Buscar

A DANÇA CIGANA COMO PRÁTICA ARTÍSTICA E PEDAGÓGICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES 
DEPARTAMENTO DE ARTES 
CURSO DE LICENCIATURA EM DANÇA 
 
 
 
SIMONE BRILHANTE MAIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A DANÇA CIGANA COMO PRÁTICA ARTÍSTICA E 
PEDAGÓGICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal/RN 
2013
SIMONE BRILHANTE MAIA 
 
 
 
 
 
 
 
A DANÇA CIGANA COMO PRÁTICA ARTÍSTICA E 
PEDAGÓGICA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao curso de Licenciatura em Dança da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como requisito parcial para obtenção do grau 
de Licenciada em Dança. 
 
 
Orientador: Profº Dr. Marcilio de Souza Vieira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal/RN 
2013 
 SIMONE BRILHANTE MAIA 
 
 
 
 
 
A DANÇA CIGANA COMO PRÁTICA ARTÍSTICA E 
PEDAGÓGICA 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao curso de Licenciatura em Dança da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como requisito parcial para obtenção do grau 
de Licenciada em Dança. 
 
 
 
_____________________________________________________________ 
Dr. Marcilio de Souza Vieira (Orientador) 
 
 
 
______________________________________________________________ 
Prof. Dra. Evanir de Oliveira Pinheiro 
 (Membro interno) 
 
 
 
______________________________________________________________ 
Prof. Dr. Robson Carlos Haderchpek 
 (Membro interno) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos ciganos, roms, gitanos, gypsys, 
peregrinos do tempo, que me inspiraram a 
realizar este e outros belos trabalhos. 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos Professores desta instituição, que fizeram a diferença e a 
clareza de conhecimentos adquiridos no decorrer do curso. 
 À minha família, que sempre me apoia, especialmente à minha mãe 
querida, Lúcia Brilhante Maia, o meu porto seguro, com seu incentivo e 
vibrações positivas para todos os projetos que realizo. 
À minha irmã Karla Maia (In memorian), responsável pela minha 
inserção ao mundo da dança, ela que com toda sua paciência e 
profissionalismo, me ensinou com dedicação a sua arte, assim como formou 
diversos dançarinos nesta capital, em com destaque à dança cigana. 
Ao meu amado pai, João Miranda (In memorian), o mestre da minha 
vida. 
À minha amiga/irmã Marilda Cunha, que sempre compartilha comigo os 
mesmos ideais na dança, e principalmente neste curso, foi fundamental, pois 
me convidou a matricular-me; nos desânimos, uma sempre apoiava a outra a 
seguir adiante, e nas vitórias juntas comemoramos. 
Aos idealizadores do Curso de Licenciatura em Dança, Karenine 
Porpino, Larissa Kelly, Teodora Alves e Edson Claro (in memorian), que 
lutaram bravamente para que este fosse concretizado e se tornasse uma 
realidade. 
À professora Lara Machado, grande mestra, que abriu mentes de muitos 
alunos interessados que isto acontecesse em suas vidas e foi minha principal 
fonte de inspiração para vários trabalhos, com suas palavras sábias e 
principalmente sua maneira pedagógica de passar seus conhecimentos, 
formando pessoas melhores. 
Ao meu orientador professor Marcilio Vieira, com a sabedoria das suas 
orientações, paciência e discernimento passados a esta discente, me ajudou a 
concretizar este trabalho tão sonhado. 
 A Deus Pai de todas as criaturas, que me guia e me inspira para que 
tudo saia de acordo ao melhor caminho. 
 
RESUMO 
Investigar sobre a cultura cigana é contribuir na difusão da memória de 
um povo rico em história, mistério e arte. No trabalho ora apresentado, 
enfatizamos como tema principal a dança cigana, ou melhor, as danças 
ciganas, pois quando dizemos no plural “danças ciganas” é porque, na 
realidade existe uma divisão no que equivocadamente se convencionou 
chamar apenas “dança cigana”. Tal dança e sua história pode trazer 
contribuições para estarmos pensando a dança como educação para além dos 
espaços formais de ensino e para além das danças pesquisadas no mundo 
acadêmico, a saber: ballet clássico, dança moderna, dança contemporânea, 
danças populares do Brasil. Pensar essa dança nesse espaço acadêmico 
também nos faz refletir em seu estado da arte, em quem a pesquisa e quais as 
contribuições da dança cigana para o espaço acadêmico como fonte de 
pesquisa. O trabalho se propõe analisar a Dança Cigana como prática artística 
e pedagógica nos ensinos: formal e não formal, bem como refletir sobre essa 
dança e sua tradição, nas academias ou escolas de dança que a praticam. 
Desse modo buscamos um distanciamento do método tradicional do ensino de 
tal dança, que geralmente é ministrado através do método de espelho, 
propondo conduzir e impregnar de sentidos o bailado, a fim de criar 
significados a partir da cultura cigana, traçando múltiplas relações entre o 
dançarino e suas existências sociopolítico-culturais. 
 A abordagem metodológica utilizada neste trabalho é de natureza descritiva, 
que descreve como fatos que são observados, registrados, analisados, 
classificados e interpretados. A pesquisa se justifica pelo fato desta 
pesquisadora admirar e respeitar bastante a cultura cigana, e o ritmo da sua 
dança, principalmente a Cigana Espanhola; por ter vasto conhecimento da 
prática e do ensino dessa dança; por sentir a falta de material bibliográfico 
acadêmico sobre esta cultura. 
 
 
 
Palavras-Chave: Dança Cigana. Aprendizagem. Educação. 
 
 
 
 
 
 
RESUMEN 
Investigar a respecto de la cultura gitana, es contribuir a la difusión de la 
memoria de un pueblo rico en historia, misterio y arte. En este trabajo ora 
presentado, enfatizamos como el tema principal la danza gitana, o mejor, las 
danzas gitanas, pués cuando decimos en plural “danzas gitanas” es porque, en 
la realidade existe una división por lo que equivocadamente si convencionó a 
llamar apenas “danza gitana”. Tal danza y su historia, se pueden traer 
contribuciones para estarmos pensando la danza como educación para más 
allá de los espacios formales del ensino y para más allá de las danzas 
encuestadas em el mundo acadêmico, a saber: el ballet clasico, la danza 
moderna, la danza contemporánea, las danzas populares del Brazil. Piensar 
esa danza en este espacio académico también nos hace reflectir en su estado 
del arte en quién la búsqueda y cuales son las contribuiciones de la danza 
gitana para el espacio académico como el fuente de búsqueda. El trabajo tiene 
la intención de analizar la danza gitana como practica artística y pedagogica en 
la educación formal y no formal, así como piensar a respecto de esta danza y 
sus tradicciones, en las académias o escuelas de danza que las practican. De 
esta manera, buscamos una manera distanciada del método tradiccional de 
ensino de tal danza, que en general es ministrado a través del cristal, propondo 
conducir y impregnar el bailado de los sentidos, con la finalidad de criación de 
significáncias a partir de la cultura gitana y trazando multiples relaciones por 
entre el bailarín y sus existéncias sociopolítico y culturales. La abordagen 
metodologica utilizada en este trabajo es de naturaleza descritiva, que describe 
como factos que son observados, grabados, analizados, clasificados y 
interpretados. La pesquisa si justifica por lo facto de esta pesquisadora admirar 
y respectar bastante la cultura gitana, y el ritmo de su danza, en principal, la 
Gitana Española; por tener amplio conocimiento de la practica y del ensino de 
esa danza; por sentir la falta de materiales de bibliografía académica sobre 
esta cultura. 
 
 
 
Palavras-Llave: Danza gitana. Aprendizaje. Educación 
 
 
SUMÁRIOINTRODUÇÃO 8 
OBJETIVOS 10 
METODOLOGIA 11 
JUSTIFICATIVA 11 
A DANÇA CIGANA: ABORDAGEM HISTÓRICA, TÉCNICA/ 
ESTÉTICA. 
13 
PARA SE PENSAR A DANÇA CIGANA NA EDUCAÇÃO 20 
PROPOSTA PEDAGÓGICA E ARTÍSTICA DA DANÇA CIGANA 22 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 34 
REFERÊNCIAS 37 
ANEXOS 38 
Créditos das imagens 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SER CIGANO 
 
Ser Cigano é respeitar a liberdade, 
a natureza e acima de tudo a vida 
É viver e deixar viver 
É ter a lucidez de saber esperar 
É não esgotar todos os recursos 
É preferir morrer com honra, do que viver desonrado 
É ter como lema ser feliz 
É agradecer as pequeninas coisas da vida 
É dignificar seus velhos 
É glorificar suas crianças 
É respeitar os povos e as coisas que se desconhece 
É nunca contestar a Justiça Divina 
É acima de tudo amar e respeitar Deus e Seu filho 
Jesus Cristo, nosso grande Mensageiro. 
 
