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aT I V I D a D e S
r Í T m I C a S e
A l e s s a n d r a T o r r e s B i t t e n c o u r t
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A l e s s a n d r a T o r r e s B i t t e n c o u r t
atividades rítmicas e dança
ALESSANDRA
 TORRES BITTENCOURTCódigo Logístico
59389
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6634-6
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 3 4 6
Esta obra busca contemplar questões relacionadas ao ritmo, aos 
tipos de dança, à dança no espaço escolar e às diversas temáticas 
que permeiam a compreensão e o ensino das atividades rítmicas. O 
principal objetivo deste livro é instigar a curiosidade do profissional 
da licenciatura sobre a riqueza e a diversidade da cultura 
nacional e desafiá-lo a ampliar o olhar para novas possibilidades, 
distanciando-se de barreiras emocionais, culturais e sociais que 
ainda estão presentes no ensino de dança na Educação Física.
Atividades rítmicas 
e dança 
Alessandra Torres Bittencourt
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Razym/Ihnatovich Maryia/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
B542a
Bittencourt, Alessandra Torres
Atividades rítmicas e dança / Alessandra Torres Bittencourt. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
96 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6634-6
1. Educação física - Estudo e ensino. 2. Ritmo. 3. Dança - Estudo e ensi-
no. I. Título.
20-63869 CDD: 792.8
CDU: 792.8
Alessandra Torres 
Bittencourt
Doutora em Educação e mestre em Comunicação e 
Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). 
Especialista em Corpo Contemporâneo, bacharel 
e licenciada em Dança pela Faculdade de Artes do 
Paraná (FAP – Unespar). Especialista em Design de 
Embalagens pela Universidade Tecnológica Federal 
do Paraná (UTFPR). Bacharel em Desenho Industrial 
– Programação Visual pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUC-PR). Atua como docente em 
cursos de ensino superior, lecionando disciplinas que 
envolvem o corpo, o movimento e a expressividade, 
como Dança, Dança de Salão, Atividades Rítmicas, 
Ludomotricidade e Psicomotricidade. 
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Atividades rítmicas e Educação Física 9
1.1 Ritmo e som 9
1.2 Ritmo e movimento 16
1.3 Dança na escola 19
2 Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 25
2.1 Danças das antigas civilizações 25
2.2 Danças da Idade Média ao Romantismo 32
2.3 Danças no Brasil 37
3 Tipos de danças 42
3.1 Danças clássicas, modernas e contemporâneas 42
3.2 Danças folclóricas e populares 49
3.3 Danças de salão 55
4 Linguagem da dança: vamos conversar? 62
4.1 Teóricos do movimento 62
4.2 Fatores do movimento 68
4.3 Dança no currículo escolar 73
5 Dança, Educação Física e escola 81
5.1 O professor de Educação Física e o ensino de dança 82
5.2 Todo mundo pode e deve dançar! 89
5.3 Projetos sociais e a dança 92
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
As atividades rítmicas fazem parte de uma diversidade de saberes a 
serem contemplados durante a formação do ser humano desde muito jovem. 
Assim, surge a necessidade de cursos de licenciatura que busquem estudar o 
ritmo e a expressão, como a Educação Física e outras áreas interligadas, entre 
elas a arte, a linguagem e a comunicação. 
Diante disso, esta obra busca contemplar questões relacionadas ao ritmo, 
aos tipos de dança, à dança no espaço escolar e às diversas temáticas que 
permeiam a compreensão e o ensino das atividades rítmicas. O principal 
objetivo é instigar a curiosidade do profissional da licenciatura sobre a riqueza 
e a diversidade da cultura nacional e desafiá-lo a ampliar o olhar para novas 
possibilidades, distanciando-se de barreiras emocionais, culturais e sociais 
que ainda estão presentes no ensino de dança na Educação Física.
Os capítulos desse livro apresentam-se em ordem cronológica. 
Desse modo, primeiramente abordam-se o som e suas características, o 
movimento e a dança no contexto escolar, visando à aplicação das atividades 
rítmicas nas aulas de Educação Física. Em seguida, trabalha-se com a 
história da dança desde as antigas civilizações até a contemporaneidade, 
relacionando-as às danças do Brasil. Depois, apresentam-se alguns tipos 
de dança praticados no Brasil, seus contextos sociais e suas origens. Na 
sequência, relacionam-se estudiosos com os fatores do movimento, bem 
como aborda-se a dança no currículo escolar. Por fim, reflete-se sobre as 
diversas possibilidades de dança, seu ensino e os projetos que a envolvem, 
visando à compreensão das eficiências de cada ser humano nessa prática.
Por meio dessa obra, desejamos ótimas e novas experiências dançantes 
na escola!
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Atividades rítmicas e Educação Física 9
1
Atividades rítmicas e 
Educação Física
Você provavelmente já ouviu falar sobre ritmo. Mas, afinal, sabe 
do que ele se trata? Será que todos temos ritmo? 
Para responder a essas perguntas, pare um pouco e respire 
fundo. Todos os leitores desta obra provavelmente fizeram a mes-
ma coisa. Será que o seu tempo de respiração foi igual ao dos de-
mais? Certamente não. Isso ocorre porque todos temos diferentes 
ritmos ao respirar.
Agora, sinta as batidas do seu coração. Perceba que, embora 
todo mundo possa sentir suas próprias batidas, cada pessoa tem 
o próprio ritmo cardíaco.
Isso significa que tudo o que existe tem um ritmo próprio – o 
corpo, o cosmos, a natureza, a música etc. – cujos conceitos vamos 
estudar neste capítulo. Vamos observar, também, a diferença en-
tre ritmo de cadência e de marcação, bem como as propriedades 
do som e os elementos da música. Por fim, vamos compreender 
concepções como expressividade e criatividade, fundamentais para 
o desenvolvimento do ritmo.
1.1 Ritmo e som
Vídeo Você sabe o que é ritmo? E som?
Vamos começar nossos estudos compreendendo a origem da pa-
lavra ritmo, que vem do grego rhytmos e significa algo que se move ou 
que flui. Existe ritmo em tudo que é vivo e, por isso, vida e ritmo são 
sinônimos (SBORQUIA, 2014).
O conceito de ritmo não é fácil de ser definido. Assim, conforme 
afirma Piccolo (1993), os próprios estudiosos que se dedicam a esse 
10 Atividades rítmicas e dança
tema se isentaram de tentar explicá-lo. Embora concorde que há difi-
culdade em conceituar esse termo, Le Boulch (1987, p. 172) o define 
como sendo uma “organização ou estruturação de fenômenos tem-
porais” que podem ser periódicos ou não, ou seja, que aparecem em 
intervalos regulares de tempo.
Assim, podemos entender que o fenômeno ritmo pode ser conceituado como tudo 
aquilo que se move em certo espaço de tempo.
Agora, temos que tomar cuidado para não confundirmos o ritmo 
com cadência ou marcação, normalmente denominada métrica, pois 
são conceitos diferentes.
A métrica ordena o ritmo, o que ajuda a compreendê-lo 
(CAMARGO, 1994), assim, é uma ordem e uma medida. É a métrica 
que determina o pulsar da músicae ajuda a colocar uma ordem ao 
ritmo, que é espontâneo. Portanto, a métrica é um padrão mecânico 
que estabelece o ritmo.
Para melhor compreendermos a métrica, vamos estudar o metrô-
nomo (Figura 1). Você o conhece? É um objeto, analógico ou digital, 
que serve para medir o tempo da música, ou seja, sua métrica, seu 
andamento.
Para conhecer como um metrônomo funciona, 
acesse o QR Code ao lado.
Podemos entender, portanto, que o metrônomo é uma medida 
que marca o tempo de uma música e ajuda a compreender o ritmo. 
Por meio dessa medida, os músicos conseguem perceber os tipos de 
compasso musical. Embora muitas atividades específicas exijam o 
conhecimento do compasso, por hora, focaremos a diferenciação en-
tre ritmo e métrica.
Recomendamos a leitura do 
artigo Um olhar físico sobre 
a teoria musical, dos autores 
Joseclécio D. Dantas e 
Sergio da S. Cruz, publicado 
na Revista Brasileira de 
Ensino de Física, em 2018, 
que aborda os conceitos 
de métrica, notas musicais, 
compasso e ritmo na 
música.
Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext 
&pid=S1806-11172019000100 
401&lng=en&nrm=iso. 
Acesso em: 31 mar. 2020. 
Leitura
Br
et
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ol
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Figura 1
Metrônomo analógico
compasso musical: 
música dividida em intervalos 
de tempos iguais. Dentro de 
cada compasso fica o conjunto 
de notas musicais. Uma barra 
vertical representa o compasso 
dentro da escrita da música.
Glossário
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172019000100
401&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172019000100
401&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172019000100
401&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172019000100
401&lng=en&nrm=iso
Atividades rítmicas e Educação Física 11
Voltando à métrica, há analogias bastante interessantes que nos 
ajudam a compreender a diferença entre ritmo e métrica:
Primeiramente, imagine o movimento das ondas. Esse movimen-
to se repete de tempos em tempos e, embora sejam muito pareci-
das, as ondas não são idênticas. Assim, o movimento das ondas é 
periódico, ou seja, elas têm formas semelhantes, mas nenhuma é 
igual a outra. Esse é o ritmo. 
 Agora, imagine que você está parado no trânsito, seja para atraves-
sar a rua como pedestre, seja como motorista. O farol de trânsito tem 
um tempo programado de mudança de cor e, por isso, sempre terá, 
exatamente, o mesmo tempo de luz verde, vermelha ou amarela. Essa 
é a métrica. 
Desse modo, podemos compreender que a métrica é uma medi-
da fixa, como uma fita métrica, que determina uma cadência ou um 
caminho. O ritmo tem como base essa medida ordenada e mecâni-
ca, como os ponteiros de um relógio, para se desenvolver e apare-
cer de diferentes formas não fixas de sons e movimentos, como as 
ondas do mar.
O ritmo é uma expressão da natureza e dos seres vivos relacionados ao meio e ao con-
texto em que vivem, diferentemente da métrica, que é uma construção matemática, ou 
seja, é a organização do tempo por meio de uma medida específica.
Assim, por exemplo, cada nota musical tem determinado valor, e a 
soma desses valores deve caber em um espaço de tempo. Desse modo, 
essas medidas compõem a métrica. Já a interpretação musical vai de-
pender de quem lê e de quem executa a música.
