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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – UFRR CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL SOLON ARAUJO BOTO ESTUDO DOS ASPECTOS DE SEGURANÇA VIÁRIA DO TRECHO RURAL DA BR 401 BOA VISTA – RR 2016 1 SOLON ARAUJO BOTO ESTUDO DOS ASPECOS DE SEGURANÇA VIÁRIA DO TRECHO RURAL DA BR 401 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito para a Conclusão do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Roraima. Orientador: Prof. Msc. Alex Bortolon de Matos BOA VISTA – RR 2016 2 SOLON ARAUJO BOTO ESTUDO DOS ASPECOS DE SEGURANÇA VIÁRIA DO TRECHO RURAL DA BR 401 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito para conclusão do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Roraima. Defendido em 26 de fevereiro de 2016 e avaliado pela seguinte banca examinadora. ____________________________________ Prof. Prof. MSc. Alex Bortolon de Matos Orientador / Curso de Engenharia Civil - UFRR _____________________________________ Prof. MSc. João Bosco Pereira Duarte – Examinador Interno Curso de Engenharia Civil - UFRR ______________________________________ Engenheiro Civil Emanuel Cristian Tischer– Examinador Interno Pró-Reitoria de Infraestrutura - UFRR 3 “Se enxerguei mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes” Isaac Newton 4 AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Roraima – UFRR, pela oportunidade de poder fazer parte do curso de Engenharia Civil em uma instituição com infraestrutura adequada ao ensino e apta a formar profissionais de excelência. Ao Departamento de Engenharia Civil e a todos os professores que formam o seu quadro e se dedicam de forma intensa à qualificação técnica e ética dos futuros engenheiros formados por essa instituição, em especial ao Professor Msc. Alex Bortolon Matos, meu orientador nesta produção científica e que aceitou prontamente o pedido de auxiliar um projeto de conclusão de curso, e ao professor Dr. Rosinaldo do Rio Medeiros, que deu as diretrizes originais do projeto, mesmo não podendo me acompanhar durante toda execução do trabalho. Aos meus pais, senhor Francisco das Chagas de Brito Bôto e senhora Maria do Socorro Melo Araújo, por me fornecerem todo o direcionamento que necessitei. Aos meus irmãos Francisco Samir Araújo Bôto e Sávio Araújo Bôto, pelo apoio e amizade desde os primeiros momentos de vida. À Andréia Nascimento da Conceição Boto, minha amada esposa e companheira que esteve ao meu lado, prestando apoio e orientações, durante toda execução desta pesquisa. 5 RESUMO Este trabalho propõe o estudo da segurança viária na BR 401, que liga a capital de Roraima, Boa Vista, com a cidade de Bonfim, ao norte do estado, tendo o seu foco a avaliação das sinalizações, acostamentos e conservação do pavimento. Sendo que para reduzir o número de acidentes em rodovias rurais, são realizados grandes investimentos e criados mecanismos que aumentam a segurança dos usuários, significando assim uma importante preocupação para o estado de Roraima. O objetivo principal desta pesquisa é a análise das diferenças entre o que é normatizado pelos órgãos fiscalizadores e o a atual situação na rodovia em estudo. As coletas dos dados foram realizadas no percurso da BR 401, tendo como início da área de estudo a cabeceira leste da ponte dos Macuxi e como ponto final a entrada da cidade de Bonfim. A partir das informações obtidas das tabelas e mapas confeccionados com os dados obtidos em campo, foi possível observar que existem inconsistências na execução da sinalização, que ferem os princípios da legalidade, padronização, clareza confiabilidade, legibilidade e conservação, elencados pelo Manual de Sinalização do Trânsito do CONTRAN, além de serem encontrados trechos com ausência de qualquer tipo de sinalização. Este trabalho visa contribuir com a pesquisa em segurança viária no estado de Roraima e auxiliar projetos de rodovias mais seguras para os usuários. Palavras-chave: Segurança viária, Sinalização, Rodovia rural. 6 ABSTRACT This paper proposes study of road security from BR 401, which connects the capital of Roraima, Boa Vista, with the city of Bonfim, on the north of the state, having focus on signalization, coasting and conservation of the pavement evaluations. In view to reduce numbers of accidents in rural roadways, there are made huge investments and created mechanism that raise the security from users, therefore one important concern to Roraima’s state. This paper main objective is to analyze the difference between what is ruled by supervisory organs and what was executed in the roadway in study. The data collect were realized on route from BR 401, having its beginning of studied area the headboard east from Macuxi’s Bridge and its final spot the entrance of Bonfim’s city. From information based on schedules and maps made by data obtained in field was possible to observe that have inconsistence on signalization execution that hurts the legality’s principle, standardization, clarity, reliability, readability and conservation, listed for The Traffic Signalization Manual of CONTRAN, and also were found absence stretches of any kind of signalization. This paper main to contribute with road safety research on the state of Roraima and assist to having more security to users. Work-keys: Road security, Signalization, Rural roadway. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa rodoviário do estado de Roraima ........................................................... 15 Figura 2 - Categoria dos sinais - Formas e cores ............................................................ 24 Figura 3 - Localização da Área de estudo ......................................................................... 27 Figura 4 - Obtenção das medidas de acordo com o DNIT ............................................. 29 Figura 5 - Localização das placas analisadas .................................................................. 31 Figura 6 - Posicionamento transversal - Recomendação Padrão ................................. 32 Figura 7 - Placa de indicação - desacordo com o princípio da legibilidade ................. 33 Figura 8 - Posicionamento dos sinais de regulamentação - Pista sem acostamento 34 Figura 9 - Placa de sinalização encoberta por vegetação .............................................. 36 Figura 10 - Placa de regulamentação danificada ............................................................. 36 Figura 11 - Posicionamento transversal - Pista sem acostamento. .............................. 38 Figura 12 - Placa de advertência encoberta por vegetação. .......................................... 40 Figura 13 - Placa de regulamentação em desacordo com o princípio da legalidade. 41 Figura 14 - Placa A-35 Animais ........................................................................................... 41 Figura 15 - Largura da Linha de Bordo .............................................................................. 43 Figura 16 - Distancia da Linha de Bordo eda barreira física, inferior a 0,50 metros . 44 Figura 17 - Dimensões recomendadas para as Linhas de Fluxo Oposto .................... 44 Figura 18 - Medição das Linhas de Fluxo Oposto ............................................................ 45 Figura 19 - Linhas de Fluxo Oposto, cadenciada e contínua. ........................................ 46 Figura 20 - Trechos com sinalização ausente e em reforma ......................................... 47 Figura 21 - Trecho inicial da rodovia, sem acostamento e com laterais em declive . 48 Figura 22 - Início da manutenção do pavimento .............................................................. 49 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Largura de acostamento recomendada pelo DNER ...................................... 25 Tabela 2 - Comparativo entre o realizado em campo e o normativo do DNIT placas de indicação. ........................................................................................................................... 32 Tabela 3 - Comparativo entre as medidas encontradas em campo e o normatizado pelo DNIT, placas de regulamentação. .............................................................................. 34 Tabela 4 - Comparativo entre as medidas encontradas em campo e o normatizado pelo DNIT, placas de advertência. ...................................................................................... 