Rorarni / Mirian Stanescon 
 
 
 Investigar sobre a cultura cigana é contribuir na difusão da memória de 
um povo rico em história, mistério e arte. No trabalho ora apresentado, 
enfatizamos como tema principal a dança cigana, ou melhor, as danças 
ciganas, pois quando dizemos no plural “danças ciganas” é porque, na 
realidade existe uma divisão no que equivocadamente se convencionou 
chamar apenas “dança cigana”, que elencaremos mais a seguir. 
 Esta arte milenar, não tem uma origem definida, pois que os ciganos 
antepassados, tinham como costume o nomadismo, como alguns 
contemporâneos. Mesclam nesta dança ritmos, passos, coreografias, 
movimentos passados de pais para filhos, e figurinos de cada local ou país que 
as executa, podendo-se dizer assim, que é uma dança plural. Porém os ritmos 
mais difundidos foram o Flamenco, que tem origem cigana, na Espanha; ritmos 
latinos como a salsa, o merengue, a rumba e ritmos mais clássicos como os 
Húngaros, Russos e Italianos, e também os do Oriente Médio e Egito. 
 Segundo o dicionário Aurélio, designa o Cigano como: 
 
CIGANO. [Do Grego Bizantino Athinganos, pelo fr. Tzigane ou 
Tsigane.] S.m. 1. Indivíduo de um povo nômade, provavelmente 
originário da Índia e emigrado em grande parte para a Europa 
Central, de onde se disseminou, povo esse que tem um código 
ético próprio e se dedica à música, vive de artesanato, de ler a 
sorte, barganhar cavalos, etc. [Designam-se a si próprios Rom, 
quando originários dos Balcãs, e Manuche, quando da Europa 
9 
 
central.] Sin.: boêmio, gitano, calon (bras) (HOLANDA, 1999, p. 
470). 
 
 Há historiadores que supõem a origem dos Ciganos, como sendo na 
Babilônia, ou ainda, outra hipótese, que haveriam surgido antes de Cristo, mais 
precisamente na Pérsia, subdividindo-se em dois grupos, uns partindo em 
direção à Ásia e Egito, outros seguindo para Europa, onde tiveram presença 
marcante na Hungria, Romênia, Rússia e Espanha. A denominação “cigano” é 
a mais difundida, porém eles preferem se autodenominar de Rom, que é o 
nome designado pelas Nações Unidas. Citamos diversas outras denominações 
mundiais na tabela em anexo. (anexo 1) (FERNANDES, 2010, p.22) 
 O fundador e primeiro presidente da Sociedade de Cultura Cigana, 
Charles Godfrey Leland (1824-1903), poeta erudito e literato americano, afirma 
que: 
A história dos ciganos têm origem com os audaciosos cavaleiros 
da tribo dos Jãts, raça Ariana que foi banida durante o curso das 
guerras religiosas, que varreram a Índia com especial ferocidade 
entre os séculos X e XII. Expulsos, migraram via Pérsia e Egito 
para a Europa Setentrional e Ilhas Britânicas há mais de 1.000 
anos. Atravessaram a África, penetraram na Espanha e 
finalmente se estabeleceram em todo o mundo ocidental, 
inclusive nos Estados Unidos, América do Sul e Austrália 
(LELAND, 1996, p.10). 
 
 
Imagem 1 – Rota migratória dos ciganos, da India para Oriente, Ásia e América. A seta 
preta corresponde ao grupo ROM, seta vermelha ao grupo Sinti ou Manouch, e a verde 
ao grupo Calon. Disponível em: http://lusophia.wordpress.com/page/8/ 
 
10 
 
No Brasil, comemora-se o “Dia Nacional do Cigano”, no dia 24 de Maio. 
Em 23 de Maio de 2006, o Presidente Luiz Inácio Lula Da Silva, assinou o 
Decreto instituindo oficialmente esta data comemorativa, como homenagem a 
Santa Sara Kali, a Padroeira dos ciganos, já que nessa data, festeja-se 
também o seu dia. Os ciganos chamados “brasileiros” se dividem em dois 
grupos: Calon (existem em todo o mundo, desde a Rússia à Argentina) e 
Kalderash (mais dispersos e têm origem extra-Ibérica). 
Tal dança e sua história pode trazer contribuições para se pensar a 
dança como educação para além dos espaços formais de ensino e para além 
das danças mais pesquisadas no mundo acadêmico, a saber: ballet clássico, 
dança moderna, dança contemporânea, danças populares do Brasil. Pensar 
essa dança nesse espaço acadêmico também nos faz refletir em seu estado da 
arte, em quem a pesquisa e quais as contribuições dessa dança cigana para o 
espaço acadêmico como fonte de pesquisa. 
Encontramos para esta pesquisa alguns trabalhos na internet que fazem 
relação com a temática desenvolvida, tais como: a dissertação de mestrado 
intitulada “Ensinando dança flamenca” defendida no Instituto de Artes da 
UNICAMP, de autoria de Daniela LIBÂNEO (1999); Documento em DVD, de 
autoria do Dr. Zarco FERNANDES1, o primeiro cigano jornalista, parapsicólogo 
clínico, publicitário e psicólogo do Brasil, intitulado: “Ciganos... Tudo!” (2010); o 
artigo de autoria de Frans MOONEN, intitulado: “Ciganos e ciganólogos: 
estudar ciganos para quem e para quê?” (2012), que enfatiza a antropologia e 
cita alguns trabalhos acadêmicos sobre ciganos; uma tese de doutorado, 
defendida no Instituto de Artes da UNICAMP, de autoria de Regiane Aparecida 
Rossi HILKER: “Ciganos, peregrinos do tempo: Ritual, cultura e tradição” 
(2008), no entanto, não foi encontrado nenhum trabalho discorrendo sobre o 
ensino da dança cigana. Isso demonstra que a pesquisa sobre a temática ainda 
é insipiente nos espaços acadêmicos de ensino e por muitas vezes só 
encontrada em sua manifestação artística em apresentações sazonais dos 
ciganos ou ainda em festivais de dança que contemple essa dança. 
 
1
 Dr. Zarco Fernandes, é cigano Calon, parapsicólogo clínico, e primeiro cigano jornalista, 
publicitário e psicólogo do Brasil; presidiu uma das ONGs mais atuantes do mundo na causa 
romá: o Centro De Cultura Cigana-MG, sediado em Juiz de Fora (MG). Autor do trabalho: 
Ciganos: TUDO! (2010), que contribui para uma maior divulgação das políticas pró-ciganas, 
das reivindicações ciganas e da cultura deste povo. Ministra cursos sobre a Cultura Cigana em 
todo o Brasil, inclusive na UFRN em 2010. 
11 
 
O trabalho se propõe analisar a Dança Cigana como prática artística e 
pedagógica no ensino formal e não formal, bem como refletir sobre essa dança 
e sua tradição, nas academias ou escolas de dança que a praticam. Desse 
modo buscamos um distanciamento do método tradicional do ensino de tal 
dança, que geralmente é ministrado através do método de espelho, propondo 
conduzir e impregnar de sentidos o bailado, a fim de criar significados a partir 
da cultura cigana, traçando múltiplas relações entre o dançarino e suas 
existências sociopolítico-culturais. 
A abordagem metodológica utilizada neste trabalho é de natureza 
descritiva, que segundo Rodrigues (2007) descreve como fatos que são 
observados, registrados, analisados, classificados e interpretados. 
 Na pesquisa, além das experiências por mim vividas com a dança 
cigana, executei aulas práticas na UFRN e na Escola Municipal Arnaldo 
MonteiroBezerra, com alunos de diferentes níveis: com e sem conhecimento 
prático de danças diversas, para fundamentar experimentos que serviram de 
embasamento prático para o desenvolvimento deste trabalho. 
O presente trabalho se justifica pelo fato desta pesquisadora admirar e 
respeitar bastante a cultura cigana, e o ritmo da sua dança, principalmente a 
dança Cigana Espanhola; por ter vasto conhecimento da prática e do ensino 
dessa dança; por sentirmos a falta de material bibliográfico acadêmico sobre 
esta cultura; e, também por querermos desassociar a imagem do povo cigano a 
vagabundos, bandidos e enganadores, já que, ao mesmo tempo em que os 
criticam, também buscam o poder da magia da sua dança. Por existir poucos 
estudos acadêmicos sobre a dança cigana; bem como contribuir como um 
material bibliográfico para o curso de Licenciatura em Dança da UFRN 
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte), e para pessoas interessadas 
na dança cigana. 
A temática ora abordada tem antecedentes no meu fazer artístico e 
educacional. Sou dançarina do ritmo cigano a mais de vinte anos, e durante a 
Licenciatura em Dança desenvolvi trabalhos acadêmicos práticos e teóricos 
que versavam sobre tal dança. Ministrei aulas e fazia parte do grupo de dança 
do Stúdio de Dança Fama, que tinha como fundadora Karla Maia (1966-2010), 
coreógrafa e bailarina (Imagem 2), um dos grandes nomes da dança do nosso 
estado, especialista em vários ritmos, principalmente a dança cigana e o 
12 
 
flamenco, precursora de tais ritmos em Natal, assim como a dança do ventre e 
o tango. Através da citada coreógrafa, iniciei minhas atividades artísticas, Karla 
foi minha incentivadora e de inúmeros outros dançarinos da cidade para o 
universo da dança. Utilizávamos o método tradicional2 de ensino das danças 
praticada pela maioria das academias de dança, se não em todas elas. 
 
Imagem 2 - Acervo pessoal – Bailarina e Coreógrafa Karla Maia. Espetáculo na Festa 
Cigana no Clube América (2005) 
 
 
Inserida na graduação citada, desenvolvi o “Workshop sobre a Cultura 
Cigana”, para apresentação na CIENTEC 2012 (Semana da Ciência, Cultura e 
Tecnologia da UFRN), e na Escola Municipal Arnaldo Monteiro Bezerra 
(Conjunto Pirangi - Natal/RN), nas disciplinas de Estágio Supervisionado I, II e 
III. 
O Estágio Supervisionado IV, foi realizado na Academia de Dança 
Evidance, onde idealizamos e foi posto em prática o projeto: “Corpo esperto, 
Mente aberta”, que propunha através da formação profissional e experiência da 
pesquisadora, ir além das observações sobre a prática da dança cigana e ao 
ambiente das salas de aula, buscando abranger a instituição como um todo, 
 
2
 Método do espelho – O aluno reproduz os passos ensinados pelo professor. 
13 
 
propondo parcerias culturais, jornal cultural, informativo, incentivo a pesquisa e 
a formação de espectadores de espetáculos, a discussão, encontros 
direcionados a vivências, work shops, vídeos, além de reuniões com o corpo de 
professores para discutir metas e resultados de ensino dessa dança. 
Nesta pesquisa, além dos aspectos históricos, técnicos/estéticos da 
dança cigana, consideramos seus objetivos educacionais, pois entendemos 
que estes transformam e são transformados no seio da comunidade cigana e 
também pode lograr uma aprendizagem pela cultura para aqueles apreciadores 
de tal dança. 
 