Ao pensarmos em atividades rítmicas, geralmente, nos vem à mente 
a música, que pode estimular e desenvolver o ritmo. No entanto, além 
da música podemos trabalhar o ritmo fazendo som com outros obje-
tos, com a voz e até com o próprio corpo, que pode se transformar em 
percussão corporal.
Existem diversos canais 
no YouTube que tratam 
de teoria musical. Reco-
mendamos a você que 
assista ao vídeo Como 
descobrir o tempo de uma 
música, do canal TV Cifras, 
para melhor compreen-
der o tempo e compasso.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v= 
EkF-hkxVy1w&t=2s. 
Acesso em: 25 mar. 2020.
Vídeo
Os links a seguir apresen-
tam alguns exemplos de 
atividade para assistir e, 
depois, fazer em sala de 
aula, com adultos e com 
crianças, respeitando os 
limites de cada faixa etária. 
O primeiro se trata de um 
grupo musical brasileiro 
chamado Barbatuques, que 
utiliza os sons do próprio 
corpo para fazerem músi-
ca. O outro grupo é o de 
dança, denominado Stomp, 
que faz percussão com o 
corpo e com objetos.
Barbatuques – Copa do Mundo 
2010 | África do Sul. Disponível 
em: https://www.youtube.com/
watch?v=KNNE-UyHhNE. Acesso 
em: 31 mar. 2020.
UAU – STOMP: fevereiro 2018. Dis-
ponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=4jl--vUFS-E. Acesso 
em: 31 mar. 2020.
Dica
Você sabia que, nas aulas 
de Educação Física, uma das 
maneiras de se trabalhar o ritmo 
é por meio do reconhecimento e 
da compreensão do som?
Curiosidade
https://www.youtube.com/watch?v= EkF-hkxVy1w&t=2s
https://www.youtube.com/watch?v= EkF-hkxVy1w&t=2s
https://www.youtube.com/watch?v= EkF-hkxVy1w&t=2s
https://www.youtube.com/watch?v=KNNE-UyHhNE
https://www.youtube.com/watch?v=KNNE-UyHhNE
https://www.youtube.com/watch?v=4jl--vUFS-E
https://www.youtube.com/watch?v=4jl--vUFS-E
12 Atividades rítmicas e dança
1.1.1 Som
O som é uma característica importante para perceber o ritmo e 
apresenta algumas propriedades (Figura 2): altura, duração, intensida-
de e timbre.
Al
ek
sa
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PROPRIEDADES 
 DO SOM
ALTURA
Característica do som, que 
pode ser mais grave ou 
mais aguda.
INTENSIDADE
O som pode ser mais forte 
ou mais fraco.
DURAÇÃO
Tempo que o som é 
produzido ou período que 
o som é estendido.
TIMBRE
Material no qual o som é 
produzido. 
Figura 2
O som e suas propriedades
Conforme podemos observar na Figura 2, a altura define se o som pode 
ser mais grave ou mais agudo. Por exemplo, o som de um sabiá é agudo, já 
o de um bumbo de bateria, que marca o tempo, é mais grave. A altura nor-
malmente está relacionada à frequência de ondas sonoras, assim, quanto 
maior for a frequência, mais alto (agudo) será o som. Do contrário, quanto 
mais baixa for a frequência, mais baixo (grave) será o som.
Normalmente, o choro do bebê soa mais agudo e faz com que os 
pais logo atendam, por ser um som mais intenso. Desde o nascimento, 
a função auditiva do bebê é estimulada por ruídos complexos que são 
altamente eficazes. “A criança se orienta muito precocemente em função 
da audição e de um som suficientemente intenso” (LE BOULCH, 1982, 
p. 46), isso quer dizer que quando dizemos que a criança compreende a 
voz da mãe e a do pai, significa que ela está descobrindo as diferenças 
desses sons e significando qual é mais ou menos intenso. Ela pode fran-
zir a testa, caso o som seja desagradável, ou rir, se o som for de algo que 
a agrada. 
Atividades rítmicas e Educação Física 13
Já a duração está relacionada aos sons longos e curtos, ou seja, 
ao tempo que o som é produzido ou ao período em que o som é es-
tendido. Por exemplo, na música Galopeira 1 , de Chitãozinho e Xororó, 
podemos observar a quantidade de tempo que a voz segura o som na 
terceira sílaba (ga-lo-peeeeeeeeeei-ra) – representando um som pro-
longado ou longo.
Outra propriedade é a intensidade, que define se o som poderá ser 
mais forte ou mais fraco. Vamos imaginar que a mesma fonte sonora 
esteja reproduzindo um som. Embora seja o mesmo instrumento, o 
som pode ser forte, com mais energia, ou fraco, com menos energia.
Pense em uma música simples, como “Parabéns pra você”. Agora, 
cante sozinho. Observe que batemos palmas enquanto cantamos. Essas 
palmas indicam uma marcação rítmica, mas perceba que em certas par-
tes as batemos ou cantamos mais forte do que em outras. A essas síla-
bas fortes, ou palmas fortes, chamamos de tempo forte e às sílabas ou 
batidas fracas chamamos de tempo fraco. Assim, fica fácil identificar o 
início de um compasso, indicado, normalmente, pelo tempo forte.
O timbre, por sua vez, é o meio em que o som é produzido, podendo 
ser qualquer material, como madeira,metal, corda, plástico, ou nossa 
própria voz. Os timbres são reconhecidos por meio dos instrumentos 
utilizados, sejam eles uma flauta e uma guitarra, ou, ainda, uma panela 
com uma colher.
Observe nos QR Codes a seguir o timbre de um violoncelo e de um violino.
 
Qual desses sons é mais grave? Qual é mais agudo?
Podemos perceber que o timbre do violino é mais agudo, mais estridente, parece 
voz de uma criança, mais fina. Já o som do violoncelo é mais grave, parece mais 
uma voz masculina, mais grossa.
Violoncelo Violino 
Essas quatro propriedades do som servirão de referencial teóri-
co para podermos criar atividades relacionadas ao som nas aulas de 
Educação Física. A seguir, vamos ver um exemplo para trabalhar com 
os timbres na música. Não esqueça que independentemente de tra-
Caso não conheça essa música, 
você pode acessá-la no link a 
seguir. Ela é fundamental para 
a compreensão da propriedade 
duração.https://www.youtube.
com/watch?v=OJXJdKmoAz0 . 
Acesso em: 23 jun. 2020.
1
https://www.youtube.com/watch?v=OJXJdKmoAz0
https://www.youtube.com/watch?v=OJXJdKmoAz0
14 Atividades rítmicas e dança
balhar a mesma atividade é necessário adaptá-la ao desenvolvimento 
motor dos alunos que irá trabalhar.
Imagine uma atividade em que é preciso perceber os sons. Assim, 
trabalha-se a parte de estímulo auditivo para todas as idades. Você 
pode levar sons de instrumentos na sala de aula e pedir aos alunos que 
percebam os diferentes tipos de sons. Para crianças menores, não é 
necessário usar o conceito timbre, mas é importante trabalhar a escuta. 
Já para crianças maiores e pré-adolescentes, é possível trabalhar com 
o conceito timbre. Então, observa-se o som em uma música, em um 
objeto e na voz dos colegas. Depois disso, é possível pedir a eles que 
descubram timbres diferentes nos sons ao redor, com objetos, com 
músicas ou com a voz. Para dificultar ainda mais, coloque uma música 
e peça a eles que se movimentem só quando ouvirem certo timbre: voz 
do cantor, guitarra etc.
Além dessas propriedades, três elementos da música, descritos a 
seguir, vão colaborar para as atividades – ritmo, melodia e harmonia.
1.1.2 Música
A música é uma estrutura matemática que pode ser repetida de 
acordo com sua notação (partitura) – pulsação que marca seu ritmo; 
sem ritmo não existe música, movimento ou vida. A música apresenta 
três elementos (Figura 3).
Ab
er
t/
Sh
ut
te
rs
to
ck
RITMO
MELODIAHARMONIA
Tudo o que é trabalhado em sala 
de aula, com atividades prontas 
ou criadas, deve ser adaptado de 
acordo com o desenvolvimento 
psicomotor dos alunos.
Importante
Figura 3
Elementos da música
Atividades rítmicas e Educação Física 15
Com relação ao ritmo, já conversamos anteriormente. Mas, para 
ficar claro, o ritmo que falaremos nesta seção se refere especialmente 
ao da música e está relacionado a uma marcação de tempo regular, 
que são as notas musicais, isto é, à métrica.
A melodia é aquela parte da música que conseguimos cantaro-
lar. Quando falamos “música” e lembramos do som, normalmente, 
esse som é a melodia. Exemplos disso são as músicas “Aquarela”, do 
Toquinho, “País Tropical”, de Jorge Ben Jor, e “Garota de Ipanema”, de 
Tom Jobim 2 . Mesmo que falhe a memória e não seja possível lembrar 
toda a letra dessas músicas, conseguimos cantarolar a melodia com “lá, 
lá, lá”, “na na na” ou assobiando. Essa parte da música que cantamos, 
mesmo sem sabermos a letra da música, é denominada melodia.
Mas e as músicas que ninguém canta?
Entre as músicas não cantadas, podemos citar 
a marcha nupcial. Você pode ouvi-la acessando 
o QR Code ao lado. 
Perceba que, mesmo que não tenha letra, há 
uma parte em que conseguimos lembrar e 
cantarolar. Essa parte é a melodia.
Outro exemplo de música não cantada é a do filme Guerra nas 
Estrelas 3 . Mesmo que seja tocada por uma orquestra, há uma parte da 
música característica e é essa parte que lembramos de cantar, que se 
chama melodia! Agora é sua vez! Pense em algumas músicas, com e sem 
letra, para cantar. As partes que você canta ou cantarola são a melodia.
A harmonia é a combinação de acordes, isto é, a combinação de 
dois ou mais sons ao mesmo tempo. Em outras palavras, “é o estudo 
de combinações de notas soando simultaneamente (acorde) e de seu 
encadeamento” (ANDRADE, 1989, p. 254)” ou, ainda, “é a organização 
material dos sons combinados e simultâneos, ajustados à melodia e ao 
ritmo” (CAMARGO, 1994, p. 19).
Resumidamente, os elementos que compõem uma música são:
melodia: uma “letra de música”;
ritmo: uma expressão em um período predeterminado;
acordes (notas combinadas dos instrumentos): dão vida à música.
Para relembrar essas músicas, 
acesse os links a seguir.
TOQUINHO. Aquarela (Acquarel-
lo) (Lyric Video). ToquinhoVEVO. 