38 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 10 2 OBJETIVOS .............................................................................................................................. 11 2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 11 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 11 3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 12 4 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................... 13 4.1 ORIGEM DO SISTEMA RODOVIÁRIO BRASILEIRO. ......................................................... 13 4.2 HISTÓRICO DA RODOVIA BR 401/RR BOA VISTA-LETHEM........................................... 14 4.3 PROJETO DE RODOVIAS: UM CONTEXTO NA SEGURANÇA VIÁRIA ......................... 16 4.4 FLEXIBILIDADE NOS CRITÉRIOS DE PROJETO ............................................................... 17 4.5 OS COMPONENTES DOS ACIDENTES VIÁRIOS ............................................................... 17 4.6 O GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA VIÁRIA ................................................................. 19 4.7 O PROJETO DE SINALIZAÇÃO VIÁRIA ................................................................................ 20 4.7.1 Sinalização Horizontal ............................................................................................ 21 4.7.2 Sinalização Vertical .................................................................................................. 23 4.7.3 Acostamento.............................................................................................................. 25 4.7.4 Pavimentação ............................................................................................................ 26 5 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 27 5.1 ÁREA DE ESTUDO..................................................................................................................... 27 5.2 METODOLOGIA .......................................................................................................................... 28 6 RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................................................. 30 6.1 SINALIZAÇÃO VERTICAl .......................................................................................................... 30 6.2 SINALIZAÇÃO HORIZONTAL ................................................................................................... 42 6.3 ACOSTAMENTO ......................................................................................................................... 48 6.4 CONSERVAÇÃO DO PAVIMENTO ......................................................................................... 48 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 50 8 REFERENCIAS ........................................................................................................................ 51 10 1 INTRODUÇÃO O constante aumento da frota brasileira de veículos automotores proporcionou maior fluxo de pessoas e mercadorias em todo território nacional e incentivou de forma constante a indústria automobilística. Do mesmo modo, a malha de rodovias foi implantada para que houvessem condições de uso desse transporte e ocorressem maiores integrações em todo o território nacional. Como consequência, do aumento de frota e dessa integração, houve o modal rodoviário aumentasse paralelamente com os problemas de segurança viária, nos quais os acidentes de trânsito estão incluídos, e são causas das grandes preocupações em âmbito mundial (DENATRAN, 2004). Observando o sistema viário brasileiro é fácil perceber a necessidade de estudos e investimentos em infraestrutura e desenvolvimento, visto que é de fundamental importância garantir a segurança aos usuários com o objetivo de reduzir taxas de acidentes e os custos que estes acarretam. Os investimentos realizados em engenharia de segurança viária tendem a ser mais vantajosos do que campanhas publicitárias ou propagandas de educação no trânsito, pois os resultados, além de imediatos e duradouros, não dependem de alocação contínua de recursos (GOLD, 1995). Dessa forma, constantes gastos com publicidade e campanhas de educação no trânsito podem ser diminuídos com o planejamento e adequação da estruturas das rodovias que são utilizadas atualmente. Nesse contexto, é necessário que sejam realizados estudos sobre as reais condições de segurança e utilização das rodovias brasileiras. Assim, o presente estudo tem como corpus a rodovia BR 401 que faz a ligação entre Boa Vista, capital do estado de Roraima, com Lethem, cidade fronteiriça da República Cooperativa da Guianas. A escolha se deu pela observação do aumento do fluxo de veículos de carga nesse trecho da BR, devido ao aumento da produção agrícola. Este estudo apresenta uma análise dos reflexos para a segurança na utilização da BR 401 no que tange à sinalização viária para os condutores, propondo soluções que podem causar melhorias na rodovia. 11 2 OBJETIVOS O presente trabalho foi desenvolvido buscando os seguintes objetivos: 2.1 OBJETIVO GERAL Estudar as condições da segurança viária e utilização da rodovia BR 401 quanto a sinalização horizontal e vertical, acostamentos e conservação do pavimento. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Avaliar as condições de sinalização horizontal e vertical da rodovia; b) Verificar as condições de pavimentação. c) Observar as condições do acostamento. d) Contribuir com os estudos rodoviários do norte do Brasil, em específico para o estado de Roraima. 12 3 JUSTIFICATIVA A BR 401 foi construída com o objetivo de ligaro Brasil e a Guiana fazendo desses países parceiros comerciais e fomentando o fluxo de pessoas e mercadorias entre as duas nações. Com o aumento da produção comercial e agrícola, que foi um passo determinante na industrialização do estado de Roraima, a rodovia em estudo ganha maior destaque na estratégia econômica. A iniciativa de realizar esse trabalho nasceu com a preocupação em proporcionar melhor planejamento do sistema rodoviário em Roraima, composto apenas por três rodovias federais por onde são transportados produtos e pessoas, sendo essas o alvo das maiores preocupações com segurança. O estudo das condições de segurança e sinalização da BR 401 é indispensável no ponto de vista prático para que sejam evitados acidentes, possíveis perdas de cargas ou até mesmo de vidas em uma rodovia que pode ser melhorada para atender as necessidades da população. Espera-se que este trabalho desperte o interesse dos estudantes e técnicos envolvidos na segurança viária, e de trafego, e contribua com a diminuição nas taxas de acidentes de trânsito nesta rodovia. 13 4 REFERENCIAL TEÓRICO Tendo como finalidade proporcionar o melhor entendimento na área da segurança viária, o trabalho está fundamentado em teóricos especialistas do tema, consultados a partir de livros, manuais, sites especializados, dissertações e teses sobre o assunto, os quais estão apresentados a seguir. 4.1 ORIGEM DO SISTEMA RODOVIÁRIO BRASILEIRO. A construção das primeiras estradas brasileiras começou com a chegada dos colonizadores europeus, que aportavam no litoral e tinham necessidade de explorar o interior do país e também de levar os produtos de extração para os portos naturais. Os ciclos econômicos pelos quais o Brasil passou foram de elevada importância para o desenvolvimento dos primeiros trechos rodoviários nacionais (SCHELBAUER, 2011). De acordo com Schelbauer (2011), durante a descoberta do ouro em meados do século XVIII, começou-se a utilizar formas mais eficazes de transporte de pessoas e mercadorias. Isto, conciliada à consequente interiorização do país, fomentaram o desenvolvimento das estradas brasileiras. Quando os caminhos de carroça que ligavam as cidades e vilas brasileiras desde o século XVI não foram mais suficientes para comportar a demanda da população colonial brasileira, se tornou necessário que outra página da história nacional fosse escrita. O rodoviarismo se iniciou com a inauguração da estrada União Indústria, em 1861 (DNER, 2015). A necessidade de transporte em um território extenso foi a primeira motivação para a criação das estradas terrestres brasileiras. O fluxo da produção de metais vindos da região das minas e o escoamento da produção através dos portos situados nas regiões onde hoje se encontram os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Após a década de 30, muitas estradas foram pavimentadas para atender ao aumento do transporte de mercadorias pelo Brasil, dentre essas mercadorias são relacionados o açúcar do Nordeste, charque e mate do Sul, algodão, mantimentos, couro e gado de São Paulo (SCHELBAUER, 2011). 