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PENAL ESPECIAL II - MATERIAL DE APOIO

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Direito Penal – Parte Especial
Professor (a): Alina Mourato
Bibliografia: 
Avaliação 1: 08/04/2016
Avaliação 2: 10/06/2016 
Avaliação 3: 17/06/2016
AULA 19/02/2016
Considerações iniciais
1.1 Bem jurídico: vida (intrauterina e extra-uterina) 
1.2 Espécies: 
Homicídio (art. 121)
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122) 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
Infanticídio (art. 123) 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Aborto (art. 124, 125, 126)
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
1.3 Competência: 
Regra: Tribunal do Júri (CF, art. 5º, inc. XXXVIII, “d”) competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
Homicídio culposo: juízo singular (rito sumário)
 
1.4 Ação Penal: pública incondicionada
HOMICÍDIO (art. 121)
1) HOMICÍDIO SIMPLES (art. 121, caput)
1.1 SUJEITO ATIVO: crime comum: qualquer pessoa
Irmãos xifópagos (siameses) 
1.2 SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa
Cadáver: crime impossível
Matar Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF: art. 29 da Lei 7170/83 (Lei de Segurança Nacional)
Matar membros de grupo nacional, étnico, racial ou religioso: genocídio (Lei 2.889/56)
1.3 ELEMENTO SUBJETIVO: 
Dolo (animus necandi): direto ou eventual
Embriaguez ao volante: dolo eventual ou culpa?
1.4 CONSUMAÇÃO: com a morte da vítima
Conceito de morte: art. 3º da Lei 9.434/97 (morte encefálica). 
Prova da materialidade: exame necroscópico
Crime instantâneo
1.5 TENTATIVA:
2) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (art. 121, §1º)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
a) Motivo de relevante valor social: interesse de toda a coletividade. 
b) motivo de relevante valor moral: interesse particular (Ex.: matar estuprador da filha; eutanásia)
 Eutanásia, Ortotanásia, Distanásia
c) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima 
Requisitos (cumulativos):
Domínio de violenta emoção
Reação imediata
Injusta provocação da vítima
3) HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121, §2º)
§2º Se o Homicídio é cometido: 
I- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo fútil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V- para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime:
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de 12 a 30 anos.
OBS: O homicídio qualificado é sempre hediondo, não importando a qualificadora (art. 1º, I da Lei 8.072/90)
I- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Torpe é o motivo vil, ignóbil, repugnante e abjeto. (interpretação analógica). 
O homicídio cometido mediante paga ou promessa de recompensa (“homicídio mercenário”) necessariamente tem número plural de agentes (delito plurissubjetivo ou de concurso necessário).
A qualificadora aplica-se ao mandante ou apenas ao executor? 
1ª corrente: Cuida-se de elementar subjetiva, comunicando-se ao mandante (prevalece na jurisprudência – Cf. STJ/Informativo 375, que cita precedentes do STF);
2ª corrente: Trata-se de circunstância subjetiva, incomunicável ao mandante (prevalece na doutrina moderna).
II- Por motivo fútil
Quando a conduta apresenta real desproporção entre a gravidade do delito e o seu motivo (pequeneza do motivo). Ex.: matar por conta de discussão no trânsito.
 