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v= 
cobP9ENT3L0. Acesso em: 31 
mar. 2020.
JORGE Ben Jor. País Tropical (Áu-
dio). Jorge Bem Jor. Disponível 
em: https://www.youtube.com/
watch?v=efVH5sMcO1A. Acesso 
em: 31 mar. 2020.
TOM Jobim . Garota de Ipanema. 
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v= 
KOQShDfOwuI. Acesso em: 31 
mar. 2020.
2
Caso não conheça essa música, 
você pode acessá-la no link a 
seguir.
MÚSICA tema de suspense 
– Guerra nas Estrelas (John 
Williams - The Imperial March). 
TheMxMusicas. Disponível em: 
https://www.youtube.com/
watch?v=3y84VDYZGwI. Acesso 
em: 31 mar. 2020.
3
https://www.youtube.com/watch?v=cobP9ENT3L0
https://www.youtube.com/watch?v=cobP9ENT3L0
https://www.youtube.com/watch?v=cobP9ENT3L0
https://www.youtube.com/watch?v=efVH5sMcO1A
https://www.youtube.com/watch?v=efVH5sMcO1A
https://www.youtube.com/watch?v=KOQShDfOwuI
https://www.youtube.com/watch?v=KOQShDfOwuI
https://www.youtube.com/watch?v=KOQShDfOwuI
https://www.youtube.com/watch?v=3y84VDYZGwI
https://www.youtube.com/watch?v=3y84VDYZGwI
16 Atividades rítmicas e dança
É normal pensarmos que ritmo e música são sinônimos quando, 
por exemplo, falamos em rock, forró, funk e samba. Não é errado, mas 
é importante sabermos que são gêneros musicais, e não necessaria-
mente ritmo. Este pode existir sem a música; porém, não há música 
sem o ritmo, que é um de seus elementos obrigatórios. Como assim? 
Quando batemos palmas ou um tambor, estamos fazendo um rit-
mo, marcando um intervalo de tempo regular. Quando fazemos as 
brincadeiras de copos, 4 batendo nas mãos com a mesa, estamos esti-
mulando um ritmo, mas não há música, há um som ordenado.
Desse modo, conseguimos compreender que o ritmo nem sempre 
está relacionado com o som, visto que tudo que é vivo tem seu ritmo. As 
propriedades do som e os elementos da música são ferramentas úteis 
para se trabalhar os aspectos psicomotores relacionados ao ritmo.
1.2 Ritmo e movimento
Vídeo O ritmo está entrelaçado em nossa vida ao andar, falar, correr, es-
crever e pensar. O fenômeno ritmo é uma qualidade da expressividade, 
e o movimento está intrínseco ao ritmo. Aos profissionais de Educação 
Física, cabe refletir sobre esses conceitos, visto que eles estão intrínse-
cos nas atividades de ginástica, esportes, lutas e danças. Isso porque 
a existência do movimento está condicionada à existência do corpo, 
assim como a existência da expressividade está condicionada ao movi-
mento corporal, portanto sem movimento corporal não há expressão.
Entende-se por movimento do corpo “a resposta que ativa a massa 
muscular, por uma reação em cadeia que percorre o corpo de um pon-
to ao outro” (BRIKMAN, 1989, p. 29). Segundo a autora, essa ação pode 
ou não gerar um deslocamento visível no espaço, pois os movimentos 
internos e externos, apesar de estarem interligados, têm visibilidades 
diferentes.
Movimentar o corpo não significa que o movimento seja expressivo, porque para ex-
pressar é preciso expor e comunicar os sentimentos e as emoções, como alegria, triste-
za, dor, espanto, surpresa etc.
Desenvolva uma atividade para 
trabalhar a marcação rítmica 
com os sons do corpo e do corpo 
com objetos.
Atividade 1
Para relembrar como essa 
brincadeirafunciona, acesse o 
link do vídeo Palavra cantada: 
como fazer ABC dos copos, do 
canal Palavra Cantada Oficial. 
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v= 
fFo1i8EIS74. Acesso em: 
31 mar. 2020.
4
http://www.youtube.com/watch?v=fFo1i8EIS74
http://www.youtube.com/watch?v=fFo1i8EIS74
http://www.youtube.com/watch?v=fFo1i8EIS74
Atividades rítmicas e Educação Física 17
Expressividade ou expressão corporal diz respeito ao resultado de 
uma emoção, de um sentir, como alegria, tristeza, desprezo, raiva, an-
gústia, compaixão, amor, gratidão, entre outros.
De acordo com Toledo (2019), o vocábulo expressão corporal surgiu 
em 1950, quando pessoas ligadas à área da dança começaram a re-
jeitar alguns pensamentos vindos da prática do balé, que eram movi-
mentos rígidos, codificados e engessados. Para tais profissionais, essa 
atividade não deixava o corpo se expressar livremente, parecendo um 
treino técnico de movimento repetitivo sem expressividade, sem comu-
nicação e sem sentimento.
Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento corporal tornou-se 
mais livre e questionador. Os profissionais da dança queriam ensinar 
uma nova linguagem com movimentos mais livres, usando a respiração 
e o sentimento, porém ninguém sabia como chamar esse novo tipo 
de movimento. Que tipo de técnica seria esta? Assim, esse movimento 
passou a ser denominado expressão corporal.
A expressão corporal é uma atividade artística que tem primordialmente como base o 
movimento, o gesto ou a quietude do corpo (TOLEDO, 2019).
Para Brikman (1989, p. 23), a expressão corporal surgiu para “res-
guardar a alegria e a natural espontaneidade do movimento da crian-
ça”, com a finalidade de atribuir um nome diferenciado para os que 
faziam dança clássica, dança moderna ou ginástica.
Para Salzer (1983, p. 19), “expressão é toda emissão consciente ou 
não de sinais e mensagens”. Isso significa que a mensagem a qual que-
remos passar pode ou não ser consciente. É comum dizermos que está 
tudo bem quando não está, e os mais observadores vão notar esse des-
conforto por meio da nossa expressão corporal. Tentamos esconder 
sentimentos, mas o corpo fala e, para quem nos conhece mais intima-
mente, é difícil enganar uma emoção.
Percebe-se que a expressão corporal surge como uma inquietação 
da área da dança, que é utilizada pela Educação Física e por outras 
áreas para poder trabalhar o corpo, seus movimentos e sentimentos, 
sem preconceitos historicamente conhecidos como “menina não faz 
judô”, “dança não é coisa de menino” etc.
Patricia Stokoe (1919-1996), 
bailarina e psicomotricista, foi 
quem conceituou o movimento 
como expressão corporal, a 
linguagem que surgia para o 
novo pensamento de dança, que 
deixava o ser humano usar o 
corpo para transmitir suas ideias 
e emoções.
Leskal/W
ikim
edia Com
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ons
Biografia
Acesse o Canal Palavra 
Cantada Oficial, no 
YouTube. É um canal que 
apresenta várias ideias de 
atividades com música e 
expressão corporal. Vale 
a pena conhecer! São 
muitos vídeos disponíveis 
e muitas boas ideias, 
então, escolha alguns e 
divirta-se!
Disponível em: https://www.
youtube.com/channel/ 
UCGs6qb1ohFhDzeHbYeJlsAA. 
Acesso em: 31 mar. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/channel/UCGs6qb1ohFhDzeHbYeJlsAA
https://www.youtube.com/channel/UCGs6qb1ohFhDzeHbYeJlsAA
https://www.youtube.com/channel/UCGs6qb1ohFhDzeHbYeJlsAA
18 Atividades rítmicas e dança
Dança e expressão corporal são duas concepções 
bastante próximas, considerando que a expressão 
corporal surgiu da dança, com o intuito de ressignifi-
cá-la, bem como os movimentos corporais daquela épo-
ca. Por serem termos relacionados e utilizados 
na Educação Física, cabe compreender o que 
é dança.
Como podemos definir dança?
Embora existam várias definições, não 
é errado dizer que a dança é uma forma de 
expressar sentimentos, de comunicar uma ideia, de es-
timular sentidos e de sentir emoções. Mas, às vezes, parece que essas 
definições estão incompletas.
Perceba que os artistas de teatro (Figura 4) 
também expressam sentimentos, assim como 
pintores comunicam uma ideia (Figura 5) e 
músicos nos emocionam com suas canções 
(Figura 6), portanto todos estimulam os senti-
dos. Desse modo, vamos tentar entender, por 
meio da concepção de alguns autores, como é 
possível definir a dança:
 • “Dançar é vivenciar e exprimir, com o 
máximo de intensidade, a relação do ho-
mem com a natureza, com a sociedade, 
com o futuro e com seus deuses” 
(GARAUDY, 1980, p. 14).
 • “Dança é a expressão 
da harmonia universal 
em movimento” (NANNI, 
2002, p. 1).
 • “A dança é uma das raras atividades huma-
nas em que o homem se encontra total-
mente engajado: corpo, espírito e coração” 
(BEJART 1980 apud GARAUDY, 1980, p. 8).
Figura 4
Atores de teatro
Jonas Petrovas/
Shut
ters
toc
k
 RossHelen/Shu
tters
toc
k
Figura 5
Pintora
Figura 6
Músicos
Roman Voloshyn/Sh
utter
sto
ck
Atividades rítmicas e Educação Física 19
Para Portinari (1989), a dança é uma linguagem, por isso, não é 
explicada com palavras e, às vezes, nem é possível fazer essa expli-
cação, pois cada um faz sua leitura de acordo com suas identifica-
ções e emoções.
Observe o quão difícil é definir ou explicar em palavras o que signi-
fica dança. Não é por acaso que Martha Graham (1894-1991), bailarina 
alemã, afirmava que a dança era uma linguagem da alma, difícil de ser 
explicada.
Considerando que os profissionais de licenciatura em Educação Fí-
sica obrigatoriamente vão trabalhar com crianças de várias idades, de-
vemos entender que é necessário não só conhecer o universo lúdico, 
mas também o universo artístico, que trabalha com a criatividade, a 
imaginação, as emoções e os sentimentos. Essas são áreas totalmente 
relacionadas entre si e que estimulam a expressão e a criatividade e, 
por isso, devem ser trabalhadas em constante parceria.
Discorra sobre alguma(s) 
possibilidade(s) para introduzir 
o conceito de dança nas aulas de 
educação física.
