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HISTÓRIA DA PSICOLOGIA aula1 / 1bi Profa. Dra. Ana Catarina Araújo Elias Referências Bibliográficas: • SANTI, P.L.R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP, Ed. Holos, 1998, Introdução (cap. 1). • SANTI, P.L.R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP, Ed. Holos, 1998, cap. 2, 3, 4. • Proposta do autor com o livro SANTI, P.L.R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP, Ed. Holos, 1998. 1) Convidar os alunos a pensarem as relações da Psicologia com o restante do conhecimento e suas condições de surgimento. 2) Convidar o público em geral a compreender e refletir sobre a história dos problemas filosóficos que resultaram no perfil do século XX. Afastamento de uma posição “substancialista” que levasse a crer que o ‘mundo psíquico’ seja uma coisa eterna e imutável, a qual a ciência finalmente tenha vindo desvelar. Compreensão de que o mundo psicológico foi construído. Psicologia como instância de produção de conhecimento científico. POSICIONAMENTO HISTÓRICO Composta por grande quantidade de teorias diferentes, que mal conseguem se comunicar entre si. Este estado não parece ser passageiro, mas próprio da Psicologia e de outras ciências humanas. PSICOLOGIA enquanto CIÊNCIA: No final do século XIX surgiram projetos de se realizar uma ciência da mente, nos moldes que conhecemos hoje. PSICOLOGIA enquanto CIÊNCIA: A história referente a esta dispersão é imensa. Remonta à filosofia grega e acompanha toda a reflexão filosófica posterior e, mais recentemente, alcança as teorias psiquiátricas até o início de nosso século. Cada época tem um número de correntes de pensamento paralelas e um número de formas de expressão desses pontos de vista. A tese básica que orienta este percurso é a de Luis Cláudio Figueiredo: propõe a ideia de que houve duas pré- condições para o surgimento de um projeto de Psicologia enquanto ciência. 1) O surgimento de uma noção clara de subjetividade privada ou seja, a afirmação da ideia de que as pessoas são indivíduos livres e, enquanto tais, indivisíveis, separados, independentes uns dos outros e donos de seus destinos. 2) Crise na concepção de sujeito acima descrita, gerando assim um sujeito em crise de identidade e a procura de um profissional que pudesse restituir a estabilidade. A noção de subjetividade privada data do início da Modernidade, ou seja, do Renascimento. JUSTAMENTE, É NA PASSAGEM DA IDADE MÉDIA PARA O RENASCIMENTO QUE INICIAREMOS NOSSO PERCURSO. A afirmação do sujeito chegará a seu ponto máximo no século XVII e, a partir de então, iniciará uma longa crise até o final do século XIX. No final do século XIX, surgirão os primeiros projetos de Psicologia, já com algumas características definitivas da diversidade que marca esta ciência. Wundt cria condições para a criação de uma Psicologia experimental, enquanto Freud cria a Psicanálise. Wilhelm Wundt (1832-1920) Sigmund Freud (1856-1939) A PASSAGEM DA IDADE MÉDIA AO RENASCIMENTO. No Renascimento nasce o Humanismo Moderno: Neste período começa a afirmação de uma concepção de subjetividade privada, aí incluída a ideia de liberdade do homem e de sua posição como centro do mundo. O que significa dizer que a noção de ‘subjetividade privada’ passa a existir? Por que tal concepção não seria possível anteriormente, no mundo medieval? E ATUALMENTE? - Quais os limites da subjetividade privada? As polaridades entre as imposições dos interesses pessoais sobre os coletivos, a insensibilidade frente ao que não nos diz respeito e a ação de movimentos ideológicos ou religiosos dogmáticos e violentos, caracterizados pela intolerância para com aquilo que é diferente de si ou do grupo, etc. - Qual a diferença entre individualismo e individuação? - Qual a importância de não se ser o único a viver experiências difícies? O “Eu” sempre foi soberano? O “eu” enquanto sujeito isolado, unidade básica de valor e referência de tudo. FILOSOFIA DA GRÉCIA CLÁSSICA (século V aC) já havia algo semelhante ao HUMANISMO: valorização do ser humano não submetido ao poder dos deuses, a criação do direito e da democracia, etc. Porem o HUMANISMO, entendido como a colocação do homem como medida de todas as coisas e centro do mundo, parece ter tomado a forma que tem hoje no Renascimento, surgindo a partir da Idade Média. ‘As fontes do Self’ de Charles Taylor “Sources