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2 fase DIR PENAL PARTE ESPECIAL

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OAB 2ª FASE – DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL – PROF. ADEL EL TASSE
AULAS 01 e 02
CRIMES CONTRA A VIDA
- Arts. 121 e seguintes, do CP.
- Nos crimes contra a vida, o bem jurídico é a vida. Para que algo seja considerado típico pelo direito penal é necessário que haja uma ofensa ao bem jurídico tutelado.
- Por vezes, temos condutas que parecem ser crime, mas não é, pois não feriram o bem jurídico tutelado.
1. HOMICÍDIO (art. 121, CP)
- Pena: reclusão de 6 a 20 anos.
- É um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. “Quem pode matar alguém?” Qualquer pessoa.
- O crime próprio ou especial exige uma condição especial do sujeito ativo, não é qualquer pessoa que pode cometer o crime (ex.: peculato – necessário o sujeito ser funcionário público). O crime próprio admite coautoria.
- O crime de mão própria, não admite coautoria na execução do crime, porém admite participação (ex.: art. 342 – prestar falso testemunho em juízo).
1.1. Homicídio Privilegiado (art. 121, §1º, CP): 
	Continua sendo uma conduta negativa, mas é considerada menos grave. O homicídio pode ser considerado privilegiado pelo relevante valor moral, social ou ainda porque o agente praticou o crime sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
	A pena desse homicídio privilegiado é de 6 a 20 anos, reduzida de 1/6 a 1/3. Logo, a natureza jurídica do homicídio privilegiado é de causa especial de diminuição de pena, é uma minorante que deve ser arguida na terceira fase do sistema trifásico da fixação da pena.
a) relevante valor moral: é sob os pontos de vista e sentimentos da pessoa que praticou o crime diante do caso concreto e não do valor moral da sociedade.
b) relevante valor social: é sob o ponto de vista da coletividade, o crime é praticado em prol da sociedade (ex.: matar o traidor da pátria).
c) sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: não confundir coma atenuante “sob influência de violenta emoção”, quem está sob influência de violenta emoção, é uma pessoa que está nervosa, está com o seu estágio de emoção alterado, o que não permite um homicídio privilegiado. Estar sob o domínio de violenta emoção, é a pessoa que está cega pela emoção, não é simplesmente estar nervosa, é estar absolutamente cega pela emoção e a vítima precisa efetivamente ter provocado esse domínio de violenta emoção, e a reação do agente precisa ser logo em seguida a provocação da vítima. Só uma hipótese que a doutrina admite uma resposta a provocação depois de um tempo, no caso de reencontro do agente com a vítima que o provocou anteriormente. A provocação precisa ser séria, grave, a ponto de gerar a violenta emoção, mas não ao ponto de ser uma agressão, porque se for agressão eu passo a tratar sob o ponto de vista da legítima defesa
	Em geral, quando se tem uma tese de absolvição por legítima defesa, a tese alternativa será a desclassificação para o homicídio privilegiado, alegando que o agente estava sob o domínio de violenta emoção, logo sem seguida, a provocação da vítima. Em seguida, tem que se analisar as preliminares novamente para possível prescrição e incompetência do juízo.
1.2. Homicídio qualificado (art. 121, §2º, CP):
	O homicídio pode ser qualificado por determinados motivos, por meios de execução, pelo modo de execução, pela finalidade e por características da vítima.
	O homicídio qualificado traz um novo mínimo e um novo máximo para a pena base, sendo de 12 a 30 anos de reclusão.
a) motivos: paga, promessa de recompensa, motivo torpe ou fútil. O motivo utilizado para qualificar não pode servir para em qualquer outra etapa da fixação da pena, pois gera bis in idem.
b) meios: explosivo; meio que impossibilita ou dificulta a defesa da vítima
c) modo: emboscada, uso de ardil
d) finalidade (teleológica): para ocultar outro crime
e) características da vítima: feminicídio – o crime é cometido contra a mulher, porque ela é mulher. É um crime de gênero. Não necessariamente precisa envolver a violência doméstica e familiar.
	É possível um homicídio ser ao mesmo tempo privilegiado e qualificado, mas isso não pode acontecer sempre, pois há circunstâncias incompatíveis (ex.: matar sob relevante valor moral e ao mesmo tempo ser por motivo torpe). Para que não haja conflito, a qualificadora não pode ser de ordem subjetiva, há uma prevalência do reconhecimento do privilégio (ex.: um homicídio pode ser privilegiado por relevante valor moral e ser qualificado pelo meio utilizado).
	A lei 8.072/90, lei de crimes hediondos, estabelece uma forma processual mais grave e formas de punição mais grave, para crimes que são considerados hediondos. E esta lei considera como hediondo o homicídio em ação típica por grupo de extermínio e o homicídio qualificado.
1.3. Crimes Hediondo: Homicídio em Ação Típica de Grupo de Extermínio e Homicídio Qualificado:
	Primeiro passo, é não confundir homicídio em ação típica de grupo de extermínio com genocídio.
	Genocídio é um grupo querendo eliminar outro grupo. Ação típica de grupo de extermínio, a intenção não é eliminar todo o grupo, mas sim matar determinadas pessoas por elas pertencerem a um determinado grupo. Não precisa o agente atuar em grupo, basta que ele tenha na sua atuação essa atuação orientada contra pessoa por essa determinada pessoa pertencer a um grupo (ex.: ataques contra gays; ataque contra torcida rival, etc.)
	A ação típica de grupo de extermínio surgiu com o massacre da candelária, onde havia um grupo de moradores de rua que incomodava o comércio, os comerciantes então contrataram um grupo de extermínio para matar os moradores de rua.
	Já o homicídio qualificado entrou para o rol dos crimes hediondos devido ao assassinato de Daniela Perez, filha de Glória Perez que promoveu um baixo assinado para que homicídio fosse enquadrado como crime hediondo.
	O homicídio qualificado-privilegiado não é considerado crime hediondo, em razão do art. 67, do CP, o qual trata do conflito entre agravantes e atenuantes, a pena deverá se aproximar mais das circunstâncias preponderantes e foi com base nesse dispositivo que o STJ interpretou que o homicídio qualificado-privilegiado não seria crime hediondo.
1.4. Homicídio Culposo (art. 121, §3º, CP)
	Este artigo não trata de homicídio de trânsito, pois este se encontra no CTB. Tecnicamente, quem mata alguém na direção de veículo por estar embriagado, não quer dizer que se trata de dolo eventual.
	O dolo, tanto direto quanto eventual, é formado pelo elemento cognitivo (conhecimento) e volitivo (querer). Sob o ponto de vista teórico, uma pessoa embriagada dificilmente dispõe do elemento cognitivo. 
	O dolo eventual, necessariamente, ele precisa de aceitação do resultado pelo agente, então o sujeito embriago ele sabe que dirigir bêbado pode matar alguém e se matar matou. Agora se o sujeito embriagado na direção do veículo tentou frear antes de atropelar a vítima, quer dizer que ele não quis o resultado, não houve a aceitação do resultado. Logo, não houve dolo eventual.
	Para o homicídio culposo é possível o perdão judicial, diante da dor do resultado do crime ser maior que qualquer outra punição (ex.: pai que esquece filho dentro do carro e a criança morre). O juiz vai deixar de aplicar a pena, mas o crime aconteceu, não se exclui o caráter criminoso do fato.
	Essa regra do homicídio culposo que se aplica o perdão judicial, é uma regra com características gerais, interpretativas, então também se aplica ao homicídio causado no trânsito, que se encontra no CTB.
2. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO, AUXÍLIO AO SUICÍDIO
- O Brasil é um país laico e por isso pune tentativa de suicídio, que está muito mais ligada aos aspectos religiosos. A Costa Rica usa de motivos religiosos para punir a tentativa de suicídio, sendo a única legislação que pune tal ato.
- A legislação brasileira pune aquele que induz, instiga e auxilia o suicídio.
- Induzimento ou Instigação é plantar ou reforçar a ideia suicida já existente.
- Auxílio ao suicídio, há um auxílio real por partedo agente, ele realmente ajuda a pessoa se matar (ex.: emprestar a arma, o banquinho, a corda). Para que se seja auxílio, a pessoa ajuda, mas não pode participar do ato executivo, porque aí é homicídio. O auxílio pode ser material, mas não pode participar do ato executivo.
- Pacto de Morte: grande exemplo é o Romeu e Julieta. Romeu atirou na Julieta e depois atirou em si mesmo. Chega a ambulância e a Julieta já está morta e os médicos conseguem salvar a vida do Romeu. Que crime Romeu cometeu? Homicídio, pois ele participou do ato executivo da morte da Julieta. 
	Se Julieta sobrevive e Romeu morre, ela irá responder por instigação, induzimento de suicídio, pois houve um reforço da ideia de suicídio.
	Se nenhum dos dois morrerem, Romeu responde por tentativa de homicídio e Julieta responderá por instigação e induzimento, se Romeu tiver sofrido lesão corporal grave, se resultou lesão corporal leve a conduta de Julieta será atípica.
- Nesses três casos é necessário o dolo do agente ao induzir, instigar ou auxiliar o suicídio.
	Se o sujeito empresta o banquinho para a pessoa se matar, porém, a pessoa era gorda e a corda arrebenta e só ocorre uma lesão corporal leve. Que crime o sujeito que emprestou o banquinho praticou?
	Para que o sujeito responda pelo induzimento, instigação ou auxílio é necessário que haja morte ou lesão corporal grave. Como só ocorreu lesão corporal leve, a conduta do sujeito foi atípica.