 
A DANÇA CIGANA: ABORDAGEM HISTÓRICA, TÉCNICA/ ESTÉTICA 
 
Para os ciganos, a dança é a mais pura expressão da força da vida, que 
através dela, demonstra a sua forma de viver com liberdade, coesão familiar, 
preservação da família e amor à natureza. Como as marcas tradicionais dos 
povos ciganos, temos: aptidão para a música e dança, para as vendas, 
tendência para o trabalho por conta própria, e em especial, o amor à natureza. 
Tudo isso é simbolizado na sua bandeira (imagem 1). 
 
 
Imagem 3 - Bandeira Cigana. Disponível em www.google.com.br 
 
14 
 
 
 
Na bandeira que simboliza a tradição cigana pode-se ler: 
 
O símbolo geométrico dos ciganos é o CÍRCULO RAIADO (12 
raios), também adotado no pendão da Índia (“Ashok Chakra”) na 
tonalidade marrom (meio avermelhado), no centro de duas 
FAIXAS horizontais de tamanho igual. A parte superior em azul 
representa o CÉU (teto dos ciganos); a inferior em verde 
representa a TERRA (nossa pátria) e a RODA simboliza a 
carroça (nosso nomadismo) que tanto girou pelas estradas da 
vida, provando a não linearidade do tempo e do espaço. Esta 
bandeira foi concebida em 1971, em Londres, durante o “I 
Congresso Mundial Romani”, com delegados de catorze países. 
Seu simbolismo geral é assim traduzido: o céu é o meu teto, a 
terra é minha pátria e a liberdade a minha religião (FILHO, 2005, 
p.137). 
 
 
Por esta razão, crenças, costumes, cânticos e dança, utilizam o poder 
dos elementos da natureza como o fogo, a terra, a água e o ar também na sua 
dança, despertando distintos níveis de energias para cada elemento. 
Na tradição cigana o elemento fogo representa a sensualidade, 
demonstração viva do amor, da união, do calor humano e da harmonia, na 
dança, é representado com movimentos de serpente, ondulatórios de quadril, e 
também através das cores das roupas nos tons quentes (vermelho, laranja); o 
elemento água lava e limpa as suas vidas e os livra de toda carga negativa e 
interferência do comportamento; desbloqueia emoções, traz alegria e bem 
estar, este elemento é representado esteticamente através dos véus; já o 
elemento terra evoca a prosperidade, a renovação, a sobrevivência, a força e o 
equilíbrio, faz-se representar pelas batidas dos pés e movimento de 
representação de crescimento de uma árvore; e por fim, o elemento ar surge 
como o sopro mágico da vida, das energias físicas e da saúde, e é 
demonstrado na dança, através das ondulações das mãos (LYZ, 2000, p. 45) 
(KALDERASH apud HILKER, 2000, p. 208). 
Para os ciganos a dança é uma manifestação sublime de duveli (Deus), 
através do corpo e da alma. É uma das formas de expressão da sua cultura 
para o mundo, passada de pais para filhos. São utilizadas em níveis distintos 
15 
 
como rituais, em casamentos ou em outros festejos, bem como para expressar 
seus sentimentos alegres ou tristes. Machado aborda este tema argumentando 
que: 
 
Na concepção do trabalho, a “dança” é definida como meio de 
comunicação, arte, forma de expressão, ritual, e de muitas 
outras maneiras, caracterizada principalmente pelo significado 
que assume no interior da organização social dos diferentes 
grupos humanos. Como Forma de manifestação espontânea, 
ligada diretamente à cultura, é a mais antiga das artes; parte 
constitutiva do ser humano durante toda sua história, servindo 
como elemento de comunicação e afirmação, dando-lhe 
possibilidades de viver os símbolos de seu inconsciente por meio 
do próprio corpo, liberando emoções reprimidas, muitas vezes 
em função dos tabus culturais. A dança é encontrada em todas 
as civilizações, onde a emoção e o pensamento mágico não 
eram inibidos pela racionalização ou pela repressão dos 
instintos. Da necessidade de manifestar-se com a natureza e 
com o desconhecido, o homem chegou, então, à execução de 
seus rituais, e neles participa com seu corpo, seus sentidos e 
suas emoções. Ao pensar em um ritual, é possível imaginar um 
verdadeiro complexo de ações que sugere um mundo à parte, ou 
seja, que transporta o homem para outro “tempo”, um tempo 
mítico, imaginário, não palpável, que propõe uma comunicação 
com deuses ou ancestrais. (MACHADO, 2008, p. 05) 
 
Esses povos foram perseguidos e descriminados durante gerações e 
esta é averdadeira causa do seu nomadismo, não é pelo simples fato de 
admirarem a liberdade, mas sim por serem impedidos de fixarem raízes. Porém 
hoje, dos 20.000.000 ciganos no mundo, mais de 70% já possuem residência 
fixa (denominados: sedentários), mas esse número não é preciso, visto que 
muitos ciganos não são registrados, ou negam que são ciganos, devido ao 
preconceito que sofrem ao informar sua origem. Durante a 2a Guerra Mundial, 
foram perseguidos pelos nazistas; nem todos lembram que os ciganos também 
foram massacrados pela guerra, e que sofreram durante anos, por estas duras 
penas, trazendo para si muito ódio e rancor. Estima-se por alguns 
historiadores, que 500 mil ciganos foram assassinados neste período. Um dos 
grandes pesquisadores da história cigana, Asséde Paiva (2000, p. 27) pontifica 
que: 
 
Falam do genocídio dos judeus. Indenizam-lhes. Alguém fala no 
genocídio dos ciganos? Imagine caro leitor ou leitora, um grupo 
perseguido por milênios, escorraçado de todos os países, 
periodicamente massacrado; ainda hoje o é. Será que 
16 
 
psicologicamente os ciganos não teriam o direito de desenvolver 
algum mecanismo de defesa? E por que não aceitar como caso 
de pura e extrema necessidade os pequenos deslizes que 
cometem como o fruto da miséria e fome [...] 
 
A situação dos povos ciganos, em sua grande maioria espalhados pelo 
mundo, é precária. Eles vivem à margem da sociedade, descriminados, 
renegados ao trabalho, terminam por vezes sendo obrigados a buscar formas 
alternativas de vida, inclusive ao ponto de pedir esmolas. Por esta razão 
também utilizam a sua arte, dança e canto como meio de sobrevivência, 
demonstrando seus lamentos e sua cultura através dos seus corpos, música e 
vestimenta, bem como lendo a sorte, por meio das cartas ou da leitura de mãos 
(quiromancia). Em entrevista a mim concedida, a cigana Calin, Maura 
Piemonte3, nômade, hoje residindo em Peruibe/SP, narra sobre a situação 
atual dos ciganos brasileiros, e da luta da mesma, que é membro da comissão 
nacional de povos e comunidades tradicionais: 
Sou cigana calin do segmento calon, os que chegaram ao 
Brasil em 1574 deportados de Portugal, mas nossos 
antepassados eram da India. Nossa forma sustentável é bem 
diferente dos rons somos um povo praticamente 90 por cento 
analfabetos. Os rons chegaram ao Brasil quase 300 anos 
depois, temos uma cultura diferente, dialeto diferente 
necessidades diferentes, nós calons somos o povo que 
estamos no Brasil há 449 anos e ainda somos excluídos de 
tudo, saúde, educação [...] meu objetivo é que em cada 
município que os calons cheguem, eles tenham um terreno 
com condições humanas de sobrevivência e que tenham direito 
a terra pois não somos nômades por opção, somos por 
imposição de um governo que não nos aceita e de uma 
sociedade que não nos conhece. (25/11/2013) 
 
Os ciganos são divididos e subdivididos em muitos grupos, e que no 
Brasil são chamados de clãs ou ranchos, o que acaba por separá-los, existindo 
certa rivalidade entre grupos. O sedentarismo também modificou os hábitos 
dos ciganos, podendo assim um grupo não apresentar todos os costumes e/ou 
 
3
 Membro da associação CEDRO - Centro de Estudos e Discussões Romani. E, sua filha 
Bárbara Angely Piemonte ocupa uma cadeira no CNPIR- Conselho Nacional de Promoção da 
Igualdade Social - biênio 2012/2014; e na CNPCT – Comissão Nacional de Desenvolvimento 
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto 6.040/07 (trabalho 
feito junto aos acampamentos ciganos). 
17 
 
diferenças descritas universalmente pelos ciganólogos. FERNANDES (2010, p. 
4) versa sobre o tema, quando afirma: 
Esta tentativa errada de centrismo dos ciganólogos e dos 
próprios ciganos fez o sociólogo Acton falar até de 
“Romólogos”, que em lugar de analisarem as diferenças 
existentes entre os grupos ciganos, apresentam um 
modelo ideal como se os ciganos formassem uma 
totalidade homogênea. E sua conclusão é brilhante: “A 
grande falha” da literatura sobre os ciganos, oficial e 
acadêmica, é a supergeneralização; observadores têm 
sido levados a acreditar que práticas de grupos 
particulares são universais, com concomitante sugestão 
que [os membros de] qualquer grupo que não têm estas 
práticas não são “verdadeiros ciganos”. 
 