14 Conforme o autor, durante a era Vargas, de 1930 até 1945, teve início a industrialização do país e dessa maneira seria inevitável a evolução dos transportes brasileiros e consequente desenvolvimento das rodovias. No ano de 1945 foi criado o Fundo Rodoviário Nacional, com o objetivo de realizar a manutenção deste setor e também expandir o sistema rodoviário. O governo de Juscelino Kubitschek (1955 – 1960), merece especial destaque, de acordo com Gomes (2004), o então presidente, com a máxima de fazer acontecer no Brasil “50 anos em 5”, dois marcos são de extrema importância durante esse governo. Primeiro, a implantação da indústria automobilística no país, difundindo o comércio de veículos automotores e, consequentemente, o aumento da frota e da demanda. E o segundo é relativo à implantação e construção da nova capital, que previa um plano rodoviário novo para fazer a ligação de Brasília com todo o Brasil. Para dar o suporte logístico para a interligação de Brasília com todas as regiões, grandes obras foram realizadas, em destaque as rodovias pioneiras como Belém- Brasília, São Paulo-Brasília e Cuiabá-Porto Velho. Após o surto de desenvolvimento rodoviário houve um desequilíbrio da matriz de transportes, fazendo com que os investimentos no setor dos transportes absorvesse investimentos que seriam destinados ao modo ferroviário, que a longo prazo é menos oneroso que o rodoviário, causando assim uma hipertrofia e desequilibrando a harmonia desejável entre os transportes. O governo militar, após 1964, impôs políticas e suporte para a modernização da indústria e da agroindústria, para que fossem atendidas as necessidades do comércio internacional. De 1969 até 1973, durante o Governo Médici, foram construídas em média 6 mil km de estradas por ano. Nesse período foi construída BR 401 Brasil- Guiana, objeto deste estudo. 4.2 HISTÓRICO DA RODOVIA BR 401/RR BOA VISTA-LETHEM As relações comerciais entre o Brasil e a Guiana teve início com a construção da rodovia que liga Georgetown a Lethem e ao município de Bonfim, do lado brasileiro da fronteira. Esse trecho rodoviário foi construído e posto em operação com condições precárias, sendo em sua totalidade com pouca ou nenhuma pavimentação. Na figura 1 pode ser observada toda a malha rodoviária do estado de Roraima. 15 Figura 1 - Mapa rodoviário do estado de Roraima Já no lado brasileiro a BR 401 é pavimentada em todo o seu percurso, estimulando o comércio na faixa fronteiriça. A ocupação do território da Guiana (antiga Guiana inglesa) teve origem pela exploração de produtos primários e sua exportação para Europa através do Atlântico, sistema esse totalmente desvinculado a acordos e trocas comerciais com o Brasil. Porém a partir da década de 80 com a reorganização da sociedade guianense começaram a ser estimulados o comércio com Roraima e o estreitamento de relações com o Brasil (MAGALHÃES, 2013). A BR 401 foi melhorada nos anos de 1990 pelo Governo Federal, o que deu condições aos comerciantes para buscar com mais intensidade as trocas comerciais com o país vizinho. Com o objetivo de intensificar a interação comercial com a Guiana, o governo brasileiro financiou a construção da estrada Lethem/Georgetown, para que Fonte: ZONU, 2016 16 o escoamento da produção roraimense pudesse acontecer através do oceano Atlântico, pelo porto da capital guianense, e não mais pelo porto de Manaus (MAGALHÃES, 2013). Segundo Coelho (1992), esses investimentos tratam de uma iniciativa política projetando os seguintes fatores: a) ampliação da fronteira agrícola e das áreas de pastagens da Guiana; b) redução de gastos com fretes; c) exploração racional de regiões florestais da Guiana de madeira comerciável; d) acesso à região com potencial de petróleo e rica em minérios. 4.3 PROJETO DE RODOVIAS: UM CONTEXTO NA SEGURANÇA VIÁRIA As exigências sobre os projetos têm aumentado gradativamente, incorporando principalmente a preocupação com a segurança dos usuários das rodovias (CALDAS, VIEIRA, 2010). As rodovias deixaram de ser concebidas apenas com intuito de ligar as cidades e permitir o fluxo de tráfego entre elas. Atualmente, os engenheiros de projetos buscam desenvolver traçados e estruturas que sejam capazes de garantir segurança e conforto aos motoristas, corroborando para uma boa relação entre o custo-benefício e o menor impacto ambiental. Dessa forma, desde a fase de planejamento de um projeto rodoviário, na execução de uma rodoviae durante a manutenção de uma via, quatro medidas que afetam a segurança rodoviária devem ser consideradas a saber: flexibilidade no planejamento de novas estradas; incorporação de características de segurança na concepção de novas estradas; melhorias na segurança das estradas existentes; e medidas corretivas nos locais com alto risco de acidente. Tendo em vista que cada projeto de transporte é único, o tempo que leva para completar o projeto depende da dimensão, complexidade e disponibilidade dos recursos financeiros. Uma melhoria simples de manutenção preventiva pode demorar menos de um ano, enquanto que um projeto de reconstrução que requeira desapropriação pode levar mais de cinco anos para ser concluído (IDOT, 2003). Desta forma, a construção de um projeto de rodovia é um processo em grande parte lento, complexo, e envolve os órgãos e a segurança da população. 17 4.4 FLEXIBILIDADE NOS CRITÉRIOS DE PROJETO Um grande desafio para os engenheiros é atingir o maior grau de segurança, utilizando no projeto os critérios técnicos e os recursos financeiros disponíveis. Os critérios técnicos são expressos em valores mínimos ou intervalos de valores para os vários parâmetros, conforme diretrizes dispostas nos diversos manuais de projetos geométricos de estrada, por exemplo, do Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais do CONTRAN (2005) e do Manual de Implantação Básica de Rodovia (DNIT, 2010). Os critérios de projetos formam a base técnica, que serve de orientação ao longo do processo de desenvolvimento da proposta. E esses critérios destinam-se a produzir um projeto com um nível aceitável (padrões mínimos), assegurando um determinado nível de custo-benefício de desempenho, ligado ao desempenho e segurança do tráfego, bem como as atividades futuras de manutenção e construção (FHWA, 2007). Pode-se analisar que quando a rodovia está em conformidade com os critérios de projeto, diminui a probabilidade de que ocorram problemas operacionais. Contudo, alcançar o equilíbrio descrito acima nem sempre é viável devido a uma grande variedade de condições do local que impõem dificuldades. Assim, a solução adequada e necessária pode sugerir um valor de projeto ou dimensão fora da faixa normal apresentada nos manuais. Desta forma, a decisão e os valores a adotar deverão ser cuidadosamente ponderados, com a finalidade de encontrar uma solução entre as exigências de projeto e as restrições físicas e econômicas (DNER,1999). 