- Roleta Russa: os demais que participavam da brincadeira respondem por induzimento e instigação e o dono da arma por auxílio. Se alguém atira para o jogador, teremos homicídio.
3. INFANTICÍDIO (art. 123, CP)
- Comete infanticídio a mulher que sob influência do estado puerperal retira a vida do filho durante o parto ou logo após.
- Influência do estado puerperal: a medicina diz que é normal, mas que em alguns casos assume um estado patológico, que mais do que o sentimento de rejeição imediato para com o filho, a mulher quer retirar a vida do filho. Geralmente ocorre em gravidez traumática, não desejada.
- O legislador penal foi sensível a condição da mulher, criando um tipo próprio para estabelecer uma pena menor do que o homicídio, devido ao estado puerperal que a mulher estaria passando.
- A acusação costuma oferecer a denúncia como homicídio qualificado, e o dever da defesa é trazer a tese do infanticídio.
- Para que seja infanticídio não basta só a influência do estado puerperal, mais que isso, é necessário que a ação da mulher se dê durante o parto ou logo após. Se não se der nesse momento, não será infanticídio.
- Para saber quando é “durante o parto”, eu preciso saber quando se inicia o parto. Considera-se o início do parto com as contrações irreversíveis, apesar do filho estar ainda dentro da barriga; ou com o rompimento da bolsa amniótica; quando se inicia a primeira incisão, na hipótese de cesariana. Qualquer uma das três hipóteses considera-se iniciado o parto.
- Logo após o parto, segundo a doutrina, é até a aquietação da parturiente. Isso quer dizer que o logo após é até o término do primeiro contato da mãe com o filho recém nato. Encerrado o primeiro contato entre mão e filho, não será mais infanticídio, será homicídio.
- O infanticídio está entre o aborto e o homicídio. Se o parto já se iniciou é infanticídio e não aborto. Se já terminou o primeiro contato entre mãe e filho, é homicídio.
- O estado puerperal é um estado bio-psicológico, portanto, ele pode se manifestar por mais tempo que o “logo após”. Nas hipóteses em que o estado puerperal se prolonga no tempo, é chamado de psicose puerperal e não é considerado infanticídio.
- A psicose puerperal se enquadra no art. 26, §ú, do CP, sendo encarado como homicídio, com pena reduzida, devido a perturbação da saúde mental, que reduz a capacidade mental.
- Infanticídio é um crime especial, exige uma condição especial do sujeito ativo (a mãe tem que matar o próprio filho), mas admite que ela seja auxiliada por terceira pessoa, essa terceira pessoa que auxilia responde por infanticídio, junto com a mãe – segundo art. 30, do CP, o qual diz que não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal, salvo se elementares do tipo.
4. ABORTO (arts. 124 a 128, do CP)
- Temos quatro figuras típicas do aborto, numa escala de menor gravidade para maior gravidade: auto aborto; consentimento ou autorização para o aborto; aborto com consentimento; e aborto sem consentimento.
- O auto aborto é um crime praticado pela gestante, assim como o consentimento para o aborto. Como é a própria mulher que o pratica, a pena é menor.
- Aborto com consentimento é um crime praticado por terceira pessoa, assim como aborto sem consentimento é um crime praticado por terceira pessoa, que não é a gestante.
4.1. Auto aborto
	A gestante pratica aborto em si mesma. 
4.2. Consentimento ou Autorização para o aborto e Aborto com consentimento
	A gestante consente que terceira pessoa realize o aborto. E essa terceira pessoa irá responder por aborto com consentimento. A mulher gestante irá responder por crime menos grave, o legislador estabeleceu com isso uma quebra a teoria monista, ao estabelecer um crime para a gestante e um crime para a terceira pessoa.
4.3. Aborto sem consentimento
	É a figura mais grave, pois a gestante não concorda com o aborto.
4.4. Aborto Emocional ou Sentimental e Aborto Médico, terapêutico ou necessário
	Essas hipóteses são autorizadas pela legislação brasileira.
	O aborto emocional ou sentimental é permitido quando a gravidez é proveniente de estupro. Para que seja permitido o aborto não é necessário que haja sentença condenatória com trânsito em julgado do crime de estupro, ou com registro de ocorrência, abertura de inquérito policial. Basta declaração médica dizendo que a gravidez é proveniente de estupro, uma vez que a mulher não é obrigada a instaurar ação penal. A mulher não depende de nada, a decisão de praticar o aborto emocional é sua. Independe o tempo de gravidez, tanto para as hipóteses proibidas e para as hipóteses permitidas.
	O aborto médico, terapêutico ou necessário, é o aborto praticado por médico quando não há outro meio para salvar a vida da gestante. Neste caso, a decisão do aborto é médica e não da mulher, e o médico vai sempre decidir pelo aborto, pois ele tem obrigação legal de cuidar da vida de sua paciente. Não precisa de alvará judicial, é uma decisão clínica.
	A mulher com uma gravidez, não havia outro jeito de salvar a sua vida sem realizar o aborto. Porém o aborto foi praticado pela enfermeira e não pelo médico. A enfermeira vai responder por aborto? Não, porque o aborto médico, terapêutico ou necessário nada mais é do que um estado de necessidade, pois se não praticado não teria como salvar a vida da mulher.
4.5. Aborto do feto anencefálico 
	Surgiu a partir que a medicina passou a identificar a anencefalia no feto, a qual implica na certeza da inviabilidade da vida. E até hoje a medicina não tem tratamento para isso.
	E as mulheres gestantes de feto anencefálico entravam com a ação pedindo permissão para realizar o aborto.
	O STF decidiu que não há crime no aborto de feto anencefálico, ao entender que nestes casos a lei não precisa autorizar, pois não há tipicidade, porque o bem jurídico tratado em todos os crimes de aborto é a vida humana em formação. A partir do momento em que a medicina identificou que não há vida nos fetos anencefálicos, portanto não há ofensa ao bem jurídico, logo a lei não precisa autorizar.
	Agora, as mulheres que constatam que o feto é anencefálico não precisam de autorização judicial para realizar o aborto, a decisão passa a ser somente da mulher, pois o fato é atípico.
AULA 03 
CRIMES CONTRA A HONRA
1. CALÚNIA (art. 138, CP)
	“Caluniar alguém imputando-lhe falsamente fato definido como crime.”
- Jamais será calúnia o uso de uma palavra, um gesto, por mais ofensivo que pareça ser. Necessariamente eu preciso ter a narrativa de um fato e essa narrativa deve existir com começo, meio e final, ainda que de forma breve.
- Esse fato que fá origema calúnia é um fato criminoso. Chamar alguém de ladrão, traficante, isso não é calúnia, porque isso é utilização do nome de um crime como um xingamento, pois não representa a narrativa de um fato.
- Esse fato crime narrado precisa se constituir numa narrativa falsa. Portanto, narrar um fato criminoso contra alguém, sendo este fato verdadeira não constitui calúnia, pois aí gera atipicidade, pois o fato tem que ser obrigatoriamente falso. Ainda que a pessoa se sinta ofendida.
- No crime de calúnia, uma das possibilidades de defesa é a exceção da verdade, que é provar que o fato narrado imputado é verdadeiro e não falso, daí ocorre a atipicidade. Essa exceção da verdade é usada no prazo de resposta à acusação, além da resposta acusação ela apresenta a exceção da verdade, não é dentro da mesma peça, são peças diferentes.
- A exceção da verdade não representa, não significa que o acusado de ter cometido a calúnia assuma que ele realmente falou. Se não conseguir provar que o fato era verdade, não quer dizer que a pessoa acusada confessou o crime de calúnia.
- A exceção da verdade tem que ser usada quando for certeza que aquele fato narrado não é falso.
- O processamento da exceção da verdade é feito em autos apartados. A exceção da verdade paralisa o andamento do processo principal, pois ela gera uma prejudicial ao próprio juízo de tipicidade, não há como dar continuidade ao processo principal até que a exceção da verdade tenha se concluído, paralisando deste modo também o prazo prescricional.
Ex.: A atribuiu um fato a B. B processa A por calúnia. A apresente exceção da verdade em face de B e B é citado para responder. 
- A exceção da verdade é um processo que se abre dentro de outro processo. Se ao final conclui-se que o fato era verdadeiro, isso gera automaticamente a atipicidade e o arquivamento do processo principal. Se não provar que o fato era verdadeiro, o processo principal volta a correr.
- Se A possui um foro por prerrogativa de função, daí B, em razão da função pública de A, e caluniou A. A veio e moveu ação penal pública contra B. Este processo por calúnia corre no juízo comum e não no foro privilegiado por prerrogativa de função, porque A não é o réu.
- B vem em sua defesa e apresenta a sua exceção da verdade em face de A. Essa exceção da verdade vai para o foro privilegiado por prerrogativa de função, o julgamento será de competência do foro privilegiado. Já a competência para processamento é do juízo comum.
- A exceção da verdade quando em face de funcionário público a competência para julgar será do foro privilegiado por prerrogativa de função. Se ficar comprovado que o fato narrado era verdade, o foro privilegiado prorroga sua competência e já arquiva o processo principal.
- Se o foro privilegiado julgar que não ficou comprovado o fato como verdadeiro, o processo principal volta a correr no juízo comum. Não há prorrogação de competência.
- No art. 138, §3º, há três hipóteses que não cabe exceção de verdade.