O homicídio praticado sem motivos qualifica?
1ª corrente (prevalece na jurisprudência): se o motivo fútil qualifica, a ausência de motivos também deve qualificar.
2ª corrente: A ausência de motivos não está abrangida pelo inciso II (exige motivo). Rogério Greco e Bitencourt entendem que qualificar o homicídio por ausência de motivos consiste em uma analogia in malam partem.
III - Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Entende-se por veneno a substância biológica ou química, animal, mineral ou vegetal, capaz de perturbar ou destruir as funções vitais do organismo humano. Ex.: o açúcar, para o diabético, é um veneno.
Diferença entre homicídio qualificado pela tortura (art. 121, III) e crime de tortura qualificado pelo resultado morte (art. 1º, par. 3º, Lei 9455/97)
IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Interpretação analógica
V- para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime
Ex: o agente mata a única testemunha de um crime de roubo cometido anteriormente por ele. 
O crime passado não precisa ter sido praticado pelo homicida. Ex: “A” mata “B” para garantir a impunidade de um crime praticado pelo seu irmão “C”. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
§ 2°-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Multiplicidade de qualificadoras
Havendo mais de uma qualificadora, aplica-se apenas uma delas. 
As demais qualificadores devem ser levadas em consideração na segunda fase de aplicação da pena, como agravantes (doutrina majoritária, STF e STJ)
4) Homicídio culposo (art. 121, §3º)
Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente).
* violação do dever de cuidado (negligência, imprudência e imperícia)
OBS: Aplica-se o CTB se o agente estiver na direção do veículoautomotor
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
MAJORANTES DO HOMICÍDIO
Art. 121. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 6° A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 7° A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
PERDÃO JUDICIAL
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO
1) CONDUTA 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Induzir: incutir na mente alheia a ideia do suicídio
Instigar: reforçar o propósito suicida preexistente
Auxiliar: concorrer materialmente para a prática do suicídio. 
OBS.1: o auxílio deve constituir-se necessariamente em conduta acessória (não pode ser praticado nenhum ato de execução)
OBS.2: O auxílio deve ser eficaz.
OBS.3: é possível auxílio por omissão? 
OBS.4: o induzimento, a instigação ou o auxílio ao suicídio devem dirigir-se a pessoa determinada ou pessoas determinadas.
2) ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo (direto ou eventual). Não há modalidade culposa.
3) CONSUMAÇÃO: 
Com a morte da vítima (pena de 2 a 6 anos) ou com a produção de lesões corporais de natureza grave (pena de 1 a 3 anos)
OBS: não há crime no caso de lesão corporal leve
4) TENTATIVA:
 
Não é possível a tentativa 
Trata-se de crime condicionado (a punibilidade está sujeita à produção de um resultado legalmente exigido)
5) SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.
6) SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa com capacidade de resistência e discernimento. 
OBS: Quem induz um incapaz a se matar responde por homicídio (art. 121).
7) CAUSA DE AUMENTO DE PENA (Art. 122, parágrafo único)
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
Ex: induzir alguém a se matar para ficar com a herança
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
a) Se a vítima é “menor”:
1ª corrente (Nucci, Regis Prado, Cleber Masson): 14 a 18 anos (analogia ao estupro de vulnerável)
2ª corrente (Mirabete, Fragoso, Rogério Sanches, Rogério Greco): Entende que a primeira corrente faz analogia in malam partem. Assim, menor, para efeito do art. 122, parágrafo único, é todo aquele com idade inferior a 18 anos que seja incapaz de resistência e discernimento, devendo o juiz analisar o caso concreto.
b) se a vítima tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência
É a pessoa mais propensa a ser influenciada a cometer suicídio (com enfermidade mental, sob influência de álcool ou outras drogas, etc.)
OBS: Se resta completamente eliminada a capacidade de resistência, o agente responde pelo art. 121 (homicídio).
	CONDUTA 
	CONSEQUÊNCIAS
	Se o sobrevivente praticou atos de execução da morte do outro (ex: ministrar veneno)
	 Homicídio
	Se o sobrevivente somente auxiliou o outro a suicidar-se 
	 art. 122
	Se ambos praticaram atos de execução, um contra o outro, e ambos sobreviveram
	 Ambos responderão por tentativa de homicídio
	Se ambos se auxiliaram mutuamente e sobreviveram
	 Ambos responderão pelo art. 122, desde que resultem lesões corporais graves
	Se um deles praticou atos de execução da morte de ambos, mas ambos sobreviveram
	 executor: Tentativa de homicídio
 o outro: art. 122, desde que o executor sofra lesão corporal grave
8) PACTO De Morte (Ambicídio ou Suicídio a Dois):
9) ROLETA-RUSSA: a arma de fogo é municiada com um único projétil, e deve ser acionado o gatilho pelos participantes cada um em sua vez, rolando o tambor que estava vazio. 
OBS: consequência: aos sobreviventes será imputado o crime do art. 122.
 