4.5 OS COMPONENTES DOS ACIDENTES VIÁRIOS A violência no trânsito e os acidentes em rodovias brasileiras podem ser tomadas como problemas a saúde pública. Acidentes de transportes figuram entre as maiores causas de mortes no país. No que diz respeito a violência no trânsito as estatísticas do estado de Roraima são ainda mais alarmantes, segundo dados da Delegacia Regional da Polícia Rodoviária Federal, no período de tempo entre agosto de 2010 até o mês de março de 2014, houveram 222 acidentes registrados, apenas na BR 401. Destes acidentes 18 143 (cento e quarenta e três) foram com vítimas e 16 (dezesseis) desses acidentes tiveram vítimas fatais. Os tipos mais comuns desses acidentes foram colisões traseiras, frontais e laterais, atropelamento de pedestres ou ciclistas e saídas de pista. Analisando de forma criteriosa os acidentes viários, dificilmente será possível atribuir uma causa única. A grande maioria dos fatores contribuintes de um acidente pode ser devidamente enquadrado em um dos seguintes componentes: componente humano, componente veicular e componente viário-ambiental. Entre os fatores contribuintes ao componente humano pode-se destacar o uso de álcool, o excesso de velocidade e as manobras de risco. Os fatores contribuintes relacionados a componente veicular referem-se às características do veículo, por exemplo, o desempenho dos freios e pneus. Já para o componente viário-ambiental incluem-se as características físicas da rodovia. As pesquisas indicam que o maior responsável pelos acidentes é o componente humano, seguido pelo componente viário-ambiental e, por último, pelo componente veicular (AUSROADS, 2000). Ogden (1996) observa que os fatores que contribuem para a ocorrência do acidente não são, necessariamente, os fatores que compõem contramedidas com melhores relações custo/benefício. O autor destaca que isso é particularmente verdade quando o acidente resulta de uma falha do motorista em lidar com o ambiente viário. Nessas situações costuma-se atribuir o acidente à falta de habilidade do motorista. Porém, medidas de engenharia para melhorar a rodovia são frequentemente mais econômicas e fáceis de implementar do que treinar o motorista para o nível de habilidade necessário para lidar com ambientes viários complexos. As medidas de engenharia também são apontadas como capazes de influenciar mudanças no comportamento do motorista mais rapidamente do que medidas de educação ou fiscalização. Afirma-se que as interações entre os componentes dos acidentes ocorridos no Brasil resultem diferentes daquelas interações apresentadas pela bibliografia internacional. Levando em consideração a diversidade cultural do Brasil, a proximidade de determinadas regiões com países limítrofes que geram forte fluxo turístico e as variações no relevo e no clima, que propiciam ambientes operacionais 19 bastante diversos, fazem com que seja razoável supor que a distribuição dos fatores dos acidentes e suas interações, varie entre regiões deste País. Tomando como exemplo o estado de Roraima que possui fronteira com dois países e tem como ligação com República das Guianas a BR 401 (BARROS; BACCHIERI, 2011). 4.6 O GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA VIÁRIA O gerenciamento da segurança rodoviária pode ser classificada em duas categorias distintas. A primeira diz respeito às iniciativas reativas, também chamadas de corretivas. A segunda categoria de ações de gerenciamento inclui iniciativas proativas, ou preventivas, das quais a auditoria de segurança viária e a análise de conflitos de tráfego são exemplos. As medidas reativas objetivam resolver problemas revelados pela ocorrência excessiva de acidentes em determinados pontos da rede viária, enquanto as medidas proativas pretendem identificar situações de risco presentes na malha viária, antes que os acidentes venham a ocorrer. Miranda (1997) pondera que, enquanto os custos decorrentes dos acidentes recaem sobre a nação, na forma de indenizações, despesas médicas financiadas através do Sistema Único de Saúde, pensões e reparos no mobiliário urbano destruído, entre outros, os custos da prevenção de acidentes recaem sobre o responsável pelo empreendimento. Atualmente, os responsáveis pelo empreendimento podem ser órgãos públicos, no caso de prefeituras ou departamentos rodoviários, ou empresas privadas como, por exemplo, concessionárias de pólos rodoviários e empreiteiras. Com o objetivo de atuar preventivamente junto ao componente humano, quantidades expressivas de recursos têm sido investidos em campanhas de educação para o trânsito. Entretanto, essas campanhas não costumam ser acompanhadas por estudos científicos que avaliam os resultados quanto à redução do número de acidentes. Por fim, as ações adotadas para melhoria da segurança que tratam de questões de engenharia da via e da região adjacente a ela têm sido predominante reativas. Normalmente, a adoção de medidas como sinalização horizontal e vertical, tratamento de interseções, iluminação, melhoria de pavimento, alargamento de pistas e acostamentos, entre outras ações, são incentivadas pela ocorrência expressiva de acidentes em determinados pontos damalha viária. 20 Medidas de prevenção de acidentes junto ao componente viário-ambiental podem reduzir a incidência de falhas do componente humano, e assim também mitigar as consequências de tais acidentes ocasionados por falhas humanas (PEO, 2002). Por fim, acidentes rodoviários podem ser evitados com um projeto de rodovia melhor planejado e executado, decorrente de uma sistemática identificação e adoção de elementos que melhorem a segurança viária. 4.7 O PROJETO DE SINALIZAÇÃO VIÁRIA Os projetos de sinalização viária devem ser elaborados de forma criteriosa em virtude da sua importância para a promoção da segurança na circulação dos veículos. A sinalização viária é uma das medidas adotadas para a prevenção e/ou redução de acidentes de trânsito. Sendo desta forma, qualquer via rodoviária deverá garantir o cumprimento desta função básica em condições adequadas de segurança e de conforto para os utilizadores. Regra geral, a segurança rodoviária resulta da conjugação dos papéis desempenhados pelos elementos dos sistemas de tráfego, o ambiente rodoviário e o veículo (GREGÓRIO, 2011). Dessa forma, a sinalização rodoviária intervém em todos estes campos, constituindo um fator fundamental para o bom funcionamento da rede viária (GOMES, 2004). Na implantação da sinalização viária, é importante garantir aos usuários da via a eficácia dos sinais, levando em consideração os seguintes princípios, de acordo com o Manual de Sinalização do Trânsito (CONTRAN, 2007, p.4): Legalidade: obedecer a CTB e legislação complementar; Suficiência: possibilitar a compreensão do objetivo da sua sinalização, usando dispositivos em quantidade compatível com a necessidade; Padronização: seguir os padrões estabelecidos na legislação; Uniformidade: adotar critérios semelhantes para a sinalização de situações similares; Clareza: transmitir informações de fácil compreensão; Precisão e confiabilidade: corresponder à situação existente; ter credibilidade; 21 Visibilidade e legibilidade: ser vista e lida, no caso de placas, à distância necessária para permitir sua interpretação em tempo hábil para a tomada de decisão; Manutenção e conservação: estar permanentemente limpa, conservada, visível e devidamente fixada. A sinalização rodoviária é composta pela sinalização horizontal, sinalização vertical, dispositivos auxiliares, sinalização semafórica e sinalização de obras. Também os gestos de agentes da autoridade de trânsito e de condutores são considerados pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) como parte integrante da sinalização. Nas rodovias federais, é de responsabilidade do DNIT e, também da ANTT, por meio das concessionárias, implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário. Para efeito desta pesquisa, somente será considerado o projeto de sinalização horizontal e vertical. 4.7.1 Sinalização Horizontal A sinalização horizontal é constituída por marcas pintadas sobre o pavimento da rodovia, representando um conjunto de sinais integrados por linhas, marcações, dispositivos auxiliares reflexivos, como tachões e mini tachões, símbolos ou legendas em tipos e cores diversas. Essa sinalização tem como finalidade regulamentar, advertir e/ou indicar aos usuários da via, de forma a torná-la mais eficiente e segura, tanto em relação às condições climáticas adversas (neblina e chuva) quanto às condições de geometria da rodovia (DNER, 2006). Outra finalidade da sinalização horizontal é orientar o tráfego noturno ao fornecer aos motoristas a delimitação das faixas de trânsito e do bordo da pista (DNIT, 2010). A sinalização horizontal é classificada em cinco tipos: marcas longitudinais, que separam e ordenam os fluxos de tráfego e regulamentam a ultrapassagem; marcas transversais, que ordenam os deslocamentos de veículos (frontais) e de pedestres, induzem a redução de velocidade e indicam posições de parada em interseções e travessia de pedestres; marcas de canalização, que direcionam os fluxos veiculares em situações que provoquem alterações na trajetória natural, como nas interseções, 22 nas mudanças de alinhamento da via e nos acessos; marcas de delimitação e controle de parada e/ou estacionamento, que delimitam e controlam as áreas onde o estacionamento ou parada de veículos é proibida