	I – o acusado de calúnia imputou a outrem ter praticado crime de ação privada (injúria; dano). Neste caso, a exceção da verdade só é possível se tiver o transito em julgado da sentença penal condenatória, pois as ações privadas permitem perdoar, renunciar, retratação;
	II – quando o fato falso é imputado contra o presidente da república (só responde por crime de responsabilidade) ou contra chefe de governo estrangeiro (em razão de questões diplomáticas);
	III– quando o fato constitui crime de ação penal pública e o sujeito acusado de calúnia foi absolvido por sentença penal transita em julgado. A matéria, neste caso, já foi discutida, independendo se foi absolvida na dúvida ou na certeza.
- O crime de calúnia pode ser praticado contra mortos, a lei diz expressamente no art. 138, §2º. Porém o sujeito passivo no delito não é o morto, o sujeito passivo do delito são os familiares do morto.
2. DIFAMAÇÃO (art. 139, CP)
	“Difamar alguém, imputando fato ofensivo à sua reputação.”
- Assim como o crime de calúnia, na difamação também é necessário um fato, uma narrativa, ainda que de forma abreviada, com começo, meio e fim. É um fato ofensivo à reputação, contudo é um fato não criminoso.
- Esse fato, diferente da calúnia, não é exigido que seja falso. Pode ser o fato verdadeiro, a pessoa se sentir ofendida e configurar o delito de difamação. A vítima tem direito ao esquecimento de um fato verdadeiro, mas que seja ofensivo à sua reputação.
- Basta que o fato seja ofensivo a sua reputação, a pessoa tem o direito que só se fale nesse fato se a pessoa permitir.
- Em regra, não há exceção da verdade no delito de difamação, pois o fato pode ser verdadeiro e ainda assim, se a vítima se sentir ofendida, será difamação.
- Há uma exceção para se admitir a exceção da verdade, quando a difamação for a respeito de um funcionário público e a ofensa é relativa a sua função, pois aí gera um interesse público a apurar esse fato.
3. INJÚRIA (art. 140, CP)
	“Injuriar alguém ofendendo a sua dignidade ou o decoro.”
- Aqui desaparece a expressão “fato”. Não há necessidade de uma narrativa fática.
- Xingamentos, gestos, expressões faciais, desde que se entendem ofensivas a dignidade e ao decoro são consideradas injúrias.
- Injúria real: trata-se de uma injúria qualificada, uma ofensa a dignidade ou o decoro da vítima e o meio utilizado consiste em ação física, uma violência ou vias de fato que produz lesão corporal (ex.: carie a estranha quando jogam sangue de porco nela no baile).
- Injúria por preconceito: trata-se de uma injúria qualificada, não se confunde com o crime de preconceito racial. Se a injúria consistir em elementos de xingamento referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, é a modalidade mais grave de injúria.
- Quando jogam uma banana contra um jogador negro: é injúria real ou injúria por preconceito? Temos aqui um conflito aparente de normas, resolvido pelo princípio da subsidiariedade, pois trata do mesmo bem jurídico a ser tutelado, então eu vou escolher aquele que mais protege o bem jurídico, vou pegar a pena mais alta, a ofensa mais grave absorve a pena mais leve. Portanto, quando jogam uma banana em um jogador negro trata-se do delito de injúria por preconceito.
- O juiz pode deixar de aplicar a pena nas hipóteses do art. 130, §1º, do CP, mas isso não se trata de justificativas, o crime aconteceu de fato, mas houve o perdão judicial.
	
4. CONSUMAÇÃO DOS CRIMES CONTRA A HONRA
	Nas três hipóteses de crimes contra a honra, tem que se levar em conta o aspecto da honra, que pode ser objetiva (reputação da pessoa no meio social) e subjetiva (sentimento da pessoa com ela mesma).
	No crime de calúnia para ser consumado, tem que ferir a honra objetiva da vítima, ferir a reputação da vítima no meio social em que ela vive. Ao menos uma pessoa diferente do próprio imputado tem que ficar sabendo da calúnia. Não importa se a vítima se sentiu atingida ou não, pois para a consumação do crime de calúnia depende do ferimento da honra objetiva.
	Na difamação para ser consumado, tem que ferir a honra objetiva, ferir a reputação, assim como a calúnia e um terceiro ficar sabendo. A honra objetiva tem que ser atingida por ato de terceiro.
	Na injúria para haver consumação do delito tem que ferir a honra subjetiva da vítima, a partir do seu conhecimento, ninguém mais precisa tomar conhecimento como ocorre na calúnia e na difamação.
	É necessário o dolo de ofender a honra objetiva e a honra subjetiva (animus injuriandi), nas três hipóteses de crime contra a honra não se admite a modalidade culposa.
	Algumas hipóteses não caracterizam nenhum dos três crimes quando o sujeito atua com animus narrandi animus criticandi ou animus defendendi.
a) animus narrandi: o sujeito apenas narra um fato que teve conhecimento, não pretendendo ofender a honra objetiva ou subjetiva de ninguém – ex.: jornalista narra fatos que podem ofender, mas sem intenção de atingir ninguém;
b) animus criticandi: é muito comum na atividade acadêmica,você recebe uma crítica de algo que você fez – ex.: críticas recebidas na banca de TCC, criticar a prestação do serviço público;
c) animus defendendi: é o animus presente em geral no advogado na hora de defender seu cliente, a intenção não é de ofender a honra, a intenção é defender. Tanto que o advogado é imune aos crimes de difamação e injúria quando está no exercício de sua função. Com relação à calúnia não há imunidade prévia, mas tem que se analisar se houve dolo ou se houve o animus defendendi. Há também a imunidade parlamentar, ele não pode ter medo de falar, que é absoluta, o que é limitada é a imunidade do vereador, que fica adstrita em seu município.
5. ASPCTOS GERAIS ENTRE OS CRIMES CONTRA HONRA
- CALÚNIA – fato; fato-crime; fato-falso; crime doloso; honra objetiva; terceira pessoa tem conhecimento.
- DIFAMAÇÃO – fato; fato-ofensivo; fato-falso ou verdadeiro; crime doloso; honra objetiva; terceira pessoa tem conhecimento.
- INJÚRIA – gestos, palavras, expressões, movimentos corporais, vias de fato; agridem a dignidade ou o decoro; não há discussão sobre verdadeiro ou falso; crime doloso; honra subjetiva; própria vítima tem conhecimento.
- As penas são aumentadas de 1/3 nas hipóteses do art. 141, do CP, consideradas causas especiais de aumento.
- A pena aumenta-se o dobro quando for mediante paga promessa de recompensa (Art. 141, §ú, do CP).
- Art. 142, do CP: traz hipóteses de exclusão do crime de injúria ou difamação
- Art. 143, do CP: traz a hipótese de retratação cabal, que significa “desdizer o dito”, tem que ser até antes da sentença.
- Art. 145, do CP: ação penal privada é a regra. Exceção, será ação penal pública incondicionada a injúria real que resulta lesão corporal ou violência. Será ação penal pública condicionada nos crimes contra o presidente da república, contra funcionário público no exercício da função e injúria por preconceito.
AULA 04
CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
- Arts. 213 e seguintes, CP
- Estupro: é constranger mediante violência ou grave ameaça alguém a praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso
- Estupro é um delito praticado por homem ou por mulher, pois todas as práticas sexuais forçadas foram reunidas no estupro. O essencial é a liberdade sexual.
- A concordância do ato sexual praticado tem que perdurar durante toda a prática. Não pode forçar a prática do ato sexual, cada um faz o que quiser desde que haja liberdade.
Ex.: dentro de um único contexto fático o mesmo sujeito ativo, contra a mesma vítima, ele pratica mediante violência ou grave ameaça conjunção carnal e outro ato libidinoso. Embora, o sujeito ativo tenha praticado duas condutas, ele praticou um crime único – desde que praticado em um mesmo contexto fático. Mas isso não quer dizer que a pena não será aumentada em decorrência dos vários atos praticados.
	Na legislação anterior esse sujeito ativo teria praticado estupro e atentado violento ao pudor, dois crimes. A legislação agora revogou o atentado violento ao pudor e virou tudo estupro, porém não houve abolitio criminis, porque embora desapareceu o tipo com esse nome, a conduta passou a estar inserida em outro tipo penal, tudo faz parte do estupro, previsto no mesmo tipo penal.
- No art. 217-A, temos o estupro de vulnerável. Este artigo não presume violência, o simples fato de praticar ato sexual ou libidinoso com menor de 14 anos já configura como estupro, pouco importa se for um casal de namorados ou não.
- A única matéria de defesa possível é o erro de tipo, o agente cometeu um equívoco quanto a idade da vítima. O erro de tipo será na modalidade essencial quanto ao tipo proibitivo, a consequência desse erro de tipo essencial exclui o caráter criminoso da conduta.
- Art. 217-A, §1º: é considerado estupro de vulnerável o ato sexual ou libidinoso praticado com o deficiente mental, se este não tiver discernimento para concordar ou não com o ato. E também é estupro de vulnerável o ato sexual ou libidinoso praticado com pessoa que estiver impossibilitada de concordar ou não com a prática do ato.
- Os sujeitos ativos podem ser mulher ou homem, assim como, a vítima pode ser do sexo masculino ou feminino.
- Art. 217-A, §3º e 4º: é um estupro de vulnerável qualificado pelo resultado, se resultar lesão corporal grave e se resultar morte.
- Art. 215, CP: ter conjunção carnal ou ato libidinoso mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Mas a fraude tem que ser elemento essencial, que produz a prática do ato sexual, o ato sexual só se realiza em razão da fraude. Não precisa ser uma fraude só quanto a identidade, a fraude pode ser vinculada também a prática do ato sexual pelo pagamento.