Como se percebe, podemos inferir que a cultura cigana é uma cultura 
como outra qualquer, apenas possuem tradições e costumes particulares, 
como todos os povos têm. A única diferença, e mais fundamental característica 
cigana, é de não possuir território delimitado reconhecido por outros povos; daí 
serem considerados pela ONU como “nação sem território”. Eles, os ciganos, 
consideram o mundo seu território e isso os faz terrivelmente intoleráveis pelo 
resto da humanidade. Para os ciganos o espaço territorial tem apenas valor de 
uso, não de troca (FERNANDES, 2010). 
 Em seus aspectos técnicos e estéticos, a dança cigana pode ser dividida 
em danças festivas que são aquelas, como a própria palavra exprime, 
executadas nos momentos de bródio4 (festas) tais como: aniversários, 
casamentos, comemorações, nascimentos, etc., ou normalmente no dia-a-dia 
das thieras (tendas, barracas); danças sagradas executadas nas slavas ou 
prásniko (festas religiosas), em culto aos antepassados (polmana) em 
agradecimento a Deus, a Jesus (Duveli Baron), a Sara Kalí etc. São os 
chamados “lamentos” (skafhidiake); danças ritualísticas que são as que 
exprimem em profundidade a tradição e a cultura dos ciganos. Por exemplo: 
 
4
 As palavras em itálico são escritas em Romanês ou Romani - Os Kalderash, erradamente 
chamados “Rom” ou pior ainda ”Romá” (plural de rom) se concentram em São Paulo (maioria 
nos arredores de Campinas), Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do 
Sul. Começaram a chegar ao Brasil por volta de 1882, embora a maioria tenha vindo no 
período entre as duas guerras mundiais. Segundo estatísticas, já em 1959 eram 134 mil no 
Brasil. Falam a língua “Romanês” enquanto seus subgrupos falam dialetos bastante diferentes. 
São indiscutivelmente claros os seus vínculos culturais com o passado da Romênia 
(FERNANDES, 2010, p.82). 
18 
 
dança do fogo, ritual da lua cheia (dança da transformação), dança dos punhais 
(tchuri), iniciações etc. 
Em entrevista a HILKER (2000, p. 182), o patriarca do clã cigano 
Kalderash, Angelin Kalderash, lhe responde o que é dança para os ciganos: 
 
A dança? A dança do nosso povo é um grito. Um grito que ecoa 
no tempo e no espaço. É arte, ritual e diversão. É uma das 
principais formas de aproximação aos deuses. Demonstramos 
nossa religiosidade por meio da dança. O cigano tem dificuldade 
de exprimir seus pensamentos por palavras [...] A dança cigana 
atravessou séculos entre a clandestinidade e as perseguições, 
foi duramente combatida pela igreja católica e dizíamos que 
alegrávamos os gadjôs (não ciganos), só assim permitiram que 
disfarçássemos a realidade da dança. Essa é uma dança ritual, 
mas os gadjôs que assistem, não sabem o significado [...] 
 
Convém ressaltar, que as danças ciganas podem ser executadas de 
maneira solitária (um “solo”, por exemplo), que possibilita maior poder de 
improvisação ao dançarino; em par ou em grupo, que exige coreografias; 
também de forma profissional ou amadora, festiva, sagrada ou ritualística. Em 
qualquer forma de procedimento, os dançarinos, reunirão as qualidades 
técnicas/estéticas, o preparo físico, a alma e o amor pela dança (FERNANDES, 
2010, p. 111). 
Podemos destacar o Flamenco, que é uma dança de origem cigana 
Espanhola, é um ritmoderivado da mistura cultural dos povos, que surgiu por 
volta de 1478, com a retomada cristã da Península Ibérica e com o advento do 
Tribunal da Inquisição, quando judeus e ciganos vão buscar refúgio nas 
montanhas e passam a conviver com os camponeses pobres, é que surgem os 
primeiros elementos da cultura flamenca propriamente dita, como o cante 
(canto), a guitarra e o baile (dança) (CALDEIRA, 2013). Em 16 de outubro de 
2010, o Flamenco foi elevado a Patrimônio Imaterial Cultural da Humanidade, 
pelo comitê intergovernamental da UNESCO (Organização das Nações Unidas 
para a Ciência e a Cultura) reunido em Nairóbi. Segundo a espanhola 
e andaluza Cristina Hoyos, uma das principais bailadoras desta arte, 
coreógrafa e atriz, que teve atuação em quase todo o mundo, Flamenco é “uma 
mescla maravilhosa de todas as culturas que passaram pela Andaluzia que nos 
deixou suas marcas e que aqui se hão dado forma. A mistura é sempre boa e 
19 
 
tudo o que há passado por esta terra se há criado algo maravilhoso chamado 
Flamenco.” (ROCHA, 2012, p. 5) 
 
 
Imagem 4 – Acervo pessoal – Dança Flamenca na Escola Mun. Arnaldo Monteiro, no 
Estágio Supervisionado I – 2011. Marilda Cunha e Simone Brilhante. 
 
Os elementos/objetos são utilizados na maioria dos estilos das danças 
ciganas, tendo cada um deles, um significado distinto, pois são implementos 
ritualísticos, tais como: mãos, echarpes e xales (elemento ar); pés descalços 
(elemento terra, ao tocar os pés no chão, recebe-se a energia que é a força 
fundamental); bem como: leques, pandeiros, castanholas, flores, punhais, etc. 
Os movimentos corporais são plenos em ombros, mãos, cabeça e pés, 
mantendo sempre uma postura ereta, e ênfase no olhar, que representa 
profundamente a intenção do sentimento que se deseja expressar, que pode 
ser alegre, triste, sensual, dissimulado ou lamento. 
Em geral, a dança cigana é bailada com os pés descalços, para contrair 
as forças da terra, assim como fazem algumas indianas. Alguns estilos usam o 
sapateado como instrumento de percussão. Para isso são usados sapatos 
apropriados para o sapateado, principalmente no bailado cigano espanhol. 
Quando a cigana sapateia, significa que ela está lutando pelo que quer sem 
medo. 
20 
 
O bailado cigano para os homens faz despertar o lado protetor e ao 
mesmo tempo primal. Emerge sua sensualidade e virilidade, causando um ar 
de romance na dança de pares. Sua postura, coordenação motora e força são 
evidenciadas com altivez. 
 A prática tem servido para muitos, como terapia e melhor qualidade de 
vida ou como forma de liberação das emoções interiores, de dar vazão aos 
sentimentos e às íntimas necessidades, revelando o caráter e certos 
sentimentos (preguiça, timidez, depressão, desânimo...) dos praticantes, pois 
como é uma dança de corpo, mente e alma, esses sentimentos deverão ser 
trabalhados no decorrer do processo de cada um, através dos movimentos, 
postura, respiração e conscientização corporal. Terá atingido o objetivo 
proposto como terapia, quando o dançarino conseguir unir graça, energia e 
força, juntamente com coordenação motora, postura, respiração correta e 
equilíbrio. (LYZ, 2000, p. 58) 
 Contribui para o aumento da autoestima, pois desperta, do ponto de 
vista psicológico e emocional, a alegria, força, altivez, sensualidade e beleza, 
destravando energias negativas e as transformando em energias positivas. 
 
 
PARA SE PENSAR A DANÇA CIGANA NA EDUCAÇÃO 
 
Nesta reflexão, provenho das minhas experiências como dançarina e 
coreógrafa da dança cigana e das minhas experiências obtidas em cursos, 
aulas e trabalhos finais de algumas disciplinas do curso de Licenciatura em 
Dança da UFRN. 
 Nessa experiência reflexiva e propositiva para se pensar a dança cigana 
no campo da educação, parto da vivência dessa dança nos Estágios 
Supervisionados, nas disciplinas de Composição Coreográfica e na elaboração 
desse Trabalho de Conclusão de Curso para refletir sobre tal dança e suas 
possibilidades de ensino na educação formal e não formal. 
A mudança na forma de pensar a dança cigana, de uma maneira 
diferente da que estava gravada no meu corpo de uma forma simplesmente 
estética e técnica, surgiu em uma das disciplinas ministradas pela professora 
Lara Machado, em que deveríamos trazer uma sugestão de algum tema para 
21 
 
desenvolver uma composição coreográfica. A temática escolhida por mim foi a 
ópera Carmen de Bizet, que tem como protagonista uma cigana. 
A expectativa seria simplesmente elaborar uma coreografia com 
compassos da dança cigana espanhola e executá-los com a música apropriada 
para aquele bailado. Porém, no decorrer do processo de vivências percebemos 
que não bastava apenas executar passos codificados, mas que se fazia 
necessário repensar a forma de ensinar tal dança sem perder de vista alguns 
de seus movimentos técnicos/estéticos e que pudéssemos, a partir das 
vivências criar uma dança que não fosse apenas com movimentos codificados 
e sem significado para o grupo. 
Nessa experiência pudemos perceber que através de uma temática, que 
elegemos: a loucura, podíamos criar sem necessariamente precisar copiar 
movimentos de dança já codificados para a ópera citada. 
 A partir daí, seguiram as pesquisas de campo e elementos cênicos de 
cada personagem para executar a prática vivencial e sentir no corpo o que 
cada componente produzia e inseria na cena. Para concretizar a temática 
estabelecida fomos a um hospital psiquiátrico da cidade, onde um dos 
componentes do grupo trabalhava como psicólogo, para observarmos os 
pacientes, seus movimentos e atitudes. Da experiência vivenciada tivemos 
sentimentos diversos, e, ao final da visita, nos reunimos para que cada um 
narrasse o que sentiu e o que mais lhe chamou a atenção. 
Sentimentos de medo, horror, pena, vazio, resignação, vontade de 
ajudar, indignação e até alegria foram postos na conversa e a partir destes, 
iniciamos o processo de criação sem necessariamente repetir os movimentos 
da obra Carmen. Pudemos dessa maneira, a partir das vivencias 
experienciadas criar nossa própria Carmen (Imagem 5) sem perder a 
gestualidade e beleza da dança cigana. 
22 
 