ou regulamentada; inscrições no pavimento, que orientam e advertem o condutor quanto às condições de operação da via (DNIT, 2010). Os elementos reflexivos, como os tachões, mini tachões e pinos reflexivos são dispositivos auxiliares à sinalização horizontal, que têm a função de canalizar o tráfego, instalados no pavimento da via. Sendo também usados visando a redução de velocidade e delimitando as linhas que caracterizam proibição de ultrapassagem (DER, 2006). Nas rodovias, o tipo de sinalização horizontal mais comum são as marcas longitudinais, que têm função de definir os limites da pista de rolamento, orientar a trajetória dos veículos, regulamentar as possíveis manobras de mudança de faixa ou de ultrapassagem e, ainda regulamentar as faixas de uso exclusivo ou diferencial (CONTRAN, 2007). As marcas longitudinais, de acordo com a função, classificam-se em (CONTRAN, 2007):Linhas de divisão de fluxos opostos (LFO): separam os movimentos veiculares de sentidos contrários e regulamentam a ultrapassagem e os deslocamentos laterais: a) linhas de divisão de fluxos de mesmo sentido (LMS): separam os movimentos veiculares de mesmo sentido e regulamentam a ultrapassagem e a transposição; b) linhas de borda (LBO): linha simples contínua branca que delimita a parte da pista destinada ao fluxo de veículos, estabelecendo o limite lateral da via; c) linhas de continuidade (LCO): linha simples tracejada branca ou amarela que dá continuidade a outras demarcações longitudinais que sofreram quebra no seu alinhamento visual, em trechos longos ou em curvas; d) marcas longitudinais específicas: visam a segregação do tráfego e o reconhecimento imediato dos usuários. De acordo com DNIT (2010) e DAER (2006), as LFO, com a finalidade de proibir a ultrapassagem, são aplicadas nos seguintes casos: em rodovias de pista simples, que é o caso da BR 401, nos trechos com insuficiência de visibilidade para realizar ultrapassagem; nas áreas de transição de largura de pista e outros. Além das questões referentes às LFO, a verificação completa do projeto de sinalização 23 horizontal deve considerar as recomendações apresentadas no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito (CONTRAN, 2007). 4.7.2 Sinalização Vertical A sinalização vertical é estabelecida por meio de placas, painéis ou dispositivos auxiliares, situados na posição vertical e implantados à margem da rodovia ou suspensos sobre ela. Esse tipo de sinalização tem a função de regulamentar o uso da via, advertir para situações potencialmente perigosas ou problemáticas, fornecer indicações, orientar e informar aos usuários, bem como prover os usuários com mensagens educativas (DNIT, 2010). Para que a utilização do dispositivo de sinalização vertical seja eficaz é preciso que a implantação da sinalização esteja dentro do campo visual do usuário da rodovia, que possua mensagens expostas de forma objetiva e clara, e que as mensagens estejam legíveis para os motoristas. A ilegibilidade das placas está relacionada com a falta de manutenção, seja por parte dos órgãos públicos ou da empresa responsável pela manutenção da via ou a problemas de dimensão das placas, sinais e/ou letras utilizadas. Além do mais, para auxiliar no entendimento por parte do motorista, as placas são padronizadasde acordo com o tipo de mensagem que pretendem transmitir e os símbolos e legendas devem ser similares aos especificados no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito do CONTRAN. Em relação à visualização das cores, a sinalização deve manter-se inalterada tanto de dia quanto de noite. Os sinais, de acordo com a funcionalidade, podem ser classificados nos seguintes tipos: Sinais de regulamentação; sinais de advertência; e sinais de indicação, exemplificados na Figura 2. 24 Figura 2 - Categoria dos sinais - Formas e cores De acordo com o CONTRAN (2007), nas rodovias em área rural, a altura e o afastamento lateral de instalação das placas são definidos da seguinte maneira: a) altura das placas: mínimo de 1,20m a contar da borda inferior da placa à superfície da pista de rolamento; b) altura das placas suspensas: mínima é de 5,50m; c) afastamento lateral: mínimo de 1,20m do bordo externo do acostamento, ou pista, quando o acostamento não existir. Para placas suspensas o afastamento deve ser 1,80m entre o suporte e o bordo externo do acostamento ou pista; d) afastamento lateral de vias com dispositivos de proteção contínua (defensas ou barreiras): é de 0,80m a contar do dispositivo. Além da altura e afastamento lateral que devem ser observados na instalação da sinalização, também é importante considerar a distância mínima necessária para a sua visualização (DNIT, 2010). Segundo CONTRAN (2007), para o caso de vias com velocidade elevada recomenda manter uma distância mínima de 50m entre placas para garantir a leitura dos sinais. Apresenta, também recomendações específicas para o posicionamento das placas em função do tipo de sinal. Fonte: DNIT, 2010 25 4.7.3 Acostamento Acostamentos são faixas de pista adicionais instaladas em ambos os lados da rodovia, ou de um só lado, destinadas ao aumento da segurança, para proporcionar uma área de parada em casos ocasionais de emergência, aumento de capacidade rodoviária e para trânsito de veículos fora das faixas de tráfego, somente quando necessário (DNER, 1999). As normas de projetos de rodovias em vigência no Brasil informam que todas as rodovias devem possuir acostamento, sendo ele pavimentado ou não. Porém, este item da rodovia é um elemento sensível às restrições econômicas que a implantação de uma rodovia sofre, tendo em vista que a largura necessária para a sua implantação é aumentada, bem como todos os custos decorrentes de sua implantação (Oliveira, 2007). A largura de acostamento que o Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais, (DNER, 1999) recomenda varia conforme cada tipo de estrada. Como a BR 401 é uma rodovia de um sistema arterial primário, ou classe I, é obtida uma largura de acostamento de 3,0 metros, conforme a tabela 1. Tabela 1- Largura de acostamento recomendada pelo DNER Segundo Oliveira (2007) os acidentes ocorridos nas rodovias têm causas complexas e que dependem de vários fatores, porém, estudos apontam que dentre essas variáveis podem ser destacadas três com maior importância nos índices de acidentes: largura da pista; largura do acostamento e tipo do acostamento. Fonte: DNER, 1999 26 De acordo com Zegeer e Deacon (1987) que analisaram pesquisas relacionadas a acidentes, as condições da pista e do acostamento afetam diretamente os casos do tipo colisão frontal e fuga de pista, porém acidentes de colisões traseiras e laterais não são afetados por essas características. Ainda segundo os autores, a quantidade de acidentes na pista é reduzida com o aumento da largura da via e do acostamento, sendo que o aumento da largura da via é mais efetivo que o do acostamento. Os acostamentos têm funções importantes no que diz respeito à segurança viária, capacidade de tráfego e melhoria das condições operacionais. Entretanto os acostamentos têm sido suprimidos ou implantados de maneira incorreta por razões de economia (Oliveira, 2007). 4.7.4 Pavimentação Segundo o DNIT (2006), pavimento é a estrutura construída por uma ou mais camadas destinadas a resistir e distribuir os esforços verticais originados pelas cargas dos veículos e melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança dos usuários. O bom estado de conservação do pavimento de uma via é figura essencial para a prevenção de acidentes. As rodovias que possuem bom asfaltamento propiciam segurança ao condutor no momento que ele toma suas decisões e evitam que ocorram danos nos veículos, como pneus furados, durante as viagens. Outra situação importante que uma boa pavimentação pode evitar é a invasão das faixas opostas, pois ao se deparar com obstruções na via o condutor tende a se desviar dos obstáculos ou buracos. Os danos ou deteriorações na superfície dos pavimentos asfálticos podem ser facilmente identificados a olho nu, e classificados segundo a normatização do Manual de Pavimentação do DNIT (2006). A conservação rodoviária são as operações com o objetivo de preservar as características técnicas e físico-operacionais da via, essas medidas podem ser: rotineiras, periódicas ou de emergência (DNIT, 2005). 