Atividade 2
1.3 Dança na escola
Vídeo A dança na escola, muitas vezes, é um tabu para os profissionais 
de Educação Física. Por não terem tido experiência com a área da 
dança na graduação, muitos não se sentem aptos a trabalhar esses 
temas. Claro que não é possível experimentar tudo quando esta-
mos na graduação. Imagine se um profissional de Educação Física 
precisasse ter experiência com todos os esportes de todos os tipos, 
incluindo os não convencionais, como beisebol, rugby, entre outros. 
Por esse motivo, uma das ferramentas fundamentais para se traba-
lhar a dança na escola é a criatividade.
É preciso estimular a criatividade nas atividades de Educação Física. 
As atividades lúdicas que estimulam o desenvolvimento motor e a 
expressividade podem e devem ser utilizadas nas aulas de Educação 
Física tanto para crianças e adolescentes quanto para profissionais da 
área – os adultos que podem apresentar timidez, vergonha ou algum 
bloqueio relacionado ao movimento e à expressividade.
Oech (1988) e Trigo (1999), ao tratarem dos blo-
queios mentais, afirmam que há dificuldade em desen-
volver a criatividade, assim como a experimentação 
corpórea de atividades lúdicas. Isso ocorre porque ge-
ralmente temos uma postura que bloqueia nosso pen-
De que forma o profissional de 
Educação Física pode estimular 
o ritmo nas diversas idades do 
desenvolvimento motor?
Atividade 3
20 Atividades rítmicas e dança
samento e nos faz continuar pensando sempre as mesmas coisas. Esses 
bloqueios “representam entraves quando queremos ser criativos” (OECH, 
1988, p. 20).
Imagine que você tenha criado uma atividade de “espelho”. Nessa ati-
vidade, os alunos, em duplas, devem se colocar um na frente do outro e 
fazer movimentos que expressem uma emoção enquanto determinada 
música estiver tocando. Eles podem fazer apenas expressões faciais (ca-
retas), que são as mais fáceis para começar. É preciso prestar atenção ao 
som, portanto, todos devem fazer silêncio e se concentrar na atividade. 
Quando a música parar de tocar, todos param nafrente do espelho e se-
guram o movimento. Ao comando do professor, os alunos que são o es-
pelho devem adivinhar qual a expressão que sua dupla quis comunicar: 
alegria, raiva, medo etc. O próximo comando do professor é para que tro-
quem de espelho, isto é, de dupla, e comecem a se mover no novo espe-
lho quando a música tocar. Para ajudar na expressão corporal, a música 
ou os sons, por exemplo, podem ser de natureza, de terror ou de alegria. 
A questão é: você se sentiria confortável ao fazer essa brincadeira 
na sala de aula com seus colegas de graduação? Caso não, quais mo-
tivos poderiam ser impeditivos de você participar? Que tipos de blo-
queios mentais você iria enfrentar?
Primeiramente, é importante observar os detalhes dessa atividade. 
Relacionamos o estímulo sonoro às expressões corporais. Então, o que 
foi proposto é uma reflexão da sua participação nessa atividade. Com a 
sua verdade e seus valores, você se sentiria confortável em se movi-
mentar livremente, sentir a música e deixar o corpo se expressar? Se 
fosse uma atividade circense ou de ginástica, você se comportaria da 
mesma maneira? Ou só porque é próximo da dança você iria “torcer o 
nariz”? É possível que pense que teria vergonha ou ficaria retraído ao 
ter que se expressar. Isso não é errado: não há resposta correta ou in-
correta nessa atividade. É importante que você perceba o quanto pode-
ria se permitir, mas não o faz por algum bloqueio. Seus alunos podem 
ter a mesma vergonha, ter medo de preconceito ou outro fator impedi-
tivo. Reflita sobre isso e tente se permitir da próxima vez. Ao passar por 
esse processo, será mais fácil compreender seus alunos e ajudá-los, 
quando necessário.
Trigo (1999) aborda os bloqueios mentais por meio de três 
aspectos, descritos no quadro a seguir.
Billy Elliot é um garoto 
de 11 anos que vive em 
uma cidade pequena da 
Inglaterra. Seu pai o obriga 
a treinar boxe, mas Billy 
é apaixonado por balé – 
dança. Mesmo com tantos 
obstáculos, Billy usa seu 
talento para se expressar 
por meio da arte da dança.
Filme: Billy Elliot, 1999. Inglaterra.
Filme
Atividades rítmicas e Educação Física 21
Aqueles que nos cegam quando estamos em uma emergência. Eles são res-
ponsáveis por paralisar o uso de todos os nossos sentidos e, com isso, somos 
impossibilitados de observar a real situação e de resolver o problema.
Percepção
Aqueles mais difíceis de eliminar, uma vez que são as referências externas que 
recebemos da sociedade e do ambiente para moldar nosso ser. Os lugares onde 
somos educados, como casa, escola e igreja, formam nossos valores éticos e 
morais. Às vezes, esses valores podem nos impedir de trabalhar com a imagina-
ção, com a expressividade corporal, com a fantasia e com os movimentos livres.
Cultural
Determinados pelas tensões da vida cotidiana e estão dentro do ser humano. A 
insegurança, a vergonha e a falta de autoestima podem ser consideradas como 
a raiz da maioria desses entraves emocionais.
Emocional
Quadro 1
Tipos de bloqueios mentais
Fonte: Elaborado pela autora com base em Trigo, 1999.
Oech (1988, p. 22) sugere uma solução ao propor que devemos “de-
saprender o que já sabemos”, isto é, esquecer por um tempo aquilo 
que se encontra cristalizado no cérebro como uma resposta pronta.
A criatividade é entendida como uma habilidade que pode ser trabalhada e treinada, 
assim como o ritmo. Para tanto, é preciso desaprender ou se desprender dos velhos 
hábitos para dar lugar a novas experiências e, com isso, obter respostas diferentes da-
quelas “enraizadas” em nosso cérebro.
Torre (2005, p. 12) destaca que “na criatividade não basta saber 
ou saber fazer; é necessário sentir, emocionar-se, entusiasmar-se. 
É transformar-se e modificar o meio, é deixar sua marca nos outros’’.
De acordo com Trigo (1999, p. 113), uma pessoa que deixa de se 
mover livre e criativamente, perde a possibilidade de enfrentar novos 
desafios e de vivenciar situações com uma atitude aberta, livre de blo-
queios mentais. Sendo assim, “para enfrentar novos conhecimentos 
e experiências de qualquer outro campo do saber e fazer humano”, 
Vamos desenvolver nossa cria-
tividade. Imagine uma lata de 
refrigerante vazia. Agora, pense 
no máximo de possibilidades 
de uso com essa lata. Registre 
suas ideias.
Atividade 4
22 Atividades rítmicas e dança
é preciso refletir sobre os saberes corpóreos e compreender que os 
sentidos estão presentes em qualquer ação humana.
Lembre-se de que “pela linguagem do corpo você diz muitas coisas 
aos outros. [...] o nosso corpo é antes de tudo um centro de informa-
ções para nós mesmos” (WEIL; TOMPAKOW, 1986, p. 7).
Desse modo, podemos entender que a criatividade, como ferra-
menta de trabalho, serve para quebrar tabus, incluindo o trabalho com 
as atividades de dança na escola. Assim, fica mais fácil trabalhar os ele-
mentos do som, da música, bem como o ritmo, a escuta e tantos outros 
aspectos motores e expressivos necessários à interação humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que aprendemos neste capítulo? Por mais que tenham informações 
separadas por seções, é importante compreender que todas elas estão 
interligadas. Os temas aqui abordados são todos relacionados: o ritmo 
(um aspecto psicomotor), o movimento expressivo e a criatividade.
As atividades rítmicas precisam trabalhar não só aspectos motores, 
mas expressivos, lúdicos e criativos. Quanto mais conseguirmos rela-
cionar esses temas, mais estímulos conseguiremos envolver em uma 
atividade. Devemos estar atentos para deixar os alunos seguros e con-
fortáveis para que eles possam participar das atividades.
Tanto os alunos quanto os profissionais da área de Educação Física 
devem se permitir experimentar situações lúdico-criativas-corpóreas. 
O fato, porém, implica o sujeito estar atento a todos os seus aspectos 
sócio-afetivos-cognitivos-motores, para que seja possível experi-
mentar uma consciência dinâmica do próprio corpo no processo 
lúdico-criativo-expressivo.
Ao estimular a criatividade, a expressão corporal e os aspectos psi-
comotores, pretendemos trabalhar o resgate à autoconfiança, a reflexão 
sobre o autoconhecimento e o ganho de autonomia para a vida e para as 
relações interpessoais.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. de. Dicionário musical brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989.
BRIKMAN, L. A Linguagem do movimento corporal. São Paulo: Summus, 1989.
CAMARGO, M. L. M. de. Música/Movimento: um universo em duas dimensões. Belo 
Horizonte: Villa Rica, 1994.
Atividades rítmicas e Educação Física 23
GARAUDY, R. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6 anos. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1982.
LE BOULCH, J. Rumo a uma Ciência do Movimento Humano. Porto Alegre, Artes Médicas, 
1987.
NANNI, D. Dança Educação: princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
OECH, R. Um toc na cuca: técnicas para quem quer ter mais criatividade na vida. São Paulo: 
Livraria Cultura, 1988.
PICCOLO, V. L. N. Uma análise fenomenológica da percepção do ritmo na criança em 
movimento. Campinas ,1993. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação 
Física, Unicamp.
PORTINARI, M. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
SALZER, J. A expressão corporal. São Paulo: Difel, 1983.
SBORQUIA, S. P. As manifestações rítmicas e expressivas: sentidos e significados na 
Educação Física. In: EHRENBERG, M. C; FERNANDES, R. C.; BRATIFISCHE, S. A. Dança e 
Educação Física: diálogos possíveis. Várzea Paulista: Fontoura, 2014.
TOLEDO, S. Expressão corporal: uma abordagem psicomotora. Associação Brasileira 
de Psicomotricidade, 27 mar. 2019. Disponível em: https://psicomotricidade.com.br/
expressao-corporal-uma-abordagem-psicomotora/. Acesso em: 31 mar. 2020.
TORRE, S. Dialogando com a criatividade. São Paulo: Madras, 2005.
TRIGO, E. Creatividad y motricidad. Barcelona: INDE, 1999.
WEIL, P.; TOMPAKOW, R. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação. Petrópolis: 
Vozes, 1986.