. 
Imagem 5 - Acervo pessoal – Composição coreográfica com a temática “Nas teias da Loucura” 
Teatrinho do DEART – UFRN – 2010 
 
Essa prática proporcionou criar a cena da cigana e (re)construir os 
movimentos técnicos. Observarmos como pode ser criado algo completamente 
livre dos padrões comuns de uma coreografia simplesmente marcada, sem 
algum sentido que não os simples passos técnicos, ao criá-las a partir de 
vivências práticas, sentidas no nosso próprio corpo e retratá-las através dos 
movimentos observados e executados nos laboratórios, dando margem à 
criação. 
 Partindo desse experimento, pensamos que é possível praticar a dança 
cigana para além de seus movimentos técnicos/estéticos e 
descontextualizados para aqueles que aprendem tal dança. 
 
PROPOSTA PEDAGÓGICA E ARTÍSTICA DA DANÇA CIGANA 
 
Nesta proposição para as aulas dessa dança proponho que o aluno sinta 
o ritmo, as sensações da música e dos gestos pré-elaborados com a técnica de 
passos, tome consciência de postura e da conscientização corporal. 
Essa conjectura foi concebida a partir das minhas experiências com a 
dança cigana e busca o distanciamento do método tradicional de ensino que 
sempre é ministrado através do método de espelho, praticado sempre como 
23 
 
alguém que segue e alguém que deve ser seguido. Nessa educação bancária 
como asseverada por Freire, o professor é sempre o transmissor das ideias e 
na dança cigana, tal educação ainda é ensinada quandoo professor ensina os 
passos e os alunos vão o seguindo repetidamente, afim de que se aprenda a 
técnica, e os passos fixem em suas mentes. Este é o processo utilizado no 
ensino dos ritmos dessa dança, uma metodologia mais estanque, 
centralizadora e separada, que trabalham apenas um dos aspectos da dança, 
que é o movimento (MARQUES, 2010). 
Aqui proponho que o aluno pratique tal dança sem o modelo tradicional 
do tipo espelho, sugerindo movimentos, conduzindo o aluno a fim de impregnar 
de sentidos o bailado, e a aprendizagem possa ser proposta a partir da 
vivência deste com a dança, criando significados a partir da cultura cigana e 
traçando múltiplas relações entre o dançarino e suas existências sociopolítico-
culturais. Nessa rede de configurações Marques (2010, p. 37) propõe que: 
 
As redes de relações que formam a dança/arte são bem mais 
amplas do que os passos que constituem um repertório, o que 
não invalida, absolutamente, a importância desse aprendizado. 
Ou seja, aprender repertórios é muito importante, principalmente 
os culturais, mas se almejamos educar leitores de mundo, não 
podemos reduzir este aprendizado a cópias mecânicas. 
 
E paralelo às vivências, ministro a técnica de passos codificados da 
dança cigana, pois como se trata de uma dança de manifestação cultural, não 
podemos deixar de lado o conceito estético deste povo, com a finalidade de 
obter resultados distintos em cada aluno, visto que os corpos são diferentes e 
não podemos cobrar de cada aluno a mesma forma de aprendizagem, com a 
mesma intensidade, desenvoltura e rapidez em cada corpo, ao contrário, haja 
vista que a dança cigana tem como objetivo inúmeras funções como: a terapia, 
postura, relação corpo/alma, coordenação motora, exercício físico e intenção 
de demonstração de sentimentos, então, se o aluno não conseguir alcançar o 
nível do seu colega, poderá haver desestímulo, depressão, baixa autoestima, 
sentimento de incapacidade, e por fim desistência da prática da dança. 
Quando o artista cria algo que tem significado para ele e consegue fazer 
com que a plateia reflita sobre a mensagem, a arte consegue ter muito mais 
importância. O papel da arte é divertir e fazer refletir. Brecht diz: 
24 
 
Tudo isto vem facilitar ao teatro, tanto quanto possível e estreita, 
com os estabelecimentos de ensino e de difusão. Pois, embora o 
teatro não deva ser importunado com toda a sorte de temas de 
ordem cultural que não lhe confiram um caráter recreativo, tem 
plena liberdade de se recrear com o ensino ou com a 
investigação. Faz com que as reproduções da sociedade sejam 
válidas e capazes de a influenciar, como autêntica diversão. 
Expõe às construtoras da sociedade as vivências dessa mesma 
sociedade, tanto passadas como atuais; mas fá-lo de forma que 
se possam tornar objetos de fruição os conhecimentos, os 
sentimentos e os impulsos que aqueles que dentre nós são os 
mais emotivos, os mais sábios e os mais ativos, extraem dos 
acontecimentos do dia-a-dia e do século. E nosso propósito 
recreá-los com a sabedoria que advém da solução dos 
problemas, com a ira em que se pode proveitosamente 
transformar a compaixão pelos oprimidos, com o respeito pelo 
amor de tudo o que é humano, ou seja, pelo filantrópico; em 
suma, com tudo aquilo que deleita o homem que produz. 
(BRECHT, 1978, p. 109) 
 
 Aqui quando falo em teatro, cabe outros fazeres artísticos, neste caso 
especificamente a dança. 
 Partindo deste pensamento reflexivo, teorizo a cultura cigana, com fins 
pedagógicos, para que o aluno ao fazer as aulas práticas, tenha também o 
conhecimento daquela cultura e possa valorizá-la e dar sentido ao que está 
vivenciando naquele momento. 
Desenvolvemos um workshop sobre a cultura cigana, para realizá-lo na 
CIENTEC – Semana de ciência e tecnologia da UFRN (2012), com alunos 
entre 15 e 16 anos, bem como no estágio supervisionado II (2012), na Escola 
Municipal Arnaldo Monteiro Bezerra, com alunos entre 8 a 13 anos, do 5º ano, 
adaptando as linguagens para cada público distinto, com o objetivo de 
abranger os conhecimentos dos alunos à cultura cigana, ir além do que o 
censo comum compreende sobre esses povos, como saias rodadas e bijuterias 
douradas. 
Com atividades práticas e materiais teóricos, apresentamos slides 
(Imagem 6) e mostramos aos alunos, figurinos e acessórios típicos da cultura 
cigana, além da bebida típica cigana, que é a sangria, foi adaptada às crianças, 
trocando a bebida alcoólica pelo leite condensado e refrigerante. Para o 
aquecimento foi utilizada uma técnica proposta por Isabel Marques (2003), que 
é o jogo do ritmo, de acordo com o que fazemos, com nosso estado de humor, 
estado físico, a hora do dia dentre outros aspectos, pensando o caminhar 
25 
 
quando estamos atrasados, com pressa, passeando, cansados, felizes, quando 
acabamos de acordar ou quando entramos em uma sala sem querer ser 
percebidos. 
Para que os alunos pudessem entrar no ritmo em um jogo mais 
interativo e lúdico, foi dada uma pequena explanação a respeito da atividade 
inicial afim de que os mesmos entendessem que com aquele jogo, eles 
estariam sentindo o corpo e percebendo a movimentação que poderiam 
desenvolver mesmo que por vezes instintivamente, a dança está presente. 
 
A sensibilidade para perceber as nuanças dos movimentos do 
cotidiano já é uma grande aliada para o trabalho de Dança na 
escola, no entanto, precisamos tomar cuidado para não achar 
que toda e qualquer reprodução das ações do dia-a-dia 
constituem Dança. Os movimentos são instrumentos para a 
criação, mas estes, se não acompanhadas de significados, 
tornam-se vazios. (MARQUES, 2003, p. 70) 
 
 Após o aquecimento lúdico, demos início aos movimentos onde todos 
estavam posicionados em círculo com batidas nos pés utilizando linguagem 
lúdica como o mata baratas5, movimento de mãos do pega a maçã e bota na 
boca, limpar o fundo da panela para demonstrar o giro de mãos e dedos. 
Depois de um tempo com estas movimentações os alunos foram 
convidados a praticarem os movimentos em dupla, ressaltando a postura, a 
personalidade cigana que é forte, olhar desconfiado e o sentimento que os 
motivam a dançar, como agradar e agradecer a Deus (Duvelí) e a alegria de 
viver. 
Ressaltamos ainda, os benefícios trazidos pela prática da dança e a 
importância da tolerância ao diferente e a existência de pontos positivos de 
todas as culturas e ainda a possibilidade de uma cultura poder se utilizar de 
atividades de outras culturas para se beneficiar ou interagir com outras 
realidades. Intercalamos imagens, discussões, vídeos e dança praticada, tanto 
em grupo como em duplas. Estas atividades proporcionaram a expressão 
corporal e defesa de pontos de vista (poder de argumentação). Também 
proporcionaram a produção de texto, a leitura e a produção de material a partir 
 
5
 As palavras em itálico referem-se às expressões utilizadas pela professora Karla Maia (citada 
na p. 11), para ensinar a técnica das danças: cigana e flamenca, de forma lúdica. Mata baratas, 
refere-se às batidas dos pés; pega a maçã e bota na boca e limpar o fundo da panela, 
remetem-se aos movimentos das mãos. 
26 
 
da prática em conjunto com outras pessoas (outros alunos, familiares e escola), 
a fim de gerar reflexão. 
 