AULAS 05 e 06
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. CRIMES FUNCIONAIS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1.1. Quem pode cometer crimes funcionais?
- Diz-se crime funcional, pois é praticado necessariamente pelo funcionário público. 
- Portanto é um crime especial, onde não é qualquer pessoa que pode cometer, o sujeito ativo precisa ser funcionário público, admitindo, todavia, participação de um terceiro que não necessariamente precisa ser funcionário público.
- Funcionário público para fins penais é diferente de funcionário público para fins do direito administrativo, onde a ideia fica muito associada a uma titularidade de um cargo público, é um conceito mais restritivo. No direito penal, o conceito de funcionário público é mais amplo, o que significa dizer que para fins penais funcionário público são pessoas que o direito administrativo não consideraria como funcionário público.
- Art. 327, do CP: define quem são os funcionários públicos para fins penais.
	“São funcionários públicos quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”.
- Cargo exerce quem titulariza um cargo. Emprego público está ligado ao vínculo seletista com a administração pública. 
- Função pública é um termo absolutamente amplo, não importa a natureza que se dê essa função. Por isso, para o direito penal não importa verificar a natureza da função exercida. O essencial é que a pessoa esteja exercendo uma função pública, isso quer dizer que comete crimes funcionais.
- Mesmo se o sujeito não receba nada e de forma transitória para exercer a função pública, será considerado funcionário público e responderá por crimes funcionais (ex.: jurados do tribunal do júri e mesário).
- Art. 327, §1º, primeira parte: é funcionário público para fins penais o sujeito que exerce cargo, emprego ou função em paraestatais (ex.: fundação, autarquia, empresa de sociedade mista, etc).
- Art. 327, §1º, segunda parte: é considerado funcionários público o sujeito que presta serviço terceirizado prestando atividade típica da administração pública.
1.2. Crimes funcionais em espécie:
a) Peculato (art. 312 e seguintes, CP):
- Há várias modalidades de peculato: apropriação; desvio; furto; estelionato; culposo;
- Apropriar-se significa que a pessoa precisa ter uma posse pacífica do objeto, que é uma posse não vigiada, e a pessoa passa assumir a condição de proprietário em relação ao objeto. 
- O problema não é o acesso da pessoa ao objeto, o problema está no comportamento da pessoa em se assumir na condição de proprietário.
- A doutrina entende a possibilidade de peculato apropriação na forma comissiva e na forma omissiva. 
- Os bens atingidos pelo peculato podem ser tanto públicos quanto particulares.
- O que faz ser um peculato e não uma apropriação indébita não é a natureza do bem, o bem pode ser público ou particular, é a forma de acesso ao bem que irá caracterizar o peculato apropriação. Se teve acesso ao bem em decorrência da sua função, será peculato apropriação.
- Peculato desvio é desviar o objeto em proveito próprio ou alheio. É desviar o bem de sua finalidade pública (ex.: uso dos automóveis funcionais).
- Tem que analisar com razoabilidade para verificar se há ou não peculato desvio, tem que analisar se há prejuízo para a administração pública.
- Peculato furto,o funcionário público não tem a posse do bem o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
- No peculato furto a condição de funcionário público deu a ele uma facilidade de acesso aquele bem para que possa subtrair.
- Peculato estelionato é apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. O acesso a posse do dinheiro decorreu do erro de outrem, o funcionário público percebe o erro e fica com o dinheiro, com o bem, para ele.
- Peculato culposo é quando o funcionário público concorre culposamente para o crime de outrem, ou seja, é terceiro que pratica a lesão. Em regra, estamos falando do funcionário público que é negligente com os objetos que tem a posse.
- No peculato culposo, o funcionário público pode reparar o dano até um dia antes do trânsito em julgado para extinguir a sua punibilidade. Se efetuar a reparação do dano após o trânsito em julgado, reduz a metade a pena imposta e consequentemente recalcular a prescrição.
- Todas essas modalidades de peculato são possíveis haver um terceiro para auxiliar o funcionário público. E o terceiro irá responder por peculato, independente se é ou não funcionário público.
- Suponhamos que seja oferecida a denúncia por peculato contra o funcionário público e contra o terceiro não funcionário público e o juiz não recebe a denúncia quanto ao funcionário público. Essa rejeição do juiz quanto ao funcionário público, fará com que a denúncia seja aditada para a prática de um crime comum, pois o terceiro não funcionário público não responderá por peculato sozinho.
b) Concussão (art. 316, CP)
- Exigir para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, as em razão dela, vantagem indevida.
- Aqui o funcionário público irá exigir uma vantagem indevida, não precisa ser dinheiro, mas tem que ser passível de ser quantificado economicamente. 
- A vantagem indevida é exigida, ainda que fora do exercício da função pública ou até mesmo antes de assumi-la. Mas a exigência tem que ser em razão da sua função pública.
- A exigência pode ser direta (próprio funcionário faz a exigência) ou indireta (funcionário público se vale de outra pessoa para fazer a exigência). 
- Concussão é um crime formal, ou seja, o crime se consuma com a exigência, não importando se irá ou não receber a vantagem ilícita. Isso implica na tentativa, irá admitir a tentativa se eu conseguir fazer que se divida a conduta de exigir, se eu imaginar por exemplo, que a exigência seja feita por escrito, e que antes da pessoa de quem ele exigia outra pessoa leu.
- Excesso de exação (art. 316, §1º): é uma modalidade especial de concussão, ocorre quando o funcionário público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando, devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.
- No excesso de exação temos duas possibilidades de conduta. Uma o funcionário exige tributo que ele sabe ou deveria saber ser indevido. Na outra ele exige tributo devido, mas o problema diz respeito aos meios para a cobrança desse tributo.
- Exigir tributo indevido, que ele sabe ou deveria saber que é indevido, então esse delito admite o dolo direto e dolo eventual. O crime acontece com o funcionário público recanalizando esses tributos em favor do erário, então o problema está na cobrança ser indevida e não do destino do tributo.
- Exigir o tributo devido mas os meios utilizados para sua cobrança são indevidos, sendo vexatórios, gravosos.
c) Corrupção passiva (art. 317, CP)
- Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
- Esse crime de corrupção é muito próximo do crime de concussão, portanto não precisa o funcionário público estar no exercício da função para praticar corrupção ou já ter assumido a função.
- Solicitar vantagem indevida: é pedir “pagar um cafezinho, o lanche da moçada”, aqui a iniciativa é do funcionário público.
- Receber: aqui a conduta é muito próxima do solicitar, mas a iniciativa parte do particular e não do funcionário público.
- Aceitar promessa em razão da função pública: caracteriza por si só a prática da corrupção passiva.
- Temos que ter muito cuidado com os presentes recebidos. Em um primeiro momento, presentes de até R$ 100,00 que não se constate de imediato que visem interferir na prática do ato, é presumido como alheio a tipicidade penal. Uma das grandes estratégias para descaracterizar o dolo delitivo é receber o presente e não ficar com ele (ex.: juiz ganha um bolo e divide com o cartório)
d) Prevaricação (art. 319, CP)
- Prevaricação é retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
- A prevaricação admite as modalidades de conduta comissivas ou omissivas. 
- O retardar do ato, o ato acaba sendo praticado, mas ocorre a prevaricação pela demora na prática desse ato.
- O deixar de praticar é não praticar o ato.
- Há hipóteses em que o ato não deve ser praticado e o funcionário público pratica o ato.
- O elemento essencial desse delito é o “satisfazer o interesse ou sentimento pessoal da prevaricação”, que seria tudo e qualquer coisa que você consiga imaginar, desde que ela não tenha conteúdo econômico (ex.: não gosto dessa pessoa, o processo dela vai ficar por último).
2. CRIMES DE PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Art. 333, CP: traz a figura da corrupção ativa, onde o particular oferece ou promete vantagem indevida.
- Na corrupção ativa nós temos duas modalidades de praticar, oferecer ou prometer.
- A conduta de oferecer, da corrupção ativa, se liga a conduta receber da corrupção passiva. E a conduta de prometer, se liga a conduta de aceitar. 
- Portanto, não temos nenhuma figura da corrupção ativa que se ligue a conduta solicitar da corrupção passiva. Isso quer dizer que, o particular quando paga o que o foi solicitado pelo funcionário público não está cometendo crime nenhum, a conduta é atípica. Assim como, é atípica a conduta de quem cumpre a exigência de vantagem indevida feita pelo funcionário público.
- É para verificar quando o particular está em concurso com o funcionário público, pois o funcionário pode se valer de outra pessoa para solicitar, receber, aceitar, ou seja, o particular seria um intermediário. Se o particular não ofereceu nem prometeu, mas de alguma forma está envolvido no solicitar, receber ou aceitar vantagem indevida o particular estará agindo em concurso e será coautora em corrupção passiva.
- Nos casos dos art. 329, 330 e 331, nós temos os núcleos opor, desobedecer e desacatar.
- Opor, é o funcionário público desejar praticar o ato e o particular, mediante violência ou grave ameaça, contrapõe ao ato legal. Portanto, o ato é atípico se o particular se opõe a ato ilegal. O funcionário tem que ser competente. O art. não se discute a legitimidade do ato, este art. trabalha só com a legalidade do ato.
- Desobediência, aqui nós temos um comportamento passivo, o funcionário público opõe uma ordem legal e o particular se omite a praticar o ato. 