GABARITO
1. A marcaçãorítmica é a métrica, ou seja, uma cadência, como de um relógio ou um 
metrônomo. Você pode iniciar a atividade marcando um ritmo, os alunos vão acompa-
nhar com sons do corpo, imitando. Para dificultar a atividade aos poucos, você pode 
pedir para que os alunos continuem a marcação mantendo o ritmo. Posteriormente, 
os alunos podem continuar a atividade, alternando entre sons do corpo e sons de 
objetos. O objetivo é não sair da marcação rítmica, como se fossem a bateria de uma 
banda. Escutar os sons é de extrema importância neste momento.
2. Primeiramente, é importante conversar com os alunos sobre dança: o que eles já vi-
ram e o que eles compreendem sobre esse assunto. Fazer uma roda de conversa e 
entender o questionamento dos alunos é uma das maneiras de começar a introduzir 
essa temática e abordar o respeito às diferenças de gostos, de ideias e de preconcei-
tos. Outra forma é mostrar exemplos de danças aos alunos, conversar sobre os estilos 
e perceber quais são mais ou menos interessantes e porquê. Pode ser uma atividade 
escrita ou falada, em grupo ou individual. Cabe entender a demanda da turma que irá 
aplicar a atividade.
3. Para que seja possível desenvolver atividades lúdicas e criativas com o objetivo de 
desenvolver o ritmo, é preciso, em primeiro lugar, ter em mente todo o processo de 
desenvolvimento motor e estímulo psicomotor de acordo com a idade do aluno. Se a 
atividade não for relacionada a essas áreas da psicomotricidade e do desenvolvimen-
to motor, não será possível começar a desenvolvê-la. Por exemplo, crianças na idade 
pré-escolar podem fazer atividades como cirandas com acompanhamento de canto. 
O professor dá a mão ao grupo de crianças, unidos em uma roda, cantando uma mú-
24 Atividades rítmicas e dança
sica, e todos se sentem acolhidos nessa ciranda. Os mais espontâneos levam os mais 
tímidos e os mais tímidos regulam a ansiedade do grupo. A relação corporal ocorre à 
medida que fazem a atividade com as mãos dadas, transmitindo segurança e união 
ao grupo. Associar o canto faz com que a criança consiga sentir o ritmo não só com a 
voz, mas com todo o corpo. O objetivo não é dar ideia de atividade, mas refletir sobre 
a importância de estímulos psicomotores de acordo com a idade do público-alvo.
4. Mais uma vez, não há certo e errado. Contudo, alguns pontos podem facilitar sua 
avaliação para esse exercício. Quantas ideias você conseguiu registrar? A capaci-
dade em gerar muitas ideias é um dos fatores que ajudam no desenvolvimento da 
criatividade. Quantas dessas ideias você pode colocar em categorias? Por exemplo: 
um porta-trecos, um alvo e uma lâmpada. Isso significa quantos tipos de uso você 
pensou. Você conseguiu acrescentar detalhes a essa lata para transformar esse ob-
jeto? Exemplo: colar em outra lata, pintar, amassar, acrescentar adereços ou outros 
materiais. E, por fim, você conseguiu pensar em alguma ideia incomum, algo que 
pouca gente pensaria? Se não conseguiu responder a essas perguntas, volte nesse 
exercício quando se sentir à vontade. Mais uma vez, permita-se imaginar, fantasiar 
e estimular sua criatividade.
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 25
2
Dança no Ocidente: como 
chegamos até aqui?
Neste capítulo, vamos conhecer brevemente o contexto 
histórico-cultural das danças. Iniciamos conhecendo a história da 
dança desde as antigas civilizações, nas quais a humanidade se 
movimentava de acordo com suas necessidades.
Depois vamos conhecer as danças de corte, aquelas de nobres 
em castelos que aparecem em filmes, e que consistiam em uma 
manifestação de status. Por fim, vamos conhecer as danças trazi-
das da Europa – pelos portugueses – para o Brasil.
2.1 Danças das antigas civilizações
Vídeo As civilizações mais antigas, desde a pré-história, não guardam 
muitos registros de imagens da humanidade, possivelmente porque 
não tinham preocupação em registrar seus feitos. Além disso, antro-
pólogos e outros profissionais podem não ter encontrado marcas de 
antigas civilizações devido à depredação natural e humana ocorrida 
ao longo dos anos. Desse modo, registros de movimentos podem ser 
considerados raros.
Devido a ausência de registros, a história da dança nas antigas civi-
lizações se confunde um pouco com as histórias da Educação Física e 
do movimento humano, uma vez que ambas estudam o corpo, o movi-
mento humano e a relação do corpo em movimento com seu contexto 
sócio-histórico.
Um salto ou uma corrida, por exemplo, são imagens estáticas e po-
dem ser interpretadas de várias maneiras, como caçando, competindo, 
dançando, celebrando, brigando, pulando etc. Então, vemos represen-
tações de ações e gestos mostrando o movimento do homem, sem ter 
a certeza de suas ações intencionais, por exemplo, um homem com um 
26 Atividades rítmicas e dança
arco na mão poderia estar caçando ou brincando de competir com ou-
tro homem. Por que não?
Nos referimos aqui a aproximadamente 12000 
anos a.C., quando algumas imagens foram encon-
tradas. Uma das imagens mais disseminadas em 
cursos de artes, como reconhecimento de que o 
homem viveu ali, é a de um bisão vermelho, da ca-
verna de Altamira, na Espanha (Figura 1).
A linguagem por meio do gesto é a forma de co-
municação mais antiga do ser humano. Vamos ima-
ginar a seguinte situação: você foi contemplado com 
uma viagem internacional em uma promoção que 
participou. Só que essa viagem é para um país ao 
qual quase ninguém vai e a língua é muito estranha 
para você aprender até o dia de embarcar. Você 
pode levar um acompanhante, o que não ajuda mui-
to, pois normalmente levamos alguém de quem gostamos e não um 
intérprete da língua, não é mesmo? Bom, nesse caso são duas pessoas 
em um país distante, sem a possibilidade de utilização de tradução si-
multânea em algum aplicativo. Pronto! Em minutos vocês constatam 
que são analfabetos e precisam se comunicar para comer, para se hos-
pedar no hotel que está reservado em seus nomes, para se deslocar do 
aeroporto ao hotel, enfim, para todas as necessidades que são simples 
para nós. O que fazer? Podemos mostrar imagens no celular. Mas, nor-
malmente sentimos a necessidade de fazer gestos junto com nossa ex-
plicação. Praticamente viramos artistas em mímica para que possam 
nos entender. A mímica é usada quando achamos que alguém não nos 
entende bem por meio da linguagem falada. Por isso, a linguagem ges-
tual é tão importante.
Desse modo, podemos entender que a dança, na condição de 
linguagem gestual e mimética (imitativa), é uma manifestação que 
deve ser estudada para a compreensão do ser humano. Ela surge 
da necessidade de comunicar uma emoção e expressar sentimentos 
tanto dos homens quanto dos animais. Algumas danças são encon-
tradas na natureza, como a disputa por um par ou para o acasala-
mento, entre outras necessidades.
Vamos conhecer, desse modo, um pouco do histórico das danças 
ocidentais e das danças orientais.
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Figura 1
Bisão vermelho, Caverna de 
Altamira
Em 1985, a Caverna de Altamira foi considerada 
Patrimônio da Humanidade. No ano de 2008 foran 
incluídas mais 17 cavernas nesse patrimônio e o 
denominaram Caverna de Altamira e arte rupestre 
paleolítica do norte da Espanha.
Observe pequenos movimentos 
que você faz e palavras que você 
fala. Como você associa esta 
linguagem (na fala, no gesto, no 
movimento) à sua cultura, seu 
ambiente?
Atividade 1
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 27
2.1.1 Danças ocidentais
A forma mais antiga de dança é o círculo, que nos primórdios era sem 
contato e, posteriormente, com contato. As danças poderiam ocorrer por 
meio de círculos únicos ou de vários círculos concêntricos (Figura 2).
Sh
i Y
al
i/S
hu
tte
rs
to
ck
Normalmente, o objeto que estava no centro do círculo, como o fogo, era o objeto que o homem queria 
dominar ou se apossar.
Figura 2
Dança em círculo
Desde seus primórdios, a forma do círculo dava ideia de proteger e 
unir todos aqueles que participassem da roda. Além disso, valelembrar 
que as danças de roda são brincadas até hoje na escola, por exemplo, 
as cirandas cantadas.
Havia vários tipos de danças nas antigas civilizações. Vamos obser-
var algumas delas, de acordo com Caminada (1999):
 • Danças da fertilidade ou da fecundidade: imitavam elementos 
da natureza, como trovões, raios e ventos, para que os alimen-
tos pudessem se desenvolver e o ser humano pudesse colher 
seu sustento. Associadas às mulheres, as danças da fertilidade 
e da fecundidade se desenvolveram mais quando as culturas se 
tornaram essencialmente agrícolas e os homens trabalhavam 
no campo. Assim, as mulheres começaram a dançar não só du-
rante as colheitas, mas na semeadura, nas mudanças climáticas 
e naturais, pedindo aos deuses fertilidade nas plantações.
 • Danças de armas miméticas: dançada por homens, represen-
tava a vitória de uma luta. Com essa dança os homens imagina-
concêntrico: da geometria, 
significa o mesmo centro, assim é 
possível encontrar círculos meno-
res dentro de um círculo maior.
Glossário
28 Atividades rítmicas e dança
vam vencer as batalhas, por isso eram feitas antes delas. A pírrica, 
uma dança grega, é um exemplo de dança de armas miméticas 
que fazia parte da formação dos soldados.
 • Danças de habilidades: dançada por homens e considerada uma 
parte das danças de armas ou guerreiras. Os homens tinham que 
mostrar destreza em atacar e defender e mostrar sua capacidade 
em ferir e evitar ser ferido.
 • Danças solares: estão na categoria das danças astrais e podiam 
ser solares ou lunares. As danças astrais representavam o de-
senvolvimento da vida com base no movimento do Sol e da Lua. 
Somente os homens participavam das danças solares.
 • Danças medicinais: danças xamânicas 1 utilizadas por várias tri-
bos indígenas, inclusive no Brasil. Um dançarino homem fica ao 
centro do círculo e em estado de êxtase faz com que ele próprio 
e sua comunidade sintam-se bem, fortes, saudáveis e poderosos, 
como se fosse um milagre.