27 5 MATERIAL E MÉTODOS 5.1 ÁREA DE ESTUDO O levantamento dos dados foi realizado em visita ao trecho rodoviário rural da BR 401, que liga a capital de Roraima, Boa Vista, até Bonfim, cidade que faz fronteira com a República Cooperativa da Guiana. Tendo como ponto de partida a cabeceira leste da ponte dos Macuxi, e como ponto final da coleta de informações a entrada do perímetro urbano da cidade de Bonfim com uma extensão total de 119 km. A área de estudo é apresentada na figura 3, a seguir. Figura 3 - Localização da Área de estudo Fonte: Boto. S.A. 28 5.2 METODOLOGIA As coletas das informações para o estudo da BR 401 foram realizadas nos dias 27/01/2016 e 30/01/2016, o veículo utilizado para percorrer a rodovia foi um Fiat Uno 2008, o tempo estava em condições meteorológicas boas e dias claros, favorecendo a visibilidade de toda a sinalização e facilitando a obtenção das informações colhidas em campo, através do registro fotográfico e localização geográfica dos pontos de interesse, com o auxílio do aplicativo Locuss®, sendo utilizado um tablet Samsung Galaxy Tab Pro SM-T 320. É importante lembrar que para garantir a compreensão do condutor, a sinalização de transito deve obedecer certos princípios, de modo a cumprir corretamente seu papel. Esses princípios são: legalidade; suficiência; padronização; clareza; precisão; confiabilidade; visibilidade e legibilidade; manutenção e conservação (CONTRAN, 2007). Apenas o cumprimento integral dos sete princípios apresentados garantirá a eficácia da sinalização. Basta que um dos princípios não seja atendido, para que a sinalização esteja comprometida, deixando de transmitir corretamente ao usuário da via a mensagem desejada. A avaliação da sinalização vertical foi feita por amostragem, sendo realizada as análises métricas e de visibilidade em aproximadamente 40% das placas e avisos verticais. Utilizando trena metálica graduada em centímetros, foram medidas as distâncias entre a placa e a rodovia, ou acostamento, e a altura de visibilidade para usuário da rodovia, como pode ser observado na figura 4. Com a obtenção dessas medidas foi possível realizar a comparação com o Manual de Sinalização de Rodovias Rurais do DENATRAM que regulamenta esse tipo de sinalização. 29 Figura 4 - Obtenção das medidas de acordo com o DNIT Relativo à sinalização horizontal foi avaliada a presença de faixas de rodagem, visibilidade da pintura, presençade dispositivos auxiliares refletivos, e adequação das Linhas de Fluxo Oposto, que determinam a regularidade ou proibição de ultrapassagens. Para melhor visualização do trecho estudado foram confeccionados mapas no software ArqGiss®, a partir das fotografias feitas nas visitas e das localizações dos trechos obtidos no estudo de campo com o recurso do GPS presente no tablet. Os acostamentos foram avaliados quanto a sua necessidade de implantação na rodovia, foram analisados os trecho com maiores índices de acidentes e qual o papel a ser desempenhado na segurança viária pelo acostamento nesses trechos. Com relação a pavimentação foi analisada a conservação e grau de conforto dos condutores que trafegam pela BR 401, também foi avaliada a existência de buracos e defeitos que possam atrapalhar o bom fluxo de veículos. Fonte: Boto. A. N. C. 30 6 RESULTADO E DISCUSSÃO A partir do desenvolvimento da pesquisa apresenta-se a seguir os resultados encontrados e comparados com as normas reguladoras, com ênfase na segurança viária. Para melhor exposição dos dados coletados em campo os resultados foram subdivididos em quatro tópicos, os quais são: primeiro sinalização vertical, que contempla as placas de indicação, regulamentação e advertência; segundo sinalização horizontal, as linhas de fluxo, largura da pista, linhas de bordo e sinalização auxiliar; terceiro acostamento, a ausência e necessidade do mesmo; quarto, conservação do pavimento. Foram confeccionadas tabelas que comparam as medidas encontradas em campo e as medidas regulamentadas pelo Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT, com objetivo de explicitar a diferença entre o que é regulamentado por normativo e o que está executado na rodovia. 6.1 SINALIZAÇÃO VERTICAL Na visitação in loco foram analisadas um total de 52 placas da sinalização vertical, dessas 5 são de indicação, 27 de regulamentação e 20 placas de advertência. A discussão sobre Sinalização vertical está organizada da seguinte forma, primeiramente trata sobre as placas de indicação, seguida pelas placas de regulamentação, e por último pelas placas de advertência. O mapa das sinalizações verticais analisadas nessa pesquisa pode ser observado na figura 5. 31 Figura 5 - Localização das placas analisadas As placas de indicação têm a principal função de orientar o condutor do seu deslocamento no curso da via. Os sinais de indicação geralmente possuem forma retangular com o maior lado na horizontal e tem no fundo a cor verde ou azul (DNIT, 2010). Este tipo de sinalização de indicação tem relevante importância na segurança viária no tocante à localização do motorista na rodovia a ser percorrida, e também sinalizando trechos de entroncamentos e vias concorrentes. O normativo do DNIT (2010) regulamenta que as placas de indicação devem ser posicionadas do lado direito da rodovia com uma distância mínima de 1,50 metros da borda do pavimento. Com relação à altura livre da placa deve ser medido 1,50 metros da borda inferior da placa ao nível da pista. De acordo com a figura 6. Fonte: Boto. S.A. 32 Figura 6 - Posicionamento transversal - Recomendação Padrão A seguir, na tabela 2, são comparadas as distâncias medidas em campo das placas de indicação e o que é regulamentado por normativo. Tabela 2 - Comparativo entre o realizado em campo e o normativo do DNIT placas de indicação. Placa Altura da sinalização Distância ente a placa e rodovia Defasagem de altura (DNIT) Defasagem da distância (DNIT) 1 1,20 1,70 -0,30 0,20 2 1,25 1,50 -0,25 0,00 3 1,28 2,20 -0,22 0,70 4 1,20 2,20 -0,30 0,70 5 1,30 2,25 -0,20 0,75 A análise do quadro nos permite observar que todas as placas possuem pequenas divergências com o normativo, sendo assim o princípio da padronização, nas placas de indicação é descumprido. Fonte: DNIT, 2010 Fonte: Boto. S. A. 33 Figura 7 - Placa de indicação - desacordo com o princípio da legibilidade Na figura 7, pode-se observar que a placa de indicação está em desacordo com o princípio da legibilidade Segundo CONTRAN (2007), para que a utilização do dispositivo de sinalização vertical seja eficaz é preciso que a implantação da sinalização esteja dentro do campo visual do usuário da rodovia, que possua mensagens expostas de forma objetiva e clara, e que as mensagens estejam legíveis para os motoristas. A ilegibilidade das placas está relacionada com a falta de manutenção, seja por parte dos órgãos públicos, da empresa responsável pela manutenção da via ou a problemas de dimensão das placas, sinais e/ou letras utilizadas. A seguir, a discussão versa as placas de regulamentação, cujo principal objetivo é informar os usuários sobre as restrições, proibições e obrigações. Esse tipo de sinalização pode ser considerada como a mais importante para segurança viária, tendo em vista que o seu descumprimento expõe o condutor e os passageiros do veículo a eminentes riscos de acidentes. Fonte: Boto. A. N. C. 34 No Manual Sinalização Rodoviária do DNIT, 2010, é determinado que as placas de regulamentação devem ser situadas a 1,20 metros de distância do bordo da pista, ou do acostamento. Porém como não existe acostamento em nenhum trecho da rodovia a padronização é feita conforme figura 8 a seguir: Figura 8 - Posicionamento dos sinais de regulamentação - Pista sem acostamento Para verificar a padronização das distâncias foi confeccionada a tabela 3, que mostra o comparativo entre as distâncias executadas na rodovia e as regulamentadas pelo normativo. Tabela 3 - Comparativo entre as medidas encontradas em campo e o normatizado pelo DNIT, placas de regulamentação. Placas de Regulamentação Placas Altura Distância Defasagem altura Defasagem de distância 1 1,40 2,30 0,20 1,10 2 1,40 2,20 0,20 1,00 3 1,48 2,38 0,28 1,18 4 1,37 2,20 0,17 1,00 5 1,45 2,05 0,25 0,85 6 1,14 2,05 -0,06 0,85 7 1,40 2,10 0,20 0,90 8 1,25 1,86 0,05 0,66 9 1,26 1,90 0,06 0,70 10 1,27 1,30 0,07 0,10 11 1,26 1,30 0,06 0,10 12 1,22 1,32 0,02 0,12 13 1,20 1,44 0,00 0,24 14 1,26 1,48 0,06 0,28 Fonte: DNIT, 