- O juiz determina que uma autoridade pratique determinado ato e a autoridade não pratica então o juiz manda prender a autoridade em flagrante pelo crime de desobediência, isso pode? Primeiro, crime de desobediência não admite prisão, pois estamos falando de delito de competência do juizado especial, onde a pessoa só pode ser detida se recusar a se comprometer a comparecer em juízo. A pessoa pode até ser conduzida para lavratura do termo circunstanciado, mas ser detida não e nem ser algemada. 
- Quem está na condição de funcionário público ele não pode praticar crime de desobediência. 
- O STJ já pacificou que se é fixada uma outra consequência não penal, se afasta a tipicidadeda desobediência, em atendimento da ultima ratio do direito penal. O crime de desobediência é um crime subsidiário, quando não houver outra consequência prevista.
- Desacatar, também é um ataque a honra, assim como a difamação. Há um limite muito delicado entre criticar o estado e o desacato. O desacato, ainda que o cidadão se utilize de palavras grossas, se não houver o dolo de desacatar, não acontece o crime. 
- Então para acontecer o crime eu tenho que demonstrar o ânimo de desacatar a administração pública, pois é um crime contra a administração pública. Agora a ofensa à honra de um funcionário público é uma difamação. 
- O desacato pode consumar-se só com o funcionário público presenciando, diferentemente do que ocorre na difamação, onde o que se ofende é a honra objetiva e precisa ser presenciado por pelo menos um terceiro para se consumar.
- Art. 342, do CP: traz o crime de falso testemunho e de falsa perícia
- Falsa perícia é quando o sujeito é contratado para ser perito, tradutor ou intérprete em processo e fazer afirmação falsa. Falso testemunho é calar a verdade, não é simplesmente falar mentira.
- O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. 
- Embora o delito tenha se consumado no momento do depoimento, o delito é verificado na sentença, por isso se usa o termo de delito com condição suspensiva e cabe retratação. A prescrição começou a correr no momento em que o testemunho foi prestado. Se a pessoa se retratou ela excluiu a punibilidade do fato.
- Pode prender em flagrante por falso testemunho? A jurisprudência entende que não, porque o momento da verificação do testemunho é posterior a conduta, a pessoa não estará mais no quadro de flagrante, por isso não seria possível em se falar de prisão em flagrante para crime de falso testemunho.
- Crime de falso testemunho ou falsa perícia, são crime de mão própria, ou seja, não admite auxílio de ninguém no momento da execução. Mas isso não deve ser confundido com o auxílio de participação. Logo, não admite coautoria, mas admite a figura do partícipe/cúmplice.
AULAS 07 e 08
CRIMES HEDIONDOS
- Lei nº 8.072/90
- Crimes hediondos são aqueles definidos pelo legislador, onde não cabe ao juiz discutir a hediondez do crime, cabe somente aplicar a lei.
- O juiz não pode nem sequer tentar assemelhar por analogia ou por equiparação um crime hediondo a uma contravenção penal, pois o próprio caput do art. 1º diz “são hediondos os seguintes crimes”.
- Art. 1º: rol de crimes hediondos, todos tentados ou consumados, serão regulados pela lei de crimes hediondos.
	1) homicídio em ação típica de grupo de extermínio e homicídio qualificado;
	2) latrocínio (roubo mediante violência, grave ameaça ou qualquer meio que impossibilitou a defesa da vítima – a morte tem que ser para assegurar a posse da coisa ou a impunidade do agente);
	3) extorsão qualificada pela morte (ocorre a restrição da vítima para que ela mesma efetue o pagamento);
	4) extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (ocorre a restrição da liberdade da vítima como condição para que um terceiro pague um resgate. É diferente do rapto e do cárcere privado, onde não há pedido de dinheiro, o dolo do agente é puramente restringir a liberdade da vítima);
	5) estupro (todas as formas);
	6) estupro de vulnerável;
	7) epidemia com resultado morte;
	8) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (jurisprudência pacificada pelo STJ a fim de que não seja aplicada a pena deste crime, com base no princípio da proporcionalidade, e se o juiz condenar é para aplicar a pena do delito de tráfico de drogas, já que ambos são crimes contra a saúde pública);
	9) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (quem explora a prostituição de menores de idade ou vulnerável também pratica crime hediondo);
	10) genocídio (o modus operandi deste crime não precisa ser necessariamente o homicídio – ex.: esterilizações nas mulheres de uma determinada etnia, com o objetivo de eliminá-la; massacre dos índios yanomanis – a princípio, houve um conflito aparente de normas (homicídio ou genocídio, onde seria aplicado o princípio da absorção), mas o STF veio e disse que não houve conflito aparente de normas, o crime de genocídio, por ser decorrente dos direitos universais humanos, é um crime sui generis, é de interesse soberano da nação, dessa forma não entrando em conflito aparente de normas, então foi somada as penas, 200 homicídios somados a pena do genocídio.
- A lei 8.072/90 também traz um rol de crimes equiparados aos crimes hediondos. Para essas figuras equiparadas aplicam-se as mesmas regras aplicadas aos crimes hediondos, pois ou não tem regras que a regem ou sequer tem tipificação penal, como ocorre no crime de terrorismo.
- Art. 2º: os crimes hediondos e suas figuras equiparadas, ou seja, crime de tortura, tráfico de drogas e terrorismo, são insuscetíveis de anistia, graça, indulto e fiança. 
	A CF estabeleceu para esses crimes as vedações à anistia, graça e fiança. A lei de crimes hediondos vedou também o indulto; a lei de tráfico de drogas, além de todas essas vedações trouxe várias outras (ex.: sursis, liberdade provisória, conversão de penas alternativas, etc.).
	A questão é: pode leis infraconstitucionais estabelecer vedações adicionais àquelas dispostas na CF?
	A discussão primeira que se travou foi quanto à vedação do indulto nos crimes hediondos. O STF disse que a vedação ao indulto nos crimes hediondos é inconstitucional, pois o ato de conceder indulto é reservado ao presidente da república, se for constitucional essa vedação ao indulto o judiciário estará ferindo o princípio da tripartição dos poderes. Então, ficou assim: caberá ao executivo dizer se caberá ou não indulto nos crimes hediondos e não ao judiciário.
	No tráfico de drogas o STF não apreciou a vedação do indulto, pelo mesmo entendimento em relação aos crimes hediondos. 
	A questão da vedação da liberdade provisória na lei de tráficos de drogas, diz respeito à prisão processual, a qual é exceção em nosso ordenamento, a regra é que o sujeito responda o processo em liberdade, com base no princípio da presunção de inocência. E na lei de drogas o legislador tenta forçar a prisão processual, tornando-a obrigatória. O STF entendeu pela inconstitucionalidade da vedação da liberdade provisória, pois fere o princípio da presunção de inocência, a prisão processual tem que decorrer de motivos específicos, devidamente fundamentada.
	A vedação da conversão em penas alternativas, está disposto no §4º, do art. 33, da lei de drogas, assim como a redução da pena, trazendo a figura do tráfico privilegiado. A proibição da conversão da pena em restritiva de direitos foi considerada inconstitucional pelo STF, porque as penas alternativas é um regime constitucional, que apenas é disciplinado pela lei infraconstitucional. Portanto, se a pena ficar inferior a 4 anos e preencher todos os outros requisitos pertinentes, o sujeito terá direito à conversão da pena em restritivas de direito. 
	Disso surgiu uma segunda discussão, a atual lei de drogas tem a pena-base maior do que a da lei de drogas anterior, a qual foi revogada. Se o sujeito praticou o crime de tráfico antes da reforma da lei e preenche os requisitos para o tráfico de drogas privilegiados, pode o juiz combinar as leis? Pegar a pena-base menor da lei anterior e aplicar de forma retroativa o §ú que traz a figura do tráfico privilegiado. O STF disse que não, o juiz não pode combinar as leis.
- Art. 2º, §1º: a pena por crime hediondos e seus equiparados será cumprida inicialmente em regime fechado. 
	O STF já entendeu que essa redação é inconstitucional, pois fere o princípio da individualização da pena, devendo o juiz aplicar o regime inicial de acordo com o caso concreto, para não prejudicar a individualização da pena na sua esfera executiva, como se fosse um estímuloao comportamento positivo através da conversão em pena restritiva de direito. Para resolver os problemas quanto as indenizações dos milhares de pessoas que cumpriram regime inconstitucional, o STF criou a modulação dos efeitos.
- Art. 2º, §2º: a progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos e seus equiparados, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente.
	O conflito era entre a progressão de regime entre a lei atual (progressão de 2/5 e 3/5) e a progressão da lei revogada (progressão de 1/6). Temos então a Súmula 471, do STJ.
CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
1. Incitação ao crime (art. 286, CP) e Apologia de crime ou criminoso (art. 287, CP)
- Incitação ao crime é incitar publicamente a prática de crime. 
- Apologia de crime é fazer publicamente apologia de fato criminoso ou de autor de crime. Apologia é elogiar o crime, apoiar o ato criminoso ou o autor de crime.
- A incitação se volta ao futuro, já a apologia se volta ao passado.
- O problema está entre esses crimes e a liberdade de expressão.
- A marcha da maconha não caracteriza incitação ao crime, pois o STF entendeu que houve uma diferença entre incitar e descriminalizar a conduta de fumar maconha, as pessoas têm direito de manifestar, elas têm o direito de reunião para fins pacíficos, ainda que o motivo seja bobo e a minoria seja a favor. Desde que seja pacífica e haja comunicação das autoridades, não para pedir autorização, mas sim para garantir a segurança dos manifestantes.
- Em regra manifestação artística descaracteriza o dolo do delito de incitação ao crime.