Nas antigas civilizações existiam muito mais danças masculinas 
do que femininas. Acabamos de ver que as danças de armas, me-
dicinais, solares e de habilidades só podiam ser executadas pelos 
homens. Além desses exemplos, existiam outros tipos de danças: as 
danças de caça e a de animais também eram feitas somente pelos 
homens, os quais dançavam para se defender da caça e para feste-
jar a caçada. As mulheres eram proibidas não só de participar das 
danças masculinas, mas de olhar alguns instrumentos, como flautas 
e tubas, sob pena de serem punidas.
As danças femininas eram baseadas nos conceitos da cultura agríco-
la. Nesse caso, se os homens participassem poderiam ser punidos até 
com a morte. As mulheres dançavam para celebrar partos e núpcias, 
atrair a chuva, aumentar a colheita e em danças lunares. Todas as dan-
ças referentes à fertilidade eram responsabilidade das mulheres: as 
danças sexuais que se referiam à procriação da espécie e as danças 
que festejavam e agradeciam as semeaduras e colheitas.
“O xamanismo é um conjunto de 
rituais muito antigos, como dan-
ças e músicas que atravessam 
séculos [...]” (VIANA, 2017).
1
As danças da pré-história, embora com poucos registros, tratavam especialmente de 
cultuar os deuses, a natureza e o sagrado. Esses rituais eram compostos não só de dança, 
mas música ou algum tipo de som e teatro com imitações e dramatizações.
Uma civilização que soube celebrar a vida por meio da dança foi a 
grega. Os motivos dançados eram inúmeros: cerimônias cívicas, ritos 
religiosos, educação das crianças, treinamento militar, enfim, a dança 
é encontrada em várias ocasiões na civilização grega.
Ainda, muitas danças gregas cultuavam seus deuses. Exemplos são a 
gimnopédia e a hiporchemata, que cultuavam Apolo, e a corybanthiaque, 
que era dedicada a Zeus. A dança mais antiga dessa civilização é o culto a 
Dionísio (Figura 3), deus que representa a vegetação da primavera, ou seja, 
a fertilidade e a fecundidade, e aparece como um deus do entusiasmo, da 
embriaguez, tanto no sentido material quanto espiritual (BOURCIER, 1987).
Na Grécia, as danças guerreiras eram obrigatórias na educação dos 
jovens. A pírrica, por exemplo, era obrigatória na educação espartana e 
tinha função guerreira e religiosa; as crianças a aprendiam desde cedo 
(BOURCIER, 1987). Os gregos tinham a preocupação de educar os jo-
vens por meio do corpo e do espírito, dando valor às danças que faziam 
parte de sua cultura.
Outras danças que faziam parte da cultura grega eram as danças 
funerárias e as que celebravam nascimentos, núpcias, festas religiosas, 
celebrações cívicas e danças de banquetes.
Tratamos até agora somente das danças do Ocidente. Mas, 
você conhece o histórico das danças do Oriente? Sabia 
que essas danças são bem diferentes das 
danças ocidentais? Por quê? Ora, os po-
vos orientais têm religiões, valores e cul-
turas diferentes dos ocidentais. Ambas 
as culturas são muito interessantes de se 
conhecer, respeitar e trabalhar.
Figura 3
Dionísio, deus cultuado por 
meio de danças na Grécia
Dionísio é popularmente conhecido como 
deus do vinho.
Gilmanshin/Shutterstock
29Dança no Ocidente: como chegamos até aqui?
30 Atividades rítmicas e dança
2.1.2 Danças orientais
As danças do Oriente datam de cerca de 4000 a.C., sendo algumas 
mais antigas. Vamos conhecer alguns exemplos, começando pela China. 
Os registros de dança na China datam de 2205 a 1766 a.C. (CAMINADA, 
1999) e as danças eram feitas com uso de máscaras e trajes coloridos. 
Os chineses dançavam para louvar os deuses, festejar as colheitas ou 
invocar a natureza. Alguns objetos cerâmicos desse período represen-
tavam homens dançando, como um dançarino e um dragão frente a 
frente. Até hoje podemos ver a representação da dança do dragão, no 
ano novo chinês. O dragão representava a figura do imperador, o so-
brenatural, o poderoso e o sagrado (Figura 4).
Figura 4
Dança do dragão no ano novo chinês
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Essa dança transformou-se em um espetáculo visto pelo mundo todo.
Outro exemplo de dança é a indiana, uma arte muito antiga e cheia 
de significados. A dança indiana denominada bharatanatyam é feita 
para cultuar Shiva, um dos deuses do hinduísmo, também conhecido 
como o senhor da dança. Essa dança tem muitos movimentos e seu trei-
namento faz parte da orientação da personalidade do indivíduo – de 
caráter e de alimentação. Os movimentos das danças indianas são pe-
culiares, pois são bem diferentes das danças ocidentais. Há movimen-
tos para os olhos, para ponta dos dedos das mãos, para os punhos, 
para os pés, além dos desenhos nas extremidades do corpo (mãos, ca-
beça, pés) que ajudam a significar os movimentos indianos (Figura 5).
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 31
Observe que tanto as culturas da China quanto a da Índia, diferentes 
entre si, dançam para cultuar seus deuses. No Egito não foi diferente.
O Egito é rico em registros gráficos e, por isso, é bem mais fácil co-
nhecer as suas danças por meio de imagens. São inúmeros desenhos 
em paredes e muitos objetos que eram deixados nos túmulos dos 
faraós. Além dos objetos, deixaram muita coisa escrita, os chamados 
hieróglifos. Há pesquisadores que até hoje estudam os egípcios por 
meio do que encontram nas pirâmides para conhecer e compreender 
essa cultura tão rica em registros.
Diferente do que estudamos até agora, as danças egípcias em sua 
maioria eram confiadas às mulheres e não aos homens. “Os egípcios 
atribuíam a criação da dança a deuses associados a ritos de fertilidade 
[...]” (CAMINADA, 1999, p. 43), provavelmente há 5000 anos a.C. 
A intenção dos egípcios ao registrar uma dança era a de poder repe-
tir um ritual sagrado. A cerimônia que registraram foram as danças e as 
músicas do culto a Osíris, filho da terra e do céu, deus responsável pela 
vegetação. Por esse motivo, esse ritual, com dança e canto, era cele-
brado antes da cheia do rio Nilo. Com o registro, as próximas gerações 
poderiam repetir essacelebração a Osíris toda vez antes de a cheia do 
rio para reverenciar o sagrado.
A cultura egípcia também tinha danças acrobáticas, bem próximas 
as danças de habilidades, porém feitas por mulheres. As danças acro-
báticas também tinham funções religiosas e mágicas, contudo, a partir 
de 1400 a.C., os rituais começaram a ter outras finalidades além da-
quelas ritualísticas. Com o tempo as danças foram perdendo o caráter 
sagrado e as danças acrobáticas começaram a ter movimentos mais rá-
pidos, espetaculares, tornando-a mais rica na quantidade e qualidade 
de destreza dos bailarinos. Assim, começa a surgir mais profissionais 
de dança e mais apresentações de dança e de música nas ruas. Isso 
quer dizer que as danças acrobáticas começaram a se tornar entrete-
nimento, como um espetáculo. Desse modo, dá-se o crédito à cultura 
egípcia de ser pioneira na dança como espetáculo.
As celebrações, os rituais e as danças são componentes ricos para 
compreendermos e respeitarmos a nossa história. Além disso, é uma 
ideia para se trabalhar tanto com crianças quanto com adultos e fazer 
atividades lúdicas por meio do teatro, de gestos, de movimentos, de 
cores, de objetos, de elementos musicais e de tantas opções quanto a 
sua criatividade quiser.
Você sabia que os egípcios são 
considerados os pioneiros no 
registro de dança?
Curiosidade
32 Atividades rítmicas e dança
É importante perceber que a maioria das manifestações de dança 
que vimos nessa seção tem origem na celebração dos deuses, dos as-
tros, da natureza e das forças que o homem queria dominar. Tanto no 
ocidente quanto no oriente conseguimos perceber semelhanças nas 
manifestações de danças sagradas.
Até hoje vemos danças dentro e fora de templos sagrados. As danças 
circulares, por exemplo, tornaram-se atualmente uma forma de ajudar o 
ser humano a se conectar com a sua natureza e a natureza do ambiente, 
uma forma de terapia. Em outras palavras, estamos em constante reto-
mada da nossa essência e a dança é uma forma de fazer isso.
2.2 Danças da Idade Média ao Romantismo
Vídeo As danças na Idade Média, entre os séculos V e XIV, foram controla-
das pelo cristianismo que se difundia na Europa. Assim, a Igreja tentou 
obter o controle das manifestações dançadas e proibiu várias danças, 
especialmente as que tinham movimentos sensuais. Porém, os teatros 
de rua não pararam de ter seus números de dança, fato que deixou a 
arte do teatro, da dança e da música mais vivas e mais popularizadas.
No fim da Idade Média, as danças macabras marcaram as represen-
tações artísticas. Nessa dança, as representações faziam referência à 
morte, à insignificância da vida terrena, das coisas materiais. Uma das 
explicações para esse tipo de dança refere-se à Peste Negra 2 .
Nesse contexto macabro, rígido e controlado pela Igreja, surge o Re-
nascimento – movimento cultural, político e econômico que se consoli-
da no século XV para negar os valores da Idade Média, em que a Igreja 
e Deus guiavam o homem, seus atos e pensamentos. A base filosófica 
do Renascimento é o antropocentrismo.
Durante o Renascimento, a visão de mundo é alterada e ocorrem 
algumas mudanças: as cidades se desenvolvem, as navegações expan-
dem, o trabalho escravo começa a ser assalariado e a individualidade 
passa a ser valorizada, ao invés da coletividade.
As danças não eram privilégio da aristocracia, pois nobres e plebeus 
tinham o mesmo costume. A diferença estava no estilo das danças, de-
vido ao estilo de vida de cada um: os nobres tinham roupas com bas-
tante volume, várias camadas de vestimenta, sapatos com salto, o que 
Acesse o site da Unesco e 
observe que há fotos do 
patrimônio histórico mun-
dial com algumas imagens 
mais antigas do que a hu-
manidade tem registro. É 
interessante conhecê-las 
para entendermos nossa 
própria história.
Disponível em: http://whc.unesco.
org/en/list/1426/gallery/. Acesso 
em: 16 abr. 2020.
Site
A Peste Negra foi uma pandemia 
que ocorreu no mundo durante 
os anos 1300 e acometeu toda a 
população, dizimando aproxima-
damente um terço do continente 
europeu.
2
Antropocentrismo: do 
grego, anthropos = humano e 
kentron = centro, ou seja, o ho-
mem como centro do universo.