of the Self”, 1989. O autor analisa o nascimento do sentimento característica da Modernidade: O DE QUE POSSUIMOS UMA INTERIORIDADE. Taylor parte de Platão. Mostra que para este filósofo a razão é a percepção de uma ordem absoluta. Ser racional significa ver a ordem como ela é. Não há como ser racional e estar enganado sobre a natureza ao mesmo tempo. Podemos reconhecer aqui o nível de certeza pelo qual aspira a Modernidade, que vai ser representada principalmente por Descartes. No entanto, enquanto para Descartes a ordem está dentro de nós, para Platão ela reside no absolutamente Bom. É em Santo Agostinho que Taylor encontra a grande passagem para a interioridade. Embora tenha vivido entre os séculos V e IV seu pensamento era Moderno, visto que foi permeado pelas noções de “interno - externo”: espírito / matéria, alto / baixo, eterno / temporal, imutável / mutante, etc. Vemos um movimento inédito em Santo Agostinho: Com a desvalorização do corpo e de tudo o que é mundano, com a correspondente valorização da alma como algo interno, a busca por Deus passa a ser feita dentro de nós. Deus não deve ser procurado no que vemos, mas no próprio olhar. Ele seria a própria luz interior. Santo Agostinho inaugura uma experiência radical: a pessoa como agente da experiência pelo livre arbítrio. Pg. 15 IDADE MÉDIA Mundo organizado em torno de um centro. Haveria uma ordem absoluta, representada por Deus e seus legítimos representantes na Terra: a Bíblia e a Igreja. Cada coisa existente estaria relacionada necessariamente a esta ordem superior. Em última instância, a cada ser formaria parte de uma grande engrenagem que seria a criação divina aí se encontraria o sentido de tudo. IDADE MÉDIA A possibilidade da crença na liberdade humana é muito restrita, já que tudo faz parte de um plano maior, de um todo perfeito disposto por Deus. A noção de justiça na IM é o da colocação de cada ser no lugar que lhe é próprio. Não há lugar para a privacidade. Na medida em que a onipresença e a onisciência são atributos de Deus, nada poderia ser mantido em segredo e nunca estaríamos sozinhos: pecar em pensamento já é pecar. MÚSICA da IDADE MÉDIA: Canto Gregoriano PINTURA: GIOTTO O HUMANISMO NO RENASCIMENTO: Começa a haver uma mudança na concepção do lugar do homem no mundo. Há agora uma grande valorização do homem, e, ao mesmo tempo, a ideia de que ele tem que buscar uma formação, ele deve se constituir enquanto humano. Se o homem não nascecom seu destino predestinado, ele deve se formar, educar. Nasce a necessidade do “cuidado de si”. Com a diminuição do poder da Igreja e a abertura operada sobre o mundo fechado dos feudos, ou seja, nesta abertura de mundo surge a ideia de liberdade, mas ao mesmo tempo, a de solidão e responsabilidade. Se o homem não pode mais contar com uma resposta dada por uma autoridade absoluta, ele deverá buscar ou construir suas próprias respostas. Este é um dos principais elementos do humanismo. O Homem do Renascimento não era ateu, mas Deus se afastou para o “céu”, deixando o mundo a cargo dos homens. No Renascimento também os artistas começaram a assinar suas obras de arte, o que praticamente não existia no período anterior. A fé em Deus não foi abalada, mas agora ele é entendido como criador que paira sobre sua obra, que passa a ter vida própria, liberdade. Deus está antes do mundo como criador e depois dele como juiz, mas é visto como tendo criado o mundo e o deixado funcionar por suas próprias leis. O Homem devera descobrir o caminho do bem e do mal, definir o certo e o errado, este é o campo da ética e da moral que será estudado nos séculos seguintes. O Homem ao se colocar no centro do mundo torna-se um verdadeiro Deus, trazendo a ideia de que o mundo existe para a sua contemplação e uso. Pintores do Renascimento: Michelangelo Leonardo da Vinci (1475-1564) (1452- 1519) O ENCONTRO COM A MULTIPLICIDADE A multiplicidade é uma característica do Renascimento. A abertura do mundo trouxe o conhecimento de civilizações novas, com seus costumes, línguas, hábitos alimentares, etc. Tudo isto acompanhado dos novos valores segundo os quais cada homem deve buscar seu caminho. Feira de Rua Renascentista: o encontro com o diferente. Catequizar ou aceitar as várias ‘verdades’? MÚSICA: POLIFONIA PINTORES: ARCIMBOLDO (1527-1593) BOSCH (1450-1516 )
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