AULA 09
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
- Lei nº 8.137/90 
- Art. 168-A; 337-A; 334, todos do CP
- Arts. 1º e 2º: trazem crimes comuns, ou seja, aqueles que qualquer pessoa pode praticar.
	A prática dos delitos em questão tem que ser uma soma entre as condutas descritas no caput com as condutas descritas nos incisos. 
	Os crimes descritos no art. 1º precisam de resultado, a acusação tem o ônus de comprovar o resultado, não somente que houve a conduta.
	A expressão “mesma natureza” do art. 2º, quer dizer “constitui crime contra a ordem tributária’, os crimes do art. 2º não precisam de resultado.
	A pena do art. 1º é muito maior que a pena do art. 2º. Porque o crime do art. 1º é muito mais grave, a acusação tem que provar que houve o dano, coisa que não ocorre no art. 2º, onde a acusação basta provar a conduta.
	A defesa tem que sempre procurar desclassificar a conduta do cliente do art. 1º para o art. 2º e ao pedir a desclassificação, tenho que analisar de novo a prescrição.
- Objeto jurídico: 
	O bem jurídico não é o tributo, o tributo é o objeto material. O objeto jurídico é o normal funcionamento do sistema tributário do estado, aqui se fala em bem jurídico por acumulação.
	A nossa legislação não define um parâmetro de sonegação que é “permitido” antes de se tornar crime. A partir do momento que o sujeito sonegou, nós temos dois níveis de responsabilidade, uma que é a responsabilidade administrativa tributária, e um segundo nível é a responsabilidade penal. 
	A sonegação necessariamente representará ilícito administrativo tributário e poderá também ser crime, dependendo da ofensa ao bem jurídico. Então, sonegar dois reais gera um ilícito administrativo tributário, o Estado por ir lá cobrar o sujeito com uma multa e etc, mas não gera um crime, só irá gerar um crime se tiver um processo criminal.
	Nós não temos legislação específica, mas a primeira legislação utilizada para tratar dessa matéria é a Lei nº 10.522/02, art. 20, até dez mil reais tá de boa, tanto para os tributos previdenciários quanto os tributos fazendários, o crime só ocorre a partir de dez mil reais e um centavo, porque não cobre nem os custos para União. Ou seja, tem que ver se para União vai ser vantajoso abrir um processo para cobrar o valor de algo que não cobre nem o custo operacional.
	O estágio atual é que posterior a isso, tivemos a edição do ministro da fazenda de uma portaria nº 75/2012. Essa portaria disse que o ministro da fazenda vem determinar o não ajuizamento das execuções fiscais de débito com a fazenda nacional cujo valor consolidado seja igual ou inferior a 20 mil reais. Essa portaria não tem poder de revogar a lei, mas altera o valor da lei, o dia que essa portaria for revogada aplica-se o valor que está na lei. Não se trata de uma revogação, mas a portaria está dentro da competência do ministro da fazenda estabeleceu uma autorização para não executar até um valor superior. A jurisprudência pegou carona e disse que a questão de ser lei ou portaria é irrelevante para fins penais, pois para fins penais o que tem relevância é que gerou uma irrelevância para o direito tributário. Ou seja, se é irrelevante para o direito tributário também é irrelevante para o direito penal. Então hoje, o que vale é o valor de até 20 mil reais. Até 20 mil reais aplica-se o princípio da insignificância.
- Art. 334-A, do CP: contrabando é quando o sujeito importa ou exporta mercadoria de circulação proibida. O contrabando não é crime contra a ordem tributária. Contrabando, em geral, tem relações com questões de desenvolvimento tecnológico, de mercado nacional.
- Art. 334, do CP: descaminho é deixar de pagar imposto por um produto cuja a circulação é permitida. O descaminho é crime contra a ordem tributária. Tem relação com a questão tributária diretamente, é a pessoa que importa e não paga os tributos correspondentes. 
	A jurisprudência diz que não é crime até 20 mil reais, só que nós temos um problema muito particular, as pessoas que praticam o descaminho ocasional e aquela pessoa que usa o descaminho como forma de vida (ex.: sacoleiro). Se tem esse agente que pratica reiteradamente o descaminho há de ser negado o princípio da insignificância, uma vez que a conduta não preenche todos os requisitos necessários para aplicação do princípio, falta o requisito da periculosidade social baixa, neste caso, a periculosidade é intensa.
	A legislação passou a prever a extinção da punibilidade pelo pagamento do tributo sonegado, mas houve uma pressão muito forte e a lei foi revogada. Posteriormente foi editada a lei 9.249/95, nessa lei, no art. 34, diz extingue-se a punibilidade nos crimes definidos na lei 8.137/90 quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social antes do recebimento da denúncia. 
	Pelo art. 168-A, §2º, diz que só pagamento não basta, o pagamento tem que ser espontâneo, declare, confesse e preste todas as informações. Tem que pagar antes do início da ação fiscal.
	Pelo art. 337-A, §1º, traz uma causa extintiva de punibilidade, onde o agente não precisa realizar o pagamento, basta que a pessoa espontaneamente declare, confesse e preste as informações.
	A lei 10.684/03 criou um programa de parcelamento (PAES), onde determinadas pessoas jurídicas com dívidas tributárias poderiam procurar a fazenda, confessar, fazer um parcelamento especial e quitar sua dívida. O art. 9º desta lei diz que é suspensa a pretensão punitiva do estado referente aos crimes previstos nos artigos 1º e 2º da lei 8.137/90; no art. 168-A e 337-A, do CP, durante o período de parcelamento. 
	O art. 9º, §2º, diz que extingue-se a punibilidade dos referidos crimes quando o agente quitar os débitos. O STF fixa um conteúdo normativo independente e ele em momento algum se refere ao parcelamento, então ele criou uma extinção de punibilidade com o pagamento. O agente pode quitar os débitos a qualquer tempo.
	Nisso tudo, a lei mais benéfica é a 10.684/2003, a qual não conflita com o art. 337-A, pois possuem redação diferente. Portanto, há duas formas de extinção de punibilidade pelo pagamento.
- Súmula Vinculante 24
- Essa súmula visa resolver uma questão que foi extremamente polêmica, se precisa ou não esperar o término do processo administrativo tributário para oferecer denúncia. Isso devido a quando se teria a justa causa (indícios de autoria e de materialidade), pois só como término do processo administrativo tributárioé que se saberá se houve ou não a fraude tributária para preencher a materialidade. A partir do momento em que o processo administrativo conclui se houve sonegação ou não, preenche a materialidade.
- Um processo administrativo tributário demora cerca dez anos, ou seja, se o MP tiver que esperar o término desse processo administrativo tributário tudo vai prescrever.
- Acerca disso o STF se manifestou no entendimento de que tem que sim que esperar o fim do processo administrativo tributário, para se ter a justa causa, maaaaaaas, enquanto isso o prazo prescricional será suspenso.
- A súmula vinculante 24 então vem para dar uma solução para isso, os crimes materiais só vão se consumar quando houver o término do processo administrativo tributário, porque aí vai se ter a certeza se houve a supressão ou redução do credito tributário, aí se preenche o elemento normativo, o tipo, aí vamos ter a consumação do delito.
- Logo, não pode haver oferecimento da denúncia antes do término do processo administrativo tributário. Enquanto não termina esse processo, não há subsunção do fato ao tipo penal. E uma vez que não houve a subsunção, só a partir do momento da subsunção é que se consuma o fato criminal e começa a correr o prazo prescricional.
- O STF também se manifestou acerca do inquérito policial, de maneira que também não pode haver instauração de inquérito. Não pode haver nenhuma medida criminal antes do término do processo administrativo tributário.
- Se com o fim do processo administrativo tributário, o MP oferece a denúncia, a defesa pode entrar com uma ação anulatória do crédito com liminar para suspender o processo. Sendo deferido o a ação anulatória do crédito o processo criminal instaurado também fica suspenso.
AULA 10
CRIMES CONTRA O SERVIÇO FINANCEIRO NACIONAL
- Lei 7.492/86
- O serviço financeiro nacional é ancorado na credibilidade. Então a conduta será contra o sistema financeiro nacional quando colocar em risco a credibilidade do sistema, desta forma espantando os investidores internacionais.
- Art. 1º: instituição financeira é uma pessoa jurídica privada ou pública que realize uma atividade principal ou acessória, cumulativa ou não.
	Em outras palavras, instituição financeira é uma pessoa jurídica que realize alguma dessas atividades:
	Captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros em moeda nacional ou não, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores imobiliários.
	São consideradas instituições financeiras: empresas seguradoras, empresas de cambio, consórcios, títulos de capitalização.
	E a pessoa natural que exerça essas atividades referidas, ainda que de forma eventual. Então uma pessoa física pode ser considerada uma instituição financeira, desde que pratique alguma dessas atividades.
	Todas as práticas que correspondem a instituição financeira dependem de autorização e estão sujeitas ao poder de fiscalização do banco central. A consequência disso, é que em todos os processos contra o sistema financeiro nacional, o banco central é sempre aceito como assistente de acusação.
- Art. 4º: neste tipo temos dois tipos de gestão, a fraudulenta e a temerária.
	A gestão fraudulenta e temerária não é um crime comum, porque não é toda e qualquer pessoa que tem capacidade de gerir uma instituição financeira. Portanto, quem pode cometer um crime de gestão fraudulenta e temerária são: os diretores, os gerentes, o interventor, o liquidante e o síndico.
	O tipo fala que pratica gestão fraudulenta se a gestão é temerária. A questão é sobre o princípio da legalidade da matéria penal, onde não basta que o artigo proclame o que é crime, ele tem que descrever a conduta. No art. 4º, o tipo proclamou a conduta, mas não descreveu a conduta. 