Glossário
http://whc.unesco.org/en/list/1426/gallery/
http://whc.unesco.org/en/list/1426/gallery/
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 33
dificultava alguns tipos de movimentos. Já os plebeus trabalhavam na 
agricultura, no comércio e em outros serviços, portanto tinham que 
usar roupas mais confortáveis para facilitar os movimentos. Um carpin-
teiro, por exemplo, não poderia ter uma roupa com muitos babados ou 
usar calças bufantes, pois poderia dificultar seu trabalho e até rasgar 
um pedaço da sua roupa. Assim:
as danças populares vinham do povo e as danças de corte eram as danças populares 
adaptadas para o contexto da corte.
Por isso, as danças dos nobres eram mais lentas, com movimentos 
pequenos e delicados. Já as danças dos plebeus eram mais rápidas, 
apresentavam mais movimentos de pernas e pés, com pequenos saltos. 
Os mestres de dança da corte aprenderam a adaptar as danças do povo 
para ensinar os nobres. Como os nobres sempre queriam participar dos 
festejos e das encenações, os passos tinham que ser adaptados para 
eles e cabia aos mestres de dança ficar com as partes que exigiam mais 
habilidade. Desse modo, os primeiros balés de corte tinham mais no-
bres do que mestres de dança, afinal, os nobres eram mais importantes 
e competia a eles mostrar suas habilidades e seu status para a corte.
Com o tempo, os artistas, não só os mestres de dança, começaram 
a reivindicar seu valor (status) junto àqueles que eram requisitados e 
consagrados na corte, como os filósofos e os poetas.
Lourenço de Médici (1449-1492) – que governou Florença – foi co-
nhecido por desenvolver a cultura, a economia e as ciências na Itália. 
Também foi responsável por lançar a moda dos trionfi (triunfo – um 
tipo de dança) e fazer festas que duravam dias. Esses triunfos eram 
dançados na Grécia para evocar a glória do Olimpo (PORTINARI, 1989). 
O balé remonta as celebrações gregas, mas não foi criado na Grécia. 
Então, onde ele foi criado?
Na Itália! Isso mesmo. Com a moda criada por Lourenço de 
Médici, por meio de seus triunfos durante as festas. Ele foi o respon-
sável por fazer surgir a figura dos mestres de dança devido às ce-
lebrações que viraram verdadeiros espetáculos, como casamentos 
e vitórias militares. Os mestres de dança começaram a escrever os 
passos para registrar como eram feitos os movimentos. O primeiro 
34 Atividades rítmicas e dança
tratado de dança que se tem registro foi escrito na primeira metade 
do século XV, por Domenico da Piacenza 3 . Isso significa que a arte 
do balé que conhecemos hoje começa a tomar forma por meio des-
ses documentos escritos.
Os espetáculos das cortes renascentistas também foram descritos 
em um tratado chamado Libro sull´Arte del Danzare (Livro sobre a Arte 
da Dança), de Antonio Cornazzaro, em 1455. Cornazaro deu o nome dos 
espetáculos renascentistas de balletos. Nesse livro, ele descreve as dife-
renças entre as danças populares e as danças aristocráticas, sendo essa 
distinta da primeira por ter enredos criados para os espetáculos.
Por mais que já tenhamos visto que a origem do balé é italiana e que 
vários tratados foram escritos por mestres de dança italianos, os passos 
do balé são escritos em francês e por isso algumas pessoas acham que 
o balé veio da França. Bom, então precisamos entender essa história.
A bisneta de Lourenço de Médicis, Catarina, casou-se – com qua-
torze anos – com o futuro rei da França, Henrique II. Como iria morar 
na França com seu marido e com a finalidade de sentir-se em casa, 
levou consigo seus costumes italianos, como o gosto e o respeito pe-
las artes. O mestre de dança e empregado de Catarina vai para França 
e troca seu nome, que era Baldassarino de Belgiojoso, para o idioma 
francês: Balthasar de Beaujoyeux. Como os franceses não enxerga-
vam os italianos com bonsolhos, o mestre de dança consegue empre-
go como mordomo na corte francesa. Logo que Catarina de Médicis 
teve o poder nas mãos conseguiu proteger seu empregado e mestre 
de dança. Alguns anos depois a aristocrata e seu empregado seriam 
os responsáveis por criarem o balé de espetáculo.
Catarina de Médicis encomendou ao seu mestre de dança Balthasar 
uma festa de núpcias que seria comemorada na corte francesa. Este 
espetáculo ficou reconhecido na história da dança como o nascimento 
do balé de corte, denominado Ballet Comique de la Reine.
Por esse motivo, todos os nomes de passos, referentes aos movimentos 
e posições do corpo no balé, que escutamos hoje em dia são denominados 
em francês, já que o primeiro espetáculo foi criado na corte francesa.
Os nobres que participavam dos espetáculos tinham partes mais 
simples, com movimentos de fácil execução; as partes mais difíceis, 
que exigiam habilidades motoras específicas, ficavam a cargo dos 
mestres de dança.
Você pode ter acesso a esse 
documento, que se encontra na 
Biblioteca Nacional da França, 
em domínio público.
Disponível em: https:// 
gallica.bnf.fr/ark:/12148/ 
btv1b7200356s/f2.image. 
Acesso em: 16 abr. 2020.
3
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b7200356s/f2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b7200356s/f2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b7200356s/f2
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 35
Os balés de corte eram, antes de tudo, um baile organizado com 
uma ação dramática, um enredo. Olhem só como algumas coisas de-
moram para mudar. Não muito diferente da pré-história, as mulheres 
não tinham direito de participar dos balés de corte. Todos os papéis 
eram feitos por homens, mesmo os de mulheres. A participação das 
mulheres era o direito de estar na plateia e a de participar do baile da 
corte oferecido após o espetáculo. Os balés de corte tiveram seu apo-
geu com Luís XIV.
Neste período, os homens ainda predominavam na execução das 
danças, mesmo sem serem profissionais. Além de entretenimento, as 
apresentações na corte tinham o objetivo de socializar e incluir homens 
em um grupo de prestígio. Por isso, a educação dos jovens da elite, tan-
to a cultural quanto a artística era valorizada. É a partir do Romantismo 
que veremos as mulheres tendo papéis mais importantes nas danças e 
na arte do espetáculo.
O que você lembra quando falam em balé? Uma bailarina na ponta 
do pé, com uma saia espetada ao redor do quadril? Mais bailarinas 
mulheres do que homens? Sabia que o balé que conhecemos e assisti-
mos hoje tem origem no Período Romântico, entre 1830 a 1870, mes-
mo que falem em balés desde o Renascimento?
Lembra que no Renascimento começaram a escrever tratados de 
dança e havia regras rígidas da aristocracia não só para a dança, 
mas para participar da vida social da corte? Os gestos eram coreo-
grafados até para cumprimentar o rei. Não é muito diferente do 
que acontece com a monar-
quia da Inglaterra. Observem 
que a rainha Elizabeth anda 
até hoje alguns passos à 
frente do marido.
Luís XIV foi o rei da França que 
teve o reinado mais longo de 
uma monarquia. Era tão amante 
das artes que durante seu 
reinado solicitou a construção do 
Palácio de Versalhes. Afirmava 
que a dança era fundamental 
para a formação do corpo. Em 
1661, criou uma Academia Real 
de Dança para formar artistas da 
dança e, em 1672, criou a 
Academia Real de Música e 
Dança, hoje conhecida como a 
Ópera de Paris. Deixou para a 
dança o legado da criação e 
oficialização de uma companhia 
de balé, com dez bailarinos e dez 
bailarinas recebendo salários, 
em que a dança começou a se 
profissionalizar. O período da 
Renascença favoreceu o início do 
balé e seu desenvolvimento nas 
cortes europeias em meados do 
século XVI. A partir dessa época, 
os salões serviam não só para as 
festas e os divertimentos da 
elite, mas principalmente para 
representar situações políticas e 
de poder.
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Biografia
Artur AidAk/Shutterstock
Figura 6
Bailarinos
36 Atividades rítmicas e dança
Outro exemplo é a maneira de acenar para as pessoas, um movi-
mento característico da realeza inglesa e bastante usual. Essas regras 
rígidas de andar e se de mover remontam as regras da aristocracia do 
renascimento. Tanto é que os netos da rainha estão, aos poucos, que-
brando essas regras.
Vamos voltar de onde paramos, o Romantismo. As pessoas, du-
rante esse período condenavam o absolutismo monárquico e a vida 
privilegiada dos nobres. Havia excesso em quase tudo: as roupas 
continham plumas, perucas e muitos tecidos; as festas e as cele-
brações eram igualmente exageradas e duravam dias; os gestos 
também eram considerados excessivos, cheios de regras e muito 
exagerados. O Romantismo surge para reagir contra os códigos vi-
gentes desde a Renascença.
Algumas características do romantismo que vão aparecer no balé são:
• o cultivo das emoções, dos sonhos e da imaginação, através da qual fantasiam mun-
dos exóticos;
• a exaltação da natureza pelo homem;
• a visão de mundo centrada nos sentimentos individuais (individualismo);
• a mulher vista como uma virgem frágil (subjetivismo);
• a retomada dos ideais da Idade Média, onde as nações foram formadas, e uma ido-
latria aos ideais nacionalistas.
De acordo com Caminada (1999), dois aspectos se sobressaem no 
período romântico do balé: o primeiro é a atenção ao tema da natureza. 
Muitos artistas redescobriram contos medievais, lendas e mitologias 
de outras nações que exaltavam o sentimento e a bondade natural. 
O pensamento romântico estava entre o entusiasmo e a depressão; a 
alegria e a melancolia. O segundo aspecto refere-se à preferência pelo 
sobrenatural, o espiritual e o irracional.
Um exemplo é o primeiro balé considerado romântico da história, 
denominado La Sylphide. O enredo tratava de um ser alado, uma sí-
lfide, que se apaixonava por um ser mortal. É um enredo dramático 
que acaba pela separação do casal. Os elementos exóticos, a exaltação 
da natureza, a fragilidade da mulher estão todos dentro da história. 
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 37
Ainda é possível observar que, com os avanços científicos, os seres ala-
dos conseguiam “voar” no palco por meio de cabos. A ideia de leveza, 
de voo, de que as bailarinas eram leves e graciosas faz com que surja 
a sapatilha de ponta 4 , conhecida até hoje com o mesmo nome, porém 
com a tecnologia bem mais avançada.
