tecnológica melhorou muito a capacidade humana de produzir. 
Porém, passado esse impacto inicial, foi possível perceber que o trabalho ainda não 
estava organizado para acompanhar essa evolução. Então, os empresários passaram a se 
interessar por técnicas mais eficientes de gestão, de modo a enfrentar melhor os conflitos 
que surgiam no ambiente da fábrica, garantindo, assim, a lucratividade de seu negócio. 
Ainda no final do século XIX, 
surgem os pioneiros da racionalização 
do trabalho. James Montgomery (1771-
1854) apresentou os primeiros estudos 
sobre redução de custos de produção 
e prevenção de acidentes de trabalho. 
Douglas McCallum (1815-1878) foi um 
dos primeiros a projetar organogramas 
para as empresas.
22Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Charles Babbage (1791-1871), inventor inglês, 
estudou o tempo de produção de grampos metálicos, 
destacando a importância de se conhecer com exatidão 
os custos implicados em cada processo de trabalho. 
Charles Babbage também desenvolveu máquinas 
capazes de fazer cálculos aritméticos complexos e de 
armazenar números, sendo reconhecido hoje como um 
cientista pioneiro da computação.
A partir de então, os conhecimentos sobre como 
administrar começam a ser sistematizados na forma de 
teorias, como ocorreu na Administração Científica de 
Frederick Taylor e na Teoria Clássica de Henri Fayol, 
responsáveis por apresentar ao mundo industrial os 
métodos fundamentais de administração.
Esse conjunto de conhecimentos passa a ser cada vez mais requerido daqueles 
que assumem posições de comando nas organizações. A era dos grandes “capitães de 
indústria”, que construíram impérios com grandes doses de ousadia e empreendedorismo, 
dá lugar às grandes companhias, cada vez mais racionalizadas pelos métodos aplicados 
pelos “gestores profissionais”.
Charles Babbage
Segundo Chiavenato (2003), até 1850 as empresas 
não tinham um porte que exigisse técnicas sofisticadas de 
administração. Em geral, eram negócios de família, nos quais 
os próprios parentes cuidavam das principais necessidades 
administrativas. 
Importante
Na segunda metade do século XIX, quando tem início a Segunda Revolução 
Industrial, o panorama das empresas se modifica com o surgimento de grandes 
empreendimentos, liderados por figuras como John Rockfeller (1839-1937), fundador 
da Standard Oil, Andrew Carnegie (1835-1919), que dominou o mercado do aço 
(desbancando os britânicos), Cornelius Vanderbilt (1794-1877), magnata das ferrovias 
e Philip Armour (1832-1901) e Gustavus Swift (1839-1903), que lançaram os produtos 
em conserva.
23Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Favorecidas pela fraca regulação econômica por parte do governo americano, 
muitas dessas empresas adquiriram fornecedores e distribuidores, praticando a 
chamada integração vertical e passando a dominar toda a cadeia produtiva por meio 
de conglomerados de empresas que controlavam desde o fornecimento da matéria-
prima até a venda dos produtos aos varejistas ou ao consumidor final. Empresas como 
Westinghouse, General Eletric, Cargill e American Bell Telephone e J.P. Morgan & Co. 
surgiram nesse período.
Com verdadeiros impérios sendo criados, a estrutura familiar de comando tornou-se 
insuficiente para controlar todos os negócios, gerando a necessidade do administrador 
profissional, com suas técnicas de engenharia, produção, vendas e finanças, reduzir 
custos e aumentar a eficiência desses grandes negócios.
Afinal, o volume de capital, agora envolvido nesses grandes conglomerados de 
empresas, não poderia maisficar sob o risco de uma gestão primitiva e inadequada. 
Uma boa administração, mais do que nunca, começava a fazer diferença.
Acesse o Recurso Multimídia e assista ao documentário 
Gigantes da Indústria, que narra o surgimento desses grandes 
empreendimentos do século XIX.
Conteúdo On-line
A seguir, você poderá localizar em cada década as teorias de administração que serão 
estudas em nosso material:
Teoria dos Sistemas
Teoria Neoclássica
Teoria 
Comportamental
Teoria
Estruturalista
Teoria das 
Relações 
Humanas
Teoria 
Clássica
Teoria 
Científica
Teoria da 
Burocracia
1900 1910 1930 1940 1950
24Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
Acompanhamos as principais contribuições dos filósofos para o desenvolvimento das 
teorias de administração. Dos filósofos gregos aos modernos, destacamos aqueles cujos 
ensinamentos são discutidos até os dias de hoje no ambiente das empresas.
Procuramos entender, também, como a experiência acumulada pelas mais antigas 
civilizações do mundo, bem como por instituições milenares, deixou à humanidade uma 
série de princípios que, mais tarde, foram adaptados e desenvolvidos por aqueles que se 
dedicaram a solucionar os principais problemas das organizações.
O suporte dado pelos conhecimentos científicos desenvolvidos em diversas áreas 
também foi um importante tópico deste conteúdo, em que procuramos mostrar que os 
métodos desenvolvidos pela ciência foram indispensáveis para a coleta e o tratamento das 
informações que fundamentam as teorias.
Por fim, investigamos as principais consequências da Revolução Industrial, buscando 
entender como as mudanças provocadas na sociedade e, especialmente nos sistemas 
produtivos, impulsionaram o surgimento da administração como um campo particular de 
conhecimentos aplicados por gestores profissionais.
25Antecedentes Filosóficos e Históricos da Administração
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 7. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2003.
DROSDEK, Andreas. Sócrates: O poder do não-saber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. 
HENDERSON, William. A Revolução Industrial. São Paulo: Verbo, 1979.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da escola cientifica 
à competitividade em economia globalizada. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MOTTA, Fernando Prestes; VASCONCELOS, Eduardo. Teoria Geral da Administração. 
Rio de Janeiro: Thomson, 2006.
PARK, Kil Hyang (coord.). Introdução ao estudo da administração. São Paulo: Pioneira, 
1997.

Outros materiais