Imagem 6 – Acervo pessoal – Workshop de Cultura Cigana na CIENTEC 2012 – UFRN 
 
Antes de iniciarmos o workshop, elaboramos um questionário (anexo 1) 
e os catalogamos, para medir os conhecimentos dos alunos sobre a temática, e 
foi exatamente como esperávamos, a respeito do preconceito e conhecimentos 
básicos a respeito da cultura cigana. Em termos gerais, as respostas foram:“são povos andarilhos, nômades, enganadores, dançarinos, mentem ao tentar 
adivinhar a sorte, povos alegres, macumbeiros, usam roupas coloridas e 
penduricalhos...” entre outras respostas, porém estas foram as mais citadas 
repetidamente. 
Esta é a imagem do povo cigano que o senso comum reconhece, o que, 
aliás, é transmitida ao longo dos séculos. Sem conhecimento fundamentado, 
pois na escola não se aprende a história dos ciganos, principalmente pelo fato 
de possuírem uma cultura ágrafa, ou seja, é um povo com cultura e língua sem 
registro escrito, poucos são alfabetizados e, a minoria das escolas admite que 
27 
 
sejam matriculados. Este tipo de preconceito gera cidadãos a margem da 
sociedade, sem direitos e consequentemente desprovidos de cumprirem 
deveres. 
 Porém após as aulas, os alunos se mostraram receptivos a este novo 
conhecimento da cultura cigana, mudando seus pensamentos e incutindo nas 
suas reflexões que cada povo tem sua maneira de viver e assim 
desmistificando preposições e os libertando de certos preconceitos, tanto em 
relação à realidade dos ciganos, quanto a outras formas de preconceitos, 
concluindo êxito no trabalho proposto. 
Com as crianças da escola, (Imagem 7) houve participação da parte 
prática de todos os alunos, que acompanharam com sucesso toda a vivência e 
passos ensinados; a maioria dos alunos do workshop da CIENTEC 
compunham o gênero masculino, que participaram das discussões e 
acompanharam a palestra, mas não quiseram participar da parte prática, com 
exceção de apenas um. Alegaram que dança não era coisa de homem, que 
rebolar era coisa de mulher, entre outros comentários ignorantes à prática da 
dança de uma forma geral. Isto nos faz refletir sobre como ainda existe nos 
dias atuais, um grande preconceito da prática da dança para com os homens. 
 
 
Imagem 7 - Acervo pessoal – turma da Escola Arnaldo Monteiro – alunos com as 
ministrantes do workshop cigano: Simone Brilhante Maia e Marilda Cunha Bezerra (2011). 
 
28 
 
Quando contextualizamos os hábitos e tradições dos ciganos aos 
alunos, concebemos elementos e possibilidades de criação. Por exemplo, ao 
falarmos sobre suas crenças, magias e ritos, emergem daí milhares de 
possibilidades criativas. Não somente com os aspectos da dança, técnicas e 
estética, ou da vestimenta e música que envolve esta arte, mas outros 
aspectos da cultura tão curiosos, ricos e fascinantes que permitem uma 
infinidade de interpretações. 
[...] A dança é um ir e vir de formas impregnadas de sentidos e 
sentidos impregnados de formas que são recriados a cada 
momento de sua realização. Essa recriação é ao mesmo tempo 
única e coletiva, pois cada ser humano a recria a partir de suas 
próprias experiências estéticas, mas tais vivências só podem ser 
entendidas a partir da cultura que lhe dá sentido (PORPINO, 
2006, p. 106). 
 
Nessa contextualização da dança cigana apresento a imagem de Santa 
Sara Kali (imagem 8) que é a padroeira dos ciganos. Existe uma lenda que 
conta a sua história, que era uma cigana escrava que sobreviveu no mar por 
conta da sua fé. Ela juntamente com Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria 
Salomé, José de Arimatéia e Trofino, foram atirados ao mar, numa barca sem 
remos e sem previsões. Bastante desesperadas, começaram a rezar 
implorando ajuda aos céus. Sara faz uma promessa, retirando seu diklô (lenço) 
da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e se compromete que se todos 
se conseguissem se salvar, ela seria escrava de Jesus, e nunca mais andaria 
com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Acontecendo um milagre, o 
barco atravessa o oceano e aporta em Petit- Rhône, hoje chamada Saintes-
Maries-de-La-Mer, no Sul da França. Sara cumpriu a promessa até o final dos 
seus dias. Crê-se por causa disto existir a tradição de toda mulher cigana 
casada, usar um lenço. (LYZ, 2000, p. 25) 
29 
 
 
Imagem 8 - Santa Sara Kali, padroeira dos Ciganos 
Disponível em www.google.com 
 
 
Por isso fizemos uso de alguns elementos da cultura cigana para 
desenvolver uma composição inspirada em algumas das crenças e tradições 
ciganas, das quais Santa Sara Kali, e utilizamos uma oração em forma de 
lamento na apresentação de dança. Esta composição foi realizada na UFRN, 
nos laboratórios da disciplina composição coreográfica II, com 
interdisciplinaridade em Encenação I, ambas ministradas pela mestra Lara 
Machado. Também inspirados no ritual cigano de pós-morte, que é celebrada 
tal qual uma festa, com incensos e comidas de preferência do falecido. Suas 
vestes posteriormente são queimadas por serem consideradas marimé 
(impuras), acreditam que o espírito do falecido permanece na terra, por sete 
dias seguintes ao falecimento. Os espelhos devem ser cobertos. E os objetos 
do morto não são mais aceitos e nem se deve mais pronunciar o nome dele. 
Através de tais crenças, compomos uma apresentação encenada em um 
acampamento cigano, representando a morte de uma das integrantes do grupo 
e utilizamos elementos representando o fogo, acendendo velas e incensos, 
utilizamos véus na dança e no cenário, queimamos os pertences da morta em 
um recipiente de barro, festejamos a sua partida falamos palavras em Romani, 
cobrimos o espelho do cenário, representamos ciganos de diferentes locais que 
30 
 
surgiram em cada personagem no decorrer dos laboratórios, cada um com seu 
estilo e memória corporal, surgindo assim uma experiência única para cada 
componente e causando inúmeras possibilidades de criação inspiradas nas 
crenças ciganas. 
Outro experimento de aula prática, de minha autoria, fazendo uso deste 
modelo metodológico de ensino da dança cigana, foi realizado com um grupo 
de alunos da UFRN, tendo como objetivo, observar como seria o aprendizado 
de alunos adultos, de ambos os gêneros, se iriam absorver os ensinamentos 
teóricos e práticos, e se sua concepção sobre a dança mudaria, assim como 
mudou comigo na prática. 
 Neste processo, além das músicas ciganas tradicionais, utilizei outros 
tipos de música, como por exemplo, a xamânica, para começar a 
desconstrução a partir da audição. 
A música6 é elemento fundamental para a formação do clima gitano. A 
música cigana faz parte da cultura mundial, pois por onde os ciganos passam 
absorvem um pouco da cultura regional mesclada com a sua. Para eles a 
música é essencial nas suas vidas e é parte integrante do dia a dia e nas datas 
festivas. Tudo o que necessitam para iniciá-la é uma voz e acompanhamento 
rítmico, como palmas ou golpes dos pés no solo. 
O flamenco, um estilo musical diferenciado da música de outras culturas 
ocidentais europeias, que a princípio era praticado apenas nas gitaneiras 
(acampamentos ciganos) de Andaluzia (Sul da Espanha); os Ciganos e outros 
povos ajudaram a enriquecer a música flamenca. Os ciganos e os payos (não-
ciganos em Caló da Espanha, ou os “gajon”, no Calon do Brasil), foram os 
primeiros artistas flamencos a se apresentarem em tabernas e albergues 
andaluzes. Um dos nomes mais reconhecidos de dançarinos flamencos são os 
ciganos Joaquín Cortés, espanhol, consagrado dançarino Flamenco 
contemporâneo, e Cristina Hoyos. 
 
6
 Os instrumentos mais usados são o acordeon, o violino e violão, bem como os pandeiros e 
castanholas. A Czardas provavelmente é a mais famosa. FERNANDES comenta que seria este 
o ritmo cantado pelos ciganos invocando Deus (Duvelí), inclusive no caminho para os campos 
de concentração. A música cigana árabe é bastante utilizada, a exemplo do grupo chamado 
Alabina que tem como vocalista a cantora Ishtar e também os músicos do grupo Los Niños de 
Sara, que mesclam a músicaárabe com a rumba flamenca. O estilo Gipsy Belly Dance é o de 
uma das ciganas mais famosas do mundo atual, que é a cantora Shakira. As rumbas 
espanholas gitanas também são muito utilizadas para o ensino da dança cigana. 
 