Cada vez mais, as mulheres foram valorizadas por sua habilidade, 
graciosidade e perfeição nos movimentos. O pensamento romântico 
colaborou para essa idolatria e, assim, as mulheres foram conseguindo 
papéis principais, tornando-se, desde então, um marco para história do 
balé ter uma bailarina solista e mais habilidosa que os demais compo-
nentes do enredo.
A história do balé é longa, mas é importante perceber que nenhu-
ma dança, gesto, expressão ou habilidade motora está desvinculada do 
seu contexto cultural, social, político, econômico e histórico. Mas, como 
tudo isso chega no Brasil?
O crédito de primeira bailarina 
a usar uma sapatilha de ponta é 
de Marie Taglioni.
4
Pesquise informações que reve-
lem o motivo de o balé, dança 
originalmente executada por 
homens, ser atualmente mais 
praticado por mulheres.
Atividade 2
2.3 Danças no Brasil
Vídeo Como começamos a dançar no Brasil? Como todos os povos des-
de a pré-história. Porém, não sabemos muito sobre as manifestações 
corporais das antigas civilizações em terras brasileiras, a não ser pelos 
índios que aqui viviam quando chegaram os primeiros colonizadores.
O batuque é, talvez, o estilo de dança mais antigo que se tem regis-
tro no Brasil. De origem africana (Angola e Congo), essa dança de roda 
está presente no país desde o século XVIII e era executada pelos es-
cravos, com músicos e bailarinos. Ao contrário do que se pode pensar, 
era uma dança aceita pelos senhores dos escravos por ter inspiração 
sexual, podendo dela surgir pares de amor e gerar mais escravos (PER-
NA, 2005).
O termo batuque é sinônimo de batucada,a qual era realizada com 
a umbigada. A umbigada é um termo que pode se referir à ação de 
escolher um par durante a dança do batuque. E o batuque africano, 
segundo Perna (2005), é a raiz do samba, um ritmo dançado ao som 
de palmas.
38 Atividades rítmicas e dança
Antes dessa dança, os índios já dançavam por aqui, no século XVI. Em 
1545, os jesuítas, padres que faziam parte de uma ordem religiosa, vieram 
ao Brasil com a missão de educar os índios 5 . Sua missão era converter os 
índios, cultural e religiosamente, e catequizar os colonos (CUNHA, 2007).
Para que os jesuítas pudessem catequizar os colonos, foi necessário 
adotar os hábitos dos colonizadores, incluindo o teatro, a música e a 
dança, ou seja, costumes importados de Portugal que foram se enrai-
zando na Colônia.
O jesuíta espanhol José de Anchieta (1534-1597) consegue aprovei-
tar o gosto dos índios pelas danças, cantos e representações corpo-
rais para incutir a moral católica e o respeito aos dogmas eclesiásticos. 
O auto da Festa de São Lourenço, escrita por Anchieta e encenada em 
1587, aborda uma dança executada por 12 meninos cantando em tupi 
e pedindo proteção a São Lourenço 6 (SUCENA, 1989). A pregação jesuí-
tica era uma forma de persuadir índios e colonos a aceitarem a doutri-
na cristã por intermédio das representações simbólicas com o teatro, o 
canto e a dança (SILVA JR; MEDEIROS, 2012).
Embora os índios e os colonos tivessem representações dança-
das, Portugal foi responsável por trazer as danças de salão que os 
europeus estavam vivendo no Renascimento. A Corte Portuguesa 
chegou ao Brasil em 1808 fugindo das tropas napoleônicas e trou-
xe consigo seus tesouros, seus representantes militares, religiosos e 
toda sua classe dominante.
As primeiras danças de salão no Brasil tiveram influência espa-
nhola, entre os séculos XVII e XVIII, e, por isso, eram sapateadas, 
como o fandango. Até hoje o fandango é praticado no sul do Brasil 
como uma dança tradicional. O sapateado fica por conta dos taman-
cos que os homens usam e as mulheres usam saias rodadas.
Outra influência europeia foi o minueto (de origem francesa), uma 
dança de ritmo lento em que cavalheiros e damas dançavam quase 
sem tocar em seus pares, com passos delicados e movimentos gracio-
sos. Só para lembrar, as roupas continham várias camadas de tecido e 
damas e cavalheiros usavam perucas.
Após a Revolução Francesa e o domínio inglês sobre a França, al-
gumas danças conhecidas, como country dance ou contradanças, 
Não pense que os índios eram 
“mal educados”. Eles apenas não 
eram educados de acordo com 
os costumes que os estrangeiros 
tinham aprendido. Para se 
comunicar precisavam estar 
todos falando a mesma língua e, 
de preferência, terem os mesmos 
costumes.
5
Hoje, a aldeia de São Lourenço 
é uma parte de Niterói. Este 
ritual faz parte do desfecho do 
quinto e último ato do teatro de 
Anchieta, em que apresenta um 
jogral com doze crianças cantan-
do em tupi. “Elementos cristãos 
congregam as práticas locais 
e atendem questões políticas 
urgentes: torná-los [os índios] 
católicos pelo amor da cruz, 
pela força do/de trabalho e pela 
expansão do Império”. (SILVA JR.; 
MEDEIROS, 2012, p. 10).
6
Assista ao vídeo Fandango 
na Ilha do Valadares/
PR, publicado pelo canal 
Acervo Origens, que mos-
tra um pouco da dança e 
da música do fandango, 
na Ilha de Valadares, 
litoral do Paraná, em um 
documentário produzido 
em 2010. Vale a pena 
conhecer!
Disponível em: https://www.youtu-
be.com/watch?v=WhHWYcG95mc. 
Acesso em: 16 abr. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=WhHWYcG95mc.
https://www.youtube.com/watch?v=WhHWYcG95mc.
Dança no Ocidente: como chegamos até aqui? 39
também influenciaram o ensino de dança na época em que a Corte 
Portuguesa estava fixada no Rio de Janeiro. As contradanças deram ori-
gem as quadrilhas juninas que dançamos nas festas de São João.
A quadrilha não era uma dança de pares enlaçados, assim como 
o minueto, porém tinha movimentos rápidos e vários tipos de passos 
que eram usados para mostrar as habilidades motoras dos homens; a 
Corte Imperial dançava em grupos, formando filas de pares. A dança 
mostrava agilidade, era divertida e contagiante. Hoje em dia é reconhe-
cida como dança folclórica para festejar São João.
Dá para perceber que herdamos muitas coisas da quadrilha: dança 
de par, dança que entusiasma muitas pessoas, vários comandos de voz 
indicando movimentos diferentes, dança ágil e cômica. Quantas vezes 
você pensou que não sabia dançar, mas durante uma quadrilha resol-
veu pegar um par ou alguém te arrastou só para se divertirem um pou-
co? Como a coreografia é longa e aquele que comanda indica com a voz 
cada passo, não é difícil acompanhar, não é mesmo?
Aproveite que todos podem dançar, porque até a segunda metade 
do século XIX a sociedade brasileira ainda era cheia de preconceitos 
e as aulas de dança eram feitas apenas entre os homens. A primeira 
escola de danças com moças que se tem referência é de 1877. Cabia 
às mulheres ajudar o professor nas aulas práticas, sendo elas remune-
radas pela assistência. Assim surge uma “profissão” que era mais uma 
atividade remunerada, chamada madamismo, ou seja, mulheres assis-
tentes dos professores de dança.
O primeiro mestre de dança de corte que veio ao Brasil ensinar as 
danças dos salões foi o francês Luís Lacombe. Em 1811, foi nomea-
do Compositor e Maestro de Danças da Casa Real e passou a oferecer 
aulas de dança para “qualquer pessoa civilizada” da sociedade, isto é, 
especialmente para a elite ou para aqueles que pudessem pagar.
A vinda de mestres de dança da corte e de outros imigrantes fez 
parte da mistura que colaborou no desenvolvimento da nossa música 
e dança, incluindo a cultura indígena, a negra e a africana.
A cultura brasileira é rica em saber misturar a diversidade e formar 
uma identidade artística. Deve-se muito aos colonizadores portugue-
ses não só pela dança de salão, mas pelo desenvolvimento da cultura 
no nosso país.
Assista ao vídeo disponi-
bilizado no link a seguir e 
observe um exemplo de 
minueto e das roupas e 
perucas usadas.
Disponível em: https://www. 
youtube.com/watch?v=epmG43H 
9D98&list=RDIk1b4jH9Rk8&start_
radio=1. Acesso em: 16 abr. 2020.
Vídeo
Assista aos vídeos a 
seguir e compare como 
era a quadrilha nos tem-
pos de corte e como é a 
quadrilha brasileira nos 
dias atuais.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=xLvt-Tss_mU. 
Acesso em: 15 abr. 2020.
Vídeo
Os colonizadores que chegaram 
ao Brasil trouxeram seus costu-
mes e valores. O que isso implica 
nos movimentos dos índios e 
colonos que aqui viviam?
Atividade 3
https://www.youtube.com/watch?v=epmG43H9D98&list=RDIk1b4jH9Rk8&start_radio=1
https://www.youtube.com/watch?v=epmG43H9D98&list=RDIk1b4jH9Rk8&start_radio=1
https://www.youtube.com/watch?v=epmG43H9D98&list=RDIk1b4jH9Rk8&start_radio=1
https://www.youtube.com/watch?v=epmG43H9D98&list=RDIk1b4jH9Rk8&start_radio=1
https://www.youtube.com/watch?v=xLvt-Tss_mU
https://www.youtube.com/watch?v=xLvt-Tss_mU
40 Atividades rítmicas e dança
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dança existe há muito tempo. Desde a pré-história o movimento era 
usado para sobrevivência, como o culto a caça. À medida que o homem 
foi evoluindo, as danças foram modificando seu significado e passaram 
a comunicar mais ocasiões, como o culto a natureza, aos deuses e aos 
nascimentos.
Desse modo, a dança comunica alguma ideia, portanto, é uma lingua-
gem do corpo em movimento. As danças de salão florescem no Renasci-
mento e eram denominadas danças de corte. As danças da Europa chegam 
ao Brasil com a corte Portuguesa; antes disso, os jesuítas já estavam co-
lonizando os índios por meio de danças e cantos. Já o balé, como conhe-
cemos hoje, começa a ser desenvolvido no Renascimento e difundido no 
Romantismo. O período Romântico no balé é responsável por construir 
o estereótipo da bailarina, com roupas mais adequadas para facilitar os 
movimentos e sapatilhas de ponta para ajudar a ideia de leveza.
Podemos afirmar

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