2010 35 Placas de Regulamentação Placas Altura Distância Defasagem de altura Defasagem de distância 15 1,25 1,40 0,05 0,20 16 1,36 1,30 0,16 0,10 17 1,26 1,15 0,06 -0,05 18 1,26 1,22 0,06 0,02 19 1,25 1,55 0,05 0,35 20 1,20 1,30 0,00 0,10 21 1,25 1,37 0,05 0,17 22 1,20 1,30 0,00 0,10 23 1,32 1,47 0,12 0,27 24 1,20 1,20 0,00 0,00 25 1,08 1,83 -0,12 0,63 26 1,20 1,80 0,00 0,60 27 1,25 1,56 0,05 0,36 Através da tabela 3 é possível observar que quase todas as placas que foram avaliadas estão fora do padrão normatizado pelo DNIT, com a ressalva da placa de número 24, que segue os padrões estabelecidos. Diferente das placas de indicação observadas anteriormente, as sinalizações de regulamentação possuem defasagens superiores e nitidamente fora dos padrões. O exemplo mais claro é a placa 3, que possui defasagem de altura de 0,28 metros e de 1,18 metros de defasagem na distância. Foram encontradas placas que contrariam os princípios de conservação, visibilidade, manutenção sendo uma delas na entrada do perímetro urbano de Boa Vista que sinaliza a proibição de ultrapassagem sobre a ponte dos Macuxi, que está quase totalmente encoberta pela vegetação local, Figura 9, e outras placas danificadas por ação humana, como na Figura 10. Fonte: Boto. S. A. 36 Figura 9 - Placa de sinalização encoberta por vegetaçãoFigura 10 - Placa de regulamentação danificada Fonte: Boto. A. N. C. Fonte: Boto. A. N. C. 37 No caso da figura 9, a placa de regulamentação encoberta por vegetação caracteriza a falta de manutenção da rodovia por parte dos órgãos ou empresas responsáveis. Quando uma placa não se torna visível ao condutor, ela perde toda a sua função de orientar quanto aos procedimentos que devem ser tomados durante o trecho de rodovia. No caso de não visibilidade das placas de “Proibido ultrapassar” o motorista conta apenas com a sinalização horizontal para basear suas decisões. Esta placa merece especial atenção, pois está situada na entrada do perímetro urbano da cidade de Boa Vista RR, região de tráfego mais intenso, além ser nesta parte da rodovia onde ocorrem a maioria dos acidentes registrados pela Polícia Rodoviária Federal. Cerca de 60% dos acidentes, que ocorreram no período de agosto de 2010 até março de 2014 foram registrados antes dos primeiros cinco quilômetros da rodovia. Na figura 10, a placa de “Proibido ultrapassar” está danificada, tendo metade da sua visibilidade perdida, em uma situação como esta a placa corre o risco de ser confundida com a de “Ultrapassagem regulamentada” e ocasionar confusão ao condutor. Os princípios da visibilidade, legibilidade, manutenção e conservação são claramente infringidos nas duas placas expondo assim os condutores a riscos de acidentes. Dando prosseguimento ao estudo da sinalização vertical, o texto segue com a análise as placas de advertência. Esse tipo de sinalização é utilizada sempre que houver necessidade de chamar a atenção dos condutores para situações potencialmente perigosas, obstáculos ou restrições presentes na via ou nas suas proximidades. Essas situações podem exigir diversos níveis de cuidados adicionais por parte dos motorista, sendo desde um simples estado de alerta até redução de velocidade ou parada completa do veículo (DNIT, 2010). Essas situações são relacionadas com curvas, lombadas, entroncamentos de pistas, condições de superfície lisa entre outros. O posicionamento transversal das placas de advertência também é regulamentado pelo Manual de Sinalização do DNIT, como na figura 11 a seguir. 38 Figura 11 - Posicionamento transversal - Pista sem acostamento. As medidas obtidas em campo foram compiladas na tabela 4, para melhor comparação entre as medidas obtidas e as distâncias regulamentadas em norma. Tabela 4 - Comparativo entre as medidas encontradas em campo e o normatizado pelo DNIT, placas de advertência. Placas de Advertência Placas Altura Distância Defasagem altura Defasagem de distância 1 1,4 2,04 -0,1 0,54 2 1,4 2,3 -0,1 0,8 3 1,5 2,38 0 0,88 4 1,13 1,2 -0,37 -0,3 5 1,05 1,7 -0,45 0,2 6 1,15 1,8 -0,35 0,3 7 1,46 2,07 -0,04 0,57 8 1,17 1,9 -0,33 0,4 9 1,26 1,7 -0,24 0,2 10 1,2 1,6 -0,3 0,1 11 1,2 1,75 -0,3 0,25 12 1,25 1,7 -0,25 0,2 13 1,32 1,8 -0,18 0,3 14 1,2 1,9 -0,3 0,4 15 1,3 1,94 -0,2 0,44 16 1,3 1,88 -0,2 0,38 17 1,2 2,2 -0,3 0,7 18 1,3 2,22 -0,2 0,72 19 1,26 2,13 -0,24 0,63 Fonte: DNIT, 2010 39 Placas de Advertência Placas Altura Distância Defasagem altura Defasagem de distância 20 1,18 2,07 -0,32 0,57 A partir da tabela 4, é possível notar que as placas de advertência também apresentam a mesma deficiência das outras placas analisadas, no que diz respeito ao posicionamento em relação a rodovia. O diferencial na falha de execução que ocorre neste tipo de placas é que elas então em um nível mais baixo que o padronizado em norma, dificultando assim a visibilidade dos condutores, em alguns casos essa altura é de até 0,45 metros inferior ao regulamentado pelo normativo. A distância do bordo da pista também chama a atenção, porém nesse caso a inconsistência decorre do fato das placas estarem mais afastadas que o recomendado pelo manual do DNIT. Esse tipo de falha de execução infringe os princípios de uniformidade, visibilidade, influenciando assim o tempo de percepção de obstáculos na pista e curvas acentuadas. Um motorista que não receba com antecedência informações sobre a pista é levado a tomar decisões com tempos de reações mais curtos que o previsto em projeto e no caso da BR 401, que possui grandes tangentes na sua geometria e favorece o desenvolvimento de altas velocidades, o tempo de reação do condutor aos obstáculos da pista é de vital importância na prevenção de acidentes. Na figura 12 é possível observar uma das sinalizações de advertência sendo tomada pela vegetação na lateral da pista. Mais uma situação em que os princípios da visibilidade e da manutenção e conservação são infringidos, no caso dessa placa de “Curva à direita”, o motorista que não seja informado dessa variação na pista terá menos tempo de reação de frenagem para começar a manobra de curva. Fonte: Boto. S. A. N. C. 40 Figura 12 - Placa de advertência encoberta por vegetação. Na figura 13 a placa de advertência está em desacordo com a padronização no que diz respeito a coloração do símbolo do interior da placa está em vermelho, quando deveria ser na cor preta. Infringindo assim além dos princípios anteriormente citados, o da legalidade e de uniformidade. Fonte: Boto. S. A. N. C. 41 Figura 13 - Placa de regulamentação em desacordo com o princípio da legalidade. A forma correta de representação do símbolo interno da placa A-35 animais de acordo com o manual do DNIT é apresentada na figura 14. Figura 14 - Placa A-35 Animais Fonte: Boto. A. N. C. Fonte: DNIT, 2010 42 6.2 SINALIZAÇÃO HORIZONTAL Durante as visitas ao local de estudo, BR 401, foram observados os seguintes critérios de segurança viária no que diz respeito à sinalização horizontal, largura e visibilidade das linhas de bordo e linhas de fluxo oposto, sendo que estes dois tipos de linha determinam qual o espaçamento da pista que o condutor deve trafegar com seu veículo e os trechos que estão sem sinalização. Para melhor ilustrar esse estudo foram realizadas 20 fotos de sinalização horizontal, durante todo o percurso da rodovia e também foi confeccionado um mapa destacando as regiões que estavam passando por reformas, durante a execução deste trabalho e mostrando todo o trecho que está sem sinalização nenhuma. Este texto que discute a sinalização horizontal, está estruturado da seguinte forma: inicialmente serão tratadas das discussões acerca das Linhas de Bordo e em seguida da análise das Linhas de Fluxo Oposto. Linhas de Bordo têm a função de estabelecer os limites laterais na parte da pista destinada ao deslocamento de veículos, se caracteriza por uma linha branca e contínua. De acordo com o CONATRAN (2007) para trechos rodoviários que têm velocidade regulamentada igual ou superior a 80 km/h, como é o caso da rodovia em estudo, a largura dessa linha é regulamentada em 0,15 metros. Foram realizadas medições em oitos pontos diferentes da rodovia e todas as Linhas de Bordo estavam com largura variando entre 0,15 metros e 0,18 metros. O Manual de Sinalização de Trânsito do CONATRAN não aponta como uma falha de execução as linhas terem larguras superiores ao normatizado, porém é um gasto de material desnecessário utilizar larguras superiores ao estabelecido em normativo. Na figura 15 pode-se observar a medição de uma das linha de bordo. 