31 
 
No Brasil, os ciganos exerceram influências musicais no samba e no 
lundun. José de Alencar em “O Guarani” cita na 1ª parte - CENÁRIO: “Pouco 
distante, sobre uma cômoda, via-se uma dessas guitarras que os ciganos 
introduziram no Brasil quando expulsos de Portugal”. Muitos ciganos, inclusive 
russos, imigraram para o Rio de Janeiro neste período, concentrando-se no 
bairro do Catumbi. (FERNANDES, 2010, p. 116) 
A aula proposta teve início com os alunos sentindo o ritmo da música, se 
deixando levar pelo ritmo, afim de que seus corpos os conduzissem 
deliberadamente, despertando os sentidos, liberando os movimentos soltos 
enquanto os conduzia com batidas no chão, com os pés descalços, sentindo o 
chão, com mãos levantadas e circulares, sempre andando pela sala. 
A princípio seus corpos ainda travados não os liberavam das tensões, 
após a segunda música, já se notavam as diferenças em suas movimentações. 
Enquanto os conduzia, nos planos alto, médio e baixo, lhes indagando, como 
era aquele corpo, olhar, maneira de mexer, percebia a diferença plena em 
ondulações e gestuais que executavam naturalmente. Inserí elementos no 
ambiente, tais como: xales, echarpes, leques e chapéus, que cada um elegia 
para utilizar conjuntamente com os movimentos já executados. 
A partir daí, surgiram arquétipos ciganos completamente distintos uns 
dos outros, foi o ápice da aula; os alunos se soltaram completamente, se 
libertando da timidez e liberando os sentidos, pois, enquanto se 
movimentavam, sempre os conduzia no processo de consciência corporal, 
respiração, expressão facial enfatizando o olhar firme nos olhos de cada 
participante. Uma das alunas em depoimento ao término da aula disse: 
 
“Senti que a intenção dos meus movimentos mudavam de 
acordo com a melodia e o ritmo de cada música. A cada vez que 
Simone mudava a música, a mesma me proporcionava 
intenções distintas, sendo assim, a criação de ciganas 
diferentes. Personagens estes, que na verdade estavam presos 
dentro de mim, e aquele exercício me dava uma sensação de 
liberdade.” 
 
Para os ciganos, a natureza é seu mundo, e para fazer os alunos 
sentirem o uso dos elementos da natureza, fogo, terra, água e ar, que é 
utilizada na dança cigana, pois essa energia trabalhada com sabedoria, 
desperta um caminho para a individualidade, possibilitando a concretização de 
32 
 
objetivos pessoais (LYZ, 2000, p. 45), propus uma nova aula, com o objetivo de 
obter fundamentos práticos da metodologia proposta no presente trabalho. Ao 
ar livre, em uma praça pública no bairro de Ponta Negra, nesta cidade. Com os 
pés descalços, na areia, pedimos que se esquecessem dos seus problemas 
diários, e refletissem de olhos fechados, a fim de sentirem seu próprio eu, a 
música da natureza, o vento e sons que captassem; tocassem seus corpos, 
sentissem a pele, a textura, seu próprio cheiro. 
Compartilhando com os elementos da natureza, sentindo o ar tocar na 
pele, a terra com os pés descalços, e a água quando passava com pequenas 
garrafinhas em gotículas em suas mãos estendidas. Não fizemos uso do fogo 
para não haver nenhum acidente, porém poderia ter sido utilizada uma 
fogueira, mas como se tratava de um experimento simples, deixaremos para 
uma futura oportunidade. Esta experiência foi uma troca de saberes, uma 
liberação de sentimentos que proporcionou aos alunos e a mim, um momento 
único de descobertas que ao final serviu para harmonizar corpo e mente, 
descobrir seus corpos e ter mais consciência deles e saber que a natureza 
pode contribuir com novas descobertas que passam despercebidas nos 
afazeres diários e não a valorizamos tanto quanto se deveria. Esta é uma das 
maneiras ciganas de se viver. 
 
Viver ciganamente é adotar um estilo de vida onde libertar-se 
dos bloqueios, preconceitos e preocupações mesquinhas é a 
regra. É acima de tudo um exercício de liberdade pessoal, de 
perda de sentimentos de posse pelas coisas e pessoas, porque 
de fato, não possuímos nada e nem ninguém, mas tão somente 
nossas almas. (LYZ, 2000, p. 33) 
 
Um dos alunos declarou as impressões que sentiu no decorrer do 
processo desta aula: “Eu trouxe os problemas pessoais para o jogo da dança; 
sensação plena de liberdade e felicidade. É quase uma terapia ocupacional.” 
Uma aluna que normalmente é bastante tímida nos surpreendeu com 
seus movimentos, postura e olhar determinado, bem diferente do que ela é 
cotidianamente, e declarou: “Me senti livre, feliz e com uma energia positiva 
muito boa. Me senti mais mulher, sensual, atrevida e misteriosa. Foi uma 
experiência maravilhosa.” 
33 
 
Em outra aula, após o ensino da técnica de passos da dança cigana, 
propus aos alunos um jogo baseado no livro de Yoshi Oida – (Cap. 5, p. 114) - 
O espetáculo da bota: com sapatos espalhados pela sala, com a finalidade de 
livre escolha e incorporação de uma personagem cigana, que mais se 
identificassem com o tipo do sapato, a representando e dançando pela sala, 
com outros estilos musicais, para desconstruir o ritmo cigano já trabalhado, 
cada qual, tão logo elegia seu par de sapatos, imediatamente se transformava, 
criando arquétipos ciganos distintos uns dos outros, causando distanciamento 
dos seus problemas, de vícios de movimentações corporais e se libertando das 
ações cotidianas impostas pela sociedade. Ao final caminhavam até o espelho 
e olhando fixamente para sua imagem refletida no espelho, lhes dizia: “Fizestes 
uma longa viagem, para chegar ao viajante” (ATTAR apud OIDA, 1999, p.130) 
chegar até ali, precisou da ajuda dos outros, porém conseguiu observar dentro 
de si mesmo, para conhecer-se melhor, dar mais valor a si mesmo, ver que foi 
capaz, e pode chegar ainda mais longe. Objetivamos com isto, a utilização dos 
sapatos na dança, ritmos, reflexão pessoal e autoestima. Uma fala de um dos 
participantes demonstra exatamente o que propomos com este jogo: 
 
“Sensação de liberdade, energia, contato consigo mesmo e com 
o outro. Me fez pensar que o personagem tem um corpo... 
sensação de fogo, de calor bom. Os movimentos foram 
prazerosos, com articulações e gestos que foram surgindo e me 
libertando com espontaneidade e sensualidade.” 
 
 Sempre aos términos de cada aula, tive o cuidado de manter as 
reflexões com os alunos, para que falassem o que sentiram, trocando 
experiências mútuas. A princípio sentiram dificuldades de se soltar, pois seus 
corpos estavam travados ou estavam gravados com outros tipos de danças, 
mas aos poucos foram se libertando e se deixando conduzir pelo processo. 
“Nossos corpos, contemporâneos, são corpos de passagem, em constante 
remodelação, na dependência de quem, como, onde e por que transitam 
informações, sensações e questionamentos, conhecimentos, enfim.” 
(MARQUES, 2010, p. 48). Ao longo do tempo, com as aulas técnicas dos 
passos, os incluí nas vivências, integrando a técnica, com sua própria maneira 
34 
 
de executá-los, mas os orientando para não haver descompromisso com a 
produção artística proposta. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao refletirmos sobre a cultura cigana, rica e vasta, com esta leitura da 
dança mais ampliada, livres da educação estanque de uma ótica isolada de 
simples repetições de passos, ao contrário disto, ensinando de uma maneira 
que permita novas articulações e problemáticas, libertamos nossos alunos de 
um pensamento estagnado e criamos mentes pensantes, que desenvolvem e 
executam a dança ampliando seu olhar sob a arte como umtodo, no papel que 
esta desenvolve na sociedade, em quê a dança pode contribuir no caráter 
deste ser sensível. 
Libertar os alunos dos preconceitos atribuídos a outras artes que não a 
do praticante, pois quando este começa a refletir sobre o processo criativo que 
passou para chegar até ali, sobre a cultura, dança, hábitos e crenças de outros 
povos, neste caso em particular da cultura cigana, passa a valorizar as 
diferenças de raças, gostos, credos, cores, vestes, seres em si, passando a 
conceber um diálogo crítico com o mundo. 
 
Neste sentido, o professor de dança talvez seja – ou pelo menos 
deveria ser – o leitor mais especializado de dança/mundo: além 
de saber e querer ler a dança/arte criticamente, incorporando-a 
em suas várias faces interligadas, o professor tem como função 
pedagógica ensinar, abrir, construir, desconstruir, relacionar as 
leituras decorrentes dos diferentes papéis da dança às leituras 
que se desdobram e se multiplicam nos corpos de seus alunos. 
(MARQUES, 2010, p. 47) 
 
 
 Tais conclusões tornam-se evidentes, quando afirmo com propriedade 
que estas transformações ocorreram na prática comigo, durante a minha 
experiência acadêmica. Sempre fui artista, dançarina, coreógrafa e apreciadora 
das artes, mas como o meu fazer artístico sempre foi voltado à estética e a 
técnica pura e simplesmente, não tinha um olhar ampliado sobre outros fazeres 
da dança, aliás, por vezes criticava outras danças que não possuíam a beleza 
35 
 
estética que desenvolvia nas minhas composições. Porém ao mudar meu 
pensamento sob a ótica a que propus neste artigo, também ampliei meus 
horizontes em nível extenso, do fazer, sentir e viver a arte em sua plenitude, a 
arte que expressa o mundo e o corpo de cada indivíduo diferentemente, os 
saberes, encontrando sentidos que não havia como um todo até então. 
 A transformação é a metamorfose que o artista deve perceber a cada 
novo experimento, é refazer ou recriar o que já existe, MARQUES (2010, p. 
224) discorre sobre o assunto quando afirma: “Essa possibilidade é inerente 
aos processos criativos da arte: criar é justamente a possibilidade de 
(re)inventar processos, de (re)configurar estruturas, de (re)ordenar o já 
conhecido, de (re)fazer e de (re)contextualizar situações.” 
Esta pesquisa possui vasto material para amplos experimentos que 
pretendemos dar continuidade a fim de abranger possibilidades distintas no 
ensino da dança cigana para atingir objetivos educacionais, no ensino formal, 
não formal ou acadêmico. E bem mais que isto, propiciar aos admiradores, 
interessados e aos leigos, a divulgação da cultura cigana, a fim de gerar 
conhecimento desta cultura conhecida superficialmente, servindo de meios 
geradores de cidadãos pensantes e conscientes para a realidade social que 
envolve os ciganos. Não se pode mais aceitar a situação sub-humana que a 
grande maioria deles estão inseridas. Através da arte, podemos abrir os olhos 
para a realidade. Maura Piemonte (2013), reclama: “Querem tirar de nós, a 
única coisa que nos sobrou: a nossa identidade cultural”. 
Portanto a proposta de análise da dança cigana como prática 
pedagógica e artística no ensino formal ou não formal, bem como a reflexão 
sobre essa dança e suas tradições, nas academias ou escolas de dança que a 
praticam, é possível, através do distanciamento do método tradicional de 
ensino, resignificando através do modelo proposto neste trabalho, conectando 
o corpo à dança, impregnando de sentidos o bailado, a fim de criar significados 
a partir da cultura cigana e traçando múltiplas relações entre o dançarino e 
suas existências sociopolítico-culturais. 
 