	Quanto a gestão fraudulenta, podemos fazer uma interpretação com base nos crimes de estelionato, como uma administração fraudulenta, uma gestão que induz a erro. Quanto a gestão temerária não aparece em nenhum outro tipo no nosso sistema, por isso há uma questão de inconstitucionalidade no STF esperando ser analisa se há ou não inconstitucionalidade.
	Como o STF ainda não se manifestou, vem se entendendo que a gestão temerária envolve uma ousadia excessiva que coloca em risco o sistema financeiro, independente de dar ou não lucro para instituição financeira, mas por mostrar uma fragilidade do sistema como um todo haveria o delito (ex.: eu acho que, amanhã, o real vai superar o dólar. Pego todos os ativos da instituição e transformar em real – mesmo que isso aconteça, trata-se de uma gestão temerária).
	Quando se fala em gestão a gente tem a ideia de vários atos, compostos de habitualidade. Ou seja, tenho que demonstrar que a gestão é fraudulenta, temerária. Com base nesse argumento, muitas pessoas passaram a ser absolvidas, aí chegou o STF e disse que não era bem assim e condenou todo mundo, segundo o entendimento de que Ok, o crime é habitual, mas é um crime acidentalmente habitual, isso quer dizer que	não é só porque é um ato fraudulento que não houve habitualidade, porque esse ato fraudulento foi no meio da gestão, portanto houve habitualidade na gestão e em meio dela houve o ato fraudulento, portanto a festão também é fraudulenta.
- Art. 12: é o famoso crime de caixa dois.
	Também é cometido só por aquele que tem capacidade de gestão, com habitualidade, onde mantém ou movimenta recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação.
	O STF entende que esse crime só se consuma se essa movimentação ou manutenção da contabilidade paralela não tiver sido realizada para fins da prática da sonegação fiscal. Se for para fins da sonegação fiscal, pelo princípio da consunção o crime fim vai absorve o crime meio. Ou seja, a contabilidade paralela foi absorvida pela sonegação fiscal.
- Art. 22: é o crime de evasão de divisas.
	Todo país do mundo tenta impedir que o dinheiro gerado no país saia do país, porque isso faz com que cresça a economia do país estrangeiro. Por isso o país criminaliza a evasão de divisas, mas eles não podem impedir ninguém de sair com dinheiro, então é criado obstáculos. Um deles é fazer determinadas operações de câmbio, a partir de determinado valor de dinheiro você tem que declarar da onde provém, ou seja, o estado tenta criar obstáculos.
	Evasão de divisas não envolve só dinheiro, pode ser também pedras preciosas. No caput do art. 22 nós falamos que a pessoa se utiliza de uma operação de câmbio, ou seja, para você mandar dinheiro para fora do país você tem que realizar operações de câmbio autorizadas, neste caso a pessoa se utiliza de uma operação de câmbio não autorizada para fazer remessas de dinheiro para fora do território nacional.
	A forma mais comum desse crime se encontra no art. 22, §ú, onde a pessoa não utiliza de operação de câmbio, ela mesmo transporta o dinheiro ou as divisas. Até 10 mil reais, a pessoa não precisa declarar, todos os cidadãos brasileiros são autorizados a sair do país com até essa quantia de 10 mil reais e não dólares (ex.: se a pessoa quer sair do país com 10 mil dólares eu como advogado posso alegar a tese do erro de proibição). Acima desse valor, você tem que declarar.
	A jurisprudência diz que a prisão não pode acontecer no saguão do aeroporto, não pode acontecer no check-in, dentro no raio-x não pode prender, apesar de ser nesse momento que vai ser constatado. O sujeito pode ser preso somente quando já estiver na zona de embarque internacional, pois aí o crime já estará consumado. Qualquer momento anterior a prisão será ilegal, porque o sujeito estará circulando com dinheiro dentro do território nacional.
	O parágrafo único ainda se refere a depósitos existentes fora do território nacional sem a devida declaração, esses depósitos têm que ser declarados. Isso serve para evitar os famosos paraísos fiscais, nesses países que se tornam paraíso fiscal, eles não declaram o tanto de depósito que está sendo feito para a autoridade brasileira.
AULA 11
CRIMES ORGANIZADOS, ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E MILÍCIA1. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
- Lei 12.850/13
- Lei que está baseando a Operação Lava-Jato
- A primeira grande problemática foi a definição de o que é Crime Organizado, que só veio com o advento desta lei, em 2013. Qualquer fato praticado antes dessa lei não pode ser considerado crime organizado, porque nosso ordenamento não tinha lei quanto a isso.
- O Brasil tinha a lei 9.034/95, que se propunha a tratar dos crimes organizados, mas esta lei não trazia o que era crime organizado. Mais que isso, houve uma Convenção Internacional de Palermo, o qual o Brasil é signatário e ela foi objeto de decreto pelo Senado, ela entrou em vigor no território brasileiro, e ela trata da criminalidade transnacional, criando estratégias para combater o crime organizado e essa convenção trouxe uma definição do que seria crime organizado.
- Logo que entrou em vigor essa convenção, em Curitiba, por iniciativa do juiz Roberto Moro, foi montada uma vara especializada em crimes organizados, a partir do conceito que essa convenção trazia. 
- O STF entendeu por não ser válida a definição da convenção de Palermo, para fins de produzir efeitos aqui no Brasil, sob o ponto de vista do direito penal material. 
	Pois, segundo o princípio da legalidade penal, estabelece o conteúdo de reserva do parlamento (lex Populi), isso significa que essa lei tem que ser objeto de discussão do parlamento, somente seria válido se aquele órgão que representa a população efetivasse a análise e discussão da matéria. 
	E a Convenção de Palermo não preencheu essa exigência, por isso o STF negou validade como conteúdo de preenchimento da tipicidade penal do que é crime organizado pela Convenção de Palermo, daí nós ficamos aguardando até que entrou em vigor essa lei 12.850/13.
- Art. 1º, §1º: considera-se organização criminosa a associação de 4 ou mais pessoas, estruturalmente ordenada, caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente com o objetivo de obter vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional.
	O número mínimo de 4 pessoas é uma opção antiga do legislador brasileiro, não é o número que define se é ou não crime organizado. O número é apenas um dos requisitos para se ter crime organizado. Esse número de 4 pessoas pode ser de coautoria, não necessariamente precisa ser crime organizado.
	Estruturalmente ordenado e divisão de tarefas, aqui começa a caracterizar o crime organizado. Portanto, esses são elementos que merecem destaque. Tem que imaginar o crime organizado como uma empresa, cada pessoa tem a sua função. Não necessariamente precisa ter um estatuto (ex.: o PCC tem um estatuto organizadíssimo, define regras, define formas de ingresso, de saída, de apoio). Se não tiver esses dois elementos não é crime organizado, e é isso que eu tenho que fazer na defesa, demonstrar a ausência desses dois elementos.
	Vantagem de qualquer natureza, isso quer dizer que a vantagem pode ser reflexa (ex.: tráfico de influência, ganhar eleição), não precisa ser necessariamente ser vantagem econômica imediata, direta.
	Para o cometimento de infração penal, isso significa que vale tudo, crime ou contravenção penal. O objetivo do legislador era pegar até o bicheiro, que era a forma mais antiga de crime organizado. 
	Pena máxima superior a 4 anos ou crime ser caráter transnacional independentemente da pena. Com isso, morreu a ideia de pegar o bicheiro. Mas a ideia da contravenção penal ainda vale.
2. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
- Art. 288, do CP.
- Não existe mais crime de formação de quadrilha ou bando, só para os fatos praticados antes da criação dessa lei. O art. 288, do CP que falava da formação de quadrilha ou bando foi alterado para associação criminosa.
- A associação criminosa produziu uma alteração importantíssima, agora é associar-se em 3 ou mais para o fim específico de praticar crimes. Antes, quando era formação de quadrilha ou bando era o número mínimo de quatro pessoas.
- Para diferenciar a associação criminosa para a organização criminosa é verificar se tem a estrutura organizada e divisão de tarefas.
- Não é só o número de pessoas que vai me dizer que é associação criminosa. Há um dado que distingue a associação criminosa do concurso de pessoas.
	A diferença é que na associação criminosa se tem estabilidade para cometer crime, aqui se pune o ato preparatório, eles se reúnem, o grupo é um grupo estável. Aqui não precisa ter o crime efetivamente, basta se reunir para preparar o crime. Porém sem estrutura ordenada e divisão de tarefas (ex.: grupo especializado em cometer estupros), pois se tiver esses dois elementos aí passa a ser organização criminosa.
	O que não ocorre no concurso de pessoas, onde não se tem essa estabilidade de crimes.
3. MILÍCIAS 
- Art. 288-A, do CP: constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer crime previsto no CP.
	De início a jurisprudência diz que quanto ao grupo ou esquadrão não tem como aplicar, porque a gente não sabe o que é isso.
	Nos outros dois há como aplicar, porque temos bases para interpretar.
	Organização paramilitar – seria grupo que se vale de métodos militares para cometer crime, que seriam características que se assemelham aos militares (ex.: uniforme, armamento militar, táticas de guerrilha). Contudo, não são forças militares, por isso o nome “paramilitar”.
	Milícia particular – o principal objetivo de uma milícia é o controle territorial, os crimes que são derivados desse controle territorial são decorrências. 
	A lei bobeou quando disse que seria para os fins de cometer os crimes previstos no CP, porque por exemplo, o tráfico ilícito de drogas não está dentro do CP.