10) DUELO AMERICANO: existem duas armas de fogo, uma municiada e outra desmuniciada, e os participantes devem escolher uma delas para posteriormente apertar os gatilhos contra eles mesmos. 
OBS: consequência: ao sobrevivente será imputado o crime do art. 122.
(Prova: FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - X - Primeira Fase)
José e Maria estavam enamorados, mas posteriormente vieram a descobrir que eram irmãos consanguíneos, separados na maternidade. Extremamente infelizes com a notícia recebida, que impedia por completo qualquer possibilidade de relacionamento, resolveram dar cabo à própria vida. Para tanto, combinaram e executaram o seguinte: no apartamento de Maria, com todas as portas e janelas trancadas, José abriu o registro do gás de cozinha. Ambos inspiraram o ar envenenado e desmaiaram, sendo certo que somente não vieram a falecer porque os vizinhos, assustados com o cheiro forte que vinha do apartamento de Maria, decidiram arrombar a porta e resgatá-los. Ocorre que, não obstante o socorro ter chegado a tempo, José e Maria sofreram lesões corporais de natureza grave. Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta.
a) José responde por tentativa de homicídio e Maria por instigação ou auxílio ao suicídio.
b) José responde por lesão corporal grave e Maria não responde por nada, pois sua conduta é atípica.
c) José e Maria respondem por instigação ou auxílio ao suicídio, em concurso de agentes.
d) José e Maria respondem por tentativa de homicídio.
INFANTICÍDIO
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
1) TIPICIDADE OBJETIVA
O tipo tem como conduta principal “matar o próprio filho” (Cuida-se de delito de execução livre, podendo ser praticado por ação/omissão e por meios diretos/indiretos)
Esta conduta deve ser praticada “durante ou logo após o parto”
Sob influência do estado puerperal: é o estado que envolve a parturiente e provoca profundas alterações físicas e psíquicas que podem transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo. A parturição desencadeia uma súbita queda em níveis hormonais e alterações bioquímicas no sistema nervoso central e pode promover estímulos psíquicos com subsequente alteração emocional.
2) TIPICIDADE SUBJETIVA
O crime é punido a título de dolo (direto ou eventual), não admitindo a modalidade culposa. 
3) CONSUMAÇÃO
O crime se consuma com a morte do nascente ou neonato (crime material). 
4) TENTATIVA
É admissível a tentativa, uma vez que se trata de crime plurissubsistente.
5) SUJEITO ATIVO
Cuida-se de crime próprio, sendo o sujeito ativo a parturiente, sob influência do estado puerperal.
O infanticídio admite concurso de pessoas?
1ª corrente: Não admite, pois o estado puerperal é condiçãopersonalíssima incomunicável. Essa corrente foi criada por Nelson Hungria, que mudou de posição nas suas últimas obras;
2ª corrente (majoritária): Admite, pois, nos termos do art. 30 do CP, não existe condição personalíssima (invenção contra legem), mas sim condição pessoal, comunicável quando elementar (o que ocorre, in casu). Essa corrente atualmente é maioria, tendo sido adotada inclusive por Nelson Hungria;
6) SUJEITO PASSIVO
A vítima é o nascente ou neonato filho da mulher sob influência do estado puerperal. O sujeito passivo também é próprio (trata-se de crime bipróprio)
OBS: Se a mulher, sob influência estado puerperal, mata filho alheio, pensando que era seu, há erro de tipo acidental sobre a pessoa (art. 20, §3º). Neste caso, ela responde por infanticídio: 
Art. 20, §3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
ABORTO
1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Aborto (abortamento) é a interrupção da gravidez, com a destruição do produto da concepção.
Sob o ponto de vista jurídico, o início da gravidez se dá com a nidação (fixação do embrião no útero da mulher)
2) BEM JURÍDICO 
Vida intrauterina. Esta é protegida por três tipos penais: 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Aborto provocado por terceiro, com o consentimento válido da gestante
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
1) TIPICIDADE OBJETIVA
Auto-aborto (gestante pratica nela mesma a manobra abortiva);
Gestante consente para que outro provoque o abortamento (respondendo o provocador pelo art. 126 do CP).
2) TIPICIDADE SUBJETIVA
O crime é punido somente a título de dolo
3) CONSUMAÇÃO 
O delito é material, consumando-se com a morte do feto, pouco importando se esta ocorre dentro ou fora do ventre materno, desde que decorrente das manobras abortivas.
Se a gestante ingere substância abortiva e expele o feto com vida, vindo este a falecer em razão da substância abortiva: Responde pelo aborto;
Se a gestante ingere substância abortiva, expele o feto com vida e mata ele com uma faca: responde por homicídio (a tentativa de aborto é por este absorvida)
4) TENTATIVA
É admissível a tentativa (o crime é plurissubsistente)
5) SUJEITO ATIVO: Crime próprio ou de mão própria?
1ª corrente (Luiz Regis Prado): crime próprio, admitindo co-autoria (porém o executor responde pelo art. 126 do CP)
2ª corrente (Cezar Roberto Bitencourt): trata-se de crime de mão própria, não admitindo co-autoria (a gestante responde pelo art. 124 e o terceiro provocador, pelo art. 126, cada um na condição de autor).
	Crime comum 
	 crime próprio
	Crime de mão própria
	Não exige condição especial do agente
	Exige condição especial do agente
	Exige condição especial do agente
	Admite co-autoria e participação
	Admite co-autoria e participação
	Não admite co-autoria. Só admite participação
6) SUJEITO PASSIVO
1ª corrente: não sendo o feto titular de direitos, salvo aqueles expressamente previstos na lei civil, o sujeito passivo é apenas o Estado. Adotada essa corrente, interromper gravidez de gêmeos é um só crime.
2ª corrente (majoritária): sujeito passivo é o produto da concepção (feto). Adotada essa corrente, interromper gravidez de gêmeos configura concurso formal impróprio de delitos.
Aborto praticado por terceiro, sem consentimento válido da gestante
1) Tipicidade objetiva
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos
2) Tipicidade subjetiva
O crime é punido somente a título de dolo.
OBS.1: quem desfere violento pontapé no ventre de mulher sabidamente grávida pratica crime de aborto do art. 125.
OBS.2: Matar mulher sabidamente grávida configura concurso formal de crimes (homicídio e aborto em concurso formal impróprio – desígnios autônomos: as penas serão somadas).
3) CONSUMAÇÃO
O crime é material, consumando-se com a morte do feto. 
4) TENTATIVA
Admite-se a tentativa
5) SUJEITO ATIVO
Cuida-se de delito que pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo crime comum.
 