 
 
36 
 
Referências 
 
BRECHT, Bertolt.– “Pequeno organon para o teatro”. In: Estudos sobre 
teatro. Rio de Janeiro, 1978. 
CALDEIRA, Janaina. Cultura e História do Flamenco. Disponível em 
http://www.salatabladoflamenco.com.br/pageview.php?COL=sala&id=73, 
acessado em 29/09/13. 
FERNANDES, Zarco. Ciganos... Tudo!. Juiz de Fora, 2009 - Curso sobre a 
Cultura Cigana na UFRN, 2010. 
FERREIRA, Aurélio B. De Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da 
língua portuguesa. 3ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 
FILHO, Nelson Pires. Ciganos: rom - um povo sem fronteiras. Madras, 2005. 
HILKER, Regiane Aparecida Rossi. Ciganos, peregrinos do tempo: Ritual, 
cultura e tradição. Tese de doutorado – Universidade Estadual de Campinas - 
Campinas/SP, 2008. 
LELAND, Charles Godfrey, Magia Cigana - Encantamentos, Ervas Mágicas e 
Adivinhação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. 
LIBÂNEO, Daniela Leonardi. Ensinando Dança Flamenca. Dissertação 
(Mestrado) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, 
Campinas, 1999. 
LYZ, Sueli. A Magia da Dança Cigana. São Paulo: Berkana editora, 2000. 
MACHADO, Lara Rodrigues. O jogo da construção poética: processo criativo 
em dança. 2008. 151p. Tese de Doutorado. Instituto de Artes/Universidade 
Estadual de Campinas. Campinas/SP, 2008. 
MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003. 
MARQUES, Isabel A. Linguagem da dança: Arte e ensino São Paulo: 
Digitexto, 2010. 
MOONEN, Frans. Ciganos e ciganólogos: estudar ciganos para quem e para 
quê?. Artigo científico. Recife, 2012. 
OIDA, Yoshi. Um ator errante. São Paulo: Beca Produções Culturais, 1999. 
ROCHA, Andressa. O que é flamenco? Publicado por Flamenco Brasil, 
História da arte flamenca, informações, glossário e guia de palos flamencos. 
2012. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/118155192/O-que-e-
flamenco#download, acessado em 29/09/13. 
37 
 
RODRIGUES, Willian Costa. Metodologia Científica. Paracambí. 2007 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
ANEXOS 
 
 
1 - Entrevista sobre os ciganos 
 
1. Homem ( ) Mulher ( ) 
2. Idade: 10 a 20 ( ) 20 a 30 ( ) 30 a 40 ( ) 40 a 50 ( ) mais de 
50 ( ) 
3. Escolaridade: sabe ler ( ) Não sabe ler ( ) 1º Grau incompleto ( ) 
1º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) 
Faculdade ( ) 
4. Você sabe o que é um cigano? Se sim, o que é e se não o que você 
acha que é? (quem são?) 
5. Já viu ou manteve contato com um cigano? 
6. Sabe como um cigano se veste? Se sim, como é ou como você acha 
que é? 
7. Como é o lugar que os ciganos vivem? 
8. Que costume dos ciganos você conhece? 
9. Qual o tipo de trabalho os ciganos fazem? como ganham dinheiro? 
10. Você já viu alguma coisa da dança cigana? Se sim, acha bonita a dança 
cigana? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Crédito das imagens 
1 – Denominações dos ciganos em diversas regiões no mundo (FERNANDES, 
2010, p. 9): 
 
 
 
REGIÕES ou LÍNGUAS 
 
FORMAS DE TRATAMENTO 
 
ÁFRICA DO NORTE 
(regiões arabizadas) 
 
ERRANTE e FLAMENCO 
ALEMANHA ZUGINER, TSINHIANE ou 
ZIGAUNER 
ÁRABE CALÉ, CALOM ou CHARAMI 
 
BULGÁRIA 
ACIGANIN, ACIGAN, CIGAN ou 
CIGANINI 
CATALUNHA BOMIANS ou GITANO 
DINAMARCA ZINGARB ou ZINGANO 
 
EGITO 
AMER, NURI, NOVARY, 
PHAGARI, ATZINGARI, 
ATSINKANOS ou EGYPLENAR 
ESLOVACO CIANO ou CIGAN 
ESPANHA GITANOS 
FRANÇA BOHÉMIENS, TSIGANES ou 
GITANS 
GREGO MEDIEVAL ATHINGARI, ATZINGARI ou 
ATSINKANOS 
GREGO MODERNO GIPTOI ou AIGYPTIAKI 
HOLANDA ZINGARB ou ZINGANO 
 
HÚNGIA 
PHARRAO NEPEK, CIGAYOK ou 
CZIGÁNI 
ILHAS DO MAR ERGEU ACINGANI 
ÍNDIA BANDJAR, NAT ou DJAT 
INGLÊS GIPSYES, GYPSY ou GIPSY 
IRÃMAZNGUE 
40 
 
ITÁLIA ZINGARI, ZINGANI ou ZÍNGARO 
LATIM MEDIEVAL ACIGANOS, ÇINGARUS, 
CÍNGERUS ou ZÍNGARUS 
LATIM ERRONES 
LITUANO CIGONAS 
PAÍSES ESLAVOS TSIGANI 
PÉRSIA ZANGHI ou ZANGUI 
POLÔNIA CYGAN 
PORTUGUÊS GITANO, ZÍNGARO, BOÊMIO, 
CALON 
ROMÊNIA TIGANI, TSIGANI ou TSINHIANÊ 
RÚSSIA RÚSKA ROMÁ ou CYGAN 
SÉRBIA CINGARIJE 
SÍRIA TCHINGANE 
SUÉCIA ZOTTS 
TCHECO CIGÁN ou CIKAN 
TURQUIA TSIGANI, BOMIANS ou 
TCHINGIARE 
UCRANIA CYHAN 
VALACHIA ATSINGANI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
2 – Acervo pessoal - Entrega do diploma do Curso sobre a Cultura Cigana, na 
UFRN, com o ministrante: Dr. Zarco Fernandes, o primeiro cigano jornalista, 
parapsicólogo clínico, publicitário e psicólogo do Brasil. 2010. 
 
 
 
3 – Maura Piemonte. 
 
42 
 
4 – Acervo pessoal – III Seminário de Arte e Cultura da UFRN: “Arte para quem 
e para que?”, com Isabel Marques. 2013. 
 
 
 
 
5 - Acervo pessoal - Apresentação de dança cigana, com o grupo Stúdio de 
Dança Fama. Festa Cigana no Centro de Convenções, Natal/RN. 2012. 
 
 
43 
 
6 – Acervo pessoal - Primeira apresentação de Dança Cigana, com o grupo 
Stúdio de Dança Fama. Centro de Convenções de Natal/RN. 1993; 
Apresentação de dança cigana, representando as ciganas: Egípcia, Russa, 
Espanhola e Árabe. Com o grupo Stúdio de Dança Fama Festa Cigana no 
SESC, Natal/RN. 2004; 
Apresentação de dança cigana, com o grupo Stúdio de Dança Fama. Festa 
Cigana no Clube América, Natal/RN. 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
6 – Uso dos elementos na dança cigana: espadas, castanholas e leques. 
Acervo pessoal - Apresentação de dança cigana com espadas. Com o grupo 
Stúdio de Dança Fama. Festa Cigana no Boulevard, Natal/RN. 2008; 
Apresentação de dança cigana com castanholas. Com o grupo Stúdio de 
Dança Fama. Festa Cigana no SESC, Natal/RN. 2003; 
Apresentação de dança cigana com leques. Com o grupo Stúdio de Dança 
Fama. Festa Mística na Barreira do Inferno, Natal/RN. 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
7 – Dança cigana e Flamenca. 
Simone Brilhante Maia e Arcirio Brilhante Maia. Foto para uma matéria de uma 
revista, sobre os benefícios da Dança Cigana. 2001; 
Acervo pessoal - Foto promocional para a turnê do Show Flamenco, do Stúdio 
de Dança Fama. 2001; 
Acervo pessoal - Apresentação de dança cigana com o elemento fogo. Com o 
grupo Stúdio de Dança Fama. Festa Cigana no Boulevard, Natal/RN. 2008; 
Apresentação de dança cigana, com o grupo Stúdio de Dança Fama. Festa 
Cigana no Centro de Convenções, Natal/RN. 2012. Site Bob flash.

Continue navegando