	Este tipo penal não trabalha com número de pessoas.
Obs.:
- Grupo de pessoas reunidas para cometer crimes que não formam um organismo estável.
- O concurso de pessoas se distingue das demais porque não tem estabilidade.
- Se a pena máxima do crime não for superior a 4 anos eu posso tentar descaracterizar para associação criminosa.
- Contravenção penal praticada por três pessoas: concurso de pessoas.
4. INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
- Art. 3º: traz os meios de obtenção de provas.
	I) Colaboração Premiada:
	Se eu usar na prova o termo “delação premiada” me referindo a esta lei, estará errado, nesta lei o termo utilizado é o da “colaboração premiada”. No final das contas quer dizer a mesma coisa.
	A colaboração tem que ser voluntária, não pode a colaboração decorrer de coação, constrangimento. E isso é algo que se tem discutido na operação lava-jato, que as prisões estão se valendo como meio de constrangimento a fim de se obter a colaboração. O colaborador ganha regalias, cela melhor, prisão domiciliar.
	A colaboração tem que ser eficaz, porque dela tem que acontecer um dos resultados previstos nos incisos do art. 4º. 
	Dentro dessa ideia o juiz poderá conceder o perdão judicial, reduzir a pena em até 2/3, substituí-la por restritiva de direito. 
	Segundo o art. 4º, §1º: a concessão do benefício levará em consideração a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
	Portanto, não é requisito da colaboração que o autor não tenha feito colaboração anteriormente, que foi uma das arguições contra a operação lava-jato. O fato de haver uma colaboração anterior não impede o benefício.
	Segundo o §2º e §6º, do art. 4º, quando se faz uma colaboração, ela acontece em uma negociação entre o delegado de polícia e o colaborador com o seu defensor, com manifestação do MP. Ou entre o MP e o colaborador com o seu defensor. Nas duas hipóteses sem a participação do juiz.
	Realizado o acordo, será remetido para o juiz competente para homologação, sendo analisado a regularidade, legalidade e voluntariedade (art. 4º, §7º)
	Segundo o §10º, do art. 4º, o colaborador pode retratar-se da proposta,caso as provas auto incriminatórias que ela produziu com a colaboração premiada sejam as únicas para a sua condenação.
	Ates a colaboração não gerava uma vinculação do Estado, então era uma promessa, o Estado prometia e depois o juiz não dava. Agora o Estado está vinculado ao acordo celebrado com aquela pessoa. 
	II) Ação controlada:
	É o flagrante retardado, esperar o momento certo da atuação do autor para prender um maior número de envolvidos ou provas. 
	Não é mais a autoridade policial que define pelo retardamento da ação controlada, porque o problema que se manifestou foi que houve denúncia de conivência da polícia com a bandidagem e na hora de prestar depoimentos eles diziam que tratava de ação controlada e não de conivência. 
	Por isso a legislação teve a opção de estabelecer a judicialização do flagrante retardado, tem que pedir autorização judicial, onde o juiz irá autorizar e estabelecer limites. Hoje tem que comunicar ao juiz previamente se não a prisão é nula, se os limites estabelecidos pelo juiz também não forem cumpridos a prisão será nula. 
	III) Infiltração de agentes:
	É representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo MP, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de IP, 
	A infiltração será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. 
	O grande problema das infiltrações é estabelecer os limites, um outro problema é o fato do agente infiltrado poder se apegar ao grupo criminoso. Por isso o juiz tem que definir limites para produzir seus efeitos.
	Como visto, o juiz vai limitar a infiltração de agentes (ex.: pode usar violência, não pode matar, etc.) Os agentes que trabalharem dentro desses limites não comete crime, porque o crime combatido é proporcional ao meio que ele vai utilizar, será usado o princípio da proporcionalidade (ex.: agente infiltrado no tráfico de drogas, pode vender drogas). Esses limites estabelecidos pelo juiz orientam a proporcionalidade.
	Se o agente acabar atuando fora dos limites estabelecidos, fora da proporcionalidade, neste caso, a matéria será analisada com base na inexigibilidade de conduta diversa (ex.: matar ou morrer? Matar).
	IV) Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bando de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais:
	Segundo o art. 15, é admitido, independentemente de autorização judicial, apenas os dados cadastrais do investigado.
	Sem autorização judicial não há como ter acesso nenhum dado adicional aos dados cadastrais. Com relação às operadoras de telefonia é acesso somente aos dados cadastrais, não pode ter acesso a escutas telefônicas e outras informações.
	V) Interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da Lei nº 9.296/96:
	O art. 1º, da lei 9.296/96 diz que a interceptação telefônica é ato judicial, portanto, sem ordem judicial não é permitido.
	O §ú, do art. 1º, da mesma lei diz que a interceptação também pode ser de comunicações em sistema de informática e telemática (ex.: Messenger, whats app)
	O art. 2º traz as vedações quanto a interceptação telefônica.
 	A interceptação telefônica não pode ser o primeiro método investigativo, antes disso é preciso ter o mínimo de indícios de autoria e de materialidade. Isso trará a nulidade de toda a investigação, a partir do momento que se anulou tudo, todas as provas derivadas serão ilegais, pela teoria do fruto da árvore envenenada.
	Porém, o STF admite uma exceção à teoria do fruto da árvore envenenada, a prova ilícita (por ser derivada de prova ilícita) é admitida no processo quando restar comprovado que ela poderia ter sido obtida por outro meio autônomo, neste caso a prova será válida.
	Para haver deferimento de interceptação telefônica a infração tem que ser punida, no máximo, com pena de detenção.
	O art. 3º, II, da lei 12.850/13 diz que a interceptação tem que ser analisada em conjunto com a escuta ambiental, que é uma variante, que pode ser de três modalidades: 1) realizada por alguém estranho ao ambiente, sem conhecimento de quem está no ambiente; 2) realizada com estranho ao ambiente conhecendo alguém no ambiente, que age como agente estimulador; 3) realizada por alguém que está no ambiente e que é um agente estimulador da conversa.
	O juiz ao deferir a captação ambiental ele circunscreve os limites investigativos, ele vai dizer o que se está investigando e quais os limites que podem se colocar a essa captação. A captação como a escuta telefônica é altamente invasivo.
	Se através de uma captação deferida para determinado crime, ainda que dentro dos seus limites, servir para detectar outro crime diverso, ela será utilizada como prova casual ou prova achada e a autoridade policial deverá atuar. A prova será válida para demonstrar a validade da atuação policial, ela só não será válida como único meio de prova para incriminar aquela pessoa.
	O que é vedado, é a autoridade programar a captação ambiental para escutar além do que foi planejado.
	A jurisprudência decidiu que embora você escute todos os diálogos da pessoa, o termo da captação deve constar somente aqueles diálogos que dizem respeito a investigação. Surgiu daí um problema paralelo, porque por estar somente os diálogos pertinentes ficou mais fácil interpretar de maneira errada as conversas. Então, para evitar isso, a integralidade da escuta ficará separada a disposição da defesa. Se essa integralidade desaparecer ou não estar disponível para a defesa, a prova toda deixa de ser válida.
AULA 11
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
- Lei 10.826/03
- Essa lei estabelece uma política nacional em torno da questão das armas de fogo. Portanto, não temos uma legislação em torno das armas brancas.
- Nós temos uma política desarmamentista. 
- Posse de arma de fogo é diferente de porte de arma de fogo. Quem tem posse, tem direito de ter uma arma de fogo em lugar determinado, ela não pode transitar com a arma de fogo. O porte de arma de fogo, autoriza a pessoa a transitar arma de fogo.
- A interpretação do estatuto é bem restrita quanto á posse ao porte da arma de fogo. Para quem só possui a posse da arma e quiser transitar com a arma para outro lugar, ela tem que pedir um porte de transito, o qual é limitado.
- A posse de arma tem como requisitos: necessário ter no mínimo 25 anos; demonstrar uma necessidade de se ter uma arma de fogo; juntar ao processo cópia de RG; ser o sujeito idôneo; ter ocupação lícita e residência fixa (que é nesse local que a arma irá ficar); ter capacidade técnica e aptidão psicológica (atestado pela polícia federal ou órgão credenciado pela polícia federal); pagamento de taxa. 
- A posse da arma de fogo tem prazo de 5 anos. O porte de arma de fogo tem o prazo de 3 anos. O prazo diferente é para prestigiar a política desarmamentista, gerando uma dificuldade permanente para se ter a posse ou o porte de arma de fogo.
- Para portar (porte ordinário) a arma de fogo a pessoa precisa preencher os seguintes requisitos: necessidade de se andar com uma arma de fogo.
- Além do porte ordinário, temos o porte funcional, previsto no art. 6º e em legislação complementar.
- Juízes e promotores tem porte funcional, previsto pela lei orgânica da magistratura e do ministério público. O porte funcional dispensa demonstrar o requisito da necessidade da arma de fogo. 
- Porém aqueles que possuem o porte de arma de fogo funcional, para ter arma de fogo particular ele tem que satisfazer todos os requisitos da posse da arma de fogo. Tendo que demonstrar inclusive a capacidade técnica e aptidão psicológica.
- As armas de fogo devem estar registradas no SINARM ou SIGMA, se não estiver registrado em nenhum desses dois sistemas a arma de fogo é ilegal.
- O guarda municipal, de municípios com mais de 500 mil habitantes e capital, possui porte de arma em serviço e fora de serviço. Nos municípios com 50 a 500 mil habitantes, possui porte somente em serviço. Município com menos de 50 mil habitantes não possui porte

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