43 Figura 15 - Largura da Linha de Bordo O manual do CONATRAN recomenda que as Linhas de Bordo sejam colocadas com um afastamento de 0,10 metros até0,20 metros dos limites laterais da pista. Porém quando existir barreira física na lateral da pista a Linha de Bordo deve manter um afastamento mínimo de 0,50 metros da barreira. No caso da figura 14 essa distância não é respeitada, a medição in loco obteve uma distância de 0,38 metros entre a linha de bordo e a barreira de proteção, como pode ser visto na figura 16. A distância reduzida entre a barreira física e a linha de bordo pode causa desconforto no condutor e sensação de redução de pista. Fonte: Boto. S. A.SS.SSdwdwedwS. A. Fonte: Boto. A. N. C. 44 Figura 16 - Distancia da Linha de Bordo e da barreira física, inferior a 0,50 metros Dando continuidade ao estudo da sinalização horizontal serão analisadas Linhas de Fluxo oposto. São marcações que separam o movimento veicular de sentidos opostos e indicam em quais trechos da via a ultrapassagem é permitida ou proibida. Independentemente do tamanho dessas linhas se situam no centro da pista de rolamento (DNIT, 2010). Para a análise desse tipo de sinalização foram analisadas as larguras das linhas, tamanho, medido no eixo longitudinal da pista e a cadência dos traços, conforme figura 17, retirada do Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT, 2010. Figura 17 - Dimensões recomendadas para as Linhas de Fluxo Oposto Fonte: Boto. A. N. C. Fonte: DNIT, 2010 45 Foram realizadas medições das linhas de fluxo oposto em oito pontos da rodovia, e todos eles mantiveram largura variando entre 0,15 metros e 0,16 metros, traço entre 3 metros e 4 metros, e cadencia de 1:3. Nesse quesito os trechos analisados, que possuíam sinalização horizontal, mantinham as medidas bem próximas das que estavam normatizadas no manual. Como pode ser visto na figura 18. Figura 18 - Medição das Linhas de Fluxo Oposto Tratando das Linhas de Fluxo Oposto que proíbem a ultrapassagem, foi analisada a sua localização, largura e visibilidade. Em todos os trechos que precedem curvas ou pontes as Linhas de Fluxo Oposto cadenciadas são alteradas para linhas contínuas, simbolizando a proibição da ultrapassagem, as larguras dessas linhas obedecem a mesma regra das linhas cadenciadas, e nas medidas em campo também obtiveram resultados semelhantes, com larguras variando de 015 metros até 0,18 metros. Na figura 19 é possível observar como esse tipo de sinalização está presente na rodovia em estudo. Fonte: Boto. A. N. C. 46 Figura 19 - Linhas de Fluxo Oposto, cadenciada e contínua. Durante as visitas ao local de estudo deste trabalho foi observada a existência de obras de manutenção da rodovia. Em uma obra que objetiva o recapeamento de uma rodovia o tipo de sinalização que é mais prejudicado é a sinalização horizontal, tendo em vista que esse tipo de sinalização é coberta pela pavimentação nova, se fazendo necessária uma nova pintura. A figura 20 é um mapa, confeccionado a partir de pontos obtidos em visitações da rodovia, que mostra quais as áreas estavam sendo reformadas e quais partes da rodovia ainda permaneciam sem nenhum tipo de sinalização, vertical ou horizontal. A carência de sinalização é uma falha grave a segurança viária, pois o condutor fica sem o balizamento da sinalização horizontal, que índica os limites da pista e também sem as informações da sinalização vertical, que advertem e regulamentam o uso da pista. Na figura 20 são ilustrados os trechos que atualmente estão em manutenção, com a extensão de 1.770 metros, e o trecho que não possui nenhum tipo de sinalização, ocupando 17.800 metros do corpo da rodovia. Com relação aos dispositivos auxiliares da sinalização horizontal, os mini- taxões reflexivos foram instalados apenas até a entrada do município do Cantá, 7,4 quilômetros de distância do ponto inicial da coleta de dados. Vale ressaltar que esses dispositivos prestam importante auxílio ao condutor, principalmente durante a noite para o balizamento dos limites das pistas de rodagem. Fonte: Boto. S. A. N. C. 47 A falta deste tipo de sinalização nos trechos não iluminados da rodovia dificulta a canalização do fluxo de veículos durante a noite, podendo expor os usuários a riscos de acidentes. Figura 20 - Trechos com sinalização ausente e em reforma Fonte: Boto. S. A. N. C. 48 6.3 ACOSTAMENTO Durante as visitações in loco foi observada a ausência de acostamento em toda a rodovia, sendo necessária especial atenção para o trecho inicial da rodovia que, além de não possuir acostamento, tem a região na lateral da pista de rodagem em grande declividade expondo mais ainda os condutores a graves acidentes caso necessitem realizar alguma parada. Na figura 21 é possível observar a ausência de sinalização nesse trecho citado. Figura 21 - Trecho inicial da rodovia, sem acostamento e com laterais em declive Verificou-se que a supressão dos acostamentos tem efeito negativo na segurança viária, aumentando em até 28% o índice de acidentes previstos e reduzindo em até 7% a capacidade de tráfego de uma via (Oliveira, 2007). 6.4 CONSERVAÇÃO DO PAVIMENTO Durante o período das visitas à área de estudo a BR 401 estava passando por um processo de reforma, logo os trechos que são ilustrados na figura 20 são frutos de Fonte: Boto. A. N. C. 49 recapeamento e apresentam boas condições de tráfego. Devido as constantes operações de conservação do pavimento, realizadas pelo 6° Batalhão de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, como pode ser observado na figura 22, não foram encontrados buracos ou fissuras na região estudada e graças à essa situação de conservação é possível manter o veículo na velocidade de projeto durante todo o percurso da rodovia. A ausência de buracos ou obstáculos para os veículos que trafegam na via em estudo transmite ao motorista uma sensação de segurança e boa condição de tráfego, porém essa sensação pode ser ilusória, tendo em vista que as sinalizações nem sempre correspondem às necessidades da pista. Figura 22 - Início da manutenção do pavimento Fonte: Boto. S. A. N. C. 50 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS As visitas em campo e a análise da BR 401 confirmaram a hipótese de que existem inconsistências nas sinalizações horizontais e verticais. Entretanto como o fluxo de veículos dessa rodovia ainda é considerado pequeno, a incidência de acidentes com vítimas fatais é baixa se comparada a outras rodovias nacionais. A pesquisa comprova a carência de sinalização, que representa uma falha grave à segurança viária, pois sem o balizamento da sinalização horizontal, dispositivos auxiliares e informações da sinalização vertical, o condutor que trafega pela BR 401 fica desamparado quanto a segurança viária que deve ser oferecida pela pista. A partir dos mapas e tabelas confeccionados, foi possível observar que existem inconsistências na execução e na manutenção das sinalizações, ferindo assim os princípios da eficácia de sinalização, elencados pelo Manual de sinalização de Trânsito do CONTRAN. Mais grave que uma sinalização precária é a total falta de sinalização encontrada em determinado trecho da rodovia, expondo os usuários a total propensão de acidentes. Ao realizar o estudo com enfoque nos acostamentos, completamente ausentes durante todo o trecho rural da BR 401, e compará-lo com os índices e causas dos acidentes que ocorreram nesta via, é comprovada a necessidade da implantação dos mesmos para evitar que mais vidas sejam perdidas. No tocante a pavimentação pode-se ressaltar características positivasda conservação da rodovia, sendo nítido para os usuários as boas condições de tráfego, ausência de buracos e obstáculos na pista. Essa situação encontrada na BR 401 nem sempre está presente nas demais rodovias do Brasil. De modo geral este trabalho é uma contribuição para o conhecimento das rodovias no estado de Roraima, principalmente no que diz respeito à segurança viária, tendo em vista que inexistem estudos regionais neste segmento. 51 8 REFERÊNCIAS AUSTROADS, 2000. Australian and New Zealand road system and road authoritie national performance indicators. 76p. Sidney, Autralia. BARROS, A.J.D; BACCHIERI, G. 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