6) SUJEITO PASSIVO
O art. 125 é crime de dupla subjetividade passiva, sendo vítimas a gestante e o feto.
Aborto provocado por terceiro, com o consentimento válido da gestante
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
1) TIPICIDADE OBJETIVA: 
O delito pune a conduta de quem provoca o abortamento com consentimento válido da gestante. Se o consentimento não é válido (parágrafo único), o agente responderá pelo crime do art. 125 (aborto sem o consentimento da gestante).
2) TIPICIDADE SUBJETIVA: 
O crime é punido somente a título de dolo.
3) CONSUMAÇÃO
O crime é material, consumando-se com a morte do feto. 
4) TENTATIVA: Admite-se a tentativa
5) SUJEITO ATIVO
Cuida-se de delito que pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo crime comum.
 
6) SUJEITO PASSIVO: o feto
MAJORANTES DO ABORTAMENTO
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevêm a morte.
Embora o CP denomine “forma qualificada”, o art. 127/CP traz, em verdade, causas de aumento da pena (majorantes) 
Essas majorantes são aplicáveis apenas ao terceiro provocador, uma vez que o direito penal não pune a autolesão. 
 O art. 127 traz majorantes preterdolosas (dolo no aborto + culpa no resultado)
ABORTO LEGAL OU PERMITIDO
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
1) Aborto necessário (art. 128, I, CP)
1.1) Requisitos: 
Aborto praticado por médico;
Salvar vida da gestante
Inevitabilidade do meio (impossibilidade de uso de outro meio para salva-la). 
 
OBS: a lei não exige o consentimento da gestante, nem autorização judicial.
2) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro - aborto “sentimental” ou “humanitário” (art. 128, II)
2.1) Requisitos: 
Praticado por médico;
Gravidez resultante de estupro 
Consentimento da gestante ou de seu representante legal.
OBS: Não é necessário autorização judicial, nem condenação por estupro. No entanto, há jurisprudência do STF exigindo boletim de ocorrência.
ABORTO DE FETO ANENCÉFALO
Anencéfalo é o embrião, feto ou recém-nascido que, por malformação congênita, não possui uma parte do sistema nervoso central. Faltam-lhe os hemisférios cerebrais e tem uma parcela do tronco encefálico. 
O STF no julgamento da ADPF nº 54 disse que a anencefalia é a má formação total ou parcial do cérebro. 
Em abril de 2012, no julgamento da ADPF nº 54, o STF decidiu que não é crime a interrupção terapêutica do feto com anencefalia. Caberá à mulher escolher pela manutenção da gravidez ou pela interrupção. O STF decidiu que o fato não é formalmente típico, uma vez quea vida pressupõe atividade cerebral. Se não há